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A Revolução Cubana.

Do domínio colonial espanhol ao protetorado do EUA.

O século XIX assistiu a um aumento populacional muito grande por parte de imigrantes (africanos e europeus),
abolição da escravatura (1886) dando origem ao trabalho assalariado, concentração fundiária, aperfeiçoamento
tecnológicos dos transportes e da produção, tudo contribuindo para o aumento da produção e da exportação do açúcar -
tornando-se o “o engenho do açúcar”, como parte das novas exigências impostas pela divisão internacional do trabalho.
Entretanto, para Cuba se tornar um grande país exportador, foi obrigado a romper com o pacto colonial que começou a
ficar frouxo desde 1818, com a permissão da Espanha de Cuba vender seu açúcar diretamente para os EUA.

A primeira guerra de independência explodiu em 1868, conhecida como Guerra dos Dez Anos, que foi liderada
pela burguesia açucareira. Mas tal liderança não adiantou para que grupos populares assumissem o comando,
reivindicando a imediata abolição dos escravos, e o controle político-militar. Assim, a Espanha foi obrigada a agir de
forma mais drástica com a ajuda da burguesia local afim de esmagar a luta pela emancipação.

A evolução econômica de Cuba se prosseguiu, fazendo com que se estreitasse ainda mais as relações comerciais
com os EUA. Estes investiram muito nas indústrias de açucares locais (Cuba), e ainda comprava cerca de 60% de todos
os produtos cubanos exportados.

Contudo, os interesses americanos por Cuba eram, também, de origem militar, a fim de uma melhor defesa da
Flórida e controle do Caribe. É bom relacionar, que muitas propostas para a compra da ilha foram feitas para a Espanha,
sem nenhum sucesso.

Esses interesses fizeram com que os EUA prejudicassem a Segunda Guerra de Independência (1895-1898) em
que os cubanos protestavam contra o mantimento físico-financeiro das tropas espanholas na ilha, além do pagamento das
despesas da guerra antecedente a esta; a burguesia enfrentava dificuldades com a má safra de 1894; os comerciantes de
tabaco estavam descontentes com a política alfandegária de Cuba; o desemprego crescia com a crise econômica. Esta
segunda guerra foi dirigida pelo General Antônio Maceo e pelo poeta José Marti, segundo os anseios nacionalistas e
reformistas da pequena burguesia, com o apoio da população antiespanhola que preocupava os EUA e a Espanha,
utilizando guerrilhas como forma de resistência.

Os EUA, como os “eternos defensores da democracia”, começaram a divulgar nos seus jornais, o massacre
espanhol sobre os cubanos, preparando a situação local para a invasão que aconteceu em 1998, com a morte de 297
marinheiros ianques na explosão do couraçado Maine, onde os EUA, começaram a Guerra Hispano-Americano. Esta
guerra rápida demonstrou a maior supremacia americana sobre a Espanha, que foi obrigada a aceitar os Tratado de Paris
que transferia a posse da ilha para os EUA (1898-1902).

Nesses 4 anos de ocupação militar, a Assembléia Constituinte, reunida em Havana, teve que acrescentar na
Constituição aprovada uma lei do Congresso dos EUA: a Emenda Platt, segundo os princípios do senador Hitchcock
Platt (1901):
“1.Que o governo de Cuba nunca deverá ingressar em qualquer tratado ou outro pacto
estabelecido com qualquer potência estrangeira(...)
2.Que o governo de Cuba permita que os Estados Unidos exerçam direito de intervir no
sentido de preservar a independência cubana, manter a formação de um governo adequado para proteção
da vida, propriedade e liberdade individual (...)
3.Que todos os decretos dos Estados Unidos em Cuba durante sua ocupação militar sejam
ratificados e validados (...)
4.Que, a fim de auxiliar os Estados Unidos a sustentar a independência cubana (...), o
governo de Cuba deverá vender ou alugar terras aos Estados Unidos necessárias para a extração de
carvão para linhas férreas ou bases navais em certos locais especificados de acordo com o Presidente dos
Estados Unidos (...)”

Só então, após a emenda, os EUA deixaram ilha. Mas o domínio americano continuou graças a política do Big
Stick, implementada pelo presidente Theodore Roosevelt, visando assegurar a produção açucareira cubana. Dessa
forma, a industrialização cubana foi brecada, além dos EUA passarem a dominar os serviços públicos, da destilação do
petróleo, da mineração e dos bancos, repartindo com o capital cubanos a produção de açúcar a criação do gado e
turismo.

República Mediatizada (1902-1959).

A expressão acima se refere a analogia feita pelos cubanos, quando estes não eram senhores de seus destinos. O
regime republicano teve origem com Tomás Estrada Palma (1902-1906) que articulou a intervenção de 1898, e impediu
a subida ao poder de um democrata cubano. Neste governo, a base naval de Guantánamo foi arrendada pelos EUA,
pelo período de 99 anos, além de concluir o Tratado Permanente entre Cuba e os EUA (1903). Em 1906, Tomás
solicitou uma nova intervenção americana, pois se via ameaçado na sua campanha eleitoral de 1906, fazendo com que
Cuba ficasse invadida por 3 anos.

A base de sustentação de Tomás, e de toda estrutura desta república, teve grande apoio das oligarquias e elites
locais que queriam se manter no poder desde o período colonial, impedindo a ascensão das massas populares -
boicotaram a Guerra dos Dez Anos e paralizaram os movimentos democráticos-nacionalistas na Segunda Guerra de
Independência.

Devido a sucessão de governos ditatoriais pró-EUA (neo-colonialismo), além da ajuda da elite local a estes,
fizeram com que grande parte da população começassem a se organizar para democratizar, nacionalizar e varrer a elite
local do país. Em 1933, estas pessoas conseguiram derrubar a ditadura do General Gerardo Machado (1925-1933) e a
de seu vice, assumindo o Dr. Ramón Grau San Marti indicado pelo embaixador dos EUA e pelos P.C. local. Este
realizou diversas reformas, como a revogação da Emenda Platt, a criação do Ministério do Trabalho, o direito de votos
às mulheres, a autonomia universitária etc. Neste período surge a imagem de Fulgêncio Batista como líder do
movimento popular de 1933, que logo mais tarde a passará a ser um testa de ferro dos EUA.

Volto a citar que a década de 30 foi um período conturbado no mundo (Crack da Bolsa de N.Y.), onde os EUA
tocravam a política do Big Stick, pela política da Boa Vizinhança, devido à ameaça do nazismo (Alemanha) e do
militarismo (Japão).

Depois de muitos testas de ferro dos EUA, foi convocada eleições para presidente da república, assumindo o
então secreto testa de ferro de Roosevelt, o presidente Fulgêncio Batista. Já em 1944, volta ao poder o presidente
Ramón Grau San Marti e, em 1948, Carlos Prio Sócrates - ambos os governos foram marcados pela corrupção e
violência.

Com tudo isso, membros da pequena burguesia (reunidas num partido Ortdoxo) começaram a articular uma
oposição ao governo. Mas poucos meses antes das eleições de 1952, Fulgêncio (agora coronel) dá um golpe militar e
assume o poder com o apoio dos EUA.

Esta ditadura se caracterizou pela violência e repressão, os opositores foram perseguidos, Havana se tornou num
importante campo de máfia norte-americano, que desenvolveu a exploração do jogo, do tráfico de drogas e da
prostituição.

Pouco tempo depois, o jovem advogado Fidel Castro, mandou uma petição para o Poder Judiciário, onde
condenava as atitudes de Fulgêncio, segundo a Constituição. Acontece que o Poder Judiciário perde os seus poderes
durante uma ditadura, assim Fulgêncio não foi condenado e ficava claro que não existia recurssos legais para tirá-lo do
poder.

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