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PROCESSO Nº TST-AIRR-1335-07.2010.5.09.

0009

A C Ó R D Ã O
4ª Turma
JOD/aas/jv
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO
DE REVISTA. PRESCRIÇÃO. DIES A
QUO. TEORIA DA ACTIO NATA. DANO
MORAL. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
INDIVIDUAL. DISPENSA
DISCRIMINATÓRIA EM RAZÃO DA
IDADE. RECONHECIMENTO EM AÇÃO
CIVIL PÚBLICA
1. Conquanto o art. 189 do
Código Civil consagre a regra
geral segundo a qual o início
do prazo prescricional coincide
com a data da suposta violação
do direito, em rigor técnico o
termo inicial do fluxo do prazo
prescricional coincide com a
data de ciência da lesão ao
direito subjetivo material,
ocasião em que nasce a
pretensão (actio nata) para
repará-lo.
2. Assim, o prazo prescricional
da pretensão de indenização por
dano moral decorrente de
suposta dispensa
discriminatória conta-se a
partir da efetiva dispensa do
empregado.
3. Operada a rescisão
contratual em 1999 e ajuizada a
reclamação trabalhista em 2010,
patente que se consumou a
prescrição total para a
pretensão de reparação da lesão
moral, quer se considere o
prazo prescricional quinquenal
trabalhista, quer o prazo
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prescricional trienal civil


(Código Civil, arts. 2.028 e
206, § 3º, V). Precedentes.
4. Agravo de instrumento a que
se nega provimento.
Vistos, relatados e discutidos estes autos
de Agravo de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-
AIRR-1335-07.2010.5.09.0009, em que é Agravante ROTILHO
BIAZIN e é Agravada BRASIL TELECOM S.A.
Irresigna-se a parte agravante com a r.
decisão interlocutória proferida pela Vice-Presidência
Judicial do Eg. Tribunal Regional do Trabalho de origem
que denegou seguimento ao recurso de revista.
Aduz, em síntese, que o recurso de revista
merece seguimento, porquanto reúne os pressupostos de
admissibilidade previstos no art. 896 da CLT.
Ausente contraminuta.
Não houve remessa dos autos à d.
Procuradoria-Geral do Trabalho (art. 83 do RITST).
É o relatório.
1. CONHECIMENTO
Atendidos os pressupostos extrínsecos de
admissibilidade, conheço do agravo de instrumento.
2. MÉRITO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
A Vice-Presidência Judicial do Eg. Tribunal
Regional do Trabalho de origem denegou seguimento ao
recurso de revista, consoante se depreende da seguinte
decisão:
"PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
PRESCRIÇÃO.
Alegação(ões):

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- violação do(s) artigo(s) 5º, incisos V e X, e 7º, XXIX da


Constituição Federal.
- violação do(s) artigo(s) 8º da CLT.
- divergência jurisprudencial.
O reclamante discorda da decisão do Colegiado que entendeu
que o direito de ação encontra-se fulminado pela prescrição.
Argumenta que ‘a pretensão de exigibilidade das parcelas
indenizatórias, para o Autor, somente se inicia com o julgamento
inequívoco do mérito da ação civil pública’.
Fundamentos do acórdão recorrido:
‘Pugna a ré pela reforma da sentença que afastou a
prescrição bienal, sustentando que o marco inicial da
contagem do prazo prescricional deve ser a data da
demissão do autor e não a data em que proferida a decisão
em ação civil pública pelo C. TST, reconhecendo a dispensa
como discriminatória, como entendeu a sentença.
Assiste-lhe razão.
O reclamante aduz na inicial ter sido dispensado em
31.05.1999, em ato discriminatório caracterizado pela
dispensa em massa de cerca de 680 empregados, o qual foi
objeto de ação civil pública (20517-1999 ajuizada pelo
Ministério Público do Trabalho), tendo esta reconhecido
que a dispensa dos empregados da reclamada efetivamente
teve caráter discriminatório.
O fato que deu ensejo à lesão ao direito do autor foi a
dispensa discriminatória, e não a declaração posterior de tal
situação em ação civil pública. Ainda que tenha havido o
reconhecimento judicial em momento ulterior, a conduta
discriminatória ocorreu em 31.05.1999, com a demissão do
obreiro - conduta causadora do dano - sendo esta data o
marco do início da contagem do prazo prescricional.
Assim, sendo a verba decorrente da relação de trabalho,
ainda que postulada sob a forma de indenização por dano
moral, a exigibilidade da referida pretensão já se encontra
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fulminada pela prescrição, nos termos do que dispõe o


artigo 7º, inc. XXIX da Constituição Federal, considerando-
se como marco inicial a data da extinção do contrato do
trabalho.
Tendo em vista que a dispensa ocorreu em 31.05.1999 e a
presente demanda foi ajuizada em 21.11.2010, encontra-se
totalmente prescrita a pretensão.
Reformo a sentença para declarar a prescrição total do
direito de ação e julgar extinto o feito sem resolução do
mérito na forma prevista no inciso IV do art. 269, do
Código de Processo Civil. Resta prejudicada a análise das
demais pretensões formuladas pelos recorrentes.’
A violação a dispositivo da Constituição Federal, autorizadora
do conhecimento do recurso de revista, é aquela que se verifica
de forma direta e literal, nos termos do artigo 896, parágrafo 2º,
da Consolidação das Leis do Trabalho, sendo indispensável,
portanto, que trate especificamente da matéria discutida. Nesse
passo, não socorre o recorrente a invocação de preceito genérico,
que nada dispõe o sobre tema em discussão.
Ademais, o deslinde da controvérsia transpõe os limites da
literalidade dos preceitos invocados, uma vez que a matéria em
discussão é eminentemente interpretativa, não se podendo
afirmar que a própria letra dos referidos dispositivos tenha
sofrido ofensa pelo acórdão.
Por fim, os arestos paradigmas mencionados no recurso de
revista não servem ao propósito pretendido porque tratam de
questão diversa da examinada no acórdão, impossibilitando a
confrontação de teses jurídicas.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
EMPREGADOR/EMPREGADO / INDENIZAÇÃO POR
DANO MORAL.
A análise do recurso de revista, neste tópico, fica prejudicada,
em razão da acessoriedade em relação ao tema anterior.
CONCLUSÃO

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Denego seguimento ao recurso de revista."


Nas razões do agravo de instrumento, a
parte postula o destrancamento do recurso de revista
interposto.
Não lhe assiste razão.
Da detida apreciação da r. decisão
denegatória conclui-se que, de fato, a parte agravante não
logrou demonstrar o preenchimento de qualquer das
hipóteses de admissibilidade do recurso de revista, nos
termos do art. 896 da CLT.
A meu juízo, os argumentos apresentados no
agravo de instrumento não conseguem infirmar a decisão que
denegou seguimento ao recurso de revista.
Ressalte-se, ainda, que esta Eg. Quarta
Turma, ao adotar integralmente as razões de decidir
expostas na r. decisão denegatória de seguimento de
recurso de revista, transcrevendo-as, vale-se,
legitimamente, da técnica da motivação per relationem,
largamente aceita e adotada no âmbito do Excelso Supremo
Tribunal Federal, consoante demonstra o seguinte julgado:
"[...] Valho-me, para tanto, da técnica da motivação ‘per
relationem’, o que basta para afastar eventual alegação de que
este ato decisório apresentar-se-ia destituído de fundamentação.
Não se desconhece, na linha de diversos precedentes que esta
Suprema Corte estabeleceu a propósito da motivação por
referência ou por remissão (RTJ 173/805-810, 808/809, Rel.
Min. CELSO DE MELLO - RTJ 195/183-184, Rel. Min.
SEPÚLVEDA PERTENCE, v.g.), que se revela legítima, para
efeito do que dispõe o art. 93, inciso IX, da Constituição da
República, a motivação ‘per relationem’, desde que os
fundamentos existentes ‘aliunde’, a que se haja explicitamente
reportado a decisão questionada, atendam às exigências
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estabelecidas pela jurisprudência constitucional do Supremo


Tribunal Federal. É que a remissão feita pelo magistrado,
referindo-se, expressamente, aos fundamentos que deram suporte
ao ato impugnado ou a anterior decisão (ou a pareceres do
Ministério Público ou, ainda, a informações prestadas por órgão
apontado como coator, p. ex.), constitui meio apto a promover a
formal incorporação, ao novo ato decisório, da motivação a que
este último se reportou como razão de decidir: ‘Acórdão. Está
fundamentado quando se reporta aos fundamentos do parecer
do SubProcurador-Geral, adotando-os; e, assim, não é nulo.’
(RE 37.879/MG, Rel. Min. LUIZ GALLOTTI - grifei)
‘Nulidade de acórdão. Não existe, por falta de fundamentação,
se ele se reportou ao parecer do Procurador-Geral do Estado,
adotando-lhe os fundamentos.’ (RE 49.074/MA, Rel. Min. LUIZ
GALLOTTI - grifei) ‘Habeas corpus. Fundamentação da
decisão condenatória. Não há ausência de fundamentação,
quando, ao dar provimento à apelação interposta contra a
sentença absolutória, a maioria da Turma julgadora acompanha
o voto divergente, que, para condenar o réu, se reporta
expressamente ao parecer da Procuradoria-Geral da Justiça,
onde, em síntese, estão expostos os motivos pelos quais esta
opina pelo provimento do recurso. Habeas corpus indeferido.’
(HC 54.513/DF, Rel. Min. MOREIRA ALVES - grifei) ‘- O
Supremo Tribunal Federal tem salientado, em seu magistério
jurisprudencial, a propósito da motivação per relationem, que
inocorre ausência de fundamentação, quando o ato decisório - o
acórdão, inclusive - reporta-se, expressamente, a manifestações
ou a peças processuais outras, mesmo as produzidas pelo
Ministério Público, desde que nestas se achem expostos os
motivos, de fato ou de direito, justificadores da decisão judicial
proferida. Precedentes. Doutrina.’ (HC 69.438/SP, Rel. Min.
CELSO DE MELLO) ‘- A jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal orienta-se no sentido de reconhecer a plena validade
constitucional da motivação per relationem. Em conseqüência, o
acórdão do Tribunal, ao adotar os fundamentos de ordem fático-
jurídica mencionados nas contra-razões recursais da
Promotoria de Justiça - e ao invocá-los como expressa razão de
decidir - revela-se fiel à exigência jurídico-constitucional de
motivação que se impõe ao Poder Judiciário na formulação de
seus atos decisórios. Precedentes.’ (STF, HC 72.009/RS, Rel.
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Min. CELSO DE MELLO)" (MS-27350/DF, Relator


Min. CELSO DE MELLO, DJe 4/6/2008)
De sorte que, seguindo a trilha da
jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal, a
conduta ora adotada objetiva atender ao princípio da
celeridade processual e, em última análise, outorgar a
devida prestação jurisdicional.
Assim, endosso integralmente a decisão
agravada por seus próprios e jurídicos fundamentos, que
adoto como razões de decidir.
Ademais, o pedido formulado na reclamação
trabalhista diz respeito à indenização por dano moral
decorrente de suposta dispensa discriminatória em razão da
idade, ocorrida em 31/5/1999.
Conquanto o art. 189 do Código Civil
consagre a regra geral segundo a qual o início do prazo
prescricional coincide com a data da suposta violação do
direito, em rigor técnico o termo inicial do fluxo do
prazo prescricional coincide com a data da ciência da
lesão ao direito subjetivo material, ocasião em que nasce
a pretensão (actio nata) para repará-lo.
Por tratar-se de hipótese excepcional, a
alegação de ciência inequívoca da lesão comporta
interpretação restritiva, haja vista que a simples
afirmação de desconhecimento da lei não revela o efeito de
protrair o marco inicial do prazo prescricional.
Necessário que haja dúvida fundada a
respeito da existência de lesão a direito ou da extensão
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da lesão, à luz do critério do homem médio, para que se


considere a data da ciência da lesão como o marco inicial
do prazo prescricional. É o que se deu, por exemplo, no
reconhecimento do direito a diferenças da multa do FGTS
decorrente de expurgos inflacionários (Orientação
Jurisprudencial nº 344 da SbDI-1 do TST).
O acórdão regional entendeu, todavia, que
"o fato que deu ensejo à lesão ao direito do autor foi a
dispensa discriminatória, e não a declaração posterior de
tal situação em ação civil pública" (fl. 138 da numeração
eletrônica).
Assim, o prazo prescricional da pretensão
de indenização por dano moral decorrente de suposta
dispensa discriminatória conta-se a partir da efetiva
dispensa do empregado.
O Tribunal Superior do Trabalho, analisando
controvérsias idênticas, em que se discute o termo inicial
do prazo prescricional da pretensão individual de
indenização por dano moral decorrente de dispensa
discriminatória em razão de idade avançada, reconhecida
nos autos de ação civil pública, vem afastando a aplicação
da teoria da actio nata, por entender, em síntese, que os
empregados tiveram ciência da lesão no momento da
dispensa.
Tomem-se, nesse sentido, precedentes da 1ª,
2ª, 3ª, 4ª e 6ª Turmas do TST:
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE
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REVISTA. PRESCRIÇÃO. DANOS MORAIS E MATERIAIS.


DISPENSA DISCRIMINATÓRIA RECONHECIDA EM AÇÃO
CIVIL PÚBLICA. ACTIO NATA. 1. Hipótese em que o Tribunal
Regional estabelece como actio nata a data da rescisão
contratual, desconsiderando, como pretendido pela autora, o dia
em que reconhecido em juízo o caráter discriminatório do ato da
dispensa, ao julgamento da ação civil pública anteriormente
ajuizada. 2. Acerca dessa específica hipótese, a jurisprudência
que se vem firmando nesta Casa, com a qual está em
conformidade a decisão recorrida, é a de que o ajuizamento da
ação civil pública não interrompe a contagem da prescrição, uma
vez que a decisão proferida ao julgamento dessa ação não tem
caráter constitutivo, mas declaratório, sendo a data do término
do contrato de trabalho o marco inicial para a verificação da
prescrição, porquanto a suposta discriminação ocorreu com a
dispensa. Não obstante, o Colegiado Regional registrou que a
pretensão veiculada na ação coletiva -referiu-se a reintegração de
ex-empregados da Reclamada, bem como aos salários do
período de afastamento, em face de alegada discriminação na
dispensa realizada em 1999, ou seja, inexistente pedido de
indenização-. Assim, também por esse viés, -não se cogita de
interrupção da prescrição ou qualquer causa obstativa da fluência
do prazo prescricional, pois não há identidade de pedidos, vez
que na presente ação a Reclamante requer indenização por danos
morais e materiais-. (...). Agravo de instrumento conhecido e não
provido." (Processo: AIRR-358-
53.2011.5.09.0664, Relator Ministro: Hugo
Carlos Scheuermann, 1ª Turma, DEJT de
21/6/2013)
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
PRESCRIÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
DECORRENTE DE DEMISSÃO DISCRIMINATÓRIA.
AÇÃO AJUIZADA APÓS DEZ ANOS DO ATO LESIVO.
NÃO-INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO PELO
AJUIZAMENTO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA EM QUE FOI
REQUERIDA A REINTEGRAÇÃO DOS EMPREGADOS
DEMITIDOS. O Regional destacou que o ato apontado na
petição inicial como discriminatório e violador de direitos
ocorreu em 31/05/1999, quando a reclamada rescindiu o contrato
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de trabalho de 680 empregados, dentre eles o do reclamante.


Registrou que, como a ação somente foi ajuizada em 22/09/2010
(...). O reclamante defende a tese de que o prazo prescricional
previsto no artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal
conta-se da decisão definitiva proferida na ação civil pública
promovida pelo Ministério Público do Trabalho, em que foi
pleiteada a reintegração dos 680 empregados demitidos pela
reclamada. No entanto, como não há prova de que na ação
promovida pelo Ministério Público houve pedido de indenização
por dano moral decorrente da citada dispensa, não se verifica a
identidade de pedidos nas duas ações, o que impede concluir que
o ajuizamento da ação civil pública interrompeu a prescrição
para a propositura da ação individual pelo reclamante. Esta Corte
firmou o entendimento de que a interrupção ocorre em relação
aos pedidos idênticos, consoante o disposto na Súmula nº 268 do
TST. Por outro lado, os julgados transcritos pelo reclamante não
possuem a especificidade exigida pela Súmula nº 296, item I, do
TST, pois não retratam hipótese fática idêntica à decidida no
acórdão regional. Agravo de instrumento a que se nega
provimento.’ (Processo: AIRR-1190-
48.2010.5.09.0009, Relator Ministro: José
Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, DEJT de
26/3/2013)
"PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. TRÂNSITO EM
JULGADO DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA . REINTEGRAÇÃO
DOS EMPREGADOS EM FACE DE DISPENSA
DISCRIMINATÓRIA. O ajuizamento de ação declaratória
quando já extinto o contrato de trabalho e com causa de pedir
remota diversa daquela constante da ação condenatória não
interrompe o curso do prazo prescricional. Agravo de
instrumento conhecido e desprovido." (Processo: AIRR-
1359-35.2010.5.09.0009, Relator Ministro:
Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira,
3ª Turma, DEJT de 12/4/2013)
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.
PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. TERMO INICIAL.
DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. SÚMULA Nº 268 DO TST.
1. A interrupção da prescrição pelo ajuizamento de ação somente
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se dá em relação a pedido efetivamente formulado, unicamente


quando se constitui em mora o devedor, nos termos do art. 202,
inciso V, do Código Civil. Inteligência também da Súmula 268
do TST. 2. Formulados pedidos distintos em Ação Civil Pública
anterior (reconhecimento de dispensa discriminatória e, por
conseguinte, reintegração ou readmissão de empregados) e
em Reclamação Trabalhista posterior (indenização por danos
morais e materiais decorrentes de dispensa discriminatória),
aquela não interrompeu o prazo prescricional para o ajuizamento
desta. 3. O termo inicial do fluxo do prazo prescricional
coincide com a data de ciência da lesão ao direito subjetivo
material, ocasião em que nasce a pretensão (-actio nata-)
para repará-lo. 4. Assim, o prazo prescricional da pretensão
de indenização por danos morais e materiais decorrentes de
dispensa discriminatória conta-se a partir da efetiva
dispensa do empregado e, não, do trânsito em julgado de
decisão em ação civil pública na qual se deduziu pedido
distinto. 5. Decorridos mais de 11 (onze) anos entre a data da
suposta dispensa discriminatória e a data do ajuizamento da ação
trabalhista, opera-se a prescrição total, nos termos do art. 7º,
XXIX, da Constituição Federal. 6. Agravo de Instrumento de
que se conhece e a que se nega provimento." (Processo:
AIRR-1198-25.2010.5.09.0009, Relator
Ministro: João Oreste Dalazen, 4ª Turma,
Data de Publicação: DEJT de 2/8/2013; grifo
nosso)
"PRESCRIÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA JULGADA
ANTERIORMENTE EM QUE FOI RECONHECIDA A
NULIDADE DA DISPENSA. ACTIO NATA. NOVA AÇÃO DE
REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. Incontroverso nos autos
que a Ação Civil Pública declarou a nulidade da dispensa, cujo
julgamento se deu em 26.11.2008. Assim, a ação anterior em
que declarada a nulidade da dispensa foi ajuizada em
momento posterior à resilição contratual, quando já poderia
ter sido formulada a pretensão, objeto da presente ação, de
reparação por danos morais decorrentes da dispensa
discriminatória. No caso, o eg. TRT registrou que a dispensa
ocorreu em 1999 e a presente ação foi ajuizada em 20.10.2010, a
denotar que não se respeitou o biênio prescricional a que se
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PROCESSO Nº TST-AIRR-1335-07.2010.5.09.0009

refere o artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal.


Recurso de revista conhecido e provido." (Processo: RR-
1333-37.2010.5.09.0009; Relator Ministro:
Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, DEJT de
23/11/2012; grifo nosso)
Na hipótese vertente, operada a rescisão
contratual em 1999 e ajuizada a reclamação trabalhista em
2010, patente que se consumou a prescrição total para a
pretensão de reparação da lesão moral, quer se considere o
prazo prescricional quinquenal trabalhista, quer o prazo
prescricional trienal civil (Código Civil, arts. 2.028 e
206, § 3º, V).
Emerge, assim, em óbice à admissibilidade
do recurso de revista que se visa a destrancar, o
entendimento consagrado na Súmula nº 333 do TST, bem como
o disposto no art. 896, § 7º, da CLT.
Ante o exposto, nego provimento ao agravo
de instrumento.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Quarta Turma do
Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer
do agravo de instrumento e, no mérito, negar-lhe
provimento.
Brasília, 25 de fevereiro de 2015.

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JOÃO ORESTE DALAZEN
Ministro Relator

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