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Você já deve ter ouvido histórias ou até já pode ter passado por essa situação, um

descuido e seu freio ou do parceiro de cordada chega à base antes que todo
mundo.

E aí, o que fazer? Pense que na pré-história da escalada os freios não existiam, os
"antigos" desciam utilizando o rapel clássico, um procedimento pelo qual se
necessita apenas de corda para executar a descida. Hoje em dia, mesmo que você
perca seu freio, esta técnica não é recomendada, visto que ainda restarão
mosquetões, com os quais será possível improvisar outros métodos muito mais
seguros.

No entanto, como se trata de termo que se ouve com frequência, também vamos
mostrá-lo aqui como uma curiosidade histórica, ou para ser usado naqueles dias
em que todos os espíritos da montanha estiverem contra você e só te restar a
corda.

Rapel Clássico
Abaixo, além do rapel clássico, mostramos alguns outros métodos interessantes
para o seu dia de má sorte. Importante lembrar que os mesmos devem ser
treinados, pois muito provavelmente você não andará com essa página na sua
mochila para um curso rápido, caso seu freio caia. E não esqueça do backup,
seja qual for a sua preferência, machard, prusik, backman... em cima, embaixo...
use!

Para se executar esse tipo de descida, o escalador deve:

• Passar a corda no meio das pernas, trazê-la para frente laçando uma
coxa e jogá-la por cima do ombro oposto.
• Feito isso segura-se a corda que desce pelas costas com a mão do
mesmo lado da coxa laçada (inverso ao ombro).
• A descida é controlada com o atrito da corda com o corpo,
especialmente a região da nádega e do ombro/pescoço.

Deve-se certificar de que está com uma BOA proteção no conjunto


ombro/pescoço. Se acaso não estiver, pode terminar a descida com uma bela
queimadura por atrito de corda.

Especial cuidado deve-se tomar com as cordas molhadas, pois apesar de não
ter problema de atrito (não fica mais lisa como muitos pensam), a sujeira (areia,
principalmente) que gruda na corda pode estraçalhar a roupa com uma facilidade
incrível.

Como foi dito antes, existem técnicas bem mais seguras que esta, evite-a sempre
que puder.

Nó UIAA ou nó meia-volta do Fiel


O UIAA é bastante confiável, desde que feito corretamente, basta um
mosquetão para que você consiga rapelar com este método.

Segure a corda com o polegar para baixo.


Traga o polegar em sua direção com a mão espalmada, fazendo uma laçada como mostra a foto.

Agora, sem deixar a laçada se desfazer, segure a corda no ponto indicado acima.
Prenda um mosquetão onde você estava segurando a corda.

Com o mosquetão no seu bauldrier...


Basta descer.

Lembrando que você estará usando as duas pontas da corda, a não ser que
utilize algum método para descer em uma só ponta, como feito com grigri ou outro
freio dinâmico, (logo abaixo) O resultado final com a corda dupla seria este:
Mosquetões Cruzados - Método
Yosemite
Este método é muito eficaz e proporciona uma descida bastante suave. São
necessários de dois a quatro mosquetões, que podem ser obtidos
desmontando uma ou mais costuras. Quanto maior o número de mosquetões,
maior o poder de frenagem (atrito). Para montá-lo siga os passos abaixo:

Clipe dois mosquetões simples com os gatilhos invertidos e em oposição no seu mosquetão órfão de
freio.

Passe a corda pelos dois mosquetões, formando uma alça.


Clipe um mosquetão abraçando um lado desse laço e a perna da corda que vem da ancoragem.

Clipe outro mosquetão, com o gatilho invertido, mas não em oposição, os dois gatilhos permanecem
virados para baixo.
Tensione a corda, ajustando todo o sistema.

Continue puxando e apertando, fazendo os mosquetões se cruzarem. Está pronto!


Atenção na hora de desmontar o freio, faça na ordem inversa da montagem,
para não deixar os mosquetões caírem.

Usando um freio dinâmico (gri-gri,


cinch, etc...)
Se por um acaso do destino, tudo o que restou no seu rack foi seu gri-gri, não se
desespere, também é possível descer com ele de maneira segura. Faça o seguinte:

• Passe a corda normalmente na ancoragem até alcançar seu meio.


• No meio da corda faça um nó, pode ser o oito, azelha ou fiel.
• Prenda um mosquetão nesse laço, deixando-os de um dos lados da
ancoragem.
• Passe a outra perna da corda nesse mosquetão.
• Desça com seu freio dinâmico. Quando a corda é tensionada, o nó será
puxado para o ponto de ancoragem, travando o sistema.
• Chegando ao final da descida, puxe a corda que está com o nó e o
mosquetão deslizará pela corda.

O esquema abaixo ilustra bem o procedimento:


.....A maioria dos acidentes em escalada ocorre devido a erros humanos. Os
fatores que definem o acerto ou o erro na maioria dos acidentes são o nível de
conhecimento, a experiência e a competência do escalador em realizar o
melhor julgamento da situação específica em que se encontra. Saber avaliar uma
situação de risco e utilizar os melhores meios disponíveis naquele
momento para sair de uma roubada é uma habilidade/competência
indispensável que todos nós devemos buscar constantemente.

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