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Brasileiros ultra-conservadores - incrustados por hábitos de não reflexão

Foi mesmo uma saída do armário. Os conservadores, favoráveis às mais aberrantes injustiças,
que eu ouvi sempre no ponto de ônibus ou no boteco, tiveram a oportunidade de achar seus
iguais na rede social. Teve início uma fermentação com os mais profundos tônus de putrefação,
coisa de zumbi mesmo. Deve ser aí que acontecem os envenenamentos, difusão das ideias vis,
contorções ideológicas que deixam a ideia de que a ideologia é uma inversão dos valores, tal
como na câmara escura ou na retina humana a imagem diretamente física apresenta-se
invertida (Marx em 'A ideologia alemã') parecendo uma brincadeira. Envenenamento e
contaminação epidêmica do não pensar para berrar. A coisa mais difícil é mudar as ideias de
quem não reflete, não vai além dos pacotes prontos e do hábito de defender seus pontos de
vista a partir de fórmulas já muito estratificadas. 'Mascando clichê', como ensinou o disco do
Premeditando o Breque. Mas mascando os piores estratagemas de clichês, os que tanto se
adéquam a servir o fascismo.
De fato, assim incrustados de hábitos de não reflexão, não são sensíveis a choques. Não se
chocam com Moro. Nem com o que dizem se chocar se chocam exatamente. O choque é uma
experiência -- que Benjamin pega em Freud e a alça do indivíduo a instância social -- que se
perde ou perde seu impacto por meio da naturalização do que antes chocava. Quanto mais há
insensibilização diante dos fatos chocantes, menos se vive a experiência, mais se passa à
experiência empobrecida, enfraquecida. E mesmo as experiências de pensamento enfraquecem
cronicamente. (Eita, não fui eu quem escreveu isso não, baixou o Chanfro Bagos aqui, um
espírito-personagem que eu criei nos tempos de orkut. Foi o Chanfro, minha criatura mais
ingrata, que não acredita mais em seu criador)
Sandro Alves Silveira

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