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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

Propriedades Geotécnicas de Solos Superficiais de Uberlândia


Maria Elisa Borges Rezende
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Brasil, melisa@ufu.br

Rodrigo Pires Leandro


Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Brasil, rodrigoleandro@feciv.ufu.br

RESUMO: Neste trabalho foram determinadas algumas propriedades geotécnicas dos solos de uma
região do município de Uberlândia visando principalmente identificar se são de comportamento
laterítico para uso em pavimentação, obras de terra e proteção contra erosões. Para tanto, foram
analisados 13 perfis diferentes até a profundidade máxima de 5m referentes aos tipos pedológicos
encontrados na área de estudo. No método experimental foram realizados os ensaios tradicionais de
caracterização e compactação, os ensaios para classificação MCT expedita seguindo os
procedimentos de Fortes et al. (2002) e, posteriormente, selecionadas amostras de alguns dos perfis
para os ensaios da metodologia MCT: ensaios de mini-MCV, perda de massa por imersão,
infiltrabilidade e permeabilidade, mini-CBR com e sem imersão, expansão e retração. Através do
mapa pedológico foram identificados e mapeados os possíveis solos lateríticos segundo o critério
proposto Ignatius (1991) e, posteriormente, pelo método expedito das pastilhas (Fortes et al. 2002).
Os métodos de identificação do comportamento laterítico do solo apresentaram os mesmos
resultados para as amostras analisadas. Na região estudada, apenas um tipo pedológico não
apresentou comportamento laterítico, tratando-se de um solo transportado de uma porção mais
baixa, próxima ao Rio Araguari. Assim 69% da área estudada apresentaram comportamento
laterítico, vislumbrando potencial para utilização em obras de pavimentação de baixo custo e em
outras obras geotécnicas e, também, de proteção ambiental.

PALAVRAS-CHAVE: compactação, metodologia MCT, permeabilidade, solo laterítico,


pavimentação, Uberlândia.

1 INTRODUÇÃO consistência dos solos.


As metodologias tradicionais apresentam
As classificações geotécnicas foram criadas limitações quando utilizadas para a previsão de
com o intuito de facilitar a identificação dos propriedades de solos tropicais. Essas
solos e seu comportamento a partir de ensaios limitações ocorrem, principalmente, devido às
simples quando comparados aos ensaios diferenças existentes entre a natureza da fração
tradicionais para obtenção dos parâmetros de argila e de areia de solos de regiões temperadas
resistência mecânica, deformabilidade e e de regiões tropicais (Nogami e Villibor,
permeabilidade. 1995).
Dentre os vários sistemas de classificação de Segundo Nogami e Villibor (1995), as
solos pode-se destacar o Sistema Unificado de sistemáticas tradicionais para classificação de
Classificação de Solos (USCS – Unified Soil solos não tem se mostrado satisfatórias quando
Classification System), a classificação para fins aplicadas para solos tropicais, uma vez que o
rodoviários HRB (Highway Research Board) e comportamento em campo não corresponde ao
a sistemática MCT (Miniatura, Compactada, pressuposto pelas mesmas.
Tropical) desenvolvida para solos tropicais. Devido às limitações dos sistemas
As classificações USCS e HRB, conhecidas tradicionais quando aplicadas a solos tropicais e
como tradicionais, foram desenvolvidas em com o objetivo de diferenciar este tipo de solo
países de clima temperado e são baseadas na dos demais, Nogami e Villibor desenvolveram a
distribuição granulométrica e nos limites de classificação MCT específica para solos

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tropicais. Essa sistemática é baseada na geotécnico e para os envolvidos na construção


realização de ensaios laboratoriais de rodoviária, de aterros sanitários e também os
compactação e imersão em água de copos de responsáveis pelo planejamento de uso e
prova de dimensões reduzidas que representam ocupação de solos nos centros urbanos.
de certa forma, as situações a que os solos são Este trabalho tem por objetivo caracterizar
submetidos quando compactados e utilizados os solos superficiais de uma região do
em obras rodoviárias. município de Uberlândia utilizando os sistemas
A metodologia MCT classifica os solos em tradicionais de classificação de solos (USCS e
dois grandes grupos no que tange ao seu HRB) e sistemas desenvolvidos para
comportamento quando compactado: laterítico e identificação de solos tropicais (MCT, método
não laterítico. expedito das pastilhas e o método de Ignatius)
Os solos de comportamento laterítico, fornecendo subsídios para o planejamento
quando compactados em condições específicas urbano no que tange às obras de pavimentação,
previamente determinadas, adquirem altas geotécnicas e de proteção ambiental.
resistências e excelente capacidade de suporte
com pequena perda dessa capacidade quando 2 MATERIAIS E MÉTODOS
imersos em água (Nogami e Villibor, 1995).
As qualidades apresentadas pelos solos de O estudo foi dividido em três etapas. Na
comportamento laterítico os tornam fonte de primeira, Rezende e Dias (2003) delimitaram a
matéria prima para obras de terra, camadas área de estudo. A partir do mapa pedológico da
estruturais de pavimentos e para proteção contra área mostrada na Figura 1, foram definidos os
erosões. Assim, a distinção entre os tipos de pontos de amostragem em função das unidades
solos torna-se imprescindível para o meio pedológicas encontradas.

Figura 1. Mapa pedológico da área de estudo e localização dos pontos de amostragem (Embrapa, 1980).

Aqueles autores executaram sondagens a profundidades variáveis atingindo até 5m, em


trado de meio em meio metro com 13 pontos. Esses pontos foram distribuídos nas

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unidades pedológicas da seguinte forma: solos segundo essa classificação e


LRd: associação de latossolos roxo distróficos relacionando-os às unidades pedológicas.
com cambissolos eutróficos – pontos: 06, 07, 08 A terceira etapa da pesquisa é referente a
e 15; este artigo. Para uma amostra superficial de
LRe: associação de latossolo roxo, cambissolos cada uma das 6 unidades pedológicas foram
e solos litólicos eutróficos – pontos: 11 e 12; realizados os ensaios para a classificação dos
LEa: latossolo vermelho-escuro álico – ponto: solos tropicais segundo os procedimentos de
02; Nogami e Villibor (1995) e de acordo com a
LEd: latossolo vermelho-escuro distrófico – norma DNER CL259/96.
pontos: 08 e 14; Os ensaios realizados e que fazem parte
Ce1: associação de cambissolo e solos litólicos dessa sistemática são os de compactação mini-
eutrófico mais terra rosa estruturada eutrófica – MCV (DNER ME258/94) e perda de massa por
pontos: 01, 09 e 10; imersão (DNER ME256/94).
Pe4: associação podzólico vermelho-amarelo e Para a avaliação da capacidade de suporte,
cambissolo eutróficos – pontos: 03 e 04. expansão e retração dos solos foram executados
A área de estudo está localizada nas os ensaios de mini-CBR nas condições imersa e
proximidades do Aeroporto de Uberlândia e não imersa, segundo os procedimentos de
inclui pequena parte do Distrito Industrial da ensaio das normas DNER ME228/94 e DNER
cidade, sendo que quase a totalidade da área é ME254/94.
destinada às atividades agrícolas. A área foi As propriedades hidráulicas foram avaliadas
delimitada entre os meridianos de longitude 48o através da realização dos ensaios de
45’ e 48o 20’ e os paralelos de latitude 18o 45’ e infiltrabilidade e de permeabilidade segundo a
18o 52’ de acordo com a Carta Topográfica do sistemática da MCT descrita em Nogami e
Brasil SE-22-Z-B-VI do IBGE. Villibor (1995) e Villibor e Nogami (2009).
Ainda na primeira etapa, Rezende e Dias
(2003) coletaram e preparam as amostras de 3 RESULTADOS
acordo com a ABNT de 1984a, e também
realizaram os ensaios de caracterização: limites A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos por
de liquidez (ABNT, 1984b) e plasticidade Rezende e Dias (2003) referentes aos limites de
(ABNT, 1984d), massa específica dos grãos consistência, porcentagem dos grãos menores
(ABNT, 1984c), granulometria (ABNT, 1984e) do que 0,002 mm, além da atividade coloidal.
e de compactação segundo (ABNT, 1986).
Com os resultados Rezende e Dias (2003) Tabela 1. Limites de consistência, porcentagem dos grãos
classificaram os solos fazendo uso das menores do que 0,002 mm e atividade coloidal dos solos
estudados (Rezende e Dias, 2003).
sistemáticas tradicionais (USCS e HRB). Un. Prof. LL IP
Para a identificação de solos tropicais entre Pnt. F* AC**
Ped. (m) (%) (%)
os de comportamento laterítico e não laterítico Ce1 01 0,5 65 10 52 0,2
utilizaram o método do índice de laterização (L) Ce1 01 1 69 15 37 0,39
proposto por Ignatius (1991). Esse índice é a Ce1 01 1,5 67 13 43 0,3
Ce1 01 2 70 13 37 0,36
inclinação do ramo seco da curva de
Ce1 09 1 37 13 46 0,28
compactação do ensaio Proctor na energia Ce1 09 2 48 13 53 0,24
normal. De acordo com o Ignatius (1991), Ce1 10 1 47 15 50 0,3
valores maiores do que 0,3 para o índice de Ce1 10 2 69 35 44 0,78
laterização são indicativos de solos de Ce1 10 3 50 13 33 0,4
comportamento laterítico. Ce1 10 3,5 53 22 44 0,5
LEa 02 0,5 31 11 34 0,31
Na segunda etapa, Guimarães e Rezende LEa 02 1 31 10 35 0,27
(2005), realizaram os ensaios da classificação Un. Prof. LL IP *
Pnt. F AC**
MCT expedita seguindo os procedimentos de Ped. (m) (%) (%)
Fortes et al. (2002). Ao final os autores LEa 02 1,5 33 11 34 0,32
apresentaram um mapa da região indicando os LEa 02 2 30 7 34 0,21
LEa 02 2,5 70 13 31 0,43

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LEa 02 3 33 10 35 0,29 LRe 12 1,53 26 1,21


LEa 02 3,5 34 10 35 0,27
LEa 02 4 32 9 33 0,27 Tabela 3. Massa específica dos grãos, grau de saturação,
LEa 02 4,5 34 11 34 0,31 índice de vazios e porosidade dos solos estudados
LEa 02 5 33 11 31 0,35 (Rezende e Dias, 2003).
Pe4 03 0,5 38 13 20 0,63 Unidade ρs S
Pe4 04 0,5 36 10 12 0,83 Ponto e η (%)
Pedológica (g/cm3) (%)
LRd 06 1 48 14 68 0,2 Ce1 01 2,9 83 1,33 57
LRd 06 2 50 13 66 0,2 Ce1 09 3,12 66 1,48 60
LRd 06 2,2 50 14 38 0,37 Ce1 10 3,07 46 2,14 68
LRd 07 0,5 37 11 48 0,22 LEa 02 2,72 49 1,1 52
LRd 15 1 51 11 71 0,16 Pe4 03 2,74 65 1,17 54
LRd 15 2 50 14 67 0,21 Pe4 04 2,67 - - -
LRd 15 3 46 15 74 0,2 LRd 06 3,03 72 1,68 63
LRd 15 4 55 21 61 0,34 LRd 07 2,82 44 1,44 59
LRd 15 5 51 16 61 0,26 LRd 15 3,12 43 1,74 64
LEd 08 1 21 8 24 0,32 LEd 08 2,67 37 0,87 46
LEd 08 2 23 8 26 0,31 LEd 14 2,82 38 1,12 53
LEd 08 3 24 8 24 0,35 LRe 11 3,1 40 1,76 64
LEd 08 4 26 11 25 0,44 LRe 12 2,49 62 1,05 51
LEd 14 1 35 10 38 0,26
LEd 14 2 42 17 25 0,65
LRe 11 1 44 13 36 0,36 A Tabela 4 mostra a classificação dos solos
LRe 11 2 43 13 36 0,36 pela USCS, HRB e pelo índice de laterização
LRe 11 3 45 13 45 0,29 determinado através das curvas de compactação
LRe 11 4 47 18 32 0,56 de Proctor.
LRe 12 1 45 14 44 0,32
LRe 12 2 47 14 53 0,27
Tabela 4. Classificação dos solos pela USCS, HRB e pelo
LRe 12 3 47 10 51 0,2
índice de laterização de Ignatius (1991).
LRe 12 4 49 10 35 0,28
Unid. Class.
LRe 12 4,3 52 13 39 0,32 Pnt. Prof. USCS HRB
* Pedol Ignatius
Porcentagem de grãos menores que 0,002 mm;
**
Atividade coloidal. Ce1 01 0,5 MH A-7-5 L
Ce1 01 1 MH A-7-5 L
Ce1 01 1,5 MH A-7-5 L
A Tabela 2 e a Tabela 3 apresentam os Ce1 01 2 MH A-7-5 L
resultados obtidos por Rezende e Dias em 2003 Ce1 09 1 CL A-6 -
para os índices físicos dos solos referentes às Ce1 09 2 ML A-7-5 -
unidades pedológicas encontradas na área de Ce1 10 1 ML A-7-5 -
Ce1 10 2 MH A-7-5 -
estudo. Ce1 10 3 MH A-7-5 -
Ce1 10 3,5 MH A-7-5 -
Tabela 2. Massa específica natural, teor de umidade e LEa 02 0,5 SC A-6 L
massa específica seca dos solos estudados (Rezende e LEa 02 1 SC A-4 L
Dias, 2003). LEa 02 1,5 SC A-6 L
Unidade ρn w LEa 02 2 SC A-4 L
Ponto ρd (g/cm3)
Pedológica (g/cm3) (%) LEa 02 2,5 SC A-7-5 L
Ce1 01 1,72 38,2 1,24 LEa 02 3 SC A-4 L
Ce1 09 1,65 31,4 1,26 LEa 02 3,5 SC A-4 L
Ce1 10 1,29 31,9 0,98 LEa 02 4 CL A-4 L
LEa 02 1,55 19,8 1,29 LEa 02 4,5 SC A-6 L
Pe4 03 1,61 27,6 1,26 LEa 02 5 SC A-6 L
Pe4 04 - 14,1 - Pe4 03 0,5 SC A-6 NL
LRd 06 1,58 39,8 1,13 Pe4 04 0,5 SC A-2-4 NL
LRd 07 1,42 22,6 1,16 Unid. Class.
Unidade ρn w Pnt. Prof. USCS HRB
Ponto ρd (g/cm3) Pedol Ignatius
Pedológica (g/cm3) (%) LRd 06 1 ML A-7-5 L
LRd 15 1,41 24 1,14 LRd 06 2 ML A-7-5 L
LEd 08 1,6 12 1,43 LRd 06 2,2 MH A-7-5 L
LEd 14 1,53 14,9 1,33 LRd 07 0,5 ML A-6 L
LRe 11 1,38 23 1,12 LRd 15 1 MH A-7-5 L

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LRd 15 2 ML A-7-5 L (1991), do método das pastilhas (Fortes et al.


LRd 15 3 ML A-7-5 L 2002) e pela sistemática MCT (Nogami e
LRd 15 4 MH A-7-5 L
LRd 15 5 MH A-7-5 L
Villibor, 1995).
LEd 08 1 SC A-2-4 L
LEd 08 2 SC A-4 L Tabela 6. Classificação dos solos.
LEd 08 3 SC A-4 L RIS na
Ignatius Pas-
LEd 08 4 SC A-6 L Unid. umidade MCT
(1991) tilha
LEd 08 5 SC A-4 L Pedol./ ótima
LEd 14 1 MH A-4 L Ponto Cla RIS Cla Class Class
L
LEd 14 2 CL A-7-6 L ssif. (%) ssif. if. if.
LRe 11 1 ML A-7-5 L Ce1/09 0,42 L 70 L LG’ LG’
LRe 11 2 ML A-7-5 L Lea/02 0,63 L 75 L LG’ LG’
LRe 11 3 ML A-7-5 L NA’/
Pe4/04 0,22 NL 17 NL NS’
LRe 11 4 CL A-7-6 L NS’
LRe 12 1 ML A-7-5 - LRd/06 0,46 L 75 L LA’ LA’
LRe 12 2 ML A-7-5 - LA-
LEd/08 0,6 L 86 L LA’
LRe 12 3 ML A-5 - LA’
LRe 12 4 ML A-5 - LRe/11 1,7 L 33 NL LG’ LG’
LRe 12 4,3 ML A-7-6 -
L: Laterítico Comparando-se o resultado do solo Pe4 da
NL: Não Laterítico
Tabela 5 com os demais métodos para
identificação do comportamento laterítico do
Os parâmetros de classificação para solos
solo na Tabela 6, nota-se que esse solo
tropicais pela sistemática MCT são
apresenta, na umidade ótima, RIS inferior a
apresentados na Tabela 5. A Figura 2 mostra o
50%, ou seja, apresenta elevada perda de
posicionamento em que cada solo se encontra
capacidade de suporte devido à imersão em
no gráfico de classificação MCT. Através da
água caracterizando, mais uma vez, o
análise da tabela e da figura verifica-se que
comportamento não laterítico.
apenas o solo do tipo pedológico Pe4 não é de
Embora o índice de laterização do solo Pe4
comportamento laterítico. Os solos Ce1, LEa e
seja inferior a 0,3, característico de solos de
LRe pertencem ao grupo LG’ já os solos LRd e
comportamento não laterítico, Ignatius (1991)
LEd pertencem ao grupo LA’.
expõe que índices maiores do que 0,2 podem
Tabela 5. Parâmetros de classificação MCT dos solos.
representar materiais que já tenham sofrido
Parâmetros Classificação certa laterização.
Unid. Os resultados da Tabela 6 mostram ainda
MCT Classif.
pedol./
Ponto c’ e’
Pi' d' MCT que, de modo geral, os métodos de identificação
(%) de solos de comportamento laterítico foram
Ce1/09 1,7 1,09 55 26,33 LG’ correspondentes. Considerando que os solos de
Lea/02 1,69 1,14 114 55,56 LG’
Pe4/04 0,9 1,56 290 22,73 NS’
comportamento laterítico apresentam RIS maior
LRd/06 1,43 1,14 76 27 LA’ que 50%, apenas o RIS do solo LRe ficou
LEd/08 0,8 1,03 93 130,4 LA’ aquém das expectativas.
LRe/11 1,7 0,87 30 55,3 LG’ A Tabela 7 apresenta algumas propriedades
dos solos estudados e a Tabela 8 mostra a
A Tabela 6 mostra as classificações obtidas avaliação dessas propriedades segundo os
através do critério de identificação de Ignatius parâmetros de Villibor e Nogami (2009).

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Figura 2. Classificação MCT dos solos analisados (DNER ME CL259/96).

Tabela 7. Propriedades dos solos no teor de umidade ótimo.


Classe Mini- Mini Log(s)
Perda S- coef.
Unid. MCT CBR CBR
ρdmax Wot de E C sorção K Log
Pedol./ SUCS sem com
kN/m3 (%) suporte (%) (%) em cm/s (K)
Ponto HRB imersão imersão
(%)
(%) (%) cm / t
LG’
Ce1/09 CL a ML 14,4 32,8 20 14 30 0 5 -2,1 4,9E-06 -5,3
A-7-5
LG’
Lea/02 SC 17,2 20,4 16 12 25 0,1 1,5 -1,4 <4 E-07 <-6,4
A-6
NS’
Pe4/04 SC 16,9 16,8 15 2,5 83 0 0 -2,0 5,1E-06 -4,9
A-2-4
LA’
0,3
LRd/06 ML 16,6 26,5 16 12 25 0,2 -2,4 2,7E-07 -6,6
6
A-7-5
LA’
Led/08 SC 19,6 11,1 21 18 14 0 1,2 -2,1 4,1E-05 -4,3
A-2-4
LG’
LRe/11 ML 15,7 29,5 18 6 67 0,4 0,3 -2,2 1,2E-05 -4,9
A-7-5

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Tabela 8. Avaliação das propriedades do solo segundo os parâmetro de Villibor e Nogami (2009).
Classif.
Mini- Perda de
Unid. MCT Coef. de Coef. de
CBR sem suporte Expansão, Contração,
Pedol./ SUCS sorção (s) permeabilidade k
imersão Mini-CBR E (%) C (%)
Ponto HRB Log s (cm/s)
(%) por imersão
LG’
Ce1/09 CL a ML Elevado Baixa Baixa Elevada Baixo Médio
A-7-5
LG’
Lea/02 SC Elevado Baixa Baixa Média Médio Baixo
A-6
NS’
Pe4/04 SC Elevado Elevada Baixa Média Médio Baixo
A-2-4
LA’
LRd/06 ML Elevado Baixa Baixa Média Baixo Baixo
A-7-5
LA’
LEd/08 SC Elevado Baixa Baixa Média Baixo Médio
A-2-4
LG’
LRe/11 ML Elevado Média Baixa Baixa Baixo Médio
A-7-5

Os valores de mini-CBR sem imersão Por fim, através dos resultados apresentados
variaram entre 15 e 21%, podendo todos ser vislumbra-se o potencial da região para a
considerados elevados tomando como utilização dos solos de comportamento
referência os apresentados por Villibor e laterítico em pavimentos de baixo custo.
Nogami (2009, p.56).
Os solos classificados como lateríticos 4 CONCLUSÕES
ocupam 69% da área estudada e apresentaram
baixa perda de capacidade de suporte mini-CBR Os métodos de identificação do comportamento
variando entre 15 a 30% com exceção do LRe laterítico do solo (classificação MCT, Ignatius e
que obteve perda de 67%. Além disso, esses método das pastilhas) apresentaram os mesmos
solos apresentaram baixa expansão variando resultados para as amostras analisadas.
entre 0 e 0,4. No entanto, a contração foi Os solos presentes na área de estudo foram
bastante variável, apresentando valores classificados em LA’, LG’ e NS’, sendo que os
elevados de até 5%. solos lateríticos cobrem a maior parte da região
Os coeficientes de permeabilidade variaram (69 % da área). Esses solos apresentaram
de 4x10-05 cm/s a valores menores do que 10-07 elevados índices de capacidade de suporte,
cm/s, sendo os de mais baixa permeabilidade os baixa perda de suporte quando imersos em água
solos de comportamento laterítico. e baixa permeabilidade vislumbrando, assim,
Assim, para compactação na energia normal, potencial para a utilização em pavimentos de
os solos LEa/02 e LRd/06 seriam indicados baixo custo e em camadas impermeabilizantes
para construção de camadas impermeáveis de tais como base de aterro sanitário ou de
base de aterros sanitários ou em outras obras de represamento de água. Os solos classificados
contenção de água. como LG’ e LA’ podem ser utilizados em obras
Se energias de compactação maiores forem de controle de erosão.
empregadas os demais solos também poderão Os autores consideram importante a
atingir a permeabilidade adequada para uso nas execução de um maior número de ensaios em
referidas obras de engenharia, conforme outros pontos das mesmas unidades
verificou Souza et. al (2007). pedológicos para uma melhor avaliação das
propriedades geotécnicas.

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AGRADECIMENTOS Rezende, M. E. B. e Dias, I. M. (2003). Levantamento


dos solos lateríticos de Uberlândia. In: Congresso
Brasileiro de Geotecnia Ambiental, REGEO’2003.
À FAPEMIG pelo apoio financeiro e aos Anais... Porto Alegre.
técnicos do Laboratório de Geotecnia da Souza, N.A. Rezende, M.E.B.; Cardoso, L.C.V. Gouveia,
Faculdade de Engenharia Civil da UFU: Sr.. E.F. (2007). Estudo da permeabilidade do solo da
José Antônio Veloso e Sr. Romes Aniceto da base ampliação do Aterro Sanitário de Uberlândia,
Silva. UNSAT2007, Salvador, Bahia, p.499-503.
Villibor, D. F. e Nogami, J. S. (2009). Pavimentos
econômicos- Tecnologia do uso dos solos finos
REFERÊNCIAS lateríticos. São Paulo: Editora Arte & Ciência, , 291p.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6457 -


Amostras de solo- Preparação para ensaios de
compactação e ensaios de caracterização. Rio de
Janeiro 1984a.
______. NBR 6459 - Solo- Determinação do limite de
liquidez. Rio de Janeiro, 1984b.
______. NBR 6508 - Grãos de solos que passam na
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