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FOLHA INFORMATIVA 6

O PRIMEIRO DESAFIO MUNDIAL PARA A SEGURANÇA DO PACIENTE


Uma Assistência Limpa é Uma Assistência Mais Segura
USO DE LUVAS (técnico)
Evidências e diferentes considerações sobre o uso de luvas Mensagens-chave para o uso de luvas:
É amplamente recomendado que os profissionais de saúde usem luvas por • As luvas são eficazes para prevenir a contami-
duas razões principais: (i) para evitar que os microrganismos que estão nação das mãos de profissionais de saúde e
colonizando a pele das mãos, ou estejam presentes transitoriamente nas para ajudar a reduzir a transmissão de agentes
patogênicos.
mãos do profissional de saúde sejam transmitidos aos pacientes e de um
paciente para outro; (ii) e para reduzir o risco dos próprios profissionais de • As luvas não fornecem proteção total contra a
saúde adquirirem infecções dos pacientes. contaminação das mãos.
• Os profissionais de saúde devem ser lembrados
A eficácia do uso de luvas na prevenção de contaminação das mãos de de que uma remoção incorreta das luvas pode
profissionais de saúde e na redução da transmissão de patógenos tem sido contribuir para a transmissão de microrganismos.
confirmada em diversos estudos clínicos. • Se a integridade das luvas estiver comprometida
Entretanto, os profissionais de saúde devem ser informados de que as luvas (p.ex., furos), elas devem ser trocadas assim que
não fornecem uma proteção completa contra a contaminação das mãos. A possível.
microbiota que coloniza os pacientes pode ser observada em até 30% dos • Os profissionais de saúde devem ser capacitados
profissionais de saúde que usam luvas durante o contato com o paciente. no planejamento da seqüência de procedimentos
Em tais casos, possivelmente, os patógenos têm acesso às mãos dos de forma racional, que limite o uso de luvas e no
profissionais de saúde por meio de pequenos defeitos nas luvas ou pela uso máximo de técnicas sem contato na assistên-
contaminação das mãos durante a remoção das luvas. cia à saúde. Deve-se enfatizar a minimização da
necessidade de uso e de troca de luvas.
O impacto do uso das luvas na adesão às práticas de higienização das • Em alguns estudos publicados, as luvas de vinil
mãos não tem comprovação definitiva, pois estudos publicados têm produ- apresentaram mais defeitos do que as luvas de
zido resultados contraditórios. látex, sendo a diferença maior após o uso.
Diversos estudos descobriram que os profissionais de saúde que usam • É necessário ter disponibilização de mais de um
luvas higienizam menos as mãos após deixar o quarto do paciente. Por tipo de luva.
outro lado, outros estudos demonstraram exatamente o contrário. A reco- • O uso de loções e cremes para as mãos à base de
mendação para o uso de luvas durante todo o episódio de assistência a um vaselina pode afetar adversamente a integridade
paciente sob medidas de precauções poderia levar o profissional de saúde das luvas de látex e algumas preparações alcoóli-
a perder oportunidades de higienização das mãos. cas para a higienização das mãos podem interagir
com pós remanescentes nas mãos dos profissio-
Uso de luvas nais de saúde.
As luvas devem ser usadas durante todas as atividades de assistência ao paciente • Deve-se evitar o uso desnecessário de luvas em
que podem envolver exposição a sangue ou fluidos corporais. Além disso, as luvas situações não recomendadas.
podem ser usadas em procedimentos que incluam contato com material potencial- Recomendações para o uso de luvas:
mente infeccioso que não seja sangue, tais como membranas mucosas e pele não 1. O uso de luvas não substitui a necessidade de
intacta ou durante as situações de surto, conforme recomendado pelas exigências higienização das mãos com preparação alcoólica
específicas para uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI). ou água e sabonete.
O uso desnecessário de luvas em situações não recomendadas representa um 2. Use luvas quando puder ser prevista a ocorrência
desperdício de recursos sem que, necessariamente, leve à redução de transmissão de contato com sangue ou outro material poten-
cruzada de microrganismos, e também pode resultar em perda de oportunidade cialmente infeccioso, membranas mucosas ou
para a higienização das mãos. pele não intacta.
3. Remova as luvas após auxiliar um paciente. Não
É importante que os profissionais de saúde estejam aptos a selecionar correta- use o mesmo par de luvas para assistir mais de
mente o tipo mais adequado de luvas a ser usado e a diferenciar as situações um paciente.
clínicas específicas em que devem ser usadas e trocadas e aquelas em que o seu 4. Quando estiver usando luvas, troque-as ou
uso não é recomendado (ver a pirâmide no verso). remova-as nas seguintes situações: ao mudar de
O reprocessamento de luvas deve ser fortemente desencorajado e evitado, mesmo um sítio corporal contaminado para outro, limpo,
durante o cuidado ao paciente; após tocar um
se for uma prática comum em serviços de saúde de países em desenvolvimento, local ou superfície contaminada e antes de tocar
onde o estoque de luvas é limitado. No momento, não existe um procedimento um local limpo ou o ambiente de assistência.
padronizado, validado e com valor acessível para o reprocessamento seguro de 5. Evite usar, novamente, o mesmo par de luvas.
luvas. Deve-se envidar todos os esforços para evitar o reprocessamento de luvas Se as luvas forem reprocessadas, é necessário
nos serviços de saúde. Isso inclui atividades educativas para reforçar a necessi- desenvolver um método adequado e validado de
dade de reduzir o uso inadequado de luvas, a aquisição de luvas de procedimentos reprocessamento para garantir a integridade das
não-cirúrgicos de boa qualidade e o reabastecimento do estoque em tempo. luvas e a descontaminação microbiológica.
Outras pesquisas serão necessárias para identificar um procedimento padrão para 6. O uso de duas luvas é considerado uma prática
o reprocessamento de luvas, para avaliar a integridade de diferentes materiais de adequada em países com alta prevalência de
luvas quando expostos a diferentes preparações usadas para a higienização anti- HBV, HCV e HIV para procedimentos cirúrgicos
séptica das mãos (p.ex., produtos à base de álcool, clorexidina ou iodo) e para longos (>30 minutos), para procedimentos com
desenvolver um processo válido de avaliação para serviços de saúde que pra- contato com grandes quantidades de fluidos cor-
tiquem ou planejem o reprocessamento de luvas, visando à minimização porais e para alguns procedimentos ortopédicos
dessa prática. de alto risco.

folha informativa 6 1
A OMS agradece ao Hospital Universitário de Genebra (HUG), em especial aos membros do Programa
de Controle de Infecção, pela participação ativa no desenvolvimento deste material.
INDICAÇÃO
DE LUVAS
CIRÚRGICAS
Qualquer
procedimento cirúrgico:
parto vaginal; procedimentos
radiológicos invasivos; procedimentos
de acesso vascular (linhas centrais);
preparo de nutrição parenteral total e
de agentes quimioterápicos.
INDICAÇÃO DE LUVAS DE PROCEDIMENTOS NÃO-CIRÚRGICOS EM SITUAÇÕES CLÍNICAS
Possibilidade de contato com sangue, fluidos corporais, secreções,
excreções e objetos/artigos visivelmente sujos com fluidos corporais.
EXPOSIÇÃO DIRETA AO PACIENTE: contato com sangue, membrana
mucosa e pele não intacta; possível presença de microrganismos altamente infecciosos
ou danosos; inserção e remoção de cateter IV; drenagem de sangue; interrupção de linha
venosa; exame pélvico ou vaginal; aspiração de sistemas abertos de tubos endotraqueais.
EXPOSIÇÃO INDIRETA AO PACIENTE: esvaziamento de utensílios de êmese; limpeza e manuseio
de materiais; manuseio de resíduos; limpeza e desinfecção de fluidos corporais derramados.

NÃO INDICADO O USO DE LUVAS DE PROCEDIMENTOS NÃO-CIRÚRGICOS (exceto para precauções de CONTATO)
Não há possibilidade de exposição a sangue ou fluidos corporais ou ao ambiente contaminado.
EXPOSIÇÃO DIRETA AO PACIENTE: determinação da pressão arterial, temperatura e pulso;
aplicação de injeções ID e SC; auxílio no banho e ato de vestir o paciente; transporte do paciente; cuidados com os olhos ou
ouvidos (sem secreção); qualquer manipulação de linha vascular sem vazamento de sangue.
EXPOSIÇÃO INDIRETA AO PACIENTE: uso de telefone; manuseio do prontuário do paciente; administração de medicação oral;
distribuição ou coleta da bandeja de alimentação do paciente; remoção ou troca da roupa de cama; posicionamento de equipamento
de ventilação não invasivo; movimentação da mobília do paciente.

As luvas devem ser usadas de acordo com as medidas de PRECAUÇÕES PADRÃO E DE CONTATO. A pirâmide detalha alguns exemplos clínicos nos
quais as luvas de procedimentos não-cirúrgicos não são indicadas e outros em que as luvas cirúrgicas são indicadas. A higienização das mãos deve ser realizada
quando necessária, independentemente das indicações para o uso de luvas.

Esta é a folha informativa 6 de uma série de 7 relacionadas ao Desafio Uma Assistência Limpa é Uma Assistência Mais Segura.
Os panfletos baseiam-se nas Diretrizes da OMS sobre Higienização das Mãos em Serviços de Saúde (Versão Avançada)
Para outras informações sobre Uma Assistência Limpa é Uma Assistência Mais Segura,
entre em contato com a Secretaria da Aliança Mundial para a Segurança do Paciente.
e-mail: patientsafety@who.int ou para obter uma lista completa das ferramentas visite o site: www.who.int/gpsc/en/index.html

A Organização Mundial de Saúde tomou todas as precauções cabíveis para verificar a informação contida neste informativo. Entretanto, o mate-
rial publicado está sendo distribuído sem qualquer garantia expressa ou implícita. A responsabilidade pela interpretação e uso deste material
é do leitor. A Organização Mundial de Saúde não se responsabilizará em hipótese alguma pelos danos provocados pelo seu uso.

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A OMS agradece ao Hospital Universitário de Genebra (HUG), em especial aos membros do Programa
de Controle de Infecção, pela participação ativa no desenvolvimento deste material.

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