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Direito comercial

Actos do comércio
Noção;

Da leitura do art. 4º CCom emerge a ideia de que certos actos jurídicos, ou seja, certos
acontecimentos juridicamente relevantes são considerados como comerciais.
Acto de comércio: é aquele praticado pelos comerciantes, relativo ao exercício de sua
actividade, e aquele considerado como tal pela lei, em cada ordenamento jurídico.
Art.1, CCom, objecto da lei comercial.
Facto jurídico - todo o facto que produz efeitos de direito sem ser praticado pelo homem.
Acto jurídico - facto humano que produz efeitos jurídicos.
Actos comerciais (num sentido amplo). Para alguns autores, pode ser todo e qualquer acto que
produz efeitos jurídicos a nível do Dto comercial, independentemente de ser praticado por um ser
humano. Para os que defendem esta posição, há um leque maior de actos que podem ser
considerados comerciais.
Actos comercias (num sentido restrito) – para outros autores actos comerciais só dizem respeito
a actos praticados por seres humanos.

Tipos de actos de comércio

Objectivos (os que são considerados comerciais) – art 4 nº 1 a


Subjectivos (os que são praticados por um determinado tipo de pessoa)
São actos de comércio objectivos, os que são regulados na lei comercial, em razão do seu
conteúdo ou circunstâncias.
São actos de comércio subjectivos, aqueles que a lei atribui comercialidade pela circunstância de
serem tais actos conexos com a actividade comercial dos seus autores.
Os actos subjectivos dependem do agente que os pratique e, com base nisso, é que serão
comerciantes (praticados por comerciantes).
O artigo 3 do CCom não tem em vista os sujeitos que praticam os actos, ao invés reporta – se a
actuações. Portanto, não há nenhum elemento subjectivo; este artigo tem a sua génese actuações,
independentemente do sujeito que as pratica.

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Classificação dos actos de comércio


Absolutos ou autónomos
Acessórios

São actos de comercio autónomos ou absolutos os qualificados de mercantis por si mesmo,


independentemente de ligação a outros actos ou actividades comerciais; não carecem de nenhum
outro acto. Ex, os actos que constam do artigo 3 do CCom.
São actos de comércio acessório os que devem a sua comercialidade ao facto de se ligarem a
actos comerciais absolutos. Ex, Fiança – art 627 n 2 CC, mandato, empréstimo, penhor, deposito,
que para que se considerem mercantis, devem proceder de, ou destinarem – se a actos de
comercio.

Teorias

Teoria de acessórios - todo o acto de um não comerciante efectivamente conexionado com um


acto objectivamente mercantil é acto de comércio.
Ex., um individuo compra um carro para o revender (acto comercial absoluto) e contrata depois
um guarda para que tome conta do carro, arrenda uma garagem para guardar o carro; estes
seriam actos acessórios e, como tal, comerciais
Máxima extensão da teoria do acessório – todo e qualquer acto de não comerciante seria
mercantil quando conexionado com actos objectivos de comercio (não há lugar à analogia juris);
Só se aceitam esses actos como comerciais se forem análogos a actos acessórios de comércio
previstos na lei comercial (se descobrirmos na lei actos objectivamente comercias e pudermos,
através da analogia, encontrar actos semelhantes aos actos acessório). Por exemplo, o contrato de
arrendamento da garagem para guardar o veículo, e o contrato para segurança do veículo, por
analogia legis, esses actos também seriam comerciais.
Resumindo, acto acessório será qualquer acto que decorra de um acto comercial, sem ser
comercial.

Actos bilateralmente comerciais ou puros – são actos cuja comercialidade se verifica em


relação a ambas as partes (sujeitos). Ex: A, produtor de carros, vende X carros, no quadro de um

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contrato de concessão comercial, ao seu concessionário B – a venda é acto de comercio a compra


também é comercial. No acto bilateralmente comercial ambas ou todas as partes estão a praticar
actos comerciais objectivos ou estão a praticar actos como comerciantes (actos subjectivos). Ex:
A compra um carro a B com intenção de o revender a C que também o quer revender a D.
Actos unilateralmente comerciais - são actos cuja comercialidade se verifica só em relação a
uma das partes. Ex: A compra a B um automóvel para seu uso pessoal – a venda é
objectivamente comercial, a compra é, neste caso, civil.

Actos substancialmente e formalmente comerciais


Actos formalmente comerciais, os que são regulados na lei comercial como um esquema formal,
que permanece aberto para dar cobertura a um qualquer conteúdo, mas abstraem no seu regime
do objecto ou fim para que são utilizados.
Actos substancialmente comerciais, os que têm comercialidade em razão da própria natureza, ou
seja, por representarem, em si mesmos, actos próprios de actividades materialmente mercantis.
Actos de comércio causais e abstractos
Diz-se causal, todo o acto que a lei regula em ordem a preencher ou a realizar uma determinada
e específica causa - função jurídico-económica.
É abstracto, aquele que se revela adequado a preencher uma multiplicidade indeterminada de
causas funções, podendo a relação jurídica que dele resulta ter uma vida independente da relação
que lhe deu origem.

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