Você está na página 1de 23

Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

TÉCNICAS E TÁTICAS DE SALVAMENTO EM ALTURA

HISTÓRIA DO RAPEL

O nome rapel vem do francês "rappeler" e siguinifica trazer/recuperar. A técnica foi


“inventada” em 1879 por Jean Charlet-Stranton e seus companheiros Prosper Payot e
Frederic Folliguet durante a conquista do Petit Dru, paredão de rocha que lembra um
obelisco, coberto de gelo e neve, perto de Chamonix, na França.
Descendo depois da conquista do cume, ele descreve os momentos do nascimento do
Rapel:

“Eu enrolava a minha corda em volta de uma saliência da montanha e, por outro lado, eu
a tinha vigorosamente fechada em minha mão, pois se ela viesse a escapar de um lado
seria retida do outro. Se uma saliência me permitia, eu passava a corda dupla em sua
volta e lançava à meus dois companheiros abaixo as duas pontas que eles deviam ter nas
mãos antes que eu começasse a descer. Quando eu era avisado que eles tinham as
pontas da corda em mãos eu começava a deslizar suavemente ao longo da rocha
segurando firmemente a corda nas duas mãos. Eu era recebido pelos meus dois
companheiros que deviam me avisar que eu havia chegado a eles, pois nem sempre era
possível ver o que havia debaixo de mim. Descendo de costas eu me ocupava
unicamente em segurar solidamente a corda com minhas duas mãos, sem ver onde eu
iria abordar. Quando chegava perto de meus companheiros eu puxava fortemente a corda
por uma de suas pontas e assim a trazia de volta para mim. Em duas ocasiões nós
tivemos que renunciar a tentativa de recuperá-la, ela estava presa em fendas nas quais
penetrou muito profundamente. Neste dois lugares, pude estimar, deixamos 23 m de
corda. (...)”.

Por ser uma atividade de alto risco para os franceses, os mesmos se viram
obrigados a trocarem suas cordas feitas de algodão compressado, que muitas vezes não
duravam e se rompiam facilmente nas arestas vivas, por equipamentos especializados e
de alta resistência, surgindo assim algumas empresas pioneiras em matérias de
exploração. À medida que as explorações e técnicas foram se popularizando, o Rapel foi
se tornando uma forma de atividade praticada nos finais de semana, surgindo assim
novas modalidades, mas até hoje é usado profissionalmente nas forças armadas para
resgates, ações táticas e explorações, por ser a forma mais rápida e ágil de descer algum
obstáculo.
Acredita-se que o rapel apareceu no Brasil com os primeiros espeleólogos que
iniciaram a pesquisa e estudo de cavernas no País. Somente nos últimos anos ele tem
sido visto como esporte. Os rapeleiros, como são chamados os seus praticantes, descem
cachoeiras, grutas e até prédios utilizando um material específico que garante a
segurança e o sucesso da descida. Durante este trajeto, é possível realizar algumas
manobras na cadeirinha, como balançar e até ficar de cabeça para baixo.

1. TÉCNICA DO RAPEL

Esta técnica surgiu no final do século passado a partir da necessidade de


exploradores franceses contratados para pesquisarem canyons e cavernas dos Pirineus
(cadeia de montanhas que separa o sul da França do norte da Espanha) e que se
deparavam com situações em que eram obrigados a transpor obstáculos como abismos,
cachoeiras e pontes. Daquela época até os tempos atuais, essa técnica vem sendo
CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 114
Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

aperfeiçoada, a medida em que novos e melhores equipamentos são desenvolvidos e


normalizados. O rapel, enquanto técnica, é utilizado basicamente por três esportes: a
escalada, a espeleologia (exploração de cavernas) e o canyoning (“rapel em cachoeiras”)
e, na área profissional, por militares e socorristas. Para nós, bombeiros, representa um
meio de acesso ou fuga de um local inóspito.

1.1 RAPEL MILITAR

O rapel pode ser feito com ou sem o uso de aparelhos. Em situações em que
haja uma pequena distância a ser vencida, em que não haja aparelhos disponíveis, o
rapel clássico ou militar pode ser efetuado através de uma laçada da corda em redor
do corpo, de modo que o atrito criado possibilite o controle da descida.

1.2 RAPEL COM APARELHOS

Para a realização do rapel são necessários os seguintes equipamentos: corda,


mosquetão, descensor (freio oito, rack ou mosquetão), cadeira, luvas de proteção,
auto-seguro e capacete .

1.2.1 Inserção do mosquetão na cadeira


Para o destro, segure o mosquetão na mão direita com o polegar no gatilho e
indicador no prolongamento do dorso, insira-o de cima para baixo girando-o até que a
dobradiça fique voltada para si e a abertura para cima (o que facilitará a colocação do
freio). Se a cadeira tiver uma alça vertical (ao invés de horizontal), faça o mesmo,
porém inserindo o da esquerda para a direita, girando-o até que a dobradiça fique
voltada para si e a abertura para a esquerda e para cima.

1.2.2 Passagem da corda pelo freio oito


Com o oito clipado à cadeira pelo olhal maior, faça uma alça com a corda,
mantendo o chicote voltado para a mão de comando, passando-a de baixo para cima,
em seguida abra o mosquetão girando a peça oito 180º em sua direção, clipando-o
novamente ao oito. Mantenha o oito clipado à cadeira pelo olhal maior Faça uma alça
com o chicote para a direita (destro) Passe o chicote de baixo para cima pelo olhal
maior Envolva o olhal menor. Finalize a laçada ajustando-a ao oito Retire o oito do

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 115


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

mosquetão para reposicioná-lo Gire o oito 180º em sua direção Clipe o olhal menor ao
mosquetão para então travá-lo.

1.2.3 Passagem da corda pelo rack


Libere as barras e entrelace a corda sucessivamente por cima e por baixo,
observando-se as canaletas existentes nos dois primeiros cilindros, que servem de guia
na colocação da corda. Esteja atento para que a barra maior fique do mesmo lado da
mão de comando da descida. Clipe o rack à cadeira e em seguida, abra as barras para
passagem da corda inicie a passagem da corda observando o sulco existente nas
barras Envolva as barras, alternadamente, no sentido de travamento delas Quanto
maior o número de barras, maior o atrito e menor a velocidade de descida.

1.2.4 Passagem da corda pelo mosquetão (meia volta do fiel)

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 116


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

O mosquetão pode ser utilizado como freio através do nó meia volta do fiel .

1.2.5 Fixação do freio e travamento do mosquetão


Após a passagem da corda pelo freio, fixe-o à cadeira fechando e travando o
mosquetão, atentando para apenas girar a rosca da trava até encostá-la, sem aplicar
força. No caso do rack, ele já estará anteriormente conectado à cadeira através do
mosquetão, pois sua configuração permite a passagem da corda sem que seja
necessário desclipá-lo da cadeira.

1.2.6 Calçamento das luvas


O último passo da equipagem é o calçamento das luvas, sua utilização antes
comprometerá seu tato e maneabilidade.

1.2.7 Conferência e alerta ao segurança


Após completar a equipagem, cheque passo a passo cada ação repetindo em
voz alta:
AL CSALT Nº... Checando equipamento!
Capacete na cabeça, jugular travada!
Cabo no oito !
Oito no mosquetão !
Mosquetão travado e invertido!
Luvas calçadas !
Atenção Segurança !
1.2.8 Segurança
Do solo, outro homem poderá dar segurança ao rapel. Para tanto, deverá manter-
se com as mãos à altura do tronco, sem luvas e olhando atentamente para cima,
bastando tesar a corda para, em qualquer eventualidade, interromper a descida e, se for o
caso, assumir o comando.

1.2.9 Execução do rapel

a) O chicote da corda deverá estar afastado do solo, cerca de 50 cm;


b) Antes de iniciar o rapel, confira seu equipamento e os procedimentos até então
realizados e alerte o segurança de solo;
c) Atente para evitar a formação do nó boca de lobo durante a saída (quando
utilizar oito convencional);

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 117


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

d) Desde a saída e durante a descida mantenha a mão de comando sob a coxa,


entre a rótula e a pelve. Enquanto a corda permanecer tesada (tensionada), o
executante não descerá. A outra mão poderá ficar apoiada na corda, acima do
oito, jamais sobre ele. As duas mãos trabalham em conjunto uma servindo de
guia e apoio, outra no comando do deslize;
e) Atente para posição da mão de comando para que a corda não queime a
cadeira!
f) O rapel não deve ser iniciado de um salto brusco, deve-se evitar freadas
súbitas durante a descida, a fim de que as ancoragens não sejam
sobrecarregadas;
g) O tronco deverá permanecer longe da corda (não fletido sobre ela), a cabeça, a
roupa e o cabelo longe das peças;
h) Para manter uma posição estável, deve-se apoiar a planta dos pés na parede,
em uma posição semi-sentada, mantendo-se os pés afastados entre si;

i) Mantenha o tronco afastado da corda, apóie a planta dos pés na parede, em


uma posição semi-sentada
j) Deve-se visar a direção de descida, olhando por cima do ombro da mão de
comando, de maneira a observar possíveis obstáculos durante o percurso
(janelas, beirais, arbustos, pedras);
k) Aliviando-se a tensão do chicote, começaremos a deslizar e a descer,
simplesmente caminhando pela parede ou aos saltos;
l) Ao chegar ao solo, flexione as pernas para facilitar a soltura do equipamento e
a liberação da corda e então saia debaixo da área de descida.

1.3 Travas

Existem vários tipos de travas que podem ser realizadas para interromper ou
assegurar a descida, entretanto, serão abordadas neste manual as mais usuais,
simples e seguras. Há diversas razões para se fazer uma trava, como a necessidade
do bombeiro estar com as duas mãos livres para realizar um procedimento, a
conversão de um sistema de descida para içamento, ou vice-versa, entre outras.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 118


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

1.3.1 Trava do oito

Eleve a mão de comando, mantendo a corda tesada, fazendo uma


trajetória circular imaginária. Segure então a corda com a mão de apoio para
completar a trajetória, posicionando o chicote entre o vivo e a peça oito,
puxando-o para baixo com as duas mãos para realizar a primeira trava. Em
seguida, faça uma alça passando-a por dentro do mosquetão, repetindo a
seqüência anterior, a fim de realizar uma segunda trava, finalizando o
procedimento.
Para desfazer a trava, repita as ações em ordem contrária, prestando
especial atenção no momento de desfazer a última trava com segurança.

1.3.2 Trava do oito de resgate

Após realizar a primeira trava, conforme anteriormente descrito, ao invés


de passar o chicote pelo mosquetão, passe-o pelas orelhas para então
executar a segunda trava, finalizando o procedimento.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 119


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

1.3.3 Trava do rack

Para realizar a trava com o rack, passe o chicote pelo primeiro barrete e,
em seguida, passe uma alça por dentro do mosquetão, arrematando o vivo
com um pescador simples, acima do freio.

1.3.4 Trava do meia volta do fiel

Quando o mosquetão for utilizado como freio, realize a trava fazendo o nó


de mula e arremate com pescador simples.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 120


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

1.4 VARIAÇÕES DO RAPEL

1.4.1 Rapel positivo


Descida realizada com o apoio dos pés em uma parede.

1.4.2 Rapel negativo


Realizado sem o apoio dos pés, em vão livre.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 121


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

1.4.3 Rapel auto-assegurado

Em situações em que não haja um bombeiro no solo para dar segurança ao


rapel, por exemplo, no caso do primeiro bombeiro a descer em um abismo, o próprio
executante pode fazer sua segurança prussicando a corda com um cordim ancorado
à sua cadeira, arrastando-o durante a descida, devendo estar atento para evitar o
travamento indesejado e preparado para retomar a descida, através de “auto-
resgate”.

1.4.4 Auto-resgate

No caso do cordim travar inadvertidamente, o bombeiro poderá retomar o rapel


de duas formas: após efetuar a trava do oito, o bombeiro faz uma pedaleira instalando
um cordim para aliviar seu peso e liberar o cordim de seu auto-seguro ou faz uma
azelha como pedaleira, desfaz a trava e retoma a descida. Quando utilizar deste
expediente, o bombeiro deve atentar para fazer uma descida lenta e contínua, pois
um rapel veloz irá queimar a capa do cordim.

1.4.5 Rapel guiado

Utilizado para desviar de obstáculos a trajetória da descida. Para tanto,


utilizam-se duas cordas, uma para o freio (a de descida) e outra para a guia (corda
simples solecada), clipando a ela um mosquetão ou polia.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 122


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

1.4.6 Rapel ejetável

Esta técnica diz respeito à forma de ancoragem que permite a recuperação da


corda. Utiliza-se este método em situações em que seja necessário recolher a corda
para utilizá-la em um outro lance de descida ou porque não seja razoável deixá-la no
local, (empregada em ambientes rurais e em cortes de árvore, por exemplo). Para
este tipo de rapel, deve-se permear a corda, fazer uma alça com um oito duplo ou
nove em um dos chicotes e fixar um mosquetão. Envolva então o ponto de
ancoragem e clipe o outro chicote por dentro do mosquetão. Ao término da descida,
que deverá ser feita pelo chicote contrário ao que foi feito o "nó", recolha o outro
chicote.

1.4.7 Rapel debreado


Esta técnica refere-se a um tipo de ancoragem com um nó dinâmico (meia
volta do fiel), utilizada para gerenciamento de atrito, ou seja, em ambientes,
normalmente rurais, em que não seja possível proteger a corda em toda sua
extensão, executa-se uma ancoragem em um mosquetão com uma meia volta do fiel,
bloqueado por nó de mula e arremate com pescador simples, liberando-se um metro a
cada descida. Desta forma a possibilidade de sobrecarga de um único ponto é
reduzida.

1.4.8 Rapel de helicóptero


Primeiramente, é necessário destacar algumas normas de segurança para
operações com aeronaves (helicóptero) :
a) Jamais aproxime-se da aeronave pelo rotor (cauda);
b) Desembarcado, mantenha-se sempre sob visão do piloto;
c) Esteja com o capacete firmemente preso à cabeça;
d) Aguarde o comando do piloto para embarcar na aeronave;
e) Equipe-se para o rapel;
f) Afivele-se ao cinto de segurança da aeronave; e
g) Aguarde a indicação do tripulante para iniciar o rapel.

Os bombeiros deverão descer um de cada lado, em sincronismo, para evitar a


desestabilização da aeronave. Aquele que sai com o chicote pela sua própria mão de
comando (destro, saindo pelo lado direito da aeronave) tem sua saída favorável,
bastando projetar-se para o lado externo da aeronave. No entanto, o bombeiro que
sai pelo lado oposto à mão de comando (o destro, que sai do lado esquerdo da
aeronave), deverá, após a passagem da corda pelo oito, ter a cautela de passar o
chicote por baixo de suas pernas, para evitar que ocorra a trava do oito. Para
posicionar-se no esqui da aeronave, a mão de comando já deve estar sob a coxa,
mantendo a corda tesada. Coloca-se o pé sobre o apoio intermediário do esqui e
simultaneamente faz-se uma rotação de 90º, para em seguida colocar o outro pé
diretamente no esqui, ficando de frente para a aeronave. Já sobre o esqui, deve-se
manter uma abertura suficiente entre as pernas para dar estabilidade ao bombeiro.
Estando prontos, ambos deverão pagar corda até que pernas fiquem paralelas ao
solo para, simultaneamente, continuarem a descida flexionando os joelhos, até
estarem abaixo da aeronave, efetuando um pêndulo. Após a inversão, deverão tirar
os pés dos esquis da aeronave para então iniciarem a descida, em rapel negativo, de
forma contínua e sem freadas súbitas (trancos). Todos as ações devem ser
simultâneas e sincronizadas, de modo que ambos toquem o solo ao mesmo instante.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 123


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

2. SALVAMENTO UTILIZANDO A AEM

Constituiu-se num excelente meio de salvamento em altura, propiciando aos


socorristas, a chegada rápida aos andares superiores, permitindo a retirada de vítimas
comumente refugiadas nos parapeitos das janelas além da retirada de pessoa através de
maca.
Deve-se observar as suas limitações de alcance. Algumas escadas atingem a
altura de 44m, o equivalente a um prédio de 14 andares com pé direito de 3 m por andar,
aproximadamente. É muito importante observar as regras de funcionamento e utilização
das AEM.
Regras básicas de utilização:
a) Não permitir a subida de mais de um homem em cada lanço, salvo se a escada
estiver apoiada.
b) Não permitir a subida desordenada. Nestas condições provocará um balanço
crescente da escada, colocando-a em perigo.
c) Não permitir o acesso de elementos à escada sem a certeza de que a mesma se
encontra armada.
d) Não armar a escada além de 25m sem estaiá-la. Idêntico procedimento deve ser
efetuado, em alturas inferiores àquela, quando houver ventos fortes.
e) Ao ter que passar qualquer equipamento de um elemento para outro da escada,
aquele que estiver no lanço superior deverá descer até o que se encontra na parte
inferior.
f) Ao galgar a escada acima de 55º, deve-se utilizar os degraus para segurar, em
lugar dos banzos.
g) Não se deve tomar posição na escada mecânica como na telescópica, isto é,
enfiando a perna entre os degraus.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 124


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

h) O bombeiro deverá sempre estar à retaguarda da vítima que estiver descendo a


escada.
i) O bombeiro quando utilizar a escada, deverá fazê-lo de maneira cadenciada, a
fim de controlar o seu desgaste físico.

3. SALVAMENTO UTILIZANDO A MACA E AEM

Este tipo de operação se torna imprescindível quando se tratar da retirada de


vítimas que esteja impossibilitada de se locomover, em locais de grande altitude (40m), e
o seu transporte pela parte interna da edificação se torne impossível.
3.1 Homens e equipamentos para operação:
2.1.1 Número de bombeiros:
a) 5 (cinco) Socorristas
2.1.2 Material necessário
a) 1 AEM
b) 1 maca anatômica
c) 3 cabos de 50 m
d) trava de salvação
e) 4 mosquetões
f) 1 seção de fita plana de 1,50m
g) 2 seções de fita tubular de 1,50m
h) 2 rádios portáteis

3.2 Execução da operação:


a) A guarnição arma a escada
b) Após ser armada, três bombeiros galgarão a escada levando os seguintes
materiais: 1 cabo de 50m, 1 trava de salvação, 4 mosquetões e 1 seção de
fita tubular de 1, 5m.
c) Enquanto três bombeiros sobem, dois homens que permaneceram no solo,
preparam a maca, na seguinte seqüência:
a) com duas fitas de 4m, executar duas alças na maca, unido as mesmas de
maneira que o lado onde irá ficar a cabeça da vítima fique mais elevado. A
maca anatômica off-shore, já possui as alças de içamento.
b) Visando controlar o equilíbrio da maca de descida e evitar o seu giro, dois
cabos devem amarrar as extremidades de uma das laterais.
d) Ao mesmo tempo que está sendo executado o içamento da maca, outro
bombeiro, via rádio, comunicará ao operador da AEM a posição correta em
que a mesma deverá ficar.
e) Em seguida, um bombeiro, irá fixar a fita tubular, já em forma de anel, fechado
por um nó duplo, em pelo menos dois degraus do lanço que estiver dentro do
local onde esteja a vítima colocando fixo a este anel um mosquetão e uma
trava na posição de trava inteira e com uma azelha dupla na extremidade.
f) Após o içamento será colocada a vítima na maca e esta será fixada a azelha
dupla por meio de um mosquetão.
g) Dois bombeiros suspenderão a maca, para que o outro puxe o cabo até que
desapareça a folga do mesmo, evitando-se desta forma que ao se soltar a
maca, ela sofra um grande impacto.
h) O bombeiro que estiver com o rádio deve orientar o operador da AEM, quanto
aos movimentos que devem ser executados com a escada, a saber:
c) Elevação da maca para que ela fique suspensa.
d) Giro da escada para fora do ponto onde esteja a maca.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 125


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

e) Estes movimentos deverão ser lentos para se evitar grandes balanços da


maca.
i) Quando a maca estiver suspensa e pronta para descer, os bombeiros que
estão no solo deverão controlar o seu equilíbrio, evitando que ela fique
girando, de modo a não torcer o cabo-guia.
j) A descida deverá ser executada em velocidade moderada.

4. ESCALADA DE ESTRUTURAS

Esta forma de progressão exige, além de considerável preparo físico, um pouco


das técnicas empregadas em montanhismo.
Durante a progressão torna-se necessário a formação de uma cordada com dois
ou três elementos, sendo o primeiro um guia.
Nesta técnica, o guia vai subindo pelos pontos disponíveis de apoio, com o cabo
preso a si, com uma distância máxima de 4 m de seu sucessor. A cada dois andares fixa-
se em um ponto e realiza-se a segurança do elemento seguinte, o terceiro elemento
observa e mantém o cabo como no caso do guia, esticado para a segurança e alívio do
esforço daquele que faz a progressão.
Para se executar a escalada de uma edificação, o bombeiro deve observar e
analisar os seguintes aspectos:
 características da edificação
 sistema de fixação e segurança a ser adotado
 velocidade da escalada em relação ao desgaste físico.

5. TÉCNICAS DE ARROMBAMENTO

O arrombamento se faz necessário, na maior parte das vezes, para possibilitar o


escape de vítimas de um compartimento para outro, para se chegar a estas ou,
possibilitar a ancoragem de cabos de travessia.

Homens e equipamentos para os arrombamentos de paredes:

a) Número de bombeiros de acordo com a quantidade de arrombamentos a


serem executados. Quando a quantidade é pequena emprega-se em geral de
2 a 3 bombeiros
b) Material necessário:
 malhos
 marretas
 ponteiros
 talhadeiras
 alavancas

Execução da operação:

O arrombamento, no caso de escape e/ou penetração, deverá ser iniciado pelo


centro da parede por ser o ponto de menor resistência, enquanto que, para a ancoragem
de cabos deverão ser utilizados locais próximos a vigas e a colunas. Os arrombamentos
de portas, janelas, cadeados e portas de aço deverão ser executados, conforme consta
nos manuais básicos de salvamento.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 126


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

6. ESTABELECIMENTO DE CABOS AÉREOS

O salvamento em incêndios através do estabelecimento de cabos aéreos de


prédio para prédio, ou de prédio para o solo, constituem uma opção de escape, pela qual
a vítima será resgatada.
Uma equipe precursora, ou um bombeiro, se deslocará utilizando dos recursos existentes
( escalada, aeronaves, escadas internas ou externas, etc. ), para o ponto onde será
ancorado o cabo.
No local, além da ancoragem, executará a equipagem das vítimas para a
execução da travessia.
Em casos extremos, poderá ser lançado um cabo ou uma corda fina, no ponto em
que a vítima se encontre, a fim de que ela mesma execute a ancoragem. Devido a
inúmeros fatores como: estado de pânico, ausência de conhecimentos técnicos ou
habilidade manual, são remotas as possibilidades de que a vítima consiga de “por si” um
bom resultado.
Homens e equipamentos para montagem e travessia dos cabos aéreos:
6.1 Número de bombeiros:
a. 6 (seis) Socorristas
6.2 Material necessário:
a. 1 cabo guia de 4mm a 6mm
b. 1 cabo de poliamida de 11mm para travessia
c. cintos-cadeira de acordo com o número de vítimas
d. 1 patesca leve
e. 10 mosquetões
f. Seções de fita tubular de 4m e 1,5m
g. Sistema de lançamento de cabo guia (via arremesso manual ou
FLR)
h. 1 alavanca
i. 1 megafone
j. 2 rádios portáteis

6.3 Execução da operação


Enviar um cabo fino (retinida) até o ponto onde existam vítimas
(arremesso manual ou FLR).
Estabelecido o primeiro cabo ( retinida ), o bombeiro deve puxá-lo,
amarrando o cabo de travessia e o cabo por suas extremidades.
Assim que o bombeiro tiver fixado o cabo de travessia, os demais
bombeiros no outro prédio, ou no solo, farão a sua ancoragem e
tracionamento.
Estando o cabo tracionado, e verificada a resistência do sistema, dois
bombeiros executarão a travessia levando consigo os demais equipamentos
necessários para a montagem da travessia das vítimas.
Em seguida, deve ser montado o sistema de travessia das vítimas,
constando de 1 patesca, 3 mosquetões, 2 seções de fitas tubulares. Além da
patesca apoiada no cabo de travessia existe um sistema de segurança.
O sistema de segurança deve correr sempre por trás da patesca e, a
fita que o sustenta estar com uma folga em relação a da patesca.
A travessia da vítima será executada com a sua equipagem e de
acordo com o processo seletivo de prioridade.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 127


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

6.4 Os cabos aéreos podem ser montados por dois métodos:

a. Plano inclinado
O sentido de retirada das vítimas deve ser da parte mais alta para a
parte mais baixa (descida), observando-se que em alguns casos terá de ser
executado em sentido contrário (subida).
Em ambas as situações devem ser evitadas grandes inclinações, visto
que a força da gravidade tornará difícil o controle das descidas e em
contrapartida um grande esforço nas subidas.

b. Plano horizontal
Empregada na travessia entre dois pontos situados na mesma cota.
Neste plano é empregado a tiroleza. Fazendo uma comparação entre o plano
inclinado e o plano horizontal, constata-se:
 Para execução do plano inclinado, torna-se necessária a presença de
um ou mais bombeiros juntos às vítimas, antes do seu
estabelecimento.
 A velocidade de escape das vítimas após a montagem de um plano
inclinado é maior do que no plano horizontal, tendo em vista, a
inclinação ( sentido de cima para baixo ).
 No plano inclinado a vítima será controlada pela extremidade do cabo
guia, enquanto que no plano horizontal, a vítima estará fixa ao meio
do cabo guia.

7. TÉCNICA DE UTILIZAÇÃO DOS CONJUNTOS DE DESCIDA

Os conjuntos de descida são compostos por diversos equipamentos, com a


finalidade de salvar as pessoas de pontos elevados, facilitando a sua descida por meio de
uma via de sustentação ( cabo ).
Os conjuntos são compostos pelos seguintes equipamentos:
 cabos ( 10 mm a 12 mm), com 50 m
 cinto-cadeira ou boudrier
 mosquetões
 luvas
 freios de descida: trava de salvação, oito, manhone, famau e mosquetão.
Basicamente, o conjunto funciona acoplando-se aos freios de descida, após terem
sido colocados no cabo, um cinto-cadeira ou boudrier, por meio de um mosquetão.
Diversas situações exigem que se chegue até as vítimas partindo-se de pontos
superiores, principalmente, nos casos de tentativa de suicídio, quando a abordagem deve
ser a mais rápida e silenciosa possível.
O primeiro passo para a utilização de um conjunto de descida é executar uma
amarração (ancoragem ) segura e confiável. Uma vez definido o ponto de ancoragem,
deve-se evitar o atrito do cabo com arestas vivas, revestindo-a nesses pontos com
pequenas seções de mangueira.
É importante se observar o perfeito enrolamento do cabo, a fim de se evitar que
ele venha a se embaraçar quando arremessado para baixo.
A amarração deve ser testada pelo bombeiro que irá efetuar a descida, antes de
iniciá-la Para iniciar a descida, o bombeiro manuseará o cabo com a mão de maior
habilidade, permitindo que o mesmo deslize pelo respectivo freio de descida.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 128


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

Verifica-se que os conjuntos de descida diferenciam-se pelo tipo de freio a ser


empregado e, que esses possuem algumas particularidades operacionais.

7.1 Técnicas de utilização

a) Trava de salvação:
1) Possui duas velocidades ( lenta e rápida )
2) Utilizada para descidas individuais e em dupla (socorrista e vítimas)
3) Empunhadura do cabo deve ser feita com a palma da mão voltada
para cima
4) Para facilitar o deslize do cabo através da trava de salvação deve-se
Movimentar a mão que segura o cabo para cima
5) Não é aconselhável o seu emprego em abordagem de suicidas
6) Produz elevado aquecimento

b) Formas de emprego:
1) Descida da vítima, juntamente com o socorrista, com a trava
deslizando sobre o cabo
2) Descida da vítima sozinha, com o socorrista controlando a descida do
ponto de perigo, com a trava deslizando sobre o cabo
3) Descida da vítima sozinha, com o socorrista controlando a descida do
ponto de salvamento, com a trava deslizando sobre o cabo
( melhor método )
4) Descida da vítima sozinha, com o socorrista controlando a descida do
ponto de perigo, com a trava fixa
5) Descida da vítima sozinha, com o socorrista controlando a descida do
ponto de salvamento, com a trava fixa

c) Aparelho oito:
1) Possui duas velocidades (lenta e rápida )
2) Utilizado para descidas individuais
3) A empunhadura do cabo deve ser feita com a palma da mão voltada
para baixo
4) Para se iniciar a descida, basta abrir a mão lentamente e deixar que
o cabo deslize através do aparelho
5) Muito eficiente nos resgates de suicidas ( abordagem )
6) Produz pouco aquecimento
7) Para utilização de todos os freios é imprescindível, que o bombeiro
esteja calçado com luvas, pois devido a grande velocidade de
descida o atrito do cabo com a mão do operador torna-se muito
grande.

d) Manhone:
1) Possui uma velocidade muito rápida
2) Utilizado com o cabo dobrado ao meio
3) Após a descida pode-se recuperar o cabo
4) Utilizado para descidas individuais
5) Empunhadura do cabo deve ser feita utilizando-se as duas mãos e
com suas palmas voltadas para baixo
6) Para se dar início a descida, basta abrir as mãos lentamente e deixar
que o cabo deslize através do aparelho

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 129


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

7) Aconselhável o seu emprego, nos casos em que o cabo seja menor


do que o espaço a se realizar a descida
8) Produz pouco aquecimento

e) Famau:
1) Possui duas velocidades (lenta e rápida )
2) Utilizado para descidas individuais e em dupla
3) A empunhadura do cabo deve ser feita com a palma da mão voltada
para baixo
4) Para se dar início a descida, basta abrir a mão lentamente e deixar
que o cabo deslize através do aparelho
5) Pode ser utilizado na abordagem de suicidas
6) Produz pouco aquecimento
7) Pode ser empregado da mesma forma que a trava de salvação

f) Mosquetão
1) A velocidade é regulada de acordo com o número de voltas que se
faça com o cabo através da mola
2) Empregada individualmente, nos casos em que não se tenha
nenhum dos freios citados anteriormente
3) Desempenho da operação é regular
4) A mola mosquetão deve ser do modelo com rosca (trava )

8. PADRÕES DE CHECAGEM DE SEGURANÇA:

I- Antes de realizar a descida, o bombeiro deve checar o seu sistema de segurança


da seguinte forma, contando alto (exceto nos casos de suicidas):
a) Cinto, 1, 2, 3 ( para os fechos de segurança )
b) Mola mosquetão
c) Trava (freio que estiver usando )
d) Cabo
e) Luva

II - A descida deve ter velocidade uniforme. Cada parada brusca ( tranco ), coloca em
risco todo o sistema de descida, em razão da força de tensão exercida no cabo e
a sua repercussão nas demais partes do conjunto

III - As descidas de acordo com a altura em que se encontram as vítimas ou os


socorristas, podem ser feitas de duas formas:

1) Descida fracionada, que é utilizada quando a distância de descida, for maior que o
comprimento máximo do cabo. Existem os seguintes processos:
a) Através da realização do nó de evasão, tendo-se o máximo cuidado na
utilização do cabo fixo e do falso
b) Com a utilização do manhone (cabo dobrado)
c) Com a emenda do cabo no transcurso da descida.

2) Descidas diretas, quando a distância de descida, for menor que o comprimento


máximo do cabo.
CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 130
Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

Ocasionalmente será necessário executar uma parada no meio da


descida. Para se executar a parada o bombeiro deverá, pegar o cabo dobrado
e enrolá-lo na coxa, fixando o chicote da dobra, por meio de uma meia volta.
Nos casos em que os freios estiverem muito aquecidos, deve-se observar o
comportamento dos cabos.

9. TÉCNICAS DE DESCIDA FRACIONADA COM EMENDA DE CABO

Esse tipo de operação tem a finalidade de permitir que o bombeiro possa executar
descidas de grandes alturas, fazendo a emenda das seções de cabos durante a
operação.
9.1 Pessoal e material:
a) número de bombeiros: 1
b) 2 seções de cabo
c) 2 aparelhos oito
d) 1 mosquetão
e) 1 cinto-cadeira
f) 1 par de luvas

9.2 Execução da operação:


a) O bombeiro deverá subir para o ponto de perigo, com o respectivo
equipamento, sendo que uma dos oito já deverá estar no segundo cabo a ser
empregado.
b) Ao chegar no ponto de perigo o bombeiro deverá executar a ancoragem do
primeiro cabo e lançá-lo para baixo. Tendo na sua extremidade uma azelha.
c) Executar a descida.
d) Ao chegar próximo a extremidade onde esteja a azelha, o bombeiro deve
introduzir o pé por dentro desta, utilizando-a como apoio.
e) Em seguida, pegará o cabo que está com o oito e, por meio do seu chicote
executará uma volta ao fiel com um cote acima do oito do primeiro cabo.
f) Após ter executado o nó, o bombeiro introduzirá o segundo oito na
mosquetão.
g) Como o auxílio das pernas aliviará a tensão sobre o primeiro oito e, irá retirar
o mesmo do mosquetão, fazendo em que somente o segundo oito fique no
mosquetão.
h) Com uma das mãos retirar a azelha do pé de apoio, deixando o chicote onde
se encontra a azelha deslizar lentamente até chegar o oito que ficou no cabo.
Se por acaso o chicote não deslizar, o mesmo executará uma meia volta no
primeiro cabo e sobre a primeira trava.
i) Após sentir que o sistema esteja firme o bombeiro continuará a sua descida.

10. TÉCNICAS DE RESGATE NO PLANO VERTICAL COM PÊNDULO

Algumas vezes não existe a possibilidade de ser executada a descida diretamente


em linha reta até o local onde se encontra a vítima, sendo assim, terá que utilizar da
técnica do pêndulo, para que de um ponto de descida se atinja a vítima.

10.1 Execução da operação:


a) Utilizando-se um conjunto de descida com trava de salvação ou oito, o
bombeiro executará a descida até o nível onde se encontra a vítima. Deve ser
CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 131
Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

observado o melhor lado para se executar o pêndulo, de preferência para o


lado oposto a mão que segura o cabo de descida.
b) Através de movimentos pendulares, o bombeiro irá alcançar o ponto onde se
encontra a vítima. Para a execução destes movimentos, o bombeiro utilizará as
pontas dos pés, flexionando as pernas.
c) Ao atingir o ponto onde se encontra a vítima, o bombeiro utilizará o sistema de
descida, quando não houver possibilidade do estabelecimento dos cabos no
local. A vítima será resgatada por um sistema de descida em dupla, no qual o
resgatado será acoplado ao cabo do bombeiro.

10.2 Fatores a serem observados:


a) Ao atingir o local onde se encontra a vítima, o bombeiro deverá equipa-la e
colocar a sua trava em condições de descida (lenta ou rápida) conforme a
situação.
b) Ao executar o pêndulo, o bombeiro não poderá deixar o cabo de descida
deslizar através de sua mão, evitando que o mesmo saia do nível do ponto a
ser atingido.
c) Deve-se observar com atenção a existência de arestas vivas e obstáculos no
trajeto do pêndulo.

11. UTILIZAÇÃO DO FUZIL LANÇA RETINIDAS (FLR )

O FLR é empregado para efetuar o estabelecimento de cabos de travessia. Para


a sua utilização devem ser obedecidas algumas regras práticas:
a) Ter conhecimentos básicos de balística e manuseio de armas de fogo (fuzil).
b) Não utilizar o projétil foguete em locais que possuam anteparo.
c) Utilizar o projétil mensagem em distâncias que variam de 25 a 50 m.
d) Não utilizar o FLR em distâncias inferiores a 20 m.
e) Na montagem do sistema de lançamento do projétil, deve-se fixar a retinida ao
destorcedor através de uma volta do fiador.
f) No caso da falta de máquina de rebobinar, estende-se a retinida na forma de
vai-e-vem no solo.

12. PLANO EM “V”

A técnica de utilização do Plano em V visa o resgate de pessoas localizadas em


locais cuja altura seja em torno de 15 metros e que não haja possibilidade da utilização de
escadas ou outra técnica de salvamento.

12.1 Pessoal e material:


a) bombeiros: 6
b) 1 cabo ( dobrado deve atingir o solo )
c) cinto-cadeira de acordo com a quantidade de vítimas
d) 1 mosquetão
e) luvas para os operadores e as vítimas

12.2 Execução da operação:


a) Dois bombeiros deverão subir até o ponto de perigo onde se encontram as
vítimas.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 132


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

b) Com o cabo dobrado executar a sua ancoragem e lançar as extremidades


para baixo.
c) Os bombeiros que estão no solo de posse das extremidades do cabo, os
guarnecerão ( dois em cada extremidade ) de forma a ser formado um plano
inclinado com duas pernas.
d) Ao ser guarnecido o cabo, os bombeiros que se encontram no ponto
superior devem colocar a vítima, devidamente equipada, no cabo. Essa
operação deve ser efetuada da seguinte maneira:
 com a vítima em posição de segurança, os bombeiros devem acoplar
o mosquetão ao cabo, de maneira a envolver as duas partes do cabo
estabelecido.
 Os bombeiros no solo que guarnecem os cabos, devem abrir os
mesmos de forma a efetuar um ângulo, que facilite a descida gradativa
da vítima.

13. EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS

Um número elevado das solicitações de presença de socorro a um evento


realizado por bombeiros consiste, em atender a problemas causados por pessoas
portadoras de problemas psiquiátricos. Os mais comuns são:
 psicose maníaca depressiva
 esquizofrenia
 paranóia
 stress emocional
 dependentes ou usuários, em excesso, de medicamentos estimulantes
 dependentes de drogas ou álcool
 pessoas com desejo de chamar a atenção

A intensidade do risco de suicídio varia muito de pessoa para pessoa, como


varia, também, na mesma pessoa, de uma hora para outra, obrigando a intervenção das
guarnições, no sentido de realizar a aproximação, o diálogo, a abordagem, a retirada e a
condução até o hospital psiquiátrico da vítima.

As condições que, em geral, indicam alto risco de suicídio são as desordens


afetivas e as econômicas. Há indicações seguras de que, um número alto de suicídios
ocorre em vítimas que estavam deprimidas e passam rapidamente do estado depressivo
para o de euforia exagerada, podendo chegar a uma hipomania. Nessas vítimas a euforia
adquirida de modo precário, pode ser uma tentativa de adaptação que tenta negar a
depressão subjacente. Se este mecanismo falha, como muitas vezes ocorre, então a
vítima tenta o suicídio. Outra condição, na qual o risco de suicídio deve ser levado em
conta, são os gestos “suicidas” dos histéricos. Aqui, o gesto tem, principalmente, a
finalidade de chamar a atenção sobre si. As estatísticas indicam que, aproximadamente
10% das pessoas histéricas, que fazem gestos suicidas, acabam se matando.
Elas o fazem por erro ou porque foram desafiadas de tal modo, que tiveram de
se matar para serem coerentes.
Esta última situação tende a ocorrer porque as pessoas ligadas a um histérico
ficam, freqüentemente, irritadas com o comportamento teatral da vítima e tendem a
provocá-la ou hostilizá-la, como por exemplo verifica-se em algumas tentativas de suicídio
em edifícios elevados. Os suicidas são incitados a saltar, pelo público expectador. Um
outro grupo de vítimas que, às vezes comete o suicídio é o de esquizofrênicos. Nestas, o

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 133


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

suicídio ocorre porque muitas vezes o paciente, em suas fantasias de imortalidade,


onipotência, ou em confusão mental, expõe-se a situações mortais.
Os pacientes em confusão mental por outras razões, tais como síndromes
cerebrais (intoxicações, infecções, arteriosclerose, etc) cometem, ocasionalmente,
suicídio por estarem com a sua capacidade de julgamento prejudicada, expondo-se a
situações que os levam à morte.

13.1 RESGATE EM EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS

Deve o bombeiro militar procurar manter um diálogo, ganhando desta forma,


tempo e confiança da vítima. Neste diálogo alguns aspectos básicos são: que ela
pensa a respeito do suicídio e se é, realmente, a melhor forma de saída para seus
problemas. Às vezes palavras de fundo religioso ou de apoio moral são melhor
empregadas para pessoas com elevado “stress” emocional.
Quanto ao psicótico, como ao esquezofrênico, a colocação dentro de sua própria
realidade, sendo por vezes até mesmo um “companheiro de irrealidade”, ajuda
bastante ao socorrista a ganhar tempo. Outro tipo, que necessita que fique bem claro
o sentimento de proteção a lhe se dada, é o paranóico.
Movimentos bruscos devem sempre ser evitados, necessitando muita paciência e
submissão por parte da equipe de salvamento.
No resgate em emergências psiquiátricas, devem ser observados alguns
aspectos, que serão de fundamental importância para o sucesso da operação:
1. Verificar em que ponto se encontra o suicida, com o objetivo de avaliar as
facilidades ou dificuldades que o meio físico oferece à aproximação do
bombeiro militar.
2. Verificar o estado em que o suicida se encontra, aspecto psicológico
( diálogo ), atitude e gestos.
3. Sistema de operação a ser empregado para o resgate.
4. Análise da eficiência da operação. No resgate de suicidas muitas vezes não
existe a segunda chance.
5. Execução da operação (abordagem ).
6. As técnicas de abordagem podem ser de dois tipos, a saber:
7. A técnica de abordagem preventiva consistindo na utilização dos
equipamentos disponíveis, redes de salvamento, escadas, etc, que visem a
recuperar o suicida, quando da sua posição dentro de certos limites de altura
e pra atingir o local onde se encontra.
8. Na grande maioria dos casos, a utilização da técnica preventiva torna-se
inviável, devido ao fato de que o suicida não permite a colocação de qualquer
aparato de salvamento ao seu redor. Desta forma, a técnica de surpreende-lo
será a mais empregada.
9. A técnica de abordagem de surpresa consiste numa abordagem rápida, de
modo a surpreender o suicida, não lhe dando tempo de resistir a ação da
equipe de resgate.
Nos casos de resgate em emergências psiquiátricas, à atuação da equipe de
resgate deve ser executada de acordo com um plano traçado a partir dos aspectos
citados anteriormente, a fim de que, as ações dos seus elementos se desenvolvam
dentro de uma seqüência operacional, evitando-se desta forma, que atitudes e ações
individuais possam vir a prejudicar a operação no seu todo.
Considerando-se o risco do tipo de trabalho a ser executado, é de fundamental
importância a utilização de rádios portáteis neste tipo de operação, pois os elementos
que executarão a abordagem não deverão estar em contato direto com a vítima e
nem deverão ser vistos pela mesma.
CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 134
Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

14. SALVAMENTO EM SITUAÇÕES DIVERSAS

14.1 ACIDENTES EM ANDAIMES

Existem dois tipos mais comuns de andaimes: tubulares e suspensos.


Os andaimes são fixados às construções, dependendo no entanto, da
composição arquitetônica do edifício e da pequena altura do trabalho. É um
recurso de manutenção geral da fachada mais barato.
Nestes tipos de andaime a progressão dos trabalhadores geralmente se faz
por meio da escalada de suas tubulações, até o ponto desejado. São mantidos
armados junto à estrutura, ficando presos por pequenos pontos de apoio. Sob a
ação de carga excessiva e de ventos fortes, podem originar vários acidentes.
Nos andaimes suspensos temos dois tipos de fixação:
 por meio de caixas de areia, a mais antiga
 por meio de grampos nos últimos andares do edifício em construção
ou já construídos.
O apoio para os pés dos trabalhadores, nestes locais, onde não há a mínima
preocupação com o fator segurança, consiste na justaposição, lado a lado, de
pranchas de madeira, havendo uma trava, do mesmo material que serve de
corrimão e de segurança para os trabalhadores. O conjunto é movimentado por
um sistema de tração manual, através de uma catraca. Há, ainda, para o caso de
acidentes, um cabo de salvação, com diversos “nós de frade”, que proporcionam
a descida dos trabalhadores em situações de perigo.
Nos tipos modernos de andaimes, existe uma plataforma metálica
sustentada por cabos de aço presos a dois braços metálicos ou a um ponto
comum de fixação, que podem ou não deslocar-se horizontalmente, cobrindo a
fachada do prédio. A movimentação do andaime é realizada com o auxílio de um
motor elétrico a ele incorporado, que realiza a tração do cabo, consistindo num
dos mais seguros tipos de andaimes.
Nos andaimes suspensos, principalmente nos modelos de madeira, são
comuns os seguintes tipos de acidentes:
 quedas pela ação do vento
 desnivelamento, devido ao rompimento de um dos cabos de sustentação
 colapso de estrutura de madeira, devido ao excesso de pelo.

14.2 ACIDENTES EM EDIFÍCIOS E EM LOCAIS A GRANDES ALTITUDES

14.2.1 Acidentes com pessoas retidas em janelas:

a) Geralmente, durante a limpeza de vidros, serventes podem ficar presos


com o fechamento dos mesmos, permanecendo apenas com os pés em
um apoio mínio na sacada e as mãos segurando em uma das longarinas
da janela.
b) Acidentes com trabalhadores retidos em estruturas metálicas.
c) Trabalhadores em torres de alta tensão, cartazes ou outras estruturas
metálicas quaisquer, que venham a sofrer acidentes devido a
eletrocussão, quedas, paradas cárdio-respiratórias, vertigens, podem
originar acidentes que requeiram o emprego de equipes de resgate.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 135


Apostila de Salvamento em Altura Unidade IX

14.2.2 Acidentes durante a impermeabilização de reservatórios elevados.


Os reservatórios elevados, necessitam, durante a sua construção, da
colocação de uma resina asfáltica e aditivos sobre as suas paredes, no
entanto, tais produtos liberam gases com propriedades asfixiantes, pela
supressão do ar atmosférico, o anestésicos, ocasionando desmaios, e
até mortes às pessoas que trabalham durante a impermeabilidade.

14.2.3 Salvamento de pessoas com traumatismo da coluna


a) Tipo de salvamento que requer cuidados especiais quanto à imobilidade
da coluna, pois o mínimo movimento pode resultar em lesões de ordem
irreversível. Além deste fator, uma dificuldade importante é a descida do
paciente, havendo a necessidade de uma escolha adequada quando ao
método a ser utilizado.

CBMGO Curso de Salvamento em Altura 2011 136

Você também pode gostar