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ACADEMIA DO AR – BLOCO I - Apostila de Sobrevivência

SOBREVIVÊNCIA

SOBREVIVÊNCIA NA SELVA

Introdução: A sobrevivência do indivíduo começa no dia em que ele é gerado. A luta pela
sobrevivência daí para frente é uma constante.
Numa situação de sobrevivência na selva, a luta pela vida será também uma constante. Antes de
conhecer algo sobre a selva devemos ter em mente, numa situação como esta, o seguinte:

A SELVA NÃO NOS PERTENCE AO MAIS FORTE, E SIM AO MAIS INTELIGENTE,


CALMO, SÓBRIO E RESISTENTE.

N
a realidade, sobrevivência é o instinto natural de qualquer ser vivente; é a contínua adaptação
com o meio ambiente. E, nada melhor para a adaptação do que saber utilizar o que o meio
oferece e dele buscar o necessário para continuar vivo.
E essa vontade é que deve direcionar os sobreviventes no caso de um pouso forçado na selva.
Os tripulantes, teoricamente, são os elementos mais capacitados para manter o grupo em condições
de sobrevivência, até que a equipe de salvamento os localize e resgate.
Torna-se necessário que, frente à uma situação de sobrevivência, os tripulantes consigam dominar-
se, não entrando em desespero e nem permitam que o pânico se instale, mas, ao contrário, ajam com
prudência e determinação.
Para manter o grupo sob controle, há necessidade de que os tripulantes os conduzam com liderança
sabendo ceder ou agir com firmeza, de acordo com cada situação.
No sentido de uma melhor sinalização, torna-se importante conhecer as áreas geográficas com
características de selva, sendo que estão compreendidas, quase todas, entre os trópicos de
Capricórnio e o de Câncer. Na África encontram-se as florestas das bacias dos rios Níger, Congo e
Zambeze; a da costa oriental, a da ilha de Madagascar. Na Ásia há as florestas do sul da Índia; na
Oceania quase todas as ilhas apresentam vegetação com características de selva e no continente
americano pode-se encontrar a selva da América Central; sendo que na América do Sul está a mais
vasta floresta do mundo, a floresta Amazônica, compreendendo a Guiana Francesa, Suriname,
Guiana, Venezuela, Colômbia, Peru, Equador, Bolívia e Brasil, abrangendo os estados do Amazonas,
Pará, Acre, Amapá, Roraima, Rondônia, Tocantins, uma parte do Maranhão e Mato Grosso,
totalizando uma área de aproximadamente 5 milhões de quilômetros quadrados (57,72% da
superfície do Brasil); no Brasil ainda podem ser encontradas as áreas florestais que abrange o
Paraná, Santa Catarina (floresta das Araucárias) e Mata Atlântica.
Na selva há horizontes infinitos de beleza natural. O clima é quente, úmido e chuvoso, com uma
variedade enorme de espécies animais e vegetais, há ainda árvores gigantescas, e partes do solo
que nunca foram iluminadas pelo sol.
A sobrevivência em plena selva está relacionada ao tempo em que nela se permanecer. Para tanto,
o ser humano deve estar capacitado a dosar suas energias e lançar mão de todos os meios que
estão ao seu alcance para poder sobreviver. Esta capacidade envolve, por vezes, conhecimentos
especializados, desconhecidos do homem urbano. A imaginação, o empenho e o bom senso serão
fundamentais.

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Princípios Gerais de Sobrevivência na Selva:

 Não se apresse, planeje antes de agir;


 Não tenha medo da selva, pois nela você poderá viver várias semanas, se conseguir manter a
calma;
 Lembre-se que sono, comida e água são indispensáveis;
 Comida e água são abundantes na selva, basta saber procurar;
 A maior parte dos animais selvagens não ataca o homem, a menos que sejam molestados;
 As possibilidades de ser picado por cobras/serpentes venenosas são um pouco maiores do que
as de ser fulminado por um raio;
 De modo geral, os índios são acolhedores, desde que não se tente ludibria-los ou molesta-los;
 Na selva, um de seus piores inimigos é o mosquito, em especial o da malária.

Ações Imediatas e Simultâneas

Uma vez no solo, após um pouco de emergência na selva, várias ações devem ser tomadas
imediata e simultaneamente: afastamento da aeronave, sinalização e prestação de primeiros
socorros.

Afastamento da aeronave:

Ao término da evacuação, oriente todos para que se afastem da


aeronave.
É grande o risco de explosão devido à possibilidade de
vazamento de combustível dos tanques. Aguarde que este
combustível tenha evaporado e, somente então, reaproxime-se
da aeronave, pois ainda poderá ser possível resgatar
sobreviventes ou artigos que possam auxiliar na sobrevivência.

As equipes de salvamento levam, em média, aproximadamente, quatro dias, para localizar os


sobreviventes.
É mais aconselhável permanecer e esperar o salvamento, próximo ao local do acidente, uma vez
que é mais fácil localizar do ar uma aeronave do que um grupo de homens caminhando por entre
uma mata.
A aeronave ou parte da mesma proporcionará abrigo, sinalização; e, as carenagens servirão como
refletores para sinais; o combustível e o óleo servirão para ativar fogueiras e para sinalização diurna
e noturna.
Deve-se evitar os perigos de uma jornada em local pouco conhecido, ou mesmo desconhecido.

Primeiros Socorros:

Verificar, entre os feridos, o número e a natureza dos ferimentos


e prestar os primeiros socorros, levando em conta a gravidade
dos ferimentos (hemorragia, traumatismo craniano, fratura
exposta, e assim por diante) acomodando-os da melhor maneira
possível; pedir a colaboração, quando houver médico ou outro
profissional da área médica.
Como equipamentos de primeiros socorros, temos a bordo a
caixa de primeiros socorros e oxigênio terapêutico.

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Cada conjunto deve ser acondicionado em um estojo à prova de umidade e poeira e deve conter o
material exigido por lei e observado, sempre que aplicável, os prazos de validade dos mesmos. Os
conjuntos de primeiros socorros devem ser distribuídos tão regularmente quanto possível ao longo
da aeronave e devem estar prontamente acessíveis aos comissários de bordo.

O número mínimo de conjuntos de primeiros socorros requeridos é o seguinte:

Número de assentos para passageiros Número de conjuntos de primeiros socorros

0 a 50 01

51 a 150 02

151 a 250 03

Mais de 250 04

Sinalização

É de conhecimento de todos que o sucesso da operação de


busca e salvamento está diretamente relacionado à
capacidade dos sobreviventes em utilizarem todos os recursos
e itens relativos à sinalização.
Numa situação de sobrevivência, devemos separar todos os
equipamentos de sinalização e deixá-los prontos para serem
utilizados AO AVISTAR UMA AERONAVE OU AO ESCUTAR
O RUÍDO DE SEUS MOTORES.

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a) Rádio Beacon (ou Rádio Farol), modelo RESCUE 99: O sinalizador mais importante que
deverá ser acionado IMEDIATAMENTE APÓS O ABANDONO DA AERONAVE.

Ele é, na realidade, um localizador que emite sinais de S.O.S e fornecerá, com exatidão, a
localização dos sobreviventes.

Desde 1986, o Brasil está integrado a um programa de cooperação internacional que atende toda a
América do Sul, liderado pelos Estados unidos, Rússia, França e Canadá. O programa baseia-se no
emprego de cinco satélites meteorológicos que operam em conjuntos, permitindo completa
cobertura da Terra.

Receptores, permanentemente sintonizados nas freqüências internacionais de emergência,


recebem sinais transmitidos aos satélites. Aquele que estiver mais próximo retransmite os sinais
para uma estação rastreadora em terra, e esta fornece as coordenadas do local do acidente.

As freqüências de emergência são: 121,5 MHZ-VHF (civil) e 243,0 MHZ-VHF (militar).

O horário de silêncio internacional é diferente nas várias regiões do globo terrestre, sendo:

 No oriente: de 00 aos 03 e dos 30 aos 33 minutos de cada hora;


 No ocidente: de 15 aos 18 e dos 45 aos 48 minutos de cada hora.

Rádio Beacon Modelo Rescue 99

É acionado através de uma bateria ativada à água. Possui uma antena que é presa por uma fita
adesiva porosa, solúvel em água. Quando colocado na água, a fita se dissolve, liberando a antena
automaticamente e deixando-a posicionada para transmissão de sinais. É dotado de uma corda, de
aproximadamente 18 metros, para ser amarrado no bote ou em algum outro local como, por
exemplo, uma árvore. Deve ser mantido na posição vertical. Depois de colocado em água salgada,
ele começa a transmitir em 05 segundos e em 05 minutos se for colocado em água doce.

Seu alcance vertical é de 40.000 pés (aproximadamente 13.000 metros) e o horizontal é de 250
milhas náuticas (aproximadamente 460 quilômetros).

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Sua duração é de 48 horas de transmissão ininterrupta.

Após o seu acionamento, o rádio não deverá ser retirado do meio líquido, pois não será possível
acioná-lo novamente após a secagem da bateria. Para interromper a transmissão, basta coloca-lo
na posição horizontal.

Vem acondicionado em um invólucro de plástico transparente, hermeticamente fechado e que tem,


no seu interior, envelopes com sílica-gel, cuja finalidade é evitar a penetração de umidade, o que
poderia danificar a bateria. Há um placar indicativo do teor de umidade que alterado a sua cor,
permite uma verificação visual da integridade da bateria, com as seguintes indicações:

 Azul – OK
 Rosa – SUBSTITUIR

Operação na água:

 Abrir o invólucro plástico;


 Remover as fitas que seguram a antena;
 Liberar a tira de amarração e fixá-la à embarcação ou às margens de um curso de água (rio,
lago, etc);
 Colocar o radiofarol na água.

Operação em terra:

 Abrir o invólucro plástico, cuidando para não danificar o saco plástico;


 Romper manualmente a fita solúvel para liberar a antena;
 Recolocar o radiofarol dentro do saco plástico (ou outro recipiente, caso haja), na posição
vertical, colocando água ou qualquer líquido à base de água (não alcoólico) até que a
quantidade de líquido cubra os dois orifícios que ficam sob o receptáculo onde está alojada
 Colocar o rádio de preferência, numa pequena elevação, numa área mais descoberta.

Nota: Se a temperatura ambiente for muito baixa, deve-se dissolver a sílica-gel no líquido ou
adicionar a mistura água-glicol existente nos extintores de água das aeronaves.

Modelo Locator: É um complexo transmissor/bateria (seco-ativada), fixado entre as câmaras


principais de flutuação de algumas escorregadeiras - barco. Possui uma antena acoplada a cada
câmara (inferior e superior). Num pouso na água, ao se inflar uma escorregadeira – barco equipada
com radiofarol modelo LOCATOR, o pino que aciona a bateria (localizado no corpo do transmissor)
será removido automaticamente, iniciando-se a transmissão. Nesse momento deverá se acender
uma lâmpada vermelha, localizada na base da antena. Se esta lâmpada não acender, deve-se
puxar um comando triangular, de cor vermelha, localizado, também, na base da antena. Se, ainda
assim, a lâmpada não acender, deve-se verificar se o pino da bateria foi removido.

ELT (Emergency Locator Transmiter) fixo: De um modo geral, quando instalado, este
equipamento está embutido no teto central na parte traseira da aeronave. Possui acionamento
automático, quando a aeronave sofre um impacto igual ou superior a 5g (g = valor da aceleração
decorrente da força da gravidade ao nível do mar), podendo ser acionado também através de um
switch localizado na Cabine de Comando, que possui as seguintes seleções:
 ARMED – Transmite automaticamente quando houver um impacto superior a 5g;
 ON – Ativa manualmente o ELT.
A Luz âmbar quando acesa indica que o ELT foi ativado.

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Transmite sinais de socorro na freqüência 406 MHz, que é digital, sendo captada por satélite.
Duração de 48h.

ELT fixo

b) Foguetes Pirotécnicos: São fumígenos que podem ser avistados à distância.


Há diversos tipos de artifícios pirotécnicos. Um desses sinais tem a particularidade de ser luminoso
numa extremidade, e na outra, produzir fumaça.
Se for durante o dia, utiliza-se a extremidade com fumaça, se à noite, a luminosa (faíscas).

O lado da tampa com pequenas saliências (alto relevo)


normalmente com a letra “N”, indica o lado do sinal luminoso
(noturno); a extremidade oposta (lisa) é o da fumaça (diurno).

Para acionar qualquer das extremidades, procede-se da seguinte maneira:


 Retirar a tampa da extremidade a ser acionada;
 Desdobrar o sistema que segura o detonador (alça de detonação) e puxá-Io com força de
forma a liberá-Io para detonar a carga;
 Afastar o mais longe possível do rosto, o pirotécnico, estendendo o braço para cima e
procurando fazer um ângulo de 45º com o corpo.

Precauções:
 Muito cuidado com o uso do lado noturno, pois o agente produz fogo de magnésio que pode
causar queimaduras graves ou danificar um bote salva-vidas;
 Quando usar a extremidade que produz a fumaça, posicionar-se a favor do vento;
 Se possível, posicionar-se sobre uma pequena elevação de fácil visualização do alto;
 Mantenha bem seco o material pirotécnico;
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 Não o esbanje, utilizando-o com critério;


 Tenha o máximo cuidado para que este material não ocasione incêndio;
 Utilize-o SOMENTE quando avistar ou ouvir barulho de aeronave.

Cartucho pirotécnico Lado diurno no mar Lado noturno em terra

c) Fogueiras: Distribua fogueiras em volta do acampamento. De dia, faça uso de fumaça negra,
empregando óleo ou borracha; à noite, faça uma fumaça branca, utilizando folhas verdes, musgos
ou pequenas quantidades de água. As fogueiras devem estar num raio de 50 a 100 metros do local
do acidente. Não se deve fazer a fogueira sob o copado fechado, primeiro porque a fumaça
dificilmente vencerá a altura deste copado, segundo porque mesmo que o vença, será facilmente
confundida com o nevoeiro que comumente existe na floresta, em conseqüência da evaporação das
águas.

Sinalização com fumaça branca (mais Sinalização com fumaça negra (mais
eficaz à noite) eficaz durante o dia)

d) Símbolos terra-ar: A OACI (Organização da Aviação Civil Internacional) criou uma série de
códigos visuais de sinalização a serem utilizados em situações de resgate pelos serviços de busca
e salvamento (SAR – Search And Rescue). Tais códigos deverão ser reproduzidos em terra
utilizando-se recursos naturais do próprio local do acidente, como troncos de árvores, escavação de
sulcos na terra, ou ainda partes da fuselagem da aeronave, forros de poltronas, cortinas, roupas, e
outros materiais de cores vivas.

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Observe a tabela a seguir:

Procure observar se foi compreendido pela aeronave SAR ao efetuar a sinalização da OACI.

Quando os sobreviventes forem avistados e/ou a mensagem enviada pelos


sinais terra-ar recebida é entendida, a aeronave indicará que os sinais foram
recebidos e entendidos balançando as asas. Essa indicação é feita durante o
dia ou com luar forte. E à noite a indicação é feita com sinais verdes, usando-
se uma lâmpada ou foguetes pirotécnicos.

Quando a mensagem recebida NÃO é entendida, a aeronave indicará que os


sinais foram recebidos, mas NÃO foram entendidos fazendo uma curva de
360° pela direita; essa indicação é feita durante o dia. E à noite é feita com
sinais vermelhos, usando-se uma lâmpada ou sinais pirotécnicos.

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e) Espelho sinalizador: É outro recurso bastante importante. O espelho possui, no centro, um


orifício para que possamos mirar nosso alvo com reflexos de luz para chamar a atenção. A maneira
mais simples de utilizá-lo é:

 Colocá-Io a uma distância aproximada de 10 cm do rosto; dirigir o reflexo para o ponto


escolhido;
 Posicionar um das mãos entre o espelho e este ponto;
 Quando o reflexo atingir esta mão, estar-se-á na posição exata para refletir na aeronave.
Assim, retira-se a mão e, faz-se movimentos com o espelho, no sentido lateral.

Se não tiver o espelho, improvise um com a tampa de uma lata de ração ou parte da carenagem do
avião, fazendo um pequeno orifício no centro da tampa, em forma de cruz.
Nos dias enevoados, as aeronaves de busca poderão perceber o reflexo do espelho muito antes
dos sobreviventes avistarem-nas; para tal direcione o reflexo do espelho para o lado de onde
provém o ruído dos motores, mesmo antes de avistá-Ia.
O espelho de sinalização tem um alcance de 10 milhas náuticas ou 18 quilômetros, quando o dia
estiver bem claro.

f) Pó marcador (corante de marcação): Utilizar, quando avistar/ouvir uma aeronave. Somente


durante o dia, sendo que demora algum tempo para dissolver e tornar-se visível.
O corante de sinalização, ao ser colocado na água, produz uma mancha verde, que pode ser
avistada, a longa distância, permanecendo, dependendo da correnteza, por aproximadamente 3
horas.
O corante está acondicionado em um saco semelhante aos de saquinhos de chá, preso a uma tira
de amarração, que por sua vez está no interior de um pacote plástico.
Este sinalizador tem um alcance aproximado de 10 milhas náuticas (18.520 metros).

Utilização:

 Abre-se o pacote que contém um saco com o corante;


 Agita-se o saco dentro d‟água;
 Amarre-o ao bote ao em um galho ou pedra se usado em um curso d‟água.

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Embalagem do pó Feito do pó corante marcador em


marcador água salgada

g) Lanterna portátil: Utilize-a para fazer sinais à noite, ou em dias enevoados. Há alguns tipos de
lanternas a pilha que são a prova d' água, tendo uma duração aproximada de 8 a 12 horas.

h) Apito: Utilizado para a comunicação entre grupos. O apito é um ótimo sinalizador sonoro que
pode ser utilizado tanto à noite quanto durante o dia. É especialmente útil para atrair a atenção de
pessoas ou embarcações, mesmo em meio a nevoeiro.

Todos os recursos de sinalização de que a aeronave dispuser, deverão ser utilizados, tais como
colete salva-vidas, botes salva-vidas, escorregadeiras-barco, etc. A cor viva destes equipamentos
servirá para formar um contraste com o verde natural da selva.

Tão logo seja possível, os tripulantes deverão dar a cada indivíduo capaz, uma tarefa a cumprir
como maneira de tornar o trabalho melhor dividido e ocupar a mente.

ABRIGO, FOGO, ÁGUA e ALIMENTO

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Abrigo

Uma das primeiras necessidades após as ações


imediatas e simultâneas (afastamento da
aeronave, sinalização e prestação de primeiros
socorros), será sempre a obtenção de abrigo, que
ofereça real proteção enquanto se aguarda a
chegada dos serviços de busca e salvamento.

O abrigo ideal será a própria aeronave, pela


quantidade de recursos disponíveis e,
principalmente, por nos proteger quanto às
principais agressões do meio ambiente (frio, calor,
chuva, animais, insetos, etc). Mas deve-se esperar que os motores tenham esfriado e que o
combustível tenha evaporado, isto é, que o perigo de explosão esteja afastado, para podermos
retornar ao interior da aeronave.
Caso não seja possível utilizar a aeronave como abrigo, deve-se tomar cuidado de não acampar em
terreno de inclinação muito pronunciada ou em área onde houver perigo de avalanches,
inundações, queda de rochas ou em local demasiadamente exposto ao vento. Também é
importante escolher um local em um ponto elevado, o mais afastado possível de charcos e
pântanos, a pelo menos 100 metros de distância.
Os abrigos não devem ser construídos debaixo de grandes árvores, árvores com galhos secos ou
qualquer outra árvore que produza frutos grandes e pesados.
É importante não dormir diretamente no chão, pois o contato com a terra fria e úmida poderá ser
bastante nocivo. Além disso, evita-se o ataque de formigas, aranhas, escorpiões e outros animais.
Os abrigos coletivos, além de serem mais fáceis de construir, utilizam uma quantidade menor de
material e propiciam um contato maior entre os sobreviventes.
Após a confecção dos abrigos, deve-se fazer sulcos ao redor dos mesmos para facilitar um possível
escoamento de água.
Caso haja vítimas fatais, retirar e enterrar a uma distância razoável da aeronave. Essa conduta tem
como objetivo principal eliminar o impacto negativo da permanente visão dos mortos por parte dos
sobreviventes. Visa também evitar que os corpos atraiam insetos e animais.

Abrigo com troncos

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Abrigo de salgueiros

Para se fazer um abrigo tipo ''rabo de jacu' limpa-se o local, coloca-se duas estacas, na vertical e,
sobre as duas, uma terceira, na horizontal, cobre-se com folhas de palmeiras, sobrepondo-se uma
na outra. É um abrigo provisório, para se passar a noite ou para proteção do sol para doentes, antes
que se faça outro mais adequado.

Rabo de jacú

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O tapiri, outro tipo de abrigo, permite a permanência na selva por maior período de tempo.
Para fazer um tapiri simples deve-se observar os seguintes procedimentos; amarração firme; deixar
quatro dedos de distância entre os talos das palhas de cobertura e todos os talos amarrados ao
teto; regularidades nos paus do assoalho, todos eles do mesmo tamanho; fixação das estacas; bom
aspecto, não deixando pontas irregulares de madeiras e palhas.

Alpendre ou Tapiri de uma água

Tapiri simples

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Outros modelos de abrigos:

Abrigo de Colmo ou em A

Abrigo utilizando lona, tecido ou plástico

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Abrigo cônico

Visando evitar que seu abrigo seja invadido pela água da chuva, cave uma canaleta rasa ao seu
redor.
Se decidir usar a aeronave como abrigo, vede a entrada dos mosquitos cobrindo as aberturas com
tecidos.
Em qualquer condição, havendo ou não a possibilidade de tomar a aeronave como abrigo, lembrar
que em seus porões costumam ser transportados itens como roupas, medicamentos, água,
alimentos, enfim, equipamentos que poderão ser de utilidade em uma luta pela sobrevivência.

Fogo

O fogo é imprescindível para a sobrevivência. Ele


aumenta e melhora as condições de vida na selva,
pois através dele se consegue purificar a água,
cozinhar, secar a roupa, aquecer o corpo, sinalizar,
iluminar e fazer a segurança noturna.
Prepare com cuidado o local para fazer a fogueira.
Limpe a área de folhas, gravetos, raminhos, musgos
e capim seco, para evitar um incêndio. Se o chão
estiver muito seco, raspe tudo até chegar a terra
pura. Se a fogueira tiver de ser acesa sobre a terra
molhada, arrume-a sobre uma plataforma de toras ou
pedras chatas. Arrume sempre que necessário um
anteparo (muralha) junto à fogueira para proteger o
fogo contra o vento e para conseguir o máximo de calor.
Mantenha a fogueira acesa o dia todo, devendo ser designada uma pessoa para este fim. Se o
terreno estiver úmido, faça uma fogueira sobre uma plataforma de troncos ou pequenas pedras.
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Evidentemente deve-se proteger os fósforos mantendo-os secos. Se possível guarde-os em um saco


plástico.
Nunca faça uma fogueira muito grande. As pequenas exigem menos combustíveis; são mais fáceis
de serem controladas. No tempo frio, pequenas fogueiras ao redor de um indivíduo, retêm mais calor
do que uma única fogueira maior.
Iscas: Denomina-se isca o amontoado inicial de folhas secas, papéis, palha, pequenos gravetos e
cascas de árvores que podem ser utilizados para dar início ao fogo.
Além dos métodos comuns para obtenção de fogo (utilização de isqueiros e fósforos), ele também
poderá ser obtido através de:
 Lentes: a chama poderá ser obtida fazendo incidir os raios solares sobre a isca através das
lentes de binóculos, máquinas fotográficas ou lente de óculos.
 Pedra de Pederneira: ao se golpear a pedra de pederneira com uma faca ou pedaço de aço,
surgirão faíscas que podem originar o fogo.
 Pilhas: um pedaço de lã de aço ou fio elétrico fino, ligado aos pólos de uma bateria (ou duas
pilhas comuns), incendeiam-se facilmente e põe fogo nas iscas.
 Atrito: o fogo pode ser obtido de duas maneiras:
1. Abre-se uma cavidade em madeira plana e macia e aponta-se um bastão. A seguir,
colocam-se iscas ao redor da cavidade e, pelo atrito com o bastão, elas pegam fogo.
2. Esfrega-se uma correia de fibra seca (ou couro) numa madeira em movimentos
contínuos e progressivos. O atrito produzirá calor suficiente para as iscas se
inflamarem.

Sempre que se deslocar, observar e recolher materiais que possam ser utilizados como iscas.
Para manter brasas em condições de futura utilização, cobri-Ias com cinzas e, sobre estas, uma
camada de terra seca.
Lembre-se: Antes de iniciar uma fogueira, devemos separar a isca e o material de sustentação do
fogo (galhos secos maiores). Estes deverão estar bem próximos do local da fogueira e protegidos da
umidade do solo e especialmente da chuva.

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A fogueira para cada utensílio: Se o sobrevivente dispuser de um utensílio em formato de panela,


deve-se colocá-Ia sobre um fogo aceso entre duas carreiras paralelas de pedras.
Se o formato de utensílio for o de uma frigideira, fica melhor que o coloque sobre três pedras
dispostas em triângulo e contra uma quarta, maior, que servirá para proteger o fogo do vento.
Se o sobrevivente dispuser de um bule, deve-se colocar pedras em círculo e uma vara apoiada sobre
uma forquilha menor. Pode-se, também, apóia-Ia a pouca distância de uma fogueira em forma de
pirâmide.
Uma panela, do tipo caçarola, pode ser colocada num galho mais largo, apoiado a uma pedra. A
fogueira será feita com galhos sobrepostos, baixinha.

Água

Pode-se viver até semanas sem alimentos, porém,


sem água, vive-se muito pouco. Especialmente em
regiões quentes, onde se perde grande quantidade de
água do organismo devido à transpiração. Em
condições normais, o corpo necessita de
aproximadamente dois litros de água por dia. Em
situações adversas, a quantidade mínima necessária
é de meio litro por dia.
Numa situação de sobrevivência, deve-se suspender
o fornecimento de água e alimentos nas primeiras 24
horas após o acidente (excetuando-se feridos graves e crianças). Se a provisão de água for mínima e
não houver, em princípio, a possibilidade de aumentar o estoque, é preferível bebê-la na sua
totalidade logo no primeiro dia do que perdê-la pela evaporação.

Muitas vezes, apesar das florestas tropicais serem ricas em cursos de água e do alto índice
pluviométrico, haverá situações em que não será fácil a obtenção de água. Na selva equatorial, a
importância e necessidade constante de água, são ressaltadas, por sofrer o organismo, sudação
excessiva, e com ela haverá eliminação de sais minerais, que quando em excesso, poderá levar à
exaustão. Por isso, é importante, o equilíbrio hídrico no organismo.
O sobrevivente não deverá ingerir álcool, água salgada ou urina, quando não houver água. Isto é
prejudicial ao organismo, além de ser indicativo do início de pânico que, se não for controlado, poderá
levar a morte.
Quando não dispuser de quantidade de água suficiente, deve-se evitar alimentação, expor-se ao sol
e, até mesmo, locomover-se. O ideal é que se tente descansar o máximo possível.

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Os sobreviventes necessitarão de água não apenas para beber, como também para fazer alimentos,
higiene pessoal e, inclusive, para sinalização.

Progressão dos efeitos da privação de água no


organismo humano

CAPTAÇÃO DE ÁGUA
Água de Chuva: Para se recolher a água da chuva,
caso houver, pode-se utilizar recipientes encontrados
na aeronave; na impossibilidade de utilizá-Ios, pode-
se improvisar vasilhas usando bambu (cortar entre os
dois nós) ou mesmo, cavando-se um buraco no chão
e forrando-o com plásticos. Se a aeronave dispuser
de bote, o mesmo poderá ser utilizado, ou o seu toldo.
Quando houver troncos pelos quais a água escorra,
para recolhê-Ia basta interromper o fluxo com um
pano, cipó ou folhagens, canalizando-a para qualquer
vasilhame. Na falta de outro material, as próprias
roupas poderão ser expostas às chuvas e, uma vez
encharcadas e torcidas, a água delas resultante
deverá ser purificada pela fervura
A água da chuva quando coletada diretamente e
armazenada em recipiente limpo não necessita de
purificação antes do consumo.

Corte entre dois nós do bambu para


improvisar uma vasilha de coleta
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Coco: Os cocos verdes são os que possuem maior quantidade de água.


Nota: Além de fonte natural de água, o óleo de coco constitui um bom preventivo contra queimaduras
de sol e pode ainda ser usado para cozinhar. Para obtê-lo, deve-se aquecer sua polpa.

Cipó de Casca Grossa: o cipó de casca grossa ou cipó d‟água é um parasita de coloração marrom-
arroxeada. Ele cresce pendurado entre a galharia das árvores e o solo. Para extrair sua água, basta
cortá-lo, primeiro, na parte superior (o mais alto que possa alcançar) e depois, na parte inferior, para
que o líquido possa fluir. Caso o líquido seja leitoso ou amargo, não deverá ser consumido.

Cacto: alguns cactos do tipo bojudo possuem água em seu interior. Para se extrair a água, deve-se
cortar o topo do cacto, amassar a polpa e sugar a água com um canudo de bambu. Caso o líquido
esteja amargo ou leitoso, não deverá ser consumido.

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Água de Rios e Lagos: a água captada de rios, lagos, pântanos, igarapés e charcos poderá ser
utilizada. Entretanto, deverá ser purificada.

Vegetação Viçosa: a presença de vegetação viçosa e intensamente verde indica presença de


água, que poderá ser obtida cavando-se um buraco de, aproximadamente, um metro de
profundidade ao pé da vegetação, de onde brotará água, que deverá ser purificada.

Vegetais que Armazenam Água: há diversas variedades de vegetais que podem indicar presença
de água em seu interior ou nas proximidades. Entretanto, esta água só poderá ser consumida após
ser purificada. A seguir, alguns exemplos:

 Bambus: por vezes encontramos água no seu interior, identificável pelo barulho ao
sacudi-lo. Para se coletar a água, deve-se fazer um furo na base dos nós.

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Extraindo água do bambú

 Gravatás ou Caraguatás: são plantas da mesma família do abacaxi. Podemos encontrá-


las no solo ou em ramos de árvores. Como suas folhas são resistentes e bem próximas
umas das outras, costumam armazenar apreciável quantidade de água.
Antes de bebê-Ia deve ser coada para reduzir-se a maior parte das impurezas se insetos
aquáticos que ai se depositam
Nota: As raízes dos gravatás são venenosas.

Gravatá

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Embaúba: é uma árvore cujas raízes, bastante ramificadas, armazenam água em suas cavidades.

Embaúba

Outras Fontes de Água:

 Partes Baixas do Terreno: na selva é comum encontrar-se ravinas temporariamente


secas, mas que se transformam em leitos de igarapés na época das chuvas. Para obter
este tipo de água, deve-se cavar próximo aos tufos de plantas verdes e viçosas. Esta
água também deve ser purificada.

 Próximo ao Buriti: espécie de palmeira que existe só onde há água. Quando houver um
buritizal num determinado local, será indicativo de água. Se não houver um igarapé
próximo ao buritizal, basta cavar junto ao mesmo, que a pouca profundidade, obter-se-á
água. O furto é comestível.

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Buriti

Fruto do buriti

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 Trilhas de Animais: quando são identificadas na selva, poderão levar a uma fonte de
água. Procure demarcar o caminho percorrido, para não se perder e, ao recolher a água,
deve-se observar se não há animais escondidos, preparados para atacar suas presas.

Trilha de animal

 Destilador Solar: Para montá-lo, deve-se cavar um buraco de aproximadamente 90


centímetros de diâmetro e 50 cm de profundidade em local ensolarado. Colocar um
recipiente no fundo do buraco. Cobrir a cavidade com um pedaço de plástico fino com
um peso na direção do recipiente, formando um funil. Aguardar a evaporação da água
proveniente da terra. O vapor ficará confinado no buraco. Ao anoitecer, com o
resfriamento do clima, haverá o processo de condensação, ou seja, o vapor se
transformará em água, formando gotículas no lado interno do plástico, que escorrerão
para dentro do recipiente. Para que se tenha acesso à água obtida, sem ter que
desmontar o destilador, pode-se usar qualquer utensílio similar à mangueira do cilindro
de oxigênio, com tamanho suficiente para atingir o interior do recipiente e servir de
canudo para o sobrevivente. O destilador solar é eficaz em áreas abertas onde os raios
solares incidam sobre ele durante a maior parte do dia. A água obtida deverá ser
purificada.

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Destilador solar

Métodos de Purificação da Água:

 Por fervura durante, no mínimo, 1 minuto;

 Pela adição de 8 gotas de tintura de iodo por litro de água. Deve-se aguardar 30 minutos
para consumi-la;

 Pela adição do purificador existente no conjunto de sobrevivência, seguindo a orientação


da bula.

Métodos que têm como inconveniente a alteração do paladar:

 Água oxigenada: deve-se adicionar uma colher de café de água oxigenada de 10


volumes para cada litro de água e aguardar 30 minutos;

 Café: adicionado à água, serve como desinfetante;

 Limão: adicionado à água, pode proteger dos vírus do tifo e da cólera;

 Purificador existente no conjunto de sobrevivência (hipoclarina de cálcio, halazone -


colocar um comprimido em um litro de água, agitar para que dissolva deixar descansar
por 30 minutos);

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Alimento

Verifique as provisões e a quantidade de água de


que dispõe. Calcule, da melhor maneira, o número
de dias que poderá passar antes de ser encontrado
pela equipe de salvamento; divida as provisões em
três partes, separando duas terças partes para a
primeira metade do período calculado, e a última
terça parte para a segunda metade desse mesmo
período.
Se uma parte do grupo, após determinado período
de tempo, for permanecer junto à aeronave e outra
sair em busca de socorro, a cada um que partir será
dado o dobro da ração de alimento da que deverá receber aquele que vai permanecer junto à
aeronave.
Se a ração de água, por sobrevivente, for pequena (menos de 1/2 litro) evite ingerir alimentos
farinhosos, secos e muito condimentados; os melhores alimentos serão os que contêm alto teor de
carboidratos, tais como balas, confeitos, frutas e outros vegetais.
Coma normalmente, não beliscando. Se a ração for pouca faça apenas uma boa alimentação por
dia. Os alimentos cozidos oferecem riscos menores; são mais fáceis de digerir e têm melhor sabor.
Deve-se fazer um racionamento após o pouso, levando-se em conta os alimentos disponíveis
provenientes da aeronave (chá, sal, açúcar, limão, chocolate, leite, lanches etc.) e dos recursos do
meio.

Uma das melhores áreas para o sobrevivente encontrar alimento é a faixa da costa, bem junto ao
mar.
Outros locais onde se poderá encontrar alimento são: as áreas entre uma praia e um recife de coral,
nos mangues, onde os rios se lançam no mar ou desembocam em outro rio maior. Às margens de
um rio, nas grandes poças d‟água situadas mais para dentro, nas margens de lagos, nas orlas das
florestas, nas encostas, nos campos de cultivo abandonado.
Os piores lugares são os altos das montanhas, os espinhaços secos e áreas de floresta contínua e
densa.
Os Requisitos de Energia: Para assegurar a energia, os alimentos deverão conter:
 Proteínas: Principalmente de origem animal, sendo encontradas em carnes, leite, peixes e
ovos. São combustíveis de alto valor, tendo como finalidade conservar e refazer os tecidos
do organismo. A quantidade que o organismo necessita, normalmente, é de noventa
gramas por dia. Se consumir acima desta quantidade, a adicional é transformada em
gorduras e carboidratos, ou é queimada como combustível.
O trabalho intenso não requer maior quantidade de proteína. Havendo pouca água não se
deve ingerir muita proteína.

 Carboidratos: São de origem vegetal, principalmente açúcar, farináceos, cereais e frutas.


Se a quantidade de água for pouca, procure alimentar-se principalmente destes alimentos.

 Lipídios: Podem ser origem vegetal ou animal. Não devem ser consumidos em grandes
quantidades, porque poderá acarretar problemas de intestino ou estomacal. Pequenas
quantidades são necessárias para facilitar o processo digestivo. Podem ser encontrados
na gordura dos animais, nas oliveiras, abacate, nozes, amendoim, etc.

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ALIMENTOS DE ORIGEM VEGETAL: Existem pelo menos 300.000 espécies diferentes de plantas
silvestres no mundo, e grande parte delas pode ser ingerida.
Pouquíssimas plantas silvestres são letais quando ingeridas em pequenas quantidades. Não coma
alimentos estranhos sem primeiro prová-Io, porém, primeiramente cozinhe uma pequena porção do
mesmo. Em seguida, coloque um pouco na boca e mastigue durante cinco minutos. Se o seu
paladar não estranhar, isto é, se não amargar a boca ou causar náuseas, pode comê-Io.
Geralmente todos os alimentos comidos por pássaros, macacos, roedores, com algumas exceções,
também podem servir de alimento para o homem.
Sempre que tiver dúvida se uma planta é comestível ou não, faça a prova, conforme descrito acima;
com exceção dos cogumelos, o veneno dos vegetais torna-se inofensivo, depois de cozido. A maior
parte das espécies de inhame (raízes) é venenosa, quando ingeridas cruas, mas perfeitamente
comestível após o cozimento.
Portanto, numa situação de sobrevivência, deve-se preferir uma sopa de vegetais, pois será menos
perigosa e indigesta, além de manter certo valor nutritivo e poder alimentar muitas pessoas.
Grandes números de brotos vegetais são comestíveis, principalmente os de samambaias. Os
rebentos de todos os brotos vegetais são encaracolados e quase todos são cobertos de fiapos que
lhes dão um gosto amargo. Para prepará-los, deve-se tirar os fiapos, esfregando-os dentro da água,
ferver os brotos durante 10 minutos, trocar a água e ferver por mais 30 a 40 minutos.

Broto de samambaia

Muitas plantas armazenam grande quantidade de amido comestível nas partes que se encontram
sob a terra (fécula de batatas, mandioca, etc).
Siga as seguintes orientações: evite comer:

 Plantas com sumo leitoso, tanto para ingeri-Ias, quanto no contato do sumo com a pele.
Constituem-se exceções, os figos silvestres, o abiu, o sapoti e o mamão, que podem ser
comidos apesar do sumo leitoso.
 Plantas com gosto amargo;
 Plantas que apresentem pelos.

Desta forma, como regra geral, os alimentos vegetais que devem ser evitados são os que fazem
parte do chamado grupo:

CABELUDO, AMARGO e LEITOSO

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Reitera-se que todo alimento silvestre deverá ser cozido para diminuir o risco de intoxicação e
facilitar a digestão. Cozinhar inclusive irá constituir-se num excelente fator terapêutico, que ajudará
a distrair enquanto se espera a equipe de salvamento. Rememore que o cozimento ao fogo elimina
o veneno que existe em todos os vegetais, menos do
cogumelo, que continua ativo mesmo após o cozimento.

TODO ALIMENTO QUE CONTÉM AMIDO DEVE SER INGERIDO


COZIDO, POIS CRU É INDIGESTO.

A palmeira é conhecida como a árvore da providência, pois dela se aproveita tudo: a palha para
construir abrigo, a água e o fruto para alimentação e o tronco fornece palmito, seiva e amido.
Para extrair amido da palmeira, deve-se abrir o tronco pela sua parte mais grossa e retirar o miolo.
Lavar a polpa retirada em água limpa e cozinhar a polpa branca concentrada (amido puro). Deixar
secar e usar como farinha.
O palmito pode ser encontrado entre o topo do tronco (final do caule) e o início das folhas.

Palmeira, a árvore da providência

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Frutas: há em nosso país mais de 250 frutas naturais, sem contar com as cultivadas (uva, mamão,
melão, melancia), as quais podem ser consumidas imediatamente em seu estado natural. Nenhuma
espécie de banana silvestre oferece perigo.
As amoras silvestres, framboesas e morangos, podem ser encontrados em locais altos nos trópicos.

Nozes, castanhas e pinhões: são os mais nutritivos alimentos que a floresta oferece e podem ser
encontrados por toda a parte. No Brasil, o coqueiro e o cajueiro existem praticamente em todas as
regiões. No sul, o pinhão é abundante, já no norte e nordeste, a castanha do Pará predomina.

Grãos e sementes: muitas espécies de grãos rebentam como pipoca quando aquecidos. Pode-se
aquecer os grãos numa vasilha fechada. Para separar a palha, basta friccionar os grãos. Soja e
feijão são importantes fontes de proteína vegetal, sendo a quantidade mínima diária recomendada
de 90 gramas por dia.

Plantas aquáticas: desenvolvem-se em locais úmidos. Espécies venenosas são raras. As que
crescem diretamente na água são alimentos em potencial. Come-se os brotos bem novos (sabor
semelhante ao aspargo); o talo próximo da raiz até certa altura; e quando na floração, o pólen
amarelo.

Açucenas brancas d’água: existem por toda parte. Nas zonas temperadas, apresentam hastes
enormes e flores brancas ou amarelas, que flutuam na superfície da água. Nas zonas tropicais,
produzem raízes tuberosas grandes (parecidas com batata-doce, inhame, mandioca, etc)
comestíveis e flores que flutuam acima d‟água.

Açucena branca

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Casca de árvores: é possível aproveitar, em casos extremos, a casca interna de muitas árvores.
Deve-se evitar as de coloração marrom por serem muito amargas. A parte comestível geralmente é
esbranquiçada e deve ser cozida em várias águas para ser logo consumida ou transformada em
farinha.
Legumes e verduras: consistem em sua maior parte de folhas e vagens. Escolha legumes mais
novos e macios, mas todos devem ser cozidos, principalmente aqueles obtidos dos campos
cultivados.
Sumo de plantas: os que contêm açúcar podem ser desidratados ao ponto de xarope ou calda,
através da fervura lenta durante várias horas.

ALIMENTOS DE ORIGEM ANIMAL: Numa sobrevivência, deve-se ter como premissa básica que
tudo o que anda, voa, nada ou rasteja é uma possível fonte de alimentação. Com poucas exceções,
todos os animais são comestíveis quando recém abatidos.
Os hábitos alimentares da espécie humana são muito variados. Por exemplo: come-se cobra na
China, caracóis na França, piolhos pelos Índios; até mesmo, os bichos de seda, pulgas e escorpiões
são apreciados em alguns lugares, compondo alimentação normal. O alimento natural é o que
proporciona o mais alto teor nutritivo. Tudo o que se arrasta sobre o chão e que anda sobre quatro
patas, que nada e que voa, constitui uma possível fonte de alimento.
Pode-se comer gafanhotos, lagartas sem pelo, larvas e crisálidas de escaravelhos flutuadores de
madeiras, içás e cupins. Todos possuem alto teor de gordura.
Os sobreviventes poderão alimentar-se de peixes, mariscos, ostras, lagostas, macacos, caramujos
grandes, papagaios, tartarugas, lagartos, cobras, pássaros e seus ovos, antas, roedores, capivaras,
tamanduás, tatus, pacas, veados, porcos do mato, entre outros animais.
Não se deve comer animais encontrados mortos. Os peixes constituem uma excelente fonte de
proteínas, vitamina D e sais minerais, principalmente o sódio. É muito perigoso comer peixes
deteriorados, que apresentam as seguintes características: olhos esbugalhados e enterrados,
guelras viscosas, aparecimentos de mossas quando se comprime a carne, cheiro muito forte,
desprendimento rápido e nítido da espinha da carne e paredes abdominais moles e polpudas.

NÃO SE DEVE ESQUECER QUE, EM SOBREVIVÊNCIA, A FOME


SOBREPUJA A REPUGNÂNCIA.

Caça: ao caçar, é necessário agir com cautela, pois a maior parte dos animais que vivem na selva é
de difícil captura. O melhor método é a „caça de espera‟, em um ponto onde os animais costumam
passar (trilha que leva à fonte de água, toca, etc). Ao caçar, esconda-se, de forma que o vento
sopre do local, ou da trilha para você e não ao contrário (de você para a trilha), de forma que o
animal não o fareje, e espere que a caça se aproxime. Caso a caça mova a cabeça para olhar em
sua direção, fique totalmente imóvel. Depois de abatida, a caça deverá ser esfolada.
Para retirar a pele da caça procede-se da seguinte maneira:
 Pendura-se a caça pelos posteriores, abrindo-os;
 Faz-se um corte transversal na parte mais alta dos mesmos, abaixo dos joelhos e outra
longitudinal até as entre-pernas;
 Com a ponta da faca inicia-se o esfolamento, separando a pele do músculo de uma fina
camada de gordura, ali existente; e depois, procede-se com os demais membros da mesma
forma.

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Há alguns animais, como os macacos, que permitem ser descamisados pela simples tração, depois
de ter se feito as incisões transversais e longitudinais, o couro vai destacando-se dos músculos.
Depois de esfolado e descamisado, abre-se o animal pela linha do peito (linha branca) para que se
faça a evisceração. Deve se ter cuidado ao abrir o animal para que a bexiga e/ou fel não se rompam
e se espalhem pela carne. Tenha cuidado também ao remover as glândulas subaxilares, anteriores,
posteriores e subcaudais, odoríferas, de alguns animais, quando estes as tiverem, como, por
exemplo, no caso da cotia. Para isso coloca-se aponta da faca protegida pelo indicador e
tracionando-se para frente e para trás, o animal estará aberto sem se correr o risco de perfurar a
bexiga ou a vesícula biliar. Não se deve utilizar nos grandes animais, nenhuma parte das vísceras.
Depois que for eviscerado e lavado, o animal estará pronto para ser preparado; sua pele poderá ser
aproveitada para fazer abrigo, agasalho, para colher água, para isso deverá ser colocada para secar
ao sol. As carnes para serem consumidas, deverão estar bem cozidas para evitar o perigo da
transmissão da toxoplasmose. A melhor maneira é cortá-Ias é faze-Ias em pedaços pequenos.
A carne da caça deverá ser fervida por pelo menos 2 a 3 minutos, podendo-se assar ou moquear
envolvendo em uma camada de barro ou folhas de bananeira para não queimar o alimento. Lembrar
que coração, fígado e rins, possuem maior quantidade de vitaminas.

Se for aproveitado o sangue, este não deverá ser consumido ao natural, devido à possibilidade de
se transmitir toxoplasmose. Poderá ser fervido e utilizado como tempero e complemento calórico,
(para tal deverá estar completamente desidratado).

Nunca despreze os passarinhos e seus ovos, nem os dos quelônios. Toda espécie de ovo de
passarinho é boa para comer, mesmo os que contenham embrião, desde que frescos. Para caçá-
Ios, pode-se usar a atiradeira (estilingue). As aves grandes como mutum, jacu, jacamim, uru e
inhambu, poderão ser caçadas por arapucas. Serão encontradas normalmente nas árvores
frutíferas próximas das águas. Seus ninhos poderão fornecer ovos comestíveis.
Os OVOS poderão ser conservados para posterior consumo; para tal deve-se cozinhá-Ios em água
e guardados na salmoura, ou então, após cozidos, esfarelados e postos ao sol para uma melhor
desidratação. Desta forma durarão aproximadamente 30 dias.
Pode-se também comer rã (exceto a cabeça); Existirão de todos os tamanhos. À noite, na beira das
águas poderão ser pegas com as mãos, após focá-Ias com lanternas; De dia, com um caniço fino,
espetando-as.

Não coma sapos!

As diferenças entre o sapo e rã, são:

Sapo:

 Hábitat: prefere viver em terra firme;


 Tamanho: de 2 a 25 centímetros;
 Tem aparência estranha, pele rugosa e cheia de verrugas. Suas pernas curtas fazem com
que dê pulos limitados e desajeitados. Graças a glândulas na região dorsal, o sapo libera
veneno que pode irritar nossos olhos e as mucosas. Mas a peçonha só pode ser expelida
se o animal sofrer uma pressão externa, como ser pisado.

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Rã:

 Hábitat: mora principalmente em lagoas;


 Tamanho: de 9,8 milímetros a 30 centímetros;
 Se o sapo assusta pelo veneno, a rã é considerada um prato sofisticado em muitos países.
Ela tem a pele lisa e brilhante. Suas pernas são longas e correspondem a mais da metade
do tamanho do animal. As patas traseiras podem ser dotadas de membranas que ajudam a
rã a nadar.

Sapo

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Cobras, com exceções da do mar, antes deverão ser esfoladas. A pele, couro, a cabeça e as
vísceras (tripas) devem ser jogadas fora. Para pegá-Ias deve-se usar uma vara comprida com
forquilha na ponta, com a qual se prenderá o "pescoço da cobra", matando-a em seguida com uma
pancada na cabeça, de preferência.
Poderão ser comidos lagartos, que poderão ser laçados ou fisgados com vara. Não devem ser
comidos lagartos que estejam doentes.
Dos lagartos e jacarés, a carne mais indicada para o consumo é da cauda.
Tartarugas, sendo que destas, as melhores partes são as patas, pescoço e rabo e a que fica entre a
carapaça grande e o ventre. Os ovos de tartaruga podem ser cozidos ou assados; a clara
permanece mole; parecem com bolas de pingue-pongue emborrachadas. Vivem na água, mas
costumam vir a terra, quando então serão presas fáceis. Pegadas que forem, deverão ser viradas
de pernas para o ar, em lugares onde não haja pontos de apoio que permitam que se desvirem por
si. Será necessário, apenas ter cuidado com a boca e as garras do animal.
Quando elas fugirem para a água, irão esconder-se pousando na areia do fundo; neste momento,
poderão ser fisgadas ou arpoadas. Até com anzol, tendo como isca pedaços de palmito, poderão
ser pegas.
Há várias espécies de tartarugas, tais como tracajá que é encontrada em grandes rios e lagos, e o
jabuti. O jabuti, conhecido como "a tartaruga do seco" gosta de todo tipo de frutas, além de comer
ervas e carnes. Costuma viver em troncos ocos de árvore caída. Para pegá-Io basta fazer fogo em
uma das bocas do tronco, ou fustiga-Io com uma vara comprida.
Não morde, nem arranha. Podem ser levados inteiros ao fogo. Convém bater com um facão nas
laterais da carapaça ventral, e, rompendo-a, pode-se eviscera-Io. Pode-se aproveitar o casco para
ser usado como vasilha.

Tracajá

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Jabutí

O tatu pode ser encontrado em suas tocas, que são profundas, prefere sair à noite para a procura
de alimentos. Sua proteção é a carapaça óssea, que o envolve desde a cabeça até a própria cauda.
O tamanduá alimenta-se de formiga, cupins e ovos de aves, de frutos, folhas e seivas. Não é
agressivo; quando ameaçado, defende-se com as garras ou foge.

Tatú

A capivara é O maior roedor conhecido no mundo, chegando a medir um metro e vinte de


comprimento por sessenta centímetros de altura, pesando até 80 quilos. Possui pelos sedosos,
cabeça alongada, crânio achatado e orelhas pequenas. Sua carne é saborosa, embora seja um
pouco gordurosa. Vive próximo à água e prefere alimentar-se à noite.

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Capivara

A cotia é um roedor de corpo grosso, sem cauda, pelos ásperos, pardos, amarelos e negros. Vive
nas matas, em tocas entre raízes das árvores; têm hábitos diurnos; alimenta-se de frutos e
sementes; sua carne é muito saborosa.

Cotia

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A paca, roedor de pelos marrom-chocolate ou marrom-avermelhado, com manchas brancas; têm


hábitos noturnos, passa o dia dormindo na toca; alimenta-se de frutas e raízes; carne apreciada e
seu couro também pode ser aproveitado.

Paca

A anta é o maior mamífero terrestre das florestas brasileiras, podendo chegar a ter 2 metros de
comprimento por 1,10 de altura e peso de até 300 quilos. Seu corpo é maciço e a cabeça grande,
volumosa e triangular, quando de perfil; orelhas grandes, olhos pequenos, pescoço curto e o focinho
em forma de pequena tromba móvel. Possui pelo cinza-escuro; pode ser encontrada geralmente
nos barreiros; Sua carne é boa.

Anta

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O veado é muito veloz e tímido; alimenta-se de frutos e leguminosas; sua cor é castanho ferrugem;
Sua carne é bastante apreciada.
O caititu é uma espécie de porco do mato; tem cauda curta, pernas delgadas e cerdas rijas de cor
cinza-escuro com salpicos brancos. Possui uma espécie de coleira esbranquiçada no pescoço, do
peito às costas; não é muito agressivo.

Catitú
Entre animais carnívoros pode-se encontrar a jaguatirica, que tem a cor amarelada, com muitas
manchas arredondadas; vive nas matas, nada bem e trepa com facilidade nas árvores; alimenta-
sede aves e mamíferos.

Jaguatirica

Entre os carnívoros há ainda a suçuarana, o cachorro do mato, o jupará, a lontra, e o quati.

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Suçuarana Cachorro do mato

Jupará Lontra

Quati

Entre os primatas encontram-se os macacos: prego, cairara, barrigudo, guariba, cuatá, mico-de-
cheiro, entre outros.

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Há ainda o gambá, que é um marsupial noturno que se alimenta de frutos, vermes e larvas. Carne
saborosa, depois de retirada a glândula fétida, sua carne poderá ser consumida, sendo tenra e
saborosa.
Esta glândula é como um “sebinho” localizado sob a pele das axilas.

Gambá ou mucura

Pássaros, lebres e coelhos entram em decomposição rapidamente, por isso, sua carne deve ser
limpa sem muita demora. Os papagaios, gralhas e mexilhões ficam com carne macia, após serem
cozidas.

Armadilhas de Caça: a caça pode ser efetuada usando-se laços, arapucas e estilingues.
Deve-se procurar fazer armadilhas que sejam mais fáceis de construir; depois de prontas, colocá-las
nas trilhas onde as mesmas se estreitem. Para garantir que a caça vá passar por elas, deve-se
colocar obstáculos de forma que a caça, obrigatoriamente, siga pelo caminho desejado, entretanto,
deve-se manter o local o mais parecido possível com o que estava, para que a caça não estranhe.
Não urine próximo ao local da armadilha.
A maior parte dos animais de sangue quente e com pêlos, é cauteloso e difícil de pegar. Para caçá-
Ios é preciso habilidade e paciência. O melhor método para o principiante é a caça de espera, que
deve ser um uma trilha que leva a um lugar onde matam a sede ou onde costumam pastar, devendo
observar, reitera-se a direção do vento, que deverá levar ao caçador o cheiro da caça, e não o
contrário.
Pode-se identificar as trilhas de animais pelos excrementos e vegetações pisoteadas. As armadilhas
devem ser colocadas nas trilhas.
Quando estiver armando as armadilhas, ficar atento à aproximação das caças, que, normalmente,
as percorrem. As armadilhas para pequenos pássaros e roedores devem ser armadas pela tardinha
e recolhidas, pela manhã.
A caça deverá ser encontrada com maior facilidade próximo à água ou nas clareiras.
Muitas espécies de animais vivem em buracos, nos ocos das árvores ou no chão. No caso dos que
vivem em buracos, para pegá-Ios deve-se tampar todos eles, menos um que deve ser remexido
com uma vara comprida e flexível, ou enchido de água, para forçar a saída do animal; quando ele
sair, deve-se dar uma pancada forte na cabeça.
Os tipos de armadilhas que podem ser usados são:

 Nó corrediço: Esse tipo de armadilha prende e eleva a presa bem alto. Faz-se um nó
corrediço ligado a uma árvore bastante flexível. Coloca-se um laço entre dois outros
arbustos. Quando o animal passar, seu tamanho fará com que force o laço, que deslocará
o nó, que por ser corrediço, sai de onde está preso; e, a árvore que se encontrava
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flexionada, volta à posição normal, levando o animal preso no laço, esta armadilha não
necessita de isca, nem que fique alguém tomando conta, e, tem a vantagem de manter a
presa fora do alcance de outros animais.

 Laço: Para capturar animais maiores, pode-se usar armadilha em forma de laço. Amarra-
se um tipo de cipó resistente à uma árvore flexível, e, coloca-se um laço no chão, na trilha
que o animal vai passar. Quando o animal passar pelo laço ficará preso no mesmo.

 Atiradeira (estilingue): Para fazer atiradeira, usar borracha das câmaras de ar e colocá-
Ia em galhos, que tenham forma de forquilha. Pode-se caçar pequenos animais com ela.

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 Arapuca: É de fácil construção. Utiliza-se galhos que são colocados um apoiando outro
(sobrepondo-se), formando um quadrado; é sustentada por um pequeno galho, que a
mantém em pé; a arapuca cai quando um animal vai comer a isca que foi colocada sob a
arapuca. Quando o animal aí entra, ao bater no galho de sustentação, a arapuca cai e ele
fica preso.
Serve para pegar pequenos animais e aves.

Insetos: Alguns insetos, entre eles as formigas e os besouros, podem deixar suas larvas (tapurú)
dentro de coquinhos e frutas. Essas larvas poderão ser consumidas e possuem alto teor vitamínico.
O tapurú deve ser ingerido preferencialmente vivo, pois quando morto deteriora-se rapidamente.

Tapurú

As formigas poderão ser consumidas assadas ou fritas e têm alto valor nutritivo.

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Pesca:
A melhor hora para pescar é bem cedo ou no final da tarde.
Na água doce, geralmente, o melhor lugar para pescar é em locais onde a profundidade é maior.
Durante o dia os peixes costumam procurar abrigo junto aos obstáculos naturais (pedras e plantas
aquáticas).
Os peixes de mar deslocam-se em grandes cardumes e costumam aproximar-se da costa quando a
maré enche.
Muitas vezes as aves aquáticas podem ser bons guias para localizarmos cardumes.
Além de peixes, podemos encontrar ostras, mariscos e mexilhões presos nos ramos mais baixos
das árvores dos mangues.
Encontraremos também caranguejos entre os ramos e raízes ou andando sobre o lodo. Os siris são
fáceis de apanhar em água rasa.
Em circunstância alguma, deve-se examinar medusas, águas-vivas, caravelas ou anêmonas
urticantes.

Medusas, caravelas e similares não devem ser tocadas

Um monte de conchas vazias de ostras perto de um poço de água, na rocha, poderá significar a
presença de um polvo. À noite, os polvos vão para onde a água é mais rasa, na procura de lagostas
e crustáceos.
Tome cuidado com os alimentos marinhos deteriorados. O peixe estragado apresenta as guelras
viscosas, olhos afundados, e a carne ou pele, excessivamente mole, como se desmanchando e
exala cheiro bem desagradável. Comprimindo a carne do peixe com o dedo, ao retirá-lo, fica uma
mossa na carne; este estará estragado.
Os peixes dos rios não devem ser comidos crus ou defumados, devido a grande quantidade de
vermes que possuem.
Não se deve comer mariscos, mexilhões encontrados mortos nem que estejam presos a cascos de
navios ou qualquer objeto metálico, porque podem provocar intoxicação violenta,e, que pode levar à
morte.
Uma forma de conservar os peixes vivos, e, tendo-se assim, alimento sempre fresco, é fazer um
cercado numa parte rasa de um rio ou lagoa.
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Como fazer anzóis: Se não tiver anzóis, improvise-os a partir de distintivos, alfinetes, ossos ou
madeira dura. Se não dispuser de linhas, poderá improvisá-las com fios elétricos, arames, linhas de
roupas ou cadarços de calçados.

Torcendo fibras de casca de árvore ou de tecido, pode fabricar-se uma linha resistente. Ao usar
fibras de árvore ou de trepadeira, dê nós nas extremidades e ate-as a uma base sólida. Segure um
cordão em cada mão e torça-os no sentido do movimento dos ponteiros do relógio, cruzando um
sobre o outro segundo o sentido contrário ao do movimento dos ponteiros do relógio. Acrescente
fibras na medida do necessário para aumentar o comprimento da linha. Se houver cordões de pára-
quedas, use-os para pescar peixe graúdo. Os pregos podem ser convertidos em anzóis. Por vezes,
o equipamento mais sofisticado e as iscas mais adequadas não apanham peixe. Não desista; tente
de novo mais tarde.

Como iscas, também poderão ser usados insetos, carnes e vísceras de quaisquer animais. Iscas
artificiais poderão ser confeccionadas com pedaços de panos coloridos ou fragmentos de algum
metal brilhante.
A zagaia é um sistema prático para pescar à noite, com lanterna ou archote. Para confeccioná-la,
utilizam-se partes metálicas da aeronave ou varas pontiagudas (bambu). Pode-se confeccionar,
também, um curral de peixes.

Preparação do Alimento de origem animal: Antes de consumir aves, deve-se retirar suas penas
logo após o abate. Para tanto, pode-se utilizar o processo caseiro (água quente). Das vísceras da
ave, aproveita-se o coração, o fígado e os rins, que podem, inclusive, ser ingeridos crus.
Uma vez abatida uma caça, deve-se proceder a esfola (retirada do couro). Após a esfola, abre-se
o animal pela linha do peito, tendo o cuidado de não perfurar a bexiga ou a vesícula biliar.
Todos os ofídios (cobras e serpentes), venenosos ou não, poderão ser ingeridos, com exceção da
cobra d‟água. Entretanto, no preparo de cobras venenosas, ou na dúvida, deve-se desprezar um
palmo a partir das extremidades, pois perto da cabeça encontram-se as glândulas venenosas e a
cauda normalmente é muito fina e sem carne.

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Os peixes devem ser sangrados sem perda de tempo, o que é feito cortando-lhe as guelras e os
grandes vasos sanguíneos localizados à espinha. Devem a seguir, ser descamados na direção da
cauda para a cabeça, isto é, no sentido contrário ao das escamas.
Mariscos, ostras, mexilhões e lagostas devem ser deixados de molho em água pura, durante a
noite. Assim, limpar-se-ão por si mesmos.
Todo peixe de água doce, mariscos e outros crustáceos devem ser bem cozidos. Nunca coma os
peixes de água doce crus ou defumados, porque estão com freqüência com parasitas, que podem
ser transmitidos ao homem, caso a carne não tenha sido suficientemente cozida.
Para escamar pequenos peixes, deve-se colocá-Ios primeiramente numa vasilha com água
fervendo e deixar por alguns segundos, depois, é só retirar as escamas com a faca, que sairão
facilmente.

Se quiser fazer o peixe inteiro deve-se:


1- Tirar as escamas com uma faca;
2- Abrir-se o peixe, pela barriga, da cauda até a guelra;
3- Cortar as guelras;
4- Limpar a parte interna do peixe retirando as vísceras;
5- Lavar bem o peixe, interna e externamente.

Se preferir comê-Io em filés, deve-se proceder da seguinte maneira:


1- Segurar o peixe pela cabeça e fazer um corte abaixo das guelras até à espinha dorsal;
2- Cortar acompanhando a espinha dorsal;
3- Separar o filé da espinha, cortando-o; para se retirar a pele, deve-se segurar pela cauda,
cortando entre a carne e a pele

A carne do tubarão é comestível, mas tem que ser primeiramente cortada em pequenos pedaços e
deixada de molho por uma noite, ou então fervida em várias águas para serem removidas as
substâncias nocivas, principalmente a amônia. A carne do tubarão não é nociva, mas seu sabor,
devido à amônia confere-lhe um gosto muito desagradável.
Peixes fluviais perigosos: Existem algumas espécies de peixes dos rios brasileiros, que
merecem um especial cuidado.

a) Bagres ou mandis:
A arma desses peixes é constituída por três ferrões nas nadadeiras peitoral e dorsal. A
aguilhoada é muito dolorosa ocasionando inflamação, e, às vezes, febre.
O tratamento é usar tintura mertiolate; na ausência, fure os olhos do peixe e deixe cair o
líquido sobre.a região afetada. São ótimos para alimentação.

Bagre ou Mandi

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b) Piranhas: branca/ preta/ vermelha (ou acaju)


É um peixe carnívoro, muito comum no Brasil; é considerado o peixe mais perigoso que
existe; vive em cardume. É mais perigoso nos poços pouco movimentados dos rios, nas
águas paradas de lagoas, canais e brejos. Nos rios e riachos de água corrente, geralmente,
não oferecem perigo.
A mais voraz é a vermelha ou acaju; depois da acaju, em grau de voracidade,vem a preta,
e, sendo a branca,a menos voraz.
Embora extremamente perigosa, sua carne é muito saborosa, embora tenha muitas
espinhas.

Piranha

c) Arraias-de-rio
Também chamadas de arara, pintada ou preta. São peixes cartilaginosos que possuem o
corpo comprimido de cima para baixo, com uma cauda muito delgada e armada de um
ferrão bifarpeado, em forma de punhal. Quando penetra na pele, não sai sem arrancar
pedaços de carne. A ferida é de difícil cura, pela irregularidade do corte, e porque o ferrão
deixa dentro um produto viscoso que coopera para inflamar a ferida. A arraia pode ser
encontrada às margens de rios, cobrindo-se de lama ou areia. A arraia está sempre
preparada para atacar. Se alguém inadvertidamente a pisa, ela dá um golpe certeiro,
enfiando seu esporão à altura dos tornozelos, e, ao mesmo tempo inocula a peçonha
profundamente. Devido ao formato de serra do ferrão, este rasga e dilacera o local atingido.
A dor é extremamente forte devido à inflamação que sobrevém; pode ocorrer também,
taquicardia acentuada. São mais encontradas nos rios; Amazonas, Paraguai, Araguaia,
Branco e Tocantins.

Ao caminhar próximo à beira d‟água providencie uma vara de modo a ir verificando se o


caminho a frente encontra-se livre de arraias sob a areia.

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Arraia de rio

d) Baiacú
Seu tamanho varia entre 10 e 15 cm. Tem pele flácida e é guarnecido por pequenos acúleos
(espinhos), pequenas manchas escuras, em número de quatro; boca pequena. A parte
inferior do ventre é também, ligeiramente áspera.
Além de serem perigosos, devido aos espinhos, são extremamente venenosos, devido às
glândulas secretoras de veneno que possui ao longo da pele, nas vísceras (fígado, vesícula
biliar) e nos órgãos genitais.
O baiacú do mar quando retirado da água ou quando se sente ameaçado, incha de tal
maneira que fica parecendo uma bola.
Sabendo-se preparar o baiacú, ele pode ser comido, entretanto, é necessário ter-se muito
conhecimento para fazê-Io, uma vez que, seu veneno pode levar à morte. Desta forma,
deve-se evitar o seu consumo. Os baiacus podem ser encontrados na Bacia Amazônica.
Outros peixes cuja boca tem o formato semelhante ao de bico de papagaio também devem
ser evitados por serem venenosos.

Baiacú

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Baiacú quando ameaçado

e) Poraquê ou peixe elétrico


Habitam a região do Amazonas, Pará e Mato Grosso. É preciso ter muito cuidado com ele,
pois o efeito produzido pelo contato com esse peixe é igual ao de uma descarga elétrica,
relativamente acentuada; a intensidade desta descarga dependerá do tamanho do peixe,
quanto maior, mais intensa será; não se vê nenhuma centelha saindo do seu corpo, por
mais forte que seja a descarga.
Estas descargas são ocasionadas devido a duas faixas gelatinosas ácidas, dispostas na
parte posterior e inferior do corpo onde a carga elétrica é armazenada. Quando se sente
ameaçado ou localiza sua caça, emite ondas elétricas que, ao se chocarem com a vítima,
são repelidas e vêm impressionar o seu órgão receptor. É uma arma de defesa, voluntária.
Normalmente, a quantidade de ondas elétricas emitidas, visa matar a caça. O poraquê pode
medir, em média, 2 metros de comprimento, tendo, aproximadamente, vinte centímetros de
diâmetro.

Poraquê
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f) Candirus
A maior particularidade dele é penetrar, com incrível facilidade, pela uretra ou ânus das
pessoas que se banham nos rios onde eles habitam, principalmente, nos rios da Amazônia
e do Pará. Evite tomar banhos sem calções nos rios. Há dois tipos: o candiru de papo
vermelho e o de papo branco. Seu tipo físico, assemelha-se a um pequeno bagrinho, de 3
cm de comprimento por 0,5 cm de largura. Os candirus são atraídos pelo cheiro da urina;
ele penetra na uretra ou no ânus em busca de sangue, uma vez que são hematófagos.
Seus dentes são adequados para retirar o sangue das vítimas.
Podem ser encontrados no orifício anal de peixes grandes, tais como o pacu, surubim, entre
outros; quando percebem um animal ferido, nas margens dos rios, atacam e descamam. É
extremamente temido entre os caboclos, que evitam tomar banho sem calções e, mesmo
urinar na água. São tidos como a maldição dos rios.

Candirú (do tamanho de um palito de fósforo)

g) Pirarara
Pode ser encontrado na Bacia Amazônica; tem aproximadamente 1,25 m de comprimento,
sendo muito parecido com um bagre. Tem dorso escuro, uma faixa amarela ao longo da
linha lateral, com duas séries de pigmentos amarelo-ouro; cabeça e parte anterior do dorso
revestidas de uma couraça amarela. A gordura desses peixes tem a característica de mudar
a cor das penas das aves, sendo usada pelos índios, para mudar as penas verdes dos
papagaios em vermelhas. Não se deve comer esses peixes. Apesar de não ser venenoso, a
pessoa que o come, fica com a pele totalmente amarelada. É um animal necrófilo; ataca as
vítimas levando-as para o fundo dos rios, onde deixa apodrecer, para alimentar-se.
Deve-se ter um cuidado especial com ele, porque costuma perseguir os banhistas,
agarrando os calcanhares, e arrancando grandes pedaços com a boca, que é bem grande e
cheia de dentes serrilhados.

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Pirarara

Preparo do alimento:

Assar: O processo de assar pelo "forno de chão", que é um buraco de tamanho adequado,
aberto no chão seco, que pode ser forrado com pedras e aquecido por pequena, mas
intensa fogueira. Uma vez bem aquecido, são retirados os carvões quase extintos,
colocando no "forno" o alimento a preparar, e logo hermeticamente fechado por meio de
galhos cruzados cobertos de folhas largas, sobre as quais se coloca terra seca ou areia. É
mais vagaroso do que a fogueira ao ar livre, mas exige menos atenção ao trabalho culinário
e protege o alimento em preparação das moscas e outras pragas.

Alimento Terra

Cinzas Folhas

Pedras Galhos

Forno de chão

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Moquear: Método dos índios que consiste em armar sobre uma fogueira uma grade de
madeira verde (bambu), distando mais ou menos 50 cm do fogo.
A carne ou os peixes são colocados sobre a grade, e o fogo à medida que assa os
alimentos, os seca.

Fogão de moquear ou Moquém

Para assar, você pode envolver peixes, batata, mariscos de água doce e muitos outros
alimentos de regular tamanho em uma camada de barro ou de argila e, em seguida, assá-
los diretamente nas chamas ou sobre as brasas de uma fogueira. Deste modo, diminui-se o
perigo de queimar o alimento.

Cozimento indireto sob o fogo: Alimentos de dimensões pequenas, como ovos de


pequenos pássaros, caramujos de água doce e mariscos em geral poderão ser cozidos em
regular quantidade, em uma escavação debaixo do fogo.
Abrir um buraco raso, forrando o mesmo com folhas de plantas ou então envolver o
alimento nas folhas, antes de colocá-lo no fundo do buraco.
Cobrir o buraco com uma camada de areia ou terra, de 1 cm de espessura, e acender o
fogo bem em cima dessa camada. Aguardar o tempo necessário e recolher o alimento
cozido.

Cozimento por meio de pedras aquecidas: Aquecer várias pedras dentro de uma
fogueira, e deixe-os ficar até desaparecerem as chamas e restarem brasas. Coloque os
mariscos (ou alimentos congêneres) de água doce, sem retirá-las das conchas, sobre e
entre as pedras aquecidas e cubra tudo com folhas de plantas, capim, e também com uma
camada de areia ou terra seca. Depois de bem cozidas em seu próprio sumo, mariscos,

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ostras e mexilhões apresentarão as suas conchas abertas, podendo ser comidos sem
qualquer outra preparação.

Fervura por meio de pedras quentes: Faça um buraco no chão, forrando-o com lona, e
colocando dentro água e o alimento. Colocar aí pedras bem aquecidas, até a água ferver.
Cubra esta vasilha com folhas grandes pelo período de uma hora mais ou menos.

Fogão de Assar: São duas forquilhas, colocadas uma de cada lado, que sustentarão o espeto (que
pode ser um galho) com a caça ou recipiente.

Fogão de assar

Outras sugestões

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Temperos: No momento de se cozinhar, a ausência de temperos poderá ser um problema.


Entretanto, a moela das aves, após picada e fervida até a evaporação da água, deixa algumas
vezes um pequeno resíduo com certo teor de sal.
O sangue, após ser fervido até secar, também fornece uma pequena quantidade de sal.

Preparo de vasilhas: As juntas (nós) do bambu constituem boas vasilhas. Aqueça-os até
carbonizarem parcialmente.
Guardando sobras de alimento: Guarde em pacotes separados. Envolva frutas quando moles, em
folhas ou em musgo para mantê-las intactas. Os mariscos devem carregados ser envoltos em erva
marinha molhada. Os peixes depois de limpos são amarrados e presos a uma vara. Os peixes que
sobrarem podem ser secados sobre o fogo com fumaça ou sol. Se tiver água do mar disponível,
jogue-a sobre o peixe para salgá-lo. Não guarde alimento marinho a não ser que esteja bem
salgado e seco. Manter a carne que estiver secando coberta com folhas devido às moscas
varejeiras. Caso se acumule mofo sobre a carne, raspe-o fora ou lave em água antes de comê-la.
Para conservar o alimento cozido ou moqueado, torne a cozê-lo levemente uma vez ao dia,
especialmente no tempo de calor.
Um esconderijo ou qualquer local onde os alimentos e os abastecimentos podem ser protegidos ou
escondidos deve ser usado para guardar peixe e carne. Para construir um simples esconderijo para
alimentos, estenda uma corda entre duas árvores. Lance uma segunda corda sobre a primeira, ate
uma das extremidades da corda aos alimentos ou carcaça e suspenda-a a uma distância segura do
solo. Escore a outra extremidade da corda a uma estaca ou a uma árvore.

Quando houver pouca água, evitar alimentos farinhosos: secos ou condimentados. Se parte do
grupo sair para procurar socorro, estes deverão levar 2/3 das provisões existentes; o outro 1/3
ficará com aqueles que permanecerem no local do acidente.

Quem vai leva 2/3 das provisões Quem permanece fica com 1/3

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Conservação da saúde

Para minimizar os riscos de uma permanência na selva, deve-se observar certos cuidados, em
relação à higiene, ao vestuário e a animais que possam causar danos aos sobreviventes.

Higiene: A proteção contra a doença e a indisposição exige a prática de hábitos muito simples que
podem designar-se, genericamente, por boa higiene pessoal. A imunização costuma ajudar-nos a
proteger contra algumas das doenças mais graves a que podemos estar expostos - varíola, febre
tifóide, tétano, tifo, difteria, cólera e febre-amarela. Não costuma proteger contra doenças bastante
mais comuns, tais como a diarréia, as constipações e a malária. Os únicos processos de prevenir
estas doenças são manutenção da boa forma física e impedir que os germens das doenças
penetrem no corpo. A aplicação das regras que se seguem permitir-lhe-á manter-se em forma
durante muito tempo.
Mantenha-se limpo! A limpeza do corpo é a primeira defesa contra as doenças provocadas por
germens. O ideal é um banho diário com água quente e sabão. Se isto for impossível, mantenha as
mãos tão limpas quanto possível, limpe as unhas e lave o rosto, as axilas, as virilhas e os pés, pelo
menos uma vez por dia.
Mantenha a roupa, especialmente a interior e as meias, tão limpa e seca quanto possível. Se for
impossível a lavagem da roupa, sacuda-a e exponha-a ao sol e ao ar todos os dias.
Lave os dentes com regularidade. O sabão ou o sal de mesa e o bicarbonato de sódio são bons
substitutos da pasta dental. Um pequeno graveto verde, mastigado até ficar polpudo numa das
extremidades, servirá como escova de dentes. Outro método consiste em esfregar com um dedo
lavado. Este método também permite massagear as gengivas. Depois de comer, enxágüe a boca
com água potável, se houver.
Previna-se contra as doenças intestinais:
A diarréia comum, a intoxicação alimentar e outras doenças intestinais são as doenças mais
comuns e, muitas vezes, as mais graves contra as quais nos temos de proteger. São provocadas
pela ingestão de alimentos, água e outras bebidas contaminadas.
Para prevenir estas doenças:
1. Mantenha o corpo limpo, em particular as mãos. Não meta os dedos na boca. Evite mexer
com as mãos na comida;
2. Assegure-se da potabilidade da água para beber, usando os métodos de purificação;
3. Lave e descasque as frutas;
4. Após a preparação, não conserve os alimentos durante longos períodos.
5. Esterilize os utensílios com que come, de preferência fervendo-os.
6. Mantenha os alimentos e as bebidas protegidas dos insetos e de outros germens.
7. Mantenha o acampamento limpo. Adote medidas rigorosas para se desfazer dos dejetos
humanos e do lixo.

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Fossa de Detritos: O lixo nunca deverá ser acumulado no acampamento a fim de se evitar atrair
roedores, que trarão atrás de si as indesejáveis serpentes, além é lógico de atrair insetos.
O lixo do acampamento deverá ser jogado dentro de uma fossa aberta cerca de 700 metros do
acampamento e da fonte de água. Os detritos deverão ser cobertos com terra.

Fossa de Dejetos ou Latrina: O local da latrina também deve ser organizado. Deverá ser distante
do acampamento e da fonte de água. É importante que seja em um local reservado e o mais
confortável possível. Havendo recursos naturais disponíveis, tais como bambus ou outro tipo de
vegetação farta providencie uma tapadeira de modo a prover um mínimo de privacidade.
Um modo de assegurar um pouco mais de conforto também é determinar um meio de sinalizar à
distância que a latrina está ocupada, evitando-se assim situações constrangedoras. Uma maneira
de fazê-lo é providenciar um pano de cor viva que será pendurado no caminho que leva à latrina
quando esta estiver em uso.
Deve-se marcar o caminho que leva à latrina para os sobreviventes não se perderem. Caso não
seja possível ter uma latrina, os dejetos deverão ser sempre cobertos com terra.

Manter o acampamento arrumado: Para manter seu acampamento arrumado, faça a operação
"cabides campestres" que lhe permitirá ter tudo ao alcance das mãos. Utilize galhos bem fixos no
solo, que tenham certa resistência e não estejam secos demais para fazer os cabides.

Vestuário:
Cuide muito bem de sua roupa e mantenha-se vestido da forma mais completa possível, pois isso
será muito importante para proteger seu corpo de insetos, arranhões, sol e frio. Mantê-la limpa e em
condições de uso é primordial. Procure conservá-la sempre seca.
Os sobreviventes devem trazer consigo, na hora da evacuação da aeronave, seus agasalhos, pois
serão necessários à proteção contra o frio.
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Deverão estar sempre totalmente vestidos, inclusive, as mãos, pernas, cabeça e rosto protegendo
assim, do sol, dos insetos e dos espinhos. Um pano que recobre a cabeça é bastante útil e deverá
ser constantemente molhado, para ajudar a refrescar nas horas mais quentes do dia.
Deve-se, desta forma, usar o máximo de roupa possível, para assim estar protegido de mosquitos e
demais insetos transmissores de doenças, tais como a malária. Também das queimaduras do sol, e
do frio, dos arranhões causados por espinhos, evitando-se ferimentos que poderiam infeccionar e
comprometer a sobrevivência.
O ideal seria, se todos usassem calças compridas. Na falta pode-se improvisar perneiras a fim de
proteger as pernas. Não tendo, sapatos, improvisá-Ios usando folhas de bananeiras, com cascas de
certas árvores ou couro de animais. O sobrevivente nunca deverá estar com os pés diretamente no
chão. Se possuir sapatos, sempre que os for calçar, batê-los antes, pra verificar se insetos rasteiros
não estão escondidos em seu interior.

Procure manter as roupas, dentro do possível, limpas, usando a fogueira para secá-las.
Não se deve dormir com as roupas molhadas ou úmidas, para prevenir doenças respiratórias.

Procedimentos de Preservação:
 Câimbras: poupe suas forças para evitar a fadiga da musculatura. Faça exercícios de
alongamento;
 Insolação: insolação consiste em apanhar sol diretamente em demasia; procure sombras e
locais arejados para evitar a desidratação;
 Intermação: é uma perturbação do organismo, causada por excessivo calor em locais
úmidos e não arejados, causando dor de cabeça, náusea, palidez acentuada, sudorese
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excessiva, pulso rápido e fraco, câimbra no abdômen ou nas pernas e, até mesmo,
inconsciência;
 Infecções cutâneas: a epiderme constitui a primeira linha de defesa contra a infecção.
Caso tenha algum problema, procure aplicar imediatamente um anti-séptico, mesmo que o
machucado pareça inofensivo. Procure conservar as unhas curtas para evitar a
possibilidade de arranhar a própria pele ou acumular sujeira;
 Doenças intestinais: a diarréia e outras doenças do intestino poderão ser causadas devido
à mudança de água e alimentação. Isso pode ocorrer devido à ingestão de água
contaminada, alimento estragado, por fadiga excessiva, por comer demais em clima quente
ou pelo uso de utensílios de cozinha pouco limpos. Procure purificar a água, cozinhar os
vegetais e manter um rigoroso asseio. O tratamento da diarréia em local onde há poucos
recursos é basicamente: repousar, jejuar por 24 horas e beber bastante água purificada.
Depois de 24 horas, poderá se dar início a uma dieta à base de sopa e chá, devendo-se
evitar alimentos açucarados e amido. A pessoa poderá beber água à vontade, dosada com
um pouco de sal. As refeições deverão ser leves e freqüentes;
 Cuidados com os pés: é de extrema importância conservar e cuidar dos pés, afinal eles
são o seu meio de locomoção. Procure mantê-los sempre calçados e secos. Quando em
situação de longas caminhadas, na primeira parada, procure examinar logo os pés para
verificar a existência de áreas vermelhas ou bolhas. Se houver bolha, perfure a pele na
base da bolha com uma agulha ou alfinete esterilizados. Antes de furá-la, procure limpar a
pele e desinfetá-la. Ao final, aplique uma gaze esterilizada no local. Caso não tenha sapatos
à disposição, procure improvisá-los com acolchoados, borrachas ou tábuas;
 Cuidados com olhos e ouvidos: procure manter os olhos protegidos do sol, utilizando
óculos ou improvisando protetores. Os ouvidos também devem ser protegidos, procurando
mantê-los sempre limpos e secos.

Vigília: É muito importante fazer a divisão de tarefas entre os sobreviventes para, inclusive, ocupar
suas mentes. Faça revezamento dos turnos de vigília a cada DUAS HORAS. Todos devem
participar, excetuando-se os feridos e exaustos.
Durante a vigília é importante manter-se em estado de atenção, de maneira a identificar perigos em
potencial, como animais, incêndio na mata provocado por fogueira, danos aos abrigos, más
condições de higiene, agravamento do estado de saúde dos feridos, pânico, desânimo, etc.
Estar alerta ao avistamento de aeronaves ou ao ruído de motores que podem representar
possibilidade de resgate.

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Insetos e animais perigosos

O maior perigo que se apresenta nas florestas tropicais é representado pelos insetos, muitos
dos quais transmissores de moléstias (doenças tropicais) e parasitas. Podemos nos proteger deles
utilizando calças compridas, camisas de manga longa e repelente. O óleo de coco serve como um
bom repelente natural contra insetos.
Aos que viajam, é muito importante manter em dia a vacina contra a febre amarela.
Bicho de Pé: são pequenos insetos que penetram na pele e deixam ovos que se desenvolvem,
produzindo inchação local, coceiras e inflamações.

Bicho de pé

Formigas: as formigas são também outro perigo: nas florestas da África e da América do Sul, existe
um grande número delas. Há espécies que avançam, chegando, às vezes, a desalojar os nativos de
suas casas. Pode-se combatê-las com gasolina ou fogo. Muito cuidado no entanto para não
provocar um incêndio da floresta.

Mutucas: são insetos de duas asas, com antenas curtas, muito comuns nos trópicos americanos e
africanos. Suas larvas penetram na pele e causam inchações, como bolhas.
Tratamento: pingar óleo de qualquer espécie na parte picada, várias vezes ao dia. A larva procurará
sair para tomar ar, ocasião em que a inchação deverá ser espremida, comprimindo-se suas bordas
com unhas e polegares. Pode-se matá-las também, untando-se a picada com uma porção de fumo
úmido e, depois, espremendo-se a larva para fora.

Mutuca

Sanguessugas: Comuns em florestas pantanosas e estão sempre prontas para sugar o


sangue.Para livrar-se delas, aplicar uma pitada de sal ou tocá-las com um fósforo aceso ou uma
ponta de cigarro. Sua sucção é indolor, mas pode ocasionar grande úlcera.

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Sanguessuga

Carrapatos: espécie de pulga de areia, podendo andar pelo corpo às centenas. Deve-se tira-los
cuidadosamente, apanhando-os entre o fio de uma faca e o polegar. Nunca achatá-los contra a
pele, pois seu corpo pode estar cheio de germes causadores de uma febre mortal.

Carrapato em estado Carrapato cheio de


natural sangue

Abelhas e marimbondos: a picada desses insetos, geralmente, não causa maiores problemas,
mas pode se tornar perigosa caso sejam múltiplas ou conforme sua localização (face, pálpebra,
pescoço e língua).
Animais Peçonhentos: Os principais animais peçonhentos na selva são as serpentes, aranhas e
escorpiões.
 Serpentes: As serpentes peçonhentas terrestres, na América do Sul, pertencem
basicamente a duas famílias: Crotalidae e Elapidae.

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Na família da Crotalidae temos 3 gêneros:


1. gênero Lachesis ou Laquégico: são surucucus (veneno laquético).
2. gênero Crotalus ou Crotálico: são as cascavéis (veneno crotálico).
3. gênero Bothrops ou Botrópico: são as urutus, jararacas, jaracuçús e caiçaras
(veneno botrópico).

Na família da Elapidae temos 2 gêneros:


1. gênero Micrurus: são as corais com anéis no corpo (veneno elapídico ou micrúrico).
2. gênero Leptomicrurus: são as corais verdadeiras, sem anéis no corpo (veneno
micrúrico).
A classificação das serpentes segundo o gênero é feita levando-se em consideração a ação do
veneno, e dividem-se em: botrópico, crotálico, laquético e elapídico (micrúrico).
a) Botrópico: Grupo ao qual pertencem as urutus e jararacas. É o grupo mais numeroso,
composto por mais de 30 variedades de cobras. Apresentam cores e desenhos
diferentes e são responsáveis por quase 90% das picadas. Podem medir de 40 cm a 2
metros.
Elas são típicas de regiões úmidas, têm hábitos noturnos, ocultando-se no chão, moitas
e buracos de tatu. Geralmente são lerdas e quando se sentem ameaçadas, armam a
posição para o bote, enrolando-se no terço caudal e desferindo, por vezes, vários botes
até atingir o alvo. Seu veneno pode causar dor acentuada e imediata no local, com
formação de edemas e manchas avermelhadas e arroxeadas. Calor e rubor no local
picado e hemorragia no locar ou distante dele também podem ser sentidos.
Tardiamente (mais de 3 horas após a picada) podem surgir bolhas sanguinolentas,
gangrena, abscesso e insuficiência renal aguda. Nos casos em que não há qualquer
tipo de tratamento, a letalidade é de 8%.

Jararaca – Veneno Botrópico

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Urutú – Veneno Botrópico

b) Crotálico: A este grupo pertence a cascavel, que possui chocalho na ponta da cauda
facilitando a sua identificação, podendo medir até 1,60 mt. de comprimento.
Vivem em campos abertos, regiões secas e pedregosas. Podem ser encontradas em
todo o país. Elas são responsáveis por 8% dos acidentes ofídicos no país. Possuem
hábito noturno e, ao terem seu espaço invadido, assumem prontamente a posição de
bote. Elas são muito precisas e costumam acertar a vítima no primeiro bote. Os
sintomas de seu veneno são: até as 3 primeiras horas, dificuldade em abrir os olhos,
visão dupla, dor muscular e urina avermelhada. Após 6 até 12 horas, escurecimento da
urina, podendo chegar à insuficiência renal grave. No local da picada, a vítima não
sente dor. Nos casos não tratados, o índice de óbito é de 72%.

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Cascavel – Veneno Crotálico

c) Laquético: A Surucucu pertence a esse grupo. Outras denominações: pico-de-jaca,


surucutinga, surucucu- de-fogo, surucucu pico-de-jaca. É a maior serpente peçonhenta
do continente americano, podendo atingir até 4,5 metros. Seu veneno pode provocar
inchaço local, diarréia e hemorragia. As surucucus têm comportamento agressivo,
porém não são velozes. Habitam regiões de florestas virgens, matas densas e úmidas.
Representam cerca de 3% dos acidentes ofídicos do país. Possui escamas arrepiadas
no final do rabo, facilmente reconhecíveis.

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Surucucú – Veneno Laquético

d) Elapídico: As corais pertencem a este grupo. São pequenas, em média têm 50 cm,
comportamento dócil e não costuma atacar os seres humanos, possuindo
características completamente adversas. Geralmente têm anéis no corpo (vermelho,
branco ou amarelo), mas existem corais, chamadas verdadeiras, que não possuem
anéis. Na Amazônia, algumas corais são venenosas e não têm anéis; são marrons ou
pretas. Por possuírem presa fixa, elas não picam as vítimas, mas sim as mordem, e por
terem a boca muito pequena, suas mordidas acontecem principalmente nos espaços
interdigitais. Os sintomas da mordida são: dormência local com irradiação aos
membros, ocorrendo dificuldade para articular palavras, dificuldade de deglutição,
paralisia progressiva da respiração e morte em poucas horas ou dias, devido à asfixia.
Qualquer acidente com veneno elapídico deve ser considerado grave.
As corais vivem, geralmente, em buracos e sombras de árvores. São encontradas em
todo o território brasileiro e têm hábitos noturnos. Os acidentes com corais representam
1% ou menos do total e os casos não tratados, invariavelmente culminam com a morte
da vítima.

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Coral – Veneno Elapídico ou Micrúrico

Identificação: as serpentes peçonhentas da América do Sul são muito mais raras do que as não
peçonhentas. O tamanho do bote de uma serpente equivale a 1/3 do seu comprimento. Existem
características clássicas para identificá-las, mas os critérios podem apresentar falhas. De modo
geral as peçonhentas apresentam:

a) Fosseta loreal: é um órgão termo-receptor, com capacidade de perceber variações de


temperatura no caminho à sua frente. É, na realidade, um orifício localizado entre as
narinas e os olhos. Com exceção das corais, todas as serpentes peçonhentas possuem
a fosseta loreal.
b) Cabeça triangular: outra característica das peçonhentas. As não peçonhentas
possuem cabeça arredondada e pouco destacada. Esse critério é bastante falho, pois
as corais tem a segunda característica e são extremamente venenosas.
c) Cauda que se afina abruptamente: outra característica sujeita a falhas, pois existem
inúmeras exceções.
d) Presença de chocalho: caracteriza as cascavéis. Quando presentes, não deixam
dúvidas. O que pode ocorrer, porém, é a perda do chocalho por algum motivo.

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e) Dentição: as serpentes venenosas possuem presas e deixam dois orifícios bem nítidos
após a picada. Existe um outro grupo que possui presa, mas não é considerado
venenoso, pois ela fica na parte posterior do maxilar e assim não permite a inoculação
de peçonha em seres humanos.
f) Olhos: Os as peçonhentas são pequenos e possuem pupila em fenda vertical. Já as
não venenosas têm olhos grandes, com pupila arredondada.

As serpentes podem ainda ser classificadas conforme o tipo de dentição:

a) Aglifas: São serpentes não venenosas, não apresentando nenhuma presa.

b) Opistoglifas: Possuem uma presa implantada na parte posterior de cada maxilar. São
consideradas não venenosas. Seu veneno, quando inoculado é geralmente benigno.

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c) Proteróglifa: Possuem presa caniculada na parte anterior de cada maxilar, que é


móvel. A esta série pertencem as corais venenosas.

d) Solenoglifas: Possuem uma presa caniculada na parte anterior de cada maxilar. O


maxilar é móvel permitindo a ereção da presa no momento do bote. A estas pertencem
as Bothrops, Lachesis e Crotalus.

Freqüência da localização das picadas:


Deu um modo geral, podem ser assim distribuídas:

Local da picada Percentual

Cabeça 0%
Braço e antebraço 1,5 %
Mãos 18,5 %
Pernas 14,6 %
Pés 54,4 %
Outras localizações 1%

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Tratamento para mordida, não dispondo de soro: Não se dispondo de soro, o primeiro socorro é
tudo. Aja imediatamente!

 Faça uma série de 5 a 10 espetadas de 2 a 3 cm de profundidade no local da picada.. Não


perca tempo desinfetando o local, a agulha, alfinete ou espinho, a menos que esteja com
tudo à mão. É melhor correr o risco de uma infecção do que deixar de retirar uma parte do
veneno.
 Ponha um garrote ou torniquete, o mais próximo possível do lugar da mordida de modo a
deixar o local arroxeado. Retire definitivamente o garrote após 15 minutos.
 Sugue o sangue com o veneno do local da picada, cuspindo em seguida. Só não o faça se
tiver alguma ferida na boca.
 À medida que sugar, esprema o local da mordida para extrair o máximo de veneno. Caso
seja possível, mantenha a vítima deitada. A movimentação fará com que o veneno se
difunda mais rapidamente no organismo.

Tratamento para mordida, dispondo de soro:

 Acidente por cascavel: Mantenha o paciente em repouso absoluto. Aplique o soro


Anticrotálico e dê comprimidos anti-histamínicos. Faça um pequeno curativo;
 Acidente por jararaca: Neste caso, a vítima deverá andar, pois a ação do veneno é
predominantemente local. Aplique o soro Antibotrópico e providencie um curativo com sulfa
ou antibiótico para evitar as infecções;
 Acidente por surucucu: Aplique soro Antilaquético. Caso não disponha, aplique Anticrotálico
e antibotrópico misturados;

 Acidente por coral: Aplique soro Antielapídico (antimicrúrico);

Observação: O soro Antiofídico pode ser aplicado na ausência do soro específico, salvo no caso da
cobra coral.

O que não se deve fazer:


 Usar bebidas alcoólicas;
 Ingerir remédios caseiros;

 Aplicar amoníaco ou limão nas lesões.

Prevenção; Muitos acidentes podem ser evitados quando se conhece os hábitos das cobras, e se
adota, tais como:

 Improvisar o uso de botas de cano alto; 70% dos acidentes ocorrem por picadas nos pés e
pernas. O uso de sapatos pode evitar até 50% dos acidentes;
 Não colocar a mão em tufos de capim, vegetação densa, buracos, folhas secas, etc, usar
um graveto ou pedaço de pau caso isto seja necessário, usando este mesmo expediente
quando for preciso caminhar pelos campos;

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 O uso de luvas, camisas de mangas compridas, calças compridas também protegem contra
picadas de cobra;
 Antes de entrar em matas, parar um pouco, deixar a visão acostumar à penumbra do local
possibilitando assim, enxergar melhor as cobras que podem estar por perto. Entretanto
cuidado, muitas cobras pelo seu colorido podem passar despercebidas, mesmo que você já
tenha adaptado sua visão ao ambiente;
 Não segurar as cobras com as mãos, mesmo que estejam mortas, pois existe veneno em
suas glândulas, e a pessoa ao ferir-se em suas presas pode se envenenar, além do que,
pode-se pensar que a cobra está morta, mas ela ainda pode picar;
 Antes de calçar sapatos, chinelos, botas, examiná-los bem. Os animais peçonhentos podem
refugiar-se dentro deles;
 À noite, evitar andar em vegetação rasteira, ou preferida de movimentação de grande
número de cobras peçonhentas;
 Não encostar-se a um barranco antes de examiná-lo com cuidado.

É interessante lembrar que existem serpentes, como a cobra papagaio, que vivem penduradas em
árvores, portanto cuidado ao andar pela mata.

As cobras não venenosas ao morderem, deixam somente semicírculo (3 linhas), enquanto as


peçonhentas, além destas marcas, deixam também, geralmente, duas marcas maiores (relativas as
presas). Caso esta condição esteja evidente, não há o que discutir, caso contrário, não sendo
possível a identificação visual, observar atentamente os sintomas apresentados.

Cobra Papagaio

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 Escorpiões: Logo após o nascimento, os escorpiões prendem-se no dorso do corpo


materno durante 1 a 3 semanas. Depois passam a ter vida independente, habitando locais
escondidos, embaixo de pedras, paus podres, folhas secas, casas de cupins, tijolos
amontoados, porões e telhados. Os locais úmidos e escuros são os preferidos.
A picada do escorpião não é, em geral, um acidente grave em um adulto sadio, embora
possa ser fatal em crianças e em pessoas idosas. O escorpião pode picar mais de uma vez.
Os sintomas provocados pela picada são:
o Dor repentina intensa e que se irradia com mal estar geral;
o Dormência na área atingida;
o Edema (inchação) local;
o Sudorese;
o Salivação exagerada;
o Náuseas e vômitos;
o Sonolência;
o Dificuldade respiratória, inconsciência e morte nos casos mais graves.

Procedimentos: Manter a pessoa em máximo repouso, aplicar compressas de água quente no


local do ferimento, administrar analgésicos e procurar assistência médica imediatamente.

 Aranhas: As aranhas constituem um grupo numeroso, mas, dentre elas, podemos destacar
cinco espécies que representam real perigo para os seres humanos, devido à ação
peçonhenta que são capazes de inocular.

o Caranguejeiras: são geralmente grandes, podendo atingir 20 cm ou mais. Têm


pelos compridos nas pernas e no abdômen. Costumam esconder-se nas roupas,
calçados, cachos de banana e madeira seca. Embora muito temidas, os acidentes
envolvendo-as são raros e sem gravidade. Sua picada é dolorosa, mais pela ação
mecânica do que pela ação do veneno.
O veneno das caranguejeiras não é ativo para o homem. Por isso, a picada dessas
aranhas não representa problema. O veneno da caranguejeira só é nocivo aos
insetos, pequenos répteis e roedores, dos quais esta aranha se alimenta. Seus
pêlos são urticantes e esta é sua principal arma. Quando se sente ameaçada, ela
"bate" as pernas traseiras no abdômen e lança estes pelos urticantes. Se esses
pêlos forem inalados, pode ser contraída alergia respiratória. Quando se sente
ameaçada, ela "bate" as pernas traseiras no abdômen e lança estes pêlos
urticantes. Se forem inalados, pode ser contraída alergia respiratória.

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Aranha Caranguejeira ou Tarântula

o Viúva negra: de cor preta, com manchas vermelhas no abdômen. A fêmea mede
de 2,5 a 3 cm e o macho é de 3 a 4 vezes menor.
Vive em teias que constrói sob vegetação rasteira, em arbustos, barrancos, etc. Sua
picada ocasiona dor intensa e ataca o sistema nervoso. A teia que ela constrói é
formada por uma rede de fios desordenados, onde ela permanece virada para
baixo. Quando derrubada, finge-se de morta ou tenta fugir porém quando molestada
em excesso, pode picar com facilidade.
Picada: forma-se uma bolha avermelhada acompanhada de sudorese localizada.

Efeito do veneno: a dor piora após a picada. Podem ocorrer tremores, ansiedade,
excitabilidade, insônia, dores de cabeça, coceira, vermelhidão da face e do
pescoço. Em termos musculares, a vitima fica agitada e em posição de membros
fletidos quando deitado, dores muito intensas na parede abdominal. A pálpebra
também pode ficar caída. Há náuseas, vômitos, priapismo (nos homens, ereção
continua e dolorosa), sensação de morte iminente, aumento e queda de freqüência
cardíaca.

Mecanismo de ação do veneno (alpha-latrotoxina): age sobre as terminações


nervosas sensitivas causando intensa dor no local da picada. Outra ação é sobre as
terminações nervosas do sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático e
nas junções neuromusculares.

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Aranha Viúva negra

o Aranha de grama: de cor acinzentada ou marrom, com pêlos vermelhos perto dos
ferrões e uma mancha escura em forma de flecha sobre o corpo. Atinge até 5 cm de
comprimento, incluindo as pernas. Vivem em gramados e campos. Acidentes
envolvendo-as são freqüentes, porém sem gravidade. A ação do veneno se faz
sentir apenas no local da picada (inchaço e vermelhidão).

Aranha Viúva negra

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o Aranha armadeira: de cor cinza ou castanho escuro, com corpo e pernas de pêlos
curtos, sendo de cor vermelha perto dos ferrões. Atingem até 17 cm de
comprimento, com corpo de 4 a 5 cm. Elas se escondem em lugares escuros, de
onde saem para caçar, geralmente à noite. Por serem muito agressivas, assumem
uma postura ameaçadora (daí seu nome) e os acidentes são comuns.
Picada: dor e inchaço locais, vermelhidão e sudorese.

Efeito do veneno: alterações cardiovasculares e neurológicas, hipertensão arterial,


taquicardia, arritmia e, em casos considerados severos, distúrbios visuais e
convulsões, náusea, vômitos, salivação, diarréia e priapismo (Priapismo é uma
condição médica geralmente dolorosa e potencialmente danosa na qual o pênis fica
ereto e não retorna ao seu estado flácido, apesar da ausência de estimulação física
e psicológica. A ereção dura em média 4 horas, e pode levar à impotência sexual
definitiva.)

Mecanismo de ação das toxinas: despolarização direta das terminações nervosas


sensitivas, motoras e do sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático. É
possível que além da contração da musculatura lisa vascular, as toxinas podem
aumentar a permeabilidade dos vasos, envolvendo, inclusive o óxido nítrico.

Aranha Armadeira

o Aranha marrom: de cor marrom amarelada, sem manchas, atinge 3 a 4 cm. Não
são agressivas e vivem em teias regulares. Os acidentes são raros, mas são
graves. É considerada a mais venenosa das aranhas.
Inicialmente a picada da aranha-marrom passa despercebida e a sensação é de
uma queimação. O problema se revela quando a peçonha começa a fazer os
efeitos (ação hemolítica e neurotóxica) e que podem ser de duas maneiras:

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Loxocelismo cutâneo: 12-24 horas depois aparecem as manifestações na pele:


bolhas, vermelhidão, dor local, inchaço e calor. A lesão evolui com uma mancha
roxa central e pontos de necrose (morte tecidual), circundada por um anel claro
(indicando a falta de oxigênio) e um avermelhado, mais externamente
(vermelhidão).
Loxocelismo cutâneo-visceral: nesse caso, além do quadro cutâneo, ocorrem dores
de cabeça, náuseas, vômitos, urina de cor amarronzada (perda de sangue pela
urina), e anemia aguda. Pode tornar-se muito mais grave se a coagulação do
sangue progredir para dentro do sistema circulatório e afetar os rins, causando a
sua falência.
A cicatrização é bastante difícil.

Mecanismo de ação do veneno: o principal componente parece ser uma enzima


(esfingomielinase-D) que direta ou indiretamente destrói a membrana celular das
hemácias e do endotélio vascular, o que explica o efeito hemolítico. O local sofre
uma inflamação e obstrução dos pequenos vasos causando a necrose.

Logo após a picada da aranha, é importante manter a vítima em repouso, colocando


sobre o local da picada, compressas frias com água pura e administrar analgésicos
comuns. Pode-se também aplicar a polpa do coco.

Aranha marrom

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Necrose progressiva causada por picada de aranha marrom

Deslocamento na selva

A maior parte dos salvamentos bem sucedidos ocorre quando os sobreviventes permanecem
próximos aos destroços. A vantagem é que, dependendo da situação, fica mais fácil localizar a área
do desastre do que localizar um grupo de pessoas andando pela selva adentro.
Indivíduos ou grupos de pessoas, ao se depararem com uma situação desesperadora, tendem a
querer movimentar-se em qualquer direção, buscando ajuda e salvação. Essa precipitação é
normal, porém deve ser evitada, já que muitos perderam suas vidas andando a esmo pela selva.
Somente devemos abandonar o local de um acidente se:
 Houver certeza de conhecermos tanto a posição geográfica quanto um ponto de abrigo,
alimentação ou socorro;
 Já tiveram transcorrido OITO dias;
 For avaliada pouca probabilidade de resgate

Caso decida-se por uma jornada por terra, deve-se planejá-la cuidadosamente, fazendo todos os
preparativos de modo mais completo possível. Não se sobrecarregue, peça ajuda e divida tarefas.
Procure levar os seguintes itens, de acordo com a possibilidade: palitos de fósforo ou isqueiro,
bússola, mapas, estojos de primeiros socorros, machadinha ou faca, água. Alimento, espelho de
sinalização, óculos de sol, relógio, fio metálico e cordas.
Todo esse fardo deve ser acondicionado em um saco à prova d‟água e não deverá ultrapassar 12,
ou no máximo, 15 Kg.
Use um calçado adequado aos pés; se não os tiver, improvise-os da melhor forma, não se
importando com a aparência dos mesmos, mas sim com o conforto. Lembre-se de que dependerá
dos pés para levar ao caminho da salvação.

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Deixe uma notificação na aeronave por escrito e, também um sinal visível indicando a direção que
foi seguida.
Retire da aeronave, se possível, a bússola magnética, não se esquecendo de remover os imãs de
compensação da mesma.

Procure sempre seguir o caminho mais fácil e seguro, mesmo que seja mais longo. Os
deslocamentos devem ser lentos. Poupe suas forças e energia contornando obstáculos. Não tente
lutar contra o mato alto utilizando o facão, pois isto demandaria muita energia. É preferível gastar
um pouco mais de tempo e contorná-lo. Não tente vencê-lo pela força. Não tente subir um morro em
linha reta. Quando o terreno for muito inclinado, procure subir em ziguezague a fim de poupar
energia.

Mantenha um ritmo de marcha. Caminhe durante 3 horas e descanse uma, iniciando as marchas
pela manhã, quando você estará mais descansado.
Quando viajar em companhia de outros, mantenham o mesmo ritmo, levando-se em conta o
companheiro mais lento. Não caminhem muito próximos um dos outros, mantendo uma distância de
meio metro, também não devem ficar muito longe um dos outros, porque poderão perder-se. Caso
se distanciem, à noite, procure orientar os companheiros por meio do apito ou gritos agudos curtos,
como fazem os índios. Caso se percam, parem imediatamente. Mantenham-se calmos e procurem
reconstruir mentalmente o caminho de volta até o ponto de onde começaram a seguir pelo caminho
errado. Depois, voltem atrás, pelo caminho percorrido, até que cheguem ao ponto limite do caminho
certo. Recomecem, a seguir, a viagem.
Procure acampar antes do anoitecer. Às 17 horas, na selva, já começa a escurecer. Portanto, é
indicado iniciar a montagem do acampamento a partir de, aproximadamente, 15 horas.
As correntes de água e as trilhas abertas pelos animais são as estradas da selva.
Em caso de tempestade ou nevoeiro, acampe logo e espere que a visibilidade melhore e que as
condições do tempo fiquem favoráveis antes de prosseguir viagem.
Assinale todo o caminho percorrido, criando pontos de referência, e o rumo seguido, fazendo setas
nas árvores e em pequenas pedras. Quebre galhos, amarre pedaços de panos e modifique a
paisagem natural.
Evite acampar nas margens de rios e riachos. Prefira pequenas elevações e que estejam a mais de
100 metros de um curso de água. Não acampe junto de árvores mortas ou com frutos grandes como
jaqueiras e coqueiros e nem debaixo de galhos secos. Acenda uma fogueira junto ao seu
acampamento. Viaje pelos rios somente à luz do dia, procurando não atravessar águas pantanosas.

Os Indígenas: A maioria dos índios que vivem na Amazônia já teve contato com o "homem branco".
Eles poderão representar a salvação para o sobrevivente, desde que esteja familiarizado com os
seus hábitos ou se tenha conhecimento das regras de conduta a serem observadas. Ao encontrar
uma aldeia indígena ou um grupo de índios, deixe que partam deles os entendimentos; eles é que
devem ter a iniciativa de se aproximarem; o que farão quando se sentirem seguros em relação aos
sobreviventes.
Com raras exceções, costumam ser amigáveis. Normalmente, o contato deverá ser feito com o
chefe da tribo ou com quem pareça estar comandando; o membro mais robusto, mais vigoroso dos
sobreviventes é quem deverá ser o elemento de comunicação, para que o índio não se sinta
ofendido. Deve-se pedir auxílio, não o exigir; não demonstre receio e procure sorrir.
Conhecem bem a região onde vivem, as trilhas que a cortam, os cursos d'água, onde e como
conseguir alimento e água potável. Conhecem também, quase sempre, o caminho que leva à

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civilização. São os melhores auxiliares com que se pode contar, por isso, deve-se ter o máximo
cuidado na maneira como tratá-Ios.
A estrutura familiar é muito considerada pelos índios. No que se refere ao trabalho compete ao índio
combater, caçar, pescar, manufaturar instrumentos de madeira e preparar o terreno para a roça; à
mulher, compete o suprimento d'água, sendo que sua função como mãe vai até que os filhos
completem sete anos. O transporte de fardos, o preparo dos alimentos, a manufatura dos objetos de
cerâmica, a tecelagem, os rebanhos da roça e a colheita. Os homens tomam banho separados das
mulheres; o namoro é respeitoso (o beijo é permitido somente na testa). Há casamento entre os
membros da tribo e também com os de fora; casamento de viúva com cunhado já é freqüente. Entre
os índios ianomâmis, o infanticídio é consentido pela mãe quando ela não tem condições de criar o
filho; é comum o uso de ervas abortivas. A partir dos doze anos, a criança é considerada adulta.
Nunca dê presente para as mulheres dos índios. Suas mulheres devem ser deixadas em paz;
Os índios costumam ser muito brincalhões, e não têm malícia.
Deve-se recompensá-Ios, não em demasia, sempre que fizerem um favor; Nunca mostre armas aos
índios, nem faça movimentos bruscos.
Não mostre aversão às suas comidas; seus costumes devem ser respeitados, nunca se deve entrar
nos recintos que consideram sagrados.
Os ianomâmis apresentam um considerável grau de subdesenvolvimento, ignorando os trabalhos
em metais e as técnicas modernas de obtenção de fogo; outros, tem péssimos hábitos de higiene,
alimentando-se de piolhos e micuins (larvas de carrapatos).
Para subsistir dedicam-se à agricultura, caça, pesca e coleta (frutas, raízes, ovos) e ao escambo
(troca). Os índios geralmente vivem em malocas feitas de barro, madeira e palha; possuem
condições precárias de higiene. Nas malocas vivem várias famílias, sendo que entre os ianomâmis,
vivem nas malocas, (xabonô) até trezentos índios.

Xabonô Yanomani

O português é conhecido pela maioria das tribos. Procure aprender algumas palavras do idioma
local, o que agradará ao índio que, inclusive auxiliará a aprendizagem.
Sempre que se dirigir a eles, faça-o de forma objetiva; não faça perguntas que possam ser
respondidas com Sim ou Não. Não se ofender com as brincadeiras, e se possível participe das
mesmas.
Procure deixar a melhor impressão possível, porque um dia, outros sobreviventes poderão
depender da mesma tribo, ao mesmo tempo que ajudará a integração da civilização do índio.

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Resumindo:
 Deixe que eles se aproximem para iniciar a comunicação e os entendimentos;
 Peça auxílio, nunca exija;
 Não mostre armas;
 Não faça movimentos bruscos e/ou súbitos;
 Não aja precipitadamente;
 Ao chegar pero de uma aldeia pare e sente-se;
 Respeite os costumes e hábitos locais, por mais que pareçam estranhos;
 Nunca deixe de remunerar, de alguma forma, tudo o que receber;
 Não moleste as mulheres dos índios;

Índia Yanomani

Índias Caiapós

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Macas: Para remover feridos graves sem suspeita de fratura de coluna vertebral ou bacia, em
decúbito dorsal (deitado de costas). Utilizar macas feitas a partir de galhos, roupas e tecidos.

Transporte à Bombeiro: É uma das maneiras mais fáceis de uma pessoa transportar outra. Depois
de uma pessoa inconsciente ou incapacitada ter sido deitada, é levantada do chão no primeiro dos
quatro tempos do transporte:

1. Depois de tê-la colocado em decúbito ventral (barriga para baixo), estando de pé, com ela
entre suas pernas, introduza as mãos por baixo do peito da vítima e segure-as uma na
outra. Recue para colocar a vítima de joelhos;
2. Continue a recuar para endireitar a vítima e firmar-lhe os joelhos;
3. Avance, colocando a vítima de pé, mas ligeiramente inclinada para trás, para evitar que se
vá abaixo dos joelhos;
4. Enquanto mantém a vítima segura com o braço esquerdo, libere o braço direito, agarre
rapidamente o pulso direito da vítima e ponha-lhe o braço em extensão superior.
Simultaneamente passe a cabeça sob o braço levantado e baixe-o. Rode rapidamente,
colocando-se de face para a vítima, e segure-a abraçando pela cintura. Coloque
imediatamente o bico do calçado direito entre os pés da vítima e afaste-os cerca de 15 a 20
centímetros.
5. Com a mão esquerda, agarre o pulso direito da vítima e levante-lhe o braço sobre a sua
cabeça;
6. Dobre-se pela cintura e ponha um joelho no chão; puxe então o braço da vítima para cima
do ombro esquerdo e para baixo, atravessando-lhe o corpo sobre os ombros. Ao mesmo
tempo passe o braço direito entre as pernas da vítima;
7. Agarre o pulso direito da vítima com a mão direita e apóie-se no joelho esquerdo com a mão
esquerda para se erguer.
8. Erga-se com a vítima confortavelmente posicionada. A sua mão esquerda fica livre para o
que for preciso.

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Transporte em cadeirinha – Dois ou mais homens podem deslocar um sinistrado em curtas ou


moderadas distancias mais depressa que um homem atuando sozinho. O método implica sentar a
vítima numa “cadeirinha” formada pelos braços dos carregadores ou carregá-la entre dois homens.

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Orientação de direção

A densidade da vegetação torna a selva “toda igual”, não havendo, por vezes, pontos de referência
nítidos. Mesmo as pessoas que possuem alguma experiência na mata, não confiam muito em
possíveis referências, porque tudo se modifica e tudo se confunde devido à repetição contínua e
monótona da floresta fechada. Os incontáveis obstáculos, constantemente causarão desequilíbrios
e quedas, tornando difícil a permanência dobre determinado ponto. A necessidade de saber onde
pisar ou colocar as mãos pode desviar a direção do raio de visão. A densidade da vegetação,
provavelmente, só permitirá que se veja a uma distância de 15 ou 20 metros à frente. À noite,
NADA se vê, nem a própria mão a um palmo dos olhos. O luar, quando houver, poderá atenuar um
pouco essa escuridão, sem, contudo, incentivar o deslocamento noturno. O copado fechado das
árvores não permitirá que se observe o sol ou o céu, a não ser que se possa efetivamente observá-
los de dia ou de noite, pois haverá constantemente a possibilidade de céu nublado.
Por tudo isso, os processos de orientação na selva sofrerão severas restrições, mas é muito
importante conhecê-los.
Deve-se evitar, na selva, a decisão precipitada de movimentar-se em uma direção qualquer, em
busca da salvação. Muitos já perderam a vida por se terem deixado dominar pela ânsia de salvar-
se, andando a esmo e entrando fatalmente em pânico.
Deve-se observar as regras ESAON:

E - estacione - fique parado, não ande à toa;


S - sente-se - para descansar e pensar;
A - alimente-se e sacie a sede (tem-se melhores condições para raciocinar);
O - oriente-se – procure saber onde está;
N - navegue- desloque-se na direção selecionada.

A maneira mais prática para se orientar é utilizando a bússola, o relógio, o sol e os acidentes
geográficos.
Mesmo permanecendo no local ou se decidir empreender uma jornada, é necessário saber onde se
encontra, para onde se vai, ou em que lugar ficar, para que possa transmitir informações aos que
irão salvá-Io. Quaisquer dados que sejam fornecidos, tornarão menor a área a ser pesquisada.

Processos de orientação:
 A bússola das mãos (direção obtida pela observação do sol - nascer e por do sol): Se
for de manhã, estenda o braço direito na direção em que o sol está nascendo, que é o leste;
desta forma, o sobrevivente terá o oeste, na direção do seu braço esquerdo; o norte estará
à sua frente, e, o sul estará atrás dele.
Se for na parte da tarde, o sobrevivente deve estender seu braço esquerdo na direção em
que o sol está caindo, que é o oeste, assim o leste ficará no lado do seu braço direito, o
norte à sua frente e o sul atrás.

Orientação pelo sol da manhã


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ACADEMIA DO AR – BLOCO I - Apostila de Sobrevivência

Orientação por bússola: As bússolas encontradas nos conjuntos de sobrevivência, nada mais são,
do que agulhas magnéticas colocadas sobre um eixo que passa pelo centro de gravidade. É o
equipamento mais eficiente para o deslocamento na selva.

Alguns tipos de bússola

Em sua maioria, as bússolas são feitas para serem vistas de cima. Algumas têm até o fundo
transparente, para serem colocadas sobre mapas, como a segunda imagem acima.

A agulha de uma bússola SEMPRE apontará para o NORTE. Mas qual é o fenômeno que faz a
agulha da bússola apontar consistentemente na direção Norte?

A resposta está na poderosa, mas invisível força chamada Magnetismo. A Terra é um imã gigante.
Apesar de o magnetismo ter sido descoberto ha muito tempo, a sua utilização como auxiliar de
orientação é bastante recente.

Para se utilizar uma bússola manual, algumas regras devem ser seguidas:
 Quem determina o NORTE é a agulha e não o limbo (mostrador graduado);
 Para fazer a leitura das direções com segurança, o primeiro passo é colocar o NORTE do
limbo de maneira que coincida com o NORTE da agulha;
 A bússola deve ser segura sempre na posição horizontal.
 Sempre que for feita a leitura da bússola, deve-se certificar que a mesma não está sob
influência de alguma força magnética externa (imã, ferro, aparelho elétrico).

UMA BÚSSOLA NUNCA DIZ ONDE SE ESTÁ E SIM O


LUGAR PARA ONDE SE VAI.

Orientação pela bússola da aeronave: Esta poderá ser utilizada, desde que se retire os magnetos
compensadores (espécie de imãs que compensam as influências magnéticas externas) que vêm
acoplados a ela.

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ACADEMIA DO AR – BLOCO I - Apostila de Sobrevivência

Orientação pelo relógio: Evidentemente, o nascer e o por do sol lhe darão indicações precisas,
mas em determinadas horas do dia esta localização poderá não ser tão fácil, e nestes casos
poderemos nos valer de nossos relógios (os de ponteiro).

 No hemisfério sul: Deve-se colocar o número 12 do mostrador na direção do sol. A bissetriz


do ângulo formado entre o 12 e o ponteiro das horas indicará o Norte, a qualquer hora do
dia.

 No hemisfério norte: Coloca-se o ponteiro das horas na direção do sol. A bissetriz do ângulo
formado entre o 12 e o ponteiro das horas indicará o Sul, a qualquer hora do dia.

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ACADEMIA DO AR – BLOCO I - Apostila de Sobrevivência

Navegação terrestre diurna: Esta é outra forma de orientar-se, formando uma equipe de
navegação. Teoricamente ela deve ter quatro componentes.

 Homem-Ponto: Será aquele lançado à frente para servir de ponto de referência. Portará,
preferencialmente, um facão para abrir as picadas;

 Homem-Bússola: Será o portador da bússola e deslocar-se-á imediatamente à retaguarda


do homem-ponto. Deverá manter a bússola amarrada ao corpo para não perde-la. Quando
não estiver sendo utilizada, deverá ser fechada;

 Homem-Passo: Será aquele que se deslocará atrás do homem-bússola, com a missão de


contar os passos percorridos e transformá-los em metros. Para desempenhar esta função,
deverá se ter o passo aferido com antecedência, desta forma:

1. Em um terreno plano, medir a distância de 100 metros;


2. Percorrer essa distancia 10 vezes, observando-se assim, a cada vez, um
determinado número de passos;
3. Tirar a média e concluir: 100 metros na selva serão percorridos por determinado
número de passos;
4. A esse número de passos, somar mais um terço;
5. Concluir finalmente: 100 metros na selva serão percorridos por “n” passos mais
um terço de passos. Esse um terço é a margem de segurança, para poder
compensar os erros provenientes de incidentes comuns nos deslocamentos
através da selva, como pequenos desvios, terrenos elevados e uma série de
outros.
6. À medida que for atingindo 50, 100 ou quantos passos convencionar, irá
anotando-os num cordão por meio de nós, palitos de fósforos, pequenos galhos,
folhas ou outros meios quaisquer, de modo que, a qualquer momento, possa
converter passos em metros e saber quanto andou. Tal procedimento será
necessário porque haverá, talvez, a necessidade de se retornar ao ponto de
partida e, neste caso, será sempre útil saber a distância. Além disso, caso haja
uma carta (mapa) e surjam acidentes geográficos dignos de serem localizados
essa distância será necessária.

 Homem-Carta: Será o que conduzirá a carta (mapa), se houver, e auxiliará na identificação


dos pontos de referência, ao mesmo tempo em que nela lançará outros pontos que
mereçam ser identificados.

Cruze as correntes d'água com cuidado, utilizando-se de uma vara para sondar o fundo à sua
frente, para que não venha a cair num buraco. Em correntes mais fortes deve-se amarrar o primeiro
homem à uma corda que ao chegar do outro lado deve atar a corda a uma árvore e os demais
seguirem, segurando-se nela, como apoio.
Na selva, caso o tenha, utilize o facão do mato para auxiliar no corte da vegetação rasteira,
conseguir alimento e construir uma jangada.
Viaje somente à luz do dia. Evite obstáculos tais como vegetação cerrada e brejos. Não procure
forçar a passagem através da mata densa, não tente pular por cima dos troncos caídos.
Procure não seguir uma trilha que esteja parecendo pouco usada ou esteja fechada por sinal ou
obstáculo fácil de perceber, tal como uma corda ou monte de capim, tal trilha poderá ter uma
armadilha para caça, ou ser uma área qualquer vedada a elementos estranhos à tribo local.
Evite os locais onde o chão esteja revolvido. Esses pontos poderão indicar uma cova coberta de
galhos ou outra armadilha.
Não durma sobre uma trilha de caça à noite.
As ferramentas de corte representam auxílio importante à sobrevivência, aonde quer que se
encontrem, por isso, utilize-as adequadamente e trate-as com cuidado.

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ACADEMIA DO AR – BLOCO I - Apostila de Sobrevivência

As forças serão poupadas se, achando-se um rio, descer por ele, improvisando uma jangada ou
utilizando o bote salva-vidas. Viaje pelos rios somente à luz do dia. Mantenha-se junto à margem,
de modo a poder desembarcar rapidamente, se necessário. Estando sozinho não durma enquanto
estiver na jangada. Fique atento a troncos de árvores, trechos de corrente rápida e quedas d'água.
As jangadas deverão ser feitas de bambu ou de madeira, tendo aproximadamente2 metros de
largura; os troncos deverão ter uns 3 ou 6 metros de comprimento por 30 cm de diâmetro. Devem
ser ligados entre si, por meio de cordas, arames ou cipós.
Nas extremidades da prancha, os bambus amarrados irão fazer com que a jangada se torne firme.
Deve-se verificar a capacidade de flutuação de cada tora, levando-se em conta o peso que
suportam, sem afundar. Na orla da floresta ou nas estradas dos rios, poderão ser encontradas
árvores mais novas e adequadas à construção das jangadas. Deve ser feito um toldo usando panos
ou folhas presas, para proteção.
Caso esteja viajando sobre um rio, desembarque e organize o acampamento, antes de cair a noite.
Para não ser surpreendido por qualquer enchente provocada por temporal violento, acampe em
terreno elevado, bem acima do nível máximo das enchentes.

Transposição de obstáculos:
Ponte de uma corda: Um dos tipos utilizado é o chamado "preguiça":

 Amarra-se uma extremidade de uma corda a um tronco de uma árvore, na margem em que
se está, enquanto a outra é levada para a margem oposta e amarrada a outro tronco (as
amarrações deverão permitir "dar tensão" à ponte);
 A pessoa fica como que deitada sobre a corda com uma das pernas cruzadas;
 A cabeça fica voltada para a direção do deslocamento;
 Por movimentos coordenados e compassados irá realizando a tração do corpo.

Ponte Preguiça

Ponte de duas cordas: Também conhecida como “falsa baiana”.

 Da mesma forma que a anterior, amarra-se uma extremidade de uma corda a um tronco de
uma árvore, na margem em que se está, enquanto outra é levada para a margem oposta e
amarrada a outro tronco, de forma que a ponte tenha tensão;
 Deverá amarrar-se outra corda, acima da primeira, mantendo uma distância aproximada de
1,20 a 1,30 metro;
 Para se deslocar, vai-se deslizando as mãos e os pés, ao mesmo tempo.

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Falsa Baiana

Salvamento por helicóptero

A falta de autocontrole pode comprometer toda a operação de salvamento. Manter a situação sob
controle neste momento é vital. Acate as instruções e, quando for avistado, não se deixe levar por
excessos de alegria ou descontrole.
Coopere com a equipe de salvamento não se expondo a riscos que possam ocasionar ferimentos
ou, de qualquer maneira, dificultar os trabalhos da equipe de resgate.
Se o salvamento acontecer por meio de helicóptero e você estiver em terreno acidentado, siga para
um local mais adequado.

Colaboração da tripulação com a equipe de salvamento

 Use ou acione os meios possíveis para indicar aos pilotos do helicóptero a direção do vento
no local, como por exemplo, acionando um foguete sinalizador;
 Se for em terreno acidentado, onde não seja possível o pouso, ou a aproximação do
helicóptero, siga para uma região menos acidentada, onde possa ser apanhado com o
gancho;
 A equipe de resgate priorizará os casos mais graves para remoção. A tripulação deverá
colaborar da melhor forma possível, seguindo hierarquia de comando e as ordens da equipe
de resgate;
 Para manusear os cabos do guincho de salvamento, deixe os braços e mãos livres, não
tocando em nenhum dos ganchos ou mecanismos. Coloque a alça do cabo como se veste
um casaco. Tome cuidado para não ficar dependurado de costas.
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Se você estiver incapacitado, alguém do SAR descerá para ajudá-lo.

Orientação dos sobreviventes quanto à forma de aproximar-se do helicóptero: As áreas em


torno do rotor principal, de admissão de ar e exaustão da turbina e no rotor de cauda são perigosas
e o pessoal envolvido na operação da aeronave deve ser alertado para o perigo representado por
tais áreas.
 Somente aproxime-se ou afaste-se de helicóptero com o corpo levemente curvado à frente,
na área em que o piloto possa vê-lo;
 Ao aproximar-se portando algum objeto, segure-o na altura da cintura, jamais sobre os
ombros. Não tente apanhar qualquer objeto deslocado pela ação dos ventos dos rotores.
 Em caso de cegueira ocasionada por poeira próxima ao helicóptero, pare, sente e aguarde
o auxílio da tripulação. Jamais tente caminhar sem que tenha total visão da aeronave.

Efeitos fisiológicos e comportamentais da sobrevivência:

 Dor: cada indivíduo tem o seu limite para suportar dores. É importante que se respeite esse
detalhe e se trate cada indivíduo com a devida atenção. Se possível, administre
analgésicos;

 Ferimentos: Ferimentos de todas as espécies podem surgir. Procure deixá-los o mais limpo
e coberto possível;

 Doenças: Em casos de sobrevivência, inúmeras doenças podem surgir. Procure lembrar do


lado psicológico e trate todas as doenças com a devida atenção;

 Frio: Quando o corpo humano é exposto ao frio, perde calor. Se a pessoa estiver vestida, o
calor gerado pelo seu corpo será mantido por mais tempo. A evaporação da umidade da
pele na forma de suor, é decorrência do aquecimento do corpo. A conseqüência da perda
de calor do corpo, resulta em uma redução da temperatura da pele, dando a sensação de
frio. Quando a temperatura interna do corpo cai a cerca de 30 graus centígrados, a maioria
das pessoas tem a sua capacidade mental e física deteriorada, e entra em estado de
choque. Se a temperatura do corpo continuar a cair, a pessoa morrerá. Durante o período
de sobrevivência, no caso de baixa temperatura ambiente, uma das constantes
preocupações deverá ser a de manter o sobrevivente o mais agasalhado possível;

 Congelamento: O congelamento se manifesta principalmente no rosto, orelhas, pés e mãos,


levando à ulceração das partes atingidas, podendo, inclusive, gangrenar os locais, levando
à amputação e ameaçando seriamente a vida humana.
Ao menor sinal de congelamento (cianose e/ou dormência) deve-se aquecer gradativamente
as partes. Em hipótese alguma deve-se friccionar ou massagear as partes atingidas;
 Calor: Os sobreviventes deverão conservar a cabeça e a pele protegidas. Inclusive o
pescoço e a nuca, por meio de uma aba improvisada. Os raios solares, refletidos na água,
também queimam a pele. Não se deve furar as bolhas provocadas por queimaduras. Deve-
se evitar a penetração de umidade nas mesmas e mantê-las cobertas e o mais secas
possível;
Com o reflexo intenso do sol, do céu e da água, os olhos podem ficar injetados de sangue,
inflamados e doloridos. Na falta de óculos, usar um pedaço de pano ou atadura sobre os
olhos;

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 Sede: Os sobreviventes podem sentir sede psicológica e fisiológica. Conversar com eles,
explicar a quantidade mínima necessária e orientá-los a fazer poucos esforços para que a
perda de calor seja menor;

 Fome: Consegue-se viver muito tempo sem comida. A fome pode ser “driblada” se
procurarmos manter a mente e o corpo ocupados;

 Medo: É muito normal os sobreviventes terem medo. Devemos procurar minimizar este
sofrimento com palavras que elevem o moral deles;

 Ansiedade: A ansiedade é um comportamento normal numa situação se sobrevivência.


Devemos procurar conversar com os sobreviventes e procurar mantê-los ocupados para
minimizar os efeitos da ansiedade;

 Tédio: Em uma prolongada sobrevivência, o aparecimento de uma certa rotina, aliada à


solidão, faz com que o tédio tenda a se estabelecer. É a fase em que o sobrevivente,
revoltado contra tudo e contra todos, começa a se desinteressar das coisas que poderiam
servir de ocupação e perde a vontade de viver. Quando em uma sobrevivência, o tédio
recair sobre alguém do grupo, será necessário combatê-lo persistentemente;

 Solidão: A solidão é o prelúdio do tédio. A pessoa inicialmente acredita que em pouco


tempo será resgatada e, caso isso não aconteça, começa a se deixar abater, principalmente
quando se dá conta da sua situação.
A solidão necessita ser combatida através de uma ocupação. A pesca, o cuidado com os
feridos, a confecção de um diário e o cuidado com a higiene são excelentes exemplos de
ocupação.

 Histeria: Procure acalmar o que têm ataques histéricos, que também é um comportamento
esperado numa situação dessas.

 Pânico: O pânico, normalmente, toma conta da pessoa no momento do acidente ou mais


tarde. Pode, entretanto, ser controlado e até mesmo dominado, quando se está preparado
para enfrentar situações de emergência. O conhecimento dos procedimentos um razoável
treinamento ajudarão a desenvolver autocontrole.

Conduta do Comissário: Os Comissários têm um papel fundamental numa situação de


sobrevivência. Seus conhecimentos e seus treinamentos, aliados ao trabalho em equipe e ao desejo
de salvar vidas é essencial. Os Comissários devem manter a CALMA e transmitir AUTOCONTROLE
E SEGURANÇA aos sobreviventes.

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SOBREVIVÊNCIA NO MAR

Durante o último conflito mundial, numerosos foram os casos de


náufragos que permaneceram vários meses no mar, em
pequenas balsas ou botes de borracha e que se salvaram apesar
de, inicialmente, não disporem de água ou de comida.
O recorde de sobrevivência pertence a um marinheiro chinês que
permaneceu 133 dias no mar, mantendo-se vivo à custa de água
de chuva e de peixe.

De um modo geral, a sobrevivência no mar, dependerá principalmente das rações e dos


equipamentos disponíveis, bem como da iniciativa do próprio náufrago.
Não dispondo da ração de emergência, o peixe irá constituir-se na única bebida numa sobrevivência
no mar.

Após a separação definitiva dos equipamentos coletivos de flutuação, os sobreviventes deverão se


afastar da aeronave, devido ao risco de submersão ou explosão.
Os fatores que poderão influenciam uma boa amerissagem são os seguintes, em síntese:
 Avião e tripulantes bem preparados para a amerissagem;
 Seleção apropriada para o contato com a água (direção,altura e tipo de ondas);
 Peso da aeronave o menor possível;
 Velocidade mínima;
 Razão de descida e,
 Bom controle da atitude do avião

As possibilidades de um grupo de pessoas sobreviver no mar depende de uma variedade de fatores


tais como: meios de flutuação, proteção do corpo contra o frio provocado pelo vento e temperatura
da água, sede, sol, desidratação e ainda casos fortuitos de ataque de tubarões.
É opinião geral entre os especialistas que o principal problema numa sobrevivência no mar sempre
advém do fato de que em grandes áreas do mar a temperatura da água é bastante baixa e que
produz um arrefecimento no corpo compatível com a vida; se a temperatura do corpo descer abaixo
dos 35°C, a morte é normalmente inevitável, a não ser que seja tomada uma ação imediata de
reaquecimento.

A temperatura da água e as condições físicas do sobrevivente determinarão o tempo de


permanência fora da embarcação.

Observe a tabela a seguir:

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TEMPERATURA DA ÁGUA EM GRAUS TEMPO DE SOBREVIVÊNCIA DE UMA


CENTÍGRADOS PESSOA IMERSA

Abaixo de 1.6 Menos de 15 minutos

1,6 a 4,4 Menos de 1h e 30 m

Menos de 3 h (só 50% das


4,4 a 10 pessoas conseguem
sobreviver por mais de 1 h)

10 a 15,6 Menos de 6 h

15,6 a 21,1 Menos de 12 horas

Acima de 21,1 Indefinido

Equipamentos de flutuação

De acordo com normas da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI ou ICAO) que tratam
de equipamentos de flutuação, todas as aeronaves que efetuarem vôos transoceânicos (além de
370 Km do litoral), deverão dispor de equipamentos individuais e coletivos de flutuação. Aeronaves
que efetuarem vôos costeiros (rotas de até 370 Km do litoral) deverão, obrigatoriamente, portar
apenas equipamentos individuais de flutuação.
Os equipamentos individuais de flutuação homologados são: coletes salva-vidas e assentos
flutuantes; e os coletivos são barcos (botes) e escorregadeiras-barco.

Coletes salva-vidas

Possuem duas câmaras de flutuação, que serão infladas, por uma


cápsula de ar comprimido. Em caso de falha no sistema de inflação, os
coletes poderão ser inflados por sopro através de um tubo acoplado à
cada câmara. Possuem ainda uma tira ajustável para ser presa na altura
da cintura;
Na altura do ombro, entre as câmaras, há uma lâmpada localizadora (ou
sinalizadora) que é alimentada por uma bateria ativada à base de água.
O tempo de duração da lâmpada do colete é de oito horas,
aproximadamente.
Cada câmara suporta, em média, um peso de 60 kg. No entanto, inflar
somente uma câmara será o suficiente para mantê-lo flutuando. Com duas câmaras infladas, você
se sentirá desconfortável e os seus movimentos na água serão dificultados.

Os coletes também podem ser utilizados para flutuação de suprimento extra de água, mantas e
alimentos, desde que haja tempo disponível para prepará-los antes do pouso.

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Instruir os passageiros para vestirem o colete sem se levantarem de seus assentos e orientá-los
para que não inflem o colete no interior da aeronave, mas somente na área da soleira das portas, ao
abandonar a aeronave ou sobre a asa.
Os sobreviventes deverão manter os coletes vestidos e inflados até o momento do resgate.
Assentos flutuantes

Referimo-nos à parte estofada inferior da poltrona que é removível,


presa à estrutura da poltrona por meio de velcro.
São assentos de aspecto normal que possuem uma placa interna de
poliuretano rígido que os torna flutuantes.
Possuem também duas alças.
Suportam um peso médio de 90 Kg. Em um pouso na água, os
passageiros devem ser orientados a levá-los consigo para fora da
aeronave.
Estes manterão os assentos seguros por ambas as mãos, junto ao
peito.

Barcos Salva-vidas (botes)

Os barcos salva-vidas (botes) são acondicionados em invólucros de


lona e alojados normalmente em rebaixamentos do teto das
aeronaves.
Possuem duas câmaras principais de flutuação e estão equipados
com rampas de acesso, alças de embarque, toldo, montantes
infláveis ou metálicos, facas flutuantes, luzes localizadoras, âncora,
corda de amarração, corda com anel de salvamento e kit de
sobrevivência no mar.

A corda de amarração tem o comprimento aproximado de 6 metros e possui um gancho que serve
para fixar o barco à aeronave.
As facas flutuantes estão localizadas, respectivamente, uma em cada câmara principal de flutuação
do barco, ao final da corda de amarração. A finalidade da faca é cortar a corda de amarração,
separando definitivamente o barco da aeronave.
Uma vez removidos de seus alojamentos, os barcos deverão ser levados para as saídas que
estejam acima do nível da água. No entanto, só deverão ser levados para cima da asa ou jogados
para fora da aeronave após terem sidos fixados por meio da corda de amarração à alguma parte
fixa da aeronave.
Caso o barco seja retirado através e uma janela, a fixação deverá ser feita na argola existente no
encaixe da referida saída.
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ACADEMIA DO AR – BLOCO I - Apostila de Sobrevivência

Antes de o barco ser jogado na água deve se observar, além das condições adversas (arestas
metálicas, combustível e fogo), também a direção do vento, a favor do qual o barco deverá ser
jogado.
O comando manual de inflação, em forma de punho metálico, está fixado na corda de amarração.
Ao se lançar o barco na água, um dos participantes da operação deverá segurar e puxar o comando
manual de inflação.
O comando de inflação dos barcos é semelhante ao das escorregadeiras. Portanto, somente se
poderá comandar que os passageiros entrem no barco após ter cessado o ruído de entrada de ar
pelos aspiradores (venturis) e a constatação de barco inflado. Deve-se promover o embarque
mantendo o barco o mais próximo possível da aeronave, utilizando a tira de amarração.

Escorregadeira-barco (Slide-raft)

Estão equipadas com estações de embarque (com


alças e degraus), toldo, montantes, faca flutuante,
lâmpadas localizadoras, bomba manual de inflação,
corda com anel de salvamento, âncora, tiras de
segurança, kit de sobrevivência no mar e
estabilizadores laterais. Na saia da escorregadeira há
uma dobra fechada comandar o embarque, deve-se
constatar a completa inflação e, preferencialmente
promover a transferência direta dos por velcro ou
botões de pressão. Sob essa dobra encontra-se o
Cabo Desconector ligado a uma alça de lona, na qual
está escrita a palavra “Handle”. Antes de passageiros da aeronave para a escorregadeira-barco. Se
as condições permitirem, deve-se desconectar a escorregadeira de sua barra de fixação e promover
o embarque via água.
Se por alguma razão, não houver lugar para todos os sobreviventes dentro de algum equipamento
coletivo de flutuação, deverá ser feito um rodízio, colocando os excedentes presos ao redor do bote
ou escorregadeira.
Amarre as extremidades das tiras dos coletes daqueles que ficarão na água às tiras laterais de
salvamento do bote.
A temperatura da água e as condições físicas do sobrevivente determinarão o tempo de
permanência fora da embarcação.

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Slide-raft inflando

Slide-raft depois de inflado

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No caso de aeronaves maritimizadas equipadas com escorregadeira-barco (slide-raft)


Dispomos dos seguintes equipamentos:

a) Kit de sobrevivência no mar: É um item obrigatório para vôos transoceânicos. Contém


entre outros itens um toldo (canopy), montantes estruturais, material de primeiros
socorros, manual de sobrevivência, lanterna, esponja, sacos com água potável, tabletes
de purificação de água, espelho sinalizador diurno e noturno, apito, estojo de costura, kit
de pesca, conjunto de reparos (bujões de vedação) e bomba de inflação manual.

Pacote do Kit de sobrevivência no mar

Kit de sobrevivência no mar

b) Alças externas: Localizadas ao redor do bote, são utilizadas para alcançar as estações
de embarque e auxiliar pessoas que se encontram dentro d‟água a se manterem presas
ao bote.

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Alças externas

c) Estações de embarque: A localização da estação de embarque é indicada por setas


existentes nas laterais do bote, com a inscrição ENTER.

Alças externas

Estação de embarque

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d) Toldo: O toldo que se encontra dentro do conjunto de sobrevivência no mar, tem a


finalidade de proteger os sobreviventes dos raios solares, do frio, coletar água da chuva
e servir de sinalizador devido a sua cor contrastante.
Para a montagem, deve-se instalar os seis montantes nos vértices do bote e um tubo
extensível no centro do mesmo. Deve-se estender o toldo, fixando os botões de
pressão às extremidades dos montantes.

Montando o toldo

90

Toldo montado

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e) Montantes estruturais: São suportes metálicos ou de material inflável, utilizados para


dar sustentação ao toldo. São afixados por meio de ilhoses ou tiras no piso do bote e no
próprio toldo.

Montante

f) Faca flutuante: Localizada no final da corda de amarração, usada para cortá-la,


separando definitivamente a escorregadeira-barco da aeronave;

Faca flutuante

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g) Luzes localizadoras: Uma em cada câmara, energizadas por uma bateria ativada
quando em contato com a água.

Luz localizadora Bateria ativada por reação química

h) Bomba manual de inflação (Hand Pump): Utilizada para compensar a pressão de


inflação do bote ocasionada pela variação de temperatura, ou após um reparo de
vedação, devendo-se conectá-la à válvula correspondente.

Bomba manual

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i)
j)

h) Corda com anel e salvamento: Usada para resgatar pessoas que estejam afastadas do bote
e para ligar um bote ao outro.

Anel de salvamento

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i) Âncora (Biruta d’água): Fixada ao bote por meio de uma tira, tem a finalidade de
retardar a deriva. Deve ser liberada de seu invólucro somente após o afastamento da
aeronave. Jogar na água, certificando-se que ela não fique presa na aeronave ou em
destroços. Com mar calmo, liberar toda a extensão da corda; com o mar agitado, liberar
metade de sua extensão;

Âncora ou Biruta d’água

k) Tira de amarração (MOORING LINE): Utilizada para manter o bote fixado à aeronave
enquanto os ocupantes efetuam o embarque, após o qual deve ser cortada com a faca.

Tira de amarração (Mooring line)

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Cortando a Mooring line

l) Tubo de Venturi: Equipamento que aspira 60% do ar responsável pela inflação do


bote.

Venturi

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m) Bujões de vedação: São usados para vedar pequenos furos na embarcação. Deve-se
colocar a parte emborrachada para o lado de dentro da câmara de flutuação, cuidando
para que o tecido não fique enrugado.

Bujões de vedação

Peculiaridades Pouso na água: No caso de pouso na água, deve-se observar primeiramente se a


aeronave tripulada é maritimizada ou não, pois os procedimentos relacionados às portas e
escorregadeiras sofrem variações.
Em relação aos coletes, deve-se instruir aos passageiros a vesti-los e somente inflá-los junto às
saídas da aeronave. Em aviões que possuem apenas assentos flutuantes, deve-se orientar os
passageiros a levá-los consigo ao abandonar a aeronave, conforme vozes de comando específicas
descritas neste manual.
No caso de evacuação pelas portas, os passageiros deverão inflar os coletes nas soleiras das
mesmas.
Na evacuação pela janela de emergência, os passageiros deverão ser instruídos a sair da aeronave
e somente após, inflar seus coletes.
Os passageiros deverão ser instruídos a ficar com os coletes vestidos e inflados até a chegada do
resgate.

Ações Imediatas e Simultâneas

Diversas ações deverão ser realizadas imediata e simultaneamente. Para que haja simultaneidade
de ações e para prevenir ações e para prevenir a ocorrência de pânico entre os sobreviventes, é
necessário que um tripulante assuma o comando da embarcação e coordene a distribuição de
tarefas.

a) Desconectar a escorregadeira-barco da barra de fixação:


1. Levantar a dobra (aba) da saia da escorregadeira;
2. Puxar o cabo desconector.

Mesmo depois de desconectada, ela ficará presa à aeronave por intermédio da tira de
amarração. Para separar definitivamente a escorregadeira-barco da aeronave, corta-se a

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tira de amarração, junto à embarcação utilizando-se a faca flutuante, localizada na própria


escorregadeira, próxima ao final da tira.
b) Embarcar direta ou indiretamente dependendo das condições do mar:
 Mar calmo = Embarque direto
 Mar revolto = Embarque indireto
Se por alguma razão, não houver lugar para todos os sobreviventes dentro de algum
equipamento coletivo de flutuação, deverá ser feito um rodízio, colocando os excedentes
presos ao redor do bote ou escorregadeira.
Amarre as extremidades das tiras dos coletes daqueles que ficarão na água às tiras
laterais de salvamento do bote.

c) Manter-se bem afastado da aeronave sinistrada, (mas não em excesso) até que esta
afunde;

d) Evite flutuar em área coberta de combustível;

e) Proceder a uma busca rigorosa em toda área onde pousou a aeronave, pois poderão existir
sobreviventes flutuando sem sentidos ou em estado de semi-afogamento. Se for verificada a
existência de sobreviventes no mar, resgatá-los aplicando os procedimentos de
“recuperação de homem ao mar”:

 Tripulante lança do barco, o anel de salvamento para o sobrevivente;


 Tripulante lança do barco, um colete salva-vidas amarrado à corda do anel de
salvamento, para o sobrevivente;
 Tripulante, amarrado à embarcação pela corda do anel de salvamento, vai a
socorro do sobrevivente;

f) Salve tudo o que puder dos equipamentos que estiverem flutuando. Retirar da água as
rações que forem avistadas, bem como almofadas, estofamento, vestimentas extras, etc.;

g) Jogar a âncora (biruta d‟água):

h) Socorra os que necessitarem de primeiros socorros. Coloque os feridos de comprido dentro


do bote. Deverá ser feita uma verificação das condições físicas dos sobreviventes,
prestando os primeiros socorros a quem necessitar, de preferência por ordem de gravidade
dos ferimentos (hemorragias, traumatismo craniano, fraturas expostas, etc...). Se houver
profissionais da área médica (médico, veterinário, dentista, enfermeiro), solicitar sua
colaboração;

i) Ponha para funcionar o rádio de emergência e preparar e proteger todos os equipamentos


de sinalização, tais como: foguetes pirotécnicos, corantes marcadores de água, apito,
espelho sinalizador e lanternas, colocando-os em invólucros impermeáveis, de forma que
possam ser utilizados prontamente, ou seja, ao avistar uma embarcação ou aeronave, ou ao
escutar o ruído de seus motores.

j) Se houver mais de um equipamento coletivo de flutuação, os mesmos deverão ser


agrupados, unindo-os (dentro do possível) através da corda do anel de salvamento, de no
mínimo 8 metros, para evitar abalroamento entre as embarcações. Com o mar calmo esta
distância poderá ser menor. Esse procedimento evitará que as embarcações derivem em
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rumos diferentes e facilitará o trabalho de localização e resgate pelo serviço de busca e


salvamento;

Ações subsequentes

a) Avalie a quantidade disponível, levando em conta que em média um náufrago necessita de


MEIO LITRO DE ÁGUA por dia.

b) Mantenha os náufragos juntos para se aquecerem.

c) Verifique se o bote salva vidas não está vazando;

d) Retire a água do mar que estiver dentro do bote.

e) Proteja o bote contra arranhaduras provocadas por sapatos ou objetos pontiagudos,


cortantes, etc.

f) Armar o toldo: Armar o toldo para proteger os sobreviventes dos raios solares e dos salpicos
de água do mar, e também para captar a água da chuva e do orvalho. Para a colocação
dos mastros, deverão ser designados os sobreviventes que estiverem sentados próximo aos
encaixes dos mesmos no assoalho.
Os sobreviventes não precisarão se deslocar no interior da embarcação para a armação do
toldo e todos deverão participar da operação, principalmente os que estiverem sentados
próximo aos montantes estruturais.
g) Os ocupantes do bote deverão manter seus coletes inflados e as criancinhas deverão ser
amarradas a um de seus pais ou responsáveis, a fim de garantir a sobrevivência, caso o
barco vire.

h) Movimente-se com regularidade para manter a circulação ativa, isto o aquecerá e evitará
feridas nos pés e nas nádegas.

i) Proteja-se contra os raios solares, por meio de toldo, de vestes, de óculos, de cera protetora
de lábios.

j) Cuidar para que os sobreviventes não se desloquem de pé no interior das embarcações,


nem se sentem as bordas, pois poderão cair na água;

Convencer os sobreviventes de que não precisarão ingerir água ou alimento no primeiro dia. Mesmo
que haja suprimento de água, esta deverá ser reservada para as crianças (se houver), pois elas se
desidratam rapidamente e para feridos graves;
Certificar-se de que a embarcação esteja devidamente inflada. Ocorrendo o esvaziamento, procure
corrigi-lo com o auxílio da bomba manual. Nos dias frios coloque mais ar no bote salva-vidas e nos
dias quentes retire um pouco de ar. Isso é necessário devido à capacidade de expansão dos gases.
Tomar cuidado com sapatos, canivetes, facas e demais objetos afiados, pois poderão danificar a
embarcação. Usar bujões de vedação em caso de infiltração no assoalho ou furos nas câmaras da
embarcação.
Não deixe de usar uma biruta d‟água, ligada ao bote. Não dispondo da mesma, improvise-a por
meio de um balde de lona, uma camisa ou um pedaço de lona. Ela manterá o bote próximo ao local

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do acidente e facilitará o trabalho de busca e salvamento. Deve-se cuidar para que a biruta d‟água
não fique presa à aeronave ou partes desta.
Conserve o bote seco e em estado de equilíbrio. Os sobreviventes devem permanecer sentados de
costas para as câmaras principais, e com os pés voltados para o centro, mantendo os coletes
vestidos e inflados até o resgate.
Se o número de sobreviventes ultrapassar a capacidade máxima da embarcação e, na
impossibilidade de transferir os excedentes para outras embarcações, será necessário promover um
rodízio: os excedentes deverão permanecer dentro d‟água e, por medida de segurança, amarrar as
extremidades das tiras de seus coletes salva-vidas às tiras laterais de salvamento da embarcação.

Sinalização

Poderá ser feita por meio de:


a) Espelho apropriado ou improvisado;

b) Pedidos internacionais no horário de silêncio de 15 a 18, 45 a 48 minutos depois de cada


hora cheia. A palavra “MAY DAY” (versão do francês m'aider ou m'aidez, que significa
"venha me ajudar")em 121,5 MHz, é emitida em rádio telefonia ou por qualquer emissor de
voz humana.

c) Artifícios pirotécnicos: Possuem formato cilíndrico e ambas as extremidades são utilizáveis,


sendo um dos lados para a sinalização diurna e noturna.
O agente sinalizador do lado diurno é fumaça de cor alaranjada, e o lado noturno fogo de
magnésio.
Identifica-se o lado noturno por pontos em alto relevo na tampa, saliências na borda e uma
argola presa ao mecanismo de acionamento.
Operação: Para se operar um cartucho pirotécnico deve-se seguir as instruções contidas no
rótulo que são:
Deve-se manter o cartucho pirotécnico numa posição que forme um ângulo de 45 graus em
relação a linha do horizonte, para fora do bote e a favor do vento. Evite que esse material
provoque incêndio no barco.
Caso o lado diurno seja acionado e o cartucho irromper em chamas, deve-se mergulhá-lo
em água até começar a sair fumaça.
Quando na utilização do lado noturno, cuidar para que os pingos de magnésio não caiam
sobre as bordas ou no interior do bote. Não utilizar o cartucho contra o vento ou apontado
para dentro do bote, pois poderá provocar sufocamento ou queimaduras.

a) Corantes de marcação deverão ser usados durante o dia. É um saco de pano contendo um
produto químico que reage na água, alterando o “ph”, produz uma mancha sinalizadora que
permanece ativa durante 3 horas aproximadamente e pode ser vista a uma distância de 10
NM (milhas náuticas). Deve ser utilizado somente quando ouvir ruído ou avistar aeronave
nas proximidades. Enquanto não forem utilizados, deverão ser mantidos embrulhados e
protegidos da umidade.

b) Sinais luminosos à noite, por meio de lanternas elétricas de mão. Qualquer luz pode ser
percebida sobre as águas à distância de muitas milhas.

c) Apitos, à noite ou em ocasião de nevoeiro, para atrair a atenção de pessoas em navios ou


na praia.

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Água

Médicos da U.S. Navy (marinha norte-americana) comprovaram, na última guerra mundial, que um
homem privado de alimentos, mas com abundância em água potável, evitando ao máximo
despender qualquer esforço físico, pode ser uma sobrevida de 20 a 30 dias, dependendo de sua
condição física e das condições ambientais. Por outro lado, a ausência total de água, leva a uma
sobrevida em torno de apenas 10 dias.
Equilíbrio Hídrico
Normalmente o conteúdo de água no organismo é bem equilibrado. O excesso na ingestão de água,
através de bebidas e de alimentos é compensado pela excreção via urina, fezes, respiração e
transpiração.
Entrada de Água
Em condições normais, a ingestão de água por um indivíduo pode variar de 2.500 ml. a 3.000ml.,
proveniente de três fontes principais:

Água natural:
A água natural é ingerida em maior quantidade, sob a forma de bebidas e alimentos líquidos, onde
está presente em grande quantidade (sopa, leite, vitaminas, sucos, etc).
Numa situação de sobrevivência no mar, talvez a única água natural disponível seja a água da
chuva, que nem sempre satisfaz a sede, pois não dispõe dos sais minerais necessários ao corpo
humano. Ao chover, deve-se procurar armazenar a maior quantidade possível de água, tendo o
cuidado para não contamina-la com água do mar. Durante a chuva deve-se beber água tanto
quanto possível, sem que se sinta mal. Vale lembrar que a água coletada diretamente da chuva não
necessita ser purificada.

Água de constituição:
A água de constituição está presente em todos os alimentos e, de uma maneira geral, pode-se
considerar que a água entra na composição dos alimentos sólidos numa variação de 75 a 80%.
Isso significa que, numa situação de sobrevivência não se deve comer demais a fim de hidratar o
corpo, pois será necessário aumentar, também a ingestão de água natural para metabolizar esses
alimentos. Se não dispuser de água não se deve comer, pois todos os alimentos ricos em proteínas,
como o peixe e as aves, se ingeridos farão aumentar a desidratação. Nesse caso, tais alimentos
deverão ser somente mastigados, e engolir apenas o sumo desprendido dos mesmos,
desprezando-se toda sua parte sólida.

Água de oxidação
O nosso organismo pode perder água de algumas formas:

 Via pulmonar: esta perda é involuntária e constante, porque a água sai do corpo sob a forma de
vapor durante a expiração. Um homem adulto perde, por via pulmonar, cerca de 200 a 400ml de
água, em média, por dia. Esta perda varia de acordo com o grau da atmosfera e, também, em duas
circunstâncias: febre e taquipnéia (aceleração do ritmo respiratório). Portanto, o sobrevivente deve

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combater febres e evitar atividades físicas que o deixem ofegante, procurando repousar o máximo
possível.

 Via cutânea: a perda de água via cutânea está associada à perda de alguns sais minerais e
varia, em um período de 24 horas, de 3 a 60ml., dependendo da temperatura, umidade do ar e da
atividade corporal. As perdas por via pulmonar e cutânea são insensíveis. Nos dias quentes, para
minimizar essa perda de água por via cutânea, deve-se evitar ao máximo a sudorese abrindo-se as
laterais do barco salva-vidas, para melhorar a circulação do ar. Também pode-se, nos dias muito
quentes, umedecer as roupas com água do mar para diminuir a transpiração. Deve-se diminuir, ao
máximo quaisquer atividades físicas.

 Via renal: os rins de um adulto sadio com regime alimentar livre eliminam, diariamente, cerca de
1500ml. de urina. Numa sobrevivência no mar observa-se inicialmente uma sensível redução da
produção de urina pelos rins, a fim de reter água no organismo. Após o terceiro ou quarto dia,
dependendo das condições metabólicas de cada sobrevivente, a urina passa a ter coloração âmbar
escura devido à concentração de sais e ácidos.
Deve-se beber somente água potável e jamais água do mar, urina ou outros líquidos que venham a
produzir lesões nos rins e evitar, assim, uma possível desidratação.

 Via digestiva: pelas fezes, o indivíduo normal elimina cerca de 100 ml. De água por dia. Em
situações normais, essa perda não é significativa, exceto nos casos de diarréia. Portanto, a ingestão
de alimentos deteriorados ou mesmo alimentar-se sem beber quantidade suficiente de água para
auxiliar a digestão, deve ser evitado pelos sobreviventes. Não tendo água, não se deve comer.

 Perdas adicionais: alguns tipos de ferimentos podem ocasionar uma perda adicional de água,
mas para o náufrago o que mais comumente pode ocorrer, é a perda de água através de eventuais
vômitos provocados pelo enjôo. Nesses casos, deve-se fazer uso de comprimidos contra enjôo que
se encontram nas farmácias que foram retiradas da aeronave e também no conjunto de
sobrevivência no mar.

Água Salgada
Análises de situação de sobrevivência no mar em que os sobreviventes ingeriram água salgada,
demonstram um número de mortes de sete a oito vezes maior do que nas situações de
sobrevivência onde os náufragos não ingeriram água alguma.
A principal razão consiste no fato de que o corpo humano, para metabolizar e expulsar o sal contido
na água do mar, necessita de mais água. Como numa situação de sobrevivência no mar, não existe
água natural em quantidade suficiente, a água utilizada pelo organismo durante esse processo, é
aquela contida nas células do corpo, o que acelera o estado de desidratação, levando fatalmente à
morte.
O resultado da tentativa de aliviar a sede bebendo água do mar, é quase sempre o mesmo: a cada
gole de água salgada, a sede aumenta. O náufrago procura então alivia-la bebendo mais água do
mar, numa quantidade cada vez maior, até perder o autodomínio. Nessa situação, nada no mundo
pode impedi-lo de continuar bebendo água salgada, até morrer. A “morte pó água salgada” é
semelhante à morte pela sede.

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Quantidade Necessária de Água


A quantidade mínima de água para que o corpo humano possa manter suas funções é de mais ou
menos ½ litro de água por dia. Se o suprimento de água for insuficiente, será preferível bebê-la no
primeiro dia e de uma só vez ao perde-la por evaporação ao longo do tempo.
No Brasil, o Estado Maior das Forças Armadas (MFA) prescreve o consumo diário de 750ml. De
água para que o sobrevivente mantenha as condições psicofísicas favoráveis. Entretanto, condições
de momento, como socorro demorado, superlotação na embarcação, ou perda dos suprimentos,
poderão fazer com que as rações de água sejam reduzidas.

Alimentação

O sobrevivente deve ter em mente que, dispondo de água, o seu organismo é capaz de suportar
algumas semanas sem alimentos sólidos. Entretanto, sobrevive apenas alguns dias se não dispuser
de água.
Um homem perdido num barco salva-vidas, no meio do oceano, pode vir a morrer de sede. Mas
caso conheça o enorme potencial do mar em fornecer alimentos, dificilmente morrerá de fome.
Numa situação crítica de sobrevivência, o essencial para o náufrago é a adequada ingestão, coleta
e armazenamento de toda água potável disponível.
Pesca
Caso o náufrago tenha uma boa reserva de água, deverá redirecionar seus esforços para a
obtenção de alimentos, pois resolverá o problema da fome e, ao mesmo tempo, estará ocupado
com uma atividade, evitando pensamentos mórbidos que afetam o moral.
Como apetrechos de pesca, além dos contidos nos conjuntos de sobrevivência na selva, pode-se
improvisar anzóis com alfinetes, clipes, fivelas de cintos, grampos de cabelo, etc. E linhas com
cordões de sapatos e fios tirados de roupas.
Os peixes mordem mais as iscas em movimento do que as paradas. Intestinos de aves são
excelentes iscas. Pequenos peixes são atraídos pela sombra proporcionada pela embarcação.
Á noite, o facho de luz de uma lanterna projetada na água, ou no reflexo da lua numa superfície
refletora (espelho de sinalização), costuma atrair peixes e lulas. Muitos dos peixes podem, atraídos
pela luz, cairão dentro do bote. Capturando o peixe, mate-o com uma pancada na cabeça, de
preferência antes de trazê-lo para bordo.
Utilize tudo que possa funcionar como rede.
Muitas aves serão atraídas pelo bote, como pouso ou descanso. Trate de agarrá-las logo que
tenham fechado as asas. Essas aves fornecerão carne, a ser comida crua e penas que servirão
como iscas para pesca.
A carne de animais marinhos de alto-mar, excetuando-se medusas (caravelas e águas-vivas) é
comestível. A carne do pescado crua não é salgada, nem desagradável ao paladar.

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Animais Marinhos Perigosos

Tubarões
Apesar de existirem até em águas frias do ártico e
antártico, os tubarões são mais numerosos em áreas
tropicais, subtropicais e temperadas e a grande maioria dos
ataques foi registrada em águas com temperatura acima
dos 18°C.
As pesquisas existentes sobre tubarões podem ser
resumidas nas palavras do célebre pesquisador Jacques
Costeau –“...quanto mais se fica em contato com tubarões, menos os conhecemos, pois nunca
podemos prever qual será sua atitude...”.
Os tubarões são, de fato, imprevisíveis e as causas dos ataques a seres humanos são as mais
diversas.
Porém, o simples fato de um tubarão ficar por perto não significa que vai atacá-lo. Procure ficar
imóvel e fazer o maior silêncio possível que provavelmente o mesmo logo se afastará.

As medidas anunciadas a seguir não significam que o ataque será evitado, mas em muitas ocasiões
poderá surtir efeito:
 Permanecer imóvel ou, se estiver próximo a uma embarcação, nadar com movimentos
regulares;
 Afastar-se dos locais onde existam cardumes de peixes;
 Estando no interior da embarcação, evitar deixar as mãos e os pés dentro da água;
 Não atirar pela borda, restos de alimentos.
 Se um tubarão atacar a embarcação, procurar atingi-lo no focinho e na cabeça com
algum objeto contundente.

Barracuda

A barracuda adquiriu uma reputação de agressividade muitas vezes


imerecida. Embora seja conhecida por ter provocado grandes ferimentos,
a sua aparência selvagem e curiosidade natural são frequentemente mais
responsáveis por essa reputação que o número real de ataques ao
homem. Os grandes cardumes de barracudas são normalmente mais
perigosos que uma isolada. Com frequência, a barracuda disputa o peixe
ao pescador e, em águas escuras, atira-se a um objecto brilhante,
possivelmente confundindo-o com um pequeno peixe. À noite, a
barracuda, atacam provavelmente uma fonte de luz brilhante. A menos
que uma barracuda exiba a sua disposição agressiva ou esteja nas
imediações de peixe recentemente morto, o seu habitual comportamento
curioso não é razão suficiente para alarme.

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Medusa/Água-viva

As medusas (caravelas, águas-vivas) são comuns nas águas tropicais.


O perigo das medusas está no contato físico com as cápsulas venenosas,
cheias de um líquido urticantes, distribuídas pelos seus longos tentáculos e
que provocam irritações e queimaduras, podendo até provocar morte.

Anêmonas

Expelem uma secreção urtigante que produz irritação. Evite tocá-las som a
pele desprotegida.

Ouriço

Os espinhos de algumas espécies provocam ferimentos dolorosos. Nos


casos menos graves, os espinhos podem ser dissolvidos pela aplicação de
amoníaco, álcool ou sumos cítricos.

Peixes Venenosos
Não existem métodos seguros que possam determinar se um peixe é venenoso ou não.
Em alguns peixes o veneno está contido somente nos órgãos internos ou nas ovas; em outros, na
própria carne. As características da maioria das espécies venenosas são as seguintes:

 Quase sempre vivem em águas tropicais pouco profundas ou em recifes coralíneos;


 Possuem formas estranhas;
 Possuem pele dura, recoberta de placas ósseas ou espinhos;
 Em sua maioria, possuem olhos, boca e guelras pequenas;
 Possuem carne com odor desagradável que, durante um certo tempo, fica marcada se for
comprimida;
 Têm a capacidade de inchar se forem molestados (família de baiacus).

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Outras recomendações

 Só tente navegar o bote caso aviste terra;


 Nas primeiras 24 horas, jejum absoluto, exceto crianças e feridos graves;

 Não comer se não dispuser de água;


 Não beber água salgada em nenhuma hipótese;

 Não beber urina nem sangue de animais marinhos;


 Evitar a perda de água pela sudorese, não fazendo esforço físico desnecessário;

 Beba apenas água da chuva ou sereno acumulado;


 Alimente-se também de algas, se houver.
 Estando em uma embarcação, seja ela um bote ou uma escorregadeira-barco, divida os
ocupantes da embarcação em grupos de vigília, de forma que, enquanto alguns vigiam, os
demais repousam. Os turnos de vigília não deverão exceder duas horas e todos deverão
participar, com exceção dos feridos ou exaustos. Manter pelo menos uma pessoa de
vigilância.

Aquele que estiver de vigília deverá atentar para a presença de:

Embarcações Terra à vista Aeronaves

Algas
Cardumes Avarias no bote

Caso não disponha de um colete salva-vidas e esteja no mar, dentro d‟água, improvise uma bóia
com calças compridas. Amarre as duas pernas da calça dando um nó em cada boca; desabotoe a
braguilha e segure a calça pela cintura por detrás da cabeça. Com um rápido movimento, de trás
para frente, em arco por sobre a cabeça, mergulhe-a à sua frente a cintura da calça. O ar
aprisionado irá encher as pernas amarradas da calça. Deite-se sobre a calça, de modo que as duas
bolsas de ar formadas pelas pernas da calça fiquem na altura das axilas.

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Cuidados com a saúde

Hipotermia
É a diminuição da temperatura interna do corpo, causada por uma exposição excessiva ao ambiente
frio. Algumas medidas, caso seja possível, podem ser tomadas: procurar não gastar energia; usar
roupa adequada para a temperatura ambiente; proteger a cabeça, pescoço e nuca, pois são regiões
onde ocorrem as maiores perdas de calor; procurar manter-se seco, proteger-se do vento, não
tomar bebidas alcoólicas porque elas baixam a taxa de metabolismo do corpo e a temperatura
interna; evitar diuréticos como chá e café; preferir bebidas doces e mornas; procurar respirar
somente pelo nariz; utilizar compridos contra enjôo, pois o enjôo deixa a pessoa mais propensa à
hipotermia. Mantenha os sobreviventes juntos uns dos outros de maneira a aquecerem-se
mutuamente.

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Ulcerações
São provocadas pelo contato com a água do mar. Não procure abri-las
ou espremê-las. Use pomada anti-séptica e não deixe a umidade
penetrar nas feridas, elas devem, dentro do possível, permanecerem
secas.

Enjôo
Não coma, não beba, deite-se e mude a posição de sua cabeça.
Mantenha os olhos fechados. Dispondo de remédio contra enjôo de mar,
tome-o logo

.
Problemas nos olhos
O reflexo intenso do céu e da água poderá fazer com que os olhos
fiquem injetados de sangue, inflamados ou doloridos. Faça uso de
óculos protetores ou improvise-os com um pedaço de pano ou atadura.

Prisão de ventre
É comum, por causa da escassez de alimentação. Não se impressione
demasiadamente com isso e não tome laxante.

Queimaduras de sol
Conserve a cabeça e a pele cobertas. Lembre-se que os raios solares
refletidos na água também queimam a pele, proteja o pescoço e a nuca.

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Problemas urinários
Aparelho urinário
Cor escura da urina e dificuldade de urinar são fenômenos naturais
numa situação de emergência no mar; não se apavore.

Distúrbios mentais
A fadiga e o esgotamento resultante de grandes privações podem gerar
distúrbios mentais. Há casos em que náufragos foram vítimas de
alucinações pensando estar vendo terra próxima e a despeito do aviso de
outros, jogaram-se ao mar desesperadamente. O melhor meio de
minimizar tais efeitos é manter a mente ocupada com tarefas produtivas e
procurar dormir e descansar tanto quanto possível;

Ressecamento labial
Use batom incolor, manteiga de cacau ou qualquer espécie de óleo ou
pomada para proteger os lábios;

Problemas nos pés


Meias sujas ou úmidas provocarão lesões nos pés. Se não tiver um par
de meias lavadas a mais, lave as que tiver calçadas.
As bolhas são perigosas porque podem infeccionar. Antes de cruzar um
rio ou similar, retire as meias e torne a calçar os sapatos. Evite ao
máximo usar meias úmidas e procure com frequência massagear os pés
suavemente.
Caso surja uma bolha, lave o local frequentemente e se a bolha estiver em vias de arrebentar,
poderá furá-la perto da base com agulha ou alfinete esterilizado e pressioná-la para expulsar o
líquido. Do contrário, almofade o local com pano esterilizado para reduzir a pressão ou atrito.

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SOBREVIVÊNCIA NO GELO

Uma evacuação nas regiões árticas ou antárticas será do extremo risco por se tratar de um meio
ambiente adverso e hostil para o ser humano. A decisão de abandonar ou não a aeronave depende
do risco de fogo e explosão e do grau de destruição da aeronave.
Mesmo que a aeronave esteja seriamente danificada, esta provê o melhor abrigo para os
sobreviventes.

Ações Após Pouso de Emergência

 Prestar primeiros socorros;


 Acionar imediatamente os radiofaróis de emergência, separando ainda outros recursos para
sinalização;
 Providenciar abrigo imediatamente. Evite abandonar a aeronave, porém, se for realmente
necessário abandoná-la, siga as instruções: Cheque a temperatura externa, observe a
velocidade do vento.
 Tente manter controle sobre as pessoas.
 Delegue tarefas e responsabilidade a todas as pessoas em boas condições.
 Fazer uma fogueira o mais rápido possível
 Organize um sistema de guarda e observação.
 Reúna o maior número possível de equipamentos de emergência retirados da aeronave, bem
como alimentos, assentos de poltronas, mantas, travesseiros, etc. Os assentos servem para
sentar-se e os coletes salva-vidas inflados, servem como travesseiros. Escolha uma pessoa
 para cuidar deste estoque.
 Prepare outras sinalizações.
 Caso seja possível, coletar materiais combustíveis.
 Tenha especial atenção para com o suprimento de água.
 Deve-se demarcar uma área para ser utilizada como banheiro.
 Evite transpiração. Se existe a necessidade de esforço, físico, reduza a transpiração abrindo
um pouco a roupa no pescoço e punhos, ou até tirando alguma peça de roupa. Ao término da
tarefa, porém, coloque toda a roupa de maneira adequada, para prevenir a hipotermia (queda
da temperatura corporal).
 Use roupas confortáveis. Roupas apertadas prendem a circulação e aumentem o risco de
rachaduras na pele.
 Procure cobrir o rosto e as orelhas com pedaços de pano. Proteja também mãos e pés.
 O uso de muitas meias poderá deixar os pés apertados dentro dos sapatos. Se os sapatos
forem perdidos, improvise enrolando os pés com qualquer tecido resistente (forração das
poltronas, etc), preenchendo-os com camada de espuma (retiradas de travesseiros).

 Mantenha a roupa o mais seca possível. Retire a neve sobre a roupa, antes de entrar no
abrigo ou chegar próximo ao fogo. Procure estar com as mãos sempre protegidas usando
luvas, mesmo durante a execução de tarefas.

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Abrigos no gelo

Deve-se checar a área ao redor da aeronave para determinar o local mais apropriado para a sua
construção, levando-se em consideração a facilidade de água e alimento.
O interior da aeronave não deverá ser usado como abrigo, visto que a sua temperatura será
também, reduzida drasticamente. Entretanto, partes de sua fuselagem e/ou interior (forração,
assentos, etc) poderão ser utilizados para a confecção de um abrigo.
Escorregadeiras e barcos salva-vidas também poderão servir como abrigos, desde que
devidamente fixados sobre o gelo. É importante ter certeza de que o abrigo será construído sobre
blocos sólidos de gelo, distante de fendas ou do mar aberto. Além disso, deve-se evitar a
construção de abrigos em encostas ou cavernas devido ao perigo de soterramento.
Dentre os vários tipos de abrigo que podem ser construídos, destacam-se:

Trincheira
É o abrigo que pode ser construído mais rapidamente e proporciona uma proteção eficiente.
Devendo-se cuidar para que a entrada não se localize na direção do vento. Para a cobertura da
trincheira pode-se utilizar toldos, escorregadeiras, pedaços da fuselagem ou blocos de neve
formando um “V” invertido.

Iglu
O Iglu é um abrigo típico a ser construído em
caso de uma sobrevivência mais prolongada
no gelo, por ser mais sólido. Para a sua
construção, são necessários blocos de gelo.
È importante lembrar da forração, já que a
neve vai derreter.
Uma fonte de calor é imprescindível dentro
do abrigo. Ela pode ser oriunda de uma vela.
A temperatura no abrigo deve ser mantida
próxima a zero grau Celsius e o teto deve ser
bem liso para evitar que a neve derreta e
fique gotejando. Para evitar a intoxicação, é
importante manter uma ventilação.
Abrigos feitos com galhos ou pinheiros:

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Obtenção de Fogo

Numa situação de sobrevivência no gelo, os únicos combustíveis inflamáveis são os provenientes


da própria aeronave (querosene e óleos) e as gorduras de origem animal.
Para fazer fogo em gordura de origem animal, deve-se depositá-la em recipientes (jarras, baldes de
gelo, etc), utilizando um pavio para acendê-la. A chama proveniente da queima desse combustível é
muito brilhante e pode ser avistada a grandes distâncias. É importante providenciar alguma
superfície metálica ou pedra para sustentar a fogueira, evitando que ela afunde no gelo ou na neve.

Obtenção de Água

Existem duas maneiras de se obter água numa sobrevivência no gelo. A primeira delas é derretendo
o gelo, mas deve-se ter cuidado de não utilizar o gelo proveniente de áreas onde haja colônias de
pingüins ou concentração de outros animais.
A segunda maneira é colhendo água de fonte natural originada de degelo.
Comer neve em seu estado natural resfriará seus órgãos internos e causará mais desidratação.
Qualquer superfície que absorva o calor do sol pode ser usada para derreter gelo e neve - uma
pedra chata, uma lona escura ou uma tela de sinais. Coloque a superfície de forma que a água seja
drenada para um buraco ou contentor.

Obtenção de Alimento

O meio mais fácil é aproveitar todo o alimento da própria aeronave. Além desse, pode-se utilizar as
rações do kit de sobrevivência.
Nas regiões polares, a alimentação se limitará a alimentos de origem animal: leões-marinhos, focas,
aves, peixes e demais animais marinhos. Sendo que, provavelmente, as focas serão a principal
fonte. Somente em último caso deve-se ingerir a carne de pingüins, pois pode estar contaminada
por vermes.

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Maiores perigos em uma sobrevivência no gelo

Envenenamento por monóxido de carbono

A utilização de velas e lamparinas no interior dos abrigos promove a liberação de monóxido de


carbono que é um gás altamente tóxico. Para evitar o excesso de sua concentração e, por
conseguinte, um envenenamento dos sobreviventes dentro do abrigo, deve-se manter uma
ventilação adequada.

Congelamento de partes do corpo

É um dos maiores perigos de uma sobrevivência no gelo. Ocorre quando a baixa temperatura do ar
externo extrai mais temperatura do corpo do que sua própria produção. Em função deste problema,
todos devem manter-se protegidos para assegurar a circulação sangüínea necessária para deixar o
corpo aquecido.

A gravidade do congelamento é caracterizada em três graus:

 Primeiro Grau - Sente-se arrepios. É o primeiro indício. Não são perigosos;


 Segundo Grau – Aparecimento de bolhas, que indicam um processo de queimadura nos
tecidos;
 Terceiro Grau – Início da necrose (morte dos tecidos), observada pela presença de
gangrenas ou manchas escuras na pele, indicando uma diminuição muito grande do fluxo
sanguíneo na região.

Deve-se observar que a mudança de uma etapa para a outra, pode demorar algumas horas.
É importante que as pessoas observem o rosto uma das outras.
Deve-se movimentar lentamente os pés, mascar chicletes, esfregar as mãos, massagear o nariz e
as orelhas, etc.
Pessoas que apresentarem sintomas de congelamento devem ser mantidas no abrigo.
As áreas de congelamento devem ser aquecidas rapidamente, mergulhadas em água quente ou
aquecidas por roupas.
Outro recurso é o calor corporal de outra pessoa, que poderá abraçar a vitima do congelamento,
para aquecê-la.

É importante ficar atento às sensações de amortecimento ou anestesiamento (dormência), pois eles


devem ser tidos como prenúncio de congelamento. O frio intenso pode ocasionar um estado de
choque e perda da razão, devido ao estreitamento dos vasos sanguíneos , ficando o indivíduo em
estado letárgico (desânimo).

Cegueira
A visão não se adapta naturalmente aos reflexos solares da neve, do gelo e da água.
Os raios infravermelhos provocam fadiga ótica e dor intensa. Por isso é importante proteger os
olhos ao primeiro sinal de dor ocular, utilizando óculos escuros, vendas ou abrigando-se em lugares
pouco iluminados. Caso não haja proteção dos olhos, o sobrevivente poderá chegar à cegueira em
poucas horas.

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Envenenamento por monóxido de carbono

O perigo de asfixia por monóxido de carbono é um grande risco no Ártico. Para os que estão
submetidos a frio extremo, o desejo de se manterem quentes sobrepõe-se, muitas vezes, ao bom
senso. O manter-se aquecido depende do seu vestuário - não do fogo. Nos abrigos temporários use
fogueiras e aquecedores apenas para cozinhar. Qualquer tipo de combustível ardendo durante um
período de tempo tão certo como uma meia hora num abrigo fracamente ventilado pode produzir
uma quantidade perigosa de emanações inodoras de monóxido de carbono. A ventilação pode ser
assegurada deixando o topo do abrigo aberto ou providenciando outra abertura (para o ar fresco)
junto ao solo. Se estiver no interior do abrigo e começar a sentir-se sonolento, saia para o ar livre.
Ande vagarosamente e respire calmamente. Sobretudo, acabe com a fonte das emanações. Se
vários homens estiverem dormindo num abrigo fechado aquecido, um deles deverá manter-se
acordado para observar quaisquer indicações da existência de monóxido de carbono. Uma chama
amarela significa que se está se formando monóxido de carbono.
Se uma pessoa for apanhada pelo envenenamento pelo monóxido de carbono, leve-a para o ar puro
e inicie a ressuscitação. É seguro administrar a respiração boca a boca a uma vítima do monóxido
de carbono.

Perigos ambientais

Tempestades de neve
As tempestades de neve e as rajadas de vento forte são comuns na região ártica e, muitas vezes,
combinam-se para formar montes de neve gigante que podem soterrar um homem em muito pouco
tempo. Não tente viajar durante uma tempestade de neve. Esteja permanentemente atento às
condições meteorológicas. Em outras regiões do mundo, as condições meteorológicas podem
provocar graves inconvenientes, mas nas regiões árticas a falta de atenção às mesmas pode
provocar a morte.

Queda de pedras
As quedas de pedras são provocadas pelo derretimento da neve e do gelo que prendia as rochas
soltas.

Avalanches
Qualquer encosta coberta de neve com mais de 20 graus de declive apresenta o perigo de
avalanche. Depois de uma nevasca, evite todas as encostas em declive. Se for apanhado por uma
avalancha, procure manter a cabeça ou alguma parte do corpo à tona. Uma avalancha é como um
«rio de neve» em deslocamento e umas braçadas ajudá-lo-ão a manter-se à superfície. Desloque-
se na posição horizontal. O perigo de uma avalancha é a sufocação. Se ficar completamente
coberto pela neve, tente criar uma bolsa de ar em torno da cabeça. Se sentir que vai ficar coberto
pela neve, coloque as mãos sobre a cabeça, o que cria espaço para manobrar.
Areias movediças
As correntes formadas pela fusão de neve criam bancos de areia saturados de água. Evite estas
áreas. Ao andar sobre areias úmidas, verifique a firmeza do solo antes de avançar. Se começar a
afundar, atire-se para o chão de braços e pernas abertos. Nade de bruços, lenta e suavemente para
atingir solo firme.
Se cair através do gelo, abra imediatamente os braços. É difícil trepar pelo gelo, mas não
impossível. Utilizando as pernas e os braços para se elevar, tente saltar para fora da água. Se o
gelo continuar a quebrar, dirija-se para terra ou para gelo firme.
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Icebergs
Os icebergs, que estão constantemente em processo de fusão, derretem mais depressa na base ou
debaixo da superfície da água. Os icebergs ficam com o topo pesado e podem dar a cambalhota.
Evite os icebergs em pináculo. Para se abrigar no mar, procure os icebergs baixos e de topo plano.

Ação do vento
O corpo humano queima energia para manter sua temperatura. Em regiões geladas esse gasto
energético é aumentado. O vento aumenta ainda mais a perda de calor, e há um conseqüente
aumento da sensação de frio, por ele dispersar camadas de ar aquecido existentes entre a roupa e
a pele.
Para se reduzir esse problema, os sobreviventes devem se proteger do vento, valendo-se de
barreiras (a aeronave, os abrigos, etc) ou qualquer outro meio que minimize a ação eólica (do
vento).

Gretas ou Fendas
São fendas encobertas de neve e se constituem em perigo potencial para quem caminha sobre o
gelo. Sua formação se deve à acomodação de camadas de neve e gelo em trechos de relevo
irregular.

Fossa de Dejetos

Deve ser construída afastada do abrigo, ter o caminho até ela sinalizado e ser coberta (abrigada do
vento), pois os órgãos genitais podem congelar.

Animais Perigosos

Cuidado com ursos que podem estar à procura de alimentos, machos de focas, leopardos e leões-
marinhos, que atacam quando têm seu território invadido e com aves do tipo Skua, que também
ataca em vôos rasantes.

Skua

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Em caso de Deslocamento

 Cuidado com o barulho, pois as ondas sonoras podem provocar avalanche;


 Use roupas de cores vivas, evitando roupas claras ou brancas;
 Deixe bilhete com data, rumo e número de pessoas;
 O grupo deve se deslocar amarrado um ao outro, à uma distância de 5 metros e o primeiro
elemento deve estar equipado com uma haste metálica que servirá de apoio para sondar,
cuidadosamente, o solo à frente.

SOBREVIVÊNCIA NO DESERTO

As zonas ditas desérticas variam desde desertos salgados a desertos de areia. Alguns são estéreis
de vida animal e vegetal; noutros há capim e matas espinhosas, onde camelos, cobras ou até
mesmo carneiros. Onde quer que se encontrem, os desertos são, por norma, locais extremamente
quentes durante o dia, extremamente frios durante a noite, extremamente pobres em árvores,
plantas, lagos e rios. Encontramos desertos em muitas partes do mundo, os quais correspondem
aproximadamente a um quinto da superfície da Terra. Entre as mais bem conhecidas regiões
desérticas estão o Sara, a Arábia, o Gobi e as planícies baixas do Sudoeste dos Estados Unidos.
A obtenção de água e as temperaturas extremas são as maiores dificuldades numa situação de
sobrevivência em áreas desérticas.

Ações imediatas:

 Ativar o Rádio Beacon / ELT;


 Reúna os passageiros e administre os primeiros socorros;
 Tente manter controle sobre as pessoas;
 Organize um sistema de guarda e observação;
 Não abandone as proximidades do local de pouso;
 Estabeleça um abrigo.

Obtenção de abrigo

A aeronave servirá como abrigo à noite. No entanto não é o abrigo ideal durante o dia, devido à
elevada temperatura. Conserve-se à sombra das asas se não dispor de outro abrigo.
Pode-se improvisar um abrigo utilizando partes da aeronave (fuselagem, escorregadeiras, barcos,
etc) ou, ainda, cavando sob pedras a fim de se obter sombra durante a maior parte do dia.

Obtenção de Água

No deserto, faz-se necessária a ingestão de água de duas a três vezes mais do que na selva. São
necessários no mínimo 04 litros de água por dia para sobreviver sem danos à saúde. Assim, a água
deve ser a maior preocupação dos sobreviventes.

Uma forma de encontrar água é cavar ao redor de plantas ou em suas proximidades.

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Pode também procurar água nas curvas de leitos secos de rios ou em áreas baias. A areia úmida,
além de indicar a presença de água, apresenta uma vegetação mais abundante.
Pode-se procurar água em bancos de areia. Faça um buraco na parte mais baixa, até encontrar
areia molhada; deve brotar água neste buraco, podendo a mesma ser consumida.
Não cave fundo, pois poderá ser encontrada água salgada.
Em outras áreas, cave no ponto mais baixo entre duas dunas um buraco de 01 a 02 metros de
profundidade. Ao encontrar areia úmida, cave mais um pouco até encontrar areia encharcada.
Durante o inverno, pode-se encontrar lama, que poderá ser espremida num tecido, coletando-se
água própria para o consumo. Se a água estiver com sabor salgado ou de sabão, não utilizar.
Pode-se também coletar orvalho que se acumula durante a noite nas superfícies de pedras,
recipientes, etc. Coloque um revestimento impermeável (plástico, lona, etc.), num buraco de mais ou
menos 30 cm. e enchê-lo com pedras. O orvalho se acumulará e poderá ser coletado pela manhã.
Certas raízes de árvore, cactos e plantas similares, podem fornecer água, porém se apresentar
aspectos leitoso, não devem ser consumidos.
O comportamento de animais e pássaros é importante indicador de presença de água. Os pássaros
voam em círculos sobre reservatórios de água, mesmo sob o mais árido dos desertos.
Trilhas (pegadas) de animais, também levam a ponto de água.
O destilador solar também será uma grande fonte de água.
Não beba a água com sofreguidão, mas em pequenos goles. Use a água apenas para umedecer os
lábios, se o suprimento for crítico.

Obtenção de Alimento

De origem vegetal
Em regiões desérticas, a chance de se encontrar vegetais conhecidos é mínima, devido ao pouco
conhecimento do homem.
A vegetação dos desertos, quando existir, é do tipo herbáceo e de vida curta. Durante o período
seco (que às vezes dura vários anos), os vegetais permanecem em estado de latência (como se
estivessem mortos) e sobrevivem graças às extensas raízes capazes de captar a umidade das
camadas profundas do solo. Portanto, ao se encontrar um vegetal que pareça estar seco, deve-se
cavar e buscar suas raízes que, provavelmente servirão como fonte de alimento. As partes das
plantas que, porventura, sejam encontradas acima do solo, tais como flores, frutas, brotos novos e
sementes de casca, serão as melhores fontes de alimento.
É importante lembrar que alimentos desconhecidos de origem vegetal do tipo CAL, não devem ser
ingeridos.
De origem animal
Os animais mais comumente encontrados são os pequenos roedores, os coiotes, os lagartos e as
cobras. Os roedores são mais facilmente capturados durante o dia em suas tocas, pois são animais
notívagos (de hábitos noturnos).
De um modo geral, esses animais são vistos transitando ao amanhecer ou ao entardecer. Pode-se
deixar.algumas armadilhas preparadas em locais estratégicos.

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Atenção especial no Deserto

Dê atenção especial às vestimentas para evitar queimaduras na pele e evaporação do suor. As


roupas, quando vestidas frouxas, tornarão o calor mais suportável. Deve-se também, usar um pano
sobre a cabeça, formando uma aba sobre os olhos, como proteção contra queimaduras e poeira.
Deve-se checar constantemente, a presença de cobras, escorpiões e aranhas nos abrigos, roupas e
sapatos.
Delírios, miragens e depressão podem acontecer, em decorrência do desgaste físico. Os
sobreviventes devem manter-se alertas quanto aos sintomas de qualquer desses quadros, que
podem tornar-se de difícil controle.

Decisão de Permanecer ou Abandonar o Local do Acidente

Não se deve abandonar o local do acidente, a menos que se tenha certeza de conhecer sua
localização e que o socorro se encontra a pouca distância.
Os povos nômades dos desertos africanos atravessam de geração em geração as áridas regiões.
Mas sem o devido conhecimento, não se deve arriscar um deslocamento sem destino certo.
A altíssima temperatura durante o dia não permite longas jornadas. Portanto para se deslocar no
deserto, deve-se ter um bom preparo físico.

1) Viaje apenas depois do pôr do Sol, durante a noite ou de manhã cedo.

2) Dirija-se para a costa, para um itinerário de marcha conhecido, para uma fonte de água ou para
uma área habitada. Ao longo da costa pode conservar a transpiração umedecendo o vestuário
na água do mar.

3) Siga o itinerário mais fácil possível, evitando areias movediças e terreno áspero e seguindo
trilhos. Nas zonas de dunas de areia siga os fundos duros dos vales entre as dunas ou desloque-se
pelas cristas.

4) Evite seguir os leitos dos riachos para atingir o mar, exceto nas zonas de desertos costeiros ou
nas zonas com grandes rios que corram através delas. Na maior parte dos desertos, os leitos dos
ribeiros e os vales conduzem a bacias fechadas ou lagos temporários.

5) Não tente viajar quando a visibilidade é má. Abrigue-se durante uma tempestade de areia.
Marque as direções com uma seta profundamente rasgada no chão, com um monte de pedras ou
qualquer outra coisa disponível. Deite-se de lado e de costas para o vento e durma durante a
tempestade. Cubra o rosto com um pano. Não receie ser soterrado pela areia; mesmo nas zonas de
dunas de areia, são necessários anos para cobrir um camelo morto. Se possível, procure abrigo na
encosta da colina oposta ao vento.

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