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A ARTE E A VIDA I :
OS RETRATOS:
Muitos dos seus auto-retratos foram permutados com outros pintores como
Émile Bernard e Paul Gauguin. Era um apologista desta troca de quadros,
que pensava seria extremamente proveitosa e profícua.
A vida dos retratos dos outros é projectado na sua imagem dos auto-
retratos, em si mesmo. Pintando-se pode atingir a sua essência e a sua
aparência, conjugar e conciliar (?) o interior e o exterior.
A sua pintura transmite o sentimento daquele que sofre, o seu sentir será
simultaneamente aquilo que pinta. Este é o lema da verdadeira pintura para
Van Gogh : pintar o que sente, sentir o que pinta. Ultrapassa o desejo de
apreender o que apenas “vê”, para se preocupar com sua essência
fundamental e indispensável.
Vai tentar atingir a essência dos objectos e dos seres. É a procura da alma
independente da beleza do seu modelo. Desde as figuras dos camponeses
até às suas botas ou às cadeiras representadas (a do próprio pintor e a do
amigo Gauguin) , as suas telas tentam sempre apelam à alma imortal dos
seus modelos, através das vibrações radiantes da cor (utilização
subjectiva), da luz (interna) e da sua peculiar pincelada.
Mas, para além da essência das coisas que representa, presentifica a sua
própria essência de artista, de homem e talvez mesmo de “louco”. Dá às
suas obras parte da sua vida, das suas experiências sensoriais e psíquicas.
São fundamentalmente algo de seu, muito profundo que transparece nas
pinturas, deixando emergir toda a força das suas pulsões mais básicas.
Lutando contra a incompreensão que provoca nas pessoas, continuará
contudo, sem pre a criar novas figurações temáticas, dentro de uma
simbologia muito característica, coincidência última da sua personalidade.
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A LUZ, O SOL = DEUS:
O sol é para Van Gogh o que já era para Platão: o símbolo do absoluto. É
através da arte que pretende atingir este absoluto. A via será através da luz,
via que deve ultrapassar os factos terrestres até sol, ao cimo, ao cume. O
sol é a fonte da luz, entendendo-se aqui a luz como metáfora da verdade.
Num exílio (in) voluntário relativamente aos outros pintores, Van Gogh
descobrirá um pouco tarde, o que poderia e onde poderia ter inserido a sua
obra, no que concerne um possível linha artística e estética. Este facto
contribuiu contudo, e sem dúvida, para um percurso pessoal, mais
individualizado, e proporcionou um desenvolvimento das suas procuras e
respostas plásticas que preanunciou aquilo que viria a seguir, a ser a noa
expressividade da pintura europeia.
A COR:
A sua meta não é a beleza, que como sendo uma noção derivada, mas a
verdade. Chega mesmo a fazer coincidir a beleza com a verdade, num rasto
de uma tradição da Estética que porventura percorreu o tempo e a história:
...aquilo que é belo, verdadeiramente belo, é
igualmente verdadeiro.
A arte é uma via para encontrar a beleza, para organizar o caos. A beleza
transcende a banalidade da vida, vai dar um sentido à vida. Não é portanto
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a beleza externa, mas a beleza coincidente da aparência com a
interioridade.
A REALIDADE:
Pareceria com esta afirmação que tendia para o Realismo, mas a verdade é
que falta-nos saber qual a realidade a que se refere, pois aquilo que
ambiciona mesmo é a verdade.
A verdade que ele procura e que se situa para além da linguagem ser-lhe-á
revelada através daquilo que fixa nas telas. Pretende assim captar o
permanente, ao contrário dos impressionistas que pretendiam fixar o
fugidio, o passageiro. A duração da sua permanência e simultaneamente o
intermediário entre si mesmo e o mundo parecem pois ser as suas obras.
A PINTURA II :
A sua pintura é um meio para comunicar não apenas com o público. mas
com o seu irmão Théo, que sempre o encorajou. É uma interrogação
constante à sua evolução, aos seus progressos como pintor. Isto, porque
Van Gogh pretendia atingir sempre um degrau mais, nunca considerando
ter possuído o topo da escada.