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Eldorann - Elfo Druida

Eldorann é um elfo druida que nasceu no coração da floresta de Rholfa.


Sem parentes ou pessoas próximas, Eldorann acreditava que as florestas de
Rhoulfa representavam o que de mais importante poderia existir no mundo para
ele, por isso desenvolveu uma comunicação e entendimento para com os
animais, por meio de linguagem e de sinais que possibilitava a interação com a
fauna. Também passou a curar animais doentes e feridos, pois além das plantas
e árvores, estes eram os únicos seres vivos com os quais Eldorann tinha maior
aproximação (apesar disso, ele não era alheio a outras raças: conhecia a cidade
élfica de Rholfa e sabia da existência de outras raças, principalmente humanos,
pois vez ou outra expulsava algum caçador que se atrevesse a caçar seus
queridos animais que habitavam a floresta). Para Eldorann, o que existisse além
da floresta não era lhe importava, pois tudo o que ele tinha e precisava estava
dentro das fronteiras de Rholfa. Porém...
Certa vez, em uma de suas caçadas contra um grupo de caçadores, o
druida acabou por deixar as florestas de Rholfa sem perceber, e acabou
atravessando a fronteira que divide território da floresta de Rholfa da cidade
Hanna. No caminho, deparou-se com um lobo dourado, de uma espécie que
nunca havia encontrado na floresta de Rholfa. O lobo (ou loba, era fêmea) havia
sido pego em uma armadilha provavelmente armada pelos caçadores que
Eldorann caçava (e que acabaram escapando do elfo). Ao olhar ao redor,
percebeu os caçadores haviam matado toda a família deste lobo, e que este
estava para ter o mesmo destino. Eldorann percebeu também que este lobo era
apenas um filhote, e tomado por um turbilhão de sentimentos como fúria,
revolta e tristeza, prometeu para si mesmo que não deixaria que o filhote tivesse
o mesmo destino de sua família mesmo que para isso tivesse que dar a sua em
troca, e cuidaria dele caso ambos sobrevivessem. Soltando o lobo da armadilha
e colocando-o sobre uma pedra, Eldorann e, em um grande esforço reuniu toda a
magia e energia vital que possuia dentro de si e desferiu uma magia que nunca
havia feito antes e que provavelmente nunca mais fará de novo, pois
extremamente exausto, caiu no chão desfalecendo, achando que este seria seu
fim.
Horas depois, entretanto, Eldorann, ainda sentindo-se muito exausto,
acordou. Olhou para a pedra onde jazia o moribundo lobo dourado, mas não
havia nada além de sangue. “O que pode ter dado errado” perguntou-se o
druida; “conjurei magias de cura, dando inclusive parte da minha vida para que
o pobre animal fosse curado… será que acabei matando-o e desintegrando seu
corpo?”. A tristeza tomava conta de seu coração mais uma vez, pois passava
pela sua cabeça também que o lobo poderia ter se curado, mas que os caçadores
voltaram para pegá-lo, pois não encontrava com o olhar os cadáveres dos outros
nove lobos que os caçadores haviam matado. Não sabia também quanto tempo
havia ficado desacordado.
Fazendo um esforço muito grande, o elfo não conseguia levantar-se do
chão, mesmo após inúmeras tentativas; estava fraco demais. Acreditava que a
única coisa que o mantinha vivo era o desejo em descobrir o destino do pequeno
lobo dourado. Até que uma voz desconhecida dentro de sua cabeça repetia “não
se esforce, fique onde está; estou chegando, vou curá-lo…” e a frase se repetia
várias vezes em sua cabeça. Eldorann achava que estava ficando louco,
delirando por causa de sua fraqueza. De repente, um enorme lobo dourado
surgiu a sua frente saltando das matas, com dentes e garras afiadas e os olhos
que emanavam um brilho branco e sinistro. Ficando totalmente imóvel, sem
forças para lançar magias ou tentar comunicar-se com a enorme fera, o elfo
agora via-se numa situação ainda mais complicada. “Estou claramente fora de
meu território; não conheço esta espécie de animal e ele não reconhecerá o que
tenho feito por todos os seus semelhantes… instintivamente ele acreditará que
fui o responsável pela morte de seus parentes lobos e com certeza descontará em
mim a sua fúria. Mas não devo culpá-lo; é de sua natureza e este é o ciclo da
vida. Sou presa fácil para ele: sou fraco e ele é mais forte” pensou o elfo,
perdendo as esperanças.
Então, a voz que havia falado em sua cabeça antes falou novamente “está
enganado; sei muito bem quem você é e o que fez por ​nós​”. “Nós?”, pensou o
elfo. Então, lentamente, o lobo aproximou-se de Eldorann e este pôde perceber
que em sua enorme boca com seus dentes cerrados e afiados estavam algumas
plantas e ervas que o druida reconhecia; havia usado muitas destas para curar
animais no decorrer dos seus 250 anos. O medo que sentia do lobo passou, pois
o mesmo o ajudou o elfo a sentar-se, trouxe um casca vazia de fruta rígida em
formato de cuia (como um coco partido ao meio) com um pouco de água dentro,
onde o elfo conseguiu fazer uma pequena poção, fraca mas o suficiente para
ficar de pé e aos poucos recobrar seus poderes e sua consciência. Então, logo as
perguntas começaram. Suas suspeitas foram então confirmadas: a voz na mente
do elfo vinha do próprio lobo. E este lobo, agora enorme, maior que o próprio
elfo, outrora foi aquele filhote que o elfo tentou dar a sua vida para salvar da
morte certa. “Uma atitude de bravura” disse o lobo na mente do elfo “que
jamais ​esqueceremos​”.
Intrigado, Eldorann perguntou por que o lobo referia a si mesmo sempre
no plural, e porque também havia crescido tanto, e a resposta surpreendeu o
elfo. A energia mágica e vital do elfo foi tão grande e tão poderosa no momento
da magia que foi capaz de não apenas de salvar o pequeno lobo, como também
reuniu as almas de todos os lobos que foram mortos pelos caçadores, assim
como seus corpos foram transformados em luz e energia que agora davam a
forma atual do que um dia foi o pequeno lobo: uma enorme e assustadora
criatura, que intimidava o próprio elfo apenas ao encará-lo. “O seu desejo em
nos manter vivo e sua revolta com a injustiça dos homens fora tão enorme
naquele momento que foi capaz de realizar um milagre” explicava o lobo.
Eldorann não acreditava que poderia ter feito aquilo sozinho, em sua cabeça a
única explicação era de que Lila Rholfa, a divindade máxima dos elfos foi a seu
encontro e realizou o tal milagre, já que estavam na floresta dos elfos. Mas,
lendo seus pensamentos, o lobo advertiu ao elfo que eles já não estavam mais na
floresta de Rholfa, e sim nos bosques dentro dos limites da cidade de Hanna. A
perseguição aos caçadores fora tão intensa que fez com que pela primeira vez na
vida o elfo saísse de seu território. Eldorann acreditava que a beleza era algo
exclusivo dos elfos, e apesar de saber que não estava em seu território, pela
primeira vez na vida deparou-se com a beleza em outros lugares também. O
fascínio tomou conta de sua mente de maneira arrebatadora, e ele estava pronto
para partir e conhecer outros lugares do mundo. “Agora que temos a gratidão
eterna por salvar nossa vida, iremos aonde for, para qualquer lugar que o vento
o levar, não importa quais perigos ou quais alegrias possa encontrar” dizia o
lobo alegremente para Eldorann.
Assim, os dois partiram sem rumo para uma nova jornada cujo guia era
apenas a vontade de conhecer o mundo que os cercava, entre perigos e aventuras
que os seguiriam, onde quer que fossem.

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