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Erich Fromm e a arte de amar*

Vinícius Bezerra**

Resumo: Este artigo se ocupa das questões amorosas a partir do pensamento de


Erich Fromm. A concepção frommiana do amor é apresentada considerando a
necessidade de uma teoria do homem para compreendê-la. Além disso, aponta-
se a condição de existência do amor no capitalismo moderno, isto é, o processo
de desintegração que este sofre na sociedade alienada.
Palavras-chave: Amor, Teoria do homem, Alienação, Erich Fromm.
Abstract: This article deals with the loving issues from the thought of Erich
Fromm. Fromm's conception of love is presented considering the need for a
theory of man to understand it. Also, pointed out the condition of existence of
love in modern capitalism, i.e. the process of disintegration that it suffers in
alienated society.
Key words: Love, Theory of Man, Alienation, Erich Fromm.

Os amantes, de René Magritte (Óleo sobre tela, 1928)

*
Gostaria de manifestar meus agradecimentos a Elizabeth Serra pelas valiosas e fecundas críticas à
versão prévia deste ensaio.

**
VINÍCIUS BEZERRA é professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Maranhão (IFMA), campus Santa Inês.

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1. Introdução ocupará em tratá-lo formulando uma
teoria do amor como pré-requisito ao
Destaca-se, no interior do pensamento
seu domínio prático, tomando-o de
filosófico de Erich Fromm, sua notável
conjunto como resposta ao problema da
preocupação com as questões amorosas.
existência humana numa sociedade
Pode-se afirmar que em sua proposta de
enferma que afeta essencialmente a
socialismo humanista a recomposição
saúde mental de seus partícipes.
da arte de amar constitui uma condição
ineliminável. Não é fortuito ele ter 2.1. A teoria do homem é a chave
dedicado um livro inteiro à temática – para a teoria amorosa
seu conhecido A arte de amar – além de Fromm é taxativo quanto a indicação de
tê-la tratado em diversos momentos de que qualquer teoria do amor deve ter
sua obra. Exatamente em função da como ponto de partida uma teoria do
amplitude da abordagem que Fromm dá homem, da existência humana. Neste
ao tema, tratando as diversas formas de passo, para capturarmos o conceito
amor (amor fraterno, materno, erótico, frommiano de homem, precisamos
amor-próprio, amor a Deus), ocupar- apreendê-lo sob a angulação das teorias
nos-emos especificamente com os freudiana e marxista concernentes à
fundamentos de sua teoria amorosa e questão.
seus desdobramentos no tocante ao
amor erótico. Para tanto, lançaremos A perspectiva freudiana concebe a
mão de seus apontamentos pelo condição humana como uma relação
conjunto de seus trabalhos num passeio contraditória entre a dependência nem
teórico que possa evidenciar o lugar dos sempre generosa da natureza pelos
fundamentos. homens em sua vida finita,
configurando-a numa situação de
2. A arte frommiana de amar e seus precariedade. Trata-se de uma tensão
dilemas permanente entre a pulsão libidinosa
A proposição de Erich Fromm do amor (não estritamente sexual), isto é, uma
como uma arte não é mero jogo disposição de energia dinâmica
retórico, consiste na compreensão de profundamente desejosa, cujo sentido é
que o amor não é uma situação a preservação da espécie (o que gera um
acidental em que nele se “tropeça” penoso sofrimento), e sua libertação no
quem for afortunado, é sim algo que, na prazer. Diminuída a tensão, através do
qualidade de arte, exige conhecimento e ato sexual e da satisfação das
esforço. E como toda arte para ser necessidades fisiológicas, ela se
vivida precisa ser aprendida – como na processa novamente e se renova, devido
música, pintura, marcenaria, artes da à máquina corporal e sua química,
medicina ou da engenharia – tal não criando nova necessidade de redução
poderia ser diferente com a atividade de por meio da satisfação pelo prazer. A
amar, o que envolve, portanto, dois pulsão, na qualidade de disposição para
domínios que devem estar o prazer, para realizar-se, move-se por
interpenetrados: o da teoria e o da uma dinâmica de transferência,
prática (FROMM, 2006). deslocamento e projeção. Se em
princípio a natureza humana revela-se
Em função destes dois domínios que
pelo traço fisiológico, a pulsão
envolvem a mestria em qualquer arte, é
redimensiona as necessidades
que Fromm, no que tange ao amor, se

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fisiológicas à medida que estabelece a relação metabólica entre o homem e
ruptura com os elementos da Natureza, onde este, ao passo que a
precariedade da vida humana (fome, transforma para produzir os elementos
doença, morte) na forma de materiais necessários à garantia de sua
compensações prazerosas. Nisto existência, transforma a si mesmo. É “a
consiste o processo de fundação da condição fundamental de toda a vida
sociedade (civilização), onde o ato humana” (Engels, 2000, p. 215), e isto,
sexual seria a mediação do homem para diferentemente da perspectiva
com sua necessidade. E como toda metafísico-especulativa, pode ser
socialização, impõe limites e tenta demonstrado no curso da história
controlar o desejo e a forma de sua humana. Diferentemente dos animais,
realização imediata; seria isto a que para sobreviverem precisam
repressão sexual, resultante direta do adaptar-se à Natureza, o homem, pelo
processo civilizatório. O ciclo dor- contrário, precisa adaptar a Natureza a
prazer-dor, criado em função da si, às suas necessidades e vontades
necessidade de satisfação dos desejos, é conscientes mediado pelo ato de
denominado de “princípio do prazer” trabalho. Ele é imediatamente um ser
por Freud. Ele estaria em conflito com o natural, mas é um ser natural humano.
“princípio de realidade”, que determina, A Natureza é seu corpo inorgânico,
conscientemente ou não, o com o qual ele não pode jamais deixar
reconhecimento dos limites impostos de manter intercâmbio, o que não
pelas condições reais em que se lançam significa que o homem seja redutível à
nossos desejos, tais como riscos de sua condição biofísica. Tornar-se
morte, conflito etc. Este princípio homem significa produzir-se social e
orienta ao homem o que procurar e o historicamente, num afastamento das
que evitar no mundo real, buscaria barreiras naturais e na constituição de
viabilizar a satisfação de tais um mundo propriamente humano, pela
necessidades mas pari passu à repressão atividade vital consciente, o trabalho,
dos desejos, num deslocamento libidinal conforme Marx (2007; 1978) aponta
em prol da organização social e coletiva nos seus Manuscritos de 1844, que tão
da vida (FROMM, 1969). decisivamente influenciaram o
pensamento de Fromm.
A concepção marxiana de homem,
desviando-se da abordagem Erich Fromm, por seu turno, modelará
especulativa a-histórica da natureza sua concepção de homem através do
humana como uma substância imutável recurso à noção de nascimento. A
ao longo da história e da posição condição humana é conflituosa, pois ela
relativista do homem como resultado é marcada pela sensação de perda e
tão-só da cultura sem qualquer traço desamparo por sair da Natureza e ter de
substancial, conforme nota Fromm permanecer nela: “O problema da
(1969; 1979), está inserida na existência do homem é, portanto, único
compreensão da história como em toda a Natureza: ele saiu da
autocriação pelo trabalho humano. A Natureza, por assim dizer, mas ainda
categoria trabalho (atividade vital, está nela” (FROMM, 1965, p. 38). Em
produtiva) possui centralidade no outro trabalho, Fromm (2000, p. 9)
processo de reprodução da existência reafirma este indicativo: “O essencial na
social dos indivíduos, ela funda o ser existência do homem é o fato de ele ter
social, possui um estatuto ontológico. emergido do reino animal, da adaptação
Para Marx (1985), o trabalho é uma instintiva, de ter transcendido a natureza

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– embora nunca a deixe: ele faz parte Natureza1. É neste momento que se
dela”. Por meio da analogia com o insere a reflexão frommiana sobre o
nascimento biológico, o dilema da caráter ontológico da paixão e do amor,
existência humana consiste na isto é, o amor como a força de
“importante passagem da vida intra- integração dos homens consigo mesmo
uterina para a vida extra-uterina” (idem, e com o mundo humano em face do
ibidem), pois “a história humana nada desamparo causado pela separação da
mais é do que o processo inteiro desse união primordial com a Natureza. Eis o
nascimento” (idem, p. 39). A categoria que Fromm denomina amor produtivo.
nascimento, enquanto saída da A este respeito ele afirma:
Natureza, trabalhada por Fromm resulta,
de um lado, da influência freudiana, em Há apenas uma paixão que satisfaz
especial pela sua aparelhagem à necessidade humana de unir-se
conceitual que possa lembrar por vezes com o mundo, adquirindo, ao
mesmo tempo, sensação de
a dimensão fisiológica ou mesmo
integridade e individualidade, e esta
instintual. Entretanto, pelo que se pode paixão é o amor. Amor é união com
depreender, o próprio Freud acentua o alguém, ou algo, fora da criatura,
caráter social pelo qual a pulsão se sob a condição de manter a
perfaz; a idéia de saída da Natureza separação e integridade própria.
assemelha-se a esta noção freudiana de [...] Na realidade, o amor nasce e
ruptura, marca do processo civilizador. renasce da própria polaridade entre
Sabe-se, além disso, que Fromm não é a separação e a união. [...] O amor é
um pensador biologizante da condição um aspecto do que chamei de
humana. Pelo contrário, ele tem em orientação produtiva: a relação
mira o devir histórico, e por isso mesmo ativa e criadora do homem com
seus semelhantes, dele com a
esforça-se por eliminar algum eventual
Natureza (FROMM, 1965, p. 44).
elemento de naturalização fetichista das
relações sociais. Neste passo, entra em Novamente Erich Fromm aproxima-se,
cena a outra fonte de influência de sua resguardadas as diferenças relativas, de
teoria, o materialismo histórico de Marx no trato que este dá à paixão. A
Marx, como perspectiva de noção do homem como ser “natural
radicalização do caráter histórico da humano” possui o sentido duplo de
essência humana. A sua metáfora acerca padecimento humano enquanto ser de
do nascimento como elemento carências (dimensão natural) e no
propulsor do devenir histórico, ele vai impulso vigoroso em busca da
buscá-la no Marx (1978, p. 41) dos satisfação de suas necessidades
Manuscritos quando este afirma que a (dimensão social). A paixão, para Marx,
história é o ato de nascimento que se envolve o movimento humano
supera. coincidente de passividade
Sob os ombros de Marx, Fromm adotará
1
a produtividade como a atividade Fromm (1965) menciona cinco necessidades
humanas resultantes de suas condições de
própria do homem, em seu processo de
existência: a necessidade de relação, a
explicitação pelo nascimento, como a necessidade de transcendência e criação, a
chave para compreender que “todas as necessidade de arraigamento, a necessidade de
necessidades humanas essenciais são identidade e a necessidade de uma estrutura de
determinadas por essa polaridade” orientação e vinculação. O papel da paixão
amorosa insere-se na primeira necessidade
(FROMM, 1965, p. 40), ou seja,
mencionada. Para um aprofundamento vide
regressão e progressão no âmbito da Psicanálise da sociedade contemporânea.

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(padecimento) e atividade. Nos receptivamente, como o sujeito
Manuscritos parisienses, ele diz: separado do objeto.
O homem como ser objetivo A partir deste móvel da sociedade
sensível é, por isso, um ser que contemporânea, Fromm apresentará
padece, e, por ser um ser que sente aqueles que seriam seus traços
sua paixão, um ser apaixonado. A caracterológicos no sentido da
paixão é a força essencial do agudização da alienação2. Para efeito de
homem que tende energicamente nossa reflexão, retomaremos livremente
para seu objeto (MARX, 1978, p. alguns destes traços para fazer notar o
41).
caráter alienado do amor erótico na
Ora, se Fromm, tal como Marx, vê na sociedade produtora de mercadorias.
paixão e no amor uma força
Entre as formas de pseudo-amor mais
intrinsecamente ligada ao modo de vida
corriqueiras, Fromm (2006, p. 123)
do ser social, em seu perene
assinala o amor idólatra. Nesta relação,
perfazimento pelo trabalho produtivo,
a “pessoa aliena-se de suas
as relações sociais de um modo de
potencialidades e projeta-as na pessoa
produção arregimentado pela
amada, que é adorada como o máximo,
propriedade privada e pela alienação do
a portadora de todo amor, de toda luz,
trabalho tem impacto determinante no
de toda felicidade”. A idolatria se faz
modo de ser dos amantes. Entramos,
presente também numa outra freqüente
neste contexto, na realidade do quadro
forma de alienação, a linguagem.
amoroso na sociedade capitalista.
Fromm (1979, p.51) exemplifica tal
2.2. A desintegração do amor no situação precisamente pelo universo
capitalismo moderno amoroso:
A análise empreendida por Fromm da Se exprimo um sentimento por
sociedade capitalista contemporânea palavras, digamos, seu eu falo “Eu
reveste-se da aparelhagem crítica te amo”, as palavras visam a indicar
herdada do pensamento marxiano, numa a realidade existente em meu
perspectiva de aprofundamento, a partir íntimo, o poder de meu amor. A
palavra “amor” é tomada como
da captura na vida cotidiana do
símbolo do fato amor, mas assim
comportamento social de nossa época. que é pronunciada ela tende a
Nesta contextura, sobressai-se como assumir vida própria tornando-se
traço essencial de nosso tempo: a uma realidade. Fico na ilusão de
alienação. Segundo Fromm (1979, p. que pronunciar a palavra equivale a
50), ter a experiência, e em breve digo a
A alienação (ou “alheamento”) palavra sem nada sentir, exceto o
significa [...] que o homem não se
vivencia como agente ativo de seu 2
Conforme Fromm (1965), os traços
controle sobre o mundo, mas que o caracterológicos da sociedade contemporânea
mundo (a natureza, os outros, e ele seriam a idolatria (quando os homens
mesmo) permanece alheio ou subordinam-se às suas criações numa relação de
estranho a ele. Eles ficam acima e culto como algo acima deles), a abstratificação
contra ele como objetos, malgrado (capacidade de fazer referência a algum objeto
possam ser objetos por ele mesmo ou fenômeno mesmo em sua ausência;
criados. Alienar-se é, em última destacam-se a burocracia e o dinheiro), o
consumismo e fantasia (passividade sobre os
análise, vivenciar o mundo e a si
objetos produzidos pelos homens como
mesmo passivamente, inteiramente exteriores a eles), e o
irracionalismo.

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pensamento de amor expresso pela Em nível subjetivo, o domínio da
palavra. propriedade privada é também
Outra forma de pseudo-amor seria o avassalador. Os amantes se relacionam
amor sentimental. “Sua essência está no como proprietários privados do corpo e
fato de que o amor é experimentado do espírito um do outro. Formas
apenas na fantasia e não relacionamento neuróticas e obsessivas, no caminho da
aqui e agora com uma pessoa real” patologia generalizada da sociedade
(FROMM, 2006, p. 124). Consuma-se moderna e seu caráter social enfermo,
em substitutos de diversas ordens, como convertem-se no parâmetro das relações
filmes, histórias ou canções de amor, ou amorosas. O ciúme é notável fenômeno
mesmo, entre os amantes, através da neste processo. Daí Fromm (1982, p.
“abstratização” periódica do amor nas 61) ser categórico sobre o real
lembranças do passado. O que significado do casamento: “O contrato
predomina são experiências fictícias que de casamento dá a cada sócio a posse
atuam como ópio no alívio da dor da exclusiva do corpo, dos sentimentos e
realidade, da solidão moderna crescente. do cuidado. Ninguém mais tem que
conquistar, porque o amor tornou-se
Como se evidencia, a lógica alguma coisa que se tem, uma
abstratificada do mercado – através da propriedade”. O que se põe em relevo é
mediação universal do dinheiro – se a conversão imperiosa do caráter de
alastra sobre todos os campos da atividade do amor – cuja marca,
sociabilidade, conformando, outrossim, portanto, é a processualidade – para a
um mercado da personalidade (idem, p. condição imóvel da passividade
3). Isto tem implicações decisivas para alienada, sua coisificação como amor-
as relações eróticas. A regra geral de mercadoria. Estamos, parece, no
coordenação da sociedade burguesa, extremo oposto da arte de amar.
regulada pelo quantum abstrato do valor
de troca, se exprime na subsunção do O amor erótico possui uma
ser pelo ter. O sentido do ter, expressão peculiaridade que o contrasta com as
direta da propriedade privada, domina demais formas amorosas. Em nível
todas as dimensões da vida capitalista. imediato, por ser uma relação a dois, no
Em nível geral, o dinheiro constitui seu anseio pela fusão completa, sugere
vetor conducente. Ele garante exclusividade e não universalidade. Por
plenamente a materialização da equação isso, “talvez seja também a forma de
social para o qual eu sou = o que tenho. amor mais enganadora que há”
Os indivíduos, nas sociedades de (FROMM, 2006, p. 65). Em primeiro
mercado, não são expressão direta de lugar, o amor erótico é comumente
sua personalidade, são a capacidade que confundido com explosões súbitas da
seu poder social pode efetivar, ou seja, destruição das barreiras entre estranhos,
o que seu dinheiro pode comprar especialmente através da mediação do
(FROMM, 1982; MARX, 2007; 1978). contato sexual, que parece superar o
Nesse sentido, com acerto Fromm estado de separação já aludido
(2006, p. 4) nos diz que “[...] duas anteriormente. Entretanto, “Se o desejo
pessoas se apaixonam quando sentem de união física não for estimulado pelo
que encontraram o melhor objeto amor, se o amor erótico não for também
disponível no mercado, dadas as amor fraterno, nunca levará a mais que
limitações de seus próprios valores de uma união orgiástica e transitória”
troca”. (idem, p. 68).

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No limiar desta reflexão, podemos alcance da esfera amorosa como um
argumentar, em face do caráter elemento ontológico no processo de
generalizado e estrutural da alienação e reprodução da existência social, e,
das relações de propriedade segundamente, os nexos complexos
provenientes do capitalismo moderno e entre a reprodução material e o modo de
sua determinação na forma alienada de ser amoroso. Procuramos demonstrar
amar, que a realização do amor erótico que esta premissa teórico-metodológica
para Fromm só pode ocorrer é quem permite a captura do esteio do
simultaneamente à superação da ser social burguês (o capitalismo
sociedade burguesa e suas diversas moderno) – a alienação e a propriedade
ordens de alienação, no percurso da privada – como pilastra determinante
emancipação humana então apontada pelo qual se enreda o amor em nossa
por Marx, o que, por sua vez, implicaria época. Da mesma forma que a alienação
dizer que se trata de uma emancipação desumaniza os homens, o amor alienado
amorosa. Segundo Fromm (idem, p. é a própria negação da arte de amar.
69), “O amor erótico é exclusivo, mas Fundar o amor como uma arte exige a
ele ama na outra pessoa toda a apreensão destes fundamentos e ao
humanidade, tudo o que vive. Só é mesmo tempo a orientação prática da
exclusivo no sentido de que eu posso mudança.
me fundir plena e intensamente apenas
com uma pessoa”. Ora, a alienação é a
perda do controle e domínio consciente Referências
dos homens de sua própria vida. Os ENGELS, Friedrich. Humanização do macaco
homens não se percebem no mundo que pelo trabalho. In: A dialética da natureza. Rio
erigiram, inclusive nos outros como de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
objetivações da humanidade. Desta FROMM, Erich. Conceito marxista de homem.
forma, assegurar o amor erótico nestes Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979.
termos coincide com a reapropriação ________. Psicanálise da sociedade
consciente, coletiva e universal dos contemporânea. Rio de Janeiro: Zahar Editores,
meios de produção da riqueza social. A 1965.
condição de existência do amor ________. Ter ou Ser? Rio de Janeiro, RJ:
emancipado está ação revolucionária Zahar Editores, 1982.
sobre o mundo. ________. Meu encontro com Marx e Freud.
Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1969.
3. Considerações finais
________. A arte de amar. São Paulo: Martins
O transcurso acima traçado buscou Fontes, 2006.
evidenciar o caráter profundamente MARX, Karl. Manuscritos Econômico-
crítico com que Erich Fromm aborda a Filosóficos. São Paulo: Martin Claret, 2006.
temática amorosa. Há uma notável
________. Manuscritos Econômico-Filosóficos.
aproximação entre a sua abordagem e a São Paulo: Abril Cultural, 1978.
de Marx. A retomada de uma
________. O Capital: crítica da economia
antropologia filosófica exprime,
política. Livro 1, Vol. I. São Paulo: Nova
primeiramente, a compreensão de longo Cultural, 1985.

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