Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
APOSTILA
GESTÃO AMBIENTAL APLICADA À
SAÚDE
ESPÍRITO SANTO
1
SANEAMENTO AMBIENTAL
rural.
de decisão quanto às políticas, aos programas e aos projetos têm se dado na maior
parte dos países, segundo uma lógica tecno-burocrática, sem a participação das
dados de alguns países. A proporção da população total com ligação domiciliar aos
à vida.
3
Na Figura 1, entre os países selecionados, pode-se perceber que México,
de 100%. A figura citada indica que a cobertura com esse serviço decresce com o IDH
Produto Interno Bruto per capita (ver Figura 2). O Haiti, onde esse indicador é o menor,
(OPS/OMS, 2004).
Entre os países das Américas, apenas 70% da população tem acesso a água
tratada, embora essa situação já tenha sido mais dramática há dez anos.
4
A situação do esgotamento sanitário ainda é mais grave nos países da América
Haiti a 76,8% nos Estados Unidos. Entre os países selecionados, apenas Colômbia,
IDH e do PIB per capita. À medida que o IDH decresce, também decresce a proporção
4). Apenas o Chile apresentou cobertura acima de 60% com um PIB mais baixo,
5
relacionado ao esgotamento sanitário diz respeito ao baixo nível de tratamento das
águas residuárias. Estima-se que apenas 10% das águas coletadas por rede de
um padrão de desigualdade.
6
qualidade e a quantidade dos serviços prestados decrescem dos ricos para os pobres,
saneamento ambiental.
situação ainda é mais grave. Geralmente, essas localidades não dispõem de sistemas
de saneamento ambiental, ou, quando dispõem, não atendem à toda a população e/ou
7
não funcionam. Na maioria das vezes, não funcionam porque foram planejados,
dos resíduos líquidos e sólidos, o manejo e o destino adequados das águas pluviais,
esgotamento sanitário.
medidas têm sido objeto de diversos estudos. Entre essas enfermidades, a diarreia e
SANEAMENTO AMBIENTAL
9
Costa et al. (1985), estudando o padrão de mortalidade nas crianças da faixa
autores concluíram que a maioria dessas mortes poderia ser facilmente evitada com
mais frequentes em áreas periféricas da cidade do que nas áreas com melhores
Estudos realizados por Moraes (1996) mostraram, com alguma evidência, que
10
impacto positivo sobre a morbidade de diarreia e o estado nutricional em crianças
considerados.
12
quadro de morbidade das crianças residentes em áreas não-atendidas por esse
afetar a saúde humana. Essas características podem ser determinadas por condições
naturais ou pela ação do homem. Esta última está relacionada a atividades produtivas,
13
abastecimento de água, entre as quais algumas de caráter epidêmico, como a cólera
frequentemente veiculados por águas que recebem contaminação fecal. Essa doença
é adquirida por via digestiva, sendo as bactérias eliminadas, em grande número, pelo
doente juntamente com as suas fezes, que são conduzidas pelo esgoto até às águas
(pleurodinia).
14
Algumas formas de protozoários parasitas e, entre eles, algumas que se
podem, eventualmente, ser transmitidas sob a forma de ovos ou larvas por meio das
águas.
15
Assim sendo, alimentos ou águas que tenham contato com fezes humanas são
a existência de populações que não têm acesso a água potável e a ambientes para a
16
Na América Latina e no Caribe, os governos não dispõem de políticas de saneamento
GOMES, 1997). A gestão dos serviços pode se dar de forma direta ou por regime de
integralidade (acesso aos serviços de acordo com a necessidade dos cidadãos) e com
ambiental.
19
econômicos, entre outros, que determinam a atuação do Estado no campo das
assumido um papel importante, e cada vez mais, para dar legitimidade à adoção desta
20
essa questão e, principalmente, provocaram grandes questionamentos sobre a
noção de totalidade. A ideia de início, apogeu e declínio das civilizações foi posta em
teóricas passam a ser vistas como ultrapassadas, enquanto outras ressurgem com
nova roupagem. Por seu turno, a neutralidade da ciência vem à tona e a filosofia
21
Assim, as questões emergentes e os avanços do último século no campo das
emergir na Inglaterra dos anos 80, e disseminar pelo resto do mundo, as ideias
neoliberais.
mobilização das forças tecnológicas, da ciência e da razão. Esse autor destaca que,
desde 1972, vem ocorrendo uma mudança nas práticas culturais e político-
o espaço. Segundo esse autor, existe “uma relação entre a ascensão de formas
significantes distintos e não relacionados entre si” (JAMESON, 1997). Harvey (1994)
observa que esta nova lógica cultural retira a possibilidade da busca modernista de
um futuro melhor, uma vez que a perda do “sentido centrado de identidade” (HARVEY,
23
políticas públicas e sociais. Hirsch (1998), em suas reflexões sobre o Estado, o capital
e a globalização, tem ressaltado que as teorias têm sido insuficientes para explicar a
epistemológico.
SANEAMENTO AMBIENTAL
no meio pelo qual as elites constroem a sua hegemonia. As políticas sociais como
24
“estratégias de hegemonia, fazem parte do processo de expansão de uma classe, de
tal forma que seus interesses econômico-corporativos são suplantados, e ela alça tal
da exploração.
naturais pré-capitalistas (população rural como reserva para o trabalho, a família como
como água e ar. Assim, tanto o processo imediato de realização do capital tem que
fordista de socialização.
25
Para Behring (2002), a política social está no centro do embate econômico e
maioria dos autores que tratam a política social como direito de cidadania ou como
social não pode ser apanhado nem exclusivamente pela sua inserção objetiva no
mundo do capital, nem apenas pela luta de interesses dos sujeitos que se movem na
em fins deste século é, no mínimo, discutível. Assim, esse discurso cerca de enfeites
as fórmulas de corte dos gastos estatais para a garantia do equilíbrio das contas
públicas. A política social do Walfare State passa a ser vista como uma ação
acesso via mercado, não se constituindo, portanto, como um direito social. Surge
27
SANEAMENTO AMBIENTAL COMO UMA
POLÍTICA SOCIAL
econômico, cultural de cada época e nação. Por vezes, o saneamento ambiental tem
sido tratado como uma política social; por outras, como apenas uma política pública.
28
há muitas décadas, as ações de saneamento ambiental são tratadas no bojo das
29
articuladas às de saúde pública. Com a chegada da cidade industrial, as
30
A problemática ambiental, que começa a se ampliar na década de 70 e passa
não só por causa do impacto no ambiente natural, como também na saúde humana,
faz que o campo do saneamento passe a incorporar, além das questões de ordem
31
Embora tenha havido avanços do ponto de vista conceitual, ao longo do tempo,
administrativa distinta de uma ação relacionada a uma política social. Para ilustrar, é
sempre bom lembrar que o BIRD e o BID tratam a área de saneamento para os países
saneamento ambiental como uma política social na qual o dever do Estado perante a
do saneamento no País pode ser dividida em três fases entre os séculos XVI e XX: na
primeira, o Estado estava ausente das questões sanitárias (século XVI até meados do
século XIX); na segunda, o Estado assume as ações sanitárias, havendo uma relação
final de 1950); e na terceira (a partir da década de 60), ocorre uma bipolarização entre
as ações de saúde e as de saneamento. A saúde passa a ter cada vez mais um caráter
distanciamento do seu fim maior, que seria a promoção da saúde pública. Nos países
pulverização dos parcos recursos. O déficit da área e a falta de recursos para lhe fazer
frente têm apresentado crescentes desafios aos governos desses países no sentido
33
da alteração desse quadro que, ademais, foi agravado com a globalização da
capital–trabalho e limita a ação direta do Estado no campo social. Essa noção vincula-
condições para que os próprios indivíduos conquistem a sua condição de vida. Daí
34
É no campo dessa concepção que surgem orientações para as políticas
Estado são transferidas para a iniciativa privada – indivíduos e/ou mercado. A área de
35
desviando-se suas ações do campo da saúde pública e/ou da infraestrutura, passando
a ser encaradas como um serviço que, como tal, pode ser submetido às leis do
que tem sido defendida tanto por instituições financeiras internacionais, como FMI,
BIRD e BID, como por governos locais que apoiam os ideais neoliberais.
ambiental coloca-a como essencial à vida humana e à proteção ambiental, sendo uma
para a sua promoção deve-se dar em vários níveis, envolvendo diversos atores. As
37
da operação, da regulação e da avaliação desses serviços públicos (MORAES,
sociais.
38
Artigos para revisão
ciências sociais
RESUMO
Problemas ambientais e sua interface com a saúde estão sempre presentes nos discursos e práticas
urbanização sobre as condições sanitárias e de saúde, esses problemas são vistos como resultados
de processos políticos e sociais. Mas com o paradigma microbiano essa relação foi reduzida aos
problemas de saneamento e a controle de vetores. A dimensão social e política passa a ocupar lugar
científicos revelam que o campo da saúde coletiva ocupa um papel marginal na pesquisa sobre o tema
problemas ambientais e a pesquisa e a produção das ciências sociais respondem por uma parcela
pesquisa e produção científica da saúde coletiva sendo urgente no que se refere às ciências sociais e,
noção de problema não pode ser completa sem a presença do conceito de solução.
Esta noção certamente se aplica aos problemas ambientais, reais ou potenciais, que
como tais, só vieram à tona porque, como ambientes criados, não se encontram alheio
à vida social humana, mas são completamente penetrados e reordenados por ela,
confundindo atualmente o que é "natural" com o que é "social" (Giddens, 1990; Beck,
1997).
Como observa Samaja (2000), o termo "problema" só tem campo de aplicação nos
sistemas vivos e nos processos humanos, pois são os que enfrentam problemas em
sua existência e realizam escolhas que lhes permitem mudar de uma situação para
outra. Por essa razão, a noção de "problemas de saúde" compõe uma ordem
descritiva que serve para qualificar estados possíveis nos indivíduos vivos em toda a
extensão da biosfera. Apesar disso, no que diz respeito aos problemas ambientais,
movimento atual de formalização dos problemas que, na maioria das vezes, reduz os
40
Retomando Andler (1987), é importante sublinhar que a escolha de um problema é,
como uma multiplicidade de atores sociais com diferentes noções e interesses acerca
dos mesmos e das formas de resolução que poderão ser encaminhadas. Isso implica
mundo social mais transparente, mas altera sua natureza, projetando-a para novas
41
direções, afetando tanto a natureza socializada, bem como as próprias instituições
sociais.
consonância com o projeto da saúde coletiva. Essa noção permite considerar que no
projeto da saúde coletiva não só a saúde surge como uma conquista social e um
preocupações e estratégias sanitárias tinham por base a teoria dos miasmas, para a
42
qual as sujeiras externas e os odores detectáveis deveriam ser reduzidos ou
eliminados para deter a disseminação das doenças. A higiene é introduzida como uma
deveriam ser evitados pelos "cidadãos decentes" (burguesia) (Petersen & Lupton,
1996).
observam Paim & Almeida Filho (1998), o discurso e a prática dos sanitaristas sobre
saúde social (Paim & Almeida Filho, 1998). Com o paradigma microbiano, o ambiente
de foco dos discursos e das práticas da saúde pública é o doméstico, que deveria ser
purificado, limpo e areado, sendo isto considerado vital para a saúde dos seus
dimensão política e social dos mesmos pode, em grande parte, ser atribuída às
questões que passaram a ser colocadas pelo movimento ambientalista, que, definido
como tal, tem sua existência identificada desde os anos 50, passando a ganhar força
somente nos anos 60 e 70. As ameaças e os perigos ambientais para a saúde pública,
como de maior escala, tendo se multiplicado e estendido no espaço – indo além dos
44
ambientes locais da casa, da vila ou da cidade – e no tempo – com o alcance dos
efeitos futuros sobre a saúde e a vida no planeta (Petersen & Lupton, 1996).
mundiais sobre o tema, organizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), a
Pública (NSP) que tem como estratégia mudar o foco das práticas centradas
processo são: Relatório Lalonde em 1974, que define as bases para o movimento de
sociais
ambos com a saúde coletiva pode ser situada desde o início do século, através do
trabalho pioneiro de Oswaldo Cruz e dos sanitaristas que o seguiram. Embora mais
medicina social, que tem suas origens nos anos 70 e é a referência para a saúde
coletiva.
do século 20, uma preocupação quase que exclusiva das instituições voltadas ao
saneamento básico (água, esgoto, lixo, etc.). Para os autores, somente na década de
industrial, ocorre uma ampliação das instituições, com a criação, por exemplo, de
órgãos ambientais nos estados do Rio de Janeiro (Feema) e São Paulo (Cetesb), mas
sem vínculo direto com o sistema de saúde. É importante lembrar que em 1972 era
controle do meio ambiente mais consistentes e efetivas. Como exemplo citam a lei
no artigo 228 do capítulo VI (Do Meio Ambiente) que todos têm direito ao meio
implicando isso a sua própria reorganização (Paim & Almeida Filho, 1998; Paim,
2001).
ambiental, somente nos anos 90, com a Conferência do Rio em 1992 e a publicação
da Agenda 21, com um capítulo dedicado à saúde, é que começou a se assistir uma
al., 1999; Porto, 1998). Marco desse processo na saúde coletiva foi a organização,
pela Escola Nacional de Saúde Pública, dos dois volumes sobre saúde, ambiente e
desenvolvimento (Leal et al., 1992a e 1992b). Nesse mesmo ano, a OPAS decidiu
Das oficinas participaram demais órgãos públicos afins com a temática, instituições
pesquisa que o autor vem realizando, denominado "A pesquisa científica em saúde
encontrou-se um total de 824 grupos, sendo que destes, apenas 32 (3.9%) foram
a AP de saúde coletiva.
serviço social não faça parte da lista de Canesqi (1998), foram identificados 2 como
50
Conforme pode se verificar, houve um nítido crescimento da produção sobre os
(2); desigualdades sociais (1); geografia crítica (1); filosofia (1); sociologia da ciência
(1); participação popular (1). O maior volume de teses ou dissertações concluídas foi
51
no ano de 1996, com 5; em seguida vem 2000, com 3; e, 1990, 1992 e 1998, com 2.
Para os outros anos (1983, 1985, 1993 e 1999) foram identificadas apenas uma para
cada ano.
Pública) no período 1992-2001, o critério adotado foi selecionar todos os artigos que,
bastante irregular por ano (Figura 2). Conforme pode se verificar na figura 2, houve
desenvolvimento".
52
Do total de artigos, identificamos apenas 9 (9,6%) sobre temas e abordagens de
(1). Destes, 3 (Schall, 1994; Porto & Freitas, 1997; Duval, 1998), tendo como base as
ciências sociais.
53
Para encerrar a análise de dados referentes à pesquisa e produção referente aos
Minayo et al. (1999). Para o ano de 1997 os autores cadastraram 151 projetos de
pesquisa sobre saúde e ambiente em andamento na Fiocruz. A partir de uma lista com
citadas no mínimo cinco vezes (a epidemiologia foi a que recebeu maior número de
ciências sociais, resultando em: educação (22), antropologia (16), sociologia (13),
geografia (9) e história (6). Mesmo considerando que a maioria dos projetos se
citações de áreas relacionadas às ciências sociais (15%), sendo que deste universo
só ocorreu nos anos 90, sendo o projeto Vigisus e a figura 1 relacionados à produção
esmagadora maioria dos grupos de pesquisa que tem como tema de investigação a
demografia).
fortalecer a pesquisa nas ciências sociais na saúde coletiva. Até mesmo porque o
quadro que se apresenta sobre a incorporação dos problemas ambientais nas ciências
políticas, econômicas, culturais e éticas não sejam exclusividade das ciências sociais,
55
grupos de pesquisa organizados e que a produção científica ainda seja bastante
pequena.
pesquisa que vem sendo conduzida pelo autor, citada no item anterior, permitem
Para os 824 grupos de pesquisas que têm como tema de pesquisa a questão
1980-1990), e outro amplo, mais próximo do nosso interesse e tendo como referência
o estudo de Canesqui (1998) sobre três décadas de ensino e pesquisa das ciências
foram: geografia (22), antropologia (8), economia (16), sociologia (9), ciência política
amplo, os resultados foram: educação (32), história (3), filosofia (2), demografia (1).
Totalizaram 38 grupos. Somados os dois grupos, ampliamos para 94, alcançando com
as 9 disciplinas incluídas apenas 11.4% dos 824 grupos. Só para se ter uma idéia
mais clara dos desequilíbrios entre as diferentes disciplinas envolvidas com a temática
ambiental, a soma das cinco que mais possuem grupos, a geociências (100) e química
56
(79) nas ciências exatas e da terra, a agronomia (63) nas ciências agrárias, a ecologia
Para Leff (2000), tendo por base um diagnóstico sobre os programas de formação
problemática ambiental.
uma forte e indesejável divisão entre o mundo dos fatos sociais e o mundo dos fatos
processos socioambientais emergentes, tanto por sua complexidade, como por seu
e social.
Além dos aspectos anteriormente apontados, Macnaghten & Urry (1998) chamam a
o ambiente é uma entidade real em si, passível de ser pesquisado por uma ciência
tendo por base a mesma ciência que os gerou. Para esta concepção, uma vez que a
ambientais, seu papel fica restrito a identificar as causas sociais, os impactos sociais
et al., 1996; Macnaghten & Urry, 1998; Leff, 2000) têm chamado a atenção para essa
(geografia humana).
O autor (Vieira, 1995) chama a atenção para duas lacunas importantes na produção
das ciências sociais, as quais devem ser superadas para permitir seu avanço na
as ciências políticas foram identificadas pelo autor tendo como tema a pesquisa sobre
segunda se refere à ênfase nos estudos sobre avaliação dos impactos destrutivos,
natureza não-linear nas suas inter-relações e que são de difícil captação. Para o autor,
59
a gestão da complexidade é, então, o principal obstáculo a ser enfrentado pelos
ambientais tem ocorrido uma tentativa cada vez maior de introduzir "ferramentas" das
pode limitar seu próprio emprego, significando um filtro em favor das abordagens que
das lacunas que Vieira (1995) apontou e limitar sua incorporação de modo amplo,
primeiro lugar, porque a idéia de que não há uma única noção de meio ambiente, mas
engenharias, como nas diferentes instituições públicas e privadas em que têm se dado
as decisões que afetam nossas vidas. Em segundo lugar, abordagens críticas que
Conclusão
O ambiente sempre esteve presente nos discursos e práticas sanitárias. Mas, foi
movimentos sociais que emerge a medicina social no século 19, para a qual a
Petersen & Lupton (1996) observam que no último quartel do século 20 chegou
mesmo a existir uma proximidade entre a NSP (da qual derivam movimentos
61
importantes hoje no que se refere à problemática ambiental no campo da saúde, como
adoecimento do planeta por conta das atividades humanas, como o adoecimento dos
seres humanos como resultado disto. Porém, para os autores, esta proximidade
termina aí, já que a NSP tende a direcionar seu foco muito mais para as escolhas
atenção para longe dos problemas estruturais das sociedades industrializadas que
Os aspectos observados por Petersen & Lupton (1996) no parágrafo anterior são de
saúde, tem ocorrido nas duas últimas uma identificação dos problemas ambientais
com o movimento de promoção da saúde, que emerge como uma das estratégias de
uma NSP. Essa identificação é explicitada tanto na Agenda 21, em que a saúde
encontrada, uma vez que processos e resultados possuem, ainda que separados,
De acordo com Leff (2000), a resolução dos problemas ambientais implica a ativação
um importante papel a desempenhar. Leff (2000) destaca uma série de processos que
sobre a pesquisa das ciências sociais no campo dos problemas ambientais que
64
65
A superação do realismo ambiental e do biologismo dominante na saúde, da
contribuam para que possamos avançar no marco conceitual da saúde coletiva. Até
mesmo porque, como observa Herculano (2000) em seu artigo sobre as origens,
ciências sociais (a autora centra sua análise somente na sociologia) com a saúde
66
coletiva talvez seja uma das contribuições mais interessantes à compreensão dos
CostaI
RESUMO
de gestão. Este artigo apresenta o modelo proposto pela Organização Mundial da Saúde - OMS para
67
Apresentação
nacionalmente.
ambiental em saúde, definidos para cada uma das áreas programáticas: vigilância da
Introdução
aquele setor.
desempenha um papel chave pois pode assegurar que as políticas e estratégias dos
saúde.
No âmbito da saúde ambiental, o setor saúde tem papéis específicos que são
problemas de saúde;
69
· analisar as necessidades e exigências para a saúde nos vários setores do
transporte e indústria;
ambiental;
serviços de saúde;
níveis de gestão.
informação tanto por parte dos gestores, quanto por parte da população, importante
implantação no país.
atuantes.
71
Os indicadores podem ser a expressão do nexo entre a saúde e o ambiente e serem
transformados em informação para o uso direto dos gestores. Deste modo, podem
para uso direto. Como exemplo de indicador sobre poluição do ar, temos: as medições
ar por hora). Tais dados, ao serem agregados e resumidos, produzem estatísticas (por
Por princípio, devem ser apropriados para diferentes usuários e estar baseados no
gestores e público em geral, de forma útil e direta, por se tratar de riscos ambientais
resumidamente a seguir:
72
· devem ser os mais específicos possíveis à questão tratada;
de interesse;
análise de causa e efeito das relações entre saúde e ambiente. Esse modelo analisa
73
Saúde (OPAS/OMS). A partir daí, ampliou-se o debate envolvendo os outros setores,
– ABES/99.2
A opção por utilizar o modelo proposto pela OMS, parte da necessidade de escolha
de uma metodologia, e considera que esta pode ser aplicada em diferentes níveis
74
O modelo proposto é uma adaptação da estrutura de Pressão-Situação- Resposta
das diversas formas de exposição, onde as pessoas entram em contato com o meio
2.
relacionados às ações.
Força motriz
ambientais que podem afetar a saúde humana. Esses fatores estabelecem vínculos
fracos e menos diretos entre os riscos ambientais e efeitos reais de saúde. Podem ser
da industrialização e da urbanização.
75
Pressões
As pressões são consequências das diversas forças motrizes e são fatores que
influenciam em uma escala ampla e que apresentam vínculos indiretos entre os riscos
ambientais e efeitos reais de saúde das populações. Essas pressões são geradas
disposição de resíduos.
Situação
secundárias: uma mudança pode afetar outras áreas. Cada instância pode gerar
novos riscos para a saúde, porém, nem todos os aspectos do ambiente podem
influenciar a saúde, nem se conhecer com clareza a relação com a saúde. Tome-se
poluição.
76
Exposição
reais de novos riscos para a saúde. Como exemplo, podemos citar: exposição externa,
Efeitos
idade e formação genética, etc. Também podem ser agudos ou crônicos. Podem
população; podem ser pequenos e devem ser diferenciados dos efeitos de outros
morbidade, mortalidade.
Ações
77
A ações podem ser de curto prazo e de caráter reparador, outras a longo prazo e
preventivas. Diversas ações podem ser tomadas, baseadas na natureza dos riscos,
sua receptividade ao controle e da percepção pública dos riscos. As ações podem ser
sobre a saúde.
É importante enfatizar que os indicadores a serem definidos, devem ser de uso comum
Para construção dos indicadores, alguns aspectos podem ser considerados para
- Estabelecimento do problema/questão
poluição do ar interno - indoor), o local onde ocorre a exposição (tal como, uma casa,
uma fábrica, uma cidade), o resultado específico de saúde (tal como pneumonia
infantil), uma política ou uma ação específica (tal como programa de melhoria dos
- Governabilidade
78
Na cadeia desenvolvimento-meio ambiente-saúde para a construção da matriz da
- Doença ou agravo
cujo conceito está relacionado com a causa. Novos critérios devem ser estabelecidos
para que se possa adotar uma posição e elaborar conclusões pertinentes em relação
saúde e ao ambiente.
- Fonte de Informação
Na maioria das vezes, as fontes de informação se encontram fora do setor saúde. Isto
serviços.
- Alianças
Serão definidos indicadores que vão subsidiar as ações dos componentes citados,
Ambientais.
de informação, etc.
Comentários Finais
Para lidar com os novos desafios, são necessárias novas formas que se baseiem em
mecanismos integrados, dentro de uma visão holística, visto que os problemas têm se
maior, que nos leva a uma nova reflexão e necessidade de informações melhoradas,
81
Os indicadores de cada uma das áreas programáticas serão apresentados em textos
82
BIBLIOGRAFIA
do CNS, n. 1)
Nacional, 1999.
BRASIL. Lei no. 9.795, de 27 de abril de 1999, “Dispõe sobre a educação ambiental,
TAYEH, Ahmed. The public and domestic domains in the transmission of disease.
83
CARVALHO, Antônio Ivo de. Conselhos de Saúde no Brasil. Participação cidadã e
CORREIA, Maria Valéria Costa. Que controle social? Os conselhos de saúde como
FALEIROS, Vicente de Paula. O que é Política Social. 5.ed. São Paulo: Brasiliense,
1991.
FIOCRUZ. Radis. Conselhos de Saúde e Controle Social. Súmula, n.81, jul. 2001.
FONSECA, Marília. O Banco Mundial como referência para a justiça social no Terceiro
Mundo: evidências do caso brasileiro. Revista de Educação, v.24, n.1, jan./jun. 1998.
84
GONDIM, Sônia Maria Guedes. Grupos focais como técnica de investigação
mudança cultural. 4.ed. São Paulo: Edições Loyola, 1994. Capítulo 3 – Pós-
Metropolitana, 1996.
Brasília, 2000.
Ática, 1997.
LIMA, Adriano Alcântara; OLIVEIRA, Antônio Marcos Lima de; BRANDÃO, Rita de
qualidade de vida. Revista Engenharia Sanitária, v.23, n.1, p.55-61, jan./ mar. 1984.
MORAES, Luiz Roberto Santos; MELO, Glenda Barbosa de; REIS, Maria das Graças
1994.