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CUIABÁ
2009
JOSÉ DOMINGUES DE GODOI NETO
CUIABÁ
2009
DEDICATÓRIA
This study intends to defend the applicability of the penalty under Article
475-J of the Code of Civil Procedure to the labor procedure. Ensuring that the ordinary
legislation can be interpreted according to the Constitution of 1988, respecting the
normative force of its principles and maximizing the effectiveness of the fundamental
rights. Advancing the idea of types of loopholes and by procedural sources integration,
law operators can achieve to make the labor procedure faster and more effective. After
all the application of this Article under discussion can be an effective mean of trying to
coerce the defendant to comply voluntarily with labor sentences. Ensuring that the labor
procedure is renewed and equal to other procedure branches, but also to keep its main
feature, celerity , given the law and society evolution as a whole.
Introdução........................................................................................07
O art.475-j do CPC..........................................................................09
A execução trabalhista e aplicação do
CPC.............................................................................................................12
Interpretação conforme a CF/88 e heterointegração de normas
processuais..................................................................................................16
Adaptações necessárias à aplicação da multa.................................29
Posição jurisprudencial...................................................................33
Conclusão.......................................................................................37
Bibliografia.....................................................................................40
Introdução
Lacunas e heterointegração
Neste contexto, Bezerra Leite (2007), traz a idéia de que a heterointegração
de normas processuais se faz necessária sempre que a norma processual comum
representar maior efetividade em relação à previsão original celetista.
Assim a lacuna exigida pelo artigo 769 da CLT, não precisa ser uma lacuna
real, devendo ser interpretada no sentido amplo. Alcançando assim as lacunas
axiológicas e ontológicas e não somente as típicas lacunas normativas.
Diniz (2003), nos traz os conceitos destas lacunas: axiológica é a ausência
de norma justa enquanto que ontológica é quando a norma existente não mais
corresponde aos fatos sociais do momento de sua elaboração. Enquanto que a
tradicional lacuna normativa refere-se à ausência de norma sobre determinada situação.
Bezerra Leite (2007) afirma que a regra inscrita no art. 769 da CLT
apresenta duas espécies de lacuna quando comparada com o novo processo sincrético
inaugurado com as recentes reformas introduzidas pela Lei n. 11.232/2005.
Seguindo, Bezerra Leite (2007) afirma a existência de lacuna ontológica,
pois não há negar que o desenvolvimento das relações políticas, sociais e econômicas
desde a vigência da CLT (1943) até os dias atuais revelam que inúmeros institutos e
garantias do processo civil passaram a influenciar diretamente o processo do trabalho,
dentre as quais astreintes, antecipação de tutela, multas por litigância de má-fé e etc.).
Sobre a existência de lacuna axiológica, cumpre transcrever Bezerra Leite
em sua obra Curso de Direito Processual do Trabalho, 2007, página 99:
O mesmo autor traz ainda que o correto seria importar a aplicação da multa
com o mesmo prazo de 15 dias previsto na legislação processual comum. Assim, o
devedor, intimado da sentença teria 15 dias para efetuar o pagamento sob pena de multa
de 10% sobre o valor da execução.
Cumpre dizer que a grande maioria das decisões adota este prazo de 15 dias,
sem excluir a possibilidade de imediata penhora. Assim adota-se a norma de processo
civil exatamente como em sua origem.
Bezerra Leite (2007) por sua vez nos traz outra possibilidade de adaptação
ao discorrer sobre o tema em sua obra Curso de Direito Processual do Trabalho, nas
páginas 882 e 885:
Sobre o tema deste estudo parece não haver um consenso entre os diversos
tribunais trabalhistas, principalmente entre os Tribunais Regionais do Trabalho-TRTs e
o Tribunal Superior do Trabalho-TST.
O tema principal deste estudo não é analisar jurisprudência, mas sim
propugnar pela aplicabilidade da multa do 475-J e demonstrar os motivos para tanto. No
entanto passaremos a seguir a demonstrar algumas decisões acerca desta celeuma.
Em nossa prática da advocacia, no TRT da 23ª região e também no TRT da
1ª região, observamos que a grande maioria dos magistrados de primeiro grau, parecem
mais dispostos a aplicar a multa do 475-J. Sendo que o TRT-23, também tem proferido
decisões em grau de recurso mantendo a multa do 475-J.
Vejamos a seguir duas decisões do TRT-23 que são muitas vezes utilizadas
como paradigmas por magistrados em sentenças de primeiro grau: