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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL

ASSUNTO: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE


TEMA: DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. EFEITO
REPRISTINATÓRIO
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO
EM RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DO DISPOSITIVO DE
LEI SUPOSTAMENTE VIOLADO. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO.
SÚMULA 284/STF. PRÁTICA DE ATOS POR OPTOMETRISTA PRIVATIVOS DE
OFTALMOLOGISTA. VIGÊNCIA DOS DECRETOS 20.931/1932 E 24.492/1934.
AGRAVO INTERNO DO PARTICULAR DESPROVIDO.
1. O agravante deixou de indicar, de forma inequívoca, os dispositivos legais
supostamente violados pelo v. acórdão impugnado, o que caracteriza deficiência na
fundamentação recursal, consoante a Súmula 284 do e. Supremo Tribunal Federal, É
inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não
permitir a exata compreensão da controvérsia.
2. A ausência de indicação de dispositivos de lei violados impede conhecer-se do
recurso também pela alínea "c" do permissivo constitucional (AgRg no Ag
1.386.627/RJ, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJe 1o.7.2011).
2. Suspenso o ato normativo que revogou os dispositivos dos Decretos 20.931/1932 e
24.492/1934 que regulam a atividade profissional de optometria (Decreto 99.678/1990)
pelo STF na ADIn 533-2/MC, por vício de inconstitucionalidade formal, seguem em
vigor as normas originais. Precedentes: AgInt no REsp. 1.369.360/SC, Rel. Min.
BENEDITO GONÇALVES, DJe 24.8.2017; REsp. 1.261.642/SC, Rel. Min. HERMAN
BENJAMIN, DJe 3.6.2013; MS 9.469/DF, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ
5.9.2005.
3. Importa ressaltar que não se trata aqui de repristinação dos Decretos, já que,
declarada a inconstitucionalidade formal da lei revogadora, reconhece-se a
vigência ex tunc da norma anterior tida por revogada.
4. Agravo Interno do Particular desprovido.
(AgInt no AREsp 1481601/MG, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/12/2019, DJe 19/12/2019)

OBS: REPRISTINAÇÃO (REVOGAÇÃO DE LEI – LINDB) X EFEITO


REPRISTINATÓRIO (CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE).
TRIBUTÁRIO. FUNRURAL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
ACARRETA A REPRISTINAÇÃO DA NORMA REVOGADA PELA LEI VICIADA.
CÁLCULO DA EXAÇÃO NOS MOLDES DA LEI REVOGADA. EFEITO LÓGICO
DECORRENTE DA REPRISTINAÇÃO. EXEGESE DO RESP N. 1136210/PR,
SUBMETIDO AO REGIME DOS RECURSOS REPETITIVOS (ART. 543-C DO
CPC). MULTA.
1. Aplica-se o princípio da vedação da repristinação, disposto no art. 2º, § 3º, da
Lei de Introdução ao Código Civil, aos casos de revogação de leis, e não aos casos
em que ocorre a declaração de inconstitucionalidade, pois uma lei inconstitucional
é lei inexistente, não tendo o poder de revogar lei anterior.
2. A repristinação da lei anterior impõe o cálculo da exação nos moldes da lei revogada,
sendo devida a restituição tão somente da diferença existente entre a sistemática
instituída pela lei inconstitucional e a prevista na lei repristinada, caso haja. Exegese
que se infere do entendimento firmado no REsp 1.136.210/PR, da relatoria do Min. Luiz
Fux, submetido ao regime dos recursos repetitivos (art. 543-C do CPC). Incidência da
Súmula 83/STJ.
3. O STJ entende que deve ser aplicada a multa prevista no art. 557, § 2º, do CPC nos
casos em que a parte insurgir-se quanto a tema já decidido em julgado submetido à
sistemática do art. 543-C do CPC. Agravo regimental improvido, com aplicação de
multa.
(AgRg no REsp 1495123/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014)

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL


ASSUNTO: DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS
TEMA: DEPOSITÁRIO INFIEL. PRISÃO CIVIL. POSSIBILIDADE?
RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. CONTRATO DE
DEPÓSITO. BENS FUNGÍVEIS. AQUISIÇÕES DO GOVERNO FEDERAL (AGF) E
EMPRÉSTIMO DO GOVERNO FEDERAL (EGF). DISTINÇÃO. CONAB.
FORMAÇÃO DE ESTOQUES REGULADORES. ARMAZENAGEM.
DESCUMPRIMENTO. AÇÃO DE DEPÓSITO. CABIMENTO. DEPOSITÁRIO
INFIEL. PRISÃO CIVIL. DESCABIMENTO (SÚMULA VINCULANTE Nº 25
DO STF). RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS.
1. Os contratos relativos a Aquisições do Governo Federal - AGF e Empréstimo do
Governo Federal - EGF não se confundem. Conforme consignado na r. sentença,
confirmada pelo eg. Tribunal Regional Federal: EGF, nada mais é do que um
empréstimo do Governo Federal para que o produtor enquanto não comercializa sua
produção possa, mediante a oferta do produto colhido em garantia, manter regularizado
empréstimo de mútuo firmado com instituição financeira credenciada, podendo, neste
caso, alienar a produção e com o valor quitar o empréstimo. Portanto, enquanto não
adimplido o contrato de financiamento, permanece a vinculação do produto ao contrato,
mas, este ainda é de propriedade do produtor. Já no caso das Aquisições do Governo
Federal (AGF), a relação contratual é bem diversa. Neste caso, a CONAB adquire o
produto, que, por conseguinte, passa a fazer parte do patrimônio desta empresa pública
para a consecução de seus objetivos legais, inclusive da Política de Estoques de
Alimentos do Governo Federal. Na falta de unidades próprias, para estocagem de toda a
produção (estoques reguladores), a CONAB mantém parte do produto em unidades de
armazenagem privadas, normalmente do próprio produtor, mediante Contratos de
Depósito. Saliente-se que, agora não mais se trata de produto dado em garantia, ainda de
propriedade do produtor e que poderia ser disposto por este, mas sim, trata-se de bem de
terceiro, acerca do qual o produtor exerce a mera armazenagem, não mais dispondo de
poderes para aliená-lo. O produto adquirido por intermédio de AGF, pela CONAB, é
comercializado mediante leilões públicos em Bolsa de Valores, notadamente face a seu
caráter de regulagem do mercado fornecedor.
2. Na hipótese, tem-se contrato de AGF, firmado entre produtor e a CONAB, destinado
à guarda e conservação do produto agrícola e, portanto, contrato de depósito,
incompatível com as regras do mútuo, completamente desvinculado de contratos
originalmente firmados entre o Banco do Brasil e produtores.
3. Cabível, assim, a ação de depósito para o cumprimento de obrigação de devolver
coisa fungível (arroz em casca natural), infungibilizada por cláusula contratual, que não
permite a substituição do produto por outro, devendo ser entregue aquele que fora
depositado.
4. Por outro lado, nos termos da Súmula Vinculante n. 25 do STF: "é ilícita a
prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito." 5.
Recursos especiais parcialmente providos.
(REsp 994.556/RS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
11/10/2016, DJe 30/11/2016)

OBS: PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA (NORMA “SUPRALEGAL”):


RECURSO ESPECIAL. DEPÓSITO EM ARMAZÉM GERAL DE GRÃOS.
PREQUESTIONAMENTO. IMPRESCINDIBILIDADE. VIOLAÇÃO AO ART. 515
DO CPC/1973. INEXISTÊNCIA. CONTRATO DE ARMAZENAGEM FIRMADO
ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI N. 9.973/2000. PRETENSÃO DE DIREITO
MATERIAL.mINCIDÊNCIA APENAS DAS REGRAS DO DECRETO N. 1.102/1903.
INVOCAÇÃO DE FORÇA MAIOR. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE
CIVIL. PRISÃO CIVIL DO DEPOSITÁRIO. IMPOSSIBILIDADE.
(...) 6. No tocante à prisão civil do fiel depositário, estabelece o art. 7º, n. 7, da
Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica)
que ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de
autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de
obrigação alimentar.
7. Recurso especial parcialmente provido.
(REsp 1217701/TO, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 07/06/2016, DJe 28/06/2016)

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL


ASSUNTO: DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS
TEMA: PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL. ATUAÇÃO DE
PROMOTORES AUXILIARES OU GRUPOS ESPECIALIZADOS.
INVESTIGAÇÃO. POSSIBILIDADE?
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. OPERAÇÃO CARCINOMA.
DESVIO DE VERBAS DO FUNDO DE SAÚDE DA POLÍCIA MILITAR/RJ.
PECULATO E CORRUPÇÃO PASSIVA. CRIMES MILITARES. PRETENSÃO AO
RECONHECIMENTO DA NULIDADE DA DENÚNCIA. ALEGAÇÃO DE
IMPEDIMENTO DOS PROMOTORES DE JUSTIÇA. PODER DE INVESTIGAÇÃO
DO MINISTÉRIO PÚBLICO. SÚMULA 234/STJ. DENÚNCIA APRESENTADA
POR MEMBROS DO GAECO. INFRAÇÃO AO PRINCÍPIO DO PROMOTOR
NATURAL. INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE.
1. O Ministério Público dispõe de atribuição para promover, por autoridade própria, e
por prazo razoável, investigações de natureza penal, o que não acarreta, por si só, seu
impedimento ou suspeição. Precedentes STF e STJ.
2. Consoante a Súmula 234/STJ, a participação de membro do Parquet, na fase
investigatória criminal, não acarreta o seu impedimento ou a sua suspeição para o
oferecimento da denúncia.
3. É consolidado nos Tribunais Superiores o entendimento de que a atuação de
promotores auxiliares ou de grupos especializados (GAECO) não ofende o
princípio do promotor natural, uma vez que, nessa hipótese, amplia-se a
capacidade de investigação, de modo a otimizar os procedimentos necessários à
formação da opinio delicti do Parquet.
4. No caso, o oferecimento da denúncia por promotores do GAECO não ofende o
princípio do promotor natural, tampouco nulifica a ação penal em curso.
5. Recurso ordinário em habeas corpus improvido.
(RHC 77.422/RJ, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, julgado em 16/10/2018, DJe 26/10/2018)

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL


ASSUNTO: MANDADO DE SEGURANÇA
TEMA: MANDADO DE SEGURANÇA. PAGAMENTO DE VERBAS OU
DIFERENÇAS SALARIAIS DE SERVIDOR PÚBLICO: LEGITIMIDADE
PASSIVA
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO MANDADO DE SEGURANÇA.
LEI N. 10.698/2003. ALEGADO DIREITO À INCLUSÃO, NA FOLHA DE
PAGAMENTO, DA DIFERENÇA DA ORDEM DE 13,23%. MINISTRO DE
ESTADO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO. ILEGITIMIDADE
PASSIVA.
1. Esta Corte de Justiça possui precedentes de que, nos mandados de segurança
impetrados com a finalidade de obtenção do pagamento de verbas ou diferenças
salariais aos servidores públicos, a legitimação passiva é do Secretário de Recursos
Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no âmbito da
aplicação e cumprimento da legislação de pessoal de modo uniforme, ou do
Coordenador-Geral de Recursos Humanos da respectiva pasta (Ministério) ou
Autarquia, quando se tratar de legislação concernente apenas ao quadro de
servidores específico.
2. Entendimento sedimentado de que o Ministro do Planejamento Orçamento e Gestão é
parte ilegítima em pleitos como o presente, uma vez que possui competência
administrativa genérica e superior, de supervisão e gestão do sistema de pessoal civil.
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no MS 24.050/DF, Rel. Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 11/12/2019, DJe 17/12/2019)
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL
ASSUNTO: MANDADO DE SEGURANÇA
TEMA: MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUNAL DE JUSTIÇA. CONTROLE
DE COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL. CABIMENTO
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. WRIT
CONTRA DECISÃO EM TURMA RECURSAL SOBRE COMPETÊNCIA DE
JUIZADO ESPECIAL. ADMISSIBILIDADE. CAUSA MADURA.
INAPLICABILIDADE.
1. "A jurisprudência do STJ admite a impetração de mandado de segurança para
que o Tribunal de Justiça exerça o controle da competência dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais, vedada a análise do mérito do processo subjacente" (RMS
33.155/MA, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, DJe 29.8.2011).
2. Inaplicável a regra da causa madura aos Recursos Ordinários em Mandado de
Segurança. Precedentes do STJ.
3. Recurso Ordinário parcialmente provido para determinar o processamento do writ no
Tribunal de origem.
(RMS 59.378/CE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado
em 05/09/2019, DJe 11/10/2019)

JURISPRUDÊNCIA EM TESES (EDIÇÕES N. 43: MANDADO DE SEGURANÇA


– I E N. 89: JUIZADOS ESPECIAIS):

- Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato


de juizado especial. (Súmula n. 376/STJ)

- Admite-se a impetração de mandado de segurança perante os Tribunais de


Justiça e os Tribunais Regionais Federais para o exercício do controle de
competência dos Juizados Especiais Estaduais ou Federais, respectivamente,
excepcionando a hipótese de cabimento da Súmula n. 376/STJ.

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL


ASSUNTO: MANDADO DE SEGURANÇA
TEMA: MANDADO DE SEGURANÇA. TEORIA DA ENCAMPAÇÃO:
REQUISITOS
Súmula 628 - A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança quando
presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo
hierárquico entre a autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática do
ato impugnado; b) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e c)
ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição Federal.
(Súmula 628, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/12/2018, DJe 17/12/2018)
JURISPRUDÊNCIA EM TESES (EDIÇÕES N. 43: MANDADO DE SEGURANÇA
– I E N. 89: JUIZADOS ESPECIAIS):

- A teoria da encampação tem aplicabilidade nas hipóteses em que atendidos os


seguintes pressupostos: subordinação hierárquica entre a autoridade efetivamente
coatora e a apontada na petição inicial, discussão do mérito nas informações e
ausência de modificação da competência.

OBS: Quanto à alínea “c” da Súmula n. 628, STJ, inclui-se também a Constituição
Estadual.
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.
ILEGITIMIDADE PASSIVA. TEORIA DA ENCAMPAÇÃO. APLICABILIDADE.
TEORIA DA CAUSA MADURA. INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
1. Conforme estabelecido pelo Plenário do STJ, "aos recursos interpostos com
fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016)
devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as
interpretações dadas até então pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça"
(Enunciado Administrativo n. 2).
2. Consoante o entendimento desta Corte, pode ser aplicada a teoria da encampação
para a mitigação da equivocada indicação da autoridade coatora em mandado de
segurança quando existentes os seguintes requisitos: a) vínculo hierárquico entre a
autoridade que prestou as informações e aquela que determinou a prática do ato;
b) manifestação sobre o mérito nas informações prestadas; c) ausência de
modificação na competência constitucionalmente estabelecida.
3. Hipótese em que deve ser aplicada a teoria da encampação, tendo em vista que: (a) há
vínculo hierárquico entre a autoridade apontada no mandamus e aquela que seria
legitimada a figurar no polo passivo (Governador do Estado e Secretário Estadual de
Planejamento e Gestão); (b) a autoridade indicada como coatora se manifestou sobre o
mérito da impetração; e (c) não há a modificação da competência do Tribunal de
Justiça (art. 106, I, "c", da Constituição do Estado de Minas Gerais).
4. Não é possível aplicar a teoria da causa madura (art. 515, § 3º, do CPC/1973) em
sede de recurso ordinário, sob pena de supressão indevida do juízo natural
constitucionalmente estabelecido para a análise originária do mandado de segurança.
Precedentes.
5. Agravo interno desprovido.
(AgInt no RMS 44.349/MG, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 09/12/2019, DJe 12/12/2019)
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL
ASSUNTO: MANDADO DE SEGURANÇA
TEMA: MANDADO DE SEGURANÇA. DESISTÊNCIA DA AÇÃO
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA.
PEDIDO DE DESISTÊNCIA. REPERCUSSÃO GERAL. OBSERVÂNCIA. CDC.
INAPLICABILIDADE.
1. Conforme estabelecido pelo Plenário do STJ, "aos recursos interpostos com
fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016)
devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as
interpretações dadas até então pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça"
(Enunciado Administrativo n. 2).
2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 669.367/RJ, sob a
sistemática da repercussão geral - art. 543-B do Código de Processo Civil/1973 -
firmou entendimento de que a desistência em mandado de segurança é
prerrogativa de quem o impetra, podendo ocorrer a qualquer tempo antes do
trânsito em julgado, sem a anuência da parte contrária e independentemente de já
ter havido decisão de mérito, desfavorável ou favorável ao impetrante.
3. As regras do art. 104 do CDC não se aplicam ao mandado de segurança.
4. Agravo interno desprovido.
(AgInt na DESIS no AREsp 1202507/SP, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/07/2019, DJe 07/08/2019)

JURISPRUDÊNCIA EM TESES (EDIÇÃO N. 85: MANDADO DE SEGURANÇA)


- O impetrante pode desistir da ação mandamental a qualquer tempo antes do
trânsito em julgado, independentemente da anuência da autoridade apontada
como coatora.

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL


ASSUNTO: MANDADO DE SEGURANÇA
TEMA: MANDADO DE SEGURANÇA. SUCEDÂNEO RECURSAL
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO MANDADO DE SEGURANÇA.
ENUNCIADO ADMINISTRATIVO N. 3/STJ. MANDAMUS IMPETRADO
CONTRA JULGADO DO STJ. NÃO ADMISSÃO DE EMBARGOS DE
DIVERGÊNCIA. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO E SIMILITUDE FÁTICA.
IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DO MANDADO DE SEGURANÇA
COMO SUCEDÂNEO RECURSAL. DECISÃO TERATOLÓGICA OU
FLAGRANTEMENTE ILEGAL. NÃO OCORRÊNCIA.
1. Não se admite a impetração do mandado de segurança contra ato judicial
passível de recurso ou correção. Ademais, não é possível admitir o mandado de
segurança contra ato judicial em que não se demonstra flagrante ilegalidade ou
teratologia.
2. Os recorrentes não demonstraram claramente a existência de teratologia no julgado
objeto do mandado de segurança quanto à matéria sobre assistência judiciária gratuita.
Reforça-se o fundamento que o mandamus tem manifesta natureza recursal, cujo fim é a
revisão de julgado que analisou admissibilidade de embargos de divergência indeferido
liminarmente por falta de demonstração de similitude fática e de ausência de cotejo
analítico.
3. Agravo interno não provido.
(AgInt no MS 25.274/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, CORTE
ESPECIAL, julgado em 12/05/2020, DJe 15/05/2020)

JURISPRUDÊNCIA EM TESES (EDIÇÃO N. 85: MANDADO DE SEGURANÇA –


II)
- Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou
correição. (Súmula n. 267/STF)
- A impetração de mandado de segurança contra ato judicial é medida excepcional,
admissível somente nas hipóteses em que se verifica de plano decisão teratológica,
ilegal ou abusiva, contra a qual não caiba recurso.

INFORMATIVO N. 667, 2020:


- Não é admissível a impetração de mandado de segurança contra ato jurisdicional
que defere o desbloqueio de bens e valores. O recurso adequado contra a decisão que
julga o pedido de restituição de bens é a apelação. Assim, mostra-se incabível o manejo
do mandamus quando há recurso próprio previsto na legislação processual, apto a
resguardar a pretensão do Ministério Publico, consoante o art. 5º, II, da Lei n.
12.016/2009 c/c art. 593, II, do CPP. Nesse sentido, a Súmula n. 267/STF dispõe que
não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição.

INFORMATIVO N. 648, 2019:


- Não é cabível mandado de segurança contra decisão proferida em execução fiscal
no contexto do art. 34 da Lei n. 6.830/1980. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o
ARE 637.975-RG/MG, na sistemática da repercussão geral, firmou a tese de que "É
compatível com a Constituição o art. 34 da Lei 6.830/1980, que afirma incabível
apelação em casos de execução fiscal cujo valor seja inferior a 50 ORTN" (Tema
408/STF). Assim, a previsão de um limite pecuniário para a interposição dos recursos
ordinários previstos na legislação processual civil, que se denomina de causas de alçada,
é norma constitucional já assim definida pela Corte Constitucional Brasileira. Nessa
linha de compreensão, tem-se, então, que, das decisões judiciais proferidas no âmbito
do art. 34 da Lei n. 6.830/1980, são oponíveis somente embargos de declaração e
embargos infringentes, entendimento excepcionado pelo eventual cabimento de recurso
extraordinário, a teor do que dispõe a Súmula 640/STF ("É cabível recurso
extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada,
ou por turma recursal de Juizado Especial Cível ou Criminal"). Essa limitação à
utilização de recursos foi uma opção do legislador, que compreendeu que o aparato
judiciário não devia ser mobilizado para causas cujo valor fosse tão baixo que o custo
de tramitação na justiça ultrapassasse o próprio valor buscado na ação. Ademais, é
incabível o emprego do mandado de segurança como sucedâneo recursal, nos
termos da Súmula n. 267/STF ("Não cabe mandado de segurança contra ato
judicial passível de recurso ou correição"), não se podendo tachar de teratológica
decisão que cumpre comando específico existente na Lei de Execuções Fiscais.

INFORMATIVO N. 636, 2018****:


- É certo que a doutrina e a jurisprudência majoritárias admitem o manejo do
mandado de segurança contra ato judicial, pelo menos em relação às seguintes
hipóteses excepcionais: a) decisão judicial teratológica; b) decisão judicial contra a
qual não caiba recurso; c) para imprimir efeito suspensivo a recurso desprovido de
tal efeito; e d) quando impetrado por terceiro prejudicado por decisão judicial.
Importa salientar, todavia, que há dúvida razoável acerca da existência de recurso
cabível, considerando que até mesmo no âmbito desta Corte de Justiça há
entendimentos divergentes quanto ao cabimento de agravo de instrumento, na vigência
do Código de Processo Civil de 2015, contra decisão interlocutória que examina
competência. Além disso, o referido tema está afetado**** para julgamento pela
Corte Especial como recurso especial representativo de controvérsia. Assim, entende-se
adequada a impetração do mandamus contra o ato judicial que afastou a competência
das Varas de Fazenda Pública para processar e julgar a ação de usucapião.
****OBS: ATENÇÃO! O RECURSO AFETADO CITADO (RESP N.
1.704.520/MT) FOI JULGADO EM 19/12/2018, OPORTUNIDADE EM QUE SE
ENTENDEU SER CABÍVEL O AGRAVO DE INSTRUMENTO PREVISTO NO
ART. 1.015 DO CPC/2015 NA HIPÓTESE EM QUE SE DISCUTE A
COMPETÊNCIA DO JUÍZO EM QUE TRAMITA O PROCESSO. ISSO
PORQUE A CORRETA FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA JURISDICIONAL É
MEDIDA QUE SE IMPÕE DESDE LOGO, SOB PENA DE SER INFRUTÍFERO O
EXAME TARDIO DA QUESTÃO CONTROVERTIDA (“TAXATIVIDADE
MITIGADA”). DESSA FORMA, PREVALECE NÃO SER CABÍVEL A
IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA PARA TAIS FINS.

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL


ASSUNTO: MANDADO DE SEGURANÇA
TEMA: MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO DE DETERMINAÇÃO DO
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA -CNJ. AUTORIDADE COATORA
PROCESSUAL CIVIL. CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS E TÍTULOS.
DELEGAÇÃO NOTARIAL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA MERO EXECUTOR.
ILEGITIMIDADE PASSIVA. PRECEDENTES. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO.
SEGURANÇA DENEGADA. RECURSO ORDINÁRIO PREJUDICADO.
1. Cuida-se, na origem, de Mandado de Segurança em que o impetrante objetiva o
direito de continuar a participar do concurso de remoção para outorga de delegações de
notas e de registros do Estado de Minas Gerais, regido pelo Edital 01/2016, apenas na
fase de Exame de Títulos, sem submissão a concurso público.
2. O Tribunal a quo denegou a segurança.
3. É firme o entendimento do STJ de que o Tribunal de Justiça não pode ser
considerado autoridade coatora, quando mero executor de decisão do Conselho
Nacional de Justiça. Nesse sentido: RMS 46.283/MG, Rel. Ministro Og Fernandes,
Segunda Turma, DJe 18/9/2015; AgRg no RMS 39.695/PR, Rel.
Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 2/12/2013; RMS 43.273/MG, Rel.
Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 27/9/2013, e AgRg no RMS
49.840/MT, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 24/5/2016.
4. Assim, o Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais não pode ser considerado
autoridade coatora. Nesse sentido, é parte ilegítima passiva.
5. Recurso Ordinário não provido.
(RMS 57.375/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 05/06/2018, DJe 18/12/2018)

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL


ASSUNTO: MANDADO DE SEGURANÇA
TEMA: MANDADO DE SEGURANÇA. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA
FEDERAL. COMPETÊNCIA
PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. COMPETÊNCIA.
RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO PELA ALÍNEA "C" DO PERMISSIVO
CONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. QUESTÃO DE
FUNDO. JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA. JULGAMENTO EM REGIME DE
REPERCUSSÃO GERAL PELO STF. MANDADO DE SEGURANÇA.
DIRIGENTE DE SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. CONCURSO PÚBLICO.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL
1. Não pode ser conhecido o presente recurso pela alínea "c" do permissivo
constitucional, quando a recorrente não realiza o necessário cotejo analítico, bem como
não apresenta, adequadamente, o dissídio jurisprudencial. Apesar da transcrição de
ementa, não foram demonstradas as circunstâncias identificadoras da divergência entre
o caso confrontado e o aresto paradigma.
2. Ademais, ainda que a divergência fosse notória, não há dispensa do cotejo analítico, a
fim de demonstrar a divergência entre os arestos confrontados. Precedente: AgRg nos
EAREsp 774.660/DF, Rel.
Min. Humberto Martins, Corte Especial, julgado em 6/4/2016, DJe 6/5/2016.
4. O novo Código de Processo civil também não exime o recorrente da necessidade da
demonstração da divergência.
5. Nada obstante, mesmo na questão de fundo, pacífico o entendimento neste
Tribunal Superior, consoante assentado em regime de repercussão geral pelo STF,
de que compete à Justiça Federal o julgamento de mandado de segurança contra ato de
dirigente de sociedade de economia mista, no exercício de delegação do poder
público federal, incluído o ato atinente a contratação via concurso público, de
envergadura constitucional, mormente considerando as consequências patrimoniais a
serem suportadas pela União ou, como no caso, entidade por ela controlada.
6. Agravo interno improvido.
(AgInt no REsp 1588607/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA
TURMA, julgado em 06/10/2016, DJe 20/10/2016)
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL
ASSUNTO: MANDADO DE SEGURANÇA
TEMA: MANDADO DE SEGURANÇA. ATO JURISDICIONAL DE ÓRGÃO
FRACIONÁRIO OU DE RELATOR DO STJ: POSSIBILIDADE?
AGRAVO INTERNO NO MANDADO DE SEGURANÇA. IMPETRAÇÃO CONTRA
ATO JURISDICIONAL. TERATOLOGIA E ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA. NÃO
CABIMENTO DO MANDAMUS. RECURSO NÃO PROVIDO.
1. O mandado de segurança não tem cabimento contra ato jurisdicional de relator
ou de órgão fracionário deste Tribunal, a não ser que a decisão seja teratológica ou
manifestamente ilegal, o que não restou demonstrado.
2. Agravo interno não provido.
(AgInt no MS 25.360/DF, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
CORTE ESPECIAL, julgado em 22/10/2019, DJe 28/10/2019)

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL


ASSUNTO: MANDADO DE SEGURANÇA
TEMA: MANDADO DE SEGURANÇA. SUCESSÃO DE PARTES.
POSSIBILIDADE?
PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO.
DEMISSÃO. FALECIMENTO DO IMPETRANTE ANTES DO TRÂNSITO EM
JULGADO. HABILITAÇÃO DE HERDEIROS OU INVENTARIANTE.
IMPOSSIBILIDADE. NATUREZA PERSONALÍSSIMA. EXTINÇÃO DO
PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. RESSALVA DO ACESSO ÀS
VIAS ORDINÁRIAS.
1. "A jurisprudência desta Corte e do Supremo Tribunal Federal foi firmada no
sentido de que, ante o caráter mandamental e a natureza personalíssima do
mandado de segurança, não é cabível a sucessão de partes, ficando ressalvada aos
sucessores a possibilidade de acesso às vias ordinárias. Só é cabível sucessão
processual em mandado de segurança quando o feito se encontrar já na fase de
execução" (AgInt no RE nos EDcl no MS 13.452/DF, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, CORTE ESPECIAL, julgado em 6/6/2018, DJe 19/6/2018). No mesmo
sentido: EDcl no AgInt no AREsp 1.277.839/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/9/2018, DJe 3/10/2018.
2. Mandado de Segurança denegado, ressalvando-se o acesso às vias ordinárias.
(PET no MS 20.157/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 12/06/2019, DJe 11/09/2019)

JURISPRUDÊNCIA EM TESES (EDIÇÃO N. 85: MANDADO DE SEGURANÇA –


II) - Ante o caráter mandamental e a natureza personalíssima da ação, não é possível a
sucessão de partes no mandado de segurança, ficando ressalvada aos herdeiros a
possibilidade de acesso às vias ordinárias.
INFORMATIVO N. 518, 2013:
- É possível a habilitação de herdeiro colateral, na forma do art. 1.060, I, do CPC/73,
nos autos da execução promovida em mandado de segurança, se comprovado que
não existem herdeiros necessários nem bens a inventariar.

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL


ASSUNTO: MANDADO DE SEGURANÇA
TEMA: MANDADO DE SEGURANÇA. ATO OMISSIVO DA AUTORIDADE
IMPETRADA. DECADÊNCIA.
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. ANISTIADO POLÍTICO.
EFEITOS RETROATIVOS DA REPARAÇÃO ECONÔMICA. DECADÊNCIA NÃO
CONFIGURADA. CABIMENTO DO WRIT. PREVISÃO DOS RECURSOS
MEDIANTE RUBRICA PRÓPRIA NAS LEIS ORÇAMENTÁRIAS.
POSSIBILIDADE DE EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA, POR MEIO
DE PRECATÓRIOS, CASO NÃO SEJA POSSÍVEL O PAGAMENTO EM UMA
ÚNICA PARCELA, EM DINHEIRO. OMISSÃO CONFIGURADA. DIREITO
LÍQUIDO E CERTO AO INTEGRAL CUMPRIMENTO DA PORTARIA,
ENQUANTO NÃO CASSADA OU REVOGADA. SEGURANÇA CONCEDIDA.
1. É iterativa a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça de que: (a) não há
a decadência do direito à impetração quando se trata de comportamento omissivo
da autoridade impetrada, que se renova e perpetua no tempo; (b) é cabível a
impetração de Mandado de Segurança postulando o pagamento das reparações
econômicas concedidas pelo Ministério da Justiça relacionadas à anistia política de
Militares, no caso de descumprimento de Portaria expedida por Ministro de Estado,
tendo em vista não consubstanciar típica ação de cobrança, mas ter por finalidade sanar
omissão da autoridade coatora; (c) a sucessiva e reiterada previsão de recursos, em leis
orçamentárias da União Federal, para o pagamento dos efeitos financeiros das anistias
concedidas, dentre elas a do impetrante, bem como o decurso do prazo previsto no § 4o.
do art. 12 da Lei 10.559/2002 constituem o direito líquido e certo ao recebimento
integral da reparação econômica; e (d) inexistindo os recursos orçamentários bastantes
para o pagamento, em uma só vez, dos valores retroativos ora pleiteados, cabível será a
execução contra a Fazenda Pública, por meio de precatórios, nos termos do art. 730 do
CPC/1973.
2. Esta Corte fixou a lição segundo a qual não prospera a alegação de que o pagamento
dos retroativos está cingido à reserva do possível, porquanto o caso se refere à
existência de direito líquido e certo à percepção dos retroativos, nos termos do direito
vigente (MS 17.967/DF, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, DJe 30.5.2012).
(...)
(MS 21.208/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 25/04/2018, DJe 04/05/2018)
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL
ASSUNTO: MANDADO DE SEGURANÇA
TEMA: MANDADO DE SEGURANÇA. PROVIMENTO GENÉRICO OU
CASOS FUTUROS. POSSIBILIDADE?
PROCESSO CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO. PRETENSÃO DE OBTENÇÃO DE
PROVIMENTO GENÉRICO. FATOS FUTUROS E NÃO DETERMINÁVEIS.
INADMISSIBILIDADE.
I - O mandado de segurança preventivo não pode ser utilizado com o intuito de obter
provimento genérico aplicável a todos os casos futuros de mesma espécie.
(Precedentes).
II - Não se restou demonstrado o justo receio que viesse legitimar a impetração do writ,
não sendo vislumbrando a concretude, nem mesmo a probabilidade, dos fatos apontados
como ameaçadores de lesão ao direito ou ao bem jurídico tutelado. Recurso desprovido.
(RMS 55.589/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
06/02/2018, DJe 16/02/2018)

JURISPRUDÊNCIA EM TESES (EDIÇÃO N. 85: MANDADO DE SEGURANÇA)


- O mandado de segurança não pode ser utilizado com o intuito de obter
provimento genérico aplicável a todos os casos futuros de mesma espécie.

DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL


ASSUNTO: MANDADO DE SEGURANÇA
TEMA: MANDADO DE SEGURANÇA. TERMO DE AJUSTAMENTO DE
CONDUTA. CUMPRIMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CABIMENTO?
ADMINISTRATIVO. TAC E ACP. OBRIGAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA.
EQUÍVOCO NA VIA ELEITA. TÍTULOS EXECUTIVOS.
I - A jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de que o mandado de
segurança não é a via processual adequada para dar cumprimento a obrigação prevista
em termo de ajustamento de conduta ou em acórdão prolatado em ação civil pública.
São ambos espécies de título executivo e, portanto, exigem a instauração do respectivo
processo executório. Neste sentido: AgInt no RMS 51.940/GO, Rel. Ministro
FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/03/2018, DJe
06/03/2018; AgInt no RMS 54.350/GO, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 28/11/2017, DJe 05/12/2017; AgInt no RMS 53.879/GO, Rel.
Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/08/2017,
DJe 25/08/2017.
II - Agravo interno improvido.
(AgInt no RMS 56.828/GO, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA
TURMA, julgado em 14/08/2018, DJe 17/08/2018)
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL
ASSUNTO: PODER JUDICIÁRIO
TEMA: DECISÕES JUDICIAIS. FUNDAMENTAÇÃO PER RELATIONEM OU
ALIUNDE. POSSIBILIDADE?
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA. ART.
413, § 3º, DO CPP. SENTENÇA DE PRONÚNCIA. FUNDAMENTAÇÃO PER
RELATIONEM. DECRETO PREVENTIVO CALCADO NA GRAVIDADE EM
CONCRETO DA PRÁTICA DELITIVA. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO
REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
1. A prisão preventiva é compatível com a presunção de não culpabilidade do acusado
desde que não assuma natureza de antecipação da pena e não decorra, automaticamente,
da natureza abstrata do crime ou do ato processual praticado (art. 313, § 2º, CPP). Além
disso, a decisão judicial deve apoiar-se em motivos e fundamentos concretos, relativos a
fatos novos ou contemporâneos, dos quais se se possa extrair o perigo que a liberdade
plena do investigado ou réu representa para os meios ou os fins do processo penal (arts.
312 e 315 do CPP).
2. É válida a utilização da técnica da fundamentação per relationem, em que o
magistrado emprega trechos de decisão anterior ou de parecer ministerial como
razão de decidir, desde que a matéria haja sido abordada pelo órgão julgador, com
a menção a argumentos próprios.
3. Na hipótese, mostram-se suficientes as razões invocadas na instância de origem para
embasar a manutenção da prisão do réu, diante da gravidade em concreto da conduta
delitiva, a qual diz respeito a homicídio duplamente qualificado, cometido contra um
morador de rua, mediante o emprego de pedaço de concreto para golpear a vítima na
região da cabeça, em virtude de discussão sobre doação de cigarros, de modo que não
identifico caracterizado o constrangimento ilegal.
4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no HC 564.293/GO, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA
TURMA, julgado em 28/04/2020, DJe 30/04/2020)

AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS. NÃO CONHECIMENTO.


IMPETRAÇÃO EM SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO CABÍVEL. UTILIZAÇÃO
INDEVIDA DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL. VIOLAÇÃO AO SISTEMA
RECURSAL. TRÁFICO DE DROGAS. NULIDADE POR FALTA DE
FUNDAMENTAÇÃO. ACÓRDÃO QUE ADOTA COMO RAZÕES DE DECIDIR
MOTIVAÇÃO CONTIDA NO PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO. EIVA
INEXISTENTE.
1. A via eleita revela-se inadequada para a insurgência contra o ato apontado como
coator, pois o ordenamento jurídico prevê recurso específico para tal fim, circunstância
que impede o seu formal conhecimento. Precedentes.
2. Pacificou-se na jurisprudência dos Tribunais Superiores a compreensão de que a
adoção, no acórdão, do parecer ministerial ou a confirmação dos termos da sentença
proferida nos autos não constitui, por si só, constrangimento ilegal passível de tornar
nula a referida decisão colegiada.
3. No caso dos autos, o julgado questionado atende ao comando constitucional,
porquanto, embora tenha se reportado ao parecer ministerial, apresentou fundamentação
idônea para rechaçar os pleitos formulados pela defesa, não havendo que se falar em
ausência de fundamentação.
4. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no HC 556.266/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado
em 13/04/2020, DJe 20/04/2020)

JURISPRUDÊNCIA EM TESES (EDIÇÃO N. 69: NULIDADES NO PROCESSO


PENAL)
- A utilização da técnica de motivação per relationem não enseja a nulidade do ato
decisório, desde que o julgador se reporte a outra decisão ou manifestação dos autos e as
adote como razão de decidir.

INFORMATIVO N. 557, 2015:


- É nulo o acórdão que se limita a ratificar a sentença e a adotar o parecer
ministerial, sem sequer transcrevê-los, deixando de afastar as teses defensivas ou de
apresentar fundamento próprio. Isso porque, nessa hipótese, está caracterizada a
nulidade absoluta do acórdão por falta de fundamentação. De fato, a jurisprudência tem
admitido a chamada fundamentação per relationem, mas desde que o julgado faça
referência concreta às peças que pretende encampar, transcrevendo delas partes que
julgar interessantes para legitimar o raciocínio lógico que embasa a conclusão a que se
quer chegar. Precedentes citados: HC 220.562-SP, Sexta Turma, DJe 25/2/2013; e HC
189.229-SP, Quinta Turma, DJe 17/12/2012. (HC 214.049-SP, Rel. originário Min. Nefi
Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 5/2/2015,
DJe 10/3/2015).

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