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CONCEITO
Kant, Crítica da razão pura: antinomia: duas proposições baseadas na razão por
justificantes iguais ou aparentemente iguais que, ao serem cotejados entre si,
assumem feições negativas
“...o encontro de duas proposições, incompatíveis, que não podem ser ambas
verdadeiras” (BOBBIO, 1999, p. 91)
anti: contrapostos
nomos: norma
No caso do sistema normativo, a proposição sai e entra a norma
UM MESMO COMPORTAMENTO E
Uma obriga e a outra permite
DUAS NORMAS JURÍDICAS
“conflito entre duas normas, dois princípios, ou de uma norma e um princípio
geral de direito em sua aplicação prática a um caso particular. É a presença de
duas normas conflitantes, sem que se possa saber qual delas deverá ser aplicada
ao caso singular” (DINIZ, 2009, p. 484; DINIZ, 2009, p. 15).
Refletem duas ou mais soluções possíveis sob a forma de contradição
Não é necessário provir da mesma fonte
Ocorre entre qualquer espécie normativa
A controvérsia do tema: "É preciso salientar que se trata de questão controvertida, pois
para seu devido equacionamento não há, na doutrina, critérios coordenados e seguros
ante:
b) o fato de, apesar de haver antinomias na seara jurídica, muitos teóricos do direito
ainda não se conscientizaram do problema e das soluções que a ciência jurídica pode
oferecer; e
O conflito normativo, tal como se conhece hoje, surge na Revolução Francesa
A Revolução Francesa propiciou a consolidação das condições (DINIZ, 2009, p.
2):
CONDIÇÕES
Controle de legalidade das decisões judiciais
JURÍDICAS
EM OUTROS TERMOS
“Diz-se que um ordenamento jurídico constitui um sistema porque não pode
coexistir nele normas incompatíveis. Aqui, ‘sistema’ equivale à validade do
princípio que exclui a incompatibilidade de normas” (BOBBIO, 1999a, p. 80)
Se é um sistema, deve-se, antes, descobrir quais os princípios que excluem as
incompatibilidades e qual a sua função
Coerência
Inobservância de referenciais de racionalidade
Completude
Economicidade
operatividade
a sucessão de leis é rotina – exigências da época
“O conjunto normativo é preparado de acordo com o modelo fático, em
consonância com a problemática social que se desenrola” (NADER, 2009, p,
249)
“O direito deve ser visto em sua dinâmica como uma realidade que está em
perpétuo movimento, acompanhando as relações humanas, modificando-se,
adaptando-se às novas exigências e necessidades da vida. A evolução da vida
social traz em si novos fatos e conflitos, de maneira que os legisladores, quase
que diariamente, passam a elaborar novas leis; juízes e tribunais,
constantemente, estabelecem novos precedentes e os próprios valores sofrem
mutações, devido ao grande e peculiar dinamismo da vida” (DINIZ, 2009, pp. 9-
10).
Diante dessa inevitável dinâmica:
Quando não há conflito: “um fato jurídico se realiza e produz todos os seus
efeitos sob a vigência de uma determinada lei” (NADER, 2009, p, 251)
Quando há conflito: “um fato jurídico, ocorrido na vigência de uma lei, estende
seus efeitos até a vigência de uma outra” (NADER, 2009, p, 251)
OCORRE QUE O DIREITO NÃO TOLERA ANTINOMIAS
Uma das finalidades da interpretação jurídica é a de eliminar as antinomias –
ESSE É O TEMA DA AULA
CONDIÇÕES JURÍDICO-FILOSÓFICAS
1) pressuposto Kelseniano:
para haver conflito normativo, as duas normas devem ser válidas. p.ex. A norma
deve emanar de autoridade competente. Se uma delas não for válida, não há
qualquer antinomia.
O dilema do aplicador do direito: a opção por uma das normas conflitante implica a
violação da outra: “...a presença de duas normas conflitantes, sem que se possa saber
qual delas deverá ser aplicada ao caso singular” (DINIZ, 2009, p. 19).
2) as duas normas devem pertencer ao mesmo ordenamento
OBS: ordenamento positivo x direito natural – para Bobbio, são “...dois
ordenamentos jurídicos diferentes” (BOBBIO, 1999, P. 87)
“Não há conflito jurídico entre uma norma moral e uma norma jurídica, porque a
relação entre elas expressa um conflito de deveres, sob o prisma moral e não sob
o ponto de vista jurídico” (DINIZ, 2009, p. 22).
Código Civil Francês x Código Civil Italiano
A RELAÇÃO LEI x COSTUME
No nosso ordenamento, o costume é forma de colmatação de lacunas
Art. 5º, II, CF - Art. 126 CPC - Art. 4º LIC
Ocupa, na enumeração das fontes, o terceiro lugar
“Do fato de que o costume seja hierarquicamente inferior à Lei deriva que entre
duas normas incompatíveis, das quais uma é consuetudinária, prevalece a
legislativa” (BOBBIO, 1999, p. 94)
NÃO
Contra legem
VALE
No Brasil, em regra, não existe o costume ab-rogativo: a lei não é revogada por
costume contrário
OBSERVAÇÃO: o caso do cheque (súmula do STJ) e da transação em Barretos
3) as normas devem ter operadores opostos (uma permite, outra obriga) e seus
conteúdos (atos e omissões) devem ser a negação interna um do outro (DINIZ,
2009, p. 23).
4) As duas devem possuir o mesmo âmbito de validade
"Constatando-se a conexão das ações, e tratando-se de juízos com diferentes
jurisdições territoriais, a primeira citação válida torna prevento o juízo que a
determinou, nos termos do art. 219, CPC, em detrimento do art. 106 do mesmo
Código, aplicável quando os juízes têm a mesma jurisdição territorial" (CC
32.268/SP, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 24/04/2002).
CONCLUSÃO: antinomia jurídica é, portanto “...aquela situação que se verifica
entre duas normas incompatíveis, pertencentes ao mesmo ordenamento e tendo o
mesmo âmbito de validade” (BOBBIO, 1999, p. 88)
Antinomia REAL é “...a oposição que ocorre entre duas normas contraditórias (total
ou parcialmente), emanadas de autoridades competentes num mesmo âmbito normativo,
que colocam o sujeito numa posição insustentável pela ausência ou inconsistência de
critérios aptos a permitir-lhe uma saída nos quadros de um ordenamento dado” (Tércio
Sampaio Ferraz – enciclopédia saraiva de direito, vol. 7, p. 14)
Citando Ulrich Klug, Maria Helena Diniz afirma que, na lacuna de colisão, as normas
são reciprocamente excludentes “...por ser impossível a remoção da contradição, pela
dificuldade de destacar uma como a mais forte ou decisiva, por não haver uma regra que
permita decidir entre elas, obrigando o magistrado a solucionar o caso sub judice,
segundo os critérios de preenchimento de lacunas” (DINIZ, 2009, p. 20)
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: (...) IV - que perder ou tiver
suspensos os direitos políticos;(...) VI - que sofrer condenação criminal em sentença
transitada em julgado.
§2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos
Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da
respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada
ampla defesa.
§3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa
respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de
partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
2. A Lei n. 9.478/97, em seu art. 48, expressamente dispôs sobre o modo de distribuição
dos royalties "segundo os critérios estipulados pela Lei nº 7.990/89", que, em seu art. 7º,
estabeleceu os critérios de compensação financeira pela exploração de petróleo e gás
natural (royalties) dando nova redação ao art. 27 da Lei n. 2.004/53. Assim, deve-se
entender que, não obstante a revogação da referida Lei n. 2.004/53 pelo art. 83 da
mesma Lei n. 9.478/97, os critérios de repassamento dos royalties continuam tendo
validade, pois esta era a intenção do legislador ao fazer referência à Lei n. 7.990/89.
3. De acordo com o art. 9º da Lei n. 7.990, de 1989, deve o Estado recebedor dos
referidos royalties repassar, mensalmente, a título de compensação financeira pela
exploração de petróleo e gás natural, ao município onde tal ocorreu, o montante de 25%
(vinte e cinco por cento) (REsp 990.695/ES, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, Rel. p/
Acórdão Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/03/2011, DJe
06/03/2012)
Qual a solução?
edição de nova norma
colmatação de lacunas
OBS: “Embora a antinomia real seja solúvel, ela não deixa, por isso, de ser uma
antinomia porque a solução dada pelo órgão judicante a resolve tão-somente no
caso concreto, e mesmo na hipótese de edição de nova norma que pode eliminar
a antinomia, apesar de gerar outras, concomitantemente” (DINZ, 2009, p. 26).
Incompatibilidade
elementos imprescindíveis da REAL antinomia
Necessidade de decisão
PELO CONTEÚDO
ANTINOMIA PRÓPRIA
Ocorre “por razão formal, independentemente de seu conteúdo material”
(DINIZ, 2009, p. 26)
São “...aquelas que ocorrem por motivos formais (por exemplo, uma norma
permite o que outra obriga)” (FERRAZ JÚNIOR, 2012, p. 180).
Um Militar recebe a ordem para fuzilar um prisioneiro de guerra (???? – Maria
Helena Diniz)
Código Penal Militar: estabelece a obediência incondicional às ordens
superiores
Código Penal: proíbe a prática
ANTINOMIAS IMPRÓPRIAS
Ocorre em virtude do conteúdo material das normas
O problema clássico da antinomia é descrito pela situação produzida pelo
encontra de duas normas incompatíveis
Existem, entretanto, outras possibilidades denominadas antinomias impróprias
Antinomia teleológica
Existe uma “incompatibilidade entre os fins propostos por certas normas e os
meios propostos por outras para a consecução daqueles fins” (FERRAZ
JÚNIOR, 2012, p. 180);
“O legislador quer alcançar um fim com uma norma e em outra rejeita os meios
para obter tal finalidade” (DINIZ, 2009, p. 28).
VER O CASO DA PRISÃO POR DÍVIDA
Ideais fundamentais conflitantes
Um ordenamento jurídico inspirado em valores contrapostos – opostas
ideologias
LIBERDADE vs. SEGURANÇA
Pressuposto: “As antinomias de princípios não são antinomias jurídicas
propriamente ditas, mas podem dar lugar a normas incompatíveis” (BOBBIO,
1999, p. 90)
Em outros termos, para Norberto Bobbio, princípio não é norma (?????)
Denominada também de contradição axiológica (SANTIAGO NINO, apud
GARCIA, 2008, P. 252) ou antinomia valorativa (DINIZ, 2009, p. 27)
Resultado de um (errôneo) juízo político-valorativo culminando na elaboração
da disposição
O legislador não é fiel a uma valoração realizada por ele mesmo
Mostra-se equivocada
Ex: Uma norma pune um delito menor com pena mais grave do que a plicada a um delito
maior – Penas de infanticídio e exposição da criança a perigo
“...há vários anos tramita no Supremo Tribunal Federal uma ADI contra a Lei 10.684,
que estabeleceu a extinção de punibilidade para delitos fiscais em face do pagamento
do ‘prejuízo’. A ADI pende de julgamento. Ainda: em face da visível
desproporcionalidade entre os tipos penais, propus, sem sucesso, junto ao TJRS, em
controle difuso, a inconstitucionalidade de parte da Lei 10.259 (Lei dos Juizados
Especiais Criminais, que equiparou tipos penais de forma inconstitucional).
Consequência: é mais fácil sonegar tributos que furtar botijões de gás; do mesmo
modo, tipos penais como casa de prostituição, dano, furto qualificado – cuja pena é
semelhante à lavagem de dinheiro e superior à sonegação de tributos – continuam
fazendo vítimas, sem que se questione a sua adequação constitucional” (STRECK,
2010, p. 133, nota 117)
Também não é uma antinomia em sentido próprio: “Não se deve falar de
antinomia nesse caso, mas de injustiça” (BOBBIO, 1999, p. 90)
ANTINOMIA INJUSTIÇA
Quanto à amplitude da colisão, segundo a clássica doutrina de Alf Ross,
referendada por Norberto Bobbio, ela se apresenta
A classificação se dá conforme a maior ou menor extensão do contraste entre as
normas:
Ex: É proibido, aos adultos, fumar das cinco às sete na sala de cinema
Uma das normas não pode ser aplicada, em nenhuma hipótese, sem entrar
em conflito com a outra, que tem um campo de aplicação conflitante com a
anterior apenas em parte
A aplicação da norma
“absorvida” em qualquer
circunstância, entra em
contradição com a
norma “absorvente”
A norma “absorvente”
possui âmbito de eficácia
parcialmente livre de
qualquer conflito
Utiliza-se o critério da
especialidade (GARCIA,
2008, p. 251)
Ex
É permitido, aos adultos, fumar, das cinco às sete, na sala de
cinema, somente cigarros
“Se o sinal ainda não tiver sido tocado, mas o alarme de incêndio tiver soado,
essas regras conduzem a juízos concretos de dever-ser contraditórios entre si.
Esse conflito deve ser solucionado por meio da inclusão, na primeira regra, de
uma cláusula de exceção para o caso do alarme de incêndio” (ALEXY, 2008, p.
92).
Ocorre que, caso não seja possível inserir uma cláusula de exceção, uma das
regras deve ser invalidada, pois Bobbio considera o ordenamento jurídico como
um sistema: “totalidade ordenada, um conjunto de entes entre os quais existe
uma certa ordem” (BOBBIO, 1999, p. 71)
Ordem
Relacionamento de coerência
entre si
A presença de uma antinomia em sentido próprio é um defeito que o intérprete
tende a eliminar
Após constatar a existência da antinomia, como resolvê-la?
Qual das duas deve ser eliminada/conservada?
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
IMPORTANTE: Essas regras não servem para resolver todos os casos
possíveis de antinomias
A antinomia aparece fora da ocasião da decisão judicial
Em razão da proibição da denegação da justiça, o órgão judicante resolve a
“lide”
O Magistrado não resolve o conflito normativo, pois ele “permanece latente
dentro do sistema até que o legislador o solucione. Portanto, a antinomia não é
um problema que se coloca no nível da decisão judicial, porque o magistrado
não a resolve, apesar de solucionar o caso sub judice. A antinomia continua a
existir no sistema jurídico, pois só poderá ser eliminada por meio de ação
legislativa” (DINIZ, 2009, p. 17).
REGRAS FUNDAMENTAIS
Entre duas regras incompatíveis (de mesmo escalão/nível), prevalece a posterior
Remonta ao tempo em que as normas passam a ter vigência
Restringe-se somente ao conflito de normas pertencentes ao mesmo escalão
Regra geral do direito: a vontade posterior revoga a precedente
O progresso jurídico
Uma regra contrária
obsta
A adaptação gradual do direito às exigências sociais
Uma regra contrária prestigiaria um esforço inútil do legislador: “se devesse prevalecer
a norma precedente, a lei sucessiva seria um ato inútil e sem finalidade” (BOBBIO,
1999, p. 93)
CONCEITO DE LEI POSTERIOR: “Subentende-se a que foi promulgada em
último lugar. Determina-se a anterioridade e a posterioridade pela data da
publicação e não pela entrada em vigor” (JESUS, 2010, p. 26).
OBS: aula anterior: “Logo, sob a égide da lei nova, cairiam os efeitos presentes
e futuros de situações pretéritas, com exceção do direito adquirido, do ato
jurídico perfeito e da coisa julgada, pois a nova norma, salvo situações anormais
de prepotência e ditadura, não pode e não deve retroagir atingindo fatos e efeitos
já consumados sob o império da antiga lei” (DINIZ, 2009, p. 37).
"1. A Terceira Seção firmou entendimento segundo o qual, após a alteração da Lei n.
9.528/1997, não é possível incluir o menor sob guarda como dependente de segurado
do Regime Geral de Previdência Social. 2. A Lei Previdenciária prevalece sobre a
norma definida no §3º do artigo 33 da Lei n. 8.069/1990" (AgRg nos EDcl no REsp
946.896/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 24/11/2008, DJe
10/8/2009).
Alteração da Lei nº 8.213/1991 que entrou em vigor em 11.12.1997: Art. 16 (...) §2° O
enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e
desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no
Regulamento.
Entre duas normas incompatíveis, prevalece a hierarquicamente superior
As normas são colocadas em ordem hierárquica
Fundamento: superioridade de uma fonte de produção jurídica sobre outras
A ordem hierárquica entre as fontes serve para solucionar conflitos de normas
em diferentes níveis
Em alguns casos, pode “haver incerteza para decidir qual das duas normas
antinômicas é a superior” (DINIZ, 2009, p. 487)
Norma superior x norma inferior: “A inferioridade de uma norma em relação a
outra consiste na menor força de seu poder normativo; essa menor força se
manifesta na incapacidade de estabelecer uma regulamentação que esteja em
oposição à regulamentação de uma norma hierarquicamente superior”
(BOBBIO, 1999, p. 93)
Em resumo: existe uma lei federal em vigor em todos os estados da federação exceto
no estado de São Paulo (??)
Art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue.
§ 1º. A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com
ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
§ 2º. A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes,
não revoga nem modifica a lei anterior.
CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE – Lex specialis derogat legi generali
“...visa a consideração da matéria normada, com recurso aos meios
interpretativos (DINIZ, 2009, p. 488)
É a passagem da legalidade à igualdade
Para imóveis em geral: Art. 5º, XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante
justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta
Constituição;
Para imóveis rurais: Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para
fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função
social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula
de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo
ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
Art. 96. Compete privativamente:(...) III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes
estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério
Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça
Eleitoral.
“3. O artigo 22, §4º, do Estatuto da OAB estende-se às contas vinculadas ao FGTS, por
se tratar de norma específica” (REsp 662.574/AL, Rel. Ministro LUIZ FUX,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 25/10/2005, DJ 14/11/2005, p. 195)
Consectariamente, in casu, lex specialis convive com lex generalis, sob pena de
inviabilizar o pagamento dos honorários e a higidez dos pactos (pactum sunt servanda).
Nesse contexto, mister destacar o entendimento da doutrina: "Para que haja revogação
será preciso que a disposição nova, geral ou especial, modifique expressa ou
insitamente a antiga, dispondo sobre a mesma matéria diversamente. Logo, lei
nova geral revoga a geral anterior, se com ela conflitar. A norma geral não revoga a
especial, nem a nova especial revoga a geral, podendo com ela coexistir ('Lex posterior
generalis non derogat speciali', 'legi speciali per generalem no abrogatur'), exceto se
disciplinar de modo diverso a matéria normada, ou se a revogar expressamente (Lex
specialis derogat legi generali)" (Maria Helena Diniz. Lei de Introdução ao Código
Civil Brasileiro Interpretada. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 76).
Em sentido análogo: "Quis, assim, o estatuto ora vigente prevenir a hipótese de uma
disposição geral, que, podendo subsistir a par da disposição geral já existente, não
importar a revogação desta, ou de uma especial, que não declare expressamente
revogada a disposição especial preexistente, nem seja com ela imcompatível" (Eduardo
Espíndola e Eduardo Espíndola Filho; atualizado por Silva Pacheco. 2ª Ed. Rio de
Janeiro: Renovar, 1995. 1º v., p. 68).
Ademais, a legislação que rege a matéria pertinente ao FGTS (Lei 8.036⁄90) dispõe em
seu art. 20 as hipóteses para movimentação dos saldos das contas vinculadas, cuja
indisponibilidade tem como destinatário somente o fundista.
HIERÁRQUICO E CRONOLÓGICO
Uma norma anterior superior antinômica a uma posterior inferior
Meta-regra: Lex posterior inferiori non derogat priori superiori
O critério cronológico não é aplicável quando a lei nova é inferior à que lhe veio
antes
Prevalece o critério hierárquico
A competência é mais sólida do que a sucessão no tempo
ESPECIALIDADE e CRONOLÓGICO
Uma norma anterior-especial conflitante com uma posterior-geral
Meta-regra: Lex posterior generalis non derogat priori speciali
A PRINCÍPIO, a regra da especialidade prevalece sobre a cronológica
O conflito entre o critério cronológico e o da especialidade é resolvido, "em
regra", pela prevalência deste último, conforme leciona NORBERTO BOBBIO,
verbis: "Esse conflito tem lugar quando uma norma anterior-especial é
incompatível com uma norma posterior-geral. Tem-se conflito porque, aplicando
o critério da especialidade, dá-se preponderância à primeira norma, aplicando o
critério cronológico, dá-se prevalência à segunda. Também aqui foi transmitida
regra geral, que soa assim: "Lex posterior generalis non derogat priori
speciali". Com base nessa regra, o conflito entre critério de especialidade e
critério cronológico deve ser resolvido em favor do primeiro: a lei geral
sucessiva não tira do caminho a lei especial precedente. O que leva a uma
posterior exceção ao princípio "lex posterior derogat priori": esse princípio
falha, não só quando a "lex posterior" é inferior, mas também quando é
"generalis" (e a "lex prior" é "especialis") (BOBBIO, 1997, p. 108)
ADVOGADO. CONDENAÇÃO PENAL MERAMENTE RECORRÍVEL. PRISÃO
CAUTELAR. INAPLICABILIDADE DO ART. 295 DO CPP AOS ADVOGADOS.
ANTINOMIA SOLÚVEL. SUPERAÇÃO DA SITUAÇÃO DE CONFLITO
MEDIANTE UTILIZAÇÃO DO CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE.
PREVALÊNCIA DO ESTATUTO DA ADVOCACIA
LEI Nº 8.906/94 (ESTATUTO DA ADVOCACIA, ART. 7º, V): Art. 7º São direitos do
advogado: (...) V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado,
senão em sala de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, (assim
reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar); (Vide ADIN 1.127-8)
§1º A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste exclusivamente
no recolhimento em local distinto da prisão comum. §2º Não havendo estabelecimento
específico para o preso especial, este será recolhido em cela distinta do mesmo
estabelecimento. §3º A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo,
atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, pela concorrência dos fatores de
aeração, insolação e condicionamento térmico adequados à existência humana. §4º O
preso especial não será transportado juntamente com o preso comum. §5º Os demais
direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso comum".
1.
Lei do Mandado de Segurança Lei nº 1.533/1951 - Art. 12 - Da sentença,
negando ou concedendo o mandado cabe apelação. Parágrafo único. A
sentença, que conceder o mandato, fica sujeita ao duplo grau de jurisdição,
podendo, entretanto, ser executada provisoriamente. (Redação dada pela Lei nº
6.014, de 1973) ATENÇÃO: essa lei foi revogada pela Lei nº 12.016, de 2009.
2.
Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão
depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: (Redação dada pela Lei nº
10.352, de 26.12.2001) §2º Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a
condenação, ou o direito controvertido, for de valor certo não excedente a 60
(sessenta) salários mínimos, bem como no caso de procedência dos embargos
do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor. §3º Também não se
aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em
jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste
Tribunal ou do tribunal superior competente.
CONCLUSÃO POSSÍVEL: "o critério hierárquico e o de especialidade são,
assim, critérios fortes; o cronológico é um critério fraco" (BOBBIO, 1999b, p.
206)
ENTRETANTO: A regra “não tem valor absoluto, tendo em vista certas
circunstâncias presentes. Não há uma regra definida, pois, conforme o caso,
haverá supremacia ora de um, ora de outro critério” (DINIZ, 2009, p. 490)
Com efeito, sobre a relação entre o critério da especialidade e da posterioridade,
Dimitri Dimoulis opina: “Aqui se revela muito mais difícil a resolução da
antinomia” (DIMOULIS, 2007, p. 260).
OBSERVAÇÃO DE BOBBIO: “Essa regra, por outro lado, deve ser tomada
com uma certa cautela, e tem um valor menos decisivo que o da regra anterior.
Dir-se-ia que a "lex specialis" é menos forte do que a "lex superior", e que,
portanto, a sua vitória sobre a "lex posterior" é mais contrastada. Para fazer
afirmações mais precisas nesse campo, seria necessário dispor de uma ampla
casuística”.
Sobre esse ponto, CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA afirmava que lei geral
posterior pode revogar tacitamente a lei especial anterior, hipótese em que o
critério cronológico prevalecerá sobre o da especialidade. Nas palavras do
civilista mineiro: "[...]. Não significa isto, entretanto, que uma lei geral nunca
revogue uma lei especial, ou vice versa, porque nela poderá haver dispositivo
incompatível com a regra especial, da mesma forma que uma lei especial pode
mostrar-se incompatível com dispositivo inserto em lei geral. O que o legislador
quis dizer [...] foi que a generalidade dos princípios de uma lei desta natureza
não cria incompatibilidade com a regra de caráter especial. A disposição especial
irá disciplinar o caso especial, sem colidir com a normação genética da lei geral,
e, assim, em harmonia poderão simultaneamente vigorar. Ao intérprete cumpre
verificar, entretanto, se uma lei nova geral tem o sentido de abolir disposições
preexistentes". (p. 84)
Maria Helena Diniz observa: “Critério da especialidade (lex specialis derogat lei
generali) visa a consideração da matéria normada, com o recurso aos meios
interpretativos. Entre a lex specialis e a lex generalis há um quid specie ou uma
genus au speci. Uma norma é especial se possuir sua definição legal todos os
elementos típicos da norma geral e mais alguns de natureza objetiva ou
subjetiva, denominados especializantes. [...] Logo, lei nova geral revoga a lei
geral anterior, se com ela conflitar. A norma geral não revoga a especial, nem a
nova especial revoga a geral, podendo com ela coexistir (lex posterior generalis
non derogat speciali/ legi speciali per generalem non abrogatur) exceto se
disciplinar de modo diverso a matéria normada, ou se a revogar expressamente
(lex specialis derogat legi generali). (Lei de Introdução ao Código Civil
Interpretada. 7ª edição, p. 71, Editora Saraiva, São Paulo – 2001, p.74-75).
c) se uma nova lei se declara como absoluta e é aplicável a todos os casos, as exceções
da velha norma serão tidas como abolidas;
d) se uma lei nova não se anuncia absoluta, infere-se que, com a norma ab-rogada,
foram abolidos os seus corolários, mas não as exceções;
f) se uma lei nova apenas repetir a norma geral contida na lei velha, sem mencionar
suas exceções, não se poderá, havendo dúvida, admitir que a confirmação da antiga
norma contenha uma revogação daquelas exceções (DINIZ, 2010, pp. 99/100).
Carlos Maximiliano observa: “Do exposto já se deduz que, embora verdadeiro,
precisa ser inteligentemente compreendido e aplicado com alguma cautela o
preceito clássico: “A disposição geral não revoga a especial”. [...] Lex posterior
generalis non derogat legi priori speciali (“a lei geral posterior não derroga a
especial anterior”) [...] Na verdade, em princípio se não presume que a lei geral
revogue a especial; é mister que esse intuito decorra claramente do contexto.
Incumbe, entretanto, ao interprete, verificar se a norma recente eliminou só a
antiga regra geral, ou também as exceções respectivas”. (in Hermenêutica e
Aplicação do Direito. 17ª edição, p.360, Editora Forense, Rio de Janeiro –
1998).
a) a coexistência da lei nova geral com a lei antiga especial e vice-versa será possível;
CASO JULGADO:
Discussão sobre o art. 37, parágrafo único da Lei 8.934⁄94, que dispõe sobre o registro
público de empresas mercantis e atividades afins. O dispositivo estabelece o rol de
documentos que são exigíveis para o arquivamento de atos constitutivos de sociedades
empresárias nas Juntas Comerciais. Antes, porém, da entrada em vigor dessa lei, já
existiam leis tributárias específicas que exigiam a apresentação de certidão negativa de
débitos fiscais como requisito para o ato de arquivamento. Daí a controvérsia devolvida
a esta Corte, sobre a possível antinomia entre o art. 37 da Lei 8.934⁄94 e leis tributárias
anteriores.
1.
DECRETO-LEI Nº 3.365, DE 21 DE JUNHO DE 1941 - Dispõe sobre
desapropriações por utilidade pública - Art. 27, §1º A sentença que fixar o valor
da indenização quando este for superior ao preço oferecido condenará o
desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão fixados entre meio e
cinco por cento do valor da diferença, observado o disposto no §4º do art. 20 do
Código de Processo Civil, não podendo os honorários ultrapassar
R$151.000,00(cento e cinquenta e um mil reais).
2.
LEI No 5.869, DE 11 DE JANEIRO DE 1973 - Institui o Código de Processo
Civil – Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as
despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Esta verba honorária será
devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria (...)
§3º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o
máximo de vinte por cento (20%) sobre o valor da condenação, atendidos: a) o
grau de zelo do profissional; b) o lugar de prestação do serviço; c) a natureza e
importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido
para o seu serviço. §4º Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável,
naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e
nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante
apreciação equitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do
parágrafo anterior.
HIERÁRQUICO e ESPECIALIDADE
Norma superior-geral é antinômica a uma inferior-especial
Para Maria Helena Diniz, não é possível estabelecer uma meta-regra geral:
“Poder-se-á, então, preferir qualquer um dos critérios, não existindo, portanto,
qualquer predominância de um sobre o outro” (DINIZ, 2009, p. 491)
BOBBIO: "Neste caso é mais difícil saber qual dos dois critérios prevalece (e
consequentemente se é válida a primeira norma, porque de grau superior, ou a
segunda enquanto especial). Estamos realmente diante de uma antinomia entre
os dois critérios fortes. Pode-se talvez recorrer ao critério fraco, o cronológico,
como critério subsidiário para estabelecer a prevalência de um ou outro dos dois
critérios fortes: prevalece o critério hierárquico, isto é, é válida a norma superior
geral, se esta for posterior à outra; prevalece, ao contrário, o critério de
especialidade, a saber, é válida a norma inferior especial, se for esta a posterior.
Em outros termos, uma norma superior geral precedente cede diante de uma
norma inferior especial sucessiva; uma norma superior geral sucessiva vence no
confronto com uma norma inferior especial precedente. Trata-se, entretanto, de
uma solução que não é partilhada por toda a doutrina, como são partilhadas as
soluções para os outros dois conflitos" (BOBBIO, 1999b, p. 206).
ENTRETANTO - Dimitri Dimoulis defende a prevalência absoluta do critério
da superioridade: "Pelas razões já indicadas, em caso de conflito entre os
referidos critérios, prevalece sempre o hierárquico. A norma superior impõe-se
às inferiores, mesmo quando forem mais novas ou específicas. Seria um claro
desrespeito à vontade do constituinte admitir que o legislador comum pudesse
abolir partes da Constituição, emitindo normas mais recentes ou específicas. O
sistema de controle de constitucionalidade objetiva impedir que uma norma
infraconstitucional mais recente ou específica possa introduzir alterações na
ordem constitucional" (DIMOULIS, 2007, p. 260).
Referências
DINIZ, Maria Helena. Conflito de normas. 9ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
DINIZ, Maria Helena. Lei de introdução ao Código civil brasileiro interpretada. São
Paulo: Saraiva, 2010.
DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. Tradução Nelson Boeira. 2ª ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2007.
GENTIL, Plínio Antônio Britto. Nova lei de drogas: causa de diminuição de pena
aplicável retroativamente? Ciência jurídica, v. 22, n. 140, p. 325-334, mar./abr. 2008.
JESUS, Damásio E. de. Código penal anotado. 20ª. ed., de acordo com as Leis n.
11.923, 11.983, 12.012, 12.015 e 12.033, de 2009. São Paulo: Saraiva, 2010.
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 31ª ed., rev. e atual., de acordo com o
Código civil, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
STRECK, Lenio Luiz. O que é isto – decido conforme minha consciência? 2ª ed. rev. e
ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2010.
ANEXO 1
A regra é: no sistema harmônico, quando houver duas disposições normativas de
mesma hierarquia e incompatíveis entre si, no mínimo, uma delas deve ser
eliminada
A complexidade se dá quando o raciocínio é transplantado para dispositivos que,
desde sua gênese, estão em permanente colisão com outra de igual natureza
Honra
DIREITOS FUNDAMENTAIS À
Liberdade de expressão
Para se compreender as múltiplas variáveis que envolvem a matéria (com
afastamento definitivo ou momentâneo da norma colidente) deve-se distinguir as
antinomias: in abstracto e in concreto3
ANTINOMIA IN ABSTRACTO
Súmula vinculante 11
ANTONOMIA IN CONCRETO
Um direito fundamental, por sua própria natureza, não pode ser inválido
ANEXO 2
Regra geral: tempus regit actum – aplica-se a lei vigente à época do fato
Admite-se, no direito transitório, a aplicação retroativa da lei mais benigna – Lex mitior
Lei mais severa Não retroage, nem possui eficácia além do momento de sua
revogação
COMBINAÇÃO DE LEIS
DUAS POSIÇÕES
Não se pode apanhar das duas as partes mais benignas para beneficio do réu
2ª posição:
Damásio Evangelista de Jesus: “O juiz não está criando nova lei, mas movimentando-se
dentro do campo legal em sua missão de integração legítima. Se ele pode escolher uma
ou outra lei para obedecer ao mandamento constitucional da aplicação da LEX
MITIOR, nada o impede de efetuar a combinação delas, com que estaria mais
profundamente seguindo o preceito da Carta Magna. Há razões ponderáveis no sentido
de que se apliquem as disposições mais favoráveis das duas leis, pelo menos em casos
especiais. Se o juiz pode aplicar o ‘todo’ de uma ou de outra lei para favorecer o
sujeito, não vemos porque não possa escolher parte de uma e de outra para o mesmo
fim, aplicando o preceito constitucional. Este não estaria sendo obedecido se o juiz
deixasse de aplicar a parcela benéfica da lei nova, porque impossível a combinação de
leis” (JESUS, 2010, p. 27).
Ainda sobre o conflito de normas penais, ver o artigo de Plínio Antônio Britto Gentil
citado nas referências sobre o art. 33 da nova lei de tóxicos e o art. 12 da Lei antiga
CÓDIGO PENAL: art. 281. Importar ou exportar, preparar, produzir, vender, expor à
venda ou oferecer, fornecer, ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer
consigo, guardar, ministrar ou entregar de qualquer forma, a consumo substância
entorpecente, ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização ou em
desacôrdo com determinação legal ou regulamentar: (Redação dada pela Lei nº 5.726,
de 1971) (Revogado pela Lei nº 6.368, 1976)
Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor à venda ou oferecer, fornecer ainda que gratuitamente, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer
forma, a consumo substância entorpecente ou que determine dependência física ou
psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
"Dizer que o juiz está fazendo lei nova ultrapassando assim suas funções
constitucionais, é argumento sem consistência, pois o julgador, em obediência a
princípios de equidade consagrados pela própria constituição, está apenas
movimentando-se dentro dos quadros legais para uma tarefa de integração perfeitamente
legítima. O órgão judiciário não está tirando, ex nihilo, a regulamentação eclética que
deve imperar hic et nunc. A norma do caso concreto é construída em função de um
principio constitucional com o próprio material fornecido pelo legislador. Se ele pode
escolher, para aplicar o mandamento da Lei Magna, entre duas séries de disposições
legais, a que lhe pareça mais benigna, não vemos porque se lhe vede a combinação de
ambas, para assim aplicar, mais retamente, a constituição. Se lhe está aberto escolher
"todo", para que o réu tenha o tratamento penal mais favorável, nada há que lhe obste
selecionar parte de um todo e parte de outro, para cumprir uma regra constitucional que
deve sobrepairar a pruridos de lógica formal".
René Ariel Dotti:
"Quando as leis em conflito não possam ser consideradas separadamente, cada qual no
conjunto e suas normas aplicáveis ao fato, há necessidade de se promover uma
combinação para se extrair, de uma e de outra, as disposições mais benéficas. Essa é a
orientação mais avançada segundo a lição dos mestres e os precedentes da
jurisprudência" (“Curso de Direito Penal: Parte Geral, 2ª edição, pág. 271).
Rogério Grecco:
Mirabete:
"A conjugação pode ser efetuada não só com a inclusão de um dispositivo da outra,
como também com a combinação de partes de dispositivos das leis anterior e posterior.
Apesar das críticas de que não é permitido ao julgador a aplicação de uma “terceira”
(formada por parte de duas), essa orientação afigura-se mais aceitável, considerando-se
que o sentido da Constituição é de que se aplique sempre a norma mais favorável (Júlio
Fabbrini Mirabete, in “Manual de Direito Penal”, 18.ed., 2002, p. 67).
Ainda sobre o conflito de normas penais, ver o artigo de Plínio Antônio Britto Gentil
citado nas referências sobre o art. 33 da nova lei de tóxicos e o art. 12 da Lei antiga
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor
à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão
de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e
quinhentos) dias-multa.
(...)
§4º Nos delitos definidos no caput e no §1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas
de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde
que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades
criminosas nem integre organização criminosa.
Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor à venda ou oferecer, fornecer ainda que gratuitamente, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer
forma, a consumo substância entorpecente ou que determine dependência física ou
psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
O autor defende que, dependendo do caso concreto, a causa de diminuição da pena (§4º,
art. 33, da Lei nº 11.343/2006) pode ser maior que a aplicação do art. 12 da Lei nº
6368/76. O autor defende, com base em Mirabete e Hungria: “Não parece absurdo que
se permita ao defensor do réu ou condenado escolher aquela [lei] que mais convier a
este quando, havendo conflito, somente o interessado possa aquilatar a que mais o
beneficia” (MIRABETE, apud GENTIL, 2008, p. 333).
IMPOSSÍVEL
POSSÍVEL – HC 112.538
Atualizar!!
1 “A regra pode ter exceções, mas se tiver, será impreciso e incompleto simplesmente
enunciar a regra, sem enumerar as exceções. Pelo menos em teoria, todas as exceções
podem ser arroladas e quanto mais o forem, mais completo será o enunciado da regra”
(DWORKIN, 2007, p. 40).
Atualizado em 18.10.2014