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A fotografia passou a ser chamada de poesia da imobilidade.

De acordo com uma postagem do


grupo de facebook, Teorias da arte e da fotografia, a frase seria a seguinte:

“A fotografia é a poesia da imobilidade: é através da fotografia que os instantes deixam-se ver


tal como são” (Peter Urmenyl).

Essa imobilidade, trivial e que desdobra a complexidade quase toda do mundo, facilmente
percebida, do modo como aparece na frase de Peter Urmenyl, não faz jus à maioria das
condições poéticas da fotografia, mesmo porque, na recepção, no exercício do olhar, da
atenção, da memória e da imaginação do espectador, há mobilidade de sobra, os movimentos
gerados do útero da fantasmagoria da imobilidade. O dispositivo fotográfico tem suas
prestidigitações, mas a de que gera imagens imóveis é a primeira ilusão que ele nos apresenta.

Esta questão da imobilização de instantes é importante. Muito melhor a colocou e a explorou


Walter Benjamin:

"A natureza que fala à câmara não é a mesma que fala ao olhar; é outra, especialmente porque
substitui a um espaço trabalhado conscientemente pelo homem, um espaço que ele percorre
inconscientemente. Percebemos, em geral, o movimento de um homem que caminha, ainda
que em grandes traços, mas nada percebemos de sua atitude na exata fração de segundo em
que ele dá um passo. A foto¬grafia nos mostra essa atitude, através dos seus recursos auxiliares:
câmara lenta, ampliação. Só a fotografia revela esse inconsciente ótico, como só a psicanálise
revela o inconsciente pulsional."

Tudo bem, há muito espaço nos campos dos pensares sobre a fotografia. Então eu considero a
colocação do Peter Urmenyl. E penando na minha responsabilidade de descordar, fui atrás do
texto inteiro e da identidade do autor da frase. Fiquei aqui um tempão sem achar nada. Só existe
a frase, o Peter Urmenyl não existe. Existem homônimos, mas o "poeta" Peter Urmenyl eu não
achei não. Continuo revirando. Coisas das mídias e das pós-mídias. É um tipo de fantasmagoria
da Era da Informação: um homem sem cabeça, uma frase sem autor, um nome sem sujeito,
Peter Urmenyl? Continuo à procura deste autor.

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