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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
(2° SEMESTRE 2016)
PROFESSOR: ANTÔNIO MÁXIMO FERRAZ
DISCIPLINA: TÓPICOS AVANÇADOS

TÍTULO:

ARTE E FILOSOFIA: O PENSAMENTO POÉTICO

EMENTA:

O que o pensamento articulado pela arte e pela filosofia têm a ver com a verdade?
Na era em que a ciência pretende ter o monopólio da verdade, e segundo o senso comum, a arte
é produto da imaginação do artista, é fantasia, é ficção. Como por ficção se costuma entender o
contrário do real, ela termina por ser considerada como o irreal, o fantasioso, o não-verdadeiro – em
uma palavra: o falso. Ou, então, a arte é vista como o belo, o estético, o que é feito para agradar. Por isso
mesmo, ainda distante da verdade. Nega-se à arte a dimensão de conhecimento – e de autoconhecimento
existencial – que ela tem. À ciência – a esta, sim –, uma vez que é guiada pela lógica, competiria,
segundo se crê, a procura da verdade. Tendo em vista que a arte não se deixa confinar à lógica, ela
pertenceria ao domínio do ilógico, ou seja: uma vez mais vista como o falso.
A filosofia, entendida como a indagação das coisas em sua totalidade, nasce, no século VI a.C.,
na Grécia Antiga, à procura da verdade. Todavia, na Modernidade, teve seu espaço usurpado pelas
ciências, com seus recortes particulares da realidade. A verdade em que se crê já não é a da travessia
pelas questões proposta pela filosofia, mas a das ciências. Ninguém diz “isto é filosoficamente
comprovado”. Diz-se: “isto é cientificamente comprovado”. A filosofia vive não das respostas, mas das
perguntas.
Nenhum estudioso da arte em geral – e da literatura, em particular –, qualquer que seja a
pesquisa que empreenda, pode deixar de questionar a relação das obras artísticas com a verdade. Pois, se
a arte não puser em obra a verdade, que valor ela teria? Nenhum. Não passaria de fantasia, “coisa de
artista”, como se ouve pejorativamente dizer. Por que pesquisar algo que não é verdadeiro? Pura perda
de tempo. Se a pesquisa empreendida pelo pós-graduando não procurar mostrar a verdade da obra, seu
esforço interpretativo será vão.
A disciplina propõe a indagação sobre o modo como arte e filosofia se relacionam com a
verdade. No entanto, não se trata da verdade do senso comum, e, sim, da verdade manifestativa das
questões que se põem em obra na arte, convidando-nos ao que chamamos de um pensar poético. O
pensamento poético não se submete à lógica, mas nem por isso é ilógico. Ao contrário, deixando-se
tomar pela ação originária das questões (poiésis) – as quais, como tais, jamais se encerram em conceitos
–, o pensamento poético segue o aceno do logos, que é não somente mais amplo, como até a condição
de possibilidade da lógica.
Procurando perceber o fenômeno artístico como o pôr em obra da verdade, e percorrendo o
modo como o logos se manifesta nas obras de arte, o curso tem por objetivo facultar ao aluno o
exercício do pensamento poético, de modo que possa adensar filosoficamente o trabalho que está
realizando na Pós-Graduação.

BIBLIOGRAFIA:
Obras filosóficas:
(outras obras serão acrescentadas no decorrer do curso)
CASTRO, Manuel Antônio de. “Poiésis, sujeito e metafísica”. In A construção poética do real.
Organizador: Manuel Antônio de Castro. Rio de Janeiro: 7Letras, 2004.
__________________________. “Ser e estar”. In Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Editora
Tempo Brasileiro, 2011.
__________________________. “Amar e ser”. In Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Editora
Tempo Brasileiro, 2011.
__________________________. “O mito de Cura e o ser humano”. In Arte: o humano e o destino. Rio
de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro, 2011.
__________________________. “A gota d'água e o mar”. In Arte: o humano e o destino. Rio de
Janeiro: Editora Tempo Brasileiro, 2011.

__________________________. “O próprio e os atributos”. In Poética: a terceira margem. Revista


Terceira Margem, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura da UFRJ. Ano XIV, n. 22,
2010.
__________________________. “Interdisciplinaridade poética: o 'entre'”. In Interdisciplinaridade:
dimensões poéticas. Revista Tempo Brasileiro, nº 164. Rio de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro, 2006.
___________________________. “A poética como vigência do próprio na época da técnica”. In
Poética e Diálogo: Caminhos de Pensamento. Organizadores: Antônio Máximo Ferraz, Fábio Santana
Pessanha [et al.]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011.
____________________________. “Heidegger e as questões da arte”. In A arte em questão: as
questões da arte. Organizador: Manuel Antônio de Castro. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005.
FERRAZ, Antônio Máximo. “O que é uma questão?”. Revista Litteris, v. 6
[http://revistaliter.dominiotemporario.com/doc/OQUE_EH_UMA_QUESTAO_ANTONIO_FERR
AZUFPA.pdf].
____________________________. “O trágico em Aristóteles e Fernando Pessoa”. In Poética: a
terceira margem. Revista Terceira Margem, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura da
UFRJ. Ano XIV, n. 22, 2010.
_____________________________. “Poesia e pensamento: Alberto Caeiro, médico da humanidade”. In
Interdisciplinaridade: dimensões poéticas. Revista Tempo Brasileiro, nº 164. Rio de Janeiro: Editora
Tempo Brasileiro, 2006.
_____________________________. “Mensagem aos navegantes: uma travessia épico-existencial”. In
O insólito em questão – Anais do V Painel Reflexões sobre o Insólito na Narrativa Ficcional. Rio de
Janeiro: Dialogarts, 2009.
_____________________________. “Mensagem, de Fernando Pessoa, e o trágico”. In Poética e
Diálogo: Caminhos de Pensamento. Organizadores: Antônio Máximo Ferraz, Fábio Santana Pessanha
[et al.]. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011.
_____________________________. “A liberdade na interpretação” (na pasta).
GIDA, Angela. “O que é isto, a poética?”. In Poética e Diálogo: Caminhos de Pensamento.
Organizadores: Antônio Máximo Ferraz, Fábio Santana Pessanha [et al.]. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 2011.
____________. “Tempo e finitude: a tensão entre Vida e Morte”. In Poética: a terceira margem.
Revista Terceira Margem, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura da UFRJ. Ano XIV,
n. 22, 2010.
HEIDEGGER, Martin. A origem da obra de arte. São Paulo: Edições 70, 2010.
__________________. Hölderlin y la esencia de la poesía. Barcelona: Anthropos Editorial, 2000.
__________________. “A linguagem”. In A caminho da linguagem. Petrópolis: Vozes, 2003.
__________________. “A coisa” e “Poeticamente o homem habita...”. Ensaios e conferências.
Petrópolis: Vozes, 2006.
JARDIM, Antônio. “Quando a paixão é filosofia”. In A construção poética do real. Organizador:
Manuel Antônio de Castro. Rio de Janeiro: 7Letras, 2004.
LEÃO, Emmanuel Carneiro. “Aristóteles e as questões da arte”. In A arte em questão: as questões da
arte. Organizador: Manuel Antônio de Castro. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005.
_______________________. “A vigência do poético na regência do virtual”. In A construção poética
do real. Organizador: Manuel Antônio de Castro. Rio de Janeiro: 7Letras, 2004.
_______________________. “A terceira margem do rio”. In Poética: a terceira margem. Revista
Terceira Margem, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura da UFRJ. Ano XIV, n. 22,
2010.

Obras literárias:
(outras obras serão acrescentadas no decorrer do curso)
ASSIS, Machado. “O espelho” (na pasta).
GUIMARÃES, Rosa. “O espelho”. In Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.
LINS, Osman. “O pássaro transparente”. In Nove, Novena. São Paulo: Companhia das Letras: 1994.
PESSOA, Fernando. “O guardador de rebanhos”. In Fernando Pessoa: Obra em prosa. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1995.

Blogs:
www.travessiapoetica.blogspot.com
Dicionário de Poética:
www.dicpoetica.letras.ufrj.br
Site com textos de Martin Heidegger em espanhol:
http://www.heideggeriana.com.ar/
Site do Núcleo Interdisciplinar Kairós (NIK), em que se encontram disponíveis os projetos de
pesquisa "A obra de arte e o pensamento poético-originário" e "O trágico na modernidade literária
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