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TÍTULO:
EMENTA:
O que o pensamento articulado pela arte e pela filosofia têm a ver com a verdade?
Na era em que a ciência pretende ter o monopólio da verdade, e segundo o senso comum, a arte
é produto da imaginação do artista, é fantasia, é ficção. Como por ficção se costuma entender o
contrário do real, ela termina por ser considerada como o irreal, o fantasioso, o não-verdadeiro – em
uma palavra: o falso. Ou, então, a arte é vista como o belo, o estético, o que é feito para agradar. Por isso
mesmo, ainda distante da verdade. Nega-se à arte a dimensão de conhecimento – e de autoconhecimento
existencial – que ela tem. À ciência – a esta, sim –, uma vez que é guiada pela lógica, competiria,
segundo se crê, a procura da verdade. Tendo em vista que a arte não se deixa confinar à lógica, ela
pertenceria ao domínio do ilógico, ou seja: uma vez mais vista como o falso.
A filosofia, entendida como a indagação das coisas em sua totalidade, nasce, no século VI a.C.,
na Grécia Antiga, à procura da verdade. Todavia, na Modernidade, teve seu espaço usurpado pelas
ciências, com seus recortes particulares da realidade. A verdade em que se crê já não é a da travessia
pelas questões proposta pela filosofia, mas a das ciências. Ninguém diz “isto é filosoficamente
comprovado”. Diz-se: “isto é cientificamente comprovado”. A filosofia vive não das respostas, mas das
perguntas.
Nenhum estudioso da arte em geral – e da literatura, em particular –, qualquer que seja a
pesquisa que empreenda, pode deixar de questionar a relação das obras artísticas com a verdade. Pois, se
a arte não puser em obra a verdade, que valor ela teria? Nenhum. Não passaria de fantasia, “coisa de
artista”, como se ouve pejorativamente dizer. Por que pesquisar algo que não é verdadeiro? Pura perda
de tempo. Se a pesquisa empreendida pelo pós-graduando não procurar mostrar a verdade da obra, seu
esforço interpretativo será vão.
A disciplina propõe a indagação sobre o modo como arte e filosofia se relacionam com a
verdade. No entanto, não se trata da verdade do senso comum, e, sim, da verdade manifestativa das
questões que se põem em obra na arte, convidando-nos ao que chamamos de um pensar poético. O
pensamento poético não se submete à lógica, mas nem por isso é ilógico. Ao contrário, deixando-se
tomar pela ação originária das questões (poiésis) – as quais, como tais, jamais se encerram em conceitos
–, o pensamento poético segue o aceno do logos, que é não somente mais amplo, como até a condição
de possibilidade da lógica.
Procurando perceber o fenômeno artístico como o pôr em obra da verdade, e percorrendo o
modo como o logos se manifesta nas obras de arte, o curso tem por objetivo facultar ao aluno o
exercício do pensamento poético, de modo que possa adensar filosoficamente o trabalho que está
realizando na Pós-Graduação.
BIBLIOGRAFIA:
Obras filosóficas:
(outras obras serão acrescentadas no decorrer do curso)
CASTRO, Manuel Antônio de. “Poiésis, sujeito e metafísica”. In A construção poética do real.
Organizador: Manuel Antônio de Castro. Rio de Janeiro: 7Letras, 2004.
__________________________. “Ser e estar”. In Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Editora
Tempo Brasileiro, 2011.
__________________________. “Amar e ser”. In Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Editora
Tempo Brasileiro, 2011.
__________________________. “O mito de Cura e o ser humano”. In Arte: o humano e o destino. Rio
de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro, 2011.
__________________________. “A gota d'água e o mar”. In Arte: o humano e o destino. Rio de
Janeiro: Editora Tempo Brasileiro, 2011.
Obras literárias:
(outras obras serão acrescentadas no decorrer do curso)
ASSIS, Machado. “O espelho” (na pasta).
GUIMARÃES, Rosa. “O espelho”. In Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.
LINS, Osman. “O pássaro transparente”. In Nove, Novena. São Paulo: Companhia das Letras: 1994.
PESSOA, Fernando. “O guardador de rebanhos”. In Fernando Pessoa: Obra em prosa. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1995.
Blogs:
www.travessiapoetica.blogspot.com
Dicionário de Poética:
www.dicpoetica.letras.ufrj.br
Site com textos de Martin Heidegger em espanhol:
http://www.heideggeriana.com.ar/
Site do Núcleo Interdisciplinar Kairós (NIK), em que se encontram disponíveis os projetos de
pesquisa "A obra de arte e o pensamento poético-originário" e "O trágico na modernidade literária
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