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FORMAÇÃO PEDAGÓGICA PARA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE NÍVEL MÉDIO

Disciplina 5 – Linguagem e Comunicação

Unidade 1

Texto de apoio 01
Aspectos gerais sobre avaliação: para que avaliar?

Cecília Canalle
Luciana Allan

Para certificar
A resposta mais comum é que avaliamos para acompanhar a sua
aprendizagem ou para que o aluno possa acessar o nível seguinte. Ou mesmo
quando é necessária uma certificação, algo que declare se suas competências
e conhecimentos são suficientes para a próxima etapa. Isso é fundamental,
mas pouco. Se reduzirmos o processo de avaliação a esse objetivo, ele se
tornará exclusivamente um peso e não um instrumento de grande relevância
para nosso trabalho.
A avaliação é um diálogo, uma forma de comunicação entre o que Crédito: Freepik.com
desejamos saber sobre o que nossos alunos sabem e o que eles
conseguem contar daquilo que pensam que sabem. Para isso, precisamos ter clareza sobre como perguntar,
para que possam compreender o que queremos verificar, bem como possam responder adequadamente.

Para ajustarmos a rota


A avaliação é um processo natural, decorrente e indispensável
para qualquer atividade humana. Avaliamos desde o atendimento no
restaurante, a comida, a maturidade de uma fruta, a pertinência de sair ou
não em certo horário de tráfego intenso, a produtividade de determinado
processo industrial, a adequação de nossos funcionários de casa ou da
empresa, sem contar as famosas “avaliações da relação” D.R. (discutir a
relação) etc. Sem avaliarmos, vivemos em descompasso com o presente e o
mundo que nos rodeia. Quer dizer, nós, ou os outros, podemos estar agindo
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de forma a responder à realidade de modo não adequado, e corremos o risco de
descobrir isso somente no momento da colisão, da reprovação ou do fim de um relacionamento ou de um
emprego.
Portanto, se considerarmos o processo de ensino e aprendizagem, a avaliação é uma maneira
privilegiada de descobrirmos o que, o quanto e o como nossos alunos compreenderam os temas sobre os
quais trabalhamos.
Suas respostas são material que deve ter efeito de bússola sobre nossos cursos, ou seja, deve nos ajudar
a reordená-lo segundo o resultado, a fotografia obtida. Se nossos alunos estão se desviando da meta, à
semelhança de um GPS, propomos uma nova rota. O que não podemos é permanecer dirigindo às cegas, sem
saber como e onde está o aluno em relação à nossa meta.
Segundo o sociólogo e educador suíço Phillipe Perrenoud, “administrar a progressão de aprendizagem”
é uma das competências do professor. É também uma oportunidade para ajudar seus alunos a enfrentar suas
dificuldades emocionais de aprendizagem. O equilíbrio emocional e a resiliência diante dos desafios de
conhecimento, muito frequentes no mundo profissional, serão uma solicitação às vezes anterior ao próprio
conhecimento.
FORMAÇÃO PEDAGÓGICA PARA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DE NÍVEL MÉDIO
Disciplina 5 – Linguagem e Comunicação

Unidade 1

Para detectar potencialidades


Para descobrir o que o aluno pode trazer nas suas respostas,
outros saberes além daqueles que foram abordados em aula, ou alguma
originalidade no modo de buscar a resposta, algo que não tinha previsto no
meu gabarito.
A avaliação pode trazer informações inesperadas sobre as
potencialidades de nossos alunos, e é imprescindível que prestemos atenção
no que dizem. É frequente descobrirmos que certo gênio, ou homem de
grande potencial nisto ou naquilo, não foi percebido na escola onde ele
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esteve, diariamente, por inúmeros anos, diante de muitos professores e de
um número ainda maior de avaliações que deixaram passar indícios – no mínimo – de alguma originalidade
que foi ignorada.
Essas histórias vêm a público quando o ex-aluno se torna famoso; mas, com certeza, muitos deles foram
desperdiçados por seus mestres, que poderiam ter visto além do resultado restrito das avaliações, e lhes
sugerido algum outro rumo ou objetivo maior do que o previsto, pois, às vezes, eles não conseguem perceber
se não obtiverem ajuda de algum adulto.

Para fazer emergir conhecimentos tácitos


Além dos saberes construídos no ambiente escolar, há o
conhecimento tácito, aquele que vai sendo construído dentro de nós a
partir das mais diversas experiências, e que temos muita dificuldade em
externalizar de maneira formal.
Para compreendermos isso melhor, leia agora o interessante caso
sobre a máquina de fazer pães da Panasonic, que se encontra na
Casotec da FEA/USP. A tal máquina apresentava apenas dois
“pequenos” problemas de produção: pães crus por dentro e queimados
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por fora. Veja como esse caso começou a ser resolvido pelo conhecimento
tácito de sua engenheira e pelos esforços de torná-lo explícito. Para ler o texto, clique no link a seguir:
http://www.ipea.gov.br/observatorio/casoteca/105-casoteca/casos-de-gestao-do-
conhecimento/132-a-criacao-do-conhecimento-organizacional-o-caso-da-matsushita-electric-industrial-
company

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