O Médium e a sua sensibilidade
“...Eis o Homem!”
 SENTIMENTO-CONCEITO
“O sentimento é o responsável pela construção
energética da memória que, por sua vez, refleta a
nossa vibração”.
Diz Joanna de Ângelis que os “sentimentos
expressam a capacidade que possui o ser humano
de conhecer, de compreender, de sentir e compartir
as emoções que o vitalizam nas suas diversas
ocorrências existenciais”.
“São os mecanismos que conduzem a
Humanidade ao largo do processo evolutivo através do
qual, o Self [o Espírito] adquiriu o conhecimento e
experienciou as conquistas que lhe exornam a
realidade”.
“Inseridos no sistema nervoso central
respondem pela afetividade e pelo comportamento,
nutridos por moléculas específicas que são produzidas
pelos neurônios cerebrais”.
“Segundo Max Scheller, os sentimentos estão
relacionados com a idéia de valor, graças ao que, os
mesmos orientam para a opção em torno daquilo a que
se atribui significado. De início, esses valores são
destituídos de conteúdos, que são descobertos depois,
atribuindo-lhes significado intelectual. Desse modo.
esses sentimentos podem ser superiores, quando se
referem às realizações nobres, a justiça, a beleza, o
amor, a Ciência, a abnegação, o bem, etc, ou inferiores,
quando se fazem acompanhar das sensações de
natureza física, tais o prazer sensual, a ambição da
posse, a inveja, o ciúme…”
“No princípio do processo evolutivo, porém,
eles se encontram em germe nos instintos agressivos
ou primários, que os vão liberando até o momento em
que passam a exercer atividades especiais na conduta,
direcionando as aspirações e os anseios para o belo, o
nobre , o bom e o elevado. São eles que facultam a
compreensão da dignidade através da cooperação da
razão e da consciência, produzindo os vínculos que
unem os seres uns aos outros e propiciam o
- Pilatos (João, 19:5)
entendimento das necessidades dos relacionamentos,
da busca de união e entrosamento”.
O que seriam sentimentos-conceitos?
À medida que a linguagem se desenvolve, a
criança é introduzida no mundo de símbolos, idéias e
conceitos, e desse modo aos poucos ultrapassa as
oscilações do instinto (imediato e impulsivo). Ela
começa a reconstruir o mundo percebido dos que a
rodeiam (seu grupo de convivência). Por intermédio da
linguagem, da gramática e da sintaxe, ela aprende uma
descrição particular do mundo que lhe ensinarão a
chamar de realidade. A linguagem também funciona
como um importante veículo por meio do qual as ações
aceitáveis a esse mundo (grupo de convivência) podem
ser comunicadas. (Fase da heteronomia, o outro dita as
regras)
Por diversos motivos, a autopercepção da
criança passa a centrar-se gradualmente em torno
dessa descrição aprendida na convivência e dos afetos,
motivações e fantasias estritamente associadas a essa
descrição (estado de cognição).
Entre as forças poderosas e emocionais que
motivam ou perturbam os homens, há muitas que são
sustentadas ou efetivamente engendradas por
complicados processos simbólicos. Os sentimentos-
conceitos do indivíduo relativos à importância pessoal,
à identidade, ao seu papel na vida, à auto-estima, não
poderiam existir sem esses complexos conceitos
associados a sentimentos, construídos
principalmente através dos relacionamentos
interpessoais.
Os conceitos-sentimentos participam da
imagem do eu e, em grande parte, constituem essa
imagem.
A uma certa altura do desenvolvimento da
criança, os relacionamentos interpessoais acabam
sendo incorporados como estruturas internas. Por
exemplo, a criança que é constantemente censurada
pelo pai por ficar zangada acaba se identificando com o
papel do Pai e censura a si mesma por suas explosões
de raiva. Assim, em vez de o pai determinar quais
O Médium e a sua Sensibilidade
impulsos são permitidos, a criança começa a exercer
ela própria esse controle. Ela pode elogiar a si mesma,
o que resulta em sentimento de orgulho, ou condenar a
si mesma, o que resulta em sentimento de culpa. A
relação externa entre pai e filho torna-se, então, uma
relação interna entre duas partes do eu, estabelecendo
uma forma de diálogo interno entre esses papéis (onde
predominam sentimentos-conceitos, afetos-conceitos,
emoções-diálogos, como culpa, desejo, orgulho, amor,
ódio). Tais papéis também são conhecidos como as
“máscaras sociais” que adotamos para facilitar a
interação social. Construímos várias delas: a do pai, a
do médico, a da mãe, a do marido, a da esposa, a do
“bom moço não agressivo”, a da “agressão saudável”
(assertividade), etc.
Podemos definir sentimento como a
disposição afetiva do ser em relação a coisas de
ordem moral ou intelectual (conceito). Tal disposição
afetiva possibilita o indivíduo:
a) estar ligado ao ambiente em que vive;
b) elaborar conceitos éticos;
c) incorporá-los ao patrimônio psíquico (memória
espiritual);
d) realizar a aquisição do senso moral
(discernimento, inteligência espiritual)
Como uma chapa impressa a memória
espiritual vai arquivando e armazenando vibraçoes
que são resultados dos mais diversos conflitos e
experiências que se desenvolvem no espírito. Essas
experiências formam os painéis mentais que definem
a forma de pensar, dando-lhe estrutura, delineando
sua forma de ser. Esse conjunto de vibrações forma a
personalidade.
Verificaremos, então, que a formação da
personalidade se dá na dependência dos sentimentos-
conceitos que determinam a face do Espírito. São as
experiências que o Espírito vivenciou armazenadas na
memória na forma de quadros mentais.
Portanto, todo sentimento tem raízes
profundas na estruturação mental, oferecendo dentro
da personalidade um conjunto de atos, atitudes, hábitos
e tendências que definem o comportamento mental
do Espírito. A personalidade será o conjunto desses
atos que merecem atenção, pois, através dela é que se
verifica a construção da postura do Espírito que passa
a identificar suas dificuldades percebendo o
movimento das vibrações que se processa dentro
de si. Atentamos para o fato de Joanna de Ângelis
utilizar o termo subpersonalidade para nomear tais
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dificuldades. (ver O Despertar do Espírito, Cap. Auto-
realização, Subpersonalidades)
O estudo da personalidade auxilia no
entendimento do que seja a face do espírito e como
educá-lo, o que muito contribuirá para a mudança de
seus sentimentos. Em cada personalidade uma face
escondida, um conjunto de sentimentos, uma
construção mental.
Nesses quadros ficam armazenadas as
cargas magéticas (constituem os sentimentos –
conceitos) que promovendo alterações na formação
das energias mentais. À medida que o Espírito
avança, ele modifica tais quadros mentais, alterando
seus painéis mentais, em relação às estruturas
armazenadas. Essas estruturas definem as vibrações
que formam a carga magnética do ser, isto é, a sua
reserva moral.
Assim é que, dentro do contexto da
evangelização, cada situação mental pede um
esclarecimento que deve vir carregado de vibrações
amorosas cujo objetivo é desmobilizar as energias
doentes armazenadas pela memória – isso garantirá
ao Espírito um novo entendimento para determinadas
ações que podem lhe representar grandes conquistas.
É preciso promover-lhe maior atenção para a
elaboração de seus atos mentais, pois o descuido e a
indiferença com as elaborações mentais têm causado
grandes danos ao progresso moral do Ser.
A cada existência ocorre um avanço
determinado pela própria consciência, para que o
Espírito possa se organizar e mudar seu padrão
vibratório. À medida que ele toma conhecimento da
sua situação vai promovendo alterações nos seus
sentimentos-conceitos de acordo com as suas
prioridades.
Há sentimentos que são como “doenças da
alma”. Temos, entre outros, o orgulho, a inveja, o
ciúme, o ódio, o ressentimento, a cólera, a prepotência,
a arrogância, a vaidade, a mágoa, etc. Enquanto o
Espírito guarda sentimentos doentes não é capaz de
mudar os estados vibrantes da memória que só podem
ser drenadas por meio de estímulos que superem os
quadros vivenciados anteriormente.
Os sentimentos doentes não têm forças para
remover os canais deteriorados pelas vibrações do
ódio, do orgulho, do ciúme, etc. Esses sentimentos
geram vibrações doentes que criam uma crosta em
volta dos quadros mentais elaborados pelo Ser (linhas
escuras abaixo).
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Quanto mais contaminado o campo mental,

maior é o entorpecimento da vontade, segregada por
vibrações que partem dos painéis que se desdobram
em conexão com a soma das vibrações
desencadeadas pelos sentimentos.

Nos painéis da vida, os cenários do orgulho

e da arrogância fecham o Espírito em si mesmo.
Quando esses quadros são vivenciados, incrustados no
arcabouço mental do Ser, focos de contaminação são
criados (figura abaixo), contaminando outros
pensamentos, que vinculados por processos
magnéticos se acoplam, alimentando-os com as
próprias energias, formando assim um processo
obsessivo.

Na seqüência dos desenhos acima podemos

verificar os quadros da memória sendo “drenados”,
expurgados do campo mental, levando o Espírito a sentir com
mais pujança a força do seu pensamento np planejamento e
vivência das suas experiências evolutivas (o último quadro).

A consciência não conseguindo estabelecer

parâmetros que controlam as energias doentes deixa
que a memória traga para fora, como uma drenagem,
as cargas energéticas doentes que ficaram represadas.
Assim, o Espírito se prende ao tempo que a memória
retrata.
Nessa situação, essa fixação do Espírito nos
quadros deliberados pela consciência doente, promove
um atraso no pensamento, criando uma distância entre
a vontade e a consciência.
A personalidade fica estática, reatraindo todo
fluxo mental em expansão, criando uma vibração
circular que ativa os painéis descompassados,
enfraquecendo a vontade e não permitindo a razão
participar do trabalho de mudança, ou seja, da
renovação das idéias (compare-se o desenho abaixo).