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FACULDADE INSPIRAR

PSICOLOGIA

MARCOS ANTONIO TEODORO DA SILVA

MÔNICA FIGUEIREDO DA S BORGES CORDEIRO

TAUANE QUADROS MACHADO MASIERO

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA O PORTE DE ARMA

A dicotomia entre a segurança e a violência


Curitiba
2023
FACULDADE INSPIRAR

MARCOS ANTONIO TEODORO DA SILVA

MÔNICA FIGUEIREDO DA S BORGES CORDEIRO

TAUANE QUADROS MACHADO MASIERO

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA O PORTE DE ARMA

A dicotomia entre a segurança e a violência

Trabalho acadêmico apresentado ao curso de


Psicologia da Faculdade Inspirar.
Professora: Daniella Maito

Curitiba
2023
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................4

2 METODOLOGIA...............................................................................................................5

2.1 Aspectos Metodológicos................................................................................................5

2.1.1 A cultura urbanística e a violência..............................................................................6

2.2 Avaliação Psicológica....................................................................................................8

2.2.1 O cerne da avaliação psicológica.............................................................................11

3 RESULTADOS................................................................................................................14

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................17

REFERÊNCIAS.................................................................................................................18
4

1 INTRODUÇÃO

Inicialmente, é inevitável destacar que, atualmente, observar-se uma


ramificação empregada no porte de armas sob um viés benéfico ou danoso. Diante
desse cenário, pode-se inferir que, devido ao crescimento demasiado da violência
na sociedade, o homem, por meio de diferentes recursos, dentre eles
armamentos de natureza letal, desenvolve os meios de defesa, para o objetivo de
garantir a sua segurança e de outros. Nesta linha, é sabido, que ante uma
perspectiva histórico e cultural, o homem desenvolve inúmeros artifícios, a fim de
garantir sua proteção, à medida que o instinto de sobrevivência é inerente à
natureza humana.

Podemos verificar que a procura e o estado de necessidade relativo à posse


de arma se faz à frente do crescimento demasiado da violência e do sentimento de
insegurança na sociedade, por sua vez, paralelamente ao estado de necessidade,
muitos indivíduos não estão aptos, de acordo a um atributo psicológico, para
adquirem, estarem de posse e manusearem armas.

Assim, o presente trabalho possui o objetivo principal de discorrer acerca de


premissas concernentes a dicotomia entre segurança e violência, visto que se não
for adequado o uso dessa ferramenta lesiva, o efeito de bem-estar social se dá de
forma contrária, posto que se o sistema for ineficiente em relação a aptidão dos
indivíduos, será, similarmente, irrisório no que pese a efetivação do status quo
concernente ao bem-estar social e à segurança pública.

Em vista disso, o Estado, visando robustecer a garantia do bem-estar social,


desenvolve junto a ciência, mecanismos necessários e eficazes, a fim de dirimir as
mazelas sociais atinentes ao aumento da violência. Desta forma, se desenvolve as
avaliações psicológicas, as quais serão compreendidas, a um interesse coletivo,
consolidado na manutenção da paz e da harmonia social.

Sob esse prisma, as avaliações psicológicas são os subsídios criados, por


meio do apoio entre poder público e ciência, para a aptidão dos indivíduos em
portarem armas e exercer, consequentemente, atividades com a mesmas.
5

2 METODOLOGIA
2.1 Aspectos Metodológicos

Visando aplicar a presente temática assiduamente o presente trabalho


aplicará, em sua metodologia e em seus subsídios, a revisão documental de obras e
de artigos, os quais versem sobre as premissas atinentes à avaliação psicológica, à
segurança e a á violência diante do porte de armas, para essa intenção aplicar-se-á
pesquisa exploratória, de cunho bibliográfico, cuja técnica de coleta de dados será
abrangido na análise de documentações indiretas e seu respectivo estudo. (GIL,
1991)

No mais, verifique-se ainda que para aquém da metodologia bibliográfica,


será aplicada, concomitantemente, a metodologia quantitativa, subsidiando o
presente trabalho por meio de uma metodologia quanti-quali, a qual pode ser
desenvolvida tendo como principais características a análise de diversas alegações
dos autores, além, indubitavelmente, de considerar ferramentas como entrevistas
estruturadas, as quais se caracterizam pela formulação de pesquisas, levando em
consideração a experiência e conhecimento do entrevistado e objetividade da
temática.

Desse modo, poder-se inferir que à medida que o presente trabalho detém o
objetivo de robustecer a importância da avaliação psicológica para o porte de armas,
no país, é imperioso que haja a aplicação de práticas empíricas, como a utilização
de entrevistas, mais especificamente, estruturadas, com profissionais, os quais
podem contribuir com a compreensão mais aprofundada e objetiva.

Ao fazer essa análise, esse trabalho se situa, no âmago social, lugar onde o
empirismo é visualizado e aplicado. Por sua vez, destacar-se que os documentos
bibliográficos utilizados para o embasamento teórico do presente trabalho, são
publicações, cujo principal objetivo é em fazer análise de diversas obras publicadas
acerca da temática escolhida.

No que tange à metodologia quantitativa, optou-se por uma entrevista


semiestruturada, com o fim de contribuir com a participação ativa do entrevistado
(a), à medida que permite uma maior flexibilidade no que tange ao processo de
perguntas e respostas, logo, garante ao entrevistador que, por meio de uma análise
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das respostas feitas pelo entrevistado, levante mais hipóteses acerca da temática e
garante o aprofundamento da mesma. Conforme esse entendimento atinente à
entrevista semiestruturada, para Triviños (1987, p. 146) a entrevista
semiestruturada, precipuamente, “tem como característica questionamentos básicos
que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa”.
Desta maneira, tais questionamentos gerariam, consequentemente, um novo
levantamento de hipóteses e o desenvolvimento mais assíduo da temática.

Ressalta-se ainda que a presente entrevista feita com uma profissional de


psicologia, especializada na avaliação psicológica para porte de arma, foi mediada
por um questionário de 5 perguntas, as quais versam sobre a contribuição da
avaliação psicológica, as técnicas projetivas e como a avaliação psicológica se
relaciona com a sociedade.

Ademais, saliente-se que foi feito um agendamento online com a participante,


credenciada pelo CRP (conselho regional de psicologia), com o número 2401248,
por conseguinte, a entrevista também foi feita à distância. A entrevista ocorreu nos
dias atinentes à 3 de ao dia 10 de abril. Outrossim, ressalte-se que a técnica e
análise de dados se faz perante a análise de conteúdo, conforme o entendimento
Bardin (1994), cuja análise far-se-á por meio da interpretação dos entes em
consonância com a temática escolhida, nesse sentido, nesse método de análise, se
desconsidera o entendimento, demasiadamente, objetivo, ou seja, uma mera
transcrição do que foi dito.

2.1.1 A cultura urbanística e a violência

Em primeiro lugar, é incontestável destacar que se desenvolve no país uma


cultura, mediada pela mudança de comportamentos e pensamentos, os quais,
muitas vezes, se comportam em face de uma necessidade de defesa e segurança
pessoal baseada na impulsividade e no ataque imediato, sem considerar, dessa
maneira, as consequências de um ato lesivo e até mesmo determinante. (BORÉM,
2017)

Sob uma perspectiva histórica, observar-se uma mudança na estrutura


brasileira, abalizada pela mudança socioespacial, isto é, se por um lado há o
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aumento da urbanização, pela criação de inúmeras cidades, edifícios e postos


laborais, há, por outro lado, o desenvolvimento da marginalização, fator oriundo de
uma distribuição desigual no que tange aos indivíduos socias. Dessa maneira,
saliente-se ainda que há nessa marginalização, de modo comprometido, a
fragilização da segurança, da infraestrutura e do bem-estar social, haja vista que
esse “benefício” foi disseminado as classes privilegiadas e que conseguirem,
consequentemente, adentrarem aos polos de poder. (BORÉM 2017)

Nesse tocante, a problemática atinente à cultura armamentista percorre


interpretações de forma restrita, à medida que refletir acerca da perduração desse
fator na sociedade brasileira é, refletir, ao mesmo tempo, acerca de como a
população, por meio de suas estruturas internas, dentre as quais, segregadoras,
corroboram e robustecem a criminalidade e a incipiência de políticas públicas, as
quais efetivem a garantia da segurança pública. Para aquém disso, refletir-se-á
ainda que no que tange à segurança pública, à mesma não foi e até os dias atuais
não é aplicada de forma isonômica, visto que, permeada por um contexto histórico,
marginalizou alguns em detrimento da segurança de todos. (CARMONA, 2014)

Nesta perspectiva, se verifica que, em um viés estrutural, a segregação


socioespacial corroborou, demasiadamente, para a incidência da violência, haja
vista que a classe “subalterna” foi tratada com negligência e menosprezo pelo poder
público, isto é, o princípio da segurança pública nesse âmago, contribuíram para a
autodefesa e pelo o aumento da criminalidade e de um cenário nefasto.
(CARMONA, 2014)

Diante disso, conforme à opinião célebre de Paulo Afonso Cavichioli Carmona


(2014) a separação, sob um aspecto socioespacial, acentuou o estado de violência,
uma vez que “nas regiões segregadas ou periféricas, a falta de infraestrutura urbana
e a precariedade dos serviços públicos concorrem facilmente para a formação da
delinquência”. Logo, pode-se inferir que a princípio o descuido do Estado perante à
sociedade contribui e facilita a perduração de situações, as quais, muitas vezes,
provocam cenários prejudiciais.

Mais adiante, ressalte-se ainda que, à medida que se desenvolve a


sociedade, estruturalmente, segregadora, violenta e desigual e irrisória no que tange
à segurança pública, se desenvolve, ao mesmo tempo, a subjetividade envolvida ao
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espaço urbanístico, ou seja, a função psicológica presente nas cidades, uma vez
que a mesma incide para o modo com os indivíduos veem os espaços sociais.
(BORÉM, 2017)

Em função disso, observar-se que a função psicológica é umbilicalmente


relacionada a própria criação das cidades, as quais são construídas em função das
necessidades básicas humanas. Por conseguinte, se, na contemporaneidade, há a
construção de espaços mais seguros, há, por sua vez, a necessidade subjetiva de
proteção diante do medo e da insegurança, dito isso, pelos dizeres de José Afonso
da Silva (p. 26, 2010) “O traçado equilibrado da cidade concorre também para o
equilíbrio psicológico de seus habitantes, visitantes e transeuntes”. Destarte,
conforme essa premissa, o equilíbrio psicológico é alcançado diante da organização
socioespacial.

Mais adiante, se outrora, foram construídos muros para segregar “os


subalternos “e a “elite”, na contemporaneidade, esses muros são construídos no
espaço da própria elite, haja vista que a violência não é respalda, intrinsecamente, a
fatores envoltos a raça e condição social. Assim, observa-se que há o
desenvolvimento célere de subsídios, os quais efetivem a segurança e o bem-estar
social.

Logo, se pode inferir que o estado psicológico coincide para a criação de


medidas coercitivas, as quais podem ser vislumbras na própria arquitetura social,
uma vez que há, desenvolvimento cada vez mais rápido e iminente no que tange à
criação de muros altos e programas de segurança artificial, os quais, em suma,
almejam a tutela de bens jurídicos inerentes à pessoa humana, como a vida e a
dignidade humana. (DI SARNO, 2004)

Além disso, se recomenda ainda que o cenário urbanístico abrange, de forma


majoritária, a maior incidência de casos lesivos a vida, a dignidade e ao patrimônio,
logo, é crucial ressaltar a organização de sua estrutura. Ademais, se permeia ainda,
no imaginário social, que mudar a estrutura é combatê-la diretamente, todavia, é
indispensável refletir acerca dos ditames, os quais, podem, de modo eficaz e menos
lesivo, contribuir com a organização social. (DI SARNO, 2004)
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2.2 Avaliação Psicológica

Cumpre ressaltar que a importância da avaliação psicológica se dá em meio a


regularidade aplicada pelo Estado no que tange à segurança dos indivíduos. Dito
isso, destaca-se que a avalição psicológica apesar de sua extrema necessidade
ainda não possui a sua eficácia plena, haja vista que contempla diversas oposições
pertinentes a sua eficácia ou não, posto isso, ao mesmo tempo que a avaliação
psicológica se torne um método eficaz, a fim de eliminar descuidos sociais, ainda
necessita de um estudo e aplicação constantes. (RESENDE, 2017)

Para aquém disso, saliente-se que apesar de sua necessidade perante à


sociedade contemporânea, a utilização da avaliação psicológica deve galgar à
eficácia plena, ou seja, é imperioso que os subsídios, dentre os quais, testes,
entrevistas e questionários sejam integrados, com a aspiração de se traçar um perfil,
considerando aspectos psicológicos e cognitivos. Sob esse prisma, à luz de sua
aplicabilidade no âmago social, a avaliação psicológica deve ser realizada visando,
principalmente, os efeitos no futuro e na sociedade. (RESENDE, 2017)

Não obstante, verificar os efeitos de uma autorização para porte de armas,


pode se demonstrar uma das tarefas mais árduas para um profissional de psicologia,
uma vez que não é somente sobre o deferimento de uma autorização, é sobre a
integração e as consequências desse ato no corpo social, cujos entes socializadores
possuem comportamentos e convicções diversos, fator este, o qual pode ser um dos
maiores empecilhos para o autocontrole. (MAYA, 2014)

Sob essa perspectiva, observar-se que a avaliação psicológica deve


contemplar distintos recursos no que tange à sua aplicabilidade eficaz. No que
concerne ao poder judiciário e ao poder legislativo, se observa a criação de
mecanismos, os quais mitiguem os efeitos danosos de uma liberação de armas de
forma desenfreada e negligente. Em vista disso, por meio da lei ̊. 9.437/77, o Estado,
por meio de mecanismos coibidores, implementou a avaliação psicológica como um
dos fatores obrigatórios para o porte de arma. (BRASIL, 1997 apud RESENDE,
2017)
10

Nesse tocante, se observa que a preocupação com a própria subjetividade,


isto é, natureza humana, é de grande interesse do Estado, o qual é responsável por
mediar as relações sociais. A referida lei além de promover o maior controle dos
adquirentes, por outro lado, ainda visou controlar a comercialização de arma.
(RESENDE, 2019)

Com efeito, verifica ainda que a avaliação psicológica compreendida à


temática de porte de armas, se comporta, na sociedade e no próprio ambiente
jurídico, de forma múltipla e, por vezes, tortuosa, visto que há um debate acerca de
sua usualidade perante à segurança pública e à pessoal, nesse sentido, se por um
lado, há o fortalecimento do cidadão, por meio da arma, há, por outro, o
enfraquecimento do Estado perante à sua função social no que tange à segurança
pública. (MAYA, 2014)

Ademais, impende ainda ressaltar que apesar do direito ao porte de arma


existir, à medida que há previsão legal, se observa ainda ações do Estado em
retardar esse exercício em massa, isto é, o armamento. Posto isso, em
convergência com esse ideal e premissa, é criado em 2003, o Estatuto do
desarmamento, o qual, essencialmente, visava atenuar a comercialização e ao porte
de arma. Para tanto, foram aplicadas diversas sanções atinentes à avaliação
psicológica, por exemplo.

Outrossim, apesar da promulgação de tal mecanismo, devido a realização de


um plesbicito, em 2005, houve, de forma majorada, a opinião que o armamento da
população era necessário, haja a vista a ineficiência do Estado em seu papel de
garantia em relação aos direitos humanos. Sob esse prisma, após esse
entendimento, houve, por meio do decreto, nº 5.123, a aplicação dos seguintes
requisitos legais para o porte de arma:

I – Declarar efetiva necessidade;


II – Ter, no mínimo, vinte e cinco anos;
III – apresentar original e cópia, ou cópia autenticada, de documento de
identificação pessoal;
IV – Comprovar, em seu pedido de aquisição e em cada renovação do
Certificado de Registro de Arma de fogo (CRAF), idoneidade e inexistência
de inquérito policial ou processo criminal, por meio de certidões de
antecedentes criminais da Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral, que
poderão ser fornecidas por meio eletrônico;
11

V – Apresentar documento comprobatório de ocupação lícita e de


residência certa;
VI – Comprovar em seu pedido de aquisição e em cada renovação do
CRAF, a capacidade técnica para o manuseio de arma de fogo;
VII – comprovar aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo,
atestada em laudo conclusivo fornecido por psicólogo do quadro da Polícia
Federal ou, por esta, credenciado. (BRASIL, 2004).

Por outro lado, é oportuno frisar que houve ainda o fortalecimento da


obrigatoriedade da avaliação psicológica, de forma compulsória, para aqueles
interessados em adquirir, vender, registrar e trocar armas de fogo. Nessa
perspectiva, observa-se que o Estado e sociedade, muitas vezes, convergem no que
tange aos seus interesses, contudo, devido ao sistema democrático, prevalecerá a
vontade da maioria e aos seus respectivos interesses. (RESENDE, 2019)

Este modelo de avaliação psicológica é destinado à:

• cidadãos brasileiros e estrangeiros permanentes com interesse em


portar arma de fogo, com idade mínima de 25 anos, seja por necessidade pessoal
ou por exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua integridade
física;

• Caçador de subsistência;

• Policiais;

• Guardas Municipais;

• Agentes Penitenciários e guardas portuários;

• Auditores da Receita Federal, Auditores-Fiscais do Trabalho,


Auditores-Fiscais e Analistas Tributários;

• Magistrados e membros do Ministério Público;

• Servidores dos quadros do judiciário ou do Ministério Público no


exercício de função de segurança.

2.2.1 O cerne da avaliação psicológica


12

Diante da obrigatoriedade da avaliação psicológica, ressalte a necessidade da


qualificação dos profissionais responsáveis por esse processo tão importante e que
possui laços intrínsecos com a sociedade, haja vista que podem alterá-la de forma
ampla. Diante disso, é fundamental que haja, portanto, um estudo assíduo acerca
dos profissionais responsáveis por essa avaliação, neste ponto, se observa a
importância da ciência em face dessa qualificação, haja vista que a mesma amplia o
conhecimento de técnicas, instrumentos de avaliação e conclusão de perfis
psicológicos. (RAFALSKI, 2019)

Esta avaliação trata-se de um processo estruturado e embasado em


normativas dos órgãos competentes para definição de procedimentos e regulação
do exercício profissional, de investigação de fenômenos psicológicos, composto de
métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover informações à tomada
de decisão, no âmbito individual, grupal ou institucional, com base em demandas,
condições e finalidades específicas. O psicólogo avaliador deve seguir as
normativas a seguir:

• Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;

• Instrução Normativa nº 78, de 10 de fevereiro de 2014;

• Lei nº 5.766, de 20 de dezembro de 1971;

• Resolução CFP nº 01, de 21 de janeiro de 2022;

• Resolução CFP nº 09, de 25 de abril de 2018;

• Resolução CFP nº 06, de 29 de março de 2019;

• Resolução CFP nº 10, de 21 de julho de 2005.

Não obstante, essa qualificação se faz mediante a processos, dentre os


quais, a polícia federal, responsável pelo processo de fiscalização no que pese ao
porte de arma, dito isso, o profissional será analisado, de modo amplo, ou seja, além
de sua capacidade ser aferida, serão analisados, com assiduidade, as técnicas e os
materiais que o mesmo utiliza no processo avaliativo. O processo de entrevista, isto
é, como o profissional conduz a entrevista é de suma importância para o processo
de qualificação do profissional. (RAFALSKI, 2019)
13

Cabe ainda destacar que as técnicas utilizadas no processo avaliativo são


diversas, uma vez que analisem e compreendem, concomitantemente, aspectos
personalistícos e de personalidade. Em suma, conclui-se que as técnicas devem ser
integradas, visto que o perfil psicológico participa, principalmente, a subjetividade
humana, a qual como é sabido é vasta e de difícil compreensão. (RAFALSKI, 2019)

Em vista disso, se observa que a ausência desse processo fiscalizador pode


romper, dessa maneira, com a eficácia da avaliação psicológica. No mais, devem
ser elencados, dessa maneira, os subsídios necessários e obrigatórios na intitulada
“bateria” do teste psicológico, sob esse prisma, por meio do artigo 5 ̊ da Instrução
Normativa n ̊. 78/2014 –DG/PF (POLÍCIA FEDERAL, 2014 apud MAYA, 2017), a
avaliação para ser aplicada e eficaz deve conter uma bateria mínima de
instrumentos utilizados na aferição das características de personalidade e
habilidades específicas dos usuários de arma de fogo, sendo: um teste expressivo,
um teste projetivo, um teste de memória, um teste de atenção difusa e concentrada
e uma entrevista semiestruturada.

Devem ser envolvidos à bateria, os indicadores psicológicos, os quais podem


ser descritos da seguinte forma, conforme o anexo V da IN nº 78:

atenção necessária (concentrada e difusa), memória (auditiva e visual) e


indicadores psicológicos necessários (adaptação, autocrítica, autoestima,
autoimagem, controle, decisão, empatia, equilíbrio, estabilidade,
flexibilidade, maturidade, prudência, segurança e senso crítico. São
considerados indicadores psicológicos restritivos: conflito, depressão,
dissimulação, distúrbio, exibicionismo, explosividade, frustração, hostilidade,
imaturidade, imprevisibilidade, indecisão, influenciabilidade, insegurança,
instabilidade, irritabilidade, negativismo, obsessividade, oposição,
perturbação, pessimismo, transtorno e vulnerabilidade (BRASIL, 2014).

Contudo, apesar de serem elencados tais subsídios, observar-se-á a


necessidade de que os profissionais não restrinjam a sua avaliação e a variabilidade
de materiais e técnicas de avaliação. Nesse sentido, é indubitável que haja,
portanto, o robustecimento de técnicas, dentre as quais, as projetivas, uma vez que
as mesmas promovem uma avaliação mais eficaz no que tange à subjetividade
humana. (RAFALSKI, 2019)
14

Conforme solicita o art. 4º, inciso I, alínea “b”, da Resolução CFP nº 01/2022,
além de atender esta bateria mínima o psicólogo deverá também acrescentar um
teste psicológico de inteligência, a fim de atender à avaliação do nível intelectual.
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3 RESULTADOS

Transcrição de entrevista

Entrevistada: Vilene Costa Santos Bedelegue

Sexo feminino

Idade- 35 anos

CRP: 24-01248

Currículo: Área de formação- Graduação em Psicologia e Aperfeiçoamento em


Avaliação Psicológica para Porte e Manuseio de Arma de Fogo. Vetor editora +
Nova Letra, Livros, Testes & Cursos, VETOR, Brasil

(Entrevistador) Diante de uma necessidade cada vez mais crescente em


compreender o comportamento humano, podemos perceber que a ciência
desenvolve diversos subsídios, a fim de promover o aperfeiçoamento dessa
compreensão. Diante disso, no âmago da psicologia, mais especificamente, a
avaliação psicológica para o porte de armas, se observa a importância do rigor
assíduo acerca daqueles que podem ou não obter o porte de uma arma letal e de
demasiada lesividade. Sob esse cenário, para você como profissional e cidadã,
quais são as principais contribuições da avaliação psicológica para o porte de arma
considerando o cenário atual da sociedade?

(Entrevistada) A importância da avaliação psicológica para manuseio de


arma de fogo atualmente, tem como objetivo subsidiar decisões acerca de
características psicológicas do indivíduo, em comparação a um perfil
estabelecido. Neste contexto, a avaliação psicológica é um fator primordial
para evitar que pessoas que não reúnem as características psíquicas e
cognitivas necessárias tenham acesso à arma de fogo, um instrumento
potencialmente letal à vida humana.

(Entrevistador) É sabido que no que tange às técnicas de avaliação


psicológica, em suma, as mesmas visam compreender o indivíduo em toda a sua
subjetividade, isto é, sua personalidade, seu comportamento, suas reações, etc.
16

Posto isso, como as técnicas intituladas “projetivas” podem delinear o perfil


psicológico e personalístico de um indivíduo?

(Entrevistada) A terceira pergunta é a resposta dessa questão.

(Entrevistador) Conforme pesquisas as técnicas intituladas de “projetivas”


são as mais indicadas para aferir o perfil psicológico, psicopatologias e traçar, dessa
maneira, a dimensão psicológica do indivíduo. Um dos principais teste utilizados,
baseando-se na hipótese projetiva, isto é, o intitulado “teste de Zulling” visa
compreender a personalidade do indivíduo, contudo, o mesmo também visa delinear
os aspectos negativos do indivíduo, por meio da hipótese projetiva de viés
“negativo”. Diante desse fator, há um limite de indicadores negativos a serem
apresentados para o porte de arma? Como o psicólogo pode aferir aspectos
meramente negativos da personalidade e diferenciá-los de psicopatologias?

(Entrevistada) Não há um limite de indicadores, depende de cada


instrumento de avaliação, essa citação da avaliação da personalidade, ela faz
parte de um dos eixos da avaliação psicológica para manuseio de armas de
fogo, as técnicas da avaliação tratam-se de um instrumento com procedimento
técnico para avaliação das condições da personalidade, com base
metodológica no Psicodiagnóstico de cada candidato. Entre os indicadores
psicológicos necessários e os indicadores psicológicos restritivos, há
diversos construtos psicológicos que são classificados na literatura científica
como traços de personalidade.

(Entrevistador) Como o psicólogo, enquanto responsável por esse processo


tão importante, pode contribuir para o bem-estar social, isto é, diminuição da
violência, atentado a vida, a paz e a ordem social?

(Entrevistada) A nossa atuação e contribuição para o bem-estar social,


diminuição da violência, atentado a vida, a paz e a ordem social é: tornar
INAPTO aquele individuo, que trás risco a sociedade e filtrar quem pode, do
ponto de vista da Psicologia, adquirir e portar uma arma. É um trabalho sério e
responsável, Esta aptidão psicológica é avaliada, e a partir daí, considerará se
aquele indivíduo, no momento daquela avaliação, estaria apto ou inapto para o
manuseio de uma arma de fogo.
17

(Entrevistador) Apesar da subjetividade ser inerente ao processo de


avaliação, à medida que serão investigados traços personalistícos e
comportamentais, como o profissional pode aplicar a avalição de forma objetiva, isto
é, sem se deixar envolver por traços subjetivos, dentre os quais, experiências
pessoais, sonhos e desejos?

(Entrevistada) É necessário que a profissional tenha amplo


conhecimento dos fundamentos psicológicos em diferentes perspectivas
teóricas
18

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, pode-se inferir que a presente temática, essencialmente, versa ante


distintos obstáculos concernentes ao processo de porte de arma, mais
precisamente, sob o eixo temático relativo à avaliação psicológica, a qual contempla
fatores próprios ao processo de aptidão (ou não) no que tange ao manuseio de
armas de fogo.

Por meio da análise de discursos, bibliográficos e quantitativos, ressalta a


necessidade de uma avaliação psicológica cuidadosa, isto é, que considere para
aquém de fatores elencados e que, muitas vezes, restringem o processo de
pesquisa e avaliação da personalidade e dos aspectos cognitivos. Sob esse prisma,
é incontestável que o psicólogo, enquanto responsável por esse processo tão
importante para a sociedade, se utilize de recursos, os quais aprimorem a qualidade
do perfil psicológico do indivíduo.

Ademais, ressalta-se que o processo relativo à posse da arma de fogo


coincide, ao mesmo tempo, ao desenvolvimento das cidades no que tange a sua
infraestrutura e ao ordenamento social, o qual é formado por segmentos de classes
e lugares, os quais, em suma, promovem a marginalização e o fortalecimento da
criminalidade e da violência e, consequentemente, se acentua a necessidade de
proteção e de segurança, cujo principal meio para alguns indivíduos se dá por meio
da arma.

Em vista disso, se verifica a necessidade que haja uma pesquisa mais


assídua acerca da referida temática, haja vista a sua importância na sociedade, a
qual é urgente de medidas mais seguras no que pese aos seus direitos. Deste
modo, é crucial que o centro das pesquisas seja direcionado pelo aperfeiçoamento
das técnicas da avaliação psicológica, a fim de garantir a veracidade da aptidão e de
promover o bem-estar-social.
19

REFERÊNCIAS

BARDIN, L. (1994). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para assuntos Jurídicos.


Decreto nº 5.123 de 1º de julho de 2004. Regulamenta a Lei no 10.826, de 22 de
dezembro de 2003, que dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de
fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - SINARM e define crimes.
[Alterado pelo decreto nº 6.715, de 2008]. Disponível em:

BRASIL. Polícia Federal. Instrução normativa no.78/2014-DG/ DPF de 10 de


fevereiro de 2014. Estabelece procedimentos para o credenciamento e fiscalização
de psicólogos responsáveis pela expedição de comprovante de aptidão psicológica
para o manuseio de arma de fogo e regulamenta a atuação do psicólogo na
avaliação psicológica do vigilante.

BORÉM, Letícia Santos. O medo da violência como causador de transformação no


espaço urbano: o caso de Montes Claros/MG. Viçosa. MG. 2017. 51 f. Dissertação
(Mestrado Arquitetura e Urbanismo) —Universidade Federal de Viçosa, Minas
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DI SARNO, Daniela Campos Libório. Elementos de Direito Urbanístico/ Daniela


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LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia. São Paulo:


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