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06/11/2017

17- ARMAZENAMENTO DE GRÃOS


17.2 FATORES QUE AFETAM O POTENCIAL DE
17.1 Introdução
ARMAZENAMENTO
● As sementes/grãos apresentam máxima qualidade
no ponto de maturidade fisiológica → a partir daí, a 17.2.1 Umidade Relativa do Ar e Temperatura
deterioração causará perdas quali-quantitativas, de
maneira progressiva, em intensidade variável que 17.2.2 Microrganismos e insetos
depende das condições do ambiente.
● As sementes/grãos perdem qualidade durante o
armazenamento → o processo de deterioração é 17.2.3 Outros fatores a considerar:
contínuo e irreversível. a) Qualidade inicial
● O armazenamento requer planejamento adequado de b) Tratamento químico
instalações e de equipamentos, de suas operações e c) Espécie (genética)
muita atenção durante todo o período: conhecimentos
básicos sobre fisiologia de sementes/grãos e dos fatores d) Embalagens
que podem afetar sua qualidade antes e durante o e) Injúrias mecânicas
armazenamento são essenciais.

Umidade Relativa do ar e Temperatura Umidade Relativa do ar e Temperatura


● Afetam o metabolismo do grão (atividade ● Grãos com 10% e 13% de água, dependendo da
respiratória, enzimática) e, portanto, a deterioração: espécie, apresentam processo respiratório discreto
C6H12O6+6CO2  6CO2+6H2O+677kcal durante o armazenamento. À medida que aqueles
Cada grama de CO2 liberada = perda de 0,682 g M.S. teores de água aumentam, a respiração aumenta
● A respiração provoca aumento da Umidade e da T ºC: consideravelmente, acelerando a deterioração.
A respiração causa perda de peso e da qualidade ● O aquecimento da massa de grãos é provocado
nutricional do grão por consumir suas reservas pela respiração das sementes e pela atividade de
(<vitaminas,<carboidratos e <proteínas)
Aumento do metabolismo das gorduras (oxidação) microrganismos e de insetos presentes na massa,
portanto aumenta acidez graxa (ác. Graxos livres) prejudicando os grãos, portanto deve-se promover
 Favorecem o desenvolvimento dos insetos e uma aeração adequada, para evitar perdas que
microorganismos (ciclo vicioso) ocorrerão rapidamente.

Umidade Relativa do ar e Temperatura


Tabela 1 - Influência do resfriamento na perda de
Regra Prática: matéria seca, considerando 1.000 t de milho a 15% de
● Entre 5% a 16% de teor de água dos grãos: umidade e tempo de armazenamento de 30 dias.
Fonte: Heinrich Brunner (1989).
...para cada 1% de redução no teor de água das
sementes, ou redução de 5,5°C na temperatura do Condições
Temperatura Perda Matéria Seca
Ambientais
ambiente dobra-se o período de armazenamento.
Temperatura
25 oC Perda de 0,12% ( = 1,2 t)
MEDIDAS PREVENTIVAS PARA DIMINUIR PERDAS: ambiente - média
● Opções: Secagem do grão (diminui umidade), Temperatura
35oC Perda de 0,54% ( = 5,4 t)
Aeração (diminui T ºC), ambiente - alta

Ar condicionado (diminui T ºC e umidade) Grãos resfriados 10oC Perda de 0,02% ( = 0,2 t)


Desumidificação do ar (diminui umidade)
● Ideal seria: ambiente climatizado = custo elevado.

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Figura 1 –Diagrama de conservação do milho (Steele e Saul).


Diagrama de conservação do milho (Figura 1)
Período que o milho pode permanecer em secagem com ar
- Concebido por Steele e Saul, da Universidade de Iowa (USA), este
natural (Baixa TºC) ou aguardando secagem sem deteriorar-se
diagrama se apresenta sob forma de curvas isohídricas (umidades).
-O critério de deterioração, que permite fixar o tempo máximo de
conservação, é a perda de 0,5% de matéria seca, devido ao fenômeno
de respiração, correspondendo a um desprendimento de 14,7g de gás
carbônico por kg de matéria seca.
curvas de umidade do milho -A zona hachurada corresponde ao milho semi-seco (22 a 24% de
umidade), que sofreu um processo de pré-secagem mediante ao
emprego da aeração; o milho com 23% de teor de água é conservado
durante 14 dias a 15oC, 25 dias a 10 oC e 45 dias a 5 oC, perdendo 0,5%
de sua matéria seca.
Essas indicações interessam às entidades armazenadoras que secam o
milho em dois tempos, com aeração de manutenção entre as duas
colheita passagens.
Deste diagrama conclui-se que a duração do ciclo de conservação é
dobrada cada vez que se diminui sua temperatura em 5 oC.

Tabela 2 - Tempo de duração, ou intervalo necessário


Microrganismos e insetos
para novo resfriamento para garantir a qualidade do
milho, a partir de uma refrigeração inicial de 10 oC. ● FUNGOS:
Fonte: Heinrich Brunner (1989).
principalmente dos gêneros
Teor de Água Tempo de Duração até Aspergillus e Penicilium
do Grão novo Resfriamento
poderão se constituir numa das principais causas
12,0 - 15,0% Aproximadamente 08 - 12 meses da deterioração dos grãos durante o
15,5 - 17,5% Aproximadamente 06 - 10 meses armazenamento:
17,5 - 18,5% Aproximadamente 04 - 06 meses ......assim, para o que o controle dos mesmos seja
18,5 - 20,0% Aproximadamente 01 - 04 meses realizado com eficiência, é necessário conhecer as
20,0 - 23,0% Aproximadamente 02 - 08 semanas condições que favorecem o seu desenvolvimento.

Tabela 3 - Umidade Relativa mínima de equilíbrio para o


Tabela 4 - Umidade mínima dos grãos de cereais para
crescimento de alguns fungos de armazenamento,
a uma temperatura ótima entre 26 a 30 °C o crescimento de alguns fungos de armazenamento
Umidade Relativa
Fungos Umidade (%)
de equilíbrio (%)
Fungos
Aspergillus helophilicus 68 Milho Sorgo Soja
Aspergillus restrictus 70 A. restrictus 13,5 - 14,5 14,0 - 14,5 12,0 - 12,5
Aspergillus glaucus 73 A. glaucus 14,0 - 14,5 14,5 - 15,0 12,5 - 13,0
Aspergillus candidus 80 A. candidus 15,0 - 15,5 16,0 - 16,5 14,5 - 15,0
Aspergillus ochraceus 80
A. flavus 18,0 - 18,5 19,0 - 19,5 17,0 - 17,5
Aspergillus flavus 85
Penicillium spp. 16,5 - 19,0 17,0 - 19,5 16,0 - 18,5
Penicillium spp. 80 a 90
Fonte: CHRISTENSEN, 1974 Fonte: CHRISTENSEN, 1974

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Tabela 5 – Temperatura mínima e ótima para o crescimento Microrganismos e insetos


de alguns fungos de armazenamento
● INSETOS DE ARMAZENAMENTO
T ºC
Fungos carunchos, gorgulhos e traças, dependendo do
mínima ótima
nível de infestação, podem reduzir drasticamente a
Aspergillus restrictus 5 - 10 30 - 35 qualidade dos grãos, inutilizando-os para o comércio.
Aspergillus glaucus 0-5 30 - 35 ........O armazenamento em ambientes com
Aspergillus candidus 10 - 15 45 - 50 temperaturas inferiores à 15°C e com grãos
apresentando teores de água inferiores a 9%,
Aspergillus flavus 10 - 15 40 - 45 não são prejudicadas pelos insetos.
Penicillium spp. -5 - 0 20 - 25 ........O expurgo e o tratamento inseticida preventivo,
são importantes providências para o controle.
Fonte: CHRISTENSEN, 1974

Tabela 6 - Temperaturas, mínimas e ótimas, para o


Microrganismos e insetos desenvolvimento de insetos dos grãos armazenados
MEDIDAS PREVENTIVAS PARA DIMINUIR PERDAS: Temperatura (°C)
● Opções:
Inseto Mínima Ótima
Medidas sanitárias: limpeza das instalações, inspeções. Sitophilus orizae 17 23-31
Controle químico: inseticidas, fungicidas. Oryzaephilus mercator 20 31-34
Controle biológico: Parasitas, predadores, fungos Oryzaephilus surinamensis 21 31-34
entomopatogênicos, doenças entomopatogênicas, Tribolium confusum 21 30-33
resistência varietal. Tribolium castaneum 22 32-35
Controle físico: Ar condicionado, secagem do grão, Lasionderma serricorne 22 32-35
atmosfera modificada, aeração, calor (desinfestação), Cryptolestes pusillus 22 28-33
irradiação Crptolestes ferrugineus 23 32-35
Instalações apropriadas: impermeáveis a gás e à água, Rhyzopertha dominica 23 32-35
Fonte: Puzzi, 1986.
Trogoderma granarium 24 33-37

Outros fatores Outros fatores


a) Qualidade inicial c) Espécie (genética)
● Se o produto que chega ao armazém possui alta
qualidade inicial, então terá maior potencial de ● longevidade é característica da espécie/variedade
armazenamento.
● Condições climáticas adversas durante a maturação, ● A resistência contra ataque de insetos/fungos é
atraso de colheita, danos mecânicos, secagem variável conforme espécie/variedade.
inadequada, entre outros fatores, podem afetar a
qualidade dos grãos e, consequentemente, o potencial de
armazenamento.

b) Tratamento químico
● Grãos/Sementes tratados com fungicidas e inseticidas,
em geral, apresentam melhor conservação.

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Outros fatores Outros fatores


d) Embalagens d) Injúrias mecânicas:
● Tem grande importância na conservação das ● Tem grande importância na conservação das
sementes/grãos. sementes/grãos durante o armazenamento.
Características: ● trincas, fissuras e amassamentos: favorecem a
A permeabilidade à trocas gasosas/umidade: deterioração pois facilitam entrada de insetos e
ex: permeáveis = pano, juta, papel, ráfia microorganismos; aceleram a degeneração dos
impermeáveis = lata, Tetra-pack®, alumínio
tecidos.
 resistência mecânica: barreira contra entrada de insetos, ● São causadas no manuseio dos grãos, durante
aves e roedores beneficiamento, na descarga e movimentação desses
grãos, na secagem inadequada.

ESPALHADOR DE GRÃOS
Nem sempre promove distribuição uniforme dos grãos

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Rosca-sem-fim 17.3 Instalações para o armazenamento


O armazenamento seguro pode ser conseguido,
basicamente, de duas maneiras:
1º) em locais onde as condições climáticas sejam
naturalmente favoráveis, com baixas UR% e T oC...... ou

2º) em ambiente controlado (climatizado).

● No primeiro caso: os custos são menores, bastando


secar adequadamente as sementes e acondicioná-las em
embalagens apropriadas.

● No segundo caso: os custos são maiores e há necessidade


de planejamento mais detalhado.

17.3.1 TIPOS DE ARMAZÉNS/SILOS: 17.3.2 ARMAZENAMENTO PARA PEQUENOS


(baseado na no controle , ou não, da TºC e UR%) PRODUTORES RURAIS:
a) Armazéns convencionais e silos: a) Tambores, Latas, Latões:
sem controle do ambiente -Devem ser bem vedados (Hermético)
b) Armazéns com controle de temperatura: - capacidades: 10 a 230 litros
Exemplo: temperatura entre 4 a 10 °C - aço ou plástico
- com tampa e anel de vedação
c) Armazéns com controle de umidade relativa do ar:
Exemplo: UR do ar entre 35 a 40%
d) Armazéns com controle da umidade relativa do ar e da
temperatura:
Exemplo: UR do ar entre 35 a 40% e temperatura de 10 °C.

17.3.2 ARMAZENAMENTO PARA PEQUENOS PRODUTORES


RURAIS:
b) Paiol: - Produtos a granel ou em palha (espigas, vagens,...)
- Devem ser bem protegidos contra chuva e animais
- Sujeito à deterioração por insetos/fungos

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SILO-BAG

Silo-Bag :
construção da
base e dutos
de aeração
estrutura da
parede lateral

17.3. ARMAZENAMENTO em LARGA ESCALA


SILO-BOLSA
b) Silos e Armazéns: - Produtos a granel ou embalados em
sacaria ou sacolões (“Big-bag”).

Armazém Convencional para


produtos embalados
Ceagesp /Pederneiras

SILOS VERTICAIS SILOS VERTICAIS


Silos Metálicos
Silos de Concreto (produtos a granel)
(produtos a granel)

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SILOS Tabela 7 - Recomendação de doses de inseticidas para


prevenção de pragas de grãos armazenados
*Aplicado em camadas de espigas com 20 cm de altura que corresponde a
cerca de 40 g/m2 de superfície de camada de espigas.
** Óleo mineral

Formas de Deltamethrin - 2,5 Pirimiphos Metil -50


Fundo “V” ou “W” Utilização CE ou 0,2% PÓ CE
(K-Obiol) (Actellic)
1. Mistura direta com
20-40 ml/l água/t 8-16 ml/l água/t
grãos
2. Mistura direta com
500 g pó/t espigas ------
espigas*
3. Pulverização sobre
10 ml/l água/20m2 10 ml/l água/20m2
superfície de sacaria
4. Pulverização sobre
superfície de parede de 15 ml/l água/20m2 15 ml/l água/20m2
alvenaria
5. Pulverização sobre
10 ml/l água/20m2 10 ml/l água/20m2
superfície de madeira

6. Nebulização 10 ml/90ml óleo/100m3 5 ml/95ml óleo/100m3

Tabela 8 - Evolução da infestação e teor de água no milho armazenado Tabela 9 - Dose e tempo de exposição recomendados para expurgo
em silo de alvenaria, submetido a dois tratamentos, de forma com fosfina, para tratamento preventivo.
preventiva.
1 Expurgo com fosfina (1g p.a./t) durante 72 h, no enchimento do silo. Obs.: Não se recomenda o expurgo com temperatura inferior a 15 oC
2 Mistura direta do inseticida pirimiphos methil com os grãos, na dose de 4ppm
Doses Tempe- Tempo de
(8ml p.c./t). Tipo de Material a
3 G.D. = Grãos Danificados por insetos. Pastilhas Comprimidos ratura duração
estrutura fumigar
(3g) (0,6g) (oC) (dias)
Expurgo1 Mistura direta2
Dias após o 30
armazenamento 6 pastilhas
G. D.(%)3 umidade G. D.(%) umidade Sob lonas Espigas por carro
comprimidos
15-20 10
por carro
(15 sacas)
(15 sacas)
30 3.6 10.0 2.1 10.3

75 4.0 9.8 1.9 11.7 2 pastilhas 2


cada 15 a 20 comprimidos
plásticas Sacaria 20-25 07
120 5.3 11.0 1.9 13.0 sacas de 60 por 3 a 4
kg sacas 60 kg
165 5.8 12.0 2.0 13.0
10
2 pastilhas
No próprio comprimidos
220 8.2 12.5 2.2 13.6 Granel por tonelada + de 25 4-5
silo 3 por tonelada
ou 1 m
ou 1 m3

Tabela 10 - Comparação entre tratamentos para controle dos


insetos-praga de milho armazenado em paiol.
1 Doses utilizadas: Deltamethrin 0,2% pó - 500 g/t (cerca de 50 g/m 2)
Expurgo - 1 g fosfina/m³
No Trata- Épocas de Avaliação e % de Grãos
mentos1 danificados
Julho Outubro Setembro Fevereiro
Malathion -
1 1.55 13.16 30.11 36.13
4% pó
2 Testemunha 1.19 4.77 19.84 33.54

Espigas bem
3 0.50 1.60 8.30 14.00
emplhadas

Expurgo
4 0.83 1.56 4.20 21.89
com fosfina
Expurgo de
5 3 em 3 1.50 1.50 4.00 5.00
meses Fonte: Puzzi, 1986.
Deltamethrin
6 0.99 1.51 2.08 3.07
- 0,2 pó

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17.4 PROBLEMAS EM SILOS METÁLICOS = MIGRAÇÃO DE UMIDADE 17.4 PROBLEMAS EM SILOS METÁLICOS = MIGRAÇÃO DE UMIDADE
CONDENSAÇÃO DA UMIDADE DO AR (Superior do silo) CONDENSAÇÃO DA UMIDADE DO AR (fundo do silo)
(Ambiente externo com temperaturas mais baixas) (Ambiente externo com temperaturas mais altas)

17.4 PROBLEMAS EM SILOS METÁLICOS 17.4 PROBLEMAS EM SILOS METÁLICOS


CONDENSAÇÃO DA UMIDADE DO AR (superior do silo) Radiação Solar (superior do silo) = aumento de calor
Grãos armazenados úmidos (Ex.: falha na secagem!!), há aumento da
respiração e proliferação de fungos e insetos = aumento de calor

Grãos germinados
Superfície fria na superfície úmida

17.4 PROBLEMAS EM SILOS METÁLICOS 17.5 AERAÇÃO EM SILOS


Camada deteriorada de grãos Objetivo= Resfriar preventivamente a massa de sementes ou
é misturada durante a descarga do silo eliminar foco de calor existente.
CUIDADO = deve-se aerar algumas horas/dia, dependendo da
condição do ar (frio e seco) senão pode haver reumedecimento.

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17.6 TERMOMETRIA EM SILOS 17.6 TERMOMETRIA EM SILOS


Sensores de temperatura em silos= termopares de cobre/constantan Sensores de temperatura em silos: cobre/constantan

Cabo reforçado
Internamente para passagem
dos fios de cobre-constantan

17.6 TERMOMETRIA EM SILOS 17.7 INSUFLAR AR FRIO E SECO EM SILOS


Sensores de temperatura em silos: tipo sonda

17.8 CONTROLE DE INSETOS EM ARMAZENS 17.8 CONTROLE DE INSETOS EM ARMAZENS

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