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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR


DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Praça da República, nº 45,


Centro, Rio de Janeiro – RJ. CEP: 20.211-350.
www.cbmerj.rj.gov.br
Tel.: (+55 21) 2333-2362.

Copyright © 2019. Catalogação na fonte:


Estado-Maior Geral do CBMERJ.

Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (Brasil).

Manual de Salvamento no Mar: 2019 / CBMERJ. Rio de Janeiro: CBMERJ, 2019

Prefixo editorial: 68512

Número ISBN: 978-85-68512-11-1

Tipo de suporte: E-book

Formato: PDF

1. Corpo de Bombeiro Militar.

CDD 341.86388

É permitida a reprodução do conteúdo deste Manual desde que


obrigatoriamente seja citada a fonte.
Reproduções para fins comerciais são rigorosamente proibidas.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA CIVIL


CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
ESTADO-MAIOR GERAL

Governador do Estado do Rio de Janeiro


WILSON JOSÉ WITZEL

Secretário de Estado de Defesa Civil e Comandante-Geral do CBMERJ


CORONEL BM ROBERTO ROBADEY COSTA JUNIOR

Subcomandante-Geral e Chefe do Estado-Maior Geral do CBMERJ


CORONEL BM MARCELO GISLER

Subchefe Administrativo do Estado-Maior Geral


CORONEL BM MARCELO PINHEIRO DE OLIVEIRA

Subchefe Operacional do Estado-Maior Geral


CORONEL BM LUCIANO PACHECO SARMENTO

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

AUTORES

CORONEL BM GLAUCO LORITE MOTTA


CORONEL BM RÔMULO SÁ DE ARAUJO LIMA
MAJOR BM RONALDO DE JESUS MAIA
CAPITÃO BM FELIPE GRANGEIRO DE ALBUQUERQUE
CAPITÃO BM FELIPE PIMENTA DE SIQUEIRA
CAPITÃO BM LUIZ GUSTAVO ALVES DE AZEVEDO
CAPITÃO BM RENAN DA SILVA BARBOSA FERREIRA

MANUAL DE ATIVIDADES DE SALVAMENTO NO MAR

MOPBM 4 -011

Este manual foi elaborado por


iniciativa do Estado-Maior Geral e
atende as prescrições contidas na
Portaria CBMERJ nº 962 de 26 de
dezembro de 2017, publicada no
boletim da SEDEC/CBMERJ nº 008 de
11 de janeiro de 2018.

Rio de Janeiro
2019

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

REALIZAÇÃO
ESTADO-MAIOR GERAL

COORDENAÇÃO
TENENTE-CORONEL BM ALEXANDRE LEMOS CARNEIRO
MAJOR BM EULER LUCENA TAVARES LIMA
MAJOR BM FÁBIO LUIZ FIGUEIRA DE ABREU CONTREIRAS
CAPITÃO BM RAFAELA CONTI ANTUNES NUNES
CAPITÃO BM DIEGO SAPUCAIA COSTA DE OLIVEIRA

COLABORADORES
TENENTE-CORONEL BM RENAN ALVES DE OLIVEIRA
TENENTE-CORONEL BM RICARDO GOMES PAULA
TENENTE-CORONEL BM PAULO NUNES COSTA FILHO
TENENTE-CORONEL BM FELIPE DO VALLE PUELL
MAJOR BM JOSIANE DOS SANTOS DE MELO

REVISORES
CAPITÃO BM EDUARDO LUIZ MOTTA MAIA
2º TENENTE BM RAINER DE OLIVEIRA ALVES
SUBTENENTE BM RAFAEL ELIAS GUANABARA BALIOSIAN

PROJETO GRÁFICO
1º TENENTE BM DJALMA DE FIGUEIREDO JUNIOR

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

SUMÁRIO

SUMÁRIO.................................................................................................................... 6

OBJETIVO................................................................................................................. 10

FINALIDADE ............................................................................................................. 11

REFERÊNCIA NORMATIVA E BIBLIOGRÁFICA ..................................................... 12

DEFINIÇÕES E CONCEITOS ................................................................................... 14

1 CONTEÚDO ........................................................................................................... 15

1.1 Histórico ........................................................................................................... 15


1.1.1 Antecedentes históricos do Corpo Marítimo de Salvamento. .................... 15
1.1.1.1 As origens ........................................................................................... 15
1.1.2 Época áurea .............................................................................................. 16
1.2 A atuação dos bombeiros no Corpo Marítimo de Salvamento ......................... 16
1.2.1 O advento dos bombeiros ......................................................................... 16
1.2.2 Óbices do Corpo Marítimo de Salvamento ................................................ 17
1.2.3 Estratégia administrativa adotada ............................................................. 17
1.2.4 A busca do conhecimento profissional ...................................................... 19
1.2.5 Papel desempenhado pela PMERJ........................................................... 19
1.2.6 Modificações conjunturais ......................................................................... 19
1.2.7 Primeiro curso de formação de guarda-vidas do CBERJ .......................... 20
1.2.8 A prova de suficiência ............................................................................... 22
1.3 A hora e a vez do CBERJ nas praias do Rio de Janeiro.................................. 23
1.4 Atividades de salvamento marítimo na atualidade ........................................... 24
2 Oceanografia .......................................................................................................... 27

2.1 Composição química dos oceanos .................................................................. 27


2.2 Circulação atmosférica .................................................................................... 29
2.2.1 Aquecimento solar desigual, latitude e circulação atmosférica ................. 29
2.3 Frentes frias e frentes quentes ........................................................................ 32
2.4 Monções, brisa e terral .................................................................................... 32
2.5 Circulação oceânica......................................................................................... 34
2.5.1 Correntes marinhas superficiais.................................................................... 34
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2.5.2 Espiral de Ekman e seu transporte ............................................................... 35


2.5.3 Correntes profundas e massas de água ....................................................... 37
2.6 Ressurgência e subsidência ............................................................................ 39
2.6.1 Ressurgência equatorial ............................................................................ 39
2.6.2 Ressurgência costeira ............................................................................... 40
2.7 El niño .............................................................................................................. 42
2.8 Conceitos básicos de marés ............................................................................ 44
2.8.1 Marés de sizígia e marés de quadratura ................................................... 45
2.8.2 Tipos de marés.......................................................................................... 46
2.8.3 Elementos das marés ................................................................................ 49
2.8.4 Utilização das tábuas das marés............................................................... 50
2.8.5 Correntes de marés................................................................................... 53
2.9 Ondas .............................................................................................................. 54
2.9.1 Ondas causadas pelo vento ...................................................................... 54
2.9.2 Tsunamis ................................................................................................... 58
2.10 Tipos de praia ................................................................................................ 60
2.10.1 Praia dissipativa ou rasa ......................................................................... 60
2.10.2 Praia de tombo ou refletiva...................................................................... 62
2.10.3 Praia intermediária .................................................................................. 63
2.10.4 Praia Abrigada......................................................................................... 64
2.11 Valas ou corrente de retorno ......................................................................... 65
2.12 Movimento sazonal da areia .......................................................................... 70
2.13 Vida marinha .................................................................................................. 71
2.13.1 Algas ....................................................................................................... 71
2.13.2 Cracas ..................................................................................................... 72
2.13.3 Cnidários ................................................................................................. 73
2.13.4 Peixes ..................................................................................................... 73
2.13.5 Tartarugas ............................................................................................... 75
2.13.6 Mamíferos ............................................................................................... 75
2.13.7 Aves marinhas......................................................................................... 76
3 Prevenção ao Afogamento ..................................................................................... 77

3.1 Ações Preventivas ........................................................................................... 77


3.2 Sinalização Preventiva..................................................................................... 78

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3.3 Conduta Preventiva do Guarda-vidas .............................................................. 83


3.4 Regras de segurança na praia......................................................................... 85
4 Comunicação visual ............................................................................................... 87

5 Tipos de materiais .................................................................................................. 94

5.1 Equipamento de proteção individual ................................................................ 94


5.1.1 Chapéu tipo australiano ................................................................................ 94
5.1.2 Camisa de lycra ............................................................................................ 95
5.1.3 Roupa de neoprene ...................................................................................... 95
5.1.4 Bota de neoprene ......................................................................................... 96
5.1.5 Luva de neoprene ......................................................................................... 97
5.1.6 Óculos de sol ................................................................................................ 97
5.1.7 Máscara de bolso.......................................................................................... 98
5.1.8 Protetor solar corporal e labial ...................................................................... 98
5.2 Equipamentos de salvamento .......................................................................... 99
5.2.1 Nadadeira ..................................................................................................... 99
5.2.2 Pranchão de salvamento ............................................................................ 100
5.2.3 Tubo de resgate .......................................................................................... 100
5.2.4 Embarcação de resgate .............................................................................. 101
5.3 Equipamentos de apoio ao salvamento ou de prevenção ............................. 102
5.3.1 Apito............................................................................................................ 102
5.3.2 Barraca ....................................................................................................... 103
5.3.3 Guarda-sol .................................................................................................. 103
5.3.4 Binóculos .................................................................................................... 104
5.3.5 Boletim de registro de ocorrência (BRO) .................................................... 105
5.3.6 Garrafa de água .......................................................................................... 106
5.3.7 Posto de salvamento .................................................................................. 106
5.3.8 Rádio portátil ............................................................................................... 107
6 Fases do socorro.................................................................................................. 108

6.1 Aviso/observação........................................................................................... 108


6.1.1 Tipos de aviso ......................................................................................... 108
6.2 Deslocamento ................................................................................................ 109
6.2.1 Deslocamento terrestre ........................................................................... 109
6.2.2 Técnicas de entrada no mar .................................................................... 110
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6.2.3 Entrada no mar com pranchão ................................................................ 114


6.2.4 Salvamento em costões .......................................................................... 118
6.3 Abordagem .................................................................................................... 120
6.3.1 Técnica da cruz vermelha ....................................................................... 120
6.3.2 Técnicas de desvencilhamento do afogado ............................................ 121
6.4 Salvamento .................................................................................................... 123
6.4.1Salvamento individual .............................................................................. 123
6.4.2 Salvamento em dupla.............................................................................. 127
6.4.3 Salvamento com pranchão ...................................................................... 131
6.4.4 Salvamento em costões .......................................................................... 137
6.5 Técnicas para transporte da vítima ................................................................ 137
6.5.1 Nado reboque.......................................................................................... 137
6.5.2 Double Nelson ......................................................................................... 139
6.6 Técnicas para retirada da vítima do mar ........................................................ 140
6.6.1 Retirada de vítima consciente do mar ..................................................... 140
6.6.2 Retirada de vítima inconsciente do mar com um guarda-vidas (método
australiano) ...................................................................................................... 141
6.6.3 Retirada de vítima inconsciente do mar com dois guarda-vidas ............. 142
6.7 Salvamento marítimos com apoio operacional .............................................. 143
6.7.1 Salvamento com BIR ............................................................................... 144
6.7.2 Salvamento com AMA ............................................................................. 144
6.7.3 Salvamento com aeronave ...................................................................... 145
6.7.4 Salvamento noturno ................................................................................ 146
7 Normas gerais de ação do guarda-vidas. ............................................................. 148

7.1 Procedimentos iniciais do serviço .................................................................. 148


7.2 Sequência operacional .................................................................................. 149
7.3 Conduta do supervisor de praia ..................................................................... 150
ANEXO 01 – BRADOS HISTÓRICOS..................................................................... 153

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

OBJETIVO

Este manual técnico tem por objetivo apresentar Atividade de Salvamento no


Mar realizada pelo CBMERJ focando na padronização de condutas e de
procedimentos nas fases de preparação e execução do serviço, e buscando o apoio
técnico/operacional ao bombeiro militar guarda-vidas visando o melhor desempenho
nos atendimentos das diversas ocorrências nas praias e proximidades.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

FINALIDADE

Ao utilizar o conteúdo deste manual como parâmetro nas instruções de


Salvamento no Mar, pretende-se capacitar e aperfeiçoar os guarda-vidas a
exercerem atividade com base teórica nas principais variações utilizadas pela
atividade, bem como todos os procedimentos utilizados pelos mesmos no exercício
da função.

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REFERÊNCIA NORMATIVA E BIBLIOGRÁFICA

As normas e bibliografias abaixo contêm disposições que estão relacionadas


com este manual.

a. Normas e legislações

- Motta, G.L Ten Cel BM – Apostila do Curso de Operador de Embarcações de


Resgate.2017.

b. Bibliografia

- Garrison, Tom.Fundamentos de Oceanografia,. Ed. Cengage Learning, trad.


da 4 ° ed. norte-americana. 2010.

- Bulhões, E.M.R. (2009) Condições morfodinâmicas associadas a


afogamentos. Contribuição à segurança nas praias oceânicas do Rio de
Janeiro. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-
45132010000100009> Acesso em: 09 out. 2019.

- MAIA, Ruany Gomes Xavier. Padrões de escoamento do vento na região


metropolitana de Maceió. 2016. 99 f. Dissertação (Mestrado em Meteorologia)
– Instituto de Ciências Atmosféricas, Programa de Pós Graduação em
Meteorologia, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2016.

- MIGUENS, A. P. (1996) Navegação: a ciência e a arte. Volume I. Navegação


Estimada, Costeira E Em Águas Restritas. Niterói: Diretoria de Hidrografia e
Navegação. Disponível em <https://docplayer.com.br/61851249-O-problema-
geral-da-navegacao.html> Acesso em: 17 set. 2019

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

- Vasconcelos, Y. (2011) Porque ocorrem tantos ataques de tubarão no Recife?


Super Interessante, 18 de abril de 2011. Disponível em
<http://mundoestranho.abril.com.br/materia/por-que-ocorrem-tantos-ataques-
de-tubarao-em-recife>. Acesso em: 09 out. 2019.

- http://cursos.unisanta.br/oceanografia/regiao_costeira.htm, site acessado em


10 de setembro de 2019.

- TRABALHOSFEITOS. [S.I] [2014]. Disponível em


<https://www..com/topicos/brisas-maritimas-e-terrestres/0>. Acesso em: 23
out. 2019.

- DOCPLAYER. [S.I] [2019?]. Disponível em


<https://docplayer.com.br/3128447-Mares-e-corren-tes-de-mare-correntes-
oceanicas.html>. Acesso em: 23 out. 2019.

- http://profelianageo.no.comunidades.net/geomorfologia-costeira. ?, p.229,
disponível em <https://docplayer.com.br/3128447-Mares-e-corren-tes-de-
mare-correntes-oceanicas.html> Acesso em: 23 out. 2019).

- Moura, F.M. (2018) Análise geoespacial de dados multiespectrais no estudo


temporal da linha de costa da praia de Parajuru, Ceará-Nordeste do Brasil.
Disponível em <https://www.slideshare.net/FilipeMacieldeMoura/anlise-
geoespacial-de-dados-multiespectrais-no-estudo-temporal-da-linha-de-costa-
da-praia-de-parajuru-cearnordeste-do-brasil>. Acesso em: 17 set. 2019

- http://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/4962-saiba-o-que-fazer-
quando-uma-baleia-encalhar-na-praia

- Oceanografia e praias. São Paulo. Disponível em <https://guarda-vidas-


maresias.blogspot.com/p/oceanografia.html>. Acesso em: 09 out. 2019.

- Junior, N.B. Ten Cel BM – Grupamento Marítimo do CBERJ do sonho à


realidade - Monografia do Curso Superior de Bombeiro Militar. 1986

- Castro, Peter e Huber, Michael. Biologia Marinha, 8° Edição. 2012


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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DEFINIÇÕES E CONCEITOS

Para efeito deste manual, aplicam-se as definições específicas deste item:

AMA – Auto Moto Aquática;


BIR – Bota Inflável de Resgate;
CBA XI – Comando de Bombeiros de Área XI (Atividades de Salvamentos
Marítimos);
CBMERJ – Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro;
CEFID – Centro de Educação Física e Desportos;
CER – Coordenadoria de Embarcações de Resgate;
CMS – Corpo Marítimo de Salvamento;
CSMar – Curso de Salvamento no Mar;
DBM – Destacamento de Bombeiro Militar;
DOERJ – Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro;
EMG – Estado Maior Geral;
GMar – Grupamento Marítimo;
PMERJ – Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro;
TFM – Treinamento Físico Militar;
APH – Atendimento pré-hospitalar;
RCP – Reanimação Cardiopulmonar;
PCR – Parada Cardiorrespiratória;
EFO – Escola de Formação de Oficiais;
CFSd – Curso de Formação de Soldados;
ER – Embarcação de Resgate.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

1 CONTEÚDO

1.1 Histórico

1.1.1 Antecedentes históricos do Corpo Marítimo de Salvamento.

1.1.1.1 As origens

O serviço de salvamento no mar foi instaurado no Estado do Rio de Janeiro


no inicio do século XX tendo como motivação primordial a transformação de uma
cidade portuária para uma com aspectos balneários.
Para se alcançar tal objetivo, foi preciso realizar uma série de
transformações urbanas, dentre elas, construção de novas avenidas, alargamento
de ruas e abertura de túneis em direção à orla da Zona Sul carioca, tornando a
região mais acessível aos cidadãos. Com isso, as praias passaram a atrair um
grande número de visitantes, elevando a frequência de banhistas e,
consequentemente, a incidência de afogamentos. Tal fato deu ensejo, em um
primeiro momento, que fossem aproveitados como socorristas, alguns pescadores,
os quais, atuando com seus barcos, exerciam vigilância sobre os banhistas mais
afoitos que logravam a efetuar, ainda que de maneira empírica, tais salvamentos.
Visto esta necessidade crescente, a Prefeitura da Cidade houve por bem
criar e regulamentar um serviço específico para gerir tal situação. Assim, por meio
do Decreto nº 1.143, de 1º de maio de 1917 (Rio de Janeiro, 1917), assinado pelo
então Exmo. Sr. Prefeito Dr. Amaro Cavalcanti, houve a criação do primogênito

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

serviço de salvamento no mar do Brasil, permanecendo sob controle da prefeitura


até o ano de 1963, ano em que ocorreu a criação do Corpo Marítimo de Salvamento.

1.1.2 Época áurea

O Rio de Janeiro, até 1960, foi capital da nação, beneficiando a Instituição,


com atenção considerável pelas autoridades, gerando crescimento, tanto em bens
móveis e imóveis, quanto no aumento ponderável do seu pessoal.
Tal política expansionista ainda se estendeu alguns anos após a Capital
Federal ser transferida para Brasília, atingindo o seu auge durante o governo do Dr.
Carlos Lacerda.
Este Governador utilizava-se frequentemente da residência oficial situada na
ilha de Brocoió, localizada na Baía da Guanabara a aproximadamente 23 km da
sede do CMS em Botafogo, próximo a ilha de Paquetá, sendo conduzido nos seus
deslocamentos na antiga L-1 (embarcação antiga, de madeira, tipo oceânica, de
trinta e sete pés, que possuía originalmente dois motores Cryscraft 185 HP cada,
que ficou conhecida como a “Lancha do Governador”).

1.2 A atuação dos bombeiros no Corpo Marítimo de Salvamento

1.2.1 O advento dos bombeiros

Por disposição contida no Decreto nº 11, de 15 de março de 1975 (Rio de


Janeiro, 1975), o CMS passou a fazer parte, juntamente com o CBERJ, do
Departamento Geral de Defesa Civil, da Secretaria de Segurança Pública,
exercendo cumulativamente a função de Diretor desse departamento, o
Comandante Geral do CBERJ (Junior N. B., 1986).
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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Uma das consequências marcantes de tal fato, foi a nomeação pelo DOERJ
nº 89, de 14 de maio de 1978, do Cap BM Laureano Barbosa Junior, para o cargo de
Diretor da DITRAMAR – Divisão de Transporte Marítimo do Corpo Marítimo de
Salvamento.
Este sendo exonerado, foi designado pelo DOERJ nº 234, de 05 de
setembro de 1980, para o cargo de Diretor daquela Instituição, Cel Hélcio
Magalhães, oficial oriundo da primeira turma da EFO, e que nomeou como Chefe do
Gabinete do Diretor do Corpo Marítimo de Salvamento o Major BM Nilton de Barros
Junior, em cumprimento ao publicado no DOERJ nº 234, de 05 de dezembro de
1980.

1.2.2 Óbices do Corpo Marítimo de Salvamento

A Transferência da Capital Federal para Brasília, com a consequente


diminuição no volume de verbas e no ingresso de pessoal, ocasionando reflexos
diretos no quantitativo e qualitativo dos bens móveis e imóveis a serem adquiridos,
bem como a manutenção dos antigos. A reboque o CMS deixou de ser uma unidade
orçamentária, o que veio a esvaziar, ainda mais, os seus recursos, além do
esvaziamento do efetivo, em função de aposentadorias não preenchidas por novas
inclusões, todos esses fatores fragilizaram o Corpo Marítimo de Salvamento interna
e externamente.

1.2.3 Estratégia administrativa adotada

Em vista do cenário apresentado, optou-se por uma estratégia cujos efeitos


frutificassem simultaneamente tanto sobre os óbices, quanto sobre as causas que os
motivaram.
Para tanto, buscou-se basicamente, desencadear ações que propiciassem a

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

agregação entre os diversos núcleos de pessoal existente no CMS, ou seja, guarda-


vidas das diferentes áreas litorâneas, artífices, policiais, bombeiros, pessoal da
administração, dentre outros, procurando estabelecer-se o espírito de corpo da
instituição. Para tanto, foram desenvolvidas as seguintes atividades com o intuito de
solucionar alguns problemas, dentre eles:
criação de um jornal, com o sugestivo nome de “A Gaivota”, com a finalidade
de veicular assuntos de interesse do público interno e acelerar a integração dos
integrantes do grupo;
com o aproveitamento de frutos do mar, advindos da pesca, alguns almoços
de confraternização foram feitos nas sedes de salvamento visando unir os
funcionários e propiciar um ambiente salutar de trabalho;
foram realizadas diversas provas de natação, atletismo e desportos
coletivos, divididas por idade;
criação da equipe de futebol de campo e water polo, as quais participaram
de competições com equipes representativas do CBERJ e do Clube de Regatas do
Flamengo, respectivamente;
reativação de provas profissionais, com provas específicas das atividades
exercidas pelos guarda-vidas, tais como: Salvamentos simultâneos, “Quebra de
Botija” (Prova em que o guarda-vidas dentro d’água de olhos vendados e munido de
bastão, esforçar-se para quebrar um recipiente de barro, acima de sua cabeça).
realização, no “Dia do guarda-vidas”, dia 28 de dezembro, de
demonstrações profissionais na Praia de Copacabana, que foram veiculadas para
todo o Brasil, através do programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão;
cerimônia de entrega de medalhas aos dez guarda-vidas que realizaram
maior número de socorros, naquele ano – 1981, com a presença de Maria Lenk, a
notável nadadora brasileira;
com a abertura de novo concurso para guarda-vidas e o ingresso de dezoito
novos funcionários, deu andamento ao primeiro curso regular de formação de
guarda-vidas do CMS.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

1.2.4 A busca do conhecimento profissional

Utilizando-se de publicações estrangeiras, do contato com profissionais


experientes e pela observação continuada, alargaram-se os horizontes quanto à
parte teórica da profissão.
Na parte prática dos salvamentos, os conselhos e ensinamentos adquiridos
com o Inspetor Wilson Quintanilha, e outros, foram de grande valia.
À medida que se alargava o conhecimento sobre o assunto, maior era a
constatação dos riscos a que estavam expostos os banhistas.
Diante desta situação crítica, foi vislumbrada a atuação de bombeiros
militares no serviço de salvamentos em praias pelo então Major BM Nilton Barros
Junior.

1.2.5 Papel desempenhado pela PMERJ

Apercebendo-se das lacunas então existentes nas praias, no atinente à


segurança contra afogamentos, a PMERJ atribuiu aos policiais responsáveis pelo
policiamento ostensivo das praias, que efetuassem o salvamento às vítimas de
afogamento com o auxílio de apetrechos, tais como boias, cabos, coletes salva-
vidas, rádios transreceptores etc.
Caso fosse de interesse que o serviço de salvamento no mar se tornasse
uma missão do CBERJ, medidas deveriam ser tomadas brevemente.

1.2.6 Modificações conjunturais

O ano de 1982, o país fora marcado por acontecimentos políticos que vieram
a alterar profundamente a conjuntura nacional, dentre elas, destacavam-se as
eleições realizadas no dia 15 de novembro.
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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Como consequência direta das notáveis mudanças então ocorridas, pela


primeira vez, desde a revolução de 1964, foram os Comandos Gerais das Forças
Estaduais assumidas por Oficiais Superiores, das suas respectivas Corporações.
No CBERJ, ainda que interinamente, assumira o Comando Geral, o Exmo.
Sr. Cel BM José Halfeld Filho, acumulando também, a função de Diretor do
Departamento Geral de Defesa Civil, órgão ao qual estava afeto o Corpo Marítimo
de Salvamento.

1.2.7 Primeiro curso de formação de guarda-vidas do CBERJ

Em 11 de Abril de 1983, o Comandante Geral do CBERJ recebeu o


planejamento inicial do Primeiro Curso de Formação de guarda-vidas do CBERJ.
O curso teria carga horária de 800 h/aula com datas previstas para inicio em
05 de maio e término em 12 de agosto de 1983 admitindo candidatos com, no
máximo, 30 anos.
A prova peculiar de natação consistia em o candidato nadar, em piscina, em
qualquer estilo, a distância de cinquenta metros, sendo matriculados então, os
candidatos que obtivessem os primeiros tempos. Foram aprovados e matriculados
cento e três alunos, haja visto que os últimos colocados lograram atingir exatamente
o mesmo tempo.
Houve reuniões com oficiais superiores do EMG do CBMERJ, com a
finalidade de buscar soluções para a problemática das praias, chegou-se à
conclusão, através do 1º Ten BM Gian Carlo de Aste, que o Curso utilizaria, através
de uma parceria, as instalações físicas à beira-mar do Camping Clube Brasil,
localizado no Recreio dos Bandeirantes, defronte para a Praia do Pontal.
Profissionalmente falando, a Praia do Pontal é um excelente campo-escola,
pois apresenta condições ideais para formação dos guarda-vidas, como: águas
revoltas; grandes extensões de areia pesada; pedras adornadas que estendiam mar
adentro; ilhas ao longe.
O programa de instrução foi adaptado do curso para os guarda-vidas do
CMS.
20
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

O Corpo docente foi estruturado da seguinte forma:


Coordenador do Curso:
Maj BM Nilton de Barros Junior
Instrutores Militares:
1º Ten BM Giancarlo de Aste; e
1º Ten BM Robson Milagres Bastos.
Instrutores Civis:
Guarda-vidas Jorge de Carvalho Conceição;
Guarda-vidas Luiz Carlos Batista Chaves;
Guarda-vidas Neil Waldeck Dewulsky Chaves;
Guarda-vidas Luiz Carlos Araújo Alencar;e
Guarda-vidas Robson Soares de Lima.
Apoio:
1º Sgt BM 1/1679 – Celecino Baptista da Costa;
1º Sgt BM 0/790 – Sydney Pereira da Silva;
Cb BM 1/679 – Eliel Fonseca França;
Sd BM 2/81 – Dirceu Bueno de Camargo;
Sd BM 1/598 – João Mário Godinho;
Sd BM 0/1980 – Celso Podestá;
Sd BM 2/2218 – Elisei Pereira da Silva;e
Sd BM 1/3705 – Werther Albuquerque Lima.
Sabedores dos ambientes hostis que os alunos uma vez formados, iriam
encontrar, procurou-se prepará-los para todas as dificuldades que viriam, em relação
aos salvamentos, e também com o contato com a diversidade de pessoas existente
nas praias.
Para atingir tais propósitos, os treinamentos foram desenvolvidos com
extrema dureza, pois se acreditava que um treinamento duro tem como
consequência um desempenho profissional facilitado, e, um treinamento facilitado,
resultaria num desempenho algumas vezes, impossível.
Buscava-se então, despertar nos alunos, uma força interior que os
motivasse a superar a todos os obstáculos, e os instigassem a atingir a todos os
patamares apresentados.
Os alunos viviam acossados pelos três “inimigos” clássicos de qualquer
21
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

guarda-vidas os quais só com grande e continuado esforço poderiam ser superados,


quais sejam: O medo, o frio e o cansaço.
Vivia-se naquele ano, o inverno mais frio dos últimos trinta anos no Estado
do Rio de Janeiro, ficando todos (docentes e discentes), expostos a temperatura de
9º C. Vários alunos pediram desligamento, vítimas dos “inimigos” já citados, e outros
foram desligados compulsoriamente.
Alguns alunos, após passarem por situações traumatizantes sob as ondas,
apresentavam problemas emocionais sérios ao voltarem para o mar. Alguns, em
verdade, não queriam mais voltar para o mar.
Essas pressões, embora suportáveis, tornavam a missão bastante difícil,
porém necessárias para uma melhor formação dos guarda-vidas.
À medida que o curso se aproximava do seu término, a responsabilidade
pesava sobre os ombros dos instrutores, pois desde sua fundação, o CBERJ prestou
serviços inatacáveis à população do Rio de Janeiro, inicialmente na extinção de
incêndios, e a partir de então, atuaria no salvamento de afogados.
Em tal campo, para a Corporação, ainda não existia tradição, antecedentes
ou exemplos a serem seguidos ou não. Além de que, pela primeira vez, bombeiros
atuariam desaquartelados, sem supervisão direta e constante de seus superiores
bem como sem aparelhos que aumentassem suas forças ou que minimizassem os
perigos.
A formatura da primeira turma de guarda-vidas da história do CBERJ foi
realizada em 12 de agosto de 1983.
Dos cento e três alunos que iniciaram o curso, setenta chegaram ao final, ou
seja, um terço deles havia sido vencido pelos nossos eternos “inimigos”: O medo, o
frio e o cansaço.
E assim, no desfile de continência ao comandante, o corpo docente e os
alunos marcharam, ao longo da praia, sob o sol, de fardamento cáqui, botinas, cinto
ginásticos e capacetes, e eram chamados de “os socorristas-de-praia”, pois
demoraria ainda algum tempo para que os militares pudessem usar a camiseta
vermelha, e finalmente serem chamados de BOMBEIROS GUARDA-VIDAS.

1.2.8 A prova de suficiência


22
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Por determinação do Comandante Geral, ao seu término, todo o aparato do


curso foi dissolvido.
Sendo a turma formada por Bombeiros antigos e de recrutas, os primeiros
foram transferidos para o 3º Grupamento de Incêndio – Niterói, e os demais foram
para o Grupamento de Busca e Salvamento, onde foram submetidos à
complementação do CFSd.
No dia 11 de outubro de 1983, foi determinado que os recém-formados
fossem apresentados ao CMS, onde seriam submetidos a uma prova de salvamento
marítimo, perante uma comissão de guarda-vidas, para que fosse avaliado o
desempenho do grupo, visando o seu possível e futuro aproveitamento nas praias,
como auxiliares dos guarda-vidas do CMS.
No dia 13 de outubro do mesmo ano, os formandos se apresentaram na
Base do CMS de Copacabana, liderados pelo Major BM Nilton Barros Junior.
A prova, na Praia do Diabo constou de rebocar um falso afogado, simulando
um socorro. Todos que ali estavam foram “aprovados”.

1.3 A hora e a vez do CBERJ nas praias do Rio de Janeiro

No início do verão de 1984, foram os Bombeiros encaminhados a um


trabalho conjunto com os guarda-vidas do Corpo Marítimo de Salvamento, tendo
consequências imediatas.
A taxa de mortos por afogamento havia baixado a um nível não previsto até
então (cinquenta porcento menos).
A atuação dos bombeiros guarda-vidas era um sucesso. Estava constatado,
que tal serviço não poderia mais ser levado a ser feito sem a participação destes
militares.
A próxima ação do CBERJ foi providenciar medidas visando à implantação
do que à época se chamou de 2º Curso Especial de Salvamento no Mar, tendo em
vista o parecer favorável das autoridades relativamente à pretendida anexação.
Dos cento e cinquenta Bombeiros Militares matriculados, alguns eram
23
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

oficiais, sargentos, cabos e soldados, demonstrando assim o aumento significativo


da relevância do curso junto aos membros da corporação.
Com a saída dos guarda-vidas do CMS das praias, providências foram
tomadas visando à atuação dos bombeiros militares brevemente. Foram adquiridos
binóculos, barracas, cadeiras e outros materiais de salvamento e de apoio ao
serviço, além de ter sido elaborado um plano visando à atuação do CBERJ nas
praias de Copacabana, Ipanema e Leblon, sendo submetido á aprovação do
Comandante Geral.
O amparo legal só se daria no dia 03 de agosto, pela assinatura do Decreto
nº 7452, que, dentre outras disposições, pontifica que as atribuições e competências
do Corpo Marítimo de Salvamento, ficam transferidas para o CBERJ.

1.4 Atividades de salvamento marítimo na atualidade

Atualmente, o serviço de Salvamento Marítimo do CBMERJ, tem em sua


estrutura, o CBA XI – Atividades de Salvamento Marítimo – como órgão de comando
intermediário subordinado ao Subcomando Geral do CBMERJ.
O CBA XI atua planejando o aprimoramento técnico e operacional dos seus
Grupamentos subordinados tendo como principal objetivo o melhor atendimento à
população.
Tem como função emanar diretrizes, além de coordenar e fiscalizar os
procedimentos operacionais padrão buscando a excelência do serviço de
salvamento no mar no Estado do Rio de Janeiro, integrando aos conhecimentos
vigentes sobre atendimentos pré-hospitalares, noções básicas de legislação
marítima e operação de salvamento com Auto Moto Aquáticas, Bote Infláveis de
Resgate e Botes Infláveis, técnica de salvamento com aeronaves, de salvamento em
encostas, de mergulho livre, além de conhecimento básico de ciências específicas
(meteorologia, oceanografia, biologia marinha etc.) e de conhecimento jurídico para
lidar com público sejam prestados com a maior presteza, eficiência e
profissionalismo, reduzindo assim as taxas de mortalidade em toda área de
operação ao mínimo.
24
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O CBA XI tem sob sua subordinação direta:


1º GMar – Botafogo, que abrange as a atividades de salvamento e combate
a incêndios da Baía da Guanabara além do serviço de salvamento nas praias do
Flamengo, Botafogo, Urca e Praia Vermelha.
A Unidade possui também, 02 Destacamentos Marítimos, sendo o 1/M –
Paquetá e 2/M – Praia de Ramos;
2º GMar – Barra da Tijuca, abrange a faixa litorânea entre a Praia da
Joatinga e a Praia da Reserva, incluindo a praia da Barra da Tijuca além do Costão
do Joá.
A Unidade possui também, 02 Destacamentos Marítimos, sendo o 3/M –
Recreio dos Bandeirantes e o 4/M – Barra de Guaratiba;
3º GMar – Copacabana, que tem sua área operacional, as Praias do Leme,
Copacabana, Arpoador, Ipanema, Leblon e São Conrado, incluindo os costões
rochosos nesta região, todas na zona sul da cidade do Rio de Janeiro;
4º GMar – Itaipu, abrange as Praias da Baía da Guanabara, na orla dos
Municípios de Niterói e oceânicas.
O CBA XI também emana doutrina e oferece apoio logístico às Unidades
híbridas não subordinadas, que além de desempenharem serviços de salvamento no
mar, exercem também, serviços de emergências urbanas (incêndios, salvamentos
etc), sendo elas:
26º GBM – Paraty;
10º GBM – Angra dos Reis;
DBM 2/13 – Sepetiba;
27º GBM – Araruama;
18º GBM – Cabo Frio;
9º GBM – Macaé;e
5º GBM – Campos.
Além dessas Unidades, o CBA XI possui sob sua subordinação direta, a
Coordenadoria de Embarcações de Resgate (CER), que tem por finalidade regular
as normas atinentes ao serviço de embarcações de resgate, bem como de prover
manutenção dos referidos equipamentos de apoio ao guarda-vidas.
O Curso de Salvamento no Mar possui 576 horas e tem como sede o 2º
Grupamento Marítimo, mesclando entre turmas internas, para os militares do
CBMERJ que desejam se especializar, e turmas externas sendo seus alunos
25
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oriundos de concursos públicos.


Atualmente o CBMERJ possui 32 turmas formadas na especialidade de
guarda-vidas.

Figura 1 - Fachada principal do 2º Grupamento Marítimo


Fonte: CBMERJ

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2 Oceanografia

2.1 Composição química dos oceanos

Por que o mar é salgado?


Muitos já devem ter se perguntado o porquê de o mar ser salgado, mas
responder essa pergunta é simples, a composição salina dos oceanos é devido ao
produto da dissolução dos minerais contidos nas rochas terrestres, esses compostos
são carreados para os oceanos através da água das chuvas e dos rios. Outra fonte
de alimentação de sais para os oceanos é o manto superior da Terra, as correntes
de convecção agitam lentamente o manto terrestre, essa atividade possibilita o
escape de materiais voláteis aprisionados nas profundezas através de vulcões e
fendas submarinas. Esses voláteis como cloro, enxofre, nitrogênio, entre outros,
juntamente com as intempéries da superfície que propiciam a composição química
atual dos oceanos.
É importante ressaltar que as composições salinas proporcionais dos
oceanos estão em constante equilíbrio, em outras palavras, as proporções entre os
sais dissolvidos nos mais diferentes oceanos permanecem constantes. Isso ocorre
porque a quantidade de sais que entram nos oceanos através das correntes de
convecção do magma, da erosão das rochas terrestres e da dissolução dos
esqueletos internos e externos dos organismos marinhos são perdidos para os
continentes através do spray marinho, da formação de novos esqueletos carbonados
pelos animais que ali vivem e pelas regiões de encontro entre duas placas
tectônicas, onde uma mergulha sobre a outra, e com isso, parte dos sais dissolvidos
na água retornam para o manto da Terra.

27
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 2 - Ciclo dos elementos químicos na atmosfera


Fonte: Fund. de Oceanografia, Tom Garrison, ed. Cengage Learning, trad. da 4 ° ed. norte-americana.

Figura 3 - Composição dos elementos químicos na água do mar


Fonte: https://www.4kepics.com/ocean-salinity-climate-change/

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2.2 Circulação atmosférica

2.2.1 Aquecimento solar desigual, latitude e circulação atmosférica

Próximo à linha do Equador, a quantidade de energia solar recebida pela


Terra excede em grande parte a quantidade de calor irradiado para o espaço. Nas
regiões polares, o oposto é verdadeiro, se não houvesse nenhuma intervenção, o
oceano tropical iria ferver e as regiões polares congelariam por completo, no entanto
o que impede esse desequilibrio é a circulação global do ar e da água. A circulação
de ar é responsável por dois terços do transporte de calor dos trópicos para as
regiões polares. Um esquema simples de circulação de ar pode ser visualizado na
figura abaixo, onde o ar quente expande-se, tornando-se menos denso e ascende,
em contrapartida, quando esse ar esfria ao encontrar uma janela, ele torna-se mais
denso e cai.

Figura 4 - Sistema de convecção do ar atmosférico


Fonte: Fund. de Oceanografia, Tom Garrison, ed. Cengage Learning, trad. da 4 ° ed. norte-americana.

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Exc
Energia
solarabsorv
ida

Figura 5 - Exportação de radiação terrestre


Fonte: Fund. de Oceanografia, Tom Garrison, ed. Cengage Learning, trad. da 4 ° ed. norte-americana.

O gráfico acima mostra o transporte de radiação solar no globo.


Partindo desse modelo, pressupõe-se que o ar aquece nos trópicos, fica
menos denso, ascende e migraria para os polos, onde iria resfriar e ficar mais denso
e descender até atingir a superfície e fluir para os trópicos.

Figura 6 - Células de circulação atmosférica existentes no globo


Fonte: https://pt.slideshare.net/mobile/zequin1/clima-40868704

No entanto, isso não acontece. A circulação global de ar é regulada pelo


aquecimento solar diferenciado e pela rotação da Terra. A rotação de ar para leste
em seu eixo deflete o movimento de ar ou água para longe de seu curso inicial. Essa
deflexão é chamada de Efeito Coriolis, segundo (Miguens, 1996), trata-se de uma
força aparente que atua sobre qualquer corpo em movimento na superfície terrestre,
causada pela rotação da Terra.
Efeito Coriolis:
Para entendermos um pouco mais sobre Efeito Coriolis, podemos imaginar
um observador fixo na Terra, qualquer objeto se movendo livremente ao longo do
globo parece se curvar levemente com relação à sua trajetória inicial. No Hemisfério
Norte essa curva é para direita do caminho esperado e no Hemisfério Sul é para
30
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

esquerda.

Figura 7 - Ciclo do Efeito Coriolis nos Hemisférios


Fonte: Fund. de Oceanografia, Tom Garrison, ed. Cengage Learning, trad. da 4 ° ed. norte-americana.

Ventos alísios:
São ventos superficiais das células de Hadley (células de circulação
atmosférica localizada nos trópicos), que se movem diagonais a linha do equador, no
Hemisfério Norte eles se movem em direção nordeste, no Hemisfério Sul (alísios do
sul), movem-se na direção sudeste.

Figura 8 - Mapa das correntes atmosféricas


Fonte: Fund. de Oceanografia, Tom Garrison, ed. Cengage Learning, trad. da 4 ° ed. norte-americana.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2.3 Frentes frias e frentes quentes

As frentes frias ocorrem com mais freqüência no Brasil, elas são resultadas
do deslocamento de massas de ar polar fria e seca oriundas de regiões polares ou
temperadas do planeta, e ao chocar-se com uma região úmida e quente provoca
grandes precipitações, com grandes índices pluviométricos em um curto período.
As frentes quentes são menos comuns no nosso país, elas são provocadas
por deslocamentos de massas de ar quentes e úmidas, que ao se chocar com uma
região fria e seca provoca chuvas fracas e de grande duração.

Frente fria
Frente quente

Figura 9 - Deslocamentos de massas de ar


Fonte: https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ar/Ar7.php

2.4 Monções, brisa e terral

Monções:
Trata-se de um modelo variável de circulação dos ventos que tem relação
com a estação do ano. As áreas sujeitas a monções geralmente tem verões quentes
e invernos secos e estão ligadas à diferença de calor específico da Terra e da água,
bem como movimento norte-sul da zona de baixa pressão do equador.
32
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Na primavera, o continente aquece mais rapidamente que o oceano


adjacente. O ar sobre o continente se torna mais quente e ascende, o ar
relativamente frio sobre o oceano flui para terra para ocupar o lugar do ar que
ascendeu. O aquecimento contínuo faz com que esse ar úmido também ascenda e
se condense, formando nuvens e chuva.
No outono, o continente se resfria mais rapidamente do que o oceano
adjacente. O ar resfria-se e descende sobre o continente, e ventos secos superficiais
fluem em direção ao oceano.

seco úmido
F M

Frent
Monção de inverno Monção de verão

Figura 10 - Movimento dos ventos nas monções


Fonte: https://www.viajarentreviagens.pt/preparar-a-viagem/moncoes-sudeste-asiatico/

Brisa marítima e terrestre ou terral:


As brisas marinhas e terrestres são mini monções diárias. A luz da manhã
incide sobre a terra e o mar adjacente, esquentando ambos. Entretanto, a
temperatura da água não aumenta tanto quanto a da terra. As rochas mais quentes
do continente transferem calor para o ar, que se expande e ascende, criando uma
zona de baixa pressão sobre a terra. O ar mais frio do oceano move-se em direção
ao continente, formando a brisa marinha.”
Após o pôr-do-sol, a situação é invertida, a terra resfria mais rapidamente
que o mar, depois de algum tempo, o ar sobre o oceano, ainda quente, se torna
mais quente que o ar sobre o continente, esse ar sobre o oceano ascende e a
direção da brisa se inverte, formando o terral ou brisa terrestre. (MAIA, 2016).

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Brisa marinha Brisa terrestre


Figura 11 - Circulação das brisas terral e terrestre
Fonte: http://www.masterantiga.iag.usp.br/ensino/Sinotica/AULA17/AULA17.HTML

2.5 Circulação oceânica

2.5.1 Correntes marinhas superficiais

As correntes marinhas superficiais são formadas pelos ventos. A camada


mais superficial no Hemisfério Sul se desloca aproximadamente 45º para a esquerda
da direção do vento, variação de direção que é provocado por influência do Efeito
Coriolis. O mesmo acontece com a camada de água abaixo dessa inicial, porém ela
se dá pelo atrito provocado pela camada de cima, esse efeito ocorre sucessivamente
nas camadas de água abaixo, com cada camada se movendo com um ângulo
ligeiramente a esquerda e com menos velocidade em relação a camada de cima
devido ao Efeito Coriolis e as perdas de energia provocadas pelo atrito
respectivamente.
A soma desses vetores de deslocamento das camadas de água geram as
correntes superficiais que, no Hemisfério sul tem seu deslocamento perpendicular a
esquerda da direção do vento.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2.5.2 Espiral de Ekman e seu transporte

As correntes marinhas são produzidas devido ao atrito dos ventos


superficiais com a água do oceano, no entanto os ventos influenciam no máximo
uma coluna d’água de 100 metros de profundidade. Mas da mesma forma que o
vento desloca a água por atrito, essa coluna d’água deslocada promove o
deslocamento da coluna de água imediatamente abaixo dela também por atrito, e
essa segunda coluna d’água atrita com a terceira coluna d’água imediatamente
abaixo dela. Esse processo se repete continuamente, no entanto a cada atrito de
uma coluna d’água com a outra, há perda de energia e uma deflexão provocada pelo
Efeito Coriolis. Esses vetores de deslocamento da água podem ser vistos no
esquema abaixo e são chamados de Espiral de Ekman.

Vento

Hemisfério Norte
Hemi

Corren

Transporte
Vent
líquido de

Vento
HemisférioSul

Figura 12 - Espiral de Ekman e o movimento das correntes marítimas


Fonte: Fund. de Oceanografia, Tom Garrison, ed. Cengage Learning, trad. da 4 ° ed. norte-americana.

A maior parte da energia eólica do planeta está concentrada nos ventos


alísios e nos ventos oeste de cada hemisfério e esses ventos, juntamente com o
transporte de Ekman (transporte de água através da força dos ventos) são

35
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

responsáveis pelas principais correntes superficiais dos oceanos, inclusive pela


formação da corrente predominante da costa brasileira, a Corrente do Brasil.

Figura 13 - Espiral de Ekman e o movimento das correntes eólicas


Fonte: Fund. de Oceanografia, Tom Garrison, ed. Cengage Learning, trad. da 4 ° ed. norte-americana.

Transport

Vent

Figura 14 - Espiral de Ekman e o movimento das correntes


Fonte: Fund. de Oceanografia, Tom Garrison, ed. Cengage Learning, trad. da 4 ° ed. norte-americana.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2.5.3 Correntes profundas e massas de água

A Água Antártica de Fundo, a mais distinta de todas as massas de água


profundas,(...) essa água é conhecida pela sua densidade extremamente alta (a
mais densa de todo o oceano global), pela grande quantidade de água produzida
perto da costa da Antártica e por sua habilidade de migrar para o norte ao longo do
leito marinho.
A maior parte da água da Antártica de fundo é formada no Mar de Wenddell
durante o inverno. O sal é concentrado nos espaços entre cristais de água pura e
expelido da massa congelante para formar uma salmoura congelada. (...) A grande
densidade dessa água gelada faz que ela afunde rapidamente em direção à
plataforma continental, onde se mistura com a água da Corrente Circumpolar
Antártica sul em partes iguais.
A mistura ocorre ao longo da borda da plataforma continental da Antártica,
ao longo da elevação continental, e se espalha ao longo do assoalho marinho,
escoando para o norte em lâminas lentas. (Garrison, 2010, p.182).

Figura 15 - Corrente circumpolar Antártica sul


Fonte: https://www.google.com.br/amp/s/sandcarioca.wordpress.com/2015/11/10/o-inicio-da-corrente-circumpolare-

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

antartica/amp/?source=images

Esse afundamento das águas do oceano nas regiões polares, mais


especificamente no continente Antártico, sua migração para regiões tropicais e, seu
posterior afloramento e migração para os polos é chamado de circulação
termohalina, conforme ilustrado na figura abaixo:

Figura 16 - Circulação termohalina


Fonte: http://batepapocomnetuno.blogspot.com/2016/08/circulacao-termohalina.html?m=1

As águas profundas são extremamente importantes para a manutenção da


vida nas profundezas, porque ela é responsável por levar oxigênio a essas regiões
que não possui luminosidade.
Os oceanógrafos costumam a separar as massas de água por onde as
correntes passam, de acordo com sua posição relativa. Em latitudes temperadas e
tropicais, existem cinco massas de água mais comuns:
água de superfície: até uma profundidade aproximada de 200m;
água central: até o fundo da termoclina principal;
água intermediária: até aproximadamente 1500m;
água profunda: abaixo da água intermediária, mas sem contato com o fundo,
até uma profundidade aproximada de 4000m;
água de fundo: em contato com o leito do mar.

38
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 17 - Camadas de massas de água


Fonte: http://cursos.unisanta.br/oceanografia/correntes_marinhas.htm

2.6 Ressurgência e subsidência

O movimento horizontal de água gerado pelo vento pode algumas vezes


induzir movimento vertical na superfície da água, quando esse deslocamento é
ascendente, conhecemos com o nome de ressurgência, mas se o movimento das
águas for descendente é conhecido como subsidência.
A ressurgência pode ser costeira (ocorre sazonalmente em Cabo Frio) e
oceânica ou equatorial.

2.6.1 Ressurgência equatorial

A ressurgência equatorial ocorre devido à combinação da ação dos ventos


Alísios do Norte e do Sul e do efeito de Coriolis, os ventos Alísios do Norte sopram
da direção Nordeste e os ventos Alísios do Sul sopram da direção sudeste,
tendendo a convergirem entre si. Em contrapartida, as correntes superficiais, devido
ao efeito de Coriolis, elas são defletidas 90º para esquerda dos ventos Alísios do Sul
39
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

e 90º para a direita dos ventos Alísios do Norte, ou seja, as correntes superficiais
são defletidas nas direções dos polos e substituída por água mais profunda. A água
ascende nessas correntes superficiais equatoriais, e esse fenômeno é conhecido
como ressurgência equatorial.

2.6.2 Ressurgência costeira

É provocado pelo vento que sopra paralelo à costa. O atrito do vento que
sopra ao longo da superfície do oceano faz que a água comece a se mover, o efeito
de Coriolis deflete a água para esquerda (Hemisfério Sul) e o transporte de Ekman
resultante move a água para a esquerda da direção do vento.Esse fenômeno pode
ser observado na costa do Rio de Janeiro, durante os meses de verão, quando os
ventos de Nordeste são mais predominantes e intensos, somados com a região da
costa brasileira onde a plataforma continental é mais rasa.

Figura 18 - Ressurgência costeira 1


Fonte:https://www.google.com.br/amp/s/descobrindoomar.wordpress.com/2012/09/27/ressurgencia-lendo-e-
entendendo/amp/?source=images

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VENTO
NE

Figura 19 - Ressurgência costeira 1


Fonte:https://www.google.com.br/amp/s/descobrindoomar.wordpress.com/2012/09/27/ressurgencia-lendo-e-
entendendo/amp/?source=images

Os ventos de Nordeste sopram paralelos ao continente, o seu atrito com a


água do mar, promove o deslocamento da água superficial e quente para o oceano
(transporte de Ekman), e em seu lugar as águas frias e profundas afloram, deixando
a água do mar fria durante o verão carioca.
Em contrapartida, quando os ventos sopram de Sudoeste, mais comuns no
inverno, o seu atrito com a água promove o deslocamento da água superficial
oceânica e quente para o continente, intensificando o efeito da preamar das marés
meteorológicas.

VENTO SW

Figura 20 - Ressurgência costeira 2


Fonte:http://salvador-nautico.blogspot.com/2018/05/afloramento-ressurgencia-upwelling.html?m=1

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2.7 El niño

Os ventos alísios ao longo da maior parte do Pacífico Tropical normalmente


se movem de leste (zonas de alta pressão próximos as Américas Central e do Sul)
para oeste (zonas de baixa pressão próximo do norte da Austrália), mesmo sentido
que sopram os ventos superficiais. Apesar disso, por motivos que ainda não são
claros, essas áreas de pressão mudam de lugar em intervalos irregulares que variam
entre três e oito anos, invertendo de posição. Os ventos através do Pacifico Tropical
então invertem sua direção e sopral de oeste para leste – os ventos alísios
enfraquecem ou invertem de direção. Essa mudança na pressão atmosférica é
chamada de Oscilação Sul.
Os ventos alísios normalmente carregam enorme quantidade de água em
direção a oeste ao longo da superfície do oceano de cada lado do Equador, mas à
medida que os ventos enfraquecem, essas correntes equatoriais perdem velocidade
até parar. A água quente que havia sido acumulada no lado oeste do Pacífico –
água mais quente em todo o oceano – pode então se acumular ao leste, ao longo do
Equador, em direção à costa das Américas Central e do Sul, esse fenômeno é
chamado de EL NIÑO. Pescadores peruanos costumavam a utilizar a expressão
CorrientedelNiño para descrever esse fluxo, o que explica o nome atualmente
utilizado. Os fenômenos da Oscilação Sul e do El Niño são acoplados, portanto os
termos são frequentemente combinados para formar o acrônimo ENOS. Um evento
ENOS tipicamente dura um ano, mas alguns já persistiram por três anos.
Durante o período de ocorrência do evento ENOS, a Corrente do Peru tem
seu fluxo interrompido e a região é coberta por água quente. Esse processo somado
com o afastamento das correntes frias da costa da América do Sul devido ao
enfraquecimento dos ventos alísios reduz drasticamente a produção pesqueira local.
Durante os eventos ENOS mais forte, o nível do mar em Galápagos chega a
subir 20 centímetros e a temperatura da água aumenta 7°C. A água mais quente
causa mais evaporação e a área de baixa pressão atmosférica sobre o Pacífico
Leste se intensifica. O ar úmido ascendente sobre essa região causa grande
quantidade de precipitação em área que normalmente é seca. O aumento da
evaporação intensifica as tempestades costeiras, e as chuvas sobre o continente
pode ser muito maior que a média.
42
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No Brasil, os efeitos do El Niño são mais observados no aumento da seca na


região Nordeste, isso porque os ventos alísios estão mais fracos e deixam de levar
umidade do Atlântico para o continente, e frentes frias mais fortes nas regiões Sul e
Sudeste, isso porque as frentes frias, que são naturalmente úmidas, recebem uma
carga extra de umidade oriunda do El Niño, provocando quantidades elevadas de
chuvas nessas regiões do país e ressacas no mar.
O fenômeno La Niña ocorre quando a circulação atmosférica normal volta
com uma força muito grande, produzindo correntes fortes, ressurgência intensa e
condições frias e tempestuosas ao longo da costa sul-americana.

Figura 21 - Mapa termo térmico em condições normais


Fonte: Fund. de Oceanografia, Tom Garrison, ed. Cengage Learning, trad. da 4 ° ed. norte-americana.

Figura 22 - Mapa termo térmico em condições de La Niña


Fonte: Fund. de Oceanografia, Tom Garrison, ed. Cengage Learning, trad. da 4 ° ed. norte-americana.

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2.8 Conceitos básicos de marés

As marés consistem na variação do nível do mar em um determinado local


provocado pela força de atração gravitacional da Lua e do Sol com o movimento da
Terra.
Maré é a oscilação vertical da superfície do mar ou outra grande massa
d’água sobre a Terra, causada primariamente pelas diferenças na atração
gravitacional da Lua e, em menor extensão, do Sol sobre os diversos pontos da
Terra.
A oscilação da maré é consequência, basicamente, da Lei da Gravitação
Universal de Newton, segundo a qual as matérias se atraem na razão direta de sua
massa e na razão inversa do quadrado da distância que as separa. A Lua, devido à
sua proximidade, é o corpo celeste que mais influencia a maré, seguindo-se o Sol,
por força de sua enorme massa. A influência dos demais planetas e estrelas é bem
menos significante.
Os movimentos relativos Sol–Terra–Lua fazem com que as marés sejam
movimentos harmônicos compostos que podem, consequentemente, ser
decompostos em vários movimentos harmônicos simples, expressos por equações
matemáticas.
A Terra e, especialmente, seus oceanos, são afetados pela atração
gravitacional do sistema Terra–Lua e pelas forças centrífugas resultantes de sua
revolução em torno de um centro comum (baricentro ou centro de massa do sistema
Terra–Lua), constituído por um ponto localizado no interior da Terra,
aproximadamente 810 milhas (cerca de 1.500 km) abaixo de sua superfície. A força
gravitacional (Fg) e a força centrífuga (Fc) estão em equilíbrio e, como resultado, a
Terra e a Lua nem colidem, nem se afastam uma da outra no espaço (Figura 22).
(...)
Como a Terra gira cada dia em torno de seu eixo, de Oeste para Leste,
completando uma rotação a cada 24 horas, o ponto da superfície da Terra que fica
na direção da Lua muda e, teoricamente, cada ponto na Terra apresentaria duas
preamares (PM) e duas baixa– mares (BM) no período de 24 horas. Entretanto,
como a Lua gira em torno da Terra no mesmo sentido em que a Terra gira em torno
de seu eixo, o tempo que a Terra leva para efetuar uma rotação completa com
44
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

relação à Lua é de aproximadamente 24h 50m, período conhecido como um dia


lunar. Ademais, como resultado da inclinação do eixo da Terra, as PREAMARES e
as BAIXA-MARES sucessivas não são normalmente de níveis iguais. (Miguens,
1996, p.227, 228 e 229).

Figura 23 - Forças geradoras da maré


Fonte: https://www.ebah.com.br/content/ABAAAAVzcAL/mares-correntes-mare-oceanicas

Figura 24 - Interferência lunar nas marés


Fonte: https://www.ebah.com.br/content/ABAAAAVzcAL/mares-correntes-mare-oceanicas

2.8.1 Marés de sizígia e marés de quadratura

As forças de atração da Lua e do Sol se somam duas vezes em cada


lunação (intervalo de tempo entre duas conjunções ou oposições da Lua, cujo valor,
em dias médios, é 29,53 dias), por ocasião da Lua Nova e da Lua Cheia, produzindo
marés de sizígia, com preamares (PM) muito altas e baixa–mares (BM) muito baixas.
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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

As forças de atração do Sol e da Lua se opõem duas vezes em cada


lunação, por ocasião do quarto crescente e quarto minguante da Lua, produzindo
marés de quadratura, com preamares mais baixas e baixa–mares mais altas.
(DOCPLAYER, 2019)

Figura 25 - Marés de Sizígia e de Quadratura


Fonte: https://www.ebah.com.br/content/ABAAAAVzcAL/mares-correntes-mare-oceanicas

2.8.2 Tipos de marés

Devido ao fato de 1 dia lunar ter aproximadamente 24h 50m, em oposição


ao dia solar de 24 horas, as marés não ocorrem todos os dias à mesma hora num
mesmo local.
Conforme anteriormente citado, o padrão normal de marés é a ocorrência de
2 PM e 2 BM no período de 1 dia lunar (24h 50m). Este tipo de maré é chamado de
semidiurna. A maré semidiurna, então, apresenta duas PM e duas BM no período de
1 dia lunar, sendo o intervalo de tempo entre uma PM e a BM consecutiva de pouco
mais de 6 horas. Normalmente, há apenas variações relativamente pequenas nas
alturas de duas PM ou de duas BM sucessivas. No Brasil, as marés semidiurnassão
46
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

observadas de VITÓRIA, E.S., para o Norte.


O padrão semidiurno, entretanto, vai variar em diversos locais da Terra, em
virtude dos efeitos de massas terrestres, latitude do lugar, águas restritas, fricção
(atrito), viscosidade do meio líquido e do efeito de Coriolis (uma força aparente que
atua sobre qualquer corpo em movimento na superfície terrestre, causada pela
rotação da Terra), produzindo marés diurnas e marés mistas.
As marés diurnas constituem um padrão no qual ocorrem apenas uma PM e
uma BM a cada dia lunar. Geralmente os níveis de duas PM ou BM sucessivas não
variam muito. Áreas de ocorrência: costa norte do Golfo do México, Mar de Java,
Golfo de Tonkin.
As marés mistas constituem um tipo de maré no qual as oscilações diurnas e
semidiurnas são ambos fatores importantes, sendo a maré caracterizada por
grandes diferenças de altura entre duas PM ou duas BM consecutivas. Há,
normalmente, 2 PM e 2 BM a cada dia, mas ocasionalmente a maré pode tornar-se
diurna. (Miguens, 1996, p.230).

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Figura 26 - Tipos de maré


Fonte: https://www.ebah.com.br/content/ABAAAAVzcAL/mares-correntes-mare-oceanicas

Figura 27 - Maré de desigualdades diurnas


Fonte: https://www.ebah.com.br/content/ABAAAAVzcAL/mares-correntes-mare-oceanicas

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2.8.3 Elementos das marés

Segundo (Miguens, 1996), se, em um dado local, for observada a oscilação


rítmica do nível das águas, durante um certo tempo, verifica-se que:
o nível sobe durante algum tempo, período denominado de “enchente”;
atinge um nível máximo denominada “preamar”;
fica um certo tempo estacionado, período denominado de “estofo de
enchente”;
baixa durante um certo tempo, período da “vazante”;
alcança o nível mínimo, chamado “baixa–mar”;
fica estacionado algum tempo, novamente chamado de estofo, só que agora
denominado “estofo de vazante”; e
recomeça a subir, iniciando a repetição do movimento de “enchente”.
Este movimento rítmico é uma função periódica do tempo e pode ser
representado segundo dois eixos ortogonais, onde o eixo vertical indicará a altura da
maré (h) e o eixo horizontal o instante em que ocorre àquela altura (t).

Figura 28 - Elementos das marés


Fonte: https://www.ebah.com.br/content/ABAAAAVzcAL/mares-correntes-mare-oceanicas

Outras definições, segundo Miguens (1996):


Nível médio do Mar (NM): Valor médio em torno do qual a maré oscila. Para
uma determinada oscilação é NM = (PM + BM)/2; para um período longo, equivale
ao nível em que permaneceria o mar se não existissem as marés. O Nível Médio é
normalmente adotado como plano de referência para a medida das altitudes
Amplitude da maré: Distância vertical entre uma PM e uma BM consecutivas,
igual a PM –BM.
Altura da maré: Distância vertical entre a PM e o nível médio do mar em um

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determinado instante
Nível de Redução (NR): nível a que são referidas as alturas das marés e as
sondagens (profundidades representadas nas cartas náuticas). O Nível de Redução
normalmente corresponde ao nível médio das baixa–mares de sizígia nas cartas
náuticas brasileiras. É um nível abaixo do qual o mar não desce senão raramente.
Ciclo da maré:Período de tempo entre uma PM e a BM que se lhe segue.

2.8.4 Utilização das tábuas das marés

As “Tábuas das Marés” constituem uma publicação editada anualmente pela


Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN, Niterói), contendo a previsão para os 47
principais portos, terminais, barras, ilhas oceânicas, relacionados do Norte para o
Sul, e oito portos estrangeiros da América Latina. (Miguens, 1996, p.235).

A Figura 29 reproduz uma página da tábua, onde se observa, segundo


Miguens (1996):
Na primeira linha: O nome do porto, terminal, barra, ilha oceânica ou
fundeadouro, o respectivo Estado da Federação e o ano a que se referem as
previsões.
Na segunda linha: As coordenadas geográficas do local da estação
maregráficae o fuso horário adotado.
Na terceira linha: A sigla da instituição responsável pelas observações, o
número de componentes utilizados na previsão, a cota do Nível Médio sobre o Nível
de Redução e o número da Carta Náutica do porto, terminal, barra ou fundeadouro.
A seguir encontram–se 4 colunas, cada uma referente a um mês, e, no seu
interior, os elementos da maré dia-a-dia.
Para cada dia são informadas as horas e as alturas das preamares (PM) e
baixa–mares (BM) previstas. As horas são representadas com 4algarismos, sendo
que os dois primeiros indicam as horas e os dois seguintes os minutos.
As alturas das PM e BM são dadas em 2 algarismos, representando metros
e decímetros. As alturas indicadas são cotas verticais acima do Nível de Redução.
Eventualmente, quando o número for negativo, a maré estará abaixo do Nível de
50
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Redução.

Exemplo de previsão de marés:


Obter a previsão de maré para Salinópolis, no dia 08/março/1993.
Resposta:
08/mar/93 - 2ª feira - Lua Cheia:
BM a 01h43 de 0.1m e a 13h58 de 0.0 m
PM a 07h32 de 5.6m e a 19h49 de 5.6m
Obter a previsão de maré para Salinópolis no dia 15/março/93.
Resposta:
15/mar/93 - 2ª feira - quarto minguante:
PM a 00h04 de 4.0m e a 12h30 de 4.1m
BM a 06h23 de 1.6m e a 19h02 de 1.5m

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Figura 29 - Tabua de marés


Fonte: https://www.ebah.com.br/content/ABAAAAVzcAL/mares-correntes-mare-oceanicas

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Fatores meteorológicos, como chegada de frentes frias, ventos e mudança


na pressão atmosférica local, podem causar mudanças nas previsões descritas nas
tábuas de marés, promovendo a elevação ou o abaixamento do nível do mar além
dos níveis previstos pela tábua de marés e o atraso ou o adiantamento dos instantes
de ocorrência das preamares ou baixa – mares. Nestas condições, as preamares e
as baixa–mares poderão ter uma amplitude diferente daquela prevista inicialmente.
Tais fenômenos são frequentes nos portos ao sul de Cabo Frio (RJ).
É importante ressaltar que as horas previstas nas tábuas de marés, tanto
para preamares quanto para baixa-mares são horas legais dos fusos horários
padrão dos portos. Caso ocorra horário de verão, deverá fazer a devida atualização
na tábua de marés, adicionando-se uma hora mais em cada previsão inicialmente
descrita.

2.8.5 Correntes de marés

No oceano

Figura 30 - Correntes de marés no oceano


Fonte: Fonte: Fund. de Oceanografia, Tom Garrison, ed. Cengage Learning, trad. da 4 ° ed. norte-americana.

No litoral

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Figura 31 - Correntes de marés no litoral


Fonte: Fonte: Fund. de Oceanografia, Tom Garrison, ed. Cengage Learning, trad. da 4 ° ed. norte-americana.

2.9 Ondas

Existem diferentes tipos de ondas no mar


causadas pelo vento (as que estamos acostumados a ver)
os Tsunamis
as ondas de marés

2.9.1 Ondas causadas pelo vento

Dependem de três fatores:


força do vento
duração do vento
pista
Existe uma escala para definir a força do vento: a escala BEAUFORT (do
seu criador o Almirante Francis Beaufort, em 1806)
Parâmetros das ondas

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Uma onda apresenta Cristas e Cavados e se caracteriza pela sua Altura, sua
Amplitude, seu Comprimento e seu Período.
Dois tipos de ondas são geradas pelo vento:
as Vagas, provocadas pelo vento local com período curto (5-6 s)
as Ondulações (Swell), ligadas à tempestade longe do local, com período
longo (7-30s)

Figura 32 - Parâmetros das ondas


Fonte: http://www.fonologia.org/acustica_osom_2.php

Pleno desenvolvimento do mar


As ondas não crescem indefinidamente. Depois de certo tempo, que
depende da força e duração do vento, elas param de crescer: é o Pleno
Desenvolvimento do Mar.
Estado do mar.
Como defini-lo?
média de altura das ondas
mais comum é utilizar 2 tipos de parâmetros:
H3= média de 1/3 das maiores ondas
H10= média de 10% das maiores ondas
Movimento orbital das ondas
A onda da uma falsa impressão de transporte horizontal da água. Na
realidade, verifica-se que um objeto flutuando na superfície não avança. Seu
movimento é somente vertical, fazendo um círculo (Movimento orbital). As partículas
d´água fazem também esse mesmo movimento. Essa órbita diminui com a
profundidade:
Em água profunda: o movimento cessa antes do fundo. Em uma
profundidade = a ½ do comprimento da onda. É a base da onda. Nesse caso, a
velocidade da onda depende do comprimento dela. Quanto maior, maior é a

55
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velocidade
Esquema da onda em água profunda)

As moléculas
da água
também
realizam um
movimento
orbital que,
entretanto,

Figura 33 - Movimento orbital das ondas


Fonte: Fund. de Oceanografia, Tom Garrison, ed. Cengage Learning, trad. da 4 ° ed. Norte-americana

Em água rasa: em razão do atrito com o fundo, o movimento é elíptico.


Nesse caso, a velocidade diminui quando a profundidade diminui.

Figura 34 - Movimento elíptico das ondas


Fonte: Fund. de Oceanografia, Tom Garrison, ed. Cengage Learning, trad. da 4 ° ed. norte-americana

Interferência de ondas
Quando diferentes ondas se encontram, elas interagem, criando
“interferências” que podem ser:
construtivas
destrutivas
mistas

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Figura 35 - Interferência das ondas


Fonte: https://www.google.com.br/amp/s/m.brasilescola.uol.com.br//amp/fisica/interferenciaondas.htm?source=images

Mudança de direção de ondas


por reflexão;
por difração.

Figura 36 - Mapa de direção das ondas


Fonte: http://raiosinfravermelhos.blogspot.com/2013/08/reflexao-de-ondas-em-sununga.html?m=1

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As ondas na praia
Arrebentação por causa da diminuição da velocidade na base. A crista vai
mais rápida e quebra – O tipo de arrebentação depende do perfil da praia

Figura 37 - Ação da profundidade na formação das ondas


Fonte: Fund. de Oceanografia, Tom Garrison, ed. Cengage Learning, trad. da 4 ° ed. norte-americana.

2.9.2 Tsunamis

O que vimos para as ondas de vento é valido para a onda Tsunami.

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Figura 38 - Ação dos tsunamis na formação das ondas


Fonte: https://www.google.com.br/amp/s/dialogospoliticos.wordpress.com/2011/03/12/tsunamis-formacao-origens-e-
causas/amp/?source=images

Efeitos do Tsunami das Filipinas na Baía de Guanabara – Rio de Janeiro


Observados por velejadores no Clube Naval de Charitas, em Niterói - RJ, 24
horas após a ocorrência do abalo sísmico no Oceano Índico
Variação de 2,6 m do nível do mar em 6 horas!!! Normalmente, no Rio de

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Janeiro, marés com variação máxima de 1,4 metros.

2.10 Tipos de praia

As praias são comumente convidativas e aparentemente inofensivas ao


olhar de banhistas leigos, no entanto diversos riscos podem estar presentes no mar
e nas praias.
As praias são divididas em quatro tipos: praia rasa ou dissipativa, praia de
tombo ou refletiva, praia intermediária e praia abrigada. Os três principais perigos
comuns em todas as praias são a profundidade, arrebentação e correntes de
retorno, contudo há outros riscos presentes, como o tipo de fundo (pedra, cascalho,
coral, areia), visibilidade da água, ventos, lixo na areia, entre outros.
A seguir veremos detalhadamente cada tipo de praia com suas
características, definições e principais riscos.

2.10.1 Praia dissipativa ou rasa

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 39 - Domínio dissipativo


Fonte: CBMERJ

Figura 40 - Exemplo de praia dissipativa ou rasa


Fonte: CBMERJ

Segundo Bulhões (2009) “são consideradas praias rasas aquelas com


elevado estoque de sedimentos, onde a transição para profundidades maiores que a
altura dos indivíduos se dá gradativamente e ocorre de fato em distâncias de
dezenas a centenas de metros da praia emersa” e no decorrer da sua extensão
longitudinal é intercalado entre áreas profundas e rasas.
Principais riscos: Devido a pouca profundidade, eleva o risco do choque do
banhista com o fundo em eventuais mergulhos ou devido ao fato do mesmo ser
arremessado pelas ondas contra o fundo do leito marinho, podendo provocar lesões
na coluna cervical. Também é importante ressaltar o fato do banhista ter que se
afastar muito da praia para se banhar pode deixá-lo vulnerável a afogamentos, além
da grande quantidade de correntes de retorno presentes nesses tipos de praias,
lugares esse onde ocorrem as maiores incidências de afogamentos.
61
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Características físicas:
tamanho do grão de areia - pequeno;
declividade da praia - pequeno;
quantidade de ondas - grande.

2.10.2 Praia de tombo ou refletiva

Figura 41 - Domínio refletivo


Fonte: CBMERJ

Figura 42 - Exemplo de praia de tombo


Fonte: CBMERJ

Definição: A topografia da praia se torna funda quando a transição até uma


altura maior do que o indivíduo se dá rapidamente em um pequeno espaço
percorrido logo após adentrar no mar.
Principais riscos: Adultos experimentam problemas quando são atingidas
62
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

uma profundidade maior que sua altura e as crianças quando a profundidade atinge
a altura da cintura, isso na maioria das vezes ocorre devido a imprudência dos
banhistas por não respeitarem a sinalização de perigo ou por tentar superar seus
próprios limites.
Características físicas:
tamanho do grão de areia - grande;
declividade da praia - grande;
quantidade de ondas - média.

2.10.3 Praia intermediária

Figura 43 - Exemplo de praia intermediária


Fonte: CBMERJ

As praias de profundidade variável são aquelas que apresentam bancos,


calhas, canais transversais, e face da praia de elevado ou baixo gradiente, ou seja,
são praias onde a topografia do fundo muda constantemente, ditas intermediárias.
(Bulhões, 2009)

Principais riscos: Devido a mutabilidade da topografia do fundo, que pode


variar em questão de horas. Essa variação se dá devido à incidência de ondas e
sistemas de correntes que reposicionam os sedimentos na linha de arrebentação, o

63
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

que pode também proporcionar o transporte de banhistas de uma região rasa para
outra mais profunda.
Características físicas:
tamanho do grão de areia - médio;
declividade da praia - média;
quantidade de ondas - média.

2.10.4 Praia Abrigada

Figura 44 - Exemplo de praia abrigada


Fonte: CBMERJ

Definição: São praias de topografia variável, com baixa ou nenhuma


incidência de ondas e correntes.
Principais riscos: O seu principal risco é a baixa visibilidade da água atrelada
a profundidade variável, o que pode provocar lesões na cervical em mergulhos onde
a profundidade é desconhecida e afogamentos em regiões repentinamente
profundas “buracos”.
Características físicas:
tamanho do grão de areia - pequena.
declividade da praia - variável;
quantidade de ondas- pequena.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2.11 Valas ou corrente de retorno

Definição e formação: Correntes de retorno são formadas pelo refluxo do


volume de água transportado pelas ondas após sua precipitação nas praias. Após a
precipitação das ondas, o volume d’água que se desloca em direção ao continente é
levado para escavações paralelas à praia, chamadas de valões ou correntes laterais
ou ainda correntes alimentadoras, esse volume de água é deslocado para uma
corrente perpendicular, chamada de vala ou correntes de retorno, e nessa
correnteza, o volume de água é maior, porque trata-se do somatório do volume de
água de dois valões, tamanho volume de água retornando para o mar provoca
escavações profundas e correntezas muito fortes. Nessas correntes de retorno
ocorrem os maiores índices de afogamentos nas praias.

Figura 45 - Ilustração das correntes de retorno


Fonte: https://www.surfertoday.com/surfing/9748-rip-currents-are-a-deadly-beach-hazard-in-australia

Características: São compostas de três partes, boca, pescoço e cabeça, a


frente da boca geralmente possui uma escavação, chamada de escarpa praial,
produzida pelo encontro de duas correntes laterais (alimentadoras). As correntes de
retorno são delimitadas por dois bancos de areias, as ondas quebram com menor
frequência, são mais evidentes em marés baixas, apresentam coloração diferente
das outras regiões do mar (mais clara em ressacas, devido ao grande transporte de
partículas sólidas ou coloração mais escura em dias de mar calmo, devido a região
ter uma maior profundidade), são encontradas perpendiculares ou diagonais à praia
65
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

e em sua superfície apresenta pequenas ondulações.


A classificação pode ser de acordo com a localização e o tempo de duração:
Quanto à localização:
correntes de retorno fixa: São localizadas próximas a obstáculos naturais ou
artificiais, como costões rochosos e pedras submersas. Temos como exemplos mais
comuns no Rio de Janeiro a “vala da Help” em Copacabana e a “vala do Bob’s” na
Barra da Tijuca.

Figura 46 - Ilustração de corrente de retorno fixa


Fonte: CBMERJ

Corrente de retorno permanente: São as que permanecem durante meses


em uma mesma localização, apresentando apenas pequenas variações.

Figura 47 - Ilustração de corrente de retorno permanente


Fonte: CBMERJ

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Quanto ao tempo de duração:


corrente de retorno temporárias: São formadas principalmente durante
ressacas e duram apenas algumas semanas. Elas são formadas principalmente
devido ao grande volume de água transportado pelas ondas em ressacas para a
praia e o seu retorno pelas valas fixas e permanentes tornam-se insuficientes,
formando assim as valas temporárias.

Figura 48 - Ilustração de corrente de retorno temporária


Fonte: CBMERJ

Corrente de retorno instantâneas: são formadas após a chegada de uma


série de ondas à praia, de forma que as valas fixas e permanentes não comportem o
retorno de seu volume de água para o mar.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 49 - Ilustração de corrente de retorno instantânea


Fonte: CBMERJ

Transporte ao longo da praia:


Se a encosta submersa no assoalho oceânico for íngreme, o sedimento
erodido será drenado rapidamente para águas profundas. Se a encosta não for
demasiada íngreme, o sedimento será transportado ao longo da costa pela ação de
onda e corrente. O movimento de sedimento (normalmente areia) ao longo da costa,
conduzido pela ação da onda, é chamado deriva litorânea, que ocorre de dois
modos: a onda dirige o movimento da areia ao longo da praia exposta (figura 51), e
a corrente de deriva movimenta a areia na zona de surfe somente para costa afora
(figura 50). (Garrison, 2010, p.243)

Ondas paralelas à praia

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 50 - Movimento das aguas paralelas à praia


Fonte: https://cientistasfeministas.wordpress.com/tag/corrente-de-retorno/

Ondas oblíquas em relação à praia


Segundo (Garrison, 2010), uma corrente longitudinal movimenta o sedimento
ao longo da linha de costa entre a zona de surfe e o limite superior da ação de onda.

Figura 51 - Movimento obliquo das aguas em relação à praia


Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-4-Geracao-de-correntes-de-deriva-litoranea-fonte-modifi-cado-
de-Strahler_fig1_303299668/amp

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2.12 Movimento sazonal da areia

O material das praias pode variar de matacão, blocos, seixos e casacalhos a


silte muito fino. (...)
Em praias de granulação fina, a capacidade de as partículas pequenas e
angulosas agregarem-se dificulta a percolação da água para baixo da da superfície
da praia; assim, o fluxo das ondas rapidamente empurra na praia , transportando
partículas superficiais em direção ao oceano. Esse processo resulta em um
gradiente suave. As praias amplas e planas igualmente têm grande área na qual a
energia da onda se dissipa, produzindo um ambiente calmo para a deposição das
partículas finas de sedimentos. No entanto, as partículas grossas não se agregam e
permitem que a água passe rapidamente entre elas. (...)
A principal característica de qualquer praia é a berma (ou bermas), uma
acumulação de sedimentos que ocorre paralelamente ao litoral e as marcas do limite
normal de deposição de areia pela ação das ondas. O topo pontudo da berma
superior, chamado de crista de berma, é normalmente o ponto mais alto de uma
praia. Ele corresponde ao limite da ação da onda durante as marés mais altas. No
ponto interior da crista da berma, até o ponto mais distante onde a areia da praia é
depositada, está a pós-praia, que é a porção relativamente inativa da praia e que
pode conter dunas eólicas e gramíneas. A partir da crista da berma, rumo ao mar, a
face da praia (face praial), é a zona ativa da praia, lavada pelas ondas durante a
subida e descida diária das marés. (...) Abaixo da marca da maré baixa, a ação da
onda, o refluxo turbulento e as correntes longitudinais escavam uma calha
longitudinal paralela ao litoral. Bancos longitudinais irregulares (acumulações de
areia submersa ou expostas) completam o perfil rumo ao mar. (...)
Grandes ondas de tempestades podem reajustar a praia em um dia,
transportando milhares de toneladas de sedimentos da praia para bancos arenosos
submersos em mar aberto. (Garrison, 2010, p.242 e 243)

O padrão citado acima mostra o transporte sazonal da areia nas praias,


onde durante os períodos do inverno, devido às ressacas provocadas por uma
incidência maior de tempestades, promove uma maior energia cinética dos oceanos,
fazendo com que a areia seja transportada para o mar, sendo depositadas em
70
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

bancos de areia submersos. Em contrapartida, durante o verão, com menor


incidência de ressacas e tempestades, o mar vai depositando gradualmente toda a
areia na praia novamente.

2.13 Vida marinha

Os oceanos são os berçários da vida no planeta, onde tudo surgiu e são os


biomas que possuem uma das maiores biodiversidades da Terra. Muitas das
espécies que vivem nos oceanos podem ser venenosas, toxicas ou alergênicas ao
ser humano, este capítulo vai se ater apresentar as espécies mais comumente
encontradas nas praias que possam provocar algum acidente ou que o guarda-vidas
possa fazer uso dela para reduzir o tempo resposta no socorro.

2.13.1 Algas

Existem diversos tipos de algas viventes nos oceanos, elas são as principais
fontes de produção de oxigênio na atmosfera. As algas unicelulares podem ser
pardas (reino procariota), vermelhas (reino procariota), verdes (reino plantae) e
cianobactérias (reino monera) e as algas filamentosas, que são macroscópicas
(reino plantae).
É necessário que o guarda-vidas saiba identificar os locais dos costões
rochosos que possuam algas, isso porque a região onde elas estão localizadas
ficam muito escorregadias quando molhadas, podendo provocar sérios acidentes.
Normalmente essas regiões se apresentam nas cores pretas (compostas por
cianobactérias) ou verdes (compostas por algas verdes).

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Figura 52 - Algas nos costões


Fonte: http://www.informarubatuba.com/fauna-tamoia---05?lightbox=cy71

2.13.2 Cracas

São animais sésseis que vivem fixos nos costões rochosos. Eles são de
suma importância para os guarda-vidas que trabalham próximos aos costões, isso
porque é a região onde o guarda-vidas deve se deslocar. Normalmente fica entre
regiões de algas e possui uma coloração mais clara.
O perigo é que essa região é altamente cortante, se por acaso o cidadão
pisar sobre a região de algas ele vai escorregar e cair sobre a região de cracas, o
que vai ocasionar lesões cortantes com alto potencial de infecção. Em casos de
acidente, a região deve ser lavada com água corrente e sabão, água oxigenada e
soro fisiológico, posteriormente deve-se aplicar pomadas cicatrizantes.

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2.13.3 Cnidários

São indivíduos únicos ou colônias de animais que parte do seu ciclo de vida
possuem indivíduos que nadam fracamente na coluna d’água. Os principais
representantes são as águas-vivas e as caravelas, a maioria das águas-vivas e as
caravelas produzem uma substância tóxica urticante que produz irritação e sensação
de queimadura na pele. Essa substância é liberada pelos nematocistos, que são
estruturas microscópicas em formato de arpão que perfuram a pele e libaram a
toxina na pele do humano. A função dessa estrutura é imobilizar ou atordoar presas
e predadores naturais, no entanto acidentes com o ser humano é frequente nas
praias.
O tratamento de queimaduras por água-viva é aplicação de vinagre no local
atingido, o vinagre possui ácido acético que neutraliza os nematocistos não
disparados, impedindo que agrave a lesão. É importante checar com a vítima antes
da aplicação do vinagre se a mesma é alérgica ao produto, casos de alergia ao
vinagre são raros, mas é sempre bom verificar antes da aplicação.

2.13.4 Peixes

Há diversas espécies de peixes nos mares do mundo, mas os acidentes


mais frequentes são cos os peixes que possuem ferrão. Ferrão são estruturas de
defesa desses animais contra predadores, normalmente são adjacentes as
nadadeiras peitorais, dorsais, pélvicas, anais e caldais. Sua maioria não possui
toxina, mas o acidente com essa estrutura é altamente infeccioso.
Em casos de acidentes com os ferrões a ferida deve ser lavada com água
corrente e sabão, água oxigenada e soro fisiológico, posteriormente deve-se aplicar
pomadas cicatrizantes.

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Figura 53 - Exemplo de ferimento com peixe de ferrão


Fonte: https://www.google.com.br/amp/s/sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,mais-um-banhista-e-ferido-com-
ferrao-de-bagre-no-litoral-de-sp,10000007311.amp?source=images

Outros acidentes possíveis de acontecer com peixes são mordidas. Essas


são mais raras e o tratamento é o mesmo a ser usado em casos de acidente com os
ferrões.
Os casos que mais mexem com as pessoas e envolvem acidentes com
animais marinhos são os ataques de tubarão. Eles até são possíveis de ocorrer, mas
só acontecem em regiões com alto desequilíbrio ecológico. Ataques de tubarões à
humanos são mais frequentes nas praias do Recife.
Existem vários fatores que explicam esses ataques, mas os especialistas
consideram que talvez o principal deles tenha sido a construção do porto de Suape,
ao sul de Recife. Ele foi inaugurado em meados da década de 80, mas passou a
funcionar a pleno vapor a partir dos anos 90. E foi exatamente nessa última década
que começaram a explodir os ataques de tubarões nas praias metropolitanas de
Recife - foram cerca de 40 incidentes, causando a morte de 13 pessoas. Antes
desse período, quase nenhum caso havia sido registrado na região. (Vasconcelos,
2011).
Em casos de ataques de tubarão, ligue imediatamente para o quartel, solicite
a ambulância e a Auto Moto Aquática.

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2.13.5 Tartarugas

São répteis, um dos mais antigos animais viventes no planeta. São de uma
forma geral dóceis e não há registro de acidentes com esses animais com humanos.
Contudo existe possibilidade, mesmo que remota e o mais provável são
mordidas, sua mandíbula possuem músculos muito potentes podendo provocar
lesões graves na vítima. Esse animal se locomove lentamente na areia e na água,
que são mais rápidos, evitam a aproximação das pessoas na maioria das vezes.

2.13.6 Mamíferos

Existem diversas espécies de mamíferos marinhos, praticamente todos


encantam as pessoas. Os representantes mais comuns na costa fluminense são os
cetáceos: baleia e golfinho, podendo aparecer lobo e leão marinho eventualmente.
Cabe apresentar a definição de encalhe, sendo aqui descrito como a
situação onde seja identificado um animal marinho vivo na praia incapaz de retornar
à água ou necessitando de cuidados médicos, ou animal morto na praia.
O encalhe de animal marinho é uma situação de emergência que
envolve risco de vida para os animais envolvidos e para as pessoas próximas a eles,
tendo em vista quesão animais selvagens e podem trazer inúmeras doenças
desconhecidas em humanos (zoonoses), tornando-se necessário agir de forma
coordenada e saber quais órgãos, instituições e pessoas capacitadas devem ser
acionadas.
Notificar de forma célere as instituições responsáveis sobre uma ocorrência
com animais marinhos nos moldes citados no parágrafo anterior é essencial para a
sobrevivência do animal, assim como prestar auxílio aos biólogos e veterinários dos
órgãos responsáveis no local do evento, seguindo estritamente as orientações
dadas pelos mesmos para manejo e conservação dos animais vitimados.
O Procedimento Operacional Padrão (POP) para encalhe de cetáceo deverá
ser seguido nesse caso, o qual orientará o guarda-vidas e a Unidade envolvida a

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intervir de maneira adequada no socorro. Como medidas iniciais de ação e de


segurança, devemos proceder:
A Organização de Bombeiro Militar que atenda a área operacional, com
atividades de prevenção e salvamento marítimo, e tenha conhecimento do encalhe
deverá de imediato: Avisar o COCBMERJ; Avisar o CBA a que está subordinado;
Avisar o CBA XI; Reunir informações básicas de: tamanho aproximado, aspecto
(vivo, morto, machucado, dilacerado, etc), coloração, e hora aproximada em que
ocorreu o encalhe; Fazer fotos diversas em diferentes ângulos do animal para
registro e identificação; Montar uma base operacional (Posto de Comando Avançado
– PCAV) próximo, ou no local do encalhe, pois o trabalho de resgate pode ser
demorado, pois depende de uma série de fatores, incluindo a variação de maré,
exigindo reuniões periódicas do Comando para decisão de início da operação.
Medidas de Segurança: Proceder ao isolamento mantendo a população
afastada a uma distância mínima de 50 metros, solicitar a população para não tocar,
capturar ou alimentar e solicitar a população para não tentar recolocar na água.

2.13.7 Aves marinhas

Ocorrências mais comuns são com aves marinhas, nesse caso o guarda-
vidas deve tomar cuidado ao manusear o animal, pois ele pode agredi-lo. O ideal é
que utilize uma luva de couro e faça contato com a Unidade para providenciar a
remoção. A Unidade deverá acionar o órgão de proteção ambiental local, que
encaminhará a ave para cuidados veterinários e reabilitação ao meio ambiente. É
importante ressaltar que pinguins não devem ser colocados em isopores com gelo
ou geladeiras.

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3 Prevenção ao Afogamento

A palavra prevenção possui como uma de suas definições em dicionário, ser


o conjunto de medidas ou preparação antecipada de algo que visa prevenir um mal.
Tomando por base tal definição, fica entendido que prevenção seria o conjunto de
medidas ou preparação antecipada de afogamento, seja este ocorrido em praias,
rios, lagos, costões, mirantes etc.
Prevenção é a melhor forma de impedirmos um afogamento sendo a
maneira mais eficiente de salvar vidas, evitando a intervenção efetiva do guarda-
vidas com objetivo de realizar o salvamento, não expondo a vítima aos perigos do
ambiente aquático.

3.1 Ações Preventivas

Podemos citar algumas formas de intervenção preventiva adotadas no


serviço de salvamento marítimo, sendo elas:
Comunicação verbal, de forma a orientar os banhistas com relação aos
riscos daquele local específico da praia;
Avisos sonoros, por meio da utilização de apito ou emissão de mensagens
gravadas, no intuito de advertir banhistas que estejam se colocando em local de
risco;
Distribuição de panfletos informativos sobre segurança no mar, rios, lagos e
ambientes aquáticos em geral;
Colocação de bandeiras de sinalização e/ou placas indicativas ou
explicativas sobre as condições de segurança contra afogamento e acidentes
diversos;
Instalação de totens explicativos sobre regras de segurança na praia,
significado das bandeiras de sinalização preventiva e orientação sobre como agir
caso esteja em alguma região sob ação da corrente de retorno;
O Projeto Botinho é um curso do tipo colônia de férias que beneficia crianças
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e adolescentes de 7 a 17 anos, e que acontece desde 1963 com o intuito de difundir


a cultura de prevenção a afogamento e acidentes marítimos por meio de atividades
lúdicas e orientadas;
Divulgação nas mídias sociais e/ou meios de comunicação sobre segurança
no mar, rios, lagos e ambientes aquáticos em geral;
Palestras educativas nas escolas, faculdades e similares, orientando e
divulgando as condutas de segurança no ambiente aquático.

3.2 Sinalização Preventiva

As bandeiras e placas de sinalização devem ser empregadas pelos guarda-


vidas, baseando-se na análise prévia dos locais de possível risco aos banhistas,
indicando os pontos mais propícios ao banho, os pontos de maior risco de
afogamento ou ainda se há condições de banho naquele local.
A seguir são apresentados os modelos das bandeiras, placas indicativas e
totens utilizados para sinalizar e prevenir afogamentos e outros acidentes:
BANDEIRA VERDE: Indica que, naquele local, as condições para banho são
favoráveis e o risco de afogamento é baixo. Deverá ser colocada na faixa de areia
próxima ao mar e nos postos de salvamento;

Figura 54 - Bandeira de sinalização verde


Fonte: CBMERJ

BANDEIRA AMARELA: Indica que, naquele local, há fatores de risco ao

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banhista, condições que podem ocasionar afogamento. Deverá ser colocada na


faixa de areia próxima ao mar e nos postos de salvamento;

Figura 55 - Bandeira de sinalização amarela


Fonte: CBMERJ

BANDEIRA VERMELHA: Sinaliza que o local não é adequado para banho e


há alto risco de afogamento. Deverá ser colocada na faixa de areia próxima ao mar e
nos postos de salvamento;

Figura 56 - Bandeira de sinalização vermelha


Fonte: CBMERJ

BANDEIRA ROXA: Indica a presença de animais marinhos que podem ser


nocivos aos banhistas. Deverá ser colocada na faixa de areia próxima ao mar e nos
postos de salvamento;

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Figura 57 - Bandeira de sinalização roxa


Fonte: CBMERJ

A placa “NÃO ENTRE ALTO RISCO DE AFOGAMENTO” representa perigo


e é colocada para indicar que, naquele local, existe uma corrente de retorno que
pode arrastar o banhista para longe e causar afogamento no mar. Uma bandeira
vermelha triangular é utilizada junto com a placa, com o objetivo de facilitar sua
visualização pelos banhistas, devido ao movimento com a ação do vento;

Figura 58 - Placa “NÃO ENTRE ALTO RISCO DE AFOGAMENTO


Fonte: CBMERJ

A placa “NÃO ULTRAPASSE ESTE PONTO RISCO DE MORTE” significa


que naquele ponto há risco de acidente seguido de afogamento. Ela é colocada em
locais que possuem pedras escorregadias, pedras com inclinação elevada, locais
onde o mar está lavando e outros;

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Figura 59 - placa “ÁREA NÃO PROTEGIDA POR GUARDA-VIDAS”


Fonte: CBMERJ

A placa “ÁREA NÃO PROTEGIDA POR GUARDA-VIDAS”, informa que


determinada faixa de areia e/ou praia não possui, no momento, supervisão de
guarda-vidas. Algumas serão fixas em postos ainda não ativados e outras móveis
em postos desativados no período de baixa temporada;

Figura 60 - placa “ÁREA NÃO PROTEGIDA POR GUARDA-VIDAS”


Fonte: CBMERJ

A placa “ENTRADA E SAÍDA EMBARCAÇÃO DE RESGATE” sinaliza o local


onde as embarcações de resgate da corporação transitam na areia, informando aos
banhistas para manterem distância. Elas devem formar um “curral” de isolamento do

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percurso até o mar.

Figura 61 - Bandeira de sinalização embarcação de resgate


Fonte: CBMERJ

A placa informativa (Totem) possui informações diversas de segurança e o


significado das sinalizações preventivas de afogamento. Ela será colocada em
acessos aos locais de banho para que os usuários possam se informar e agir com
segurança nos locais de banho.

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Figura 62 - Totem de sinalização


Fonte: CBMERJ

3.3 Conduta Preventiva do Guarda-vidas

Ao chegar ao posto a que está escalado, o militar deverá demandar


inicialmente seus esforços para a realização de eficaz prevenção, lançando mão de
todo material disponível para este fim.

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Entrar no mar a fim de melhor identificar correntezas, valas, fundo, entre


outras condições.
Procurar orientar banhistas antes mesmo de entrarem na água,
principalmente se estiverem em grupo.
Cavar na areia com profundidade adequada um buraco, a fim de posicionar
a bandeira ou placa de sinalização de forma a alertar o cidadão do perigo do local.
Em alguns casos é necessário isolar uma área com fita zebrada ou recurso
semelhante, em virtude da extensão e/ou magnitude da corrente de retorno.
Áreas da praia compreendidas em cantos de pedras devem receber especial
atenção quanto a prevenção, por se tratar de corrente de retorno fixa, normalmente
muito forte e definida.
Pescadores, banhistas e curiosos devem, impreterivelmente, serem
orientados sobre os perigos de transitar sobre pedras antes mesmo de alcançá-las.
Grandes grupos de banhistas como excursões, turistas, e praticantes de
atividades físicas coletivas devem ser considerados como alto risco e, por isso, se
torna necessário, assim que percebida sua chegada na praia, que seja localizado o
organizador ou responsável pelo grupo para orientação sobre as medidas
preventivas.
A bandeira vermelha e a placa (NÃO ENTRE) são consideradas a principal
forma de sinalizar uma corrente de retorno, devendo ser utilizadas uma ou mais
placas, acrescidas lateralmente com bandeiras vermelhas (pode-se usar fita de
isolamento), formando uma barreira física no local, conforme modelo abaixo,
devendo ser considerado o tamanho da corrente de retorno, a fim de tornar a
sinalização mais visível e eficaz. Para a formação da barreira física, deverá ser
adotada distância de até 5,0m de uma bandeira à outra.

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Figura 63 - Modelo de sinalização com placa e bandeiras


Fonte: CBMERJ

3.4 Regras de segurança na praia

Praia somente na presença de guarda-vidas. Procure o profissional


buscando saber qual o melhor local ou região para o banho de mar naquele dia.
As crianças devem permanecer sob supervisão de um adulto durante todo o
tempo. Ao observar uma criança perdida, leve-a ao posto de guarda-vidas
imediatamente. Mantenha atenção nas crianças ao entrarem na água, a distância de
um braço.
Não leve insufláveis ou flutuantes para o mar, você pode ser levado pelo
vento e pela maré para áreas mais profundas e se afogar.
Não entre na água nos locais identificados com bandeira vermelha ou placas
com símbolo de “proibido nadar”. Alto risco de afogamento, mesmo para bons
nadadores.
Confira a profundidade do local onde pretende mergulhar. Evite lesões
incapacitantes para sempre.
Mantenha distância segura de costões e pedras próximas ao mar. Risco de
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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

escorregões ou de ser derrubado por alguma onda.


Mantenha-se afastado das costeiras e pedras: você pode escorregar ou ser
derrubado pelas ondas.
Não entre na água por pelo menos uma hora após as refeições.
Não entre no mar sob efeito de bebida alcoólica. Bebida tira seus reflexos.

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4 Comunicação visual

A comunicação é fundamental durante as atividades de salvamento no mar,


podendo ser realizada verbalmente, pessoalmente ou via telefone/rádio, ou
visualmente.
Muitos são os fatores adversos que impedem a comunicação por rádio
durante um socorro no mar, como: a força das ondas, condições ambientais
desfavoráveis como vento e chuva, e vítima em situação de total dependência do
socorrista. Nesse contexto,o guarda-vidas precisa se comunicar para pedir apoio ou
conduzir o socorro da melhor maneira, com outro militar que pode estar no mar, na
areia, na embarcação ou na aeronave, sendo esta comunicação realizada
visualmente através de gestos padronizados pela Corporação.
O militar comunicador deve chamar a atenção do militar receptor,
comumente utilizando-se o apito. Os gestos e movimentos devem ser realizados
com as palmas das mãos voltadas para o receptor visando ter maior visibilidade.
Serão listados e ilustrados abaixo os sinais utilizados em atividades de salvamento
no mar do CBMERJ:

Sinalização de entendido (“ok”): utilizado pelo militar receptor da mensagem


para confirmar ao militar transmissor que a mesma foi entendida.
Execução: Mãos unidas sobre a cabeça.

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Figura 64 - Sinalização de entendido (“ok”)


Fonte: CBMERJ

Sinalização para afastar-se: utilizado pelo militar transmissor da mensagem


para orientar o militar receptor a afastar-se do ponto onde está o transmissor.
Execução: Dois braços erguidos com as mãos espalmadas para frente.

Figura 65 - Sinalização para afastar-se


Fonte: CBMERJ

Sinalização para aproximar-se: utilizado pelo militar transmissor da


mensagem para orientar o militar receptor a aproximar-se do ponto onde está o
transmissor.

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Execução: Braço direito erguido com a mão espalmada para frente.

Figura 66 - Sinalização para aproximar-se


Fonte: CBMERJ

Sinalização para deslocar-se à direita: utilizado pelo militar transmissor da


mensagem para orientar o militar receptor a deslocar-se para a direita de onde está
o transmissor.
Execução: Braço direito estendido lateralmente com a mão espalmada para
frente, enquanto o braço esquerdo realiza gesto indicando para qual lado o militar
receptor deve se deslocar.

Figura 67 - Sinalização para deslocar-se à direita de quem está comunicando


Fonte: CBMERJ

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Sinalização para deslocar-se à esquerda: utilizado pelo militar transmissor


da mensagem para orientar o militar receptor a deslocar-se para a esquerda de onde
está o transmissor.
Execução: Braço esquerdo estendido lateralmente com a mão espalmada
para frente, enquanto o braço direito realiza gesto indicando para qual lado o militar
receptor deve se deslocar.

Figura 68 - Sinalização para deslocar-se à esquerda de quem está comunicando


Fonte: CBMERJ

Sinalização para manter posição (parar): utilizado pelo militar transmissor da


mensagem para orientar o militar receptor a parar no ponto em que está.
Execução: Os dois braços estendidos lateralmente com as mãos
espalmadas para frente.

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Figura 69 - Sinalização para manter posição (parar).


Fonte: CBMERJ

Sinalização de “não entendi a mensagem”: utilizado pelo militar receptor da


mensagem para informar ao militar transmissor que o mesmo não conseguiu
entender a mensagem que lhe foi enviada.
Execução: Mão direita tocando sobre a cabeça.

Figura 70 - Sinalização de “Não entendi a mensagem”


Fonte: CBMERJ

Sinalização de vítima submersa: utilizado pelo militar transmissor da


mensagem para orientar o militar receptor que alguma vítima do socorro se encontra
submersa.
Execução: Braços cruzados sobre a cabeça.

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Figura 71 - Sinalização de vítima submersa.


Fonte: CBMERJ

Sinalização para solicitação de apoio operacional: utilizado pelo militar


transmissor da mensagem para solicitar ao militar receptor que solicite apoio
operacional (AMA, BIR ou aeronave) para o evento.
Execução: Girar a camiseta na horizontal sobre a cabeça.

Figura 72 - Sinalização para solicitação de apoio operacional.


Fonte: CBMERJ

Sinalização para solicitação de apoio médico: utilizado pelo militar


transmissor da mensagem para solicitar ao militar receptor que solicite apoio médico
(aeromédico ou ambulância) para o evento.
Execução: Acenar lateralmente com a camiseta em movimento amplo.

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Figura 73 - Sinalização para solicitação de apoio médico.


Fonte: CBMERJ

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5 Tipos de materiais

5.1 Equipamento de proteção individual

O equipamento de proteção individual (EPI) se presta à proteção direta do


guarda-vidas contra uma série de intempéries e demais riscos associados ao
serviço, monitorando ou salvando vítimas. Principais EPI são: cobertura, camisa de
lycra, roupa de neoprene, bota de neoprene, luva de neoprene, óculos de sol,
máscara de bolso, protetor solar corporal e labial. Além dos EPI citados, o uniforme
de trabalho do guarda-vidas também deve oferecer proteção.

5.1.1 Chapéu tipo australiano

A cobertura serve para proteção física contra os efeitos nocivos do sol sobre
a pele do guarda-vidas, bem como também ajuda a atenuar os efeitos de perda
calorífica corporal do guarda-vidas que se acentua quando a praia se apresenta em
dias mais frios e/ou mediante a presença de ventos mais intensos e duradouros.
Pode ser do tipo boné ou gorro australiano.

Figura 74 - Chapéu tipo australiano


Fonte: CBMERJ

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5.1.2 Camisa de lycra

A camisa de lycra serve para proteção física contra os efeitos nocivos do sol
sobre a pele do guarda-vidas, bem como também atenua os efeitos de perda
calorífica corporal do guarda-vidas que se acentua quando a praia se apresenta em
dias mais frios, e/ou mediante a presença de ventos mais intensos e duradouros,
e/ou mediante a temperatura mais baixa da água do mar.

Figura 75 - Camisa de Lycra


Fonte: CBMERJ

5.1.3 Roupa de neoprene

O traje de borracha de neoprene serve principalmente para proteção física


contra os efeitos de perda calorífica corporal do guarda-vidas que se acentua
quando a praia se apresenta em dias mais frios, e/ou mediante a presença de
ventos mais intensos e duradouros, e/ou mediante a temperatura da água do mar
mais baixa. Secundariamente, atua na proteção física da pele do guarda-vidas
contra os efeitos nocivos do sol. Em relação ao comprimento da manga e das
pernas, pode ser tiposhort john (sem mangas, com parte pélvica e pernas que

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recobrem até a parte distal da coxa – proteção para tronco, pelve e coxas)
oulongjohn (manga longa, com parte pélvica e pernas que recobrem até o tornozelo
– proteção para tronco, pelve e membros inferiores).

Figura 76 - “Short John” Figura 77 - “Long John”


Fonte: CBMERJ

5.1.4 Bota de neoprene

A bota de neoprene oferece uma barreira de proteção mecânica aos pés


contra possíveis contatos de objetos ou materiais cortantes ou que possam causar
lesões traumáticas. Também possui solas aderentes de borracha que impedem o
escorregamento do guarda-vidas ao caminhar ou correr por superfícies lisas. A
terceira proteção é a térmica, o que permite diminuir a perda calórica para o
ambiente.

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Figura 78 - Bota de Neoprene


Fonte: CBMERJ

5.1.5 Luva de neoprene

A luva de neopreneoferece uma barreira de proteção mecânica às mãos


contra possíveis contatos de objetos ou materiais cortantes ou que possam causar
lesões traumáticas. Também possui acabamento aderente na palma das mãos que
possibilita uma pegada aderente. A terceira proteção é a térmica, o que permite
diminuir a perda calórica para o ambiente.

Figura 79–Luva de Neoprene


Fonte: CBMERJ

5.1.6 Óculos de sol

Os óculos de sol servem para a proteção física dos olhos do guarda-vidas


contra os efeitos nocivos do sol, e também para potencializar o maior alcance da sua
visão (na medida em que minimiza a claridade do sol).

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Figura 80 - Óculos de Sol


Fonte: CBMERJ

5.1.7 Máscara de bolso

A máscara de bolso (do inglês pocketmask) atua como barreira de proteção


física direta do guarda-vidas contra secreções e demais veículos de potencial
contaminação de vítimas de afogamento que careçam de ventilação externa
conforme protocolos de suporte básico de vida do guarda-vidas (SBV).

Figura 81 - Máscara de Bolso


Fonte: CBMERJ

5.1.8 Protetor solar corporal e labial

O protetor labial serve para a proteção física e química dos lábios do guarda-
vidas contra os efeitos nocivos do sol. Já o protetor solar corporal serve para a
proteção física e química da pele do guarda-vidas contra os efeitos nocivos do sol.
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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

5.2 Equipamentos de salvamento

Os equipamentos de salvamento têm por função auxiliar diretamente o


guarda-vidas na realização dos socorros de vítimas de afogamento. Dependendo da
característica do socorro, um ou outro equipamento de socorro tende a ser o mais
indicado.

5.2.1 Nadadeira

Calçado do tipo “pé-de-pato” para fins de facilitar, amplificar e agilizar o


deslocamento do guarda-vidas na água. São do tipo que se utiliza para a prática de
natação, mais curtos que as nadadeiras de mergulho, oferecendo maior frequência
de pernadas e relativa facilidade para deslocamento sobre bancos de areia, pedras
submersas, lajes e costões. Proporcionam maior resistência e propulsão,
empregando-se modelos usuais do universo dos esportes de Bodysurfe (Surfe de
Peito) e/ou Bodyboard. As nadadeiras abreviam o tempo de chegada na vítima e o
tempo do seu reboque até a areia da praia, além de ajudar na transposição de
partes mais fortes das correntes do mar.

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Figura 82 - Nadadeiras
Fonte: CBMERJ

5.2.2 Pranchão de salvamento

O pranchão de salvamento é utilizado em mares com ondas menores ou em


correntes de retorno que se apresentem livres da incidência de ondas. O pranchão
facilita o acesso rápido ao afogado e também o seu resgate. Ele permite, inclusive, a
retirada de todo o corpo da vítima da água, o que aumenta a sensação de
segurança e minimiza os efeitos de hipotermia. Podem-se iniciar procedimentos de
APH com a vítima sobre o pranchão, realizando-se ventilações ainda na água.

Figura 83 - Pranchão de Salvamento


Fonte: CBMERJ

5.2.3 Tubo de resgate

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O tubo de resgate (do inglês “rescue tube”) é uma boia de espuma de


flutuação, em formato de bisnaga com dimensões que possibilitam ao guarda-vidas
envolver uma vítima de afogamento e “clipá-la” ao redor do seu tronco, garantindo
assim a sua flutuabilidade, mesmo sob condições adversas de correnteza e/ou de
pânico e inabilidade de flutuação ativa por parte da vítima. A boia é presa a um
cinturão maleável que o guarda-vidas veste em seu tronco (inserindo um braço e a
cabeça por dentro do cinturão), sendo que uma corda de dimensões reduzidas
conecta uma das extremidades da boia ao cinturão (nessa primeira extremidade
encontra-se afixado também um anel metálico, entre a bóia e o início da corda). Na
outra extremidade da boia encontra-se uma pequena garra de metal que permite
que o guarda-vidas realize o fechamento da boia em torno da vítima, ao contorcê-la
a fim de ligar e afixar as suas duas extremidades (o ato de clipar significa enganchar
a garra ao anel metálico). O tubo de resgate serve, portanto, para auxiliar na
flutuação e no resgate e reboque do afogado, sendo que para o caso de múltiplas
vítimas conscientes ele pode ser usado para auxiliar na flutuação de mais de um
afogado (sem clipar, o guarda-vidas oferece o equipamento para que as vítimas nele
se apoiem, a fim de que possam flutuar com menos dificuldade). Mediante condições
mais suaves da zona da arrebentação, pode ser empregado com a corda reduzida,
visando abreviar o tempo que o guarda-vidas leva no seu manuseio à vítima.

Figura 84 - Tubo de resgate


Fonte: CBMERJ

5.2.4 Embarcação de resgate

A ER é utilizada para salvamento no mar, inclusive na zona de arrebentação.


São 02 (dois) tipos de embarcações utilizadas para esse fim: o Bote Inflável de
101
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Resgate (BIR) e a Auto Moto Aquática (AMA).


O BIR e a AMA se distinguem das demais embarcações por serem rápidas e
capazes de realizar salvamentos na zona de arrebentação das ondas. São
embarcações adaptadas para o resgate de vítimas, sendo largamente utilizadas em
diversos países, tornando-se equipamentos indispensáveis ao serviço de
salvamento marítimo.

Figura 85 - Bote Inflável de Resgate Figura 86 - Auto Moto Aquática


Fonte: CBMERJ

5.3 Equipamentos de apoio ao salvamento ou de prevenção

Os equipamentos de apoio ao salvamento se prestam a auxiliar o guarda-


vidas nas funções complementares durante o serviço, como o monitoramento e
socorro de vítimas no ambiente de trabalho.

5.3.1 Apito

O apito tem por finalidade possibilitar talvez a mais imediata via de


comunicação do guarda-vidas com a população. No ambiente aberto da praia,
potentes silvos de apito alertam imediatamente a população para voltarem a sua
atenção ao guarda-vidas, abrindo espaço para que o mesmo possa lhes comunicar
informações por meio de gestos e/ou bandeiras e/ou verbal, se possível. O guarda-

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vidas mantém o apito afixado à sua camiseta o tempo todo, inclusive dentro d´água
(portanto o mesmo é de plástico e à prova d´água), e assim garante sempre a
possibilidade da sua comunicação (inclusive para com outros guarda-vidas em
postos vizinhos ao seu) ativa e eficiente.

Figura 87 - Apito
Fonte: CBMERJ

5.3.2 Barraca

A barraca possibilita o estabelecimento de um posto de observação


itinerante (normalmente intermediário) do guarda-vidas na areia. A barraca também
possibilita proteção física contra raios solares e ventos (dependendo da sua posição
e da direção do vento). A barraca é composta por hastes de metal e uma lona de
tecido plástico, impermeável e fibras sintéticas.

Figura 88 - Barraca de guarda-vidas


Fonte: CBMERJ

5.3.3 Guarda-sol

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Fundamental para a proteção física contra os efeitos nocivos do sol sobre a


pele e os olhos do guarda-vidas, o guarda-sol também favorece a visibilidade do
guarda-vidas para com a população, uma vez que sua identidade visual é
padronizada com as cores e símbolos do GMar. E para o guarda-vidas, o guarda-sol
serve como referência sempre que é necessário ausentar-se do seu posto, inclusive
servindo para que possa deixar os seus equipamentos de apoio ao salvamento e
EPI.

Figura 89 - Guarda-sol
Fonte: CBMERJ

5.3.4 Binóculos

Os binóculos servem para amplificar a capacidade de visão do guarda-vidas,


ampliando a sua possibilidade de vigiar partes mais distantes dentro da jurisdição do
seu posto, conseguindo acessar, avaliar e melhor distinguir a condição dos
banhistas com comportamento anormal no mar. Mostra-se fundamental para
abreviar o tempo de resposta em caso de socorro, e para aumentar a eficiência na
identificação de um eventual socorro, consequentemente poupando e otimizando a
condição física do guarda-vidas.

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Figura 90 – Binóculos
Fonte: CBMERJ

5.3.5 Boletim de registro de ocorrência (BRO)

O BRO se destina ao registro e documentação dos atendimentos prestados


pelo guarda-vidas, tornando-se ferramenta imprescindível à prestação de contas da
Corporação para com a população, no que toca à utilidade e importância da missão
e do serviço do CBMERJ – inclusive para fins de solicitação de verbas para
investimento, modernização e manutenção da tropa e das dependências físicas das
Unidades. O BRO é disponibilizado na forma de papeletas de anotação.

Figura 91 - Modelo de Boletim de Registro de Ocorrência


Fonte: CBMERJ

105
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5.3.6 Garrafa de água

As garrafas térmicas são utilizadas para hidratação do guarda-vidas com


água, e destinam-se a possibilitar a extensão da sua permanência na areia por
períodos mais longos, minimizando assim a necessidade do mesmo se ausentar ou
ainda distrair-se da sua atividade de monitoramento e socorro no ambiente de
trabalho.

Figura 92 - Garrafa de água


Fonte: CBMERJ

5.3.7 Posto de salvamento

Estrategicamente localizados em pontos mais altos que privilegiam a


visibilidade da área sob a jurisdição do guarda-vidas, e servem como ponto de
referência aos banhistas para solicitação de socorro e informações. Os postos de
salvamento são construídos em alvenaria ou madeira, e também pode ser utilizado
com barraca ou guarda-sol, que se revelam inestimáveis ao cumprimento da
atividade-fim do guarda-vidas para monitoramento e acionamento em caso de
socorro. Fornecem abrigo contra as intempéries do ambiente costeiro típico, e
oferecem ao guarda-vidas um local para guardar os seus pertences ao longo da sua
jornada de serviço.

106
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Figura 93 - Posto de Alvenaria Figura 94 - Posto de Madeira


Fonte: CBMERJ Fonte: CBMERJ

5.3.8 Rádio portátil

O rádio portátil permite a imediata comunicação do guarda-vidas com a


base,outros postos e veículos de apoio. Com características de impermeabilidade, é
identificado com o posto para o qual geralmente se destina. Deve ser acautelado no
início do serviço de dia, e retornado na desativação dos postos de salvamento.
Recarregável, deve ser recarregado entre um serviço e outro, pelo militar
responsável pela sua manutenção e acautelamento na manhã seguinte.

Figura 95 - Rádio portátil


Fonte: CBMERJ

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6 Fases do socorro

6.1 Aviso/observação

O aviso do socorro se trata de toda e qualquer informação de emergência


ocorrida e comunicada ao Corpo de Bombeiros, necessitando então da intervenção
da corporação para sanar tal ocorrência.

6.1.1 Tipos de aviso

O Corpo de Bombeiros pode ser avisado sobre uma emergência de diversas


formas que serão abordadas durante este capítulo, contudo o mais comum para
socorros terrestres é através da chamada telefônica, através do número 193, mas
quando se trata de socorros no mar, a grande maioria dos avisos de socorros são
através de visualização do guarda-vidas destacado nos postos. Abaixo serão
elencados os avisos de socorros mais frequentes quando se trata de salvamento no
mar:
visualização do guarda-vidas: Ocorre quando o guarda-vidas observa a
emergência em sua área operacional e tem uma reação para responder a tal
ocorrência, normalmente o militar corre para efetuar o salvamento, mas ele pode
ligar para o quartel solicitando aeronave, ambulância ou outro apoio operacional que
julgar necessário;
aviso de emergência por populares: Ocorre quando banhistas informam que
avistaram uma emergência no mar (afogamento, embarcação à deriva, naufrágios,
etc) ou no calçadão (mal súbito, atropelamento, colisão, incêndio, etc) e o guarda-
vidas tem que responder ao chamado se deslocando para o socorro ou solicitando
apoio operacional;

108
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ligações telefônicas: São bem menos frequentes quando comparados com


os avisos ocorridos nos GBMs (Grupamentos de Bombeiro Militar), ocorrem
principalmente quando há afogamentos em praias que não são guarnecidas por
guarda-vidas ou fora dos horários de banho. Quando ocorre este tipo de aviso
durante o horário de banho de mar e em área guarnecida por guarda-vidas,
normalmente o militar de serviço no posto já está efetuando o salvamento. A grande
maioria dos avisos telefônicos que são recebidos no GMar (Grupamento Marítimo)
são para apoio operacional de ambulâncias, aeronaves e motos-aquáticas;
avisos via rádio: Ocorrem com mais frequência em situações de crianças
perdidas nas praias. O militar que recebe uma criança perdida no posto ele
comunica via rádio o nome e as características físicas e de vestimentas para que
todos os postos estejam cientes e facilite a localização do menor pelo seu
responsável. A comunicação via rádio pode ser usada também para solicitar apoio
operacional, para pedido de socorro por embarcações e por avisos de socorros
transmitidos pelo Centro de Operações.

6.2 Deslocamento

6.2.1 Deslocamento terrestre

É o deslocamento realizado em ambiente terrestre pelo guarda-vidas do seu


ponto de observação da vítima em situação de risco no mar até sua chegada à face
praial, devendo nunca perder o contato visual com o afogado.
Este deslocamento deverá ser realizado com a maior rapidez e segurança
possível, sendo escolhido o melhor local para a entrada no mar de acordo com a
localização da vítima, as correntes laterais e de retorno e demais variáveis que se
apresentarem naquele cenário.
Deverá sempre ser priorizado o caminho com maior velocidade de

109
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

locomoção disponível podendo ser utilizadas as pistas de rolamento, quando houver


apoio de alguma viatura, ciclovia, calçadão e areia.
Cabe salientar que o militar durante esse deslocamento deverá ser
cauteloso em relação à segurança dos demais banhistas que se encontram em seu
trajeto, principalmente quando estiver de posse de algum equipamento auxiliar,
como tubo de resgate, pranchão ou nadadeiras.

Figura 96 - Deslocamento terrestre


Fonte: CBMERJ

6.2.2 Técnicas de entrada no mar

Para realizar um salvamento, o guarda-vidas deve acessar o ambiente


aquático, porém nem sempre isso é uma tarefa fácil, visto que o socorrista estará
sujeito diretamente à força das ondas e a transposição destas depende de diversos
fatores entre eles: condicionamento físico; utilização de equipamentos corretamente;
e aplicação de técnicas. Estas técnicas devem ser intensivamente treinadas visando
reduzir os riscos a que os guarda-vidas estarão sujeitos no dia a dia de seus
serviços podendo assim realizar o salvamento provendo segurança a si e às vítimas.
Técnica de entrada no mar consiste na maneira mais eficiente de transpor a

110
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

linha de arrebentação do mar no intuito de salvaguardar vidas e/ou bens. Estas


técnicas englobam a busca do melhor acesso de entrada no mar, seja ele pela
corrente de retorno, banco de areia ou costões, mediante avaliação do cenário de
socorro.

Corrida com joelhos elevados


Assim que acessar o espelho d’água, até a profundidade atingir a altura dos
joelhos, deverá ser realizada corrida com elevação dos mesmos com a finalidade de
reduzir a resistência oferecida pela água.

Figura 97 - Corrida com joelhos elevados


Fonte: CBMERJ

Golfinhadas
Após a profundidade atingir a altura dos joelhos, o guarda-vidas deverá
realizar golfinhadas, movimento este favorável ao deslocamento até quando a
profundidade estiver na altura da cintura. Consiste em realizar saltos para frente
tomando impulsão no fundo do mar, após o salto o guarda-vidas realizará
movimento de braços rotacionando-os para trás simultaneamente e em seguida
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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

unindo-os acima da cabeça em posição hidrodinâmica visando reduzir o máximo


possível a resistência da água durante o deslocamento. A técnica correta de
realização das golfinhadas está representada na figura.

Figura 98 - Golfinhadas
Fonte: CBMERJ

Nado de aproximação
Quando a profundidade está acima da altura da cintura do guarda-vidas,
deverá ser realizado o nado de aproximação que consiste em uma variação do estilo
Crawl, o nadador deverá nadar Crawl, porém, com a cabeça para fora da água.
A cabeça do socorrista deverá estar estabilizada, sem movimentos para os
lados, mantendo a visão fixada na vítima até o momento da abordagem. Como esta
elevação da cabeça durante o nado diminui a hidrodinâmica, a manutenção da
posição neste tipo de nado deverá ser compensada com os movimentos dos demais
segmentos do corpo.
O nado de aproximação se faz necessário para que o socorrista mantenha a
vítima no seu campo de visão, assim como também tem o objetivo de fazer com que
o guarda-vidas tenha sempre visualização do ambiente que o mesmo enfrentará,
mantendo uma avaliação constante do cenário de socorro mediante as ondas que
ele estará enfrentando até atingir o local de realização do salvamento.

112
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 99 - Nado de aproximação


Fonte: CBMERJ

Mergulho canivete
Durante o deslocamento para transposição da linha de arrebentação, o
socorrista deverá ter atenção a precipitação e a proximidade das ondas. Sempre que
uma onda ou a espuma formada pela precipitação dessas estiver próxima a atingir o
guarda-vidas, este deverá realizar o mergulho denominado de “canivete” com o
objetivo de escapar do volume de água proveniente da onda.
O mergulho canivete consiste na projeção do corpo formando um ângulo de
ataque em 45˚ com a superfície da água, sempre com as mãos a frente da cabeça e
mantendo o corpo esticado na tentativa de alcançar o fundo de forma que a onda
passe sobre o socorrista. Após atingir o fundo o guarda-vidas deverá realizar
movimentos de filipinas na intenção de progredir enquanto está submerso. Assim
que notar a passagem da onda o guarda-vidas deverá emergir e dar continuidade ao
nado de aproximação.

113
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

O mergulho canivete deverá ser realizado a uma distância entre 10m e 5m


do local de precipitação da onda, variação esta relacionada com o tamanho destas.
Estas sequências serão realizadas até o socorrista conseguir transpor a linha de
arrebentação, ou seja, até ele se colocar em local em que não haja mais
precipitação de ondas. Vale citar que caso não sejam realizados os movimentos
corretamente, a força das ondas poderá fazer com que o socorrista não consiga
entrar no mar.

Figura 100 - Mergulho canivete


Fonte: CBMERJ

6.2.3 Entrada no mar com pranchão

Para acessar o mar utilizando pranchão, o guarda-vidas deverá escolher o


melhor local de entrada, priorizando enfrentar a menor quantidade de ondas
possível, correr com os joelhos elevados e permanecer com o pranchão no braço até
a água na altura dos joelhos, após isto deverá posicionar o equipamento na água e
deitar sobre o pranchão em posição de decúbito ventral.
114
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Feito isto deverá realizar movimentos de rotação de braços visando


impulsionar o conjunto equipamento socorrista para frente (remada), sempre
mantendo a cabeça erguida no intuito de visualização da vítima e visualização das
ondas que podem surgir.
Embora a recomendação seja enfrentar a menor quantidade de ondas
possível, por vezes esta situação se torna inevitável e quando isso ocorrer o guarda-
vidas poderá agir de duas formas:
realizar o movimento de “tartaruga”, que consiste em rotacionar segurando a
prancha colocando-a com as quilhas voltadas para cima, afundando o bico e
levantando a rabeta usando os pés, de forma que a massa de água siga sobre o
guarda-vidas e o pranchão, lembrando que durante o movimento o socorrista deverá
ficar segurando o pranchão de forma a não permitir que a mesma escape do seu
controle, devendo voltar à posição inicial após a passagem da ondulação, podendo
continuar a remada ou realizar o movimento de “tartaruga” novamente até o
momento que não ocorra mais incidência de ondas (jazigo). Estas sequências
deverão ser realizadas até conseguir chegar a sua vítima.
outra possibilidade, porém em situações de enfrentamentos de ondas
menores, o socorrista observando a aproximação de uma onda pequena deverá se
posicionar próximo ao bico do pranchão, com a finalidade de fazer peso para abaixar
o bico e assim conseguir furar pequenas ondas, após furar a ondulação, deverá
voltar à posição inicial.
Cabe salientar que o preparo técnico adquirido durante a rotina de serviço,
permitirá ao socorrista ter a melhor decisão sobre qual técnica utilizar.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 101 - Deslocamento em pranchão


Fonte: CBMERJ

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 102 - Técnica de transposição de arrebentação com pranchão (pesar o bico)


Fonte: CBMERJ

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 103 - Técnica de transposição de arrebentação com pranchão (Tartaruga)


Fonte: CBMERJ

6.2.4 Salvamento em costões

Costões são áreas litorâneas formadas por rochas, local este de grande
perigo para socorristas e vítimas, geralmente pescadores que utilizam estes locais
para pescas diurnas e noturnas ou ainda turistas que buscam estes locais para
conseguirem boas fotografias.
Deslocamento em costões

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

O deslocamento em costões deve ser realizado com o máximo de cautela


possível, visto que é um local com muito limo tornando as pedras escorregadias
podendo ocasionar quedas que culminarão em possíveis traumas, deverá ser
utilizada a técnica de quatro apoios para o deslocamento, técnica esta que consiste
em ficar de costas para a pedra e frente para o mar utilizando as duas mãos e os
dois pés como base, três desses apoios deverão estar sempre estabilizados, apenas
mudando um dos apoios para outro local quando os outros três estiverem bem
fixados na pedra.
Quando o socorrista posicionar-se em local favorável para acesso ao mar,
deverá ser utilizado o mergulho pranchado, que será explicado posteriormente.

Figura 104 - Deslocamento em Costões


Fonte: CBMERJ

Mergulho pranchado
Para acesso ao mar por costões ou pedras, locais estes em que o guarda-
vidas entrará no mar sem saber se existe algum obstáculo submerso e se a
profundidade é ideal para ser feito o mergulho, deverá ser realizado o mergulho
denominado pranchado.
Este é um tipo de mergulho que permite que o socorrista não atinja muita
profundidade, pois ele aumenta sua superfície de contato com a água fazendo com
que seu corpo não afunde. Outro ponto importante a ser citado desta técnica é que o
guarda-vidas mantenha a vítima no seu campo de visão a todo momento, visto que a
cabeça permanece para fora da água durante toda a execução.
119
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 105 - Mergulho pranchado


Fonte: CBMERJ

6.3 Abordagem

6.3.1 Técnica da cruz vermelha

Consiste em abordar a vítima pelas costas para que posteriormente seja


realizado seu transporte à cena segura.
O guarda-vidas utilizará um dos braços para cruzar o corpo do afogado por
cima de um dos ombros e irá segurar com a mão sob a axila do lado oposto do
corpo da vítima, de forma que ela fique com as vias aéreas acima do nível da água e
mantenha a mesma na linha da água visando facilitar o deslocamento.
120
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 106 - Técnica de abordagem da Cruz Vermelha


Fonte: CBMERJ

6.3.2 Técnicas de desvencilhamento do afogado

São as técnicas utilizadas quando for preciso afastar e/ou reposicionar a


vítima durante a abordagem liberando o guarda-vidas para que o mesmo refaça o
procedimento.
Tais técnicas diferem de acordo com a região corporal do socorrista que a
vítima agarre.
Se as técnicas a seguir demonstradas não forem eficazes, o guarda-vidas
deverá submergir e afastar-se da vítima e retomar a abordagem.

Agarrado pela cabeça


Quando agarrado pela cabeça, o guarda-vidas realizará manobra na qual irá
segurar as duas mãos da vítima sobre sua cabeça com uma de suas mãos,
simultaneamente, a outra mão irá levantar e flexionar a articulação de um dos
cotovelos da vítima, girando-a e abordando pelas suas costas.

121
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 107 - Técnica de desvencilhamento pela cabeça


Fonte: CBMERJ

Agarrado pelos ombros


Quando agarrado pelos ombros, o guarda-vidas realizará manobra na qual
irá colocar seus braços por entre os braços da vítima e abri-los saindo assim do
contato com o afogado. Para aumentar o afastamento pode ser utilizado os pés para
empurrar o peito da vítima.

Figura 108 - Técnica de desvencilhamento pelo ombro


Fonte: CBMERJ

122
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

6.4 Salvamento

6.4.1Salvamento individual

Definição: Tipo de salvamento no mar realizado por apenas um guarda-vidas


do início ao fim do socorro atendendo apenas uma vítima que esteja em situação de
risco de afogamento, podendo ser utilizado, ou não, algum equipamento auxiliar
para a realização do socorro.
salvamento individual sem auxílio de equipamentos.
vítima consciente
A abordagem de vítima deverá ocorrer de forma cautelosa, pois a mesma
encontra-se em situação de desespero e impotência por não conseguir retornar à
praia por meios próprios.
O guarda-vidas deverá realizar contato verbal com a vítima durante a
aproximação com objetivo de tranquilizar, orientar sobre condutas que ajudarão
durante o salvamento e informar antecipadamente sobre ações técnico-profissionais
que serão realizadas para que a mesma não seja surpreendida e entre em pânico.
Caso o guarda-vidas aproxime-se da vítima sem contato verbal prévio, ele
poderá ser surpreendido sendo agarrado pela vítima no anseio de manter-se na
superfície da água, mesmo que para isso tenha que submergir seu socorrista.
Ocorrendo essa ação da vítima, o guarda-vidas deverá realizar as técnicas
de desvencilhamento para afasta-la e reiniciar a abordagem.
Em nenhuma hipótese deverá ser deferido qualquer tipo de agressão física à
vítima com objetivo de “acalmar” a situação.
Após breve explanação sobre procedimentos e tranquilização, o guarda-
vidas abordará a vítima pelas costas através da técnica da Cruz Vermelha e
realizará o transporte da vítima à cena segura utilizando o nado reboque.
É primordial o guarda vidas ter ciência da dinâmica marítima para que este
consiga deferir o salvamento com o menor gasto energético e maior velocidade
possível.
123
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 109 - Salvamento individual de vítima consciente sem auxílio de equipamentos


Fonte: CBMERJ

Vítima inconsciente
A abordagem de vítima deverá ocorrer de forma emergencial, pois a
intervenção do socorrista no menor tempo é fundamental para a recuperação
completa do afogado sem sequelas e ainda a vítima nessa situação pode vir a
submergir mais facilmente com a ação das ondas complicando assim mais ainda o
evento.
A aproximação e abordagem da vítima deverão ser imediatas, retirando as
vias aéreas do afogado da água e procedendo sua abertura através de manobra
realizada pelo guarda-vidas segurando os dois braços da vítima atrás de seu corpo e
tracionando levemente sua cabeça para trás.
Não havendo resposta da vítima a abertura das vias aéreas, deverão ser
realizadas cinco ventilações de resgate ainda na água e reavaliação da vítima.
Não mudando o quadro apresentado, a vítima deverá ser retirada o mais
rápido possível do mar, para que sejam realizadas as manobras de reanimação
cardiopulmonar na areia.
124
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

A vítima será abordada pela técnica da cruz vermelha e transportada para


praia através do nado reboque devendo observar o melhor local de saída conforme
a dinâmica do mar.

Figura 110 - Salvamento individual de vítima inconsciente sem equipamentos


Fonte: CBMERJ

Salvamento individual com auxílio de tubo de resgate


Vítima consciente
O tubo de resgate facilita e assegura os procedimentos operacionais
promovendo maior flutuação da vítima, tranquilizando-a e facilitando o deslocamento
durante o transporte à praia, pois a mantém mais próxima ao nível da superfície.
Os procedimentos a serem adotados pelo guarda-vidas não mudam em
relação ao salvamento sem auxílio de equipamento.
Deverá ser realizado contato verbal durante a aproximação, quando houver
proximidade suficiente, o tubo de resgatedeverá ser entregue a vítima a uma
distância segura e posteriormente o guarda-vidas irá travar o equipamento às costas
da vítima utilizando mosquetão e olhal específicos.

125
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Após confirmado o correto fechamento do material, o guarda-vidas iniciará o


transporte da vítima à cena segura através do nado reboque.
Em nenhuma hipótese o guarda-vidas poderá utilizar o olhal do tubo de
resgatepara que haja maior “firmeza” durante o transporte, pois durante este trajeto
haverá diversas movimentações do equipamento sem controle do socorrista
podendo o lesionar.

Figura 111 - Salvamento individual de vítima consciente com auxílio de tubo de resgate.
Fonte: CBMERJ

Vítima inconsciente
Os procedimentos a serem adotados pelo guarda-vidas não mudam em
relação ao salvamento sem auxílio de equipamento
A aproximação e abordagem deverão ser imediatas, retirando as vias aéreas
da vítima da água e abrindo-as através de manobras tracionando os braços dela
para as costas e levemente a cabeça para trás.
O tubo de resgate deverá ser colocado entre os braços tracionados para trás
e as costas da vítima visando manter flutuação do afogado.

126
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Não sendo efetivo apenas a retirada e abertura das vias aéreas, deverão ser
realizadas 5 ventilações de resgate. Continuando o quadro apresentado
anteriormente, o guarda-vidas travará o tubo de resgatecorretamente à vítima, e ser
transportará para a praia o mais rapidamente possível para que sejam iniciados os
procedimentos de reanimação cardiopulmonar na areia.

Figura 112 - Salvamento individual de vítima inconsciente com auxílio de tubo de resgate
Fonte: CBMERJ

6.4.2 Salvamento em dupla

Definição: Tipo de salvamento no mar realizado por dois guarda-vidas do


início ao fim do socorro atendendo apenas uma vítima que esteja em situação de
risco de afogamento, podendo ser utilizado, ou não, algum equipamento auxiliar
para a realização do socorro.
Salvamento em dupla sem auxílio de equipamentos
127
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Vítima consciente
Assim como no salvamento individual, a abordagem deverá ser cautelosa
pois a vítima encontra-se em desespero e pode apresentar reações inesperadas na
tentativa de manter-se na superfície.
A diferença em relação ao salvamento simples será a forma de abordagem à
vítima, não mais sendo através da técnica da Cruz Vermelha e sim cada um dos
guarda-vidas segurando firmemente de cada um dos braços da vítima e realizando o
transporte até a praia através do nado reboque.
Os guarda-vidas deverão estar voltados para a vítima durante o transporte,
devendo estarem atentos para a permanência das vias aéreas do afogado acima do
nível da água.

Figura 113 - Salvamento em dupla de vítima consciente sem auxílio de equipamentos


Fonte: CBMERJ

Vítima inconsciente
128
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

A diferença em relação a abordagem do salvamento individual consiste em


que o primeiro guarda-vidas a chegar na vítima a aborda retirando as vias aéreas da
água e realizando sua abertura.
Caso o procedimento anterior não seja suficiente, o primeiro guarda-vidas
manterá a flutuação da vítima enquanto o segundo irá realizar cinco ventilações de
resgate e reavaliar a vítima.
Não apresentando mudança no quadro apresentado anteriormente, a vítima
deverá ser transportada o mais rapidamente possível à praia para que sejam
iniciados os procedimentos de reanimação cardiopulmonar.
O transporte será realizado semelhante ao da vítima consciente, com cada
um dos guarda-vidas segurando firmemente cada braço do afogado e realizando o
nado reboque voltados para a vítima.

Figura 114 - Salvamento em dupla de vítima inconsciente sem auxílio de equipamentos


Fonte: CBMERJ

Salvamento em dupla com auxílio de tubo de resgate


Vítima consciente
129
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

A aproximação à vítima da dupla de guarda-vidas ocorrerá de forma ágil e


cautelosa devido à circunstancias de desespero e impotência da vítima.
O primeiro guarda-vidas a abordar a vítima, que provavelmente será o sem
tubo de resgate, deverá realizar contato verbal com a mesma tranquilizando-a e
informando brevemente sobre procedimentos que serão realizados.
O outro guarda-vidas chegando ao encontro da dupla (vítima e guarda-vidas)
que estão no mar, entregará o tubo de resgate à vítima e travará o equipamento às
suas costas.
Após confirmar o correto fechamento do equipamento, a vítima será
transportada à cena segura pelos socorristas que irão segurar firmemente cada um
dos braços da vítima realizando nado reboque voltados de frente para a vítima
verificando se as vias aéreas estão fora da água.

Figura 115 - Salvamento em dupla de vítima consciente com auxílio de tubo de resgate.
Fonte: CBMERJ

Vítima inconsciente
Não há grandes mudanças em relação a abordagem sem auxílio de

130
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

equipamentos, a variação que ocorre é que um dos guarda-vidas irá portar o tubo de
resgatena aproximação à vítima e provavelmente este será o que irá chegar depois
na vítima.
O guarda-vidas que chegar primeiro ao afogado deverá abordar a vítima
retirando as vias aéreas desta da água, realizando a abertura destas vias através de
manobra tracionando os braços e levemente a cabeça da vítima para trás.
O guarda-vidas que chegará com o tubo de resgateirá colocar o
equipamento entre os braços e as costas da vítima de forma que ela fique flutuando
com as vias aéreas fora d’água.
Sendo a manobra de abertura de vias aéreas não suficiente para a mudança
do quadro da vítima, devem ser realizadas cinco ventilações de regate.
Se a vítima permanecer sem reações às manobras realizadas, deve ser
transportada à praia com a maior brevidade possível para que sejam realizadas as
manobras de reanimação cardiopulmonar.

Figura 116 - Salvamento em dupla de vítima inconsciente com auxílio de tubo de resgate.
Fonte: CBMERJ

6.4.3 Salvamento com pranchão


131
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Definição: Tipo de salvamento no mar realizado por um guarda-vidas


utilizando um pranchão de salvamento para abordar uma ou mais vítimas em
situação de risco iminente de afogamento, graus de afogamento com vítima
consciente e/ou inconsciente.

Técnica de um giro
Vítima consciente
Consiste em logo após a aproximação da vítima, o guarda-vidas ir para água
e virar o pranchão de forma que fique com quilha para superfície e abordar a vítima
colocando suas mãos segurando a borda do pranchão do lado oposto em que ela se
encontra.
Após as mãos corretamente posicionadas, o guarda-vidas irá girar o
pranchão de salvamento de forma que volte a ficar com o deck para cima, desta
forma, ao final da primeira manobra, o afogado irá estar posicionado de forma
perpendicular em cima do deck.
O guarda-vidas acertará o posicionamento da vítima sobre o pranchão de
salvamento puxando uma de suas pernas de forma que a vítima fique com a cabeça
voltada para a proa do pranchão.
Após a correção do posicionamento, o guarda-vidas tomará posição atrás do
afogado de forma que o glúteo do afogado esteja na altura do peito do socorrista
que começará o transporte da vítima remando.

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Figura 117 - Técnica de salvamento com pranchão um giro – Vítima consciente


Fonte: CBMERJ

Técnica trazendo a vítima pelo pé


Vítima consciente
Consiste no guarda-vidas abordar a vítima com o bico do pranchão de
salvamento permanecendo sobre seu deck.
Durante a abordagem, o guarda-vidas realizará contato verbal com a vítima
orientando-a segurar o bico do pranchão de salvamento e colocar um de pés em
cima do deck do equipamento.
Feita a conduta orientada, o guarda-vidas irá puxar o pé da vítima que está
no deck trazendo o resto do corpo da mesma para cima do pranchão.
Após o ajuste da posição da vítima sobre o pranchão de salvamento, o
guarda-vidas iniciará o transporte remando.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 118 - Técnica de salvamento com pranchão puxando pelo pé – Vítima consciente
Fonte: CBMERJ

Técnica de dois giros


Vítima inconsciente
Consiste no guarda-vidas logo que se aproximar do afogado entrar na água
do lado oposto de onde está à vítima, segurar as mãos da vítima e posicionar na
borda do pranchão do lado dela.
Após segurar firmemente as mãos da vítima e posicionar corretamente na
borda, o guarda-vidas deverá realizar um giro no pranchão de forma que este fique
com a quilha para cima, retirando assim os braços e cabeça da vítima da água que
ainda estará em decúbito ventral.
Próximo passo será reposicionar a vítima em decúbito dorsal girando ela por
um dos braços.
Após o giro, o guarda-vidas irá realizar abertura das vias aéreas, avaliar a
vítima e realizar as cinco ventilações de resgate, se for necessário.

134
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Não havendo nenhuma reação da vítima, a mesma deverá ser transportada


o mais rapidamente possível para a praia.
Para tanto, o guarda-vidas irá retornar a vítima para a posição em decúbito
ventral girando ela pelo braço anteriormente utilizado, segurando firmemente as
mãos da vítima na borda mais próxima ao guarda-vidas e então deverá realizar o
segundo giro no pranchão de salvamento, fazendo com que o mesmo fique com o
deck para cima e a vítima posicionada sobre ele perpendicularmente.
Na sequência, o guarda-vidas ajustará a posição da vítima de forma que
esta fique com a cabeça voltada para a proa do pranchão de salvamento, tomará
posição atrás da vítima de forma que os glúteos da vítima fiquem na região peitoral
do guarda-vidas e efetuará o transporte da vítima remando.

Figura 119 - Técnica de salvamento com pranchão dois giros – Vítima inconsciente
Fonte: CBMERJ

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Técnica da abordagem direta


Vítima inconsciente
Consiste no guarda-vidas abordar a vítima inconsciente diretamente estando
ainda deitado sobre o deck do pranchão de salvamento.
O socorrista receptará a vítima pela borda do pranchão de forma que seja
capaz de com o braço mais próximo do afogado alcançá-lo, girando-o e assim
retirando suas vias aéreas da água e o trazendo para cima do deck do pranchão.
Sobre o deck o guarda-vidas realizará a abertura das vias aéreas, avaliação
da vítima e cinco ventilações de resgate, se for necessário.
Não havendo melhora no quadro apresentado pela vítima, ela deverá ser
transportada para a praia a fim de que sejam realizadas as manobras de reanimação
cardiopulmonar.
Para isto, o guarda-vidas realizará o giro da vítima sobre o deck de forma
que fique em decúbito ventral, ajuste a vítima de forma que a mesma fique com a
cabeça voltada para a proa do pranchão de salvamento e inicie o transporte
remando.

Figura 120 - Técnica de salvamento com pranchão abordagem direta – Vítima inconsciente
Fonte: CBMERJ

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

6.4.4 Salvamento em costões

Definição: Tipo de salvamento no mar realizado por um ou mais guarda-


vidas utilizando costões rochosos como parte do percurso para aproximação e
abordagem de uma ou mais vítimas em situação de risco iminente de afogamento.
É um recurso bastante utilizado por guarda-vidas que trabalham em postos
de salvamento que em sua área de atuação possuam esta característica devido a
maior agilidade de deslocamento nesta modalidade, porém há grande risco de
acidentes por queda ao socorrista devendo ser bastante cauteloso quando
executado.
A retirada da vítima do mar nesta situação depende das condições físicas e
psicológicas da mesma, sendo tal condição avaliada pelo guarda-vidas no evento,
podendo ser retirada pelo próprio costão, através do nado reboque para a praia e ou
solicitado algum apoio operacional do tipo AMA, BIR ou aeronave.

6.5 Técnicas para transporte da vítima

6.5.1 Nado reboque

É o nado efetuado pelo guarda-vidas para realizar o transporte da vítima do


mar para a praia ou retira-la de local com maior risco, que é a linha de arrebentação,
conduzindo para um local mais seguro até a chegada do apoio operacional.
Neste momento, o guarda-vidas deve manter a vítima tranquila e com as
vias aéreas permeadas para que não ocorra o agravamento do estado da vítima. O
reboque pode ser feito com ou sem a utilização de equipamentos, os mais comuns
são as nadadeiras e/ou tubo de resgate.
O movimento de pernas neste nado pode ser realizado de duas formas: Com

137
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

a pernada do nado crawl de forma lateralizada quando o guarda-vidas estiver


utilizando nadadeiras ou com a pernada do tipo tesoura quando não estiver usando
tal equipamento.
Simultaneamente ao movimento de pernas, o guarda-vidas irá efetuar o
movimento de braços com um de seus membros superiores enquanto o outro irá
segurar vítima.
O movimento de braçada consiste em estender o membro superior
completamente de forma que tenha o menor atrito possível, que enfrente a menor
resistência da água, ou seja, que “corte a água” indo com a mão espalmada
paralelamente a linha da água. Em seguida, ocorrerá o tracionamento da massa de
água com a flexão do antebraço em direção ao tronco, mantendo a posição do
cotovelo, com a mão perpendicularmente a linha da água “puxando” a água
impulsionando assim o corpo para frente. É necessário que mão esteja em forma de
concha e os dedos fechados para que puxe mais água e a sustentação do tronco
próximo a linha da água e o deslocamento sejam mais eficiente.
Aspecto importante da hidrodinâmica visando o deslocamento é tentar
manter o corpo na água na posição horizontal, entretanto a tendência do corpo
quando um segmento fica acima do nível da água é que outros segmentos corporais
tendem a afundar.
Como as vias aéreas do afogado ficam acima do nível da água, é natural
que o tronco e membros inferiores tendam a afundar e assim prejudicariam o
deslocamento no meio aquático.
Neste caso, o guarda-vidas reposicionará o corpo da vítima antes do início
do deslocamento utilizando uma das mãos em um dos ombros da vítima enquanto
com a outra mão eleva o quadril dela com impulso na parte lombar, e durante o
deslocamento de transporte da vítima através de impulso com os quadris
lateralmente.

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Figura 121 - Nado reboque


Fonte: CBMERJ

6.5.2 Double Nelson

É a manobra realizada durante o transporte da vítima entre a linha de


arrebentação e a praia visando garantir que o afogado não tenha seu quadro
agravado aspirando mais água oriunda das ondas precipitadas e também garantir
que o guarda-vidas tenha maior controle e contato com a vítima durante a passagem
dos “espumeiros” que possuem grande força e podem fazer com que a vítima seja
retirada do contato com o socorrista.
A técnica consiste em quando o espumeiro estiver se aproximando do
afogado, o socorrista irá abordar a vítima, girando-a de forma que a força das ondas
atinja o socorrista pelas costas e o afogado fique a sua frente protegido.
O guarda-vidas passará seus braços por baixo das axilas da vítima e depois
suas mãos segurarão por trás da nuca do afogado. Simultaneamente as pernas do
socorrista deverão envolver a cintura da vítima e travar tal posição com os pés na
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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

frente da vítima.
Outro detalhe muito importante no Double Nelson é o socorrista sempre
proteger sua cabeça agrupando-a junto as costas da vítima, para que não receba
nenhum golpe da cabeça da vítima durante o chacoalhar da passagem do
espumeiro, tal golpe pode deixar o guarda-vidas inconsciente.

6.6 Técnicas para retirada da vítima do mar

6.6.1 Retirada de vítima consciente do mar

Após o transporte da vítima consciente da situação de risco no mar,


chegando ao banco de areia, mesmo quando estiver com altura suficiente para que
a vítima e o guarda vidas consigam ficam em pé dentro da água, o guarda-vidas não
deve perder o contato com o afogado até que o mesmo esteja em completa
segurança na areia.
Para tanto o socorrista deverá conduzir o cidadão segurando-o firmemente
por um dos braços até a antepraia.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 122 - Retirada de vítima consciente do mar


Fonte: CBMERJ

6.6.2 Retirada de vítima inconsciente do mar com um guarda-vidas (método


australiano)

Técnica utilizada para retirada de vítima inconsciente do mar mantendo a


abertura de vias aéreas e estabilidade cervical.
Consiste em apoiar o corpo da vítima sobre a lateral do corpo do guarda-
vidas, devendo este passar seus braços sob as axilas do afogado e com uma das
mãos segurar as duas mãos da vítima unidas na altura do abdômen enquanto a
outra irá estar em “L” (revolver) segurando o queixo do afogado promovendo assim
estabilização da cervical e abertura das vias aéreas.
O deslocamento do guarda-vidas será através de passadas laterais não as
cruzando para manter maior estabilidade durante o deslocamento.
A vítima deverá ser removida para um local seguro, onde não haja
possibilidade de a água do mar atingi-la.
Deve ser colocada na areia de forma que seja possível avaliar como a
mesma se encontra, e em caso de necessidade de colocação na posição lateral de
141
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

segurança, a mesma seja feita corretamente aproveitando a declividade da praia.

Figura 123 - Retirada de vítima inconsciente do mar com um socorrista


Fonte: CBMERJ

6.6.3 Retirada de vítima inconsciente do mar com dois guarda-vidas

A diferença em relação a técnica com um guarda-vidas está em que o


segundo socorrista segurará as duas pernas do afogado dividindo assim o peso a
ser carregado entre ambos.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 124 - Retirada de vítima inconsciente do mar com dois socorristas


Fonte: CBMERJ

6.7 Salvamento marítimos com apoio operacional

Dependendo das condições do mar e principalmente, das condições das


vítimas, os guarda-vidas solicitam tais apoios operacionais, seja através de contato
telefônico com a base ou com um simples giro da camiseta para auxiliá-los durante
os salvamentos.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

6.7.1 Salvamento com BIR

A utilização dos Botes Infláveis de Resgate como apoio operacional, auxilia


o guarda-vidas no transporte da vítima à praia. Por ser um apoio motorizado, diminui
o tempo resposta no atendimento ao afogado na água.
O socorrista quando com a embarcação em seu campo de visão, posiciona a
vítima de frente para a areia, tomando cautela quando o socorro for prestado com
utilização do tubo de resgatetendo cuidado para que a corda do flutuador não fique
no trajeto do motor de popa da embarcação. O socorrista da embarcação irá abordar
o afogado, pelo lado direito do mesmo.

Figura 125 - Salvamento com BIR


Fonte: CBMERJ

6.7.2 Salvamento com AMA

A utilização das Auto Moto Aquáticas (AMA) como apoio operacional, auxilia
o guarda-vidas com o transporte da vítima à praia. Por ser o apoio motorizado mais
potente utilizado por água, a utilização deste equipamento é o mais comumente
utilizado atualmente por diminuir o tempo de exposição do afogado na água.
O guarda-vidas quando em contato visual com a embarcação, posiciona a
vítima de frente para a areia, e levanta o braço esquerdo da vítima para que o
operador da AMA faça a abordagem a vítima e a coloque no sled. Deve-se ter
cautela quando o socorro for prestado com utilização do tubo de resgatepara que a
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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

corda do flutuador não fique no trajeto da admissão do motor. O operador da


embarcação irá abordar o afogado, pelo lado esquerdo do mesmo.

Figura 126 - Salvamento com AMA


Fonte: CBMERJ

6.7.3 Salvamento com aeronave

A utilização das aeronaves como apoio operacional, auxilia o guarda-vidas


com o transporte e retirada da vítima da água. É o apoio mais eficaz, no sentido de
tempo resposta, entretanto tem elevado custo para a instituição devido seu
programa de manutenção.
O guarda-vidas quando com a aeronave em seu campo de visão, posiciona
a vítima na posição horizontal, na superfície da agua e aguarda instruções dos
tripulantes operacionais da aeronave para a realização do salvamento através do
puçar.

145
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Figura 127 - Salvamento com aeronave


Fonte: CBMERJ

6.7.4 Salvamento noturno

Mesmo durante a noite, existem banhistas, trafego de embarcações e


aeronaves nas praias fluminenses. Normalmente os guarda-vidas são acionados
neste período para eventos como naufrágio de embarcações, queda no mar de
pessoas que se encontravam em costões rochosos e quedas de aeronaves.
Devido à baixa visibilidade pela ausência de luz natural durante o período da
noite, este tipo de salvamento é bastante complexo por mesclar esse aspecto com
todos os outros riscos do mar explanados anteriormente.
O estabelecimento e coordenação dos recursos empregados neste tipo de
socorro são de suma importância para o controle do evento mesmo sem visibilidade
completa de todo material e pessoal.
Deve-se estabelecer fontes de luz artificial para melhor iluminar o local do
evento, os guarda-vidas que forem entrar no mar deverão estar equipados com
roupa de neoprene, apito, tubo de resgate, nadadeiras e capacete, para o caso de
eventos próximo a costões rochosos.
A entrada no mar deve ser realizada de forma bastante cautelosa, de
preferência por locais de acessos já realizados durante instruções e
reconhecimentos operacionais prévios.
146
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

O socorrista deverá preservar sua integridade física, deve primeiramente


localizar as vítimas tendo contato visual ou verbal com a mesma para posteriormente
realizar a entrada no mar. Se a vítima não for localizada, se for uma hipótese tal
vítima estar naquele local o guarda-vidas não deverá se expor ao risco do socorro
noturno, devendo ser procedida as buscas visuais com lanternas e tentativas de
contato verbal.
No caso de embarcações ou aeronaves que estejam na situação de
naufragarem, o guarda-vidas após a retirada de todas as vítimas, deverá referenciar
a localização do bem para que seja recuperado posteriormente.

147
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

7 Normas gerais de ação do guarda-vidas.

Esta norma visa orientar os bombeiros militares guarda-vidas, quanto ao


procedimento operacional a ser adotado nos diversos momentos do serviço, bem
como apresentar todo material e infraestrutura disponível no acervo operacional do
serviço de salvamento no mar do CBMERJ.

7.1 Procedimentos iniciais do serviço

Ao apresentar-se para o serviço, o militar deverá atentar para sua perfeita


apresentação pessoal e pontualidade;
Após a retirada de faltas e sanadas as dúvidas relativas ao serviço na
formatura matinal, o militar deverá dirigir-se as Seções afins, com o objetivo de
adquirir todos os materiais necessários ao emprego no serviço, devendo inspecioná-
lo de imediato e informar qualquer alteração encontrada;
Deverá ser verificado o funcionamento do aparelho portátil de comunicação,
o completo carregamento da bateria e sua identificação correspondente ao posto no
qual o militar está escalado para o serviço;
Ao ser encaminhado para o serviço, o guarda-vidas dirigir-se-á
imediatamente para o posto de salvamento, sem desvios e/ou atrasos.
O horário de ativação do serviço é às 08:00 horas e a desativação dos
postos de salvamento será definida por critério do comandante de operações,
baseado no horário de pôr do sol, divulgado no site do Instituto Nacional de
Meteorologia - INMET, através do caminho: http://www.inmet.gov.br – TEMPO –
PREVISÃO DO TEMPO – Municípios.

148
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

7.2 Sequência operacional

Ao chegar ao posto a que está escalado, o militar deverá inicialmente focar


sua atenção para a realização de eficaz prevenção, lançando mão de todo material
disponível para este fim;
Feita a prevenção, o militar deverá montar a barraca em local próprio e/ou
determinado para tal.
O TFM é de suma importância para a aquisição e manutenção da
capacidade operacional do bombeiro militar guarda-vidas, sendo permitida a sua
prática na área do posto em que o militar estiver escalado, em horário a ser definido
por autoridade competente, desde que não ocasione danos ao serviço de praia ou
comprometa a segurança dos banhistas.
É expressamente proibida a permanência de pessoas estranhas ao serviço
no interior do posto ou barraca, salvo em casos especiais, para proteção e/ou
atendimento do cidadão, visando a manutenção da ordem e da vida.
O militar deve estar sempre alerta às atividades relativas ao serviço,
principalmente àquelas relativas aos eventos no mar, não se afastando da área do
seu posto, priorizando as ações de prevenção;
Após a realização de cada resgate/salvamento, o guarda-vidas deverá
realizar a anotação do mesmo no Boletim de Registro de Ocorrência (BRO),
conforme NGA própria;
Em situações onde haja crianças perdidas na praia, o guarda-vidas deve
encaminhá-la a Guarda Municipal. Caso não seja possível, deverá manter a criança
em segurança sob sua responsabilidade e acionar imediatamente o supervisor de
praia, o qual deverá tomar as medidas cabíveis.
O guarda-vidas de serviço não tem autorização para falar à imprensa sobre
qualquer assunto, salvo se expressamente autorizado por autoridade competente.
qualquer tipo de alteração com banhistas deverá ser imediatamente
informado ao supervisor de praia para a tomada das medidas cabíveis. Tipos de
alterações frequentes: desacato, agressão física, injúria, corrupção ativa, assédio,
etc;
As embarcações não devem aproximar-se da costa a uma distância inferior
a 200 metros, caso ocorra o desrespeito desta norma, o guarda-vidas deverá
149
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

informar imediatamente ao supervisor de praia, que transmitirá o fato as autoridades


competentes para solucionar o caso.
Caso tenha necessidade, por motivo de força maior, da intervenção do
guarda-vidas na repressão de delitos, visando manter a ordem em ocorrência de
natureza policial, o guarda-vidas deverá acionar imediatamente o representante da
Polícia Militar no local e avisar ao supervisor de praia, que deverá deslocar-se
imediatamente para o local da ocorrência.
Caso apareça algum animal marinho vivo ou morto na praia, o supervisor
deverá ser imediatamente avisado, para que tome as providências cabíveis,
conforme POP específico.
Salvo por motivo de força maior, o guarda-vidas de serviço não deverá se
afastar da sua área de atuação, em que foi escalado, no período compreendido
entre a ativação e a desativação do serviço de praia.
No momento da desativação, banhistas podem ainda estar presentes no
local da praia em que o militar está escalado, neste caso o mesmo deverá informar
ao público presente, que o local não será mais guarnecido por bombeiros militares
guarda-vidas e, por isso a segurança de todos passa a estar comprometida.
Durante o serviço e após a desativação o guarda-vidas deverá providenciar
a limpeza do posto e lançar mão de todos os recursos disponíveis para mantê-lo em
perfeita ordem.

7.3 Conduta do supervisor de praia

O supervisor de praia é o militar graduado mais antigo que os militares sob o


seu comando, escalado para a realização da fiscalização das ações destes militares,
apoio logístico e operacional necessários durante o serviço;
O supervisor de praia deverá agir de forma a garantir que seus subordinados
observem e cumpram esta norma, visando sempre o perfeito andamento do serviço;
O supervisor de praia é o militar responsável pela retirada de faltas e
identificação de qualquer alteração que venha a surgir no seio da tropa de guarda-
vidas de serviço, as quais deverão ser levadas tão logo seja possível ao
150
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

conhecimento do comandante de operações;


O comandante de operações é o oficial intermediário ou subalterno escalado
para realizar o comando das operações atinentes ao serviço de praia.
O supervisor de praia deverá lançar mão de todos os recursos disponíveis, a
fim de fiscalizar o serviço e, toda alteração deverá ser participada assim que
possível ao comandante de operações.
O supervisor de praia deverá buscar estar o mais próximo possível dos seus
subordinados durante o serviço, visando estar sempre em condições de auxiliá-los
em toda a demanda do serviço. Estando em condições e em local próprio, o
supervisor de praia deverá:
- auxiliar nas ações de prevenção;
- deverá fiscalizar se as placas e/ou bandeiras de sinalização foram
colocadas, assim como a montagem correta das barracas nos postos em local
adequado;
- auxiliar na observação da área operacional do posto onde estiver
supervisionando;
- auxiliar na realização dos socorros que vierem a surgir em área de
supervisão.
O supervisor de praia deverá orientar e auxiliar os guarda-vidas quanto ao
encaminhamento de crianças perdidas a Guarda Municipal, se esta estiver
disponível e/ou acessível para este fim, caso contrário deverá assumir a
responsabilidade pelo menor e procurar junto ao oficial chefe de operações uma
solução adequada para o caso;
Cabe ao supervisor de praia oferecer o suporte necessário aos guarda-vidas
sob a sua supervisão em caso de ocorrência policial, acionando a autoridade policial
mais próxima e encaminhando todos à delegacia da região;
Atendendo o interesse do serviço o supervisor de praia poderá remanejar
militares entre funções e postos a fim de sanar possíveis necessidades
emergenciais, devendo este procedimento ser informado ao oficial chefe de
operações;
Deverá o supervisor de praia dar o apoio logístico aos guarda-vidas no
decorrer do serviço, repondo materiais caso necessário. Ao ser notificado da
carência de algum material, por guarda-vidas de serviço sob seu comando, o

151
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

supervisor de praia deverá informar pela via mais rápida ao comandante de


operações, para que a alteração seja sanada pelo comando da unidade;
Ao tomar conhecimento de embarcações circulando a menos de 200 metros
da costa, o supervisor de praia deverá transmitir o fato às autoridades competentes
para solucionar o caso;
Em ocorrência com animal marinho vivo ou morto na praia, proceder
conforme POP específico.

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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

anexo 01 – brados históricos

“QUE SEJA O MAR,

COM SEUS SEGREDOS E MISTÉRIOS,

O LOCAL DE ONDE VOLTAREMOS,

APÓS CADA SALVAMENTO,

COBERTOS DE AREIA E GLÓRIA. ”

CEL BM RR NILTON DE BARROS JUNIOR

“A QUALQUER HORA,

EM QUALQUER TEMPO,

COM QUALQUER MAR.”

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