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Pelotas, 2016
OS USOS DA BIBLIOTECA DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO SUL-RIO-
GRANDENSE – CAMPUS PELOTAS: EXTENSÃO DA SALA DE AULA E ESPAÇO
DE SOCIALIZAÇÃO
RODRIGUES, Dalva1
ARAÚJO, Jair Jonko2
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo investigar os usos que os alunos fazem, em seu
cotidiano escolar, da biblioteca do Instituto Federal de Educação Sul-rio-grandense –
Câmpus Pelotas. Nesta perspectiva, este trabalho busca compreender a
organização da biblioteca, identificar a frequência e a forma de utilização pelos os
estudantes e identificar as motivações para frequentá-la. Trata-se de uma pesquisa
explorativa e qualitativa que utilizou como instrumentos para pesquisa de campo,
observações e entrevista estruturada com 32 estudantes de diferentes níveis de
ensino. Tendo como pressuposto inicial que a biblioteca era um espaço de leitura,
percebi ao longo do trabalho, que a biblioteca é um lugar de comunicação, aberto ao
meio social que a rodeia, uma extensão da sala de aula e um local de socialização
do aluno em de seu ambiente de formação; um importante fator constituindo-se
como ciclo de formação entre professores, alunos, disciplinas e Instituição. Enfim,
descobri que a biblioteca, objeto deste estudo é um importante espaço sociocultural,
um coração do Câmpus.
1
dalvaross1@hotmail.com
2
jair.jomko@gmail.com
INTRODUÇÃO
Meu interesse pela biblioteca surge durante alguns trabalhos realizados ainda
na minha Graduação. Em minha jornada como pesquisadora, surgiu a
(re)descoberta do espaço da Biblioteca não apenas como um espaço na estrutura
da escola e sim incluído no processo de formação. A partir de um trabalho realizado
na biblioteca escolar de uma escola pública de ensino Fundamental em Pelotas, tive
a oportunidade de refletir sobre a importância deste ambiente.
As primeiras impressões e inquietações foram de que em algumas escolas os
alunos utilizam a biblioteca como local de estudo, em outras, os alunos buscam
material para realizar os trabalhos solicitados pelos professores. No entanto, existem
estudantes que sequer conheciam a bibliotecária de sua escola. Partindo dessas
experiências, percebi meu desejo sobre o tema, instigada pelo potencial de
mudança que o ambiente pode causar no aluno.
Observei ainda que nesta instituição os alunos frequentam o espaço da
biblioteca. Inicialmente supunha que a biblioteca era utilizada como um local de
leitura e realizações de trabalhos. À medida que visitava a biblioteca e conversava
com os alunos percebi que ela é concebida como ambiente de interação e
socialização entre os alunos.
Juntei-me, então, aos estudantes que frequentam a biblioteca e todos seus
espaços. É perceptível o bem- estar dos estudantes dentro desse ambiente.
Estariam eles buscando leituras e referências literárias, reunidos em grupos de
estudo, realizando trabalhos ou simplesmente se encontram por hábito na
biblioteca? Teriam eles este hábito desde o começo da vida estudantil nas escolas
de ensino Fundamental ou adquiriram no ensino médio? Foi somente dentro desta
Instituição que fizeram deste espaço uma extensão de sua sala de aula? Qual seria
a participação do professor neste processo?
É nesse contexto que foi constituído este trabalho, o qual tem como objetivo
investigar os usos que os alunos fazem da biblioteca do Câmpus em seu cotidiano
de estudos.
Nesta perspectiva, este trabalho tem como objetivos específicos compreender
a organização da biblioteca; identificar a frequência e a forma de utilização da
biblioteca para os estudantes; e identificar as motivações dos estudantes para
frequentar a biblioteca.
Tratando-se de uma pesquisa explorativa e qualitativa, que segundo Flick
(2009, p.8)[...]visa a abordar o mundo “lá fora" (e não em contextos especializados
de pesquisa, como laboratórios), e entender, descrever e, ás vezes, explicar os
fenômenos sociais “de dentro”, de diversas maneiras diferentes [...], assim, começo
pela observação do cotidiano dos alunos coma pretensão de trazer dados e relatos
de estudantes dos três turnos da Instituição.
A metodologia foi estruturada inicialmente com as visitas semanais, realizadas
entre os meses de Setembro de 2014 a Março de 2015. A partir da observação, em
conjunto com os estudos teóricos sobre a biblioteca ,elaborou-se um instrumento de
entrevista: um questionário com questões fechadas e abertas. Este instrumento
objetivava a construção do perfil do estudante que frequenta a biblioteca e o uso que
fazem deste ambiente. Foram entrevistados 32 estudantes durante o período de
quatro meses, em dias alternados, entre as 10 h e 12 h, 14 h e 16 h, 18 h e 20 h,
sempre na última semana de cada mês.
REFERENCIAL TEÓRICO
3
Fonte: Plano de Desenvolvimento Institucional agosto de 2014 a julho de 2019
de funcionamento. Ao lado o acervo, mesas para estudo e leitura, também ampliada
para uso de computadores da própria Instituição e do aluno. O crachá de
identificação do aluno é seu cartão da biblioteca. Todo o aluno que ingressa
matriculado no Câmpus é automaticamente associado na biblioteca e tem livre
acesso ao acervo.
Neste momento da investigação, percebi o quanto o acesso a biblioteca ainda
é consideravelmente frágil para os alunos deficientes físicos, principalmente aquele
que precisa locomover-se com cadeira de rodas. É possível chegar ao piso superior
por elevadores que sobem do térreo para o segundo andar de corredores de outro
espaço do Câmpus. Este mesmo fica atrás do acervo superior do ambiente, ou seja,
o aluno cadeirante precisa sair da biblioteca, deslocar-se até outro setor para usar o
elevador para usar o acervo, que fica no andar de cima. Chamou-me a atenção o
fato de que, alguns professores e alunos da Instituição, desconhecem essa opção
para alunos deficientes físicos. Aponto como colaboração relevante desta pesquisa,
um maior esclarecimento para estes alunos inclusos nos ambientes de ensino.
A cada retirada de material literário, são enviados e-mails confirmando a data
de entrega e renovação do material. Os processos de reserva e renovação podem
ser realizados pela internet. Buscando adequar-se as transformações tecnológicas:
atualmente, além da gestão computadorizada do acervo, os servidores e estudantes
podem acessar online e acervo.
Conforme já citado, essa pesquisa começou pela observação do ambiente
foco do trabalho, a biblioteca do Câmpus. As visitas semanais eram também
momentos de registros fotográficos e conversas informais com alguns
frequentadores do espaço. As conversas com os servidores da biblioteca do
Câmpus também foram importantes para compreender a dinâmica da biblioteca.
Foram selecionados, aleatoriamente, alguns alunos durante os três turnos de
funcionamento da biblioteca, para responderem a um questionário. Estes alunos, do
turno da manhã, tarde e noite, são de diversos cursos da Instituição, de idades
variadas, bolsistas ou trabalhadores e foram entrevistados em grupo ou
individualmente.
Este instrumento foi elaborado, junto ao orientador, durante as visitas a
biblioteca. Inicialmente no período de observação, buscava registrar os momentos
de leitura, estudos e produções dos alunos do
Câmpus. Com o avanço do trabalho percebendo os diferentes usos da biblioteca, o
foco da pesquisa foi mudando, desejei assim entrevistar e registrar os motivos,
tempo de permanência, horários, curso, idade, sexo, turno e avaliação dos
estudantes sobre esse espaço. O questionário promove uma ideia de quem são os
alunos que frequentam a biblioteca, com que frequência, se mantinham esse hábito
ou adquiriram na Instituição. Apresento como colaboração, a oportunidade de
acompanhamento e exploração dos docentes neste espaço visto pelo estudante
como parte de sua vida estudantil.
O questionário elaborado para esse estudo foi entregue em horários
alternados para alunos que se encontravam na biblioteca. O aluno não foi
identificado, apenas (se fosse de acordo) indicava a seu curso, turno, idade e sexo.
A frequência que usa o espaço da biblioteca é um os pontos-chave para o
instrumento, que questiona a expectativa, crítica ou sugestões ao funcionamento e
espaço da biblioteca. O questionário começou a ser aplicado no segundo semestre
do ano de 2014 estendendo-se até março de 2015, período de investigação de
campo desta pesquisa.
Na figura 1, observa-se que quase o mesmo número de alunos do gênero
masculino e feminino que frequenta a biblioteca. Uma pequena parte dos estudantes
preferiu não registrar este item no questionário. É importante relatar que na maioria
das vezes os estudantes se organizam em grupos de ambos os gêneros.
diariamente
semanalmente
mensalmente
eventualmente
Turno de uso
durante o turno
final do turno
intervalo
turno inverso
Professores estimulam?
não
sim
não
sim
Figura 7- O uso da biblioteca em sua escola anterior ao IFSUL-Fonte: elaborado pelo autor
pegar material
exigido
usar internet
encontrar os colegas
passar o tempo
A procura do aluno pelo espaço vai desde a busca por material solicitado pelo
professor para leitura até a realização de trabalhos. A maioria dos estudantes
entrevistados vai a biblioteca buscar também outros serviços que vão além do
acervo disponível, como por exemplo, acesso a internet. O ambiente proporciona
além da informatização, mesas e tomadas distribuídas para os alunos reunirem-se
em grupos ou trabalharem individualmente. A facilidade do material online reduziu a
busca pelo acervo sem diminuir o objetivo do aluno na realização de seu trabalho
escolar no espaço da biblioteca. O uso para leitura ou para passar o tempo,
encontros regulares para estudo ou jogo de Xadrez, a biblioteca é um espaço
organizado especificamente para cada atividade com mesas, tabuleiros, áudio
visual, computadores e acervo.
A biblioteca do Instituto tem um professor responsável para aulas de xadrez,
que tem disponível material visual em projeção digital para realização dos jogos
virtuais, e ao final da aula de xadrez os alunos relatam o quanto a atenção e
raciocínio são trabalhados e o estudante também apresenta suas leituras e autores
que falam sobre táticas de jogo. Essas estratégias facilitam o desenvolvimento do
aluno em um ambiente que seria designado para outras atividades, elevando o
conceito da biblioteca como centro de recursos. Esses recursos não desviam os
alunos do objetivo da Instituição em sua biblioteca e sim, proporcionam experiências
que somam à sua formação indicando que toda mudança Tecnológica leva,
implicitamente, a uma mudança cultural.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
MINDLIN, José;No Mundo dos Livros. São Paulo: Editora Agir (2009).
ROCA, Glória Durban; Biblioteca Escolar Hoje. Barcelona: Editora Graó de IRIF
(2010).
SILVA, Ezequiel Theodoro da; Leitura& Realidade Brasileira. Porto Alegre, Editora
Mercado Aberto, (1988).