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3.

Agravo em Recurso Especial ou Recurso Extraordinário


3.1 Introdução
Como visto anteriormente, o NCPC aboliu, como regra, o duplo juízo de admissibilidade dos
recursos, cabendo apenas ao juízo ad quem. Contudo, o RE e o REsp ainda conservam o duplo juízo
de admissibilidade: um provisório feito pelo tribunal inferior (juízo a quo) e outro feito no STJ
(REsp) ou no STF (RE).

3.2 Regramento
O regramento de tal recurso está no art. 1.042 do NCPC:
Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal
recorrido que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada na
aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de
recursos repetitivos.

Inadmitido o REsp, cabe agravo para o STJ. Inadmitido o RE, cabe para o STF. O recurso
objetiva impugnar a decisão que não admite o REsp ou RE, que são recursos vinculados. Se forem
protocolados, ao mesmo tempo, RE e REsp, devem ser apresentados dois agravos (art. 1.042, §5º).
Obs.1: esse agravo não é processado por instrumento, mas sim nos próprios autos em que
proferida a decisão agravada.
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PROCESSO CIVIL – JOÃO PAULO LORDELO
http://www.joaolordelo.com

Obs.2: o recurso também é cabível na hipótese de inadmissão de RE ou REsp contra um dos


capítulos do acórdão.
Obs.3: esse recurso não tem preparo (art. 1.042, §2º).

3.3 Regularidade formal
Esse agravo deve ser interposto no prazo de 15 dias, por petição escrita dirigida ao Presidente
ou Vice do tribunal de origem (art. 1.003, §5º). As contrarrazões também são no mesmo prazo.
Apresentado o recurso, cabe juízo de retratação.
Não se retratando, o tribunal deve abrir prazo para contrarrazões e, em seguida, encaminhar
os autos ao STJ ou STF. Não há juízo de admissibilidade duplo neste agravo. Caso o tribunal de
origem inadmita o agravo, cabe reclamação ao STJ ou STF, conforme o caso (art. 988, I).
Obs.1: não cabe REsp contra decisão de turma recursal de juizados, mas cabe RE. Logo, pode
caber agravo interno contra a decisão da turma que não admite o RE.
Obs.2: nos termos do art. 1.042, §2º, " A petição de agravo será dirigida ao presidente ou ao
vice-presidente do tribunal de origem e independe do pagamento de custas e despesas postais,
aplicando-se a ela o regime de repercussão geral e de recursos repetitivos, inclusive quanto à
possibilidade de sobrestamento e do juízo de retratação. ". Assim, havendo vários agravos sobre
mesma questão jurídica, pode o tribunal superior valer-se do incidente de julgamento de recursos
repetitivos.
Obs.3: nos termos do art. 1.042, § 7o "Havendo apenas um agravo, o recurso será remetido
ao tribunal competente, e, havendo interposição conjunta, os autos serão remetidos ao Superior
Tribunal de Justiça".

3.4 Julgamento
Tal recurso é julgado pelo relator, cabendo da decisão deste agravo um agravo interno para a
turma. O relator pode conhecer, não conhecer, bem como negar logo provimento ou dar logo
provimento ao RE ou REsp, nas hipóteses do art. 932:
Art. 932. Incumbe ao relator:
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
IV - negar provimento a recurso que for contrário a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio
tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção
de competência;
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a
decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio
tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;
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