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antiga
Renê Ruggeri
Não vi início melhor para este texto que repetir a pergunta que nos ronda
há cerca de dois mil e quinhentos anos: “conhece-te a ti mesmo?”
(Sócrates, 469 A.C. a 399 A.C.).
Protágoras (481 A.C. a 411 A.C.), por outro lado, pouco anterior a
Sócrates, refletiu que "o homem é a medida de todas as coisas, das coisas
que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são".
Percebia-se desde aquela época a questão do relativismo.
Heráclito (540 A.C. a 470 A.C.), por sua vez anterior a ambos, afirmará que
“nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, pois na
segunda vez o rio já não é o mesmo, nem tão pouco o homem”.
Vem a nosso socorro, nessa situação em que parece não haver saída para
uma compreensão ou autocompreensão segura, Aristóteles ao afirmar
que “você é o que repetidamente faz”. Isso parece dar alguma
estabilidade ao pensamento de transformação contínua proposto por
Heráclito. Mas introduz uma necessária percepção do que é feito para se
compreender o que se é. Perceber a repetição exige a constância na
observação.
Neste ponto caímos numa discussão ainda mais difícil porque segundo o
raciocínio feito até aqui, o universal está na esfera do metafísico, no
mundo das ideias. Como permanecemos naturalmente presos à
interpretação de instâncias, a universalização do próprio conceito de
universal é um desafio à parte. Podemos pensar naquilo que está contido
em todos os elementos de uma categoria (realismo) ou numa ideia que
possa ser derivada das coisas (conceitualismo) e reaplicada como traço
característico de uma categoria. São caminhos diferentes para tentar
estabelecer algo geral.