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17/06/2019 Pesquisa de Jurisprudência :: STF - Supremo Tribunal Federal

Pesquisa de Jurisprudência

Decisões Monocráticas

Rcl 34475 MC / PB ­ PARAÍBA 
MEDIDA CAUTELAR NA RECLAMAÇÃO 
Relator(a):  Min. LUIZ FUX 
Julgamento: 25/04/2019

Publicação

PROCESSO ELETRÔNICO
DJe-087 DIVULG 26/04/2019 PUBLIC 29/04/2019

Partes

RECLTE.(S) : ADOBE ASSESSORIA DE SERVICOS CADASTRAIS S.A. E


OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : JULIANA LUCAS DOS SANTOS SILVEIRA E OUTRO(A/S)
RECLDO.(A/S) : TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS
BENEF.(A/S) : MARTIN VICENTE MOREIRA NETO
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS
ADV.(A/S) : PAULO CESAR DUARTE DE ARAGAO FILHO
RECLTE.(S) : CREFISA SA CREDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS

Decisão
RECLAMAÇÃO. CONSTITUCIONAL. TRABALHISTA. TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS PARA
CONSECUÇÃO DE ATIVIDADE­FIM. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DA EMPRESA
CONTRATANTE. ALEGAÇÃO DE AFRONTA À AUTORIDADE DA DECISÃO DESTA SUPREMA CORTE
PROFERIDA NA ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 324. ARTIGO
25, PARÁGRAFO 1º, DA LEI 8.987/1995. PRECEDENTES. DEFERIMENTO DA MEDIDA
LIMINAR. Decisão: Trata­se de reclamação, com pedido de medida liminar,
ajuizada por Adobe Assessoria de Serviços Cadastrais S/A contra decisão
proferida pela 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região nos
autos do Processo 0000816­66.2016.5.13.0023, por suposta ofensa à autoridade
da decisão proferida por esta Corte na Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental 324. Eis a ementa do acórdão ora reclamado, in verbis:
“RECURSO DAS RECLAMADAS. CONTRATAÇÃO IRREGULAR. ENQUADRAMENTO. FINANCIÁRIO.
Verificando­se que o autor desempenhava atividades típicas da empresa
financeira tomadora dos serviços, como corolário lógico exsurge o seu
enquadramento como financiário, sendo­lhe aplicável a jornada de seis horas
diárias, nos termos da Súmula 55 do TST. Recurso a que se dá parcial
provimento apenas para afastar a aplicação das normas coletivas colacionadas
aos autos, porque inaplicáveis ao autor, e para ajustar o divisor de horas
extras em 180, a teor do decidido pelo TST no IRR ­ 849­83.2013.5.03.0138.
RECURSO DO RECLAMANTE. HORAS EXTRAS. CARTÕES DE PONTO VÁLIDOS. ÔNUS DA PROVA
DO AUTOR. PROVA ORAL DIVIDIDA. Considerando que a empresa reclamada
apresentou os registros de ponto realizados pelo autor, com este remanesceu
o ônus da prova acerca do fato constitutivo de seu direito, conforme arts.
818 da CLT e 373 do NCPC, incumbência da qual, entretanto, não se
desvencilhou a contento, porquanto além da prova oral ter restado dividida,
afigurando­se ela insuficiente para desqualificar as anotações ali contidas,
há prova robusta em sentido contrário, consistente no depoimento do autor em
processo análogo na condição de testemunha em que depõe, sob compromisso,
acerca da regularidade da jornada. Recurso autoral provido apenas para fazer
constar que são devidas como extras, nos termos dos cartões de ponto, as
horas laboradas além da 6ª diária ou 30ª semanal.” Narra a parte reclamante
que é demandada em processo no qual se discute a responsabilização
subsidiária pelo pagamento de verbas trabalhistas em ação proposta por
Martin Vicente Moreira Neto. Relata que o Tribunal Regional do Trabalho da
13ª Região, por considerar ilícita a terceirização realizada, “reconheceu o
vínculo empregatício da parte diretamente com a Crefisa S/A e, por
conseguinte, determinou o enquadramento da parte na categoria dos
financiários e deferiu os pedidos correlatos, quais sejam, as benesses das
convenções coletivas dos financiários e jornada especial dos bancários”.
Sustenta que o juízo reclamado, ao acolher a tese de ilicitude da
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terceirização da atividade­fim, desconsiderou a autoridade da decisão
proferida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 324. Afirma,
nesse sentido, que “o e. STF julgou, conjuntamente com a ADPF 324, o RE
948252, vindo a encerrar, de forma definitiva, o debate acerca da
terceirização de “atividade­meio e de “atividade fim”, considerando lícitas
todas as formas de terceirização, de modo a privilegiar o livre exercício da
atividade econômica de que tratam o inciso IV e o parágrafo único do art.
170 da Constituição Federal”. Requer, liminarmente, a suspensão da decisão
impugnada e da tramitação do Processo 0000816­66.2016.5.13.0023. No mérito,
requer a procedência do pedido para “cassar a decisão reclamada, nos termos
do art. 992 do CPC, reestabelecendo­se a autoridade do e. STF exarada na
ADPF n. 324, determinando­se o julgamento dos embargos de divergência, com a
observância da decisão do e. STF”. É o relatório. DECIDO. Antes de examinar
se, de fato, há desobediência à decisão proferida nos autos da ADPF 324,
Rel. Min. Roberto Barroso, é preciso esclarecer o que ela dispõe. Naquela
ocasião, o Tribunal julgou procedente o pedido formulado pela Associação
Brasileira do Agronegócio – ABAG e firmou a seguinte tese: “1. É lícita a
terceirização de toda e qualquer atividade, meio ou fim, não se configurando
relação de emprego entre a contratante e o empregado da contratada. 2. Na
terceirização, compete à contratante: i) verificar a idoneidade e a
capacidade econômica da terceirizada; e ii) responder subsidiariamente pelo
descumprimento das normas trabalhistas, bem como por obrigações
previdenciárias, na forma do art. 31 da Lei 8.212/1993.” Com efeito, no
referido julgamento fixou­se o entendimento de que “é lícita a terceirização
ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas jurídicas
distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas,
mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante”. Da análise
dos autos, verifica­se que a pretensão deduzida pelo autor da demanda de
origem envolve a verificação da licitude de contratação via terceirização,
para fins de responsabilização subsidiária da ora reclamante pelo pagamento
de verbas trabalhistas. No julgamento daquela demanda, o juízo reclamado
condenou a ora reclamante, subsidiariamente, ao pagamento dos encargos
trabalhistas postulados pelo autor da ação, por considerar ilícita a
terceirização realizada. Destarte, observa­se que a decisão proferida nos
autos da ADPF 324 abarca o caso concreto, já que guarda similitude fática
com a situação posta nos autos. Nesse contexto, ao realizar a leitura do
decisum ora reclamado, verifico que parece ter havido afronta ao conteúdo da
decisão vinculante em apreço, conforme se observa do seguinte excerto: “Com
efeito, a prova dos autos é cabal no sentido de que, de fato, estava o autor
envolvido em todo oprocesso de venda dos produtos financeiros da Crefisa.
Nesse sentido, além do que expôs a sentença impugnada, os diversos
documentos, sobretudo os email's e mensagens do aplicativo whatsapp,
trazidos pelo autor anexos à sua exordial, que muito claramente demonstram
não somente os produtos trabalhados, a exemplo de empréstimos e crédito
pessoal, como a dinâmica laboral do autor como parte de um todo onde Crefisa
e Adobe atuam como se única empresa fossem. Observe­se que a ADOBE sempre
funcionou com o LOGO da Crefisa e durante muito tempo os e­mails dos
funcionários também registravam o domínio desta, sendo praticamente
impossível dissociar uma da outra, o que justifica, inclusive, a condenação
em responsabilidade solidária, como novamente bem fez a origem. […] Assim,
sem maiores esforços, fica evidente pelas atividades exercidas pelo
reclamante que, apesar de ter sido contratado pela primeira reclamada, o
fato é que prestava serviços em benefício da segunda, negociando produtos
financeiros, laborando predominantemente no ramo de atuação desta,
caracterizando, portanto, típica situação de terceirização ilícita. […]
Frise­se que é irrelevante, nessas hipóteses, a existência ou não de
subordinação direta ao beneficiário dos serviços prestados, uma vez que há
uma situação de vínculo camuflado, muito embora, no presente caso, aquela
também reste evidenciada, sobretudo de forma estrutural como bem ressaltou a
juíza a quo. […] Logo, escorreita a sentença no que se refere a declaração
de ilicitude da terceirização, a responsabilidade solidária das empresas
envolvidas e a formação do vínculo empregatício diretamente com a tomadora,
instituição financeira, a atrair, por conseguinte, conforme inteligência do
art. 511 da CLT, o enquadramento de financiário do autor.” Dessa forma,
entendo, neste juízo provisório, que, ao considerar ilícita a terceirização
realizada pelas concessionárias de serviço público, de atividades inerentes
ao serviço concedido, o acórdão reclamado violou a autoridade da decisão
proferida por esta Corte na ADPF 324. No mesmo sentido cito as seguintes
decisões monocráticas: Rcl 25.508, Rel. Min. Alexandre de Moraes; Rcl
10.132, Rel. Min. Gilmar Mendes; Rcl 19.598­MC, Rel. Min. Cármen Lúcia; e
Rcl 23.024­MC, Rel. Min. Roberto Barroso. Ex positis, por entender que os
argumentos da parte reclamante são plausíveis, DEFIRO a MEDIDA LIMINAR, com
fundamento no artigo 989, inciso II, do Código de Processo Civil, para
suspender os efeitos do acórdão proferido pela 2ª Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da 13ª Região nos autos do Processo 0000816­66.2016.5.13.0023,
até o julgamento final desta reclamação. Solicitem­se informações (artigo
989, inciso I, do CPC) e comunique­se a autoridade reclamada acerca do teor
desta decisão, em especial no que concerne ao deferimento da medida liminar.
Cite­se o beneficiário do decisum impugnado para a apresentação de
contestação (artigo 989, inciso III, do CPC). Nos termos do artigo 52,

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parágrafo único, do RISTF, dispenso o parecer da Procuradoria­Geral da
República, por cuidar­se de matéria de caráter reiterado. Publique­se.
Brasília, 25 de abril de 2019. Ministro Luiz Fux Relator Documento assinado
digitalmente 

fim do documento

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