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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR


DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Praça da República, nº 45,


Centro, Rio de Janeiro – RJ. CEP: 20.211-350.
www.cbmerj.rj.gov.br
Tel.: (+55 21) 2333-2362.

Copyright © 2019. Catalogação na fonte:


Estado-Maior Geral do CBMERJ.

Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (Brasil).

Manual de Salvamento em Montanha: 2019 / CBMERJ. Rio de Janeiro: CBMERJ, 2019

Prefixo editorial: 68512

Número ISBN: 978-85-68512-06-7

Tipo de suporte: E-book

Formato: PDF

1. Corpo de Bombeiro Militar.

CDD 341.86388

É permitida a reprodução do conteúdo deste Manual desde que


obrigatoriamente seja citada a fonte.
Reproduções para fins comerciais são rigorosamente proibidas.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA CIVIL


CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
ESTADO-MAIOR GERAL

Governador do Estado do Rio de Janeiro


WILSON JOSÉ WITZEL

Secretário de Estado de Defesa Civil e Comandante-Geral do CBMERJ


CORONEL BM ROBERTO ROBADEY COSTA JUNIOR

Subcomandante-Geral e Chefe do Estado-Maior Geral do CBMERJ


CORONEL BM MARCELO GISLER

Subchefe Administrativo do Estado-Maior Geral


CORONEL BM MARCELO PINHEIRO DE OLIVEIRA

Subchefe Operacional do Estado-Maior Geral


CORONEL BM LUCIANO PACHECO SARMENTO

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

AUTORES

CORONEL BM EDSON NEY CURVELLO DA SILVA


MAJOR BM EVANDRO SILVA DOS SANTOS
CAPITÃO BM JULIANA ROBAINA MEDINA
CAPITÃO BM RAPHAEL FREIRE DE SOUZA
CAPITÃO BM NEILSON SANT’ANA SILVA
CAPITÃO BM ANSELMO BARBOZA EDUARDO JUNIOR
CAPITÃO BM LUIZ BARRETO DEMARCO
1º TENENTE BM TUNAY RAMON ARAÚJO KITAZAWA

MANUAL DE SALVAMENTO EM MONTANHA

MOPBM 4 -007

Este manual foi elaborado por


iniciativa do Estado-Maior Geral e
atende as prescrições contidas na
Portaria CBMERJ nº 962 de 26 de
dezembro de 2017, publicada no
boletim da SEDEC/CBMERJ nº 008 de
11 de janeiro de 2018.

Rio de Janeiro
2019

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

REALIZAÇÃO
ESTADO-MAIOR GERAL

COORDENAÇÃO
TENENTE-CORONEL BM ALEXANDRE LEMOS CARNEIRO
MAJOR BM EULER LUCENA TAVARES LIMA
MAJOR BM FÁBIO LUIZ FIGUEIRA DE ABREU CONTREIRAS
CAPITÃO BM RAFAELA CONTI ANTUNES NUNES
CAPITÃO BM DIEGO SAPUCAIA COSTA DE OLIVEIRA

COLABORADORES
TENENTE-CORONEL BM RENAN ALVES DE OLIVEIRA
TENENTE-CORONEL BM RICARDO GOMES PAULA
TENENTE-CORONEL BM PAULO NUNES COSTA FILHO
TENENTE-CORONEL BM FELIPE DO VALLE PUELL
MAJOR BM JOSIANE DOS SANTOS DE MELO

REVISORES
TENENTE-CORONEL BM RODRIGO LARA DE AZEVEDO
CAPITÃO BM MICHEL CAMACHO CIPOLATTI
SUBTENENTE BM MARCOS HENRIQUE MELO DE OLIVEIRA

PROJETO GRÁFICO
1º TENENTE BM DJALMA DE FIGUEIREDO JUNIOR

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

SUMÁRIO

SUMÁRIO.................................................................................................................... 6

OBJETIVO................................................................................................................. 11

FINALIDADE ............................................................................................................. 12

REFERÊNCIA NORMATIVA E BIBLIOGRÁFICA ..................................................... 13

DEFINIÇÕES E CONCEITOS ................................................................................... 15

1 TECNOLOGIA DO MONTANHISMO ..................................................................... 16

1.1 Introdução ao módulo ...................................................................................... 16


1.2 Especificidade de cabos e fitas ........................................................................ 17
1.2.1 Cordas gêmeas, simples e duplas ............................................................ 20
1.2.2 Fitas .......................................................................................................... 23
1.3 Especificidade de materiais metálicos de ancoragem ..................................... 24
1.3.1 Mosquetões ............................................................................................... 24
1.3.2 Malha rápida ............................................................................................. 27
1.3.3 Roldanas ................................................................................................... 27
1.3.4 Placa de multiancoragem .......................................................................... 27
1.3.5 Costuras .................................................................................................... 27
1.4 Especificidade de equipamentos de descida ................................................... 27
1.4.1 Freio oito ................................................................................................... 28
1.4.2 Air Traffic Controller (ATC) ........................................................................ 29
1.4.3 Descensor em barra .................................................................................. 29
1.4.4 Stop ........................................................................................................... 30
1.4.5 Indy ........................................................................................................... 30
1.4.6 I'D (industrial descensor) ........................................................................... 31
1.4.7 Grigri ......................................................................................................... 31
1.5 Especificidade de equipamentos metálicos de ascensão ................................ 31
1.5.1 Ascensores com mordentes ...................................................................... 32
1.5.2 Ascensores de came ................................................................................. 32
1.6 Especificidade de cintos e capacetes .............................................................. 33
1.6.1 Cadeirinha ................................................................................................. 33

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

1.6.2 Cinto paraquedista .................................................................................... 34


1.6.3 Cinto peitoral de escalada ......................................................................... 34
1.6.4 Capacete ................................................................................................... 35
1.7 Especificidade de equipamentos de proteção fixa ........................................... 35
1.7.1 Grampo ..................................................................................................... 35
1.7.2 Chapeleta .................................................................................................. 36
1.7.3 Piton .......................................................................................................... 36
1.7.4 Martelo saca piton ..................................................................................... 37
1.8 Especificidade de equipamentos de proteção móvel ....................................... 37
1.9 Saca nut........................................................................................................... 38
1.10 Tipos de agarras artificiais ............................................................................. 38
1.11 Tipos de calçado para operações em montanha ........................................... 39
1.12 Especificidade de equipamentos de marcha e apoio ao bivaque .................. 40
1.12.1 Abrigos .................................................................................................... 40
1.12.2 Saco de dormir ........................................................................................ 41
1.12.3 Liner ........................................................................................................ 42
1.12.4 Isolante térmico ....................................................................................... 42
1.12.5 Barracas .................................................................................................. 43
1.12.6 Mochilas .................................................................................................. 45
1.12.7 Comunicação .......................................................................................... 46
1.12.8 Alimentação ............................................................................................ 46
1.12.9 Material de Iluminação ............................................................................ 46
1.12.9.1 Lanterna ........................................................................................... 47
1.12.10 Material especial ................................................................................... 47
1.12.10.1 Luvas .............................................................................................. 47
1.12.10.2 Protetores de corda ........................................................................ 48
1.12.10.3 Macas de resgate ........................................................................... 48
1.12.10.4 Tripé de resgate .............................................................................. 49
1.12.10.5 Stick clip.......................................................................................... 49
1.13 Cuidados com os equipamentos .................................................................... 49
1.13.1 Cuidados com lanternas .......................................................................... 49
1.13.2 Cuidados com equipamentos têxteis....................................................... 50
1.13.3 Cuidados com equipamentos metálicos .................................................. 50

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2 ESCALADA GUIADA ............................................................................................. 51

2.1 Voz de comando .............................................................................................. 51


2.2 Vias sem contato verbal................................................................................... 52
2.3 Costurar ........................................................................................................... 52
2.3.1 Atenção! .................................................................................................... 54
2.4 Segurança aproximada .................................................................................... 57
2.5 Rapel ............................................................................................................... 58
2.6 Equalizações ................................................................................................... 60
2.6.1 Triângulo americano (não utilizado) .......................................................... 60
2.6.2 Equalização em “V” ................................................................................... 61
2.6.3 Equalização em “W” .................................................................................. 63
3 ESCALADA ARTIFICIAL ........................................................................................ 64

3.1 Introdução ao módulo ...................................................................................... 64


3.2 Métodos de escalada artificial .......................................................................... 65
3.2.1 Artificial fixo ............................................................................................... 65
3.2.1.1 French free ......................................................................................... 65
3.2.1.2 Via ferrata ........................................................................................... 65
3.2.1.3 Artificial tradicional .............................................................................. 66
3.2.1.4 Artificial em parafuso .......................................................................... 66
3.2.1.5 Passa-mão.......................................................................................... 67
3.2.1.6 Escada de corda ................................................................................. 67
3.2.2 Artificial móvel ........................................................................................... 67
3.2.2.1 Costurar o meio anterior ..................................................................... 67
3.2.2.2 Testar o meio ...................................................................................... 68
3.2.2.3 Artificia Móvel tradicional .................................................................... 69
3.3 Posicionamento nos estribos ........................................................................... 70
4 BUSCA DE PERDIDOS ......................................................................................... 72

4.1 Introdução ao módulo ...................................................................................... 72


4.2 Histórico ........................................................................................................... 72
4.3 Sistema de comando e controle operacional ................................................... 73
4.4 Conceitos do SCI ............................................................................................. 74
4.5 Funções do SCI ............................................................................................... 76
4.6 Recursos.......................................................................................................... 80
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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

4.7 Simbologia ....................................................................................................... 80


4.8 Apresentação de informações ......................................................................... 83
5 OPERAÇÕES....................................................................................................... 110

5.1 Conceitos de busca ....................................................................................... 110


5.2 Principais causas de buscas.......................................................................... 111
5.3 Fases das operações de busca de perdido ................................................... 112
5.3.1 Busca ...................................................................................................... 112
5.3.2 Resgate ................................................................................................... 112
5.3.3 Evacuação .............................................................................................. 113
5.4 Colheita das informações .............................................................................. 113
5.5 Valorização dos fatores de urgência relativa ................................................. 115
5.6 Padrão de comportamento das vítimas ......................................................... 115
5.7 Metodologia para determinar as áreas de busca ........................................... 122
5.7.1 Método teórico ........................................................................................ 122
5.7.2 Método estatístico ................................................................................... 123
5.7.3 Método subjetivo ..................................................................................... 123
5.7.4 Método de Mattson.................................................................................. 124
5.8 Técnicas de busca ......................................................................................... 124
5.8.1 Pente fino ................................................................................................ 125
5.8.2 Retangular ............................................................................................... 125
5.8.3 Quadrado crescente ................................................................................ 125
5.8.4 Método leque .......................................................................................... 126
5.8.5 Método off-set ......................................................................................... 127
5.8.6 Método rumo invertido............................................................................. 127
6 AUTO RESGATE ................................................................................................. 129

6.1 Introdução ao Módulo .................................................................................... 129


6.2 Rapel em contrapeso de acidentado ............................................................. 130
6.2.1 Perspectiva da vítima .............................................................................. 130
6.2.2 Perspectiva do socorrista ........................................................................ 131
6.2.3 Descida Guiada ....................................................................................... 132
6.2.4 Método nó mariner .................................................................................. 132
7 RESGATE ORGANIZADO ................................................................................... 134

7.1 Resgate ascendente ...................................................................................... 134


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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

7.2 Resgate descendente .................................................................................... 136


8 TÉCNICAS DE SALVAMENTO EM MONTANHA ................................................ 138

8.1 Plano inclinado .............................................................................................. 138


8.2 Tirolesa .......................................................................................................... 141
8.3 Sistemas de Força ......................................................................................... 143
8.3.1 Exemplos de Sistemas de força .............................................................. 145
8.3.1.1 Sistema de força 2X1 ....................................................................... 145
8.3.1.2 Sistema de força 3X1 (Cariocão) ...................................................... 145
8.3.1.3 Sistema de força 4x1 ........................................................................ 146
8.4 Rapel com múltiplas vítimas .......................................................................... 146
ANEXO 01 - ORAÇÃO DO MONTANHISTA ........................................................... 148

ANEXO 02 - HERÁLDICA DO BREVÊ DO CURSO DE SALVAMENTO EM


MONTANHA DO CBMERJ ...................................................................................... 149

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

OBJETIVO

Este manual técnico objetiva padronizar as informações pertinentes as


atividades desenvolvidas no Curso de Salvamento em Montanha do Corpo de
Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro no que diz respeito aos métodos e
procedimentos desenvolvidos e aplicados durante as edições do Curso de
Salvamento em Montanha.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

FINALIDADE

Ao utilizar o conteúdo deste manual como parâmetro nas instruções de


salvamento em matas e montanhas, pretende-se orientar os instruendos quanto as
nomenclaturas e linguajares técnicos pertinentes a esta atividade, apresentar os
equipamentos e ferramentas próprios e apresentar conceitos estratégicos. Cabe
ressaltar que os procedimentos mencionados tem como finalidade principal a
orientação do militar em relação a padronização, devendo portanto a escolha da
técnica ou procedimento ser adotada conforme sua empregabilidade na situação
demandada.

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REFERÊNCIA NORMATIVA E BIBLIOGRÁFICA

As normas e bibliografias abaixo contêm disposições que estão relacionadas


com este manual.

- LEI Nº 6589, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2013. - Dispõe sobre o trânsito por


propriedades privadas para o acesso a sítios naturais públicos localizados no
âmbito do estado do rio de janeiro.

- Comitê Europeu de Normalização. EN 13537, de 08 de junho de


2012. Temperature ratings for sleeping bags.

- CBMERJ – Manual de salvamento em montanha - 2018;

- Conquistadores do inútil – Leonel Teray - Edições Desnível - 2008;

- Marinharia e trabalhos em cabos – Colin Jarman e Bill Beavis – ed marítimas


ltda - 1983;

- Manual Técnico de Bombeiros - Busca e Salvamento em Cobertura Vegetal


de Risco - PMESP (2006);

- Arte naval – Maurilio M. Fonseca – Ministério da Marinha - vol.1 7ª edição -


2005;

- Manual de Sistema de Comando de Incidentes do Corpo de Bombeiros Militar


do Distrito Federal (2011);

- Escale Melhor e com Mais Segurança 4ª Edição - DAFLON, Flávio - 4ª edição


- 2019;

- Resgate Vertical - AGUIAR, Eduardo José Slomp - 2ª. ed., Curitiba, Brasil:
ASSOCIAÇÃO DA VILA MILITAR ,2016;

- Rescate Urbano en Altura - 2ª Edición Delfin Delgado - 2009;

- Manual Técnico de Bomberos 26 - Salvamento em Altura - MSA - 1ª edição -


2006;

- A ética no montanhismo - STRUMISKI, Edson - 2003;

- Estudo sobre as proteções fixas utilisadas no Brasil (grampos) - JIMENEZ,


Marcelo Roberto, FREITAS, Miguel - 2013;

- Montátelo em casa – Rocódromos personales, instalacion y entrenamiento -


BULLIDO, Esther - Editora: Desnível - 2009;
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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

- Manual de sistema de comando e icidentes - SCI - Corpo de bombeiros do


distrito federal - CBMDF 2011;

- Manual do curso basico de montanhismo - Exército brasileiro - 2013.

- Dicionário Michaelis <http://www.michaelis.uol.com.br> Acessado em 17 de


outubro de 2019.

- Código de Conduta do Montanhista Educado


<http://blogdescalada.com/codigo-de-conduta-do-montanhista-educado-
principios-e-conceitos-de-atividades-na-montanha/> Acessado em 17 de
outubro de 2019

- Biblioteca militar. Disponível emwww.bibliotecamilitar.com.br. Acessado em


17 de outubro de 2019

- Portal de Campismo e Guia Camping. MACAMP < https://macamp.com.br>


Acessado em 17 de outubro de 2019

- FERNANDES. Como escolher uma barraca. Disponível em <


https://blogdescalada.com/como-escolher-uma-barraca/> Acessado em 17 de
outubro de 2019

- Principios básicos de mínimo impacto em trilhas


<https://trilhandomontanhas.com/principios-de-minimo-impacto-em-trilhas/>
Acessado em 17 de outubro de 2019

- Mínimo impacto <http://www.niteroiense.org.br/meio-ambiente/minimo-


impacto/> Acessado em 17 de outubro de 2019Código de ética
<http://www.femerj.org/wp-content/uploads/codigo_de_etica_femerj.pdf>
Acessado em 17 de outubro de 2019

- Diretrizes de mínimo impacto para Urca < http://www.femerj.org/wp-


content/uploads/FEMERJ-DMI-2002-01-r2.pdf> Acessado em 17 de outubro
de 2019

- A declaração de Tirol sobre a boa pratica nos esportes de montanha FEMERJ


< http://www.femerj.org/wp-content/uploads/declaracao_tirol.pdf> Acessado
em 17 de outubro de 2019

- Código de ética do 1º Congresso Brasileiro de Montanhismo - 1993 <


http://www.femerj.org/wp-
content/uploads/femerj_codigo_etica_i_congresso_montanhismo.pdf>
03/1993>. Acessado em 17 de outubro de 2019

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DEFINIÇÕES E CONCEITOS

Para efeito deste manual, aplicam-se as definições específicas deste item:

CBMERJ - Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro;


GSFMA - Grupamento de Socorro Florestal e Meio Ambiente;
P.P. - Ponto de Perigo
P.S. - Ponto de Salvamento
ATC - Air Traffic Controller
UIAA - Union Internationale des Associations d'Alpinisme
NFPA - National Fire Protetcion Association
kN - Kilo Newton

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

1 TECNOLOGIA DO MONTANHISMO

1.1 Introdução ao módulo

Um fator notável que diferencia o ser humano e os outros animais é a


capacidade de criar ferramentas para facilitar ou possibilitar a execução de seus
trabalhos.
O desenvolvimento das atividades em montanha gerou um nicho de mercado
que possibilitou o desenvolvimento de inúmeros materiais que facilitam as atividades
dos profissionais, atletas e turistas no ambiente natural.
O salvamento em montanha exige, de seus especialistas, um profundo
conhecimento dos equipamentos que irão possibilitar que o socorro seja
desenvolvido com a máxima eficiência, evitando que se carregue peso
desnecessariamente, aumentando a velocidade de atuação da equipe e garantindo
a segurança das vítimas e dos montanhistas envolvidos na operação.
Para realizar o salvamento, o montanhista não precisa dispor dos materiais
mais modernos, caros e tecnológicos do mercado, mas o conhecimento sobre estes
materiais poderá facilitar o socorro de uma vítima que os esteja utilizando.
Por isso, neste módulo serão apresentados os principais materiais que devem
ser conhecidos pelos montanhistas, até o presente momento. Lembrando que novos
materiais são criados a todo ano e que alguns materiais, de funcionamento parecido
com os aqui apresentados poderão ser omitidos nesta publicação.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

1.2 Especificidade de cabos e fitas

O montanhismo é algo que evoluiu ligado, intimamente, com a evolução dos


materiais têxteis. O emprego adequado desses materiais permite ao montanhista
uma maior segurança para suas atividades, logo, uma maior segurança para realizar
o salvamento.
Para efeito de padronização da nomenclatura vamos chamar de:
a) cabo solteiro - pedaço de cabo até 6m de comprimento, de 9mm a 13mm de
diâmetro;
b) cordelete - pedaço de cabo até 6m de comprimento, de 3mm a 8mm de
diâmetro;
c) corda - cabo de comprimento maior que 6m, de qualquer diâmetro;
d) alma - parte interna do cabo, responsável pela maior parte da resistência;
e) capa - parte externa do cabo, responsável pela proteção da alma;
f) chicote - ponta do cabo;
g) seio - alça formada no cabo;
h) falcaça - acabamento feito no chicote para evitar que o cabo desfie ou que a
alma e a capa corram;
i) anel de fita - fita tubular unida por costura eletrônica;
j) solteira - fita ou cordelete preso em uma extremidade ao cinto e na outra a um
mosquetão com trava;
k) costura - dispositivo de ancoragem composto por uma fita expressa e dois
mosquetões sem trava na extremidade;
l) coca - torção realizada na corda, deixando-a em forma espiralada.
Um conjunto de fibras unidas entre si formam fios, que por sua vez, ao serem
unidos formam cordões, que juntos formam um cabo. As fibras podem ser de origem
animal, vegetal, mineral ou sintética.
Os cabos de origem animal não são mais utilizados para o montanhismo,
devido à sua baixa resistência à abrasão, vida útil pequena e uma relação
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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

resistência x peso x volume, que não ajuda no transporte. Por estes


mesmos motivos, não são mais utilizadas em salvamento. Ex.: crina, couro e seda.
Os cabos de origem vegetal são muito pouco usados no montanhismo, tendo
permanecido ainda as cordas de sisal, que são utilizadas em circuitos recreacionais.
Esses cabos caíram em desuso pelos mesmos motivos dos cabos de origem animal.
Ex.: sisal, algodão, juta e cânhamo.
Os cabos de origem mineral ainda são utilizados no montanhismo com certa
frequência, mas não são utilizados na função de corda, mas sim na função de
proteção fixa. Os cabos de aço são opções muito boas quando se quer uma alta
resistência com um pequeno volume, além disso, resistem muito bem ao
intemperismo, sendo utilizados onde se necessita deixar o cabo exposto ao tempo.
Os cabos de origem sintética atualmente são a maior parcela dos cabos
utilizados em todas as atividades relacionadas ao montanhismo. Para o Salvamento
em montanha, vamos nos ater a este tipo de cabo.
Os cabos de origem sintética podem ser divididos em estáticos, semi-
estáticos e dinâmicos. Essa divisão é feita de acordo com a elasticidade do cabo:
a) dinâmicos – apresentam elasticidade entre 6% e 10% quando submetidos a
uma carga de 80 Kg, podendo chegar a 40% na sua carga de ruptura;
b) semi-estáticos – apresentam elasticidade entre 2% e 6% quando submetidos
a uma carga de 80 Kg;
c) estáticos - apresentam elasticidade até 2% quando submetidos a uma carga
de 80 Kg.
Essa diferença se dá por conta do tipo de fibra sintética utilizada, bem como
pelo arranjo dos cordões que compõem o cabo. Atualmente, para resgate utilizamos
cordas do tipo kernmantle, termo alemão que significa alma (kern) e capa (mantle).A
resistência à tração é dada pela alma e a resistência à abrasão é dada pela capa.
Em termos comparativos ao observar a resistência de uma corda, de 15% a 20% é
da capa, e de 80% a 85% é dada pela alma. As cordas desse tipo podem apresentar
a alma com os cordões torcidos, trançados ou paralelos, isso irá influenciar,
diretamente no tipo de cabo que se terá:
a) cordões torcidos - quando são submetidos à tração os cordões se destorcem,
promovendo um alongamento maior da corda. Os cordões, geralmente são torcidos

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

metade no sentido horário e metade no sentido anti-horário, visando evitar que a


corda gire. As cordas dinâmicas apresentam cordões torcidos;
b) cordões trançados - quando são submetidos à tração os cordões se
destorcem, promovendo um alongamento da corda, porém menores que de uma
corda de cordões torcidos . Os cordões, geralmente são trançados 2 a 2. As cordas
semi-estáticas apresentam cordões trançados;
c) cordões paralelos - quando são submetidos à tração os cordões apresentam
apenas a elasticidade da fibra. As cordas estáticas apresentam cordões paralelos.
Quanto ao tipo de fibra, as características das cordas vão variar de acordo
com a tabela abaixo, lembrando que alguns cabos são constituídos por mais de um
tipo de fibra.
Além dos parâmetros até aqui citados, também vai influenciar na
característica de um cabo o seu diâmetro.

Figura 1 - Corda de fibra sintética


Fonte: CBMERJ

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

1.2.1 Cordas gêmeas, simples e duplas

As cordas dinâmicas são apresentadas em 3 tipos: gêmeas, simples e duplas.


Cordas gêmeas – são identificadas pelo selo que vem em seu chicote,lá

constará a inscrição twin e, ou o símbolo . São cordas finas, geralmente entre


7,5 e 8,0 mm, que são utilizadas de forma simultânea, em vias onde haja muitas
arestas, pois diminuem as chances de corte da corda.
Cordas duplas – são identificadas pelo selo que vem em seu chicote, lá
constará a inscrição “½”. São cordas entre 8,0 e 9,0mm de diâmetro, que são
utilizadas alternando-se as costuras, em vias onde haja muitas mudanças de
direção, pois diminuem o arrasto da corda.
Cordas simples – são identificadas pelo selo que vem em seu chicote, lá
contará a inscrição “1”. São cordas entre 9,9 e 12mm de diâmetro, que são utilizadas
em vias tradicionais. Tem por benefício uma alta resistência e durabilidade, além de
serem mais baratas.
Para todo tipo de salvamento iremos utilizar cordas estáticas ou semi-
estáticas, pois estas dão maior precisão ao montanhista, bem como apresentam
melhores resultados ao se aplicar sistemas de força (evitam que aconteça o efeito
“iô- iô”), porém os montanhistas também irão utilizar cordas dinâmicas sempre que
necessitarem usar a escalada como forma de acesso.
As cordas utilizadas para salvamento devem ter, pelo menos, 50m de
comprimento, sendo que as cordas dinâmicas também podem vir com 60m ou 70m,
dependendo do fabricante. Isso evita que seja necessário levar muito peso, bem
como cobre a maior parte das alturas em que ocorrem os salvamentos.
Também se devem levar em conta algumas regras importantes, visando a
segurança:
a) número de quedas ou chutes: as cordas dinâmicas aguentam um
determinado número de quedas fator 2, que deve ser considerado para a utilização
ou descarte da corda;
b) deslizamento da capa e da alma: a capa e alma são independentes, por isso,
se elas deslizarem entre si irão desgastar a corda maia rapidamente;

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

c) carga limite de trabalho ou carga de ruptura: é a carga em que a corda se


rompe. Nessa carga também ocorrerá o alongamento máximo da corda;
d) carga segura de trabalho: é a carga máxima em que deveremos utilizar a
corda para o salvamento. Para equipamentos têxteis ela será a carga limite de
trabalho dividida por 10;
e) grandes diâmetros: quanto maior o diâmetro da corda, maior será sua carga
limite de trabalho. Porém cordas de diâmetros muito grandes, além de gerarem mais
peso, podem perder resistência quando associada aos outros materiais. Isso se
deve à regra do 4:1. Esta regra diz que um objeto que não tenha diâmetro quatro
vezes maior que o da corda irá danificá-la, pois as fibras do lado externo irão receber
uma carga maior do lado externo do que do lado interno. Isso vale, principalmente
quando se vai ancorar uma corda ou utilizar-se de polias;
f) cores da corda: Além de cordas de cores diferentes facilitarem o trabalho,
quando se usa mais de uma corda como, por exemplo, em um resgate organizado,
as cores podem influenciar na vida útil das cordas. Isso acontece, pois as cores mais
escuras absorvem mais radiação ultravioleta do que as cores claras, dessa forma,
cordas de cores escuras duram menos do que cordas de cores claras;
g) cabo espia: Algumas cordas possuem um sistema de detecção de falhas, que
consiste em uma camada, que fica entre a capa e a alma, de cor diferente das 2. Ela
serve para poder verificar os pontos onde a capa tem uma falha. A este tipo de corda
chamamos de "cabo espia".
Sobre as certificações, não existem normas, no Brasil, que regulem
equipamentos de resgate, apenas existe o certificado de aprovação, que serve para
atestar a qualidade de todos os EPIs, nacionais e importados, vendidos no país. Por
isso nos utilizamos de algumas certificações internacionais ao adquirir uma corda ou
qualquer outro equipamento para salvamento vertical. São elas:
a) CE – o selo CE é uma certificação que assegura que o produto foi
examinado, testado e que foram cumpridos os requisitos mínimos requeridos pelas
normas europeias para oferecer segurança ao consumidor. Tais normas são
estabelecidas pelo Comitê Europeu de Normatização. Este selo vale para todos os
equipamentos têxteis e metálicos utilizados em trabalhos verticais;

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b) UIAA – o selo é uma certificação da União Internacional das associações de


Alpinismo, e foi o primeiro a certificar equipamentos para escalada e montanhismo
no mundo todo. O equipamento que possui este selo passou por testes de qualidade
em algum laboratório aprovado pela UIAA, e obteve aprovação do mesmo. A
certificação precisa ser renovada pelo fabricante a cada 2 anos, e é a certificação
mais prestigiada quando se fala de trabalho vertical;
c) 3 sigma – é um rigoroso processo que permite assegurar que 99,87% do
material testado possui uma resistência superior àquela indicada pelo fabricante;
d) NFPA 1983 – é o selo de conformidade com a norma homônima, da
associação Nacional de Proteção Contra o fogo (EUA), que trata de materiais e
normas para salvamentos. Esta norma é importante, pois coloca como parâmetro o
peso de 135Kg, para um socorrista equipado e 270 Kg o peso do socorrista mais a
vítima. Sempre que for utilizar um equipamento com esta certificação deve-se
atentar para os tipo de equipamento, pois existem 3 classificações:

 Escape: equipamento específico para serviços de emergência servindo


para escape individual, em situações onde haja perigo eminente. Ex.: socorrista que
sai por um acesso de um prédio em chamas, indo até o andar abaixo, onde não há
risco;

 Technical Use: equipamento específico para serviços de emergência onde os


profissionais possuem um nível de treinamento mais técnico, amplo e exaustivo,
possuindo o benefício da leveza e tamanho reduzido dos equipamentos. Na
categoria "Technical Use" as cargas de ruptura são menores e os equipamentos
menos robustos se comparados com a categoria “G”, o adestramento e
conhecimento técnico são imprescindíveis para o uso correto destes. Ex.:
Especialistas do salvamento em montanha;

 General Use: equipamentos utilizados em ocorrências menos complexas,


sofrendo com as intempéries como lama, chuva, sujeira, cantos-vivos, produtos
químicos e diversas outras. Os equipamentos desta classe possuem uma robustez
(Carga de ruptura elevada e rusticidade em sua composição). Equipamentos
utilizados por equipes multidisciplinares. Ex.: Salvamento em montanha, salvamento
em altura, resgate em espaços confinados, ABS.

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1.2.2 Fitas

Fitas são equipamentos baratos, simples, versáteis e seguros de serem


utilizados em ancoragens e manobras de salvamento. Podem ser tubulares ou
planas e são feitas de material estático.
Fitas planas - São fitas fabricadas a partir de uma única camada de fibras.
São mais encontradas na confecção dos cintos paraquedista e baudrier, e cintas de
carga, que são utilizadas para o içamento de macas, ancoragens e tracionamentos.
As cintas de carga podem ser mais resistentes que o aço, dependendo de sua
constituição.
Fitas tubulares - São fabricadas colocando-se duas fitas planas sobrepostas e
selando as laterais, ou de forma espiralada. Normalmente empenhadas para a
confecção de solteiras, ancoragens e até mesmo, nós. Tem, geralmente, mais
resistência que as fitas planas, aliadas a uma maior resistência e maleabilidade.
Anel de fita - O anel de fita é uma fita tubular unida através de costura
eletrônica. Para o montanhista ela serve para a confecção de solteiras, bem como
para realizar ancoragens e equalizações, além de ser parte integrante das costuras
(fita expressa). É mais vantajosa que unir uma fita com o nó duplo, conhecido
também como nó de fita, pois permite que a mesma fique unida permanentemente,
se o nó for confeccionado corretamente.

Figura 2 - Anel de fita tubular


Fonte: CBMERJ

Fitas reguláveis - É muito comum ver escaladores com fitas que podem
regular seu tamanho sem desatar os nós. A seguir veremos algumas fitas que
facilitam bastante o trabalho do montanhista:
Daisy chain e loop chain - Fitas tubulares com inúmeros e pequenos anéis,

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aos quais podem ser conectados a mosquetões. Permitindo a união do escalador a


um ponto quaisquer, controlando de forma rápida uma distância desejada. Solteira
regulável - Fita tubular com uma trava metálica, que possibilita uma regulagem em
seu tamanho, facilitando a aproximação ou afastamento da ancoragem.
Estribo - Fita tubular com degraus, que possibilitam a ascensão e descensão
do operador para atividades variadas.

Figura 3 - Dasy chain


Fonte: https://climbclean.com.br

1.3 Especificidade de materiais metálicos de ancoragem

1.3.1 Mosquetões

São equipamentos metálicos destinados a conectar um equipamento a outro.


Existem vários tipos, e a escolha de cada um irá depender do uso para que se
destine.
As partes do mosquetão são:

Figura 4 - Partes do mosquetão


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Fonte: CBMERJ

Cada parte do mosquetão tem uma finalidade, mas cabe ressaltar que as
informações quanto às cargas de ruptura e normas atendidas devem impressas no
corpo do mesmo.

Figura 5 - Informações gravadas em um mosquetão.


Fonte: CBMERJ

Algumas informações são imprescindíveis no momento da escolha de


um mosquetão para o salvamento. São elas:
a) material - pode ser aço, liga de duralumínio ou titânio.A diferença está na
proporção peso x resistência. Em geral é melhor utilizar o duralumínio pois consegue
ser leve e resistente. O ideal é utilizar o mosquetão com o mesmo metal do freio ou
da ancoragem em que estiver conectado. Ex.: Mosquetão de aço com grampo de
aço, mosquetão de duralumínio com freio de duralumínio;
b) trava - os mosquetões podem ser com ou sem trava. Os mosquetões sem
trava não são muito seguros para atividades de salvamento, pois podem abrir com
um descuido, portanto devem ser utilizados apenas em situações pontuais como
costuras e fechamento de macas; Os que possuem trava são mais seguros, porém
deve-se atentar para que a trava esteja fechada, caso contrário sua resistência pode
ser comprometida. Existem as travas de rosca e as automáticas, sendo as últimas,

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as mais indicadas para operações, pois evitam que o esquecimento de uma trava
aberta, gere um acidente;
c) gatilho - os mosquetões sem trava podem apresentar o gatilho reto ou curvo e
maciço ou de arame. O reto é o mais simples; o curvo visa facilitar a “clipagem” da
corda, na hora de costurar; o maciço possui uma mola e é bastante seguro; o de
arame aumenta a abertura do gatilho, por ocupar menos espaço, além de ser mais
leve, ele mesmo já é a mola e apresenta um relato de aberturas acidentais menor do
que os gatilhos maciços;
d) formato – existem quatro formatos básicos de mosquetão: oval, D, D
modificado e HMS.
O formato oval é bem tradicional, mas divide a força igualmente entre o corpo
e o nariz do mosquetão, ou seja, tem maior chance de falhar; o formato em D
concentra a carga no corpo do mosquetão, conferindo maior confiabilidade; o
formato D modificado tem as mesmas características que o D, porém com uma
abertura do gatilho maior, facilitando a conexão com mais de um mosquetão ou
materiais mais largos; o formato HMS, que também é conhecido como "pêra",
também concentra a carga no corpo, mas possui um topo maior, aumentando o
espaço interno e facilitando a utilização do nó UIAA , ancoragens ou outros
mosquetões.

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1.3.2 Malha rápida

Também conhecido como mailon rapide, é um conector utilizado para


ancoragens permanentes ou para fixar equipamentos ao cinto. Equipamento similar
ao mosquetão. Sua abertura é feita através de uma rosca e não possui gatilho.
Apresenta vários formatos, cada um adequado a um tipo de uso.

1.3.3 Roldanas

São equipamentos versáteis empregados em trabalhos que exijam


tracionamento, sistemas de força e até equipagem de vias. Deve-se verificar sempre
o diâmetro do cabo a ser utilizado com cada roldana e se a mesma pode ser
utilizada com cabos metálicos, para evitar danificar o material.

1.3.4 Placa de multiancoragem

São equipamentos utilizados para ancorar mais de uma corda em um mesmo


ponto de forma organizada e segura, bem como auxilia na simplificação de sistemas
de força.

1.3.5 Costuras

São equipamentos utilizados para prender as cordas às proteções utilizadas.


São compostas por dois mosquetões sem trava unidos por uma fita expressa.

1.4 Especificidade de equipamentos de descida


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Os equipamentos metálicos utilizados para descida são freios que atuam por
atrito com as cordas, diminuindo a aceleração do montanhista. Existem inúmeros
tipos, marcas e fabricantes, mas basicamente vão ser divididos em autoblocantes e
não autoblocantes.

1.4.1 Freio oito

Equipamento de descida mais utilizado no CBMERJ. Sua fácil utilização


permite um emprego rápido e adequado a muitas situações.
É um equipamento metálico, que pode ser confeccionado em aço ou
duralumínio e apresenta uma grande resistência aliado a um baixo peso.
Por ser bastante antigo e tradicional, existem várias técnicas que foram
desenvolvidas com ele, além de existirem muitas variações de formato.
As principais vantagens são: baixo peso, baixo custo, fácil manutenção, fácil
utilização, grande capacidade de carga, versatilidade, pode ser utilizado com cordas
duplas, pode ser utilizado para asseguramento e pode ser utilizado com cabos de
diâmetros variados.
As principais desvantagens são: não é autoblocante, esquenta
demasiadamente quando utilizado, provoca cocas na corda e desgasta
demasiadamente a capa da corda.

Figura 6 - Freios 8
Fonte: CBMERJ

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1.4.2 Air Traffic Controller (ATC)

É um equipamento muito utilizado por escaladores, pois pode ser utilizado


com cordas duplas, gêmeas e simples, além de serem excelentes para o
asseguramento. Existem vários tipos e sua utilização é associada a um mosquetão.
É confeccionado em duralumínio que apresenta uma média resistência aliado
a um baixo peso, por isso não é aconselhável ser utilizado para mais de uma pessoa
no rapel ou asseguramento.
Não é autoblocante, não gera cocas na corda e não deve ser utilizado em
cabos de grandes diâmetros.

Figura 7 - ATC
Fonte: CBMERJ

1.4.3 Descensor em barra

É um equipamento muito utilizado para salvamento, pois permite variar a


quantidade de atrito durante a operação, além de suportar grandes cargas e poder
ser utilizado com cabos de grandes diâmetros.
É confeccionado em aço com as barras em duralumínio, devendo possuir, no
mínimo, seis barras para o uso resgate. Apresenta a um alto peso se tratando de
freios. Tem a vantagem de ser instalado na corda sem a necessidade de
desconectá-lo do cinto, porém sua instalação é lenta.
Não é autoblocante e não gera cocas na corda.

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1.4.4 Stop

É um equipamento muito utilizado para trabalho em altura, pois permite parar


a descida apenas soltando-se a alavanca de comando.
É confeccionado em duralumínio que apesar de ser autoblocante, não é
adequado para resgate devido à carga de trabalho ser de apenas 150kg e não ser
indicado para descidas superiores a 100m.
Não gera cocas na corda, sua instalação é relativamente fácil, mas possui
limitações quanto ao diâmetro da corda a ser utilizada.

Figura 8 – Stop
Fonte: CBMERJ

1.4.5 Indy

É um equipamento muito similar ao Stop na utilização e fisicamente, inclusive


apresentando as mesmas vantagens e desvantagens. A diferença é que o Indy
apresenta um sistema de frenagem antipânico, que freia soltando-se a alavanca de
comando ou apertando-a completamente.

Figura 9 - Descensor indy


Fonte: https://climbclean.com.br

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1.4.6 I'D (industrial descensor)

É um equipamento muito utilizado no meio industrial, mas é muito útil para os


salvamentos verticais como um todo.
É confeccionado em duralumínio, apresentando 2 modelos I'Ds e I'DL que se
diferenciam pela carga de trabalho e bitola dos cabos que podem ser utilizados
(atualmente o CBMERJ possui I'Ds, que apresenta uma menor carga de trabalho e,
por isso, deve ser utilizado apenas por especialistas ou bombeiros com bastante
conhecimento do equipamento).
Este equipamento é autoblocante com sistema antipânico, pesa cerca de 0,5
Kg, apresenta alto custo ,quando comparado aos outros.Tem como principal
vantagem a possibilidade de ser utilizado na descida, ascensão e sistemas de
vantagem mecânica.

1.4.7 Grigri

É um equipamento muito utilizado pelos escaladores por ser muito fácil de


utilizar.
Possui sistema autoblocante, podendo ser utilizado para descidas e
asseguramento. Existem muitas versões deste equipamento, mas sempre
apresentam baixo peso, são confeccionados em duralumínio e apresentam médio
custo.
Não gera cocas na corda, tem um peso moderado e não deve ser utilizado em
descidas superiores a 50m.

1.5 Especificidade de equipamentos metálicos de ascensão

Os equipamentos metálicos utilizados para ascensão são blocantes que


atuam travando a passagem da corda em um sentido e liberando em outro,

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facilitando a progressão vertical do montanhista através de cordas fixas. Existem


inúmeros tipos, marcas e fabricantes, mas basicamente vão ser divididos em com
mordentes e de came.

1.5.1 Ascensores com mordentes

Estes ascensores possuem dentes voltados para um sentido, que se prendem


à capa da corda e travam conforme é tensionado no sentido de travamento.
Geralmente são os mais comuns e podem ser para punho, ventrais, para o pé e
outros modelos variados.
Este tipo de blocante tem a vantagem de poder ser utilizado em condições
adversas como cordas molhadas, sujas de lama, gelo entre outras. Por outro lado,
eles deterioram a capa da corda muito rapidamente, além de terem sua capacidade
de carga reduzida por se prenderem à capa.

Figura 10 - Ascensores
Fonte: CBMERJ

1.5.2 Ascensores de came

Estes ascensores possuem um sistema de travamento no qual a carga se


prende a um olhal do came, que funciona como uma gangorra. Quando o olhal é
tracionado, do outro lado a trava pressiona a corda que trava o movimento, quando
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o olhal não é forçado, a corda fica livre. Geralmente são muito utilizados como trava
quedas e para sistemas de vantagem mecânica.
Este tipo de blocante tem a desvantagem de ser inseguro em condições
adversas como cordas molhadas, sujas de lama, gelo entre outras. Por outro lado,
eles não deterioram a capa da corda, tem modelos para ser utilizada corda dupla,
além de terem boa capacidade de carga por não se prenderem à capa.

Figura 11 - Ascensor de came


Fonte: https://cdn8.bigcommerce.com

1.6 Especificidade de cintos e capacetes

Os cintos e os capacetes são equipamentos de suma importância nas


atividades de salvamento em montanha. Não existem grandes variações visuais,
porém as especificidades de material e configurações devem ser levadas em conta.

1.6.1 Cadeirinha

Este cinto também pode ser chamado de baudrier e tem por função prender o
escalador à corda ou sustentar seu peso durante uma queda ou uma descida.
São fabricados com fitas planas e podem ter acolchoamento em suas partes. A
norma da UIAA exige, no mínimo 15kN de resistência.
A cadeirinha ideal, para um montanhista, deve ter acolchoamento, duas alças
de conexão unidas por uma fita, chamada de loop, ajustes na cintura e nas pernas e
4 ou 5 alças de transporte de material.
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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

O loop é uma fita, bastante resistente, que serve para conectar os materiais
metálicos ao cinto, enquanto os materiais têxteis devem ser utilizados nas duas
alças de conexão.
Jamais, deve-se colocar mais de 5kg em uma alça de transporte de material,
pois estas alças possuem pequena resistência.

Figura 12 - Cadeirinha
Fonte: CBMERJ

1.6.2 Cinto paraquedista

Este cinto também pode ser chamado de baudrier integral e tem por função
prender o escalador à corda ou sustentar seu peso durante uma queda ou uma
descida, distribuindo a carga pelo tronco em vez de somente na pelve.
São fabricados com fitas planas e podem ter acolchoamento em suas partes.
A norma da UIAA exige, no mínimo 15kN de resistência.
O cinto ideal, para um montanhista deve ter, além do acolchoamento, cinco
pontos de conexão (1 ventral, 3 na cintura e 1 nas costas),3 ou 4 alças de transporte
de material.
O cinto paraquedista é muito utilizado para o salvamento, mas não é muito
indicado para a escalada, pois limita os movimentos.

1.6.3 Cinto peitoral de escalada

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Este cinto deve ser utilizado juntamente com a cadeirinha para distribuir o
peso do escalador, em caso de queda, entre o tronco e a pelve, mantê-lo em uma
posição mais ereta e evitar que o mesmo venha a ficar de cabeça para baixo. O
cinto peitoral costuma ter regulagens parecidas com as da cadeirinha e nunca
devem ser utilizados como único equipamento de segurança. É muito comum
confeccionar uma “atadura de peito” visando improvisar um cinto peitoral.

1.6.4 Capacete

Visa proteger a cabeça do montanhista contra impactos em casos de queda e


de pedras, galhos e outros objetos que venham a se chocar com a cabeça do
mesmo.
O capacete deve possuir certificação para trabalho em altura ou ter
certificação da UIAA, NFPA ou CE para escalada. A fixação deve ser feita através de
fita com, no mínimo, 3 pontos de fixação.

1.7 Especificidade de equipamentos de proteção fixa

Os equipamentos de proteção fixa são utilizados para proteção do escalador


em caso de quedas ou como de ponto de ancoragem para descensão,
tracionamentos e sistemas de força em salvamentos. Há que diferencie fixos e
permanentes, mas não há diferença prática para os montanhistas, por isso os
trataremos apenas como “proteção fixa”.

1.7.1 Grampo

Corpo metálico que é fixado ao afloramento rochoso mantendo um olhal para


a parte exterior da rocha. Pode ser confeccionado em aço 1020, aço inox ou titânio.
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Em locais pouco expostos às intemperes o grampo de aço 1020 é bastante


útil e tem uma boa durabilidade, além d ser barato.
Em locais expostos, principalmente à maresia, é indicado o grampo de titânio
que resiste bem às intemperes.
Os grampos de aço inoxidável não são muito utilizados, pois são mais caros
que os de aço 1020 e não dão sinais de fragilidade quando expostos à maresia.
Existem grampos que são empregados à rocha através de pressão e outros
através de uma cola especial. Deve-se cuidar para que, caso o grampo seja fixado
através de pressão, as chapinhas utilizadas sejam de um metal que não reaja com o
metal do grampo.

1.7.2 Chapeleta

Proteção fixa que funciona de maneira bem parecida com o grampo, mas
apresenta algumas vantagens: o furo realizado será preenchido por um parabolt (
parafuso de expansão), logo são desnecessárias batidas ou cola para a fixação; a
parte da chapeleta que fica para fora da rocha pode ser substituída com facilidade
em caso de desgaste; diferente da maior parte dos grampos as chapeletas possuem
certificação; as chapeletas se apresentam em vários formatos, podendo se adequar
com mais facilidade às diversas configurações de rocha ou locais onde serão
instaladas.

1.7.3 Piton

É um equipamento metálico que funciona muito parecido com as ancoragens


anteriores, porém ele pode ser retirado da rocha sem danificá-lo e serve para ser
utilizado em fendas. Ele é empregado como se fosse uma cunha sendo martelada
na rocha. Existem basicamente 5 tipos de pítons:

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a) piton “lost arrows” - são utilizados em fendas horizontais, verticais e


diagonais, podendo ser utilizados em conjunto com outros pítons caso a fenda seja
muito grande para um dos dois sozinhos;
b) piton universal ou “knife blades” – são feitos com aço doce, o que lhes dá uma
capacidade maior de se moldar a todos os tipos de fendas;
c) piton para fendas verticais – possuem o olhal no sentido vertical para facilitar
o emprego;
d) piton angle – são utilizados em fendas verticais ou horizontais e tem como
característica principal a lâmina com formato de “ v”;
e) RURP (realized ultimate reality piton)– São utilizados em fendas muito
estreitas e por isso tem o tamanho e carga de trabalho reduzidas. Isso faz com que
seja considerado um equipamento BWP(body wheight placement- que só suporta o
peso do escalador) e por isso não deve ser utilizado como proteção contra quedas,
mas sim como um meio para progressão em escalada artificial.

1.7.4 Martelo saca piton

É o equipamento utilizado tanto para bater na cabeça de pítons e nas


proteções fixas até empregá-los na rocha, bem como são utilizados para martelar os
pítons nos olhais até que saiam da rocha.

1.8 Especificidade de equipamentos de proteção móvel

Os equipamentos de proteção móvel são utilizados para proteger o escalador


de quedas ou como de ponto de ancoragem para descidas de rapel, tracionamentos
e sistemas de força em salvamentos. A peculiaridade é que esses equipamentos são
utilizados em fendas e somente ficam na rocha enquanto estiverem sendo utilizados,
sendo retirados ao final dos trabalhos. Geralmente a resistência dos móveis varia de
2kN a 15KN, com isso os que apresentam menos de 7kN de resistência são
considerados BWP.
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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Esse tipo de equipamento pode ser subdividido em 3 tipos:


a) entaladores passivos – são peças metálicas inseridas nas fendas que após
empregadas não realizam nenhuma ação além de entalar quando sofrem um
esforço. Ex: Nut stopper e Nut excentric;
b) entaladores de expansão – são peças metálicas inseridas nas fendas que ao
sofrerem um esforço realizam uma força contrária na rocha permitindo um melhor
entalamento. Ex: Friend, Camalot e Ball nut;
c) ganchos – são equipamentos utilizados de forma rápida e temporária, não
configurando meios confiáveis e proteção para a escalada. Geralmente são
utilizados em conquistas de vias, para ajudar em posicionamento no estribo ou como
um terceiro apoio para que o montanhista tenha suas mãos livres e assim possa
realizar uma ancoragem ou manobra. Ex.: fifi hook, clif ranger e talon ranger.

1.9 Saca nut

Equipamento metálico que tem por função auxiliar na remoção de nut’s stoper
e nut’s excentrics, além de facilitar o acionamento dos gatilhos de friends e camalots
que estejam em locais difíceis.

1.10 Tipos de agarras artificiais

Entender os principais tipos de agarras de escalada em muro artificial pode


ajudar muito no treinamento dos montanhistas, facilitando assim a sua evolução no
grau de escalada.
As agarras podem ser fabricadas em:
a) madeira - geralmente baratas, tem o problema de soltar farpas e não são
muito boas quanto a aderência e intemperes;

38
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

b) rochas - há quem prefira rochas, pois simulam bem a textura na escalada em


rocha (objetivo do salvamento em montanha), porém elas tem que ser muito bem
escolhidas, pois costumam se quebrar com certa facilidade e gerar arestas que
podem lesionar o montanhista;
c) resina - são as mais difundidas e adequadas ao treinamento, pois são se
quebram com facilidade, podem ser feitas nas mais variadas formas, apresentam
porosidade compatível com as rochas e aguentam bem as intemperes.

1.11 Tipos de calçado para operações em montanha

Entender quando, quais e como utilizar o calçado ideal para cada tipo de
atividade em montanha fará grande diferença no conforto e, consequentemente, no
tempo que o montanhista conseguirá perdurar em operação.
Para as operações serão utilizados 2 tipos de calçado:
a) coturno de cano alto - de preferência devem ser leves, com o cano que vá até
a curva da panturrilha e com boa ventilação. Caso seja possível devem ser
impermeáveis e serem feitos em “nobuck”. Seu solado deve ter boa aderência, o que
permitirá fazer lances fáceis sem o uso da sapatilha. A palmilha deve ser macia e as
meias devem ultrapassar a parte superior do cano, evitando que saiam do lugar
durante a operação. Podem ter fecho de zíper, mas nunca devem ser utilizados com
cadarços de elástico, pois diminuem a estabilidade do tornozelo;
b) calçados de escalada - são equipamentos que permitem a maior aderência do
montanhista na pedra. Geralmente são chamados de sapatilhas, mas na verdade
são de três grupos: Botas de cano alto (confortáveis para vias longas e escaladas
em fendas), botas de cano baixo( são um pouco menos rígidas que as do grupo
anterior e tendem a ser menos confortáveis, porém são mais precisas e mais
versáteis) e sapatilhas ( apresentam uma camada de borracha muito menor que as
anteriores e são muito mais macias, por isso precisam estar bem apertadas para
oferecerem o resultado desejado).

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

As sapatilhas ideais para o serviço de montanhistas do CBMERJ são, em


geral, as de couro (pois se adaptam bem ao formato do pé do escalador e tem uma
boa aderência com a pele), com fecho de cadarço( pois se ajustam melhor à largura
dos pés), solado plano (que se adapta ao maior número de vias de escalada
acessadas em situações de socorro) e com borracha mais dura (que se desgasta
com menos facilidade e dá um bom suporte em vias positivas).
Os calçados de escalada tendem a ceder com o tempo e se estiverem largos
não vão atender a sua finalidade. Portanto o ideal é que, mesmo que incomodem no
início, sejam comprados do mesmo tamanho ou um número menor ao utilizado para
calçados comuns.

1.12 Especificidade de equipamentos de marcha e apoio ao bivaque

Muitas vezes as atividades de CIF exigem que o especialista monte um


acampamento para o pernoite em ambiente natural. Ao pernoite em um
acampamento rudimentar em meio à mata chamamos de bivaque.

1.12.1 Abrigos

Os abrigos são divididos sob 3 características principais: proteção contra vento,


proteção contra chuva/umidade e proteção contra o frio.
Existem abrigos com apenas uma função, como por exemplo a segunda pele,
que tem por função manter a temperatura corporal, ou seja, só funciona como abrigo
contra o frio. Também existem abrigos com mais de uma função, como por exemplo,
os anorak’s que são abrigos contra vento e chuva.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 13 - Abrigo 3 em 1
Fonte: CBMERJ

1.12.2 Saco de dormir

Equipamento destinado a manter a temperatura do usuário confortável contra


o frio durante períodos de sono. Sua composição ideal para o trabalho nas
montanhas e matas fluminenses é a sintética e o formato sarcófago é o mais
indicado.
Uma característica importante a ser considerada é a faixa de temperatura
indicada, que pode ser dividida da seguinte forma, conforme a EN 13537 (2012):
"- temperatura máxima de conforto - é a maior temperatura na qual um
homem normal durma sem transpirar abundantemente e é determinada com
o zíper do saco de dormir aberto, os braços para fora e o capuz aberto;
- temperatura de conforto - é a temperatura que permite a uma mulher
normal passar uma noite completa de sono em uma posição relaxada;
temperatura limite inferior de conforto - define a menor temperatura na qual
é possível um homem normal dormir em posição encolhida por oito horas
sem despertar de frio; também é referida como 'Temperatura de Transição'
ou ainda apenas 'Temperatura Limite';
- temperatura extrema - é a menor temperatura na qual o saco de dormir
protege uma mulher normal da hipotermia, permitindo ter 6 horas de sono
incômodo (com forte sensação de frio) sem que a temperatura interna do
corpo desça a níveis perigosos."

O saco de compressão é onde o saco de dormir ficará acondicionado e sua


importância não se deve apenas por diminuir o volume do saco de dormir, mas
também para manter seu enchimento compacto. O saco de dormir não deve ser
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guardado enrolado ou dobrado dentro do saco de compressão, pois pode criar vícios
em seu enchimento.

Figura 14 - Saco de dormir


Fonte: CBMERJ

1.12.3 Liner

Equipamento destinado a manter o interior do saco de dormir limpo e


aumentar sua capacidade de proteção térmica.

Figura 15 - Liner
Fonte: https://static.cloud-boxloja.com

1.12.4 Isolante térmico

São equipamentos destinados a isolar o calor do corpo do usuário, da


superfície em que estiver apoiado, garantindo assim maior conforto térmico. Podem
ser dobráveis, infláveis ou, como se utiliza no CBMERJ, de EVA com capa
aluminizada.

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Figura 16 - Isolantes térmicos


Fonte: CBMERJ

1.12.5 Barracas

São equipamentos destinados a proteger o indivíduo e os equipamentos de


chuva, vento, luz e animais.
Conforme descrito por MACAMP (2012), podem ser divididas quanto ao
formato em:
"tipo canadense - possui forma triangular, normalmente tem armação de aço
(ferro). Bastante durável, é mais pesada para ser levada nas costas em
longas caminhadas. Recomendada para acampamentos onde não tenha
que se deslocar a pé e durem muitos dias, pois sua montagem e
desmontagem demandam muito tempo, além de seu peso;
tipo estrutural ou bangalô - possui o formato mais quadrado com divisões de
quarto e espaço para improvisar a cozinha, parecido a uma casa. Ideal para
postos de comando, mas é bem pesada por ser feita em tecido tipo lona e
armação de aço (ferro), são barracas acima de 20 kg. Seu uso fica restrito a
acampamentos onde não se tenha que caminhar e durem vários dias, pois
sua montagem e desmontagem são mais trabalhosas;
tipo iglu - é a mais utilizada atualmente. Possuem vários modelos, as
armações são de fibra de vidro, feitas em nylon e variações. Bastante leve e
prática, perde em durabilidade para as outras duas. Com modelos versáteis,
são ideais para prática de bivaque e caminhadas mais longas;
tipo de campanha - a barraca de campanha é utilizada atualmente em
acampamentos e manobras pelas corporações militares em operações e
treinamentos. Possuem várias configurações e, geralmente, só oferecem
cobertura e proteção contra vento e chuva nas laterais."

As barracas a serem utilizadas em operações de combate a incêndio florestal


devem apresentar baixo peso, resistência do piso contra umidade, sobreteto, alta
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resistência contra vento e tamanho adequado para o especialista e seu


equipamento.

Figura 17 - Barracas de campanha


Fonte: CBMERJ

Barracas de três estações: são as que possuem a maior abrangência de


climas “normais” possível. Barracas indicadas para acampamento em regiões onde o
vento, clima e chuva não extremos. Em geral suas as varetas de sustentação são
compostas de revestimento plástico, e seus materiais mais focados à proteção de
chuva. Varetas de alumínio são ideais a locais onde haverá ventos acima de 50km/h
tipicamente encontrado em regiões montanhosas.
Conforme descrito por FERNANDES(2013):
"Barraca de quatro estações: são conhecidas popularmente como “barracas
de expedição”. Esta barraca é indicada para quem irá enfrentar o extremo
de ventos, chuvas, neves, altitudes ou latitudes. Todo seu material
construtivo e design são projetados para as piores condições possíveis de
clima."

Figura 18 - Barraca iglu


Fonte: https://w1.ezcdn.com.br/arcoeflecha

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1.12.6 Mochilas

São equipamentos destinados a levar os equipamentos necessários para a


operação.
Quanto à sua capacidade são divididas em :
a) mochila de ataque: tem capacidade até 25L.
b) mochila de pequena capacidade: tem capacidade para 25 a 40 L.
c) mochila de média capacidade: tem capacidade 40 a 60L.
d) mochila cargueira ou de grande capacidade: tem Capacidade de 60 a 90
litros.
Sempre tenha em mente que encher demasiadamente uma mochila pode
comprometer sua integridade e durabilidade.
Para escalada, as características primordiais em uma mochila são: baixo
peso, capacidade para bolsa de hidratação, possuir barrigueira e tirantes de peito
ajustáveis, possuir alças de transporte e ser feita com tecido resistente a abrasão.
Para operações em geral, as características primordiais em uma mochila são:
baixo peso, capacidade para bolsa de hidratação, possuir barrigueira e tirantes de
peito ajustáveis, possuir alças de transporte e possuir capacidade para transportar
saco de dormir, barraca e isolante térmico, possuir capa de chuva e ser
compartimentada.

Figura 19 - Mochila cargueira e mochila de ataque


Fonte: https://www.curtlo.com.br

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1.12.7 Comunicação

Para a realização de qualquer operação de bombeiro é necessário boa


comunicação. Para isso temos os seguintes equipamentos: rádio portátil, telefone via
satélite, telefone celular e apito.

1.12.8 Alimentação

O combatente florestal deve se preocupar em levar alimentos de alto valor


energético e baixo peso, contudo deve evitar alimentos de difícil digestão ou que se
estraguem com facilidade. Entre os alimentos a serem utilizados estão: comida
liofilizada, barra de cereal, macarrão instantâneo e repositor eletrolítico.

Figura 20 - Ração operacional


Fonte: CBMERJ

1.12.9 Material de Iluminação

É o conjunto de materiais destinados a fornecer força e luz para os trabalhos


de iluminação das equipes de combate. Deverão ser providenciados os geradores,
fiação, bocais e lâmpadas.

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1.12.9.1 Lanterna

O ideal para uma atividade de combate a incêndio florestal é que a lanterna


possua resistência à água e altas temperaturas, ajustagem de intensidade, luz
vermelha e, ou modo intermitente, que possua tirante para ser colocada na cabeça
ou capacete e sejam alimentadas por pilhas.
80 lumens é a potência de iluminação mínima para a atividade desenvolvida
pelo corpo de bombeiros.
As lanternas não substituem o material de iluminação de um acampamento.

Figura 21 - Lanterna de cabeça


Fonte: http://catlights.com/

1.12.10 Material especial

É o conjunto de materiais e equipamentos que complementam os materiais de


bombeiros, quando em operação.

1.12.10.1 Luvas

Devem possuir palma reforçada para evitar que o atrito com a corda
machuque a mão do montanhista, comprometendo a operação. Não devem limitar

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os movimentos dos dedos do montanhista, bem como não devem ser folgadas ou
apertadas.

1.12.10.2 Protetores de corda

São equipamentos destinados a proteger a corda sempre que houver ameaça


do atrito com algum ponto que possa provocar fricção, levando ao desgaste ou a
ruptura da mesma.

1.12.10.3 Macas de resgate

São equipamentos destinados a retirar a vítima de trauma de forma segura.


Devem apresentar as seguintes características:
a) resistência - deve suportar o peso do montanhista somado ao peso da vítima,
bem como o trabalho em locais com pontas de pedra, árvores e outras situações em
que a maca sofrerá trancos e abrasão;
b) leveza - não deve exigir muito esforço da equipe de resgate para carregá-la.
Pode ser dividida em duas partes para facilitar o transporte;
c) pontos de ancoragem - devem facilitar a ancoragem do sistema de forças à
mesma, bem como o transporte por parte dos socorristas;
d) fitas de fixação - sempre que possível devem possuir fitas planas que fixem a
vítima à maca restringindo ao máximo o movimento do acidentado.
Para as operações de salvamento em montanha 2 tipos de maca se
destacam:
a) maca rígida bipartida em PVC ( ideal para utilizar em situações que não
exijam uma transposição de obstáculos muito altos);
b) maca envelope flexível de PVC ( ideal quando o resgate exige uma escalada
ou uma transposição de obstáculos com uma diferença muito grande de altura).

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1.12.10.4 Tripé de resgate

É um tipo de equipamento destinado a facilitar a ancoragem de um sistema


em locais de fácil acesso, por exemplo, barrancos.
A pesar de existirem equipamentos com 4 pés, bipés e monopés, todos tem a
mesma função e operam da mesma forma.
O CBMERJ apresenta dois tipos de tripés em seus quartéis, por isso é
necessário verificar qual é o tipo que se está utilizando, visto que suas cargas de
trabalho diferem bastante.
Junto ao tripé, pode-se acoplar uma catraca com cabo para facilitar o
içamento das cargas.

1.12.10.5 Stick clip

É um tipo de equipamento destinado a facilitar a ancoragem de uma corda em


uma proteção fixa de difícil acesso ou muito alta. Este é um artifício muito
interessante para saída em vias de alto nível técnico, quando o montanhista está em
período de treinamento ou para prender cordas para rapel.

1.13 Cuidados com os equipamentos

Os equipamentos utilizados nas operações necessitam de cuidados


específicos para que possam se manter em condições de uso durante o período
mínimo desejável. Abordaremos algumas regras básicas de cuidado, mas para
informações mais específicas e aprofundadas deve-se utilizar o “manual de gestão
de EPI’s” do CBMERJ.

1.13.1 Cuidados com lanternas

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a) para que se tenha uma vida útil longa no uso das lanternas deve-se:
b) retirar as pilhas das lanternas quando as mesmas não estiverem em uso;
c) guarda-las em sacos estanques ou sacos plásticos, quando em operação;
d) em missão, não armazená-las em locais da mochila onde possam sofrer
impacto;
e) guardá-las em locais sem umidade e com os tirantes de cabeça relaxados.

1.13.2 Cuidados com equipamentos têxteis

a) para que se tenha uma vida longa no uso das cordas deve-se:
b) armazená-las em local seco, ventilado, longe de radiação ultravioleta e sem
nós;
c) não pisar , não forçá-las sobre quinas e não deixar em contato com produtos
químicos;
d) revezar os chicotes a serem utilizados;
e) falcaçar os cabos;
f) inspecionar antes e após o uso.

1.13.3 Cuidados com equipamentos metálicos

Para que se tenha uma vida útil longa no uso dos equipamentos metálicos, deve-se:
a) não guardar em local úmido;
b) guardá-las em sacos estanques ou sacos plásticos, quando em operação;
c) em operação, não guardá-las em locais da mochila onde possam sofrer
impacto;
d) guardá-las em locais sem umidade e com os tirantes de cabeça relaxados.

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2 ESCALADA GUIADA

2.1 Voz de comando

Uma vez que o militar já tiver conferido todos os itens listados na página XX
(Conferência de equipamento), o mesmo deverá informar ao participante as ações
que realizará, são elas:
a) “aluno XX escalando!” - Comando realizado logo após a cordada informar
“Pronto a segurança!”;
b) em qualquer momento que o guia perceber que irá cair, ele deve alertar o
participante para que fique ainda mais atento com o brado: “CAINDO!”;
c) durante o ato de inserir a corda na costura pode ser que seja necessário que
o participante libere mais corda, sendo assim o guia bradará: “CORDA!”;
d) tão logo cesse a necessidade da liberação da corda o guia comandará:
“BASTA!”;
e) se por algum motivo, a corda liberada foi demasiada o guia comandará:
“RECUPERA!” Observação: assim como no item 3, quando for atingido a quantidade
necessária será necessário repetir o comando nº 4;
f) quando o guia chegar no ponto de ancoragem o mesmo deverá informar ao
participante que já se encontra nessa condição bradando: “GUIA XX ANCORADO!”;
g) no momento em que o guia atingir o ponto de onde será feita a segurança de
seu participante e após bradar o comando do item 7, o participante deverá retirar a
corda do freio que estava fazendo a segurança e indicar ao guia que o procedimento
foi realizado: “CORDA LIVRE!”;
h) em ato contínuo o guia recupera toda a corda que ficou sobrando entre ele e
o participante, o que será sinalizado pelo último com o brado “BASTA”;
i) sendo assim será estabelecida a equalização na ancoragem e a segurança
do participante, quando estiver pronto o guia bradará: “PRONTO A SEGURANÇA!”;
j) o participante agora emitirá o mesmo comando citado no item 1;

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k) se por algum motivo, o guia ou o participante necessitarem apoiar seu peso


na corda, seja pra desvencilhar de algum obstáculo ou algum fator adverso, ele
bradará “TENSO”! E nesse momento o militar responsável pela sua segurança
diminuirá a folga existente, deixando a corda retesada para que o mesmo se apoie
com segurança e responderá com o mesmo comando.
Observação: A grafia “XX” se refere ao número de aluno do escalador.

2.2 Vias sem contato verbal

Algumas vias de escalada, por terem enfiadas mais longas e/ou rotas com
mais obstáculos físicos, impedem que haja contato verbal e até mesmo visual entre
os escaladores.
Em condições como a descrita acima impedem que sejam realizados os
comandos descritos no item X.1, sendo necessário estabelecermos outros métodos
de comunicação durante a escalada.
O método utilizado pelo CSMont é através do tensionamento intermitente da
corda, ou seja, é padronizado 3 “puxões” na corda para que a cordada entenda que
o escalador se encontra na próxima posição. Por exemplo, o guia após iniciar a
escalada e perder contato verbal e visual com o participante precisa indicar que já
alcançou a parada dupla e está ancorado, para que a dinâmica da escalada
continue. Sendo assim, ele puxa a corda 3 vezes seguidas para demonstrar que
está ancorado (condição de segurança) para que o participante libere a corda para
que o guia recupere a mesma.

2.3 Costurar

Trata-se do ato de colocar costuras nas proteções das vias de escaladas com a
finalidade de passar a corda de segurança. Esse procedimento exige um estudo
prévio da quantidade de proteções, do posicionamento das proteções, do

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deslocamento do escalador, pois se alguns desses fatores forem negligenciados


colocará o militar em condição de insegurança.
Para evitar que a corda saia do mosquetão numa possível queda, o dorso do
mosquetão da costura deve estar posicionado para o lado do deslocamento do
escalador, ou seja, o gatilho pro lado oposto, e a corda passada de maneira que o
chicote do encordoamento esteja direcionado para “fora da pedra”, conforme figura
abaixo.

Figura 22 - Costura correta com dorso do mosquetão voltado à esquerda (local do deslocamento do
escalador à esquerda da proteção)
Fonte: CBMERJ

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2.3.1 Atenção!

- Costura errada nº1

Figura 23: Dorso voltado para o lado errado


Fonte: CBMERJ

Figuras 24 - Costura posicionada de forma incorreta, numa possível queda a corda pode sair do
mosquetão
Fonte: CBMERJ

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- Costura errada nº 2

Figura 25: Dorso voltado para o lado errado. A costura pode sair da proteção
Fonte: CBMERJ

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- Otimização das costuras para diminuir o atrito

Figura 26: Costura curta


Fonte: CBMERJ

Figura 27: Costura média


Fonte: CBMERJ

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Figura 28: Costura longa


Fonte: CBMERJ

a) costura correta com dorso do mosquetão voltado à esquerda (local do


deslocamento do escalador à esquerda da proteção;
b) costura posicionada de forma incorreta, numa possível queda a corda pode
sair do mosquetão;
c) durante o deslocamento a costura pode sair da proteção;
d) a queda pode fazer com que o gatilho se abra;
e) o ângulo formado pela corda depois que passa pelo mosquetão, vai
diminuindo, consequentemente, o atrito gerado na corda também diminui de forma
diretamente proporcional. Isso se deve ao tamanho diferente das costuras,
revelando que a correta aplicação dos diferentes tamanhos de costuras pode evitar
um esforço exagerado e desnecessário do guia.

2.4 Segurança aproximada

Este tipo de segurança é utilizado em momentos em que o escalador não


será assegurado por corda, ou ainda, antes do mesmo ser assegurado por ela (início
da escalada guiada, momentos que antecedem a primeira costura empregada na
via).
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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

A segurança aproximada é realizada pelo participante, que fica atento aos


movimentos do guia enquanto o mesmo escala. Ela é realizada com as mãos
elevadas e direcionada às escápulas do guia. Desta forma, com uma possível queda
o mesmo diminuirá o impacto sofrido pelo escalador, além de impedir que o mesmo
caia com as costas voltadas ao solo e consequentemente deixando a cabeça
vulnerável.
Cabe ressaltar que o posicionamento do assegurador deve ser
meticulosamente observado, uma vez que se o mesmo estiver em posição incorreta
à queda do guia pode ocasionar duas consequências adversas: a queda lesionar os
dois integrantes da cordada ou não conferir a segurança citada no parágrafo anterior
por causa do afastamento demasiado entre os escaladores.

2.5 Rapel

Este procedimento também é conhecido na corporação como descida livre. Todavia,


o rapel (considerando a prática de escalada) faz com que haja a recuperação dos
escaladores ao início da via ou ponto de escape da escalada, isso quer dizer que, o
meio pelo qual os escaladores possam retornar ao ponto de partida ou finalizar a
escalada. O termo tem origem francesa e seu significado assemelha-se a chamar,
recuperar a corda que era utilizada em atividades de alpinismo.
O mesmo deve ser feito com um nó blocante abaixo do freio para servir de
backup ao militar, caso precise soltar a mão de comando ou sofra algum acidente
durante a descida.

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Figura 29: Backup com Marchard bidirectional


Fonte: CBMERJ

Figura 30: Backup com Prussik


Fonte: CBMERJ

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2.6 Equalizações

Este é o procedimento adotado quando é necessário distribuir o esforço feito


em mais de um ponto de ancoragem, podendo ser para assegurar o escalador,
realizar um sistema de força ou uma descida livre. Dessa forma diminui as chances
de um dos pontos falhar, já que está sendo utilizado com menor carga.
Existem diversas maneiras de fazer uma equalização, sendo as seguintes as
mais conhecidas:

2.6.1 Triângulo americano (não utilizado)

Pouco utilizado, por ser menos seguro, pois no caso de rompimento de um


dos pontos o segundo sofre uma carga dinâmica elevada e comparado a
equalização em “V” é menos eficiente na distribuição das cargas. Também
conhecido como “Triângulo da Morte”.

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Figura 31: Triângulo americano


Fonte: CBMERJ

2.6.2 Equalização em “V”

Devido a existência de paradas duplas nas vias de escalada, essa se torna a


mais utilizada no salvamento em montanha. Um ponto muito importante a ser
ressaltado é o ângulo formado nesta equalização, quanto maior for o ângulo maior
será o esforço nos pontos de ancoragem. Início da confecção parecida com o item
anterior, sendo que há uma torção em “X” (volta de segurança) na parte superior da
fita.

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Figura 32: Equalização em “V”


Fonte: CBMERJ

Atenção: E em hipótese alguma ser maior que 120º, pois assim realizará um esforço
ainda maior que a carga nos pontos de ancoragem, sendo recomendado trabalhar
com o ângulo não superior a 90º. Outro erro bastante comum é não realizar a volta
de segurança supracitada. Dessa forma se houver colapso em um dos pontos de
tensão o mosquetão irá deslizar e soltará da fita, ocasionando um acidente,
conforme imagem abaixo.

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Figura 33 - O mosquetão desliza livremente na fita


Fonte: CBMERJ

2.6.3 Equalização em “W”

Realizada quando dispomos de três pontos de ancoragem. Pode ser realizada


com cordelete ou fita tubular, porém há necessidade de maior comprimento do
material para evitar o aumento da angulação. Por dividir a carga em três pontos se
torna mais segura que as equalizações anteriores.

Figura 34 - Equalização em “W”


Fonte: CBMERJ

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3 ESCALADA ARTIFICIAL

3.1 Introdução ao módulo

A escalada artificial é um método utilizado quando não se consegue realizar


um determinado lance em livre. A pesar de ser muito antiga, não é o método de
escalada mais difundido, principalmente entre os montanhistas do CBMERJ. Porém,
com a evolução das técnicas de trabalho , visto que ela pode ser utilizada para
trabalho em estruturas suspensas.
Para os montanhistas do CBMERJ a escalada artificial pode consistir no único
método para salvar uma vítima que esteja em uma via de artificial ou em uma via
que exceda a capacidade técnica de escalada do especialista no socorro.
A escalada artificial é muito mais cansativa que a escalada livre, além de ser
mais demorada, exigir um grau de atenção maior, desgastar mais os materiais e
exigir um bom entrosamento entre guia e participante.

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3.2 Métodos de escalada artificial

3.2.1 Artificial fixo

3.2.1.1 French free

Método geralmente utilizado em A0 ou A1 com grampos muito próximos.


Consiste em subir com uma costura em cada mão para se puxar enquanto pisa no
grampo abaixo. Exige muita força nos braços, mas é muito mais rápida qual as
demais técnicas, por isso pode-se considerar utilizar em um salvamento.

3.2.1.2 Via ferrata

Método utilizado quando há um cabo de aço instalado em um determinado


lance. Consiste em clipar duas solteiras no cabo de aço e ir se puxando pelo cabo.
Este método não dispensa o montanhista de costurar a corda nas proteções
existentes.

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3.2.1.3 Artificial tradicional

Método utilizado em A0 e A1 utilizando-se estribos. Para o uso no CSMont,


padroniza-se utilizar 4 estribos separados em 2 pares, porém esta técnica pode ser
realizada com 2 ou 3 estribos.
Consiste em costurar o grampo mais alto que se conseguir alcançar (lembre-
se de que o participante pode ser menor que o guia e também precisará alcançar o
grampo) e clipar uma solteira com um par de estribos nessa costura; subir pelos
degraus até alcançar o próximo grampo e realizar a mesma operação até o fim da
enfiada.
Não se deve esquecer de retirar os estribos do grampo anterior assim que
passar para o próximo par de estribos.
Para que se tenha um maior conforto deve-se utilizar uma solteira regulável
ou daisy chain para auxiliar no posicionamento nos estribos.

3.2.1.4 Artificial em parafuso

Consiste do mesmo método que o artificial tradicional, porém as proteções


serão parafusos deixados na pedra. Esses parafusos são colocados de maneira que
fiquem com a cabeça sextavada afastada da rocha e assim o escalador possa
utilizar um Nut de cabo ou um cordelete para prender a solteira com os estribos.
Nestas vias, há grampos e chapeletas espaçadas para realizar a costura.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

3.2.1.5 Passa-mão

Método que consiste em esticar uma corda com vários pontos de apoio por
um caminho para que uma tropa convencional possa subir com ascensores ou se
puxando como se fosse um cabo de aço. É utilizado em paredes positivas.

3.2.1.6 Escada de corda

Método que consiste em fixar uma escada de corda em um ponto, para que
os demais membros da equipe possam subir. É utilizado em paredes verticais ou
negativas.

3.2.2 Artificial móvel

Os métodos escada de corda e passa-mão também podem ser utilizados com


proteções móveis. As principais diferenças entre as técnicas de artificial fixo e móvel
são:

3.2.2.1 Costurar o meio anterior

A costura deve ser feita sempre no após empregar o meio seguinte, visando
uma folga menor na corda caso este meio se solte.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

3.2.2.2 Testar o meio

Em toda escalada com meios móveis é necessário testar o meio empregado,


porém em uma escalada artificial isto se torna imprescindível, visto que o escalador
coloca todo seu peso no meio móvel.
Esta técnica consiste em conectar uma solteira regulável ( segurança de
teste)ao meio empregado e subir dois ou três degraus dos estribos de forma que a
mesma fique tensa em relação à posição do corpo do escalador no último degrau. O
militar vai dando pulos com carga crescente para testar de o meio está bem preso.
Somente após simular uma pequena queda considera-se o meio empregado com
confiança.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

3.2.2.3 Artificia Móvel tradicional

Método utilizado a partir de A1 utilizando-se estribos. Para o uso no CSMont,


padroniza-se utilizar 4 estribos separados em 2 pares, porém esta técnica pode ser
realizada com 3 estribos.
Consiste em empregar o meio na maior distância que se alcançar
confortavelmente (lembre-se de que o participante pode ser menor que o guia e
também precisará alcançar o meio); clipar uma solteira com um par de estribos neste
meio, subir nestes estribos e testar o meio; após o teste, retornar para o par de
estribos do meio anterior e realizar a costura neste meio; subir no par de estribos do
meio que acabou de ser empregado e retirar os estribos do meio anterior; Segue-se
esta sequência até encontrar um ponto adequado para o descanso e montagem de
uma parada dupla.
Além da solteira regulável, deve-se utilizar um Fifi Hook ou um mosquetão
sem trava no loop da cadeirinha, que será preso no mosquetão mais próximo do
meio empregado possível. Isto facilitará o posicionamento do montanhista ao
empregar o meio subsequente.
O participante deve descosturar o meio em que estiver, assim que chegar ao
mesmo, caso contrário irá ter dificuldade de alcançar o meio posterior.

Figura 35: Artificial móvel tradicional


Fonte: CBMERJ

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

3.3 Posicionamento nos estribos

Tanto no artificial fixo quanto no móvel, há posições mais confortáveis para


utilizar os estribos. Estas posições devem ser utilizadas a fim de dar condições para
o montanhista trabalhar por mais tempo. As principais posições são:
a) sirena – utilizada em paredes verticais, consiste em passar uma perna por
trás da outra de forma que fiquem esticadas na vertical com a ponta dos pés
encostadas na pedra. Caso se tenha apenas 1 estribo disponível ou o montanhista
ache mais confortável, pode-se soltar um dos pés do estribo e manter somente a
pena de trás apoiada no estribo;

Figura 36: Sirena


Fonte: CBMERJ

b) em pé - utilizada em paredes verticais ou levemente positivas, consistindo em


apoiar os pés em estribos diferentes, com as pernas juntas e a ponta dos pés
apoiados na pedra. É a posição natural de estar em pé;

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 37: Em pé
Fonte: CBMERJ

c) garça - utilizada em paredes negativas, consiste em esticar uma das pernas


para frente pisando no estribo e encostando o a sola do pé na pedra, se for possível.
A outra perna ficará flexionada, colocando o calcanhar embaixo das nádegas,
utilizando o pé no estribo, desta forma o montanhista ficará sentado em um dos
calcanhares.

Figura 38: Garça


Fonte: CBMERJ

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

4 BUSCA DE PERDIDOS

4.1 Introdução ao módulo

A busca de pessoas perdidas é uma das atividades que o especialista em


salvamento em montanha mais vai realizar em sua carreira. Apesar do alto grau de
sucesso das equipes convencionais, o estudo sobre as técnicas e principalmente
sobre a tática de buscas tem papel preponderante na eficiência das ações.
Neste módulo trataremos da gestão dos recursos a serem empregados para
que os eventos de busca de perdido sejam da forma mais eficiente, visando assim
uma maior rapidez, segurança e economia nas ações de busca, resgate e
salvamento em montanha.

4.2 Histórico

Conforme o Manual de Sistema de Comando de Incidentes do Corpo de


Bombeiros Militar do Distrito Federal (2011):
"Nos anos 1970, diversos incêndios florestais praticamente destruiram o
sudoeste da Califórnia, nos EUA. Naquela ocasião, diversas autoridades se
organizaram para formar o Firefighting Resources of California Organized
for Potential Emergencies (FIRESCOPE).
Após analisar os resultados da atuação integrada e improvisada de
diversos órgãos e jurisdições, o FIRESCOPE concluiu que o problema maior
não estava na quantidade nem na qualidade dos recursos envolvidos, mas
sim na dificuldade em coordenar as ações de diferentes órgãos e jurisdições
de maneira articulada e eficiente.
O FIRESCOPE identificou inúmeros problemas comuns nos
atendimentos a sinistros envolvendo múltiplos órgãos e jurisdições, tais

72
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

como:
-falta de uma estrutura de comando clara, definida e adaptável às situações;
-dificuldade em estabelecer prioridades e objetivos comuns;
-falta de uma terminologia comum entre os órgãos envolvidos;
-falta de integração e padronização das comunicações;
falta de planos e ordens consolidados.
Os esforços para resolver essas dificuldades resultaram no
desenvolvimento do modelo original do Sistema de comando de incidentes
(SCI) para gerenciamento de incêndios florestais.
Atualmente, o que foi originalmente desenvolvido para combate a
incêndios florestais evoluiu para um sistema aplicável a qualquer tipo de
emergência, que se baseia na aplicação direta de uma estrutura
organizacional comum e princípios de gerenciamento padronizados por
todas as agências que trabalham em cada operação."

4.3 Sistema de comando e controle operacional

O CBMERJ utiliza a ferramenta Sistema de comando e controle operacional


(SCCO) para gerenciar todas as operações em que atua. O SCCO tem por
finalidade realizar o planejamento, a organização, a execução e o controle das
ações no cenário sinistrado, privilegiando a gestão por objetivos e definindo,
claramente, as diversas funções e atribuições de todos os agentes envolvidos nas
operações, bem como as ações a serem executadas.
Essa ferramenta é uma pequena variação do sistema de comando de
incidentes (SCI) que atrela a modularidade do sistema a níveis operacionais de
acordo com a hierarquia da corporação.
Como o SCI é um padrão internacional para organização das ações de
combate a incêndio florestal e, como o SCCO é uma doutrina que varia muito pouco
do SCI, iremos nos concentrar nos conceitos do sistema de comando de incidentes.
Para maior conhecimento do SCCO basta acessar o Procedimento operacional
padrão do CBMERJ de sistema de comando e controle operacional.

73
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

4.4 Conceitos do SCI

Conforme o Manual de SCI do CBMDF (2011), o SCI adota nove conceitos


básicos em qualquer lugar do mundo. Estes conceitos permitem que instituições
diferentes consigam trabalhar de forma coordenada para a resolução do incidente.
São eles:
a) terminologia comum - visa à facilitação da comunicação entre os agentes das
diversas agências;
b) alcance de controle - para que se mantenha um fluxo hierárquico e as
informações/ ordens não se percam no caminho, considera-se que cada agente só
pode ter como subordinados, na estrutura do SCI, no máximo 7 agentes, sendo que
5 agentes é a quantidade ideal. Menos de 3 agentes, em alguns casos pode tornar o
fluxo de informações um pouco lento dependendo de cada caso e pasta;

c) organização modular - para que seja mantido o alcance de controle, a estrutura se


desenvolve de acordo com o grau de complexidade e quantidade de recursos
disponíveis no incidente. Geralmente, no CBMERJ, temos uma estrutura muito
enxuta na primeira resposta ao incidente, que vai aumentando de acordo com o
aumento do grau de complexidade do evento segundo os níveis estabelecidos pelo
SCCO;
d) comunicações integradas - Visando o controle é indispensável que exista
um plano de comunicações que deverá prever uma série de condições
operacionais, administrativas e outras que forem necessárias. Desta forma
somente terão acesso às informações aqueles agentes que realmente
precisam tê-las;

e)plano de ação no incidente (PAI) - É um planejamento operacional


específico para a resposta a um incidente. Estes planos são elaborados no
momento da resposta e consolidados em um só. A grande maioria dos
eventos não necessita de um PAI, pois ele apresenta os seguintes tópicos:
objetivos, estratégias, organização e recursos requeridos. Estes aspectos já
são analisados pelo comandante de operações no momento do
atendimento, porém em operações muito grandes é necessário ter um
registro do planejamento a cada período operacional;

74
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

f) instalações padronizadas - bem como a terminologia, as instalações devem


ser padronizadas para facilitar o acesso correto dos agentes ao que eles
necessitam, além disso, precisam estar em locais seguros e sinalizados;
g) manejo integral dos recursos - independente da agência de origem, durante a
operação, todos os recursos “pertencem” ao sistema, sendo de responsabilidade do
comandante do incidente;
h) cadeia de comando - na estrutura cada agente responde apenas a um outro
agente designado (chefe, líder, encarregado...), desta forma as informações tendem
a não se perder;
i) comando unificado - por ser um sistema pensado para se trabalhar com
múltiplas agências, é necessário que as ações planejadas e implementadas sejam
trabalhadas de comum acordo entre todos os órgão envolvidos, compartilhando
informações específicas de cada área de atuação, recursos e instalações. A pesar
da integração, o comando do incidente deve ser único, exercido pelo representante
da agência a que o evento for pertinente.
Os períodos operacionais são definidos pelo comandante do incidente e, nos
CIF não costumam ser superiores a 24 horas. Logicamente é necessário que o PAI
seja de conhecimento de todos os agentes envolvidos na operação.
Conforme o Manual de SCI do CBMDF (2011):
"Considerações importantes para definição dos objetivos:
- o Comandante do Incidente estabelece os objetivos;
- os objetivos serão a base para todas as atividades desenvolvidas;
- os objetivos devem ser atingíveis, mensuráveis e flexíveis;
- todo trabalho deve ser conduzido com base no resultado desejado;
- após definidos os objetivos, as estratégias e táticas são implantadas e
trabalhadas pelo Staff.
Considerações importantes para definição das estratégias:
- a estratégia nada mais é do que como chegar ao resultado esperado;
- são determinadas pelo Chefe da Seção de Operações;
- considere estratégias alternativas baseadas em considerações das
prioridades e limitações.
Considerações importantes para estabelecer as táticas:
- são estabelecidas pelo Chefe da Seção de Operações com o suporte da
Seção de Planejamento;
- quem, o quê, onde e quando."

75
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

4.5 Funções do SCI

As funções do SCCO são as mesmas do SCI, elas são bem definidas e


podem ser acumuladas por um mesmo agente nos níveis mais baixos. São elas:
a) comandante do incidente (CI) - deve ser ocupado pelo agente mais
qualificado, ou no caso do CBMERJ, do militar de maior precedência hierárquica. No
nível I, todas as funções são exercidas por ele. É o responsável por estabelecer o
posto de comando (PC; instalação de onde o comandante e seu staff realizam suas
atividades. Lá é o local onde são tomadas as decisões.) e determinar onde serão
estabelecidas todas as outras instalações; é responsável por determinar quais
pastas serão ativadas e quem ocupará suas chefias; deve coordenar as ações das
agencias que se incorporarem ao sistema; deve autorizar a divulgação de
informação à imprensa; deve determinar os objetivos operacionais; e deve manter a
coordenação geral das atividades;
b) oficial de ligação - agente do Staff de comando que fará a ligação de todas as
instituições envolvidas ou que possam a vir se envolver no incidente com o CI;
c) oficial de informações - agente do Staff de comando responsável por aglutinar
as informações da operação para passar aos órgãos de imprensa e demais órgãos
que não estejam envolvidos nas operações, mas solicitarem informações. Deve
estabelecer uma área específica para a imprensa; deve manter cópias atualizadas
dos formulários do SCI 211 e 201; e deve pedir autorização ao CI antes de divulgar
quaisquer informações;
d) oficial de segurança - agente do Staff de comando responsável por avaliar e
mitigar todas as situações de risco nas operações. Tem o poder de intervir
imediatamente na operação caso seja verificada alguma situação emergencial,
porém o normal é que revise o PAI e estabeleça as medidas de segurança baseadas
nele;
e) chefe da seção de operações - agente diretamente subordinado ao CI que
coordena a execução das ações de resposta. É o responsável por auxiliar o CI

76
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

quanto ao estabelecimento dos objetivos operacionais do PAI. Deverá determinar a


composição das equipes de resposta e ficará responsável pelas mesmas. Também
deverá identificar as necessidades de recursos e solicitá-los à seção de
planejamento;
f) chefe da seção de planejamento - agente diretamente subordinado ao CI
responsável por recolher, interpretar e difundir as informações operacionais sobre o
incidente internamente. Deverá auxiliar o CI na definição das estratégias, alocação e
solicitação de recursos no PAI; deverá prever a evolução do incidente para o período
operacional seguinte; será responsável por todos os recursos disponíveis na
operação;
g) chefe da seção de logística - agente diretamente subordinado ao CI
responsável por prover as instalações, serviços e materiais necessários à operação.
O foco de sua unidade é somente atender as demandas internas da operação.
Deverá revisar o PAI para informar se há condições reais de fornecer os recursos
logísticos solicitados;
h) chefe da seção de finanças - agente diretamente subordinado ao CI
responsável por documentar todas as informações referentes à finanças. Sua seção
é muito importante quando há necessidade de indenizações ou quando há
possibilidade da decretação de estado de emergência ou calamidade pública.
Deverá, sempre que necessário, se reunir com os representantes de todas as
agencias para tratar de assuntos financeiros;
i) líder da unidade de recursos - agente diretamente subordinado ao chefe da
seção de planejamento responsável por todas as atividades de registro de todos os
recursos, inclusive pessoal e equipamentos designados para o incidente. Deverá
analisar as necessidades de recursos no incidente e controlar a requisição desses;
j) líder da unidade de situação - agente diretamente subordinado ao chefe da
seção de planejamento responsável por verificar o status geral da situação e expô-
lo, preparando possíveis evoluções do incidente, mapas e informações de
inteligência, devendo publicar e disseminar as informações internamente. É o
responsável pelo quadro de situação;
k) líder da unidade de recursos - agente diretamente subordinado ao chefe da
seção de planejamento responsável por todas as atividades de registro de todos os
recursos, inclusive pessoal e equipamentos designados para o incidente. Deverá
77
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

analisar as necessidades de recursos no incidente e controlar a requisição desses. É


o responsável por controlar o quadro de recursos (sapateira);
l) líder da unidade de documentação - agente diretamente subordinado ao chefe
da seção de planejamento responsável por manter toda a documentação
relacionada com o incidente;
m) líder da unidade de desmobilização - agente diretamente subordinado ao
chefe da seção de planejamento responsável por realizar a desmobilização de
recursos de maneira organizada, segura e econômica, sempre que os mesmos não
forem mais necessários à operação;
n) líder da unidade de comunicação - agente diretamente subordinado ao chefe
da seção de logística responsável por estabelecer uma rede confiável de troca de
informações, sendo esta restrita ao pessoal que esteja operando em determinado
cenário, ou que tenha alguma relação de causa e efeito com a situação. Desenvolve
o Plano de Comunicações, distribui e mantém os equipamentos de comunicações e
se encarrega do Centro de Comunicações do Incidente;
o) líder da unidade médica - agente diretamente subordinado ao chefe da seção
de logística responsável por prover o atendimento de saúde aos agentes envolvidos
na operação;
p) líder da unidade de alimentação - agente diretamente subordinado ao chefe
da seção de logística responsável por prover alimentação para todos os agentes
envolvidos na operação;
q) líder da unidade de suprimentos - agente diretamente subordinado ao chefe
da seção de logística responsável por prover os materiais necessários para as
atividades administrativas da operação;
r) líder da unidade de instalações - agente diretamente subordinado ao chefe da
seção de logística responsável por estabelecer e manter todas as instalações
existentes na operação;
s) líder da unidade de suporte terrestre - agente diretamente subordinado ao
chefe da seção de logística responsável por prover o transporte dos recursos e
manutenir as viaturas envolvidas na operação;

78
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

t) líder da unidade de tempo - agente diretamente subordinado ao chefe da


seção de finanças responsável por registrar todos os horários de trabalho de todos
os agentes envolvidos na operação;
u) líder da unidade de provedoria - agente diretamente subordinado ao chefe da
seção de finanças responsável por gerir os contratos dos insumos e equipamentos
alugados para a operação, bem como o relatório de uso desses equipamentos;
v) líder da unidade de custos - agente diretamente subordinado ao chefe da
seção de finanças responsável por recolher informações sobre todos os custos da
operação, bem como elaborar orçamentos de recursos a serem adi Agente
diretamente subordinado ao chefe da seção de administração e finanças
responsável por registrar todos os horários de trabalho de todos os agentes
envolvidos na operação adquiridos;
w) encarregado da área de espera - agente diretamente subordinado ao chefe da
seção de operações responsável por controlar quais recursos estão disponíveis,
designados e indisponíveis, na área de espera, devendo informar ao líder da
unidade de situação sobre qualquer alteração de status dos recursos. Pode haver
mais de uma área de espera e cada uma terá seu encarregado;
x) encarregado da área de concentração de vítimas - caso hajam vítimas, as
mesmas ficarão concentradas em um local onde possa haver a identificação, triagem
e primeiros socorros às mesmas. O encarregado da ACV deverá manter os registros
sobre as vítimas e os recursos utilizados nesta instalação;
y) especialista - agente diretamente subordinado ao chefe da seção d
planejamento que apresenta uma habilidade específica necessária ao planejamento
das operações.

79
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

4.6 Recursos

Os recursos compreendem todos os equipamentos, pessoal ou combinação


destes, que possam ser utilizados diretamente na operação. Podem ser divididos
em:
a) recurso único - é a combinação de um recurso com seu operador em
condições de atuar na operação. O responsável é um lider;
b) equipe de intervenção - é a combinação de vários recursos únicos do mesmo
tipo que podem ser utilizados em conjunto na operação em uma mesma área;
c) força tarefa - é a combinação de vários recursos únicos de tipos diferentes
que podem ser utilizados em conjunto na operação em uma mesma área;
Os recursos após serem catalogados ficam aguardando designação na área
de espera e, para efeito de padronização são classificados em:
a) designados - são aqueles que já estão realizando uma tarefa;
b) disponíveis - são aqueles que estão aguardando uma designação na área de
espera;
c) indisponíveis - são aqueles que por algum motivo não se pode utilizar, no
momento.

4.7 Simbologia

Visando atender ao princípio da terminologia única, alguns símbolos são


padronizados para facilitar o entendimento dos quadros de situação e identificação
das instalações existentes no incidente. As principais são:
a) PC - simboliza o posto de comando, que é o local onde são tomadas as
principais decisões do evento;

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Figura 39 - Posto de Comando


Fonte: CBMERJ

b) E - simboliza a área de espera, que é o local onde os recursos ficam


concentrados enquanto aguardam designação;

Figura 40 - Área de espera


Fonte: CBMERJ

c) ACV - simboliza a área de concentração de vítimas, que é o local onde se


realiza triagem e atendimento primário às vítimas do evento;

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Figura 41 - Área de concentração de vítimas


Fonte: http://bibliotecamilitar.com.br

d) H - simboliza um heliponto (quando acompanhada por um número) ou uma


helibase;

Figura 42 - Helibase
Fonte: CBMERJ

e) A - simboliza o acampamento, que é a área onde as equipes podem


descansar enquanto aguardam designação;

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Figura 43 - Acampamento
Fonte: CBMERJ

Figura 44 - I – Centro de informações públicas


Fonte: https://www.bombeiros.go.gov.br

O centro de informações é a área designada para a imprensa e onde o oficial


de informações emitirá todas as informações sobre o incidente.

4.8 Apresentação de informações

Para que as informações atendam aos objetivos das operações,


questionamentos plausíveis não sejam esquecidos e para facilitar a compreensão do
status da operação são utilizados quadros e formulários padronizados. O SCCO
possui formulários próprios, porém, segundo a doutrina adotada no CPCIF
utilizaremos os princípios do SCI. Para efeito de organização do SCI, basicamente,
teremos:

83
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a) quadro de situação - é um quadro no qual se apresentam croquis, mapas ou


outras representações gráficas do incidente contendo a localização das instalações
e informações táticas sobre o incidente;

Figura 45 - Quadro de situação


Fonte: CBMERJ

b) mensagem de segurança - é uma mensagem emitida pelo oficial de


segurança que visa alertar todos os agentes sobre os riscos existentes na operação
e suas medidas mitigadoras;
c) organograma - é uma representação gráfica sobre as funções existentes na
estrutura do SCI, mostrando que está exercendo cada uma delas no momento;

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Figura 46 - Organograma SCI


Fonte: CBMERJ

d) quadro de recursos - é o local onde se encontram as informações sobre todos


os recursos existentes na operação, incluindo nome e contato dos responsáveis e
designações;

Figura 47 - Quadro de recursos


Fonte: CBMERJ

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e) Formulário SCI – 201 - é o documento elaborado pelo primeiro respondedor e


passado ao CI que assumir a operação. Ele será composto de informações sobre o
evento de forma a propiciar a elaboração do PAI e o registro das ações iniciais
adotadas.

Figura 48 - SCI 201 Pg 1


Fonte: http://bibliotecamilitar.com.br

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Figura 49 - SCI 201 Pg 1


Fonte: http://bibliotecamilitar.com.br

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Figura 50 - SCI 201 Pg 3


Fonte: http://bibliotecamilitar.com.br

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Figura 51 - SCI 201 Pg 4


Fonte: http://bibliotecamilitar.com.br

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Nº Títulos Instruções

1 Nome do Incidente Informe o nome do incidente.

2 Elaborado por Informe o nome e o cargo de quem elabora o formulário.

3 Data Informe a data (mês, dia, ano).

4 Hora Informe a hora (formato 24h).

Especifique a área total de operação, a área do incidente,

5 Mapa/Croqui resultados adversos, trajetórias, áreas afetadas, ou outros gráficos


que

demonstrem o andamento da resposta.

6 Situação Atual Descreva resumidamente as ações implementadas para a


execução da resposta inicial.

Objetivos Iniciais de
Resposta, Ações Escreva os objetivos da resposta inicial, incluindo a hora, e informe
Atuais e Planejadas situações relevantes para as ações futuras, bem como os
7
problemas presentes.

Informe os nomes e os cargos dos participantes do incidente.

8 Organização Atual Modifique o gráfico se necessário, acrescentando ou retirando


equipes. As linhas em branco do Comando Unificado são para as
agências que também

irão compor o atendimento ao Incidente.

9 Recurso Descrição do recurso.

9 Identificação Identificação do recurso (freqüência do rádio, nome da embarcação,


nome do fornecedor, etc.).

9 Data/Hora Solicitação Hora e data da solicitação (formato 24h).

9 Hora de entrada Data e hora da chegada do recurso na área de espera.

9 No local "X" indica os recursos presentes.

10 Observações Localização do recurso, atividade que está sendo executada, e


status do recurso (se não estiver atuando).
Figura 52 – Tabela de instruções
Fonte: http://bibliotecamilitar.com.br

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Formulário SCI – 202 - é o documento elaborado pela seção de planejamento para


compor o PAI. É composto de informações sobre os objetivos para o período
operacional, estratégia, recursos e organização. Inclui a previsão do tempo e as
considerações de segurança.

Objetivos da 1. Nome do 2. Data de 3. Hora de Elaboração:


resposta Incidente: Elaboração:

4. Período Operacional N° _ Data: Hora de Finalização:

Hora de início:

5. Objetivos específicos para o Período Operacional:

6. Previsão do tempo (Anexe a folha de previsão respectiva):

7. Mensagem Geral de Segurança:

SCI 202 8. Preparado por: 9. Aprovado por: (Comandante do Incidente)

1 de 4 (Chefe de Seção de

Planejamento)
Figura 53 - SCI 202 Pg 1
Fonte: http://bibliotecamilitar.com.br

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Objetivos da 1. Nome do 2. Data de 3. Hora de Elaboração:


resposta Incidente: Elaboração:

4. Período Operacional N°._ _ Hora Data: _


de início: Hora de Finalização:

10. Estratégias:

SCI 202 8. Preparado por: (Chefe 9. Aprovado por: (Comandante do

2 de 4 de Seção de Incidente)
Planejamento)
Figura 54 - SCI 202 Pg 2
Fonte: http://bibliotecamilitar.com.br

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Objetivos da 1. Nome do 2. Data da 3. Hora de Elaboração:


resposta Incidente: Elaboração:

4. Período Operacional N°. Data: Hora de início: Hora de Finalização:

11. Recursos Necessários : 12. Designação de 13. Localização:


Trabalho:

SCI 202 8. Preparado por: 9. Aprovado por: (Comandante do

3 de 4 (Chefe de Seção de Incidente)


Planejamento)

Figura 55 - SCI 202 Pg 2


Fonte http://bibliotecamilitar.com.br

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Plano de Ação do 1. Nome do 2. Data da 3. Hora da elaboração:


Incidente incidente: elaboração:

14. Organização:

SCI 202 8. Preparado por: 9. Aprovado por: (Comandante do

4 de 4 (Chefe de Seção de Incidente)


Planejamento)
Figura 56 - SCI 202 Pg 4
Fonte http://bibliotecamilitar.com.br

N° Título Instruções

1 Nome do Incidente Escreva o nome designado para o incidente.

2 Data de Elaboração Escreva a data (dia, mês, ano)

3 Hora de elaboração Escreva a hora (24 horas)

Escreva e intervalo de tempo para o qual será aplicado o

4 Período Operacional Formulário. Registre com um número o período operacional, a


hora de início, a hora de finalização e inclua data(s).

5 Objetivos para o Escreva de maneira rápida, clara e concisa os objetivos de


Período Operacional resposta para esse período operacional.

6 Previsão do Tempo Escreva a informação meteorológica que preveja as condições


para o Período do tempo para o período operacional específico.
Operacional

Escreva as informações que se referem aos perigos

7 Mensagem Geral de conhecidos para a segurança e especifique as precauções que


Segurança devam ser tomadas durante o período operacional. Caso

94
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

exista, deve ser citada e anexada uma mensagem de


segurança.

8 Elaborado por Escreva o nome e posição da pessoa que prepara o formulário


(usualmente é o Chefe da Seção de Planejamento).

9 Aprovado por Escreva o nome e posição da pessoa que aprova o formulário


(usualmente é o Comandante do Incidente).

10 Estratégia Escreva as estratégias a executar para o período operacional


proposto, em relação a cada objetivo definido.

Descreva os recursos necessários detalhadamente, de acordo

11 Recursos com objetivo e estratégia e anote o número de recursos que


requer para o período operacional proposto.

Anote as designações específicas de trabalho para cada

12 Designações de Divisão ou

Trabalho Grupo (Ex.: remoção de escombros, avaliação estrutural,


triagem, etc.)

13 Localização Lugar onde se estabelecerá o recurso.

14 Organização Faça um esboço da estrutura organizacional para o período


operacional

15 Anexos Anexe o Plano Médico, Mapa do Incidente, Distribuição de


Canais e Freqüências de rádio.

Figura 57 - Instruções para preencher o SCI 202


Fonte http://bibliotecamilitar.com.br

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Formulário SCI – 204 - é o documento elaborado pela unidade de recursos a fim de


controlar a designação de trabalho dos recursos, mostrando onde devem atuar,
sempre informado os contatos com os líderes.

1. Nome do Incidente 2. Período Operacional LISTA DE DESIGNAÇÕES


(Data/Hora) SCI – 204
De: Até:

3. Setor 4. Divisão/Grupo/Em espera

5. Pessoal de Operações

Chefe de Operações Supervisor


Divisão/Grup
o

Coordenador de Coordenador
Setor de Op.
Aéreas

6. Recursos Designados para este Período

Eq. Interv./Força- Nº.


tarefa/ Rec. único Líder Pessoa Contato OBSERVAÇÔES (“X” indica anexo com
s instruções adicionais)

7. Designação de trabalho

8. Instruções Especiais

9. Sumário de Comunicações

Nome/Função Rádio: Freq. / Sistema / Telefone Celular/Pager


Canal

96
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

10. Elaborado por (Líder da 11. Aprovado por (Chefe 11. Data 11. Hora
Unid. de Recursos) da Seção de
Planejamento)

Figura 58 - SCI 204


Fonte http://bibliotecamilitar.com.br

Nº Título Instruções

1 Nome do Incidente Escreva o nome designado para o incidente.

2 Período Escreva o intervalo de tempo para o qual se aplica o


Operacional formulário. Coloque a data e hora do início e término.

3 Setor Escreva a identificação do Setor.

4 Divisão / Grupo/ Escreva o identificador de Divisão/Grupo/FT/EI/RU.


FT/EI/RS

5 Pessoal de Escreva o nome do Chefe de Operações e do Coordenador


Operações de Setor e Supervisor de Divisão ou nível correspondente.

Cada linha neste quadro pode ter um anexo em separado

Recursos com
6
designados para uma lista de designações (SCI 204).
este período Escreva as informações sobre os recursos designados à
Divisão ou Grupo para este período.

Identificador de

6 Equipe de Liste o identificador


Intervenção / Força-
Tarefa / Recurso
Simples

6 Líder Escreva o nome do líder

Significa o ponto de contato primário para essa pessoa, (ex.:

6 Número de contato rádio, telefone, beeper, etc.) Não esqueça de incluir o código
de

área quando escrever os telefones.

97
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

6 Número de pessoas Escreva o número total do pessoal designado para a equipe


de intervenção, força-tarefa ou recurso único.

Marque com um ”x” caso for ser anexado algum Anexo SCI

6 Observações 204. A necessidade do Anexo SCI 204 será determinada


pelos Chefes de Operações e de Planejamento.

Escreva as estratégias a atingir durante o período

7 Designações operacional pelo pessoal designado à determinado Grupo,


Força- Tarefa, Equipe de Intervenção ou RU.

8 Instruções Escreva qualquer problema de segurança, precauções


Especiais para específicas a seguir ou qualquer outra informação
Divisão/Grupo importante.

Escreva a informação específica de comunicações (incluindo


números de emergência) para a Divisão/Grupo. Caso sejam
utilizados rádios, escreva qual é sua função (comando,
tático, apoio, etc.), frequência, sistema e canal tomado do
9 Comunicações
SCI 205.

Nota: Recorde-se de incluir o código de área nos números de


telefones.

10 Elaborado por Escreva o nome da pessoa que preencheu o formulário.


Normalmente é Líder da unidade de recursos.

Escreva o nome da pessoa que aprovou o Formulário.

11 Aprovado por Normalmente é o Chefe da Seção de Planejamento.

Data/Hora Escreva a Data (dia, mês, ano) e a hora (24 horas), de


quando foi aprovado o Formulário.

Figura 59 - Instruções para preencher o SCI 204


Fonte http://bibliotecamilitar.com.br

98
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Formulário SCI – 205 – é o plano de comunicações elaborado pelo líder da unidade


de comunicações.

1. Nome do Incidente 2. Data/Hora de 3. Período

PLANO DE Elaboração Operacional

COMUNICAÇÕES DO Data/Hora

INCIDENTE

4. Utilização Básica de Canais de Rádio

Tipo de Rádio
HT/ / Talk Canal Função Freqüência/Ton Designação/Observações
about e

5. Preparado por (Unidade de Comunicações)

Figura 60 - SCI 205


Fonte http://bibliotecamilitar.com.br

N° Título Instruções

1 Nome do Incidente Escreva o nome designado ao incidente.

2 Data e Hora de Escreva a data (dia, mês, ano) e hora (24h).


Elaboração

Período Escreva a data e intervalo de tempo em que é aplicável a

3 Operacional: Data Distribuição de Canais de Freqüência no Incidente. Registre a hora


e Horas de início e a hora de finalização e inclua data(s).

4 Utilização Básica Escreva o(s) tipo(s), canal, freqüência e a função dos


de Canais de equipamento(s) de rádio designados e utilizados no incidente
Rádio

99
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

4 Tipo de Rádio Escreva o tipo de rádio que será utilizado (Exemplos: Nextel, HT,
Talk About e Outros)

4 Canal Escreva os números dos canais de rádio designados.

Escreva a quem foi designado cada número de canal (por exemplo,

4 Função Comandante, Chefe de Seção, Coordenador do Setor, Supervisor


de Divisão, Líder de Força-Tarefa, Líder da Unidade de Alimentos,
etc.).

4 Freqüência Escreva o número da freqüência de rádio designada a cada função


especificada (por exemplo, 153.400, VHF, UHF).

4 Designação/ Esta linha deve incluir uma narrativa informando a designação

Observações acrescentando situações especiais.

5 Preparado por Escreva o nome do Líder da Unidade de Comunicações que


preparou o formulário.

Figura 61 - Instruções de preenchimento do SCI 205


Fonte: http://bibliotecamilitar.com.br

100
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Formulário SCI – 206 – é o documento utilizado para controle, através do método


start, do estado das vítimas na ACV.

1. Nome 2. Elaborado por: 3. Data e hora da elaboração: 4. Período

SCI 206 do (nome e cargo): Operacional:


Incidente: De:

Até:

5. Nome das vítimas 5. Sexo 5. Idade 6. Triagem/Método START 7. Transporte


(onde, horário e
por quem)

Verde Amarelo Vermelho Preto

Figura 62 - SCI 206


Fonte http://bibliotecamilitar.com.br

101
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Nº Título Instruções

1 Nome do Incidente Escreva o nome designado para o incidente.

2 Elaborado Escreva o nome do Encarregado da ACV

3 Data da elaboração Escreva a data (dia, mês e ano).

3 Hora de elaboração Escreva a hora (24h).

4 Período Operacional Escreva o intervalo de tempo para o qual se aplica o Plano, de


acordo com a data e hora.

5 Descreva o nome das vítimas transportadas para ACV,

Nome das vítimas contendo sexo e idade

6 Método START de Procedimento de triagem pelo método START, identificando a


Triagem prioridade de atendimento

7 Identificar para onde foi transportada a vítima, que horas, e por

Transporte quem?

Figura 63 - Instruções para preencher o SCI 206


Fonte: http://bibliotecamilitar.com.br

102
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Formulário SCI – 211 – é o documento utilizado pela seção de operações para


controle dos recursos.

LISTA DE 1. Nome do Incidente: 2. Local de Registro: 3.


REGISTRO Data/Hora
:

INFORMAÇÃO DE REGISTRO

4. Lista de pessoal por nome da


Instituição e de Recursos pelo
seguinte formato:

H = Helicóptero
9. Estado dos
VTr = Viatura
Recursos
L = Embarcação
A = Aeronave
5. Data/Hora de Registro

E = Equipamento
8. Contato de tel. ou
6. Nome do Chefe

T = Trabalhadores
7. Nº de pessoas

Identificação Prefixo

Designado/
Disponível

Disponível
Instituição do ou

Lugar
rádio

Não
Recurso Tomb.

10. Elaborado por (Nome e Posto) use o verso

SCI 211 PAG de para informações ou comentários

Figura 64 - SCI 211


Fonte: http://bibliotecamilitar.com.br

103
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Nº Título Instruções

1 Nome do incidente Escreva o nome do incidente.

2 Local de registro Escreva o nome do local de registro.

3 Data/Hora Escreva data (dia, mês, ano) e hora do preparo (formato 24h).

4 Instituição Escreva o nome da instituição que pertence o recurso.

Identificação do Identifique o recurso conforme a tabela.


recurso

Prefixo/Tombamento Escreva o prefixo do recurso ou tombamento.

5 Data/hora de registro Entre o dia (dia, mês, ano) e hora (24 horas) do registro.

6 Nome do chefe Escreva o nome do Líder.

Escreva o número total de pessoas (em equipes de

7 Número de pessoas intervenção, força-tarefas e recurso único Incluindo os Líderes).

8 Contato de Escreva o telefone/rádio de contato dos líderes durante o


telefone/Rádio incidente.

9 Estado dos recursos Estado e localização onde o recurso/indivíduo se encontra.

10 Elaborado por Escreva o nome da pessoa que preencheu o formulário.

Figura 65- Instruções para o preenchimento do SCI 211


Fonte: http://bibliotecamilitar.com.br

104
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Formulário SCI – 219 – também conhecido como “T card” é o documento utilizado


pela unidade de recursos para controle dos mesmos.

1. Instituição 2. Recurso único Equip. de 3. Local do


Intervenção Força-Tarefa Registro

4. Data e hora de chegada

5. Nome do Líder/Contato

6. Nome dos recursos e/ou pessoas

7. Local 8. Hora
estimada de
chegada

9. Anotações

10. Local 11. Hora

12. Situação

( ) designado ( ) disponível ( )
indisponível

Obs.:

Figura 66- SCI 219 Frente


Fonte: http://bibliotecamilitar.com.br
105
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

1. Instituição 2. Recurso único Equip de 3. Local do Registro


Intervenção Força-Tarefa

10. Local 11. Hora

12. Situação

( ) designado ( ) disponível ( )
indisponível Obs.: ____ ___ ___ __
___ ___ ___

10.Local 11. Hora

12. Situação

( ) designado ( ) disponível ( )
indisponível Obs.: ____ ___ ___ __
___ ___ ___

10. Local 11. Hora

12. Situação

( ) designado ( ) disponível ( )
indisponível Obs.: ____ ___ ___ __
___ ___ ___

Figura 67 - SCI 219 Frente


Fonte: http://bibliotecamilitar.com.br

106
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Nº Título Instruções

Escreva o nome da instituição a que pertence o recurso.

1 Instituição

Recurso único, Equip. de

2 Intervenção /Força- Tarefa Escreva o nível de organização do recurso.

3 Local do registro do recurso Escreva o nome do local de registro.

4 Escreva data (dia, m ês e ano) e hora da

Data e hora de chegada chegada do recurso (formato 24h).

Escreva o nome do Líder e o telefones/rádios

5 Nome do Líder/Contato de contato.

Escreva o nome dos recursos (equipes de intervenção,

6 Nome dos recursos e/ou força-tarefa ou recurso único) e/ou nome das pessoas.
pessoas

Localização onde o recurso/indivíduo poderá ser

7 Local de designação designado.

Escreva a hora (24h) estimada de chegada do recurso.

8 Hora estimada de chegada

Escreva outras qualificações das pessoas registradas no

9 Anotações formulário. Ex.: mergulhador,eletricista, mecânico, etc.

10 Local Localização onde orecurso/indivíduofoi designado.

11 Hora Escreva a hora que o recurso foi designado.

Escreva as condições dos recursos: disponíveis


(encontram-se no local do incidente aguardando seu
emprego), indisponíveis (encontram-se no local do
incidente, porém não têm como ser empregados) ou
12 Situação
designados

(recursos empregados).

Figura 68 - Instruções para o preenchimento do SCI 219


Fonte: CBMERJ

107
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Formulário SCI – 234 - também conhecido como matriz de análise de trabalho, é o


documento utilizado pela seção de planejamento em conjunto com a seção de
operações para definir as estratégias e táticas a serem implementadas na operação
como um todo.

MATRIZ DE ANÁLISE DE TRABALHO –SCI 234

1. Nome do Evento 2.Período Operacional

De: Até:

3. Objetivos da 4. Estratégias Opcionais 5. Táticas/Trabalhos escritos (Quem/O


Operação/ (Como fazer?) que/Onde/Quando)

Resultados
desejados

6. Elaborado por: (Chefe Seção de Operações) 7. Data/Horário:

MATRIZ DE ANALISE DE TRABALHO Pág. _ de

SCI 234

Figura 69 - SCI 234


Fonte: http://bibliotecamilitar.com.br

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Nº Títulos Instruções

1 Nome do evento Informe o nome do evento/incidente.

2 Período Operacional Informe o período operacional.

Escreva os objetivos da resposta, incluindo a hora, informe

3 Objetivos da situações relevantes para as ações futuros, bem como os


Operação problemas

Resultados presentes.
desejados

4 Estratégias Escreva possíveis estratégias para atingir o objetivo determinado


Opcionais no item nº. 3 (Como fazer)

5 Táticas/Trabalhos Descreva quem, o que, onde e quando se devem realizar os


escritos trabalhos.

6 Elaborado por Informe o nome e o cargo de quem elabora o formulário.

7 Data Informe a data (dia, mês, ano).

7 Hora Informe a hora (formato 24h).

Figura 70 - Instruções para preencher o SCI 234


Fonte: http://bibliotecamilitar.com.br

Tarjeta de campo – é um documento que auxilia o primeiro respondedor a


tomar decisões e implementar o SCI caso a operação necessite sair do nível I.

109
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

5 OPERAÇÕES

Agora que já são conhecidas as ferramentas de gestão para operações de


busca, serão apresentados alguns conceitos para que se defina a melhor tática e se
utilize as melhores técnicas.

5.1 Conceitos de busca

a) busca - é o conjunto de ações desenvolvidas para encontrar alguém ou algo


que desapareceu ou que não consegue se localizar. Para busca de perdido
devemos ter algum indício de que a pessoa se perdeu ou está com dificuldades de
retornar para fora do ambiente natural. Isso evita desperdiçar recursos com pessoas
desaparecidas, que não são de atribuição do CBMERJ;
b) resgate - é o conjunto de ações desenvolvidas para retirar alguém de uma
situação ou local, da qual não consiga sair por si só;
c) Salvamento - É o conjunto de ações desenvolvidas para retirar uma pessoa
de uma situação em que esteja correndo risco de morte ou acidente lesivo (está
contido no resgate, mas só se aplica a vivos);
d) busca terrestre - é a operação com tropa motorizada ou com tropa realizando
marcha a pé, diurna ou noturna, com ou sem o emprego de animais (os principais
animais utilizados nessa área são os cavalos, os muares e os cães);
e) os cavalos e os muares são os mais resistentes e podem auxiliar no
transporte de equipamentos e alimentação para as guarnições. Os muares
destacam-se pela capacidade de locomoção em terrenos muito irregulares,
íngremes e até pedregosos. Já os cães, quando bem treinados, dão maior precisão
na localização do(s) perdido(s) devido ao faro, além de poderem imprimir muita
velocidade nas buscas terrestres. Contudo, para o bom resultado com os animais, é
importante ressaltar os cuidados com as suas limitações;
f) busca aquática - é a operação realizada com botes ou outras embarcações e
com guarnições especializadas em ambientes subaquáticos. Os cães também
podem ser empregados nessa categoria de busca, não a tão grandes profundidades;
110
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

g) busca aérea - é a operação realizada com aeronaves. Neste caso, o


helicóptero se enquadra como equipamento ideal. Vale ressaltar que determinadas
buscas e resgates em matas e montanhas até podem ser desempenhadas com este
único tipo de busca;
h) busca combinada - é a operação que envolve o emprego de pelo menos dois
tipos de buscas dentre as anteriores, compatibilizando-as entre si.

5.2 Principais causas de buscas

a) a crescente busca pelo ecoturismo;


b) prática de esportes radicais ou de aventuras;
c) quedas em escaladas;
d) quedas em cachoeiras;
e) quedas de asa-delta, parapente ou similares;
f) quedas de aeronaves (múltiplas vítimas);
g) turismo e excursões;
h) acampamentos;
i) crianças, idosos ou pessoas especiais que fugiram e se perderam;
j) tempestades e nevoeiros;
k) busca de balões e pipas;
l) seguir por cursos d’água, ou seguir por picadas de caçadores;
m) caça e pesca;
n) sequestro;
o) desejo por suicídio.

111
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

5.3 Fases das operações de busca de perdido

As operações são divididas em fases e subfases muito importantes e


hierarquizadas. A sigla “BRE” facilita a memorização para que uma fase não se
sobreponha a outra, causando uma falha no processo.

5.3.1 Busca

Esta fase compreende desde o momento em que ocorre o aviso de socorro


até o momento em que se localiza o perdido. A fase pode começar na SsCO de
qualquer OBM ou por avisos pessoais de terceiros. A partir daí, dá-se início à
subfase identificada como colheita de informações, que se refere ao momento de
coleta de dados, mapas,track logs, informes e depoimentos.
Em prosseguimento, inicia-se a subfase de Planejamento, que é a preparação
efetiva da guarnição com orientações técnicas, táticas e estratégicas em
concordância com os recursos disponíveis da OBM.
Posteriormente efetua-se subfase de infiltração, onde os montanhistas irão
adentrar e se deslocar no terreno.
Por fim, chega-se à subfase de localização, em que aumentam-se os
indicativos e indícios até que a guarnição de busca consegue ter algum contato com
a vítima buscada, podendo ser este contato visual ou auditivo.

5.3.2 Resgate

Esta fase compreende todas as ações desenvolvidas a partir do exato


momento em que fora localizada a vítima. Uma vez localizada, todo movimento que
a guarnição de busca executar na direção e sentido do perdido passará a ser
112
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

classificado na subfase de acesso. Uma abordagem bem-sucedida facilitará os


próximos passos.
Esta é a fase onde efetivamente realiza-se a extricação da vítima e o resgate
propriamente dito, ou seja, é o momento em que a guarnição retira a vítima da
situação de risco.
O resgate será realizado para vítimas fatais e não fatais. Após o acesso, a
subfase de estabilização é realizada, e consiste em garantir que a vítima está pronta
para ser evacuada com segurança.

5.3.3 Evacuação

Esta fase consiste o movimento de pessoas de um local perigoso imposto


devido à ameaça ou ocorrência de um evento desastroso. É a terceira e última fase
no caso de Busca e Resgate em Matas e Montanhas, a qual se destina basicamente
em transportar vítimas e retirar a guarnição do terreno, ou seja, efetuar a exfiltração.

5.4 Colheita das informações

A Colheita de informações consiste em agrupar o máximo de informações


possíveis sobre a vítima e o local de busca, a fim de traçar um planejamento que
permita encontrá-la de forma rápida e resgatá-la de forma eficiente.
Muitas vezes a operação também termina nesta subfase, pois é constatado
que não há vítima, não se sabe para onde ela foi, ou mesmo, que não é um evento
de busca, mas sim um desaparecimento (evento de natureza policial).
Deve-se atentar para a coerência das informações obtidas, pois na tentativa
de ocultar atividades ilícitas, situações constrangedoras ou por desconhecimento da
realidade, amigos e familiares podem fornecer informações incompletas ou
deturpadas.

113
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Para facilitar essa atividade, que pode definir o sucesso das operações, deve-
se fazer o maior número de perguntas do questionário de busca, possível.
Deve-se refazer o questionário de busca sempre que houver novas
testemunhas ou sempre que as informações estiverem desconexas.
A colheita de informações é uma etapa que não deve ser negligenciada,
devendo o montanhista realizá-la por si próprio ou deixá-la a cargo de um
comunicante que tenha facilidade em extrair as informações do solicitante, pois
informações mal colhidas podem levar ao insucesso ou deflagração prematura da
operação.

Características do grupo e do local de busca

Qual o local? Levaram telefones (celular)?

Entraram por onde? Endereços onde residem;

Qual trilha? Cidades e estados onde residem;

Deixaram veículo estacionado em algum local Estudantes de quê? Atletas? Pertenciam a uma
(modelo, cor, placa...)? academia?

Qual o dia em que entraram na trilha? Quais os números dos telefones (em
correspondência com os nomes)?

Qual o horário em que entraram na trilha? Possuíam experiência (alguns ou algum deles)?

Qual o número de pessoas? Tinham algum líder, guia ou similar?

Quais são os nomes? E os apelidos (confirmar Alguém tomava remédio (especificar os nomes
o sexo)? dos que tomavam medicação)?

Quais são os tipos sanguíneos? Qual o tipo de medicação?

Quais as idades (ou faixa etária média do Quais medidas os solicitantes tomaram até o
grupo)? momento?

Qual o objetivo (regressar, pernoitar, Qual a altura aproximada do perdido (estatura)?


aventuras, pesquisar, fatores emocionais)?

Qual a cútis? Avisou quando voltaria?

Qual a cor do cabelo? levou dinheiro?

Possuía sinais de nascença, cicatriz ou Qual atividade foi praticar (trekking, ciclismo,
tatuagem? escalada...)?

114
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Qual a vestimenta de que fazia uso (peça de Onde foi visto pela última vez? Que horas? Por
roupa com a respectiva cor)? quem?

Levaram barracas (modelo e cor)? Levou arma de fogo?

Alguém tinha máquina fotográfica? Alguém era dependente químico?

Identificar os nomes, telefones e e-mail dos Fatores externos que possam afetar o
familiares ou amigos para contatos. comportamento ( pressão no trabalho,
problemas familiares, problemas financeiros...)

Levou GPS? Teve razão especial para ir?

Levou água e comida para quantos dias? Já desapareceu antes?

Figura 71 - Perguntas importantes na colheita das informações


Fonte: CBMERJ

5.5 Valorização dos fatores de urgência relativa

Os fatores de urgência relativa consistem em quantificar algumas perguntas


do questionário de buscas para que o primeiro respondedor avalie a urgência da
situação e possa se planejar da melhor forma.
Somando-se os pesos desses fatores, será obtido um número o qual deve ser
comparado na tabela abaixo.
Caso seja constatada uma situação de busca, deve-se montar uma operação
com estrutura para o SCCO nível II.

5.6 Padrão de comportamento das vítimas

A evolução da vida em sociedade gera facilidades que afastam as pessoas de


atividades ao ar livre, bem como do conhecimento das nuances de estar no
ambiente natural. Esse afastamento leva os perdidos a desenvolverem, em maior ou
menor grau, alguns comportamentos padrão. São eles:

115
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

a) medo de estar sozinho - o fato de estar sozinho, de forma não planejada, num
ambiente estranho e sem saber se voltará a ver pessoas e locais conhecidos pode
desencadear o sentimento de pavor;
b) medo do escuro - este medo está associado à incapacidade de enxergar bem,
de conseguir identificar os objetos e o que há nos arredores, que poderiam significar
perigo;
c) medo de animais - estar em ambiente natural coloca o ser humano no mesmo
cenário com outros animais que habitam a região. Existe o risco real de ser atacado
por animais, porém a incidência é pequena;
d) medo de sofrer - a antecipação dos sofrimentos que a vítima poderá passar é
um dos grandes causadores de medo. O medo de não ter o que comer, beber,
passar frio ou calor extremo é, para algumas pessoas, paralisante;
e) medo de morrer - o medo relativo à possibilidade de não ser encontrado é
realmente difícil de ser enfrentado. Esta possibilidade é real e pode comprometer a
capacidade da pessoa de tomar decisões acertadas. Vínculos afetivos, projetos
futuros e entusiasmo pela vida, levarão a pessoa a se esforçar para conseguir
superar as adversidades;
f) não construir um abrigo - muitas vezes a vítima não constrói um abrigo, o que
pode gerar problemas como hipotermia, insolação e outros que diminuirão seu
tempo de vida;
g) abandonar equipamento - é comum a vítima não utilizar o equipamento que
dispõe, havendo relatos de vítimas encontradas em óbito com todo o equipamento
necessário para sobrevivência em sua mochila. Outra atitude comum é a vítima se
esquecer de levar os equipamentos que estava utilizando ou deixá-los de propósito,
visando diminuir o peso ou até sinalizar para um possível resgate;
h) não ficar parado - na grande maioria das vezes, a vítima não fica parada
deliberadamente e, mesmo quando o fazem, são apenas nas primeiras 24h, por que
estava fisicamente exaurida ou dormindo;
i) deslocamento aleatório - é possível que as pessoas, ao constatarem que
estão perdidas, entrem e um estado de negação e comecem a vagar aleatoriamente
em busca de vestígios que a levem de volta à trilha.Este comportamento pode ser

116
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

seguindo pelo caminho que parece mais fácil, andando em círculos e escolhendo
sempre a direção de sua mão dominante, mas não há padrões nestes casos;
j) deslocamento para baixo - na grande maioria das vezes, a vítima tende a
seguir percursos para baixo. Isto porque, além de ser mais fácil, alguns caminhos
d’água se parecem com trilhas e as ocupações humanas tendem a se concentrar em
regiões mais baixas. Vítimas com algum conhecimento de navegação podem ir para
locais elevados, a fim de observar pontos de referência. Mas logo depois tornam a
descer na direção escolhida. Por outro lado, algumas pessoas podem se mantiver
em locais elevados na tentativa de captar sinal de telefonia ou ser enxergada por
uma aeronave;
k) deslocamento noturno - na grande maioria das vezes, a vítima tende a
estacionar durante a noite, porém montanhistas, caçadores e caminhantes com
equipamento podem se deslocar a noite, inclusive tentando fugir dos efeitos do
calor. A falta de um lugar apropriado para pernoite também pode incentivar o
deslocamento noturno.
Após traçar o perfil da vítima, o montanhista irá adotar procedimentos
baseados em generalizações dos comportamentos apresentados anteriormente que
forram observadas em vítimas com o mesmo perfil. Essas informações foram
compiladas pela ISRD (international search and rescue database) através de relatos
de equipes de busca de vários países.
Vale ressaltar que o Brasil não participa da base de dados da ISRD, portanto,
torna-se importante que as buscas realizadas pelo CBMERJ sejam procedidas de
pequenas entrevistas com as vítimas encontradas, a fim de traçar perfis de perdidos
nas matas fluminenses.

117
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Perfil Comportamento

Geralmente não entendem que estão perdidas;

Andam despreocupadamente;
CRIANÇAS ATÉ 3 ANOS
Procuram os locais mais convenientes para descansar ou
dormir(embaixo de uma pedra ou vegetação fechada)

Geralmente são mais ativas;

Normalmente tentam voltar para casa;

CRIANÇAS DE 3 A 6 ANOS Distraem-se facilmente;

Podem fugir de estranhos;

Dormirão quando cansadas;

Podem fugir propositalmente;

Geralmente são acostumadas com o terreno;


CRIANÇAS DE 6 A 12 ANOS Muitas vezes não respondem aos chamados;

Ao escurecer se sentem perdidas ou desamparadas (mais do


que um adulto)

Distraem-se facilmente e parecem muito com crianças;

IDOSOS COM MAIS DE 65 A orientação é mais baseada no passado que no presente;


ANOS São propícios a exagerar e a se cansar;

Podem ter dificuldades de audição;

Geralmente agem como crianças de 6 a 12 anos;

Por causa de algum medo, tem a tendência de procurar por


PESSOA PORTADORA DE
abrigos;
TRANSTORNOS MENTAIS
Normalmente não responde;

Muitos permanecem no mesmo local por dias;

Buscam solidão;

Muitas vezes não respondem aos chamados;


DEPRIMIDOS Geralmente estão dentro do campo de som e visão de
EMOCIONALMENTE civilização;

Normalmente são encontrados próximos a locais


proeminentes (mirantes).

118
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Confiam em trilhas e guias de viagem para navegação;

Perdem-se quando as trilhas estão escondidas;

Tendem a ser jovens e despreparados;

Confundem distâncias e tempo;

Geralmente se comunicam bastante;


CAMINHANTES
55% descem em elevações;
INEXPERIENTES
90% se movimentam menos de 24 horas;

33% viajam à noite;

40% estão bem equipados;

A maioria tem pouca experiência;

A maioria é encontrada dentro de 8 km;

Concentram-se mais na caça do que na navegação;

Geralmente se empolgam em perseguições;

Tendem a se expor à escuridão;

Tipicamente são despreparados para climas Severos;

A maioria está em boas condições mentais e físicas;


CAÇADORES
A maioria está bem equipada;

Áreas com civilizações e atrações não são atrativas para eles;

A maioria se comunica e está em movimento;

Boas chances de que se movimentem à noite;

Grande parte restringe-se a caçadores sozinhos;

Geralmente permanecem no local;

Não levam equipamentos adequados de sobrevivência ou


roupas extras;

Comumente se confundem pelo terreno;


FOTÓGRAFOS
Consideram-se conhecedores da região e adaptados a ela;

A maioria tem boas condições mentais e físicas;

Comunicam-se bastante;

Tendem a vagar sem rumo;

Geralmente são bem orientados;

PESCADORES Normalmente a causa é um acidente relacionado à água;

Normalmente apresentam bom equilíbrio emocional;

119
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Estão geralmente bem equipados;


MONTANHISTAS E
Comportam-se como autossuficientes;
ESCALADORES
Normalmente apresentam bom equilíbrio emocional;

Geralmente são bem orientados;

Podem estar em áreas de difícil acesso;


CORREDORES DE
Não tem equipamento adequado para permanência
MONTANHA E DE AVNTURA
prolongada;

Deslocam-se à noite;

Geralmente vão de carro até um determinado ponto;

CICLISTAS Podem percorrer grandes distâncias de bicicleta;

Geralmente estão feridos

Figura 72 - Os perfis traçados internacionalmente


Fonte: CBMERJ

120
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

TERRENO PLANO

PERFIL DO
SEM MOCHILA COM MOCHILA
PERDIDO

POR HORA POR DIA POR HORA POR DIA

INICIANTE 2,4 A 3,2 KM 12 A 20 KM 1,6 A 2,4 KM 11 A 15 KM

INTERMEDIÁRIO 3,2 A 4,0 KM 20 A 24 KM 2,4 A 3,2 KM 16 A 19 KM

EXPERIENTE 4,8 A 6,4 KM 25 A 38 KM ATÉ 4,8 KM 20 A 29 KM

Figura 73 - Perfis em terreno plano


Fonte: CBMERJ

TERRENO COM ACLIVE

PERFIL DO
SEM MOCHILA COM MOCHILA
PERDIDO

POR HORA POR DIA POR HORA POR DIA

INICIANTE ATÉ 1,2 KM 8 A 9 KM ATÉ 0,8 KM ATÉ 4,8 KM

INTERMEDIÁRIO ATÉ 1,6 KM 10 A 13 KM ATÉ 1,2 KM 5 A 10 KM

EXPERIENTE 2,0 A 3,2KM 13 A 20 KM 1,6 A 2,4 KM 10 A 16 KM

Figura 74 - Perfis em terreno com aclive


Fonte: CBMERJ

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

TERRENO COM DECLIVE

PERFIL DO PERDIDO SEM MOCHILA COM MOCHILA

POR HORA POR DIA POR HORA POR DIA

INICIANTE 3,2 KM 11 A 14 KM 2,4 KM 8 KM

INTERMEDIÁRIO 3,2 A 4,8 KM 15 A 16 KM 3,2 KM 11 KM

EXPERIENTE 4 A 5,6 KM 16 A 22 KM 3,2 A 4 KM 16 KM

Figura 75 - Perfis em terreno com declive


Fonte: CBMERJ

5.7 Metodologia para determinar as áreas de busca

Após conseguir obter as informações sobre o perfil de comportamento e


deslocamento da vítima será necessário decidir em que zonas procurar. Para tanto
alguns métodos podem ser utilizados:

5.7.1 Método teórico

Conforme a Busca e Salvamento em Cobertura Vegetal de Risco (2006):


"A provável zona de busca é traçada mediante o uso de tabelas, com as
quais se estabelece a área em função da distância percorrida pelo perdido.
Para isto, é preciso determinar com segurança o lugar onde ele foi visto pela
última vez. O limite da zona é estabelecido por um círculo marcado sobre o
mapa cujo centro é o lugar onde foi vista a vítima pela última vez. O
comprimento do raio representa a máxima distância que ela pode ter
percorrido. As interpretações incluem considerações sobre fatores como
altitude, experiência da vítima em ambiente natural, sua condição física e as
condições do terreno e do clima. Na continuação se avaliam as
características topográficas como rios, picadas, pequenas elevações, cristas
e assim a área de busca começa a se configurar, chegando a uma
122
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

subdivisão de segmentos de busca mais manejáveis ou prováveis, limitados


pelas características do terreno."

5.7.2 Método estatístico

Conforme Busca e Salvamento em Cobertura Vegetal de Risco (2006):


Os estudos individuais do comportamento das pessoas perdidas em
ambientes naturais proporcionam os dados do método. São feitos cálculos
sobre prováveis distâncias percorridas, calculados em linha reta. Pode ser,
que na realidade, a pessoa tenha andado muito mais, mas esta técnicas só
leva em conta o resultado da distância em linha reta. O método estatístico é
uma aproximação e está sujeito a exceções. As distâncias calculadas
podem ser usadas para delimitar zonas com probabilidade de êxito.

5.7.3 Método subjetivo

Conforme o Busca e Salvamento em Cobertura Vegetal de Risco (2006):


Combinação de um grande número de fatores menos objetivos que
os usados nos dois primeiros métodos. Leva-se em conta os dados
históricos, a situação de acidentes naturais e indícios e a consideração das
limitações físicas e psíquicas da pessoa. Os dados desta classe podem ser
muito menos tangíveis que os dados utilizados nos dois métodos anteriores.
Apesar disto, este método tem sido de grande ajuda em numerosas
ocasiões, especialmente naquelas em que a ausência de um ponto exato de
última visualização dificulta a situação de dados teóricos.
Para definir a área de busca, o método subjetivo se vale da análise
de dados pessoais, do raciocínio lógico e da especulação sobre um
determinado número de variáveis.

123
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

5.7.4 Método de Mattson

Conforme o Busca e Salvamento em Cobertura Vegetal de Risco (2006):


Duas ou três pessoas analisam um mapa utilizando o método
subjetivo para determinar a área em que se efetuará a busca. Esse método
se baseia em um processo democrático no qual todos os envolvidos, sem
levar em conta o cargo, a experiência ou o treinamento, participam
igualmente.
O chefe da pasta de operações divide as diferentes opções de áreas
de busca e lhe dá um nome chave. Cada um dos membros do grupo atribui
determinada porcentagem a cada uma das possibilidades baseando-se na
intuição e na experiência, elegendo assim as áreas mais prováveis. A única
imposição é que a soma das porcentagens de cada indivíduo seja 100%,
sem que tenha nenhuma importância o modo com tenha distribuído as
porcentagens. Estas porcentagens, depois de tiradas as médias entre a
soma das porcentagens e o número de participantes, determinam a área de
probabilidade de cada rota.
O método de Mattson usa tanto a informação e o conhecimento
objetivos como subjetivos e permite uma participação idêntica de todos,
fator que elimina a influência negativa das personalidades dominantes. Esta
técnica estimula também a utilização de todos os dados disponíveis e dos
outros três métodos de determinação da área de busca. Aqui vemos a
importância de calcular a probabilidade da presença de um indivíduo em
uma determinada zona, como um meio para se decidir como se organizará
a busca.

As zonas de busca devem ser delimitadas, também, no terreno, através de


marcações em árvores ou outros locais, facilitando assim a manutenção das equipes
em suas áreas, e até de a vítima encontrar alguma marcação e se orientar por ela.

5.8 Técnicas de busca

Delimitadas as zonas de busca e baseado no perfil do perdido, os agentes


deverão utilizar técnicas para que tenham uma maior eficiência nas ações.

124
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

5.8.1 Pente fino

Conforme Busca e Salvamento em Cobertura Vegetal de Risco (2006):


"Consiste em dividir uma área que será o ponto de partida, podendo
ser uma estrada ou um rio, em azimutes paralelos que serão percorridos por
um grupo de busca até uma distância ou ponto pré-determinado.
Geralmente é usado quando se tem uma estrada ou rio como referência ou
quando se têm vários grupos de busca na operação.
Os azimutes paralelos devem ser equidistantes e perpendiculares ao
ponto referencial, devendo-se definir a distância a ser percorrida ou objetivo
a ser alcançado."

5.8.2 Retangular

Conforme o Busca e Salvamento em Cobertura Vegetal de Risco (200 6):


"A técnica consiste em navegar formando retângulos perpendiculares
a um referencial, atentando para:
- sair da referencial seguindo um azimute perpendicular;
caminhar por 100m ou a distância em que a visibilidade permitir;
- virar sempre em 90º e caminhar metade da distância percorrida
anteriormente seguindo o azimute definido após essa conversão;
- virar novamente em 90º e retornar ao referencial seguindo o contra
azimute do ponto de saída;
-caminhar na beira do referencial após ter virado a 90º seguindo o azimute
do referencial percorrendo metade da distância anterior, passando a repetir
o processo. "

5.8.3 Quadrado crescente

Conforme o Busca e Salvamento em Cobertura Vegetal de Risco (2006):


"O método consiste em formar quadrados cada vez maiores
125
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

crescendo de 100 em 100 metros ou conforme a situação do terreno e tipo


de vegetação permitir:
- deve-se sair do ponto onde a vítima foi vista pela última vez ou se tem a
presunção de que ela esteve naquele local;
- segue-se um azimute qualquer e caminha-se 100m;
- depois vira-se para a direita ou esquerda a 90º graus e caminha-se mais
100m;
- se optou por virar à direita depois do 100m vira-se à direita novamente e
caminha-se 200m;
- vira-se à direita e caminha-se 200m;
- na próxima virada caminha-se 300m ou seja 100m a mais e assim
sucessivamente;
- se a vítima estiver naquela região será encontrada."

5.8.4 Método leque

Conforme a Busca e Salvamento em Cobertura Vegetal de Risco (2006):


O método consiste em soltar as guarnições em várias direções
partindo de um mesmo ponto:
- traça-se uma linha imaginária usando-se um azimute e contra-azimute ou
ainda aproveitando uma estrada ou um rio, determina-se um ponto de
partida para as guarnições;
- as guarnições saem e voltam num contra-azimute;
- as guarnições percorrem a mesma distância;
- devem ser efetuadas buscas em todos os quadrantes definidos a partir do
ponto de referência ( linha imaginária, estrada ou rio).

126
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

5.8.5 Método off-set

O método consiste em soltar as guarnições em uma direção partindo de um


mesmo ponto, porém voltando por lados diferentes até o início. Conforme Busca e
Salvamento em Cobertura Vegetal de Risco (2006):
"- as guarnições saem de um ponto de partida, após se traçar um azimute
podendo aproveitar como referencial um rio ou uma estrada, seguindo a
partir dali azimutes separados por um ângulo de 90º graus e caminham
determinada distância onde as vítimas estejam perdidas;
- em seguida cada guarnição, após percorrer a mesma distância, vira a 150º
à direita e à esquerda, seguindo uma o azimute e a outra o contra azimute
da linha imaginária do ponto de partida;
- cada uma deve caminhar 100m ou mais se o terreno e a visibilidade
permitir;
- após caminhar metade da distância inicial as guarnições se encontram e
convergem 90º voltando para o ponto de partida;
se necessário iniciar outra incursão."

5.8.6 Método rumo invertido

O método consiste em soltar as guarnições em um ponto notável dentro da


rota dos perdidos em rumos diferentes:
a) as equipes vasculham o ponto notável juntas;
b) uma equipe realiza varredura voltando para o ponto de início da trilha e outra
equipe realiza varredura seguindo para o fim da trilha;
c) este método não consiste em seguir a trilha, mas sim, procurar indícios em
direções opostas.
O especialista deve sempre se ater às suas funções e lembrar-se de que o
sistema evolui ou involui de acordo com a necessidade da operação.
127
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

A pesar disso, o CBMERJ apresenta notas de acionamento os recursos que


deixam o CI atrelados a algumas formalidades, portanto, para a evolução do evento
é necessário atentar para o que preconiza a última versão do POP CBMERJ para
busca de perdido e a última nota de acionamento dos GSFMAs em operações de
apoio operacional.

128
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

6 AUTO RESGATE

6.1 Introdução ao Módulo

Um montanhista deve sempre se adaptar às circunstâncias, sejam quais


forem.
O aperfeiçoamento das técnicas de escaladas ao longo dos anos vem
possibilitado aos escaladores alcançar destinos cada vez mais exigentes, o que
propicia ocorrências em locais que requerem elevado grau técnico, físico e
psicológico por parte dos montanhistas.
Conforme visto anteriormente, o grau de uma escalada tradicional no Estado
do Rio de Janeiro principalmente possui múltiplas variáveis. Deve-se tomar como
base para o Auto Resgate os conceitos fundamentais de Grau Técnico, Grau de
Exposição e Duração de uma via de escalada. Ao efetuar salvamentos em vias com
Grau de Exposição mais elevado, aumenta-se o risco de acidentes graves por parte
dos próprios montanhistas.
O Auto Resgate consiste no conjunto de manobras realizadas pelos membros
de uma cordada para que a mesma saia de uma situação de risco, traumática ou
não. Tais técnicas, apesar de serem projetadas para facilitar o salvamento da própria
equipe de escaladores, podem ser empregadas também a fim de efetuar resgates de
vítimas de outras cordadas.
As técnicas serão abordadas através da utilização dos materiais encontrados
normalmente dentro de uma cordada de escaladores, o que não significa que os
equipamentos utilizados pelas equipes de salvamento em montanhas durante as
situações de resgate não possam ser também utilizados caso a mesma necessite
durante uma situação real de Auto Resgate.
Por isso, neste módulo serão abordadas as principais técnicas, utilizando-se
somente dos equipamentos comumente encontrados com cordadas em vias de

129
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

escalada. Tal disciplina visa, sobretudo, escapar de situações adversas fazendo uso
somente de improvisações.

6.2 Rapel em contrapeso de acidentado

Uma das situações mais comuns durante a prática de rapel é o travamento do


freio 8, através do nó “boca de lobo” gerado no corpo do aparelho ou através do
enroscamento dos cabelos da vítima no mesmo. Em ambas as situações descritas a
vítima permanece presa à corda e incapaz de se deslocar verticalmente.
O procedimento de evasão de tal situação será dado sob duas perspectivas.
Como vítima será aplicada a técnica em uma etapa, passando pela ascensão e
dando continuidade ao rapel; e como socorrista a técnica será aplicada em duas
etapas, sendo a primeira para acesso à vítima através de Técnicas de Descida em
Corda Tracionada e a segunda através da Transferência de Peso Entre Sistemas
concomitante com o Rapel com Múltiplas Vítimas.

6.2.1 Perspectiva da vítima

Ao encontrar-se preso à corda devido ao travamento do freio de descida o


montanhista deverá confeccionar um nó blocante acima do freio travado. Caso o
comprimento do cordelete ou do cabo solteiro utilizado não seja suficiente, deverá
realizar emenda(s) até que seja possível se apoiar com um dos pés na alça formada,
para que possa então se erguer aliviando o peso depositado no freio de descida.
Após desbloquear o freio o montanhista deverá retirar sua folga, travando-o
conforme o freio utilizado, no ponto mais próximo ao nó blocante possível. Feito isso
deverá retornar o peso corporal para o freio já travado e só então removerá o nó
blocante para prosseguir com a descida.

130
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

6.2.2 Perspectiva do socorrista

Ao deparar-se com uma situação em que necessite realizar descida em corda


tensionada pelo peso da vítima, o socorrista deverá efetuar a mesma seguindo uma
das três técnicas exemplificadas abaixo:
a) descida com dois nós blocantes: o montanhista deverá escolher,
preferencialmente, entre os nós prussik, machard e machard trançado e executar
dois desses na própria corda tensionada, a qual permite acessar a vítima,
prendendo a alça superior ao loop do seu baudrier ( com o auxilio de um
mosquetão), e confeccionando também um backup para ligar o sistema inferior ao
sistema superior. A transferência de peso no sistema deverá se dar alternadamente
entre os sistemas de cima e de baixo de modo a possibilitar a descida, até que o
socorrista se encontre com a vítima ao alcance de suas mãos;

 Vantagens: Método simples. Requer poucos equipamentos. Possui baixo


custo;

 Desvantagens: Procedimento requer mais tempo para ser finalizado que os


demais, sobretudo em descidas longas.
b) descida com nó valdotan: o nó valdotan deverá ser confeccionado com
cordelete que possua dois nós de formação de alças em suas extremidades. Deverá
ser preso às alças um mosquetão para ser utilizado como "mãe". O montanhista
deverá ser ligado ao referido mosquetão com um mosquetão tipo D sem trava e
então efetuar a descida pela corda tensionada por meio de tal nó;
Vantagens: Requer poucos equipamentos. Possui baixo custo;
Desvantagens: A descida deve ser efetuada de maneira lenta. Em descidas
mais longas acarreta grande desgaste da corda e do cordelete utilizados;
c) descida com freio Stop de lado: o freio Stop deverá ser encaixado
lateralmente na corda, estando a alça cinza voltada para cima e o montanhista preso
à mesma. Somado ao freio o montanhista deverá confeccionar na corda de descida
um nó blocante como backup. A descida será possibilitada pelo travamento da corda
tensionada pelo freio colocado em tal posição;

131
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Observação: Não costuma ser utilizado pois é contra as recomendações do


fabricante e tal freio tem baixa frequência de utilização por cordadas.

6.2.3 Descida Guiada

Método que consiste em realizar a descida da vítima através de sistema que


não seja o dela. Tal técnica é uma das mais simples de Auto-Resgate, e costuma ser
utilizada como um dos primeiros recursos a ser empregado. Caso o guia ou o
participante necessitem descer até determinado ponto da via a dupla deverá liberar
o freio até que se atinja a altura desejada.
Tal técnica pode também ser incluída no meio de outras mais complexas
conforme a necessidade.

6.2.4 Método nó mariner

Método utilizado em situações onde seja necessário realizar transferências de


cargas entre os diferentes pontos do sistema. Frequentemente aplicado quando o
montanhista necessita prender a vítima ao ponto de ancoragem. Tal nó serve para
evitar que seja necessário realizar sistema de força para remover a vítima da
proteção a fim de efetuar novo sistema de descida.
Consiste em utilizar solteiras com tal nó tanto para vincular o acidentado ao
sistema de descida quanto às proteções.
Ao observar a queda do guia o participante deverá travar seu sistema de freio
prendendo-o à proteção com o uso do nó mariner. Após ter travado o sistema o
participante deverá ascender até a última proteção alcançada pelo guia (caso
necessário deverá desencordar-se), realizando então a confecção de um sistema
blocante para a corda do guia, devendo prender o mesmo à proteção com o uso do
132
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

nó mariner. O participante deverá então descer por sua parte da corda a fim de
recuperar a mesma de seu sistema de freio, devendo então em sua nova ascensão
remover os demais equipamentos da via, deixando somente costuras entre a
proteção onde se encontra o nó blocante e a que esteja na altura mais próxima
possível da vítima. O participante deverá então acessar a vítima prendendo-a a
proteção mais próxima da mesma com o uso do nó mariner, devendo após isso
remover o encordamento do guia, deixando-o preso à proteção, e o nó blocante. O
sistema de descida deverá ser montado conforme o padrão em relação às
ancoragens e a cordada deverá utilizar o rapel com múltiplas vítimas, lembrando-se
que o guia entrará em tal sistema após a soltura do nó mariner, de modo que não
seja necessária a utilização de sistema de força para tal.

133
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

7 RESGATE ORGANIZADO

Manobra utilizada com o intuito de remover a(s) vítima(s) de situação de


perigo em vias de escalada ou em quaisquer terrenos com pendentes acentuadas.

7.1 Resgate ascendente

No resgate ascendente o objetivo principal é de que a vítima seja conduzida


até a parte superior do terreno. Por padrão as equipes de salvamento em montanha
são dispostas em cordadas formadas por duplas de militares. A quantidade de
militares utilizados na operação irá depender da complexidade do evento e da
disponibilidade de efetivo detentor do referido curso.
O sistema para resgate ascendente consiste na cordada utilizar-se dos meios
apropriados para tomar posição em ponto a ser estabelecido em local superior a
cota onde se encontre a vítima, devendo-se, portanto, dividir a equipe em duas
partes, sendo uma o militar responsável pelo acesso à vítima e outra responsável
pela montagem do sistema de forças. Cabe ressaltar que no resgate organizado o
mínimo de militares a ser empregado é o de uma dupla formando uma cordada,
sendo necessários ao menos dois militares formados pelo CSMont, do contrário as
técnicas empregadas deverão ser as presentes no módulo de auto resgate.
O sistema de redução de forças deverá ter como base dois pontos fixos
quaisquer para ancoragem, sendo preferível que os mesmos possuam ao menos
25KN como limite de carga de ruptura cada. Como materiais a serem utilizados são
sugeridos mosquetões (os de aço possuem maior carga de ruptura, porém os de
duralumínio são mais leves e sua carga de ruptura não prejudica o sistema desde
que possuam no mínimo 25KN de carga de ruptura, devendo a relação entre peso e
capacidade ser levada em consideração conforme a situação), fitas para ancoragem,
roldanas, protetores de corda, nós blocantes (feitos com fitas ou com cordeletes),
freios autoblocantes e ascensores, corda semi estática e corda dinâmica.

134
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

O sistema deverá ser dimensionado em n: 1 devendo-se atentar para a


relação entre eficiência e redução de carga, pois quanto maior for n, maior será o
trabalho final realizado devido à força de atrito crescente. Quanto mais militares
houver no grupo responsável pelo tracionamento do sistema menor deve ser o valor
de n. Na prática sugere-se em média 7≤n≤9 para somente um militar na equipe
responsável.
O responsável pelo acesso a vítima deverá realizar o mesmo através de
descida por meio de corda fixa, priorizando a estabilização da vítima e a ancoragem
de ambos ao sistema de forças. Após montado o sistema o militar deverá comunicar
o fato ao responsável pelo sistema de forças, o qual irá efetuar o tracionamento.
Durante o tracionamento o militar que estiver acoplado a vítima deverá utilizar
sistema de ascensão como backup na corda fixa, bem como deverá também
preservar a integridade da vítima desviando-a de eventuais obstáculos.

Figura 76 - Resgate Ascendente no Mirante do Inferno


Fonte: CBMERJ

135
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

7.2 Resgate descendente

No resgate organizado descendente os montanhistas estão situados


inicialmente abaixo da localização da vítima, sendo mais comumente utilizado em
locais onde seja mais fácil realizar o acesso por meio de técnicas de escalada do
que de rapel.
O guia da cordada deverá escalar normalmente o trecho de acesso à vítima,
devendo levar consigo, além da corda dinâmica, uma corda semi estática para ser
ancorada e servir como base para a ascensão do participante. O guia deverá escalar
até o primeiro ponto de ancoragem confiável após a vítima, efetuando então sua
própria ancoragem e a da corda semi estática fixa.
Após fixada a corda para ascensão o participante deverá subir o mais breve
possível a fim de acessar e estabilizar a vítima, devendo ancorá-la à corda fixa
através do sistema de descida com múltiplas vítimas, para que seja reduzido o
esforço durante o rapel.
A cada trecho de rapel executado é preferível que a ancoragem do sistema
composto pelo participante da cordada e pela vítima seja realizada com a utilização
do nó mariner, a fim de facilitar as descidas subsequentes.
O guia será o responsável por organizar o material durante a descida, momento no
qual o participante deverá se comunicar, preferencialmente via rádio, com o guia a
fim de se comunicar com o mesmo para autorizar o desprendimento da corda semi
estática da proteção próxima ao guia. No decorrer de todo o trajeto o guia será
sempre o responsável pelas ancoragens a serem realizadas.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 77 - Resgate Descendente no Paredão Coloridos


Fonte: CBMERJ

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

8 TÉCNICAS DE SALVAMENTO EM MONTANHA

8.1 Plano inclinado

A técnica a ser explanada a seguir consiste em tracionar um cabo com uma


inclinação para transpor algum obstáculo ou para retirada estratégica de
vítimas/militares envolvidos em determinado sinistro. Para a confecção do plano
inclinado serão utilizados vários materiais que serão elencados no desenvolver da
explicação da técnica. Para fins de padronização utilizaremos seis militares para
execução da técnica em questão. Sendo dois militares posicionados no Ponto de
Perigo (P.P.) e quatro no Ponto de Salvamento (P.S.).
Observação: Os mosquetões e materiais metálicos utilizados nos
tracionamentos deverão ser de aço devido a sua carga de trabalho elevada em
relação a outros materiais. Segue passo a passo para a montagem do plano
inclinado:
a) utilizando uma corda estática, devido a seu baixo alongamento, no P.P.
deverá ser confeccionado um nó fiel pelo seio, com proteção e três cotes; será
confeccionado no mesmo ponto de ancoragem utilizando um cordelete ou fita
tubular, uma ancoragem, acima da ancoragem principal do P.P, com espaço (alça)
para ancorar um mosquetão assimétrico HMS, para ser utilizado na confecção do nó
UIAA com o cabo ou corda Guia; concluído este passo os dois militares darão
ciência a equipe do P.S. que a ancoragem está pronta; em seguida os militares do
P.P. deverão fazer uma ancoragem secundária com o chicote da corda utilizada;

138
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

,
Figura 78 - Nó UIAA
Fonte: CBMERJ

b) ao ter ciência que a ancoragem principal está pronta os militares que se


encontram no P.S. deverão iniciar o tracionamento do plano inclinado, que deverá
ser feito através de um sistema paulista utilizando uma fita de carga, fita de
ancoragem, fitas tubulares ou estropo no ponto de ancoragem principal, quatro
mosquetões assimétricos de aço, dois no balso argentino confeccionado no meio do
sistema e dois na ancoragem do Ponto de Salvamento. Ao concluir o tracionamento
e executar o primeiro arremate, os militares do P.S. deverão informar aos militares
do P.P. que a vítima pode começar a ser colocada no sistema e dar seguimento aos
trabalhos confeccionando a ancoragem secundária no P.S. utilizando o restante da
corda;

Figura 79 - Arremate no P.S. e nó balso argentino


Fonte: CBMERJ

139
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

c) no P.P., a equipe deverá confeccionar no cabo guia um nó alceado no chicote


e outro a 0,5 metro. O segundo nó deverá ser conectado a um mosquetão simétrico
conectado a polia simples e esta acoplada ao cabo tracionado. O primeiro nó deverá
ser conectado a um mosquetão assimétrico (backup) e este conectado ao
tracionamento antes da polia (mais próximo a ancoragem do P.P.);

Figura 80 - Sistema de descida


Fonte: CBMERJ

d) equipar a vítima com o cinto (baudrier, paraquedista, cinto cadeira, triângulo


de evacuação ou material apropriado) e capacete. Ancorar uma fita principal e outra
secundária (mais comprida), ambas no cinto da vítima usando um mosquetão
assimétrico. As fitas deverão ser compridas o suficiente para a vítima não alcançar o
cabo tracionado. A fita principal deverá ser ligada ao mosquetão simétrico que está
conectado a polia, enquanto a fita secundária deverá ser ligada ao mosquetão
assimétrico que está diretamente conectado ao tracionamento; Caso a vítima
necessite de maca a mesma deverá ser equipada como citado anteriormente, porém
somente a fita secundária deverá ser ligada ao cinto da mesma e sua ligação
principal ao sistema será a equalização da maca (dependendo de cada modelo)
conectada a polia por mosquetão;
e) antes de colocar a vítima efetivamente “para fora” do P.P. os militares
deverão checar todo sistema equipamentos da vítima, conexões da mesma ao
sistema, travas de todos equipamentos, confecções dos nós e ancoragens; feita
toda checagem os militares do P.P. deverão lançar mão de uma fita tubular de
tamanho suficiente para executar um “leve”, que consiste em ancorar um chicote da
fita tubular em um ponto fixo no P.P. e passar o outro chicote no mosquetão que liga

140
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

a vítima ao sistema, segurando o chicote não ancorado e liberando a mesma


vagarosamente até que ela “caia no sistema” (nó UIAA);
f) os militares do P.S. deverão receber a vítima estabilizando sua descida assim
que conseguirem tocar os pés da mesma e voltando sempre a vítima de maneira a
visualizar o Ponto de Perigo.

8.2 Tirolesa

A tirolesa assim como na técnica do Plano Inclinado visa transpor algum


obstáculo e fazer a movimentação de vítimas ou guarnições através do cabo
tracionado, porém na tirolesa a inclinação é desprezível necessitando o emprego de
materiais específicos para executar a movimentação. Para fins de padronização
utilizaremos a nomenclatura Ponto de Perigo (P.P.) e Ponto de Salvamento (P.S.),
sendo P.P. o local onde a(s) vítima(s) se encontram e P.S. o objetivo da missão.
Observação: Os mosquetões e outros materiais metálicos utilizados nos
tracionamentos deverão ser de aço devido a sua carga de trabalho elevada em
relação a outros materiais. Segue passo a passo para a montagem da tirolesa:
a) utilizando uma corda estática ou corda semi-estática dobrada (corda
permeada ou duas cordas diferentes), no P.P. deverá ser confeccionada uma
ancoragem principal e outra secundária, podendo as ancoragens serem feitas com a
própria corda ou através de fitas de ancoragem e conexão de nó alceado (azelha
dobrada ou azelha equalizada) ao mosquetão da ancoragem; uma outra ancoragem
deverá ser feita acima da ancoragem principal, desta vez utilizando fitas de
ancoragem e conectando um mosquetão HMS para ser feito o nó UIAA com a corda
guia, que assim como o cabo tracionado estará com um chicote no P.P. e outro no
P.S.; concluído este passo os militares darão ciência a equipe do P.S. que a
ancoragem está pronta;
b) ao ter ciência que a ancoragem está pronta os militares que se encontram no
P.S. deverão iniciar o tracionamento, que deverá ser feito no mesmo nível da
ancoragem do P.P., através de um sistema de força que melhor for conveniente de

141
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

acordo com o número de militares da guarnição e espaço disponível; Para tanto


serão utilizados uma fita de carga, fita de ancoragem ou fitas tubulares no ponto de
ancoragem principal, mosquetões assimétricos de aço e um sistema de captura de
avanço no sistema de força. Ao concluir o tracionamento os militares do P.S. assim
como no P.P. deverão confeccionar uma ancoragem acima da ancoragem principal e
conectar uma polia onde será passada a corda guia e se necessário for
confeccionado um sistema de tração para o deslocamento da vítima do P.P. ao P.S.;
informando aos militares do P.P. que a vítima pode começar a ser colocada no
sistema;
c) no P.P., a equipe deverá confeccionar na corda guia 02(dois) nós azelha
dupla no meio da corda e com distância de 0,5 metros ou azelha equalizada no
caso de utilizar duas cordas semi-estáticas , os nós deverão ser conectados a
01(um) mosquetão cada e posteriormente conectados aos extremos opostos de uma
placa de ancoragem, esta placa deverá estar conectada a uma polia que estará
no(s) cabo(s) do tracionamento;
d) equipar a vítima com o cinto (Baudrier, Paraquedista, cinto cadeira, triângulo
de evacuação ou material apropriado) e capacete. Ancorar uma fita principal e outra
secundária (mais comprida), ambas no cinto da vítima usando um mosquetão
assimétrico. As fitas deverão ser compridas o suficiente para a vítima não alcançar o
cabo tracionado. As fitas deverão estar ligadas a placa de ancoragem através de
mosquetões; Em caso que se mostrar necessário devido ao obstáculo a ser
transposto estar próximo a vítima, a mesma poderá ser conectada por mosquetão
diretamente a placa de ancoragem, porém deverá ser feito um backup através de
uma fita tubular ligada a placa de ancoragem e ao cinto da vítima; Caso a vítima
necessite de maca a mesma deverá ser equipada como citado anteriormente, porém
somente a fita secundária deverá ser ligada ao cinto da mesma e sua ligação
principal ao sistema será a equalização da maca (dependendo de cada modelo)
conectada a polia por mosquetão;
e) antes de iniciar a movimentação da vítima do P.P. para o P.S. os militares
deverão checar todo sistema: equipamentos da vítima, conexões da mesma ao
sistema, travas de todos equipamentos, confecção dos nós e ancoragens; feita toda
checagem os militares do P.P. deverão lançar mão de uma fita tubular de tamanho
suficiente para executar um “leve”, que consiste em ancorar um chicote da fita
142
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

tubular em um ponto fixo no P.P. e passar o outro chicote no mosquetão que liga a
vítima ao sistema, segurando o chicote não ancorado e liberando a mesma
vagarosamente até que ela “caia no sistema” (nó UIAA), controlando a transposição
para que seja o mais estável;
f) os militares do P.S. deverão iniciar o tracionamento para que a movimentação
da vítima se inicie, observando a constância e continuidade no movimento;
g) ao chegar no P.S. a vítima deverá ter o mosquetão de sua fita secundária
conectado a um ponto de ancoragem, logo após será feita a retirada da vítima do
sistema tirolesa. A segurança da vítima não é retirada até a mesma se encontrar em
local totalmente seguro, sem riscos de queda ou desestabilização.

8.3 Sistemas de Força

Os sistemas de força, também conhecidos como sistemas de


desmultiplicação de forças ou polipastos, são amplamente aplicados nas atividades
de salvamento em montanha. Tendo como objetivo a redução da força exercida pela
guarnição no ato de ascender ou descer uma ou mais vítimas.
De acordo com a forma e quantidade de equipamentos utilizados poderemos
obter uma menor ou maior vantagem mecânica com o sistema. Devendo sempre se
basear em alguns parâmetros na hora da escolha do sistema a ser utilizado, sendo:
número de militares da guarnição, equipamentos disponíveis, a diferença de nível
que a vítima se encontra, peso da vítima ou carga a ser movimentada e pontos de
ancoragem.
Como já foi dito, existem várias configurações de sistemas de força e podem
variar conforme a necessidade imposta. Visto essa gama de opções abordaremos os
princípios que envolvem a montagem de um sistema de força e exemplificaremos
alguns.
Na montagem dos sistemas de forças devemos observar a atuação das
polias, isto é se as mesmas estão fixas ou móveis. Basicamente as polias fixas tem
a função de desvio(modificar a direção do esforço) enquanto as polias móveis tem a

143
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

função de diminuir o esforço. Para tanto em quaisquer sistemas de forças devemos


obedecer a seguinte fórmula:
F= P
2N, onde:

F é a força que a guarnição irá exercer;


P é o peso da carga a ser erguida ou descida;
N é o número de polias móveis no sistema.
Baseado nesta informação sabemos que teoricamente quanto maior o
número de polias menor o esforço, visto que na prática um número excessivo de
polias acaba gerando uma força de atrito significativa, trazendo uma ineficácia ao
sistema.
Outro ponto importante na montagem de um sistema de força é um dispositivo
que impeça a perda do avanço que obtivemos ao realizar o esforço, denominaremos
o mesmo de captura de avanço. Que consistirá em um blocante (nó, freio descensor
ou polia auto- blocante) posicionado dentro do sistema de força ou em um sistema
específico para função (corda independente).

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8.3.1 Exemplos de Sistemas de força

8.3.1.1 Sistema de força 2X1

Figura 81 - Sistema de força 2x1


Fonte: CBMERJ

8.3.1.2 Sistema de força 3X1 (Cariocão)

Figura 82 - Foram utilizados 02(dois) cordeletes, 03(três) mosquetões e 02(duas) polias.


Fonte: Manual Técnico CSMONT/2015

Observe que uma polia é fixa, conectada ao mosquetão do ponto de


ancoragem, enquanto a outra é móvel, conectada ao cordelete que traciona a corda.

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O cordelete ligado ao mosquetão fixo do ponto de ancoragem é o dispositivo


denominado captura de avanço.

8.3.1.3 Sistema de força 4x1

Figura 83 - Sistema de força 4x1


Fonte: CBMERJ

8.4 Rapel com múltiplas vítimas

A técnica denominada rapel com múltiplas vítimas é empregada quando é


necessário descer com mais de uma vítima. Na execução da técnica deve ser levado
em consideração que as vítimas deverão estar conscientes e também se as mesmas
apresentam lesão que impossibilitam o uso da técnica.
a) o militar que executará a descida junto com as vítimas deverá ancorar a corda
conforme o padrão. Após fazer a ancoragem o mesmo deverá equipar as vítimas
que deverão ser retiradas através da técnica com o cinto (baudrier, paraquedista,
cinto cadeira, triângulo de evacuação ou material apropriado), capacete e solteiras
com mosquetão na extremidade. Em seguida deverá ser montado na corda um freio
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com utilização de aparelho oito e um mosquetão HMS, de preferência acima da linha


dos olhos do militar, e conectar ao freio através de solteiras tanto as vítimas quanto
o responsável pelo resgate. O militar deverá equipar em seu cinto um freio com
aparelho oito e mosquetão (descida livre);
b) ao concluir a montagem dos freios e conexões o militar deverá checar todos
os componentes do sistema, bem como os equipamentos de proteção individual,
após este passo não poderá em hipótese alguma soltar a mão de comando; Em
seguida deverá o militar se colocar na condição de descida e auxiliar as vítimas para
que as mesmas “entrem no sistema”, significando colocar o peso no equipamento;
c) a descida deverá ser constante e controlada e caso seja possível colocar um
militar na segurança no ponto aonde se quer chegar, caso o responsável pelo
resgate tenha algum imprevisto será auxiliado.

Figura 84 - Rapel com múltiplas vítimas


Fonte: CBMERJ

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ANEXO 01 - ORAÇÃO DO MONTANHISTA

Senhor, vós que sois omnipotente,


Concedei-nos no fragor da busca e do salvamento,
A nós que salvamos nas pedras e montanhas,
A nós que conhecemos o sabor dos ventos.

O destemor para salvar


A santa dignidade para perseverar
A força da coragem para sempre salvar
E a fé, para tudo suportar.

Dai-nos também ó Senhor,


Quando o Salvamento for adverso,
E quanto maior for a incerteza.

A determinação de nunca recuar


E ante a busca e o salvamento, jamais fracassar
Montanha!!!

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ANEXO 02 - HERÁLDICA DO BREVÊ DO CURSO DE SALVAMENTO EM


MONTANHA DO CBMERJ

Figura 77: Brevê do CSMONT - CBMERJ

Fonte: CBMERJ

Círculo besante, com a borda em forma de uma corda de sisal torcida, tendo
as suas extremidades unidas na parte inferior do círculo, por um nó direito
ornamentado nas bordas sinistra e destra com dois mosquetões simétricos, tendo
suas travas de segurança voltadas para baixo, onde o “nó direito”, a corda e as
molas mosquetão simbolizam, respectivamente, a agilidade, a união e a segurança,
necessárias à atividade de salvamento em montanhas.
No interior do besante encontra-se impressa a imagem do Pico do Dedo de
Deus, que é o símbolo máximo do montanhismo no Brasil, por ter sido o marco
inicial desta atividade em território nacional, tendo acima deste a inscrição CBMERJ
em caixa alta com letra arial, acompanhando a curvatura do besante.
O distintivo de pano mede 7,00cm de largura, 4,50cm de altura e 1,90cm de
raio do besante, circundado por uma linha dupla trançada.
O distintivo de metal mede 5,80cm de largura, 3,50 de altura e 1,40cm de raio
do besante.

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