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Aula 02
12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 02
SUMçRIO
1. DO CRIME .................................................................................................... 3
1.1. Fato t’pico e seus elementos .................................................................... 5
1.1.1. Conduta .................................................................................................. 5
1.1.2. Resultado natural’stico .............................................................................. 7
1.1.3. Nexo de Causalidade................................................................................. 8
1.1.4. Tipicidade .............................................................................................. 14
1.2. Crime doloso e crime culposo ................................................................. 19
1.2.1. Crime doloso ......................................................................................... 19
1.2.2. Crime culposo ........................................................................................ 21
1.3. Crime consumado, tentado e imposs’vel ................................................ 25
1.3.1. Tentativa .............................................................................................. 25
1.3.2. Crime imposs’vel .................................................................................... 28
1.3.3. Desist•ncia volunt‡ria e arrependimento eficaz........................................... 30
1.3.4. Arrependimento posterior ........................................................................ 31
1.4. Ilicitude ................................................................................................. 37
1.4.1. Estado de necessidade ............................................................................ 38
1.4.2. Leg’tima defesa ...................................................................................... 40
1.4.3. Estrito cumprimento do dever legal ........................................................... 43
1.4.4. Exerc’cio regular de direito ...................................................................... 44
1.4.5. Excesso pun’vel...................................................................................... 44
2. RESUMO .................................................................................................... 48
3. EXERCêCIOS DA AULA ............................................................................... 55
4. GABARITO ................................................................................................. 63
Salve, galera!
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AlŽm disso, vamos ver as modalidades de CRIME (Doloso,
culposo, consumado, tentado e imposs’vel), conforme as mais variadas
classifica•›es.
Bons estudos!
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1.! DO CRIME
1
Art 1¼ Considera-se crime a infra•‹o penal que a lei comina pena de reclus‹o ou de deten•‹o,
quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contraven•‹o, a
infra•‹o penal a que a lei comina, isoladamente, pena de pris‹o simples ou de multa, ou ambas.
alternativa ou cumulativamente.
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1.1.1.! Conduta
Tr•s s‹o as principais que teorias buscam explicar a conduta: Teoria
causal-natural’stica (ou cl‡ssica), finalista e social.
Para a teoria causal-natural’stica, conduta Ž a a•‹o humana.
Assim, basta que haja movimento corporal para que exista conduta. Esta
teoria est‡ praticamente abandonada, pois entende que n‹o h‡
necessidade de se analisar o conteœdo da vontade do agente nesse
momento, guardando esta an‡lise (dolo ou culpa) para quando do estudo
da culpabilidade.2
2
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 287/288
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Para a teoria finalista, de HANS WELZEL, a conduta humana Ž a
a•‹o volunt‡ria dirigida a uma determinada finalidade. Assim:
Conduta = vontade + a•‹o
3
DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista dos
Tribunais, 2012, p. 397
4
DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista dos
Tribunais, 2012, p. 396
5
DOTTI, RenŽ Ariel. Op. cit. p. 397
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H‡ cr’ticas a esta teoria, pois a relev‰ncia social n‹o seria um
elemento estruturante da conduta, mas uma qualidade que esta poderia
ou n‹o possuir. Assim, a conduta que n‹o fosse socialmente relevante
continuaria sendo conduta.6
A conduta humana pode ser uma a•‹o ou uma omiss‹o. A
quest‹o Ž: Qual Ž o resultado natural’stico que advŽm de uma
omiss‹o? Naturalisticamente nenhum, pois do nada, nada surge. Assim,
aquele que se omite na presta•‹o de socorro a alguŽm, pode estar
cometendo o crime de omiss‹o de socorro, art. 135 do C—digo Penal (que
Ž um crime formal, pois a morte daquele a quem n‹o se prestou socorro Ž
irrelevante), n‹o porque causou a morte de alguŽm (atŽ porque este
resultado Ž irrelevante e n‹o fora diretamente provocado pelo agente),
mas porque descumpriu um comando legal.
Entretanto, o art. 13, ¤ 2¡ do CP diz o seguinte:
¤ 2¼ - A omiss‹o Ž penalmente relevante quando o omitente devia e podia
agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obriga•‹o de cuidado, prote•‹o ou vigil‰ncia;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorr•ncia do resultado.
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Entretanto, apenas nos crimes chamados materiais se exige um
resultado natural’stico. Nos crimes formais e de mera conduta n‹o h‡
essa exig•ncia.
Os crimes formais s‹o aqueles nos quais o resultado
natural’stico pode ocorrer, mas a sua ocorr•ncia Ž irrelevante para
o Direito Penal. J‡ os crimes de mera conduta s‹o crimes em que
n‹o h‡ um resultado natural’stico poss’vel. Vou dar um exemplo de
cada um dos tr•s:
¥! Crime material Ð Homic’dio. Para que o homic’dio seja consumado,
Ž necess‡rio que a v’tima venha a —bito. Caso isso n‹o ocorra,
estaremos diante de um homic’dio tentado (ou les›es corporais
culposas);
¥! Crime formal Ð Extors‹o (art. 158 do CP). Para que o crime de
extors‹o se consume n‹o Ž necess‡rio que o agente obtenha a
vantagem il’cita, bastando o constrangimento ˆ v’tima;
¥! Crime de mera conduta Ð Invas‹o de domic’lio. Nesse caso, a
mera presen•a do agente, indevidamente, no domic’lio da v’tima
caracteriza o crime. N‹o h‡ um resultado previsto para esse crime.
Qualquer outra conduta praticada a partir da’ configura crime
aut™nomo (furto, roubo, homic’dio, etc.).
8
Pelo princ’pio da ofensividade, n‹o Ž poss’vel haver crime sem resultado jur’dico. BITENCOURT,
Cezar Roberto. Op. cit., p. 354
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¥!TEORIA DA EQUIVALæNCIA DOS ANTECEDENTES (OU DA
CONDITIO SINE QUA NON) Ð Para esta teoria, Ž considerada causa do
crime toda conduta sem a qual o resultado n‹o teria ocorrido. Assim, para
se saber se uma conduta Ž ou n‹o causa do crime, devemos retir‡-la do
curso dos acontecimentos e ver se, ainda assim, o crime ocorreria
(Processo hipotŽtico de elimina•‹o de ThyrŽn). EXEMPLO: Marcelo
acorda de manh‹, toma cafŽ, compra uma arma e encontra Jœlio, seu
desafeto, disparando tr•s tiros contra ele, causando-lhe a morte.
Retirando-se do curso o cafŽ tomado por Marcelo, conclu’mos que o
resultado teria ocorrido do mesmo jeito. Entretanto, se retirarmos a
compra da arma do curso do processo, o crime n‹o teria ocorrido.
O inconveniente claro desta teoria Ž que ela permite que se
coloquem como causa situa•›es absurdas, como a venda da arma ou atŽ
mesmo o nascimento do agente, j‡ que se os pais n‹o tivessem colocado
a crian•a no mundo, o crime n‹o teria acontecido. Isso Ž um absurdo!
Assim, para solucionar o problema, criou-se outro filtro que Ž o
dolo. Logo, s— ser‡ considerada causa a conduta que Ž
indispens‡vel ao resultado e que foi querida pelo agente. Assim, no
exemplo anterior, o vendedor da arma n‹o seria responsabilizado, pois
nada mais fez que vender seu produto, n‹o tendo a inten•‹o (nem sequer
imaginou) de ver a morte de Jœlio.
Nesse sentido:
CAUSA = conduta indispens‡vel ao resultado + que tenha
sido prevista e querida por quem a praticou
9
CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edi•‹o. Ed. Juspodivm.
Salvador, 2015, p. 232/233
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(surgiram durante a conduta) e supervenientes (surgiram ap—s a
conduta). Exemplos:
EXEMPLO (1) Caio decide matar Maria, desferindo contra ela golpes de
fac‹o, causando-lhe a morte. Entretanto, Caio n‹o sabia que Maria era
hemof’lica, tendo a doen•a contribu’do em grande parte para seu
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—bito. Nesse caso, embora a doen•a (concausa preexistente) tenha
contribu’do para o —bito, Caio responde por homic’dio consumado.
Por qual motivo? Sua conduta FOI a causa da morte (aplica-se a
pr—pria e j‡ falada teoria da equival•ncia dos antecedentes). Se
suprimirmos a conduta de Caio, o resultado teria ocorrido? N‹o. Caio
teve a inten•‹o de produzir o resultado? Sim. Logo, responde pelo
resultado (homic’dio consumado).
___________________________________________________
EXEMPLO (2) Pedro resolve matar Jo‹o, e coloca em seu drink
determinada dose de veneno. Ao mesmo tempo, Ricardo faz a mesma
coisa. Pedro e Ricardo querem a mesa coisa, mas n‹o se conhecem
nem sabem da conduta um do outro. Jo‹o ingere a bebida e acaba
falecendo. A per’cia comprova que qualquer das doses de veneno,
isoladamente, n‹o seria capaz de produzir o resultado. PorŽm, a soma
de esfor•os de ambas (a soma das quantidades de veneno) produziu o
resultado. Assim, Pedro responde por homic’dio consumado.
Por qual motivo? Sua conduta FOI a causa da morte (aplica-se a
pr—pria e j‡ falada teoria da equival•ncia dos antecedentes). Se
suprimirmos a conduta de Pedro, o resultado teria ocorrido? N‹o. Pedro
teve a inten•‹o de produzir o resultado? Sim. Logo, responde pelo
resultado (homic’dio consumado).
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e dispara 25 tiros contra ele, usando seu Fuzil Autom‡tico Ligeiro-
Fal, CALIBRE 7.62 (agora vai!). Pedro fica estirado no ch‹o, Ž
socorrido por uma ambul‰ncia e, no caminho para o Hospital,
sofre um acidente de carro (a ambul‰ncia bate de frente com uma
carreta) e vem a morrer em raz‹o do acidente, n‹o dos
ferimentos causados por Pedro.
¥! Nesse caso, Pedro responde apenas por tentativa de
homic’dio.
¥! Por qual motivo? Sua conduta n‹o foi a causa da morte.
Mas, se suprimirmos a conduta de Pedro, o resultado teria
ocorrido? N‹o. Pedro teve a inten•‹o de produzir o resultado?
Sim.
¥! Ent‹o por que n‹o responde pelo resultado??
¥! Aqui o CP adotou a teoria da causalidade adequada. A causa
superveniente (acidente de tr‰nsito) produziu por si s— o
resultado, j‡ que o acidente de ambul‰ncia n‹o Ž o
desdobramento natural de um disparo de arma de fogo (esse
resultado n‹o Ž consequ•ncia natural e previs’vel da conduta do
agente10).
¥! Perceba que a concausa superveniente (acidente de carro),
apesar de produzir sozinha o resultado, n‹o Ž
absolutamente independente, pois se n‹o fosse a conduta de
Pedro, o acidente n‹o teria ocorrido (j‡ que a v’tima n‹o estaria
na ambul‰ncia).
¥! Por isso dizemos que, aqui, temos:
§! Concausa superveniente relativamente independente Ð A
conduta de Pedro Ž relevante para o resultado.
§! Que por si s— produziu o resultado Ð Apesar disso, a conduta
de Pedro foi relevante apenas por CRIAR A SITUA‚ÌO, mas n‹o
foi a respons‡vel efetiva pela morte.
10
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte Geral. Ed. Saraiva, 21¼ edi•‹o.
S‹o Paulo, 2015, p. 324/325
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Mas qual a diferen•a entre o exemplo (1) e o exemplo (2)? A
diferen•a b‡sica reside no fato de que:
§! No exemplo (1) Ð A conduta do agente Ž relevante em
apenas um momento: por criar a situa•‹o (necessidade de ser
transportado pela ambul‰ncia).
§! No exemplo (2) - A conduta do agente Ž relevante em dois
momentos: (a) cria a situa•‹o, ao fazer com que a v’tima
tenha que ser operada; (b) contribui para o pr—prio resultado
(j‡ que a infec•‹o do ferimento n‹o Ž um novo nexo causal).
11
ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p. 362/411
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a)! Criar ou aumentar um risco Ð Assim, se a conduta do agente n‹o
aumentou nem criou um risco, n‹o h‡ crime12. Exemplo cl‡ssico: JosŽ
conversa com Paulo na cal•ada. Pedro, inimigo de Paulo, atira um
vaso de planta do 10¼ andar, com a finalidade de matar Paulo. JosŽ v•
que o vaso ir‡ cair sobre a cabe•a de Paulo e o empurra. Paulo cai no
ch‹o e fratura levemente o bra•o. Neste caso, JosŽ deu causa
(causalidade f’sica) ˆs les›es corporais sofridas por Paulo. Contudo,
sua conduta n‹o criou nem aumentou um risco. Ao contr‡rio, JosŽ
diminuiu um risco, ao evitar a morte de Paulo.
b)! Risco deve ser proibido pelo Direito Ð Aquele que cria um risco de
les‹o para alguŽm, em tese n‹o comete crime, a menos que esse
risco seja proibido pelo Direito. Assim, o filho que manda os pais em
viagem para a Europa, na inten•‹o de que o avi‹o caia, os pais
morram, e ele receba a heran•a, n‹o comete crime, pois o risco por
ele criado n‹o Ž proibido pelo Direito.
c)! Risco deve ser criado no resultado Ð Assim, um crime n‹o pode ser
imputado ˆquele que n‹o criou o risco para aquela ocorr•ncia. Explico:
Imaginem que JosŽ ateia fogo na casa de Maria. JosŽ causou um risco,
n‹o permitido pelo Direito. Deve responder pelo crime de inc•ndio
doloso, art. 250 do CP. Entretanto, Maria invade a casa em chamas
para resgatar a œnica foto que restou de seu filho falecido, sendo
lambida pelo fogo, vindo a falecer. Nesse caso, JosŽ n‹o responde
pelo crime de homic’dio, pois o risco por ele criado n‹o se insere
nesse resultado, que foi provocado pela conduta exclusiva de Maria.
1.1.4.! Tipicidade
A tipicidade nada mais Ž que a adequa•‹o da conduta do agente
a uma previs‹o t’pica (norma penal que prev• o fato e lhe descreve
como crime). Assim, o tipo do art. 121 Ž: Òmatar alguŽmÓ. Portanto,
quando Marcio esfaqueia Luiz e o mata, est‡ cometendo fato t’pico, pois
est‡ praticando uma conduta que encontra previs‹o como tipo penal.
N‹o h‡ muito o que se falar acerca da tipicidade. Basta que o
intŽrprete proceda ao cotejo entre a conduta praticada no caso
concreto e a conduta prevista na Lei Penal. Se a conduta praticada
se amoldar ˆquela prevista na Lei Penal, o fato ser‡ t’pico, por estar
presente o elemento ÒtipicidadeÓ.
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dispara contra Adriano (El Imperador), que n‹o morre. Nesse caso, como
dizer que Abreu praticou fato t’pico (homic’dio tentado), se o art.
121 diz ÒmatarÓ alguŽm, o que n‹o ocorreu? Nessa hip—tese,
conjuga-se o art. 121 do CP com seu art. 14, II, que diz ser o crime
pun’vel na modalidade tentada. Isso tambŽm se aplica aos crimes
omissivos impr—prios (art. 13, ¤ 2¡ do CP).
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qualquer rea•‹o. N‹o tendo sido vista por ambos, Isadora decidiu,
a partir de ent‹o, chegar ˆ sua resid•ncia naquele mesmo hor‡rio
e verificou que o fato se repetia por semanas. Isadora tinha
efetiva ci•ncia dos abusos perpetrados por Frederico, porŽm,
muito apaixonada por ele, nada fez. Assim, Isadora, sabendo dos
abusos cometidos por seu companheiro contra sua filha, deixa de
agir para impedi-los.
Nesse caso, Ž correto afirmar que o crime cometido por Isadora Ž
a) omissivo impr—prio.
b) omissivo pr—prio.
c) comissivo.
d) omissivo por comiss‹o.
COMENTçRIOS: No caso em tela, Frederico est‡ praticando o delito de
estupro de vulner‡vel, previsto no art. 217-A do CP. A m‹e da v’tima,
Isadora, n‹o est‡ cometendo omiss‹o de socorro, pois ela tem O DEVER
LEGAL de evitar o resultado, j‡ que a v’tima Ž sua filha (tendo o dever de
prote•‹o, cuidado e vigil‰ncia). Assim, Isadora responder‡ pelo mesmo
delito praticado por Frederico (e que ela deveria evitar), ou seja, estupro
de vulner‡vel.
Tal imputa•‹o se d‡ por for•a da causalidade NORMATIVA imposta ˆ
conduta de Isadora (j‡ que do ponto de vista ÒnaturalÓ ela n‹o praticou
qualquer ato relativo ao estupro).
Temos, aqui, o que se chama de crime COMISSIVO POR OMISSÌO, ou
OMISSIVO IMPRîPRIO, nos termos do art. 13, ¤2¼ do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
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Assim, neste caso, nos termos do art. 13, ¤1¼ do CP, Jo‹o responder‡
apenas pelos atos praticados, n‹o sendo imput‡vel a ele o resultado.
Desta forma, responder‡ apenas pela tentativa de homic’dio.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
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C) O fato de Wallace ser hemof’lico Ž uma causa absolutamente
independente concomitante, e Jœlio deve responder por homic’dio
culposo.
D) O fato de Wallace ser hemof’lico Ž uma causa relativamente
independente concomitante, e Jœlio n‹o deve responder pela les‹o
corporal seguida de morte, mas, sim, por homic’dio culposo.
COMENTçRIOS: Em rela•‹o ao caso, o fato de Wallace ser hemof’lico Ž
uma causa relativamente independente preexistente, e Jœlio n‹o deve
responder por homic’dio culposo, mas, sim, por les‹o corporal seguida de
morte. Isso porque a hemofilia n‹o produziu sozinha o resultado, mas
agregou-se ˆ conduta de Jœlio (relativamente independente).
Jœlio, porŽm, n‹o responder‡ por homic’dio doloso, pois n‹o teve inten•‹o
de matar. O resultado morte, porŽm, ser‡ a ele imput‡vel, pois decorreu
da conjuga•‹o de dois fatores: hemofilia e conduta de Jœlio.
Jœlio responder‡, portanto, por les‹o corporal seguida de morte.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
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COMENTçRIOS: Neste caso, Odete Ž a respons‡vel pelas crian•as, de
forma que tem o DEVER de evitar a ocorr•ncia do resultado. Assim, como
Odete se OMITIU quando tinha o DEVER de evitar o resultado, deve por
ele responder, na forma do art. 13, ¤2¼ do CP.
Odete, portanto, responder‡ pelo crime praticado pela recreadora
(estupro de vulner‡vel, art. 217-A do CP). Odete n‹o deu causa ao
resultado, mas deveria ter agido para impedi-lo (era sua obriga•‹o),
motivo pelo qual responder‡ pelo delito. Trata-se de crime omissivo
impr—prio.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.
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Desta maneira, podemos dizer que no finalismo o dolo Ž
natural e no causalismo o dolo Ž normativo.
O dolo eventual, por sua vez, consiste na consci•ncia de que
a conduta pode gerar um resultado criminoso, mais a assun•‹o
desse risco, mesmo diante da probabilidade de algo dar errado.
Trata-se de hip—tese na qual o agente n‹o tem vontade de produzir o
resultado criminoso (n‹o o que aconteceu, embora possa ser outro), mas,
analisando as circunst‰ncias, sabe que este resultado pode ocorrer e n‹o
se importa, age da mesma maneira.
EXEMPLO: Imagine que Renato, dono de um s’tio, e apreciador da
pr‡tica do tiro esportivo, decida levantar s‡bado pela manh‹ e praticar
tiro no seu terreno, mesmo sabendo que as balas possuem longo alcance
e que h‡ casas na vizinhan•a. Renato atŽ n‹o quer que ninguŽm seja
atingido, mas sabe que isso pode ocorrer e n‹o se importa, pratica a
c
conduta assim mesmo. Nesse caso, se Renato atingir alguŽm, causando-
lhe les›es ou mesmo a morte, estar‡ praticando homic’dio doloso por
dolo eventual.
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pretendida, e dolo de segundo grau face aos demais
ocupantes do avi‹o, pois Ž certo que tambŽm morrer‹o,
embora este n‹o seja o objetivo do agente;
¥! Dolo geral, por erro sucessivo, ou aberratio causae Ð
Ocorre quando o agente, acreditando ter alcan•ado seu
objetivo, pratica nova conduta, com finalidade diversa, mas
depois se constata que esta œltima foi a que efetivamente
causou o resultado. Trata-se de erro na rela•‹o de
causalidade, pois embora o agente tenha conseguido
alcan•ar a finalidade proposta, somente o alcan•ou
atravŽs de outro meio, que n‹o tinha direcionado para
isso. Exemplo: Imagine a m‹e que, querendo matar o pr—prio
filho de 05 anos, o estrangula e, com medo de ser descoberta,
o joga num rio. Posteriormente a crian•a Ž encontrada e se
descobre que a v’tima 2morreu por afogamento. Nesse caso,
embora a m‹e n‹o tenha querido matar o filho afogado, mas
por estrangulamento, isso Ž irrelevante penalmente,
importando apenas o fato de que a m‹e alcan•ou o fim
pretendido (morte do filho), ainda que por outro meio,
devendo, pois, responder por homic’dio consumado;
¥! Dolo antecedente, atual e subsequente Ð O dolo
antecedente Ž o que se d‡ antes do in’cio da execu•‹o da
conduta. O dolo atual Ž o que est‡ presente enquanto o
agente se mantŽm exercendo a conduta, e o dolo
subsequente ocorre quando o agente, embora tendo iniciado a
conduta com uma finalidade l’cita, altera seu ‰nimo, passando
a agir de forma il’cita. Esse œltimo caso Ž o que ocorre no
caso, por exemplo, do crime de apropria•‹o indŽbita (art. 168
do CP), no qual o agente recebe o bem de boa-fŽ, obrigando-
se devolv•-lo, mas, posteriormente, muda de idŽia e n‹o
devolve o bem nas condi•›es ajustadas, passando a agir de
maneira il’cita.
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jur’dico de terceiro. ƒ o famoso relapso. Aqui o agente deixa
de fazer algo que deveria;
¥! Imprud•ncia Ð ƒ o caso do afoito, daquele que pratica atos
temer‡rios, que n‹o se coadunam com a prud•ncia que se
deve ter na vida em sociedade. Aqui o agente faz algo que
a prud•ncia n‹o recomenda;
¥! Imper’cia Ð Decorre do desconhecimento de uma regra
tŽcnica profissional. Assim, se o mŽdico, ap—s fazer todos
os exames necess‡rios, d‡ diagn—stico errado, concedendo
alto ao paciente e este vem a —bito em decorr•ncia da alta
concedida, n‹o h‡ neglig•ncia, pois o profissional mŽdico
adotou todos os cuidados necess‡rios, mas em decorr•ncia de
sua falta de conhecimento tŽcnico, n‹o conseguiu verificar
qual o problema do paciente, o que acabou por ocasionar seu
falecimento; 9
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d‡ um chute em Jo‹o, a fim de causar-lhe les›es leves, e Jo‹o
vem a cair e bater com a cabe•a sobre um motor de Bugre
que estava enterrado sob a areia, vindo a falecer, M‡rio n‹o
responde por homic’dio culposo, pois seria inimagin‡vel a
qualquer pessoa prever que naquele local a v’tima poderia
bater com a cabe•a em algo daquele tipo e vir a falecer.
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avan•a o sinal vermelho e colide com o ve’culo de Carlos, que vinha na
contram‹o. Ambos agiram com culpa e causaram-se les›es corporais.
Nesse caso, ambos respondem pelo crime de les›es corporais, um em
face do outro.
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atropelar alguŽm. Wilson, por sua vez, responde que Ivana
deveria deixar de ser medrosa e que nada aconteceria, pois se sua
profiss‹o era ensinar os outros a dirigir, ninguŽm poderia ser mais
competente do que ele na condu•‹o de um ve’culo. Todavia, ao
fazer uma curva, o autom—vel derrapa na areia trazida para o
asfalto por conta dos ventos do litoral, o carro fica desgovernado
e acaba ocorrendo o atropelamento de uma pessoa que passava
pelo local. A v’tima do atropelamento falece instantaneamente.
Wilson e Ivana sofrem pequenas escoria•›es. Cumpre destacar
que a per’cia feita no local constatou excesso de velocidade.
Nesse sentido, com base no caso narrado, Ž correto afirmar que,
em rela•‹o ˆ v’tima do atropelamento, Wilson agiu com
A) dolo direto.
B) dolo eventual.
C) culpa consciente.
D) culpa inconsciente.
COMENTçRIOS: Nesta quest‹o temos um cl‡ssico exemplo de culpa
consciente. O agente agiu com inobserv‰ncia de um dever de cuidado,
por meio de uma conduta imprudente. O agente sabia dos riscos de sua
conduta, mas acreditava que evitaria o resultado, em raz‹o de suas
habilidades. Tem-se, assim, culpa consciente.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.
1.3.1.! Tentativa
Todos os elementos citados como sendo partes integrantes do fato
t’pico (conduta, resultado natural’stico, nexo de causalidade e tipicidade)
s‹o, no entanto, elementos do crime material consumado, que Ž
aquele no qual se exige resultado natural’stico e no qual este resultado
efetivamente ocorre.
Nos termos do art. 14 do CP:
Art. 14 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - consumado, quando nele se reœnem todos os elementos de sua
defini•‹o legal; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - tentado, quando, iniciada a execu•‹o, n‹o se consuma por
circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agente. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209,
de 11.7.1984)
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Disse Òem regraÓ, porque pode acontecer que um crime tentado
produza resultados, que ser‹o analisados de acordo com a conduta do
agente e sua aptid‹o para produzi-los.
EXEMPLO: Imaginem que Marcelo, visando ˆ morte de Rodrigo, dispare
cinco tiros de pistola contra ele. Rodrigo Ž baleado, fica paraplŽgico, mas
sobrevive.
Nesse caso, como o objetivo n‹o era causar les‹o corporal, mas sim
matar, o crime n‹o foi consumado, pois a morte n‹o ocorreu. Entretanto,
n‹o se pode negar que houve resultado natural’stico e nexo causal,
embora este resultado n‹o tenha sido o pretendido pelo agente quando
da pr‡tica da conduta criminosa.
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conduta (sua reprovabilidade social) seja o mesmo do crime consumado,
o desvalor do resultado (suas consequ•ncias na sociedade) Ž menor,
indiscutivelmente. Assim, diz-se que o CP adotou a teoria dual’stica,
realista ou objetiva da punibilidade da tentativa.15
Mas qual o critŽrio para aplica•‹o da quantidade de
diminui•‹o (1/3 ou 2/3)? Nesse caso, o Juiz deve analisar a
proximidade de alcance do resultado. Quanto mais pr—xima do
resultado chegar a conduta, menor ser‡ a diminui•‹o da pena, e
vice-versa. No exemplo acima, como Marcelo quase matou Rodrigo,
chegando a deix‡-lo paraplŽgico, a diminui•‹o ser‡ a menor poss’vel
(1/3), pois o resultado esteve perto de se consumar. Entretanto, se
Marcelo tivesse errado todos os disparos, o resultado teria passado longe
da consuma•‹o, devendo o Juiz aplicar a redu•‹o m‡xima.
A tentativa pode ser: ==dc29b==
15
Em contraposi•‹o ˆ Teoria objetiva h‡ a Teoria subjetiva, que sustenta que a punibilidade da
tentativa deveria estar atrelada ao fato de que o desvalor da conduta Ž o mesmo do crime
consumado (Ž t‹o reprov‡vel a conduta de ÒmatarÓ quanto a de Òtentar matarÓ). Para esta Teoria,
a tentativa deveria ser punida da mesma forma que o crime consumado (BITENCOURT, Op. cit., p.
536/537). Na verdade, adotou-se no Brasil uma espŽcie de Teoria objetiva ÒtemperadaÓ ou
mitigada. Isto porque a regra do art. 14, II admite exce•›es, ou seja, existem casos na legisla•‹o
p‡tria em que se pune a tentativa com a mesma pena do crime consumado.
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Art. 17 - N‹o se pune a tentativa quando, por inefic‡cia absoluta do meio ou
por absoluta impropriedade do objeto, Ž imposs’vel consumar-se o
crime.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
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16
BITENCOURT, Op. cit., p. 542/543.
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fez e providencia o socorro de Jason, que sobrevive em raz‹o do socorro
prestado. Neste caso, ter’amos arrependimento eficaz.
Ambos os institutos est‹o previstos no art. 15 do CP:
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
execu•‹o ou impede que o resultado se produza, s— responde pelos atos
j‡ praticados.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
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A Doutrina entende que se a viol•ncia for culposa, pode ser aplicado
o instituto. Assim, se o agente comete les‹o corporal culposa (viol•ncia
culposa), e antes do recebimento da queixa paga todas as despesas
mŽdicas da v’tima, presta todo o aux’lio necess‡rio, deve ser aplicada a
causa de diminui•‹o de pena.
No caso de viol•ncia impr—pria, a Doutrina se divide. A
viol•ncia impr—pria Ž aquela na qual n‹o h‡ viol•ncia propriamente dita,
mas o agente reduz a v’tima ˆ impossibilidade de defesa (ex. Amorda•a e
amarra o caixa da loja no crime de roubo). Parte da Doutrina entende que
o benef’cio pode ser aplicado, parte entende que n‹o pode.
O arrependimento posterior tambŽm se comunica aos demais
agentes (coautores).
A Doutrina entende, ainda, que se a v’tima se recusar a receber
a coisa ou a repara•‹o do dano, mesmo assim o agente dever‡
receber a causa de diminui•‹o de pena.
O quantum da diminui•‹o da pena (um ter•o a dois ter•os) ir‡
variar conforme a celeridade com que ocorreu o arrependimento e a
voluntariedade deste ato.
Vamos sintetizar isso tudo? O quadro abaixo pode ajudar voc•s
na compreens‹o dos institutos da tentativa, da desist•ncia volunt‡ria, do
arrependimento eficaz e do arrependimento posterior:
QUADRO ESQUEMçTICO
INSTITUTO RESUMO CONSEQUæNCIAS
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EFICAZ COMPLETA A EXECU‚ÌO DA praticados.
CONDUTA, mas se arrepende Desconsidera-se o
do que fez e toma as Òdolo inicialÓ, e o
provid•ncias para que o agente Ž punido
resultado inicialmente apenas pelos danos
pretendido n‹o ocorra. O que efetivamente
resultado NÌO ocorre. causou.
ARREPENDIMENTO O agente completa a O agente tem a
POSTERIOR execu•‹o da atividade pena reduzida de
criminosa e o resultado 1/3 a 2/3.
efetivamente ocorre.
PorŽm, ap—s a ocorr•ncia do
resultado, o agente se
arrepende E REPARA O DANO
ou RESTITUI A COISA.
1.! S— pode ocorrer nos
crimes cometidos sem
viol•ncia ou grave
amea•a ˆ pessoa
2.! S— tem validade se
ocorre antes do
recebimento da
denœncia ou queixa.
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Diante da situa•‹o narrada, assinale a op•‹o que apresenta a
alega•‹o do advogado de P‰mela.
A) A atipicidade de sua conduta.
B) O afastamento da qualificadora, tendo em vista que esta
somente pode ser aplicada aos crimes de aborto provocado por
terceiro, com ou sem consentimento da gestante, mas n‹o para o
delito de autoaborto de P‰mela.
C) A desclassificaç‹o para o crime de les‹o corporal grave,
afastando a condena•‹o pelo aborto.
D) O reconhecimento da tentativa do crime de aborto qualificado
pelo resultado.
COMENTçRIOS: A conduta, aqui, Ž at’pica, em raz‹o da ABSOLUTA
IMPROPRIEDADE DO OBJETO, nos termos do art. 17 do CP, pois temos a
figura do crime imposs’vel. Isso se d‡ porque, nessas circunst‰ncias,
P‰mela JAMAIS conseguiria alcan•ar o resultado pretendido (aborto), pois
nunca esteve gr‡vida, e o primeiro pressuposto para o praticar
autoaborto Ž estar gr‡vida.
P‰mela n‹o ir‡ responder, ainda, pela les‹o corporal, eis que a les‹o foi
provocada pela pr—pria v’tima, e o direito penal n‹o pune a autoles‹o.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
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s‹o as les›es corporais provocadas na v’tima, desprezando-se o dolo
inicial (que era de matar).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
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C) arrependimento eficaz.
D) crime imposs’vel por inefic‡cia do meio.
COMENTçRIOS: No caso em tela tem-se o que se chama de crime
imposs’vel, pela absoluta impropriedade do objeto, j‡ que um cad‡ver
n‹o pode ser v’tima de homic’dio. A conduta de Cristiane, portanto, n‹o Ž
pun’vel, pois o CP brasileiro adotou a teoria objetiva da punibilidade do
crime imposs’vel, prevendo a aus•ncia de puni•‹o, j‡ que o resultado Ž
imposs’vel, nos termos do art. 17 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
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O comportamento de M‡rio, de acordo com a teoria do delito,
configura
A) desistência volunt‡ria, n‹o podendo responder por furto.
B) arrependimento eficaz, n‹o podendo responder por furto.
C) arrependimento posterior, com reflexo exclusivamente no
processo dosimŽtrico da pena.
D) furto, sendo totalmente irrelevante a devoluç‹o do bem a partir
de convencimento da esposa.
COMENTçRIOS: Neste caso, n‹o podemos falar em desist•ncia
volunt‡ria ou arrependimento eficaz, eis que o crime j‡ se consumou (art.
15 do CP).
Contudo, por se tratar de crimes cometido sem viol•ncia ou grave amea•a
ˆ pessoa, a restitui•‹o volunt‡ria da coisa antes do recebimento da
denœncia importa em arrependimento posterior, que Ž causa de
diminui•‹o da pena, de um a dois ter•os, nos termos do art. 16 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.
1.4.! Ilicitude
J‡ vimos que a conduta deve ser considerada um fato t’pico para que
o primeiro elemento do crime esteja presente. Entretanto, isso n‹o basta.
Uma conduta enquadrada como fato t’pico pode n‹o ser il’cita perante o
direito. Assim, a antijuridicidade (ou ilicitude) Ž a condi•‹o de
contrariedade da conduta perante o Direito.
Estando presente o primeiro elemento (fato t’pico), presume-
se presente a ilicitude, devendo o acusado comprovar a exist•ncia
de uma causa de exclus‹o da ilicitude. Percebam, assim, que uma
das fun•›es do fato t’pico Ž gerar uma presun•‹o de ilicitude da conduta,
que pode ser desconstitu’da diante da presen•a de uma das causas de
exclus‹o da ilicitude.
As causas de exclus‹o da ilicitude podem ser:
¥! GenŽricas Ð S‹o aquelas que se aplicam a todo e qualquer crime.
Est‹o previstas na parte geral do C—digo Penal, em seu art. 23;
¥! Espec’ficas Ð S‹o aquelas que s‹o pr—prias de determinados crimes,
n‹o se aplicando a outros. Por exemplo: Furto de coisas comum,
previsto no art. 156, ¤2¡. Nesse caso, o fato de a coisa furtada ser
comum retira a ilicitude da conduta. PorŽm, s— nesse crime!
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de perigo foi criada pelo pr—prio agente, logo, ele n‹o estar‡
agindo em estado de necessidade.18
¥! Perigo atual Ð O perigo deve estar ocorrendo. A lei n‹o
permite o estado de necessidade diante de um perigo futuro,
ainda que iminente;
¥! A situa•‹o de perigo deve estar expondo ˆ les‹o um bem
jur’dico do pr—prio agente ou de um terceiro.
¥! O agente n‹o pode ter o dever jur’dico de impedir o
resultado.
18
A Doutrina se divide quanto ˆ abrang•ncia da express‹o ÒvoluntariamenteÓ. Alguns sustentam
que tanto a causa•‹o culposa quanto a dolosa afastam a possibilidade de caracteriza•‹o do estado
de necessidade (Por todos, ASSIS TOLEDO). Outros defendem que somente a causa•‹o DOLOSA
impede a caracteriza•‹o do estado de necessidade (Por todos, DAMçSIO DE JESUS e CEZAR
ROBERTO BITENCOURT). BITENCOURT, Op. cit., p. 419
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Desta maneira, se Paulo encontra, em local ermo, Poliana, sua ex-
mulher, que por vingan•a amea•ou mat‡-lo, e esta saca uma arma,
Paulo poder‡ repelir essa agress‹o iminente, pois ainda que n‹o tenha
acontecido, n‹o se pode exigir que Paulo aguarde Poliana come•ar a
efetuar os disparos (absurdo!).
¥! Contra direito pr—prio ou alheio Ð A agress‹o injusta pode estar
acontecendo ou prestes a acontecer contra direito do pr—prio agente
ou de um terceiro. Assim, se Paulo agride Roberto porque ele est‡
agredindo Poliana, n‹o comete crime, pois agiu em leg’tima defesa da
integridade f’sica de terceiro (Poliana).
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¥! Pr—pria Ð Quando o agente defende seu pr—prio bem jur’dico.
¥! De terceiro Ð Quando defende bem jur’dico pertencente a outra
pessoa.
¥! Real Ð Quando a agress‹o a imin•ncia dela acontece, de fato,
no mundo real.
¥! Putativa Ð Quando o agente pensa que est‡ sendo agredido ou
que esta agress‹o ir‡ ocorrer, mas, na verdade, trata-se de
fruto da sua imagina•‹o. Aqui, aplica-se o que foi dito acerca
do estado de necessidade putativo!
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n‹o Ž injusta, o que impossibilita rea•‹o em leg’tima defesa.
Ø! Cabe leg’tima defesa real em face de leg’tima defesa
putativa. Assim, se A pensa estar sendo amea•ado por B e o
agride (leg’tima defesa putativa), B poder‡ agir em leg’tima defesa
real. Isto porque a atitude de A n‹o Ž justa, logo, Ž uma agress‹o
injusta, de forma que B poder‡ se valer da leg’tima defesa (A atŽ
pode n‹o ser punido por sua conduta, mas isso se dar‡ pela
exclus‹o da culpabilidade em raz‹o da leg’tima defesa putativa).
Ø! Se o agredido se excede, o agressor passa a poder agir em leg’tima
defesa (leg’tima defesa sucessiva).
Ø! Sempre caber‡ leg’tima defesa em face de conduta que
esteja acobertada apenas por causa de exclus‹o da
culpabilidade (pois nesse caso a agress‹o Ž t’pica e il’cita,
embora n‹o culp‡vel).
Ø! NUNCA haver‡ possibilidade de leg’tima defesa real em face
de qualquer causa de exclus‹o da ilicitude real.
Age acobertado por esta excludente aquele que pratica fato t’pico,
mas o faz em cumprimento a um dever previsto em lei.
Assim, o Policial tem o dever legal de manter a ordem pœblica. Se
alguŽm comete crime, eventuais les›es corporais praticadas pelo policial
(quando da persegui•‹o) n‹o s‹o consideradas il’citas, pois embora tenha
sido provocada les‹o corporal (prevista no art. 129 do CP), o policial agiu
no estrito cumprimento do seu dever legal.
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permitia seu exerc’cio (cessou a agress‹o, no caso da leg’tima defesa, por
exemplo, seja porque o meio utilizado n‹o Ž proporcional (agredido saca
uma metralhadora para repelir um tapa, no caso da leg’tima defesa). No
primeiro caso, temos o excesso extensivo, e no segundo, o excesso
intensivo. Nesses casos, a lei prev• que aquele que se exceder
responder‡ pelos danos que causar, art. 23, ¤ œnico do CP:
Art. 23 (...)
Par‡grafo œnico - O agente, em qualquer das hip—teses deste artigo,
responder‡ pelo excesso doloso ou culposo.
Aplica-se a qualquer das causas excludentes da ilicitude. Assim, o
policial que, ap—s prender o ladr‹o, come•a a desferir socos em seu rosto,
n‹o estar‡ agindo amparado pelo estrito cumprimento do dever legal,
pois est‡ se excedendo.
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No caso de ser escus‡vel o erro, Apolo estaria isento de pena, e caso
inescus‡vel, responderia a t’tulo culposo, e n‹o doloso, nos termos do art.
20, ¤1¼ do CP, motivo pelo qual as alternativas B e D est‹o incorretas.
No entanto, mesmo tendo agido em leg’tima defesa e podendo ser punido
a t’tulo culposo ou ser isento de pena (a depender do tipo de erro), o
certo Ž que a conduta de APOLO Ž DOLOSA, eis que ele teve vontade de
atirar contra Hades, com dolo de matar (animus necandi).
Independentemente da circunst‰ncia de agir em leg’tima defesa putativa
(o que influenciar‡ nos reflexos penais), a conduta Ž considerada dolosa,
motivo pelo qual est‡ correta a letra A.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
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PORTANTO, A ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.
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prote•‹o. Ocorre que, por sofrer de doen•a cardiovascular, o
referido ladr‹o falece quase instantaneamente. Ap—s a an‡lise
pericial, ficou constatado que a descarga elŽtrica n‹o era
suficiente para matar uma pessoa em condi•›es normais de
saœde, mas suficiente para provocar o —bito de Cl‡udio, em
virtude de sua cardiopatia. Nessa hip—tese Ž correto afirmar que
A) Jaime deve responder por homic’dio culposo, na modalidade
culpa consciente.
B) Jaime deve responder por homic’dio doloso, na modalidade
dolo eventual.
C) Pode ser aplicado ˆ hip—tese o instituto do resultado diverso do
pretendido.
D) Pode ser aplicado ˆ hip—tese o instituto da leg’tima defesa
preordenada.
COMENTçRIOS: No caso concreto pode ser aplicado o instituto da
leg’tima defesa, em sua modalidade preordenada. A leg’tima defesa
preordenada ocorre quando o agente estabelece dispositivos de defesa de
um determinado bem jur’dico, com a finalidade de proteg•-lo (cacos de
vidro sobre o muro, cerca elŽtrica, etc.). Quando, eventualmente, alguŽm
tenta agredir o bem jur’dico protegido pelo dispositivo, pode vir a ser
repelido por este (levar um choque, cortar-se com os cacos de vidro do
muro, etc.). Em casos tais, diz-se que houve leg’tima defesa
preordenada.
A leg’tima defesa preordenada deve, tambŽm, ser proporcional ˆ
agress‹o injusta que se pretende evitar. Caso o choque da cerca elŽtrica
fosse capaz de matar uma pessoa normal, seria poss’vel considerar que
houve excesso na leg’tima defesa preordenada realizada por Jaime.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.
2.! RESUMO
CONCEITO DE CRIME
O Crime pode ser entendido sob tr•s aspectos: Material, formal (legal) e
anal’tico:
¥! Formal (legal) Ð Crime Ž a conduta prevista em Lei como crime.
No Brasil, mais especificamente, Ž toda infra•‹o penal a que a lei
comina pena de reclus‹o ou deten•‹o
¥! Material Ð Crime Ž a conduta que afeta, de maneira significativa
(mediante les‹o ou exposi•‹o a perigo), um bem jur’dico relevante
de terceira pessoa.
¥! Anal’tico Ð Ado•‹o da teoria tripartida. Crime Ž composto por fato
t’pico, ilicitude e culpabilidade.
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Dolo direto de primeiro grau - composto pela consci•ncia de que a
conduta pode lesar um bem jur’dico + a vontade de violar (pela les‹o ou
exposi•‹o a perigo) este bem jur’dico.
Dolo direto de segundo grau - tambŽm chamado de Òdolo de
consequ•ncias necess‡riasÓ. O agente n‹o quer o resultado, mas sabe
que o resultado Ž um efeito colateral NECESSçRIO, e pratica a
conduta assim mesmo, sabendo que o resultado (n‹o querido) ocorrer‡
fatalmente.
Dolo eventual - consiste na consci•ncia de que a conduta pode gerar
um resultado criminoso + a assun•‹o desse risco, mesmo diante da
probabilidade de algo dar errado. Trata-se de hip—tese na qual o agente
n‹o tem vontade de produzir o resultado criminoso, mas, analisando as
circunst‰ncias, sabe que este resultado pode ocorrer e n‹o se importa,
age da mesma maneira. OBS.: diferen•a em rela•‹o ao dolo direto de
segundo grau: aqui o resultado n‹o querido Ž POSSêVEL OU PROVçVEL;
no dolo direto de segundo grau o resultado n‹o querido Ž CERTO
(consequ•ncia necess‡ria).
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No crime culposo a conduta do agente Ž destinada a um determinado fim
(que pode ser l’cito ou n‹o), mas pela viola•‹o a um dever de
cuidado, o agente acaba por lesar um bem jur’dico de terceiro,
cometendo crime culposo. Pode se dar por:
¥! Neglig•ncia Ð O agente deixa de tomar todas as cautelas
necess‡rias para que sua conduta n‹o venha a lesar o bem
jur’dico de terceiro.
¥! Imprud•ncia Ð ƒ o caso do afoito, daquele que pratica atos
temer‡rios, que n‹o se coadunam com a prud•ncia que se
deve ter na vida em sociedade.
¥! Imper’cia Ð Decorre do desconhecimento de uma regra
tŽcnica profissional para a pr‡tica da conduta.
Modalidades de culpa
¥! Culpa consciente e inconsciente Ð Na culpa consciente, o
agente prev• o resultado como poss’vel, mas acredita que
este n‹o ir‡ ocorrer (previsibilidade SUBJETIVA). Na culpa
inconsciente, o agente n‹o prev• que o resultado possa
ocorrer (h‡ apenas previsibilidade OBJETIVA, n‹o subjetiva).
¥! Culpa pr—pria e culpa impr—pria Ð A culpa pr—pria Ž
aquela na qual o agente NÌO QUER O RESULTADO
criminoso. ƒ a culpa propriamente dita. Pode ser consciente,
quando o agente prev• o resultado como poss’vel, ou
inconsciente, quando n‹o h‡ essa previs‹o. Na culpa
impr—pria, o agente quer o resultado, mas, por erro
inescus‡vel, acredita que o est‡ fazendo amparado por uma
causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade. A culpa,
portanto, n‹o est‡ na execu•‹o da conduta, mas no momento
de escolher praticar a conduta.
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OBS.: crime preterdoloso (ou preterintencional): O crime
preterdoloso ocorre quando o agente, com vontade de praticar
determinado crime (dolo), acaba por praticar crime mais grave, n‹o com
dolo, mas por culpa.
ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE)
ƒ a condi•‹o de contrariedade da conduta perante o Direito. Em regra,
toda conduta t’pica Ž il’cita. N‹o o ser‡, porŽm, se houver uma causa de
exclus‹o da ilicitude. S‹o elas:
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¥! GenŽricas Ð S‹o aquelas que se aplicam a todo e qualquer crime.
Est‹o previstas na parte geral do C—digo Penal, em seu art. 23;
¥! Espec’ficas Ð S‹o aquelas que s‹o pr—prias de determinados crimes,
n‹o se aplicando a outros.
ESTADO DE NECESSIDADE
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¥! Putativo Ð Quando a situa•‹o de perigo n‹o existe de fato,
apenas na imagina•‹o do agente.
LEGêTIMA DEFESA
Conceito Ð ÒEntende-se em leg’tima defesa quem, usando
moderadamente dos meios necess‡rios, repele injusta agress‹o, atual ou
iminente, a direito seu ou de outremÓ.
Requisitos:
¥! Agress‹o Injusta Ð Assim, se a agress‹o Ž justa, n‹o h‡
leg’tima defesa.
¥! Atual ou iminente Ð A agress‹o deve estar acontecendo ou
prestes a acontecer.
¥! Contra direito pr—prio ou alheio Ð A agress‹o injusta pode
estar acontecendo ou prestes a acontecer contra direito do
pr—prio agente ou de um terceiro.
¥! Rea•‹o proporcional Ð O agente deve repelir a agress‹o
injusta, valendo-se dos meios necess‡rios, mas sem se exceder.
Caso se exceda, responder‡ pelo excesso (culposo ou doloso).
OBS.: Na leg’tima defesa, diferentemente do que ocorre no estado de
necessidade, o agredido (que age em leg’tima defesa) n‹o Ž obrigado a
fugir do agressor, ainda que possa.
EspŽcies de leg’tima defesa:
¥! Agressiva Ð Quando o agente pratica um fato previsto como
infra•‹o penal.
¥! Defensiva Ð O agente se limita a se defender, n‹o atacando
nenhum bem jur’dico do agressor.
¥! Pr—pria Ð Quando o agente defende seu pr—prio bem jur’dico.
¥! De terceiro Ð Quando defende bem jur’dico pertencente a
outra pessoa.
¥! Real Ð Quando a agress‹o a imin•ncia dela acontece, de fato,
no mundo real.
¥! Putativa Ð Quando o agente pensa que est‡ sendo agredido
ou que esta agress‹o ir‡ ocorrer, mas, na verdade, trata-se de
fruto da sua imagina•‹o.
T—picos importantes:
¥! N‹o cabe leg’tima defesa real em face de leg’tima defesa real.
¥! Cabe leg’tima defesa real em face de leg’tima defesa putativa.
¥! Cabe leg’tima defesa sucessiva
¥! Sempre caber‡ leg’tima defesa em face de conduta que esteja
acobertada apenas por causa de exclus‹o da culpabilidade
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¥! NUNCA haver‡ possibilidade de leg’tima defesa real em face de
qualquer causa de exclus‹o da ilicitude real.
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
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Diante disso, foi instaurado procedimento administrativo investigat—rio
pr—prio e, com o recebimento dos autos, o MinistŽrio Pœblico ofereceu
denœncia em face de P‰mela pela pr‡tica do crime de Òaborto provocado
pela gestanteÓ, qualificado pelo resultado de les‹o corporal grave, nos
termos dos Art. 124 c/c o Art. 127, ambos do C—digo Penal.
Diante da situa•‹o narrada, assinale a op•‹o que apresenta a alega•‹o do
advogado de P‰mela.
A) A atipicidade de sua conduta.
B) O afastamento da qualificadora, tendo em vista que esta somente
pode ser aplicada aos crimes de aborto provocado por terceiro, com ou
sem consentimento da gestante, mas n‹o para o delito de autoaborto de
P‰mela.
C) A desclassificaç‹o para o crime de les‹o corporal grave, afastando a
condena•‹o pelo aborto.
D) O reconhecimento da tentativa do crime de aborto qualificado pelo
resultado.
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processo dosimŽtrico da pena.
D) furto, sendo totalmente irrelevante a devoluç‹o do bem a partir de
convencimento da esposa.
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vazia e escura e, vendo que este colocava a m‹o no bolso, Apolo
precipita-se e, objetivando impedir o ataque que imaginava iminente,
esfaqueia Hades, provocando-lhe as les›es corporais que desejava.
Todavia, ap—s o ocorrido, o pr—prio Hades contou a Apolo que n‹o ia
mat‡-lo, pois havia desistido de seu intento e, naquela noite, foi ao seu
encontro justamente para dar-lhe a not’cia. Nesse sentido, Ž correto
afirmar que
A) havia dolo na conduta de Apolo.
B) mesmo sendo o erro escus‡vel, Apolo n‹o Ž isento de pena.
C) Apolo n‹o agiu em leg’tima defesa putativa.
D) mesmo sendo o erro inescus‡vel, Apolo responde a t’tulo de dolo.
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b) omissivo pr—prio.
c) comissivo.
d) omissivo por comiss‹o.
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Com rela•‹o ˆ conduta de Camila, assinale a afirmativa correta.
A) Agiu em leg’tima defesa.
B) Agiu em leg’tima defesa, mas dever‡ responder pelo excesso doloso.
C) Ficar‡ isenta de pena por inexigibilidade de conduta diversa.
D) Praticou crime de les‹o corporal de natureza grave, mas poder‡ ter a
pena diminu’da.
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B) desist•ncia volunt‡ria.
C) arrependimento eficaz.
D) crime imposs’vel por inefic‡cia do meio.
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D) Pode ser aplicado ˆ hip—tese o instituto da leg’tima defesa
preordenada.
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D) Odete pode ser responsabilizada pelo crime de omiss‹o de socorro,
previsto no Art. 135, do CP, verbis: ÒDeixar de prestar assist•ncia,
quando poss’vel faz•-lo sem risco pessoal, ˆ crian•a abandonada ou
extraviada, ou ˆ pessoa inv‡lida ou ferida, ao desamparo ou em grave e
iminente perigo; ou n‹o pedir, nesses casos, o socorro da autoridade
pœblicaÓ.
4.! GABARITO
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