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da USP)
Justiça seja feita, Ei, professor não é uma obra magna da literatura universal. No
entanto, sua virtude maior é a de dar voz à exuberância dos tipos humanos que
desfilam nas salas de aula, seus trejeitos, suas manias, seus truques. Isso porque
apenas as atitudes insólitas que os alunos "difíceis" são capazes de ter são aquelas que
perduram na memória. São os alunos desviantes, os trapaceiros, os fora-da-ordem que
resistem à oxidação do tempo. Todo o resto é nada.
McCourt narra uma passagem hilária sobre a dificuldade de fazê-los redigir textos e,
ao mesmo tempo, a genialidade da arte dos bilhetes de desculpas dos pais por eles
falsificados. Eram ataques de doenças de todos os tipos; incêndios ou alagamentos de
proporções incalculáveis; bebês e animais de estimação que apreciavam devorar
cadernos ou urinar sobre eles; trens-assassinos que fechavam cruelmente suas portas;
tetos que desabavam etc. "Ali estava a escrita do ensino médio no que tinha de melhor
– crua, real, premente, clara, concisa, mentirosa."
O professor com sotaque irlandês tem, então, um insight. Dever de casa: redigir um
bilhete de desculpas de Adão para Deus; para as garotas, era Eva quem deveria
assiná-lo. Para conhecer os desdobramentos da experiência, só tomando contato com
o livro e seus personagens memoráveis.
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Publicado em 10/09/2011. Disponível em: <https://www.revistaeducacao.com.br/as-cinzas-do-
professor/>. Acesso em: 14 jul. 2019.