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DIAGNÓSTICOS MAIS INDICADOS PARA MEDIAÇÃO ESCOLAR

Ampliando os Conhecimentos em Mediação Escolar


04/10/2014

Nathalya Herzer Reis


Fonoaudiologia pela UFRJ; Pós graduada em Neurociências pelo IPUB/UFRJ; Pós graduanda em
Psicopedagogia AVM;
Atuação Clínica com Transtornos do Neurodesenvolvimento;
Fonoaudióloga Escolar atuando com estimulação, identificação e intervenção precoce.
herzer.fono@gmail.com

 Autismo
O transtorno do espectro autista (TEA) também conhecido como transtorno invasivo
do desenvolvimento (TID) ou transtorno global do desenvolvimento (TGD) são os termos
atualmente utilizados para descrever um grupo heterogêneo de condições de
desenvolvimento que afetam a capacidade da pessoa de se relacionar e se comunicar com
os outros. Este grupo caracteriza-se por alterações qualitativas das interações sociais
recíprocas, nas modalidades de comunicação e por um repertório de interesses e atividades
restrito, estereotipado e repetitivo (OMS, 1993). Estudos epidemiológicos apresentam uma
prevalência de aproximadamente 1 em cada 200 indivíduos (KLIN, 2006),
Histórico:
• 1911 – Bleuller
• 1943 – Kanner
• 1944 – Asperger
• 1967 – Bettelheim
• 1979 – Wing e Gould
• 1987 – DSM-III
• 2002 – DSM-VI e CID-10
• Final do século XX/ Início XXI: Correlação: Autismo X Cognição X Neuroanatomia

A descrição da tríade de sintomatologia do autismo lançou base para o diagnóstico


estabelecido no manual de diagnóstico e estatística da associação americana de psiquiatria
(DSM-III, 1987), sendo atualizada na versão seguinte (DSM-IV, 2002) e estando hoje com
sua última versão, lançada em português: O DSM-V (2014).
Com a chegada no DSM-V (2014), a tríade passa a ser considerada uma díade para
critérios diagnósticos: a) déficits persistentes na comunicação social e 11 na interação social
em múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente, ou por história
prévia; e b) padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses ou atividades.
 Deficiência intelectual
O termo deficiência intelectual vem sendo utilizado desde 1995 e sendo incorporado no
mundo todo. Segundo Sassaki (2005), o termo intelectual é mais apropriado por referir-se
ao funcionamento do intelecto especificamente e não ao funcionamento da mente como um
todo e também consiste em podermos melhor distinguir
entre deficiência mental e transtorno mental.
Para o DSM-V (manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 4º ed. Texto
revisado) o diagnóstico de deficiência intelectual é embaso em três importantes
critérios: critério a: QI- Quoeficiente de inteligência abaixo de 70; critério b: limitações
significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das seguintes áreas de
habilidades: comunicação, autocuidados, vida doméstica, habilidades sociais/interpessoais,
uso de recursos comunitários, autossuficiência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer,
saúde e segurança; critério c: ocorrer antes dos 18 anos.
a deficiência intelectual possui muitas etiologias diferentes e pode ser vista como uma
via final comum de vários processos patológicos que afetam o funcionamento do sistema
nervoso central: a) hereditariedade (5%): mutações gênicas, erros inatos metabólicos; b)
alterações precoces do desenvolvimento embrionário (aproximadamente 30%): alterações
cromossômicas (ex: síndrome de down) ou dano pré-natal causado por toxinas (por ex.,
consumo materno de álcool, infecções como a rubéola); c) problemas da gravidez e
perinatais (aproximadamente 10%): desnutrição fetal, prematuridade, hipóxia, infecções
virais, trauma encefálico, entre outras; d) condições médicas gerais adquiridas no início da
infância (aproximadamente 5%): infecções, traumas e envenenamento (por ex., devido ao
chumbo); d) influências ambientais e outros transtornos mentais (aproximadamente 15-
20%): privação de afeto e cuidados (maus tratos) bem como a falta estimulação social,
linguística e outras; e) transtorno invasivo do desenvolvimento severo.
Apesar de o nível intelectual ser diagnosticado pelo psicólogo, é muito importante que a
avaliação seja multiprofissional na qual a pessoa passará por vários profissionais:
neurologistas, psiquiatras, fonoaudiólogos, psicopedagogos, entre outros, conforme a
necessidade de cada caso, com uma comunicação clara e eficiente entre estes profissionais
para que o diagnóstico seja o mais completo possível, assim como o prognóstico e formas
de tratamento.
No trabalho com os deficientes intelectuais, o objetivo principal é estimular as áreas em que
há dificuldades/limitações. Os principais profissionais envolvidos são educadores especiais,
psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. Os medicamentos são prescritos e
utilizados quando a deficiência intelectual está associada a outras doenças como a epilepsia,
transtornos, etc.
 Atraso global do desenvolvimento
Diagnóstico reservado a indivíduos com menos de 5 anos de idade, quando o nível de
gravidade clínica não pode ser avaliado de modo confiável durante a primeira infância.

*** Paralisia Cerebral -> Encefalopatia crônica da infância


Enfermidade caracterizada por um conjunto de perturbações motoras e sensoriais,
resultantes de um defeito ou uma lesão do tecido nervoso contido dentro da caixa craniana
que pode ocorrer antes, durante ou após o parto, até os 3 ou 4 anos de idade.

 Dificuldade de aprendizagem
 Grupo sem déficit linguístico;
 Dificuldades refletem problemas socioculturais e educacionais;
 Podem ter sido experimentadas por qualquer um de nós em alguma disciplina, em
alguma fase da vida;
 Pode apresentar problemas pedagógicos ou emocionais primários: mudança
frequente de escola e/ou professor, metodologia inadequada, problemas familiares,
etc.

 Distúrbios de aprendizagem

De acordo com o código internacional de doenças (cid 10), os transtornos de


aprendizagem (...) São transtornos nos quais os padrões normais de aquisição de
habilidades são perturbados desde os estágios iniciais do desenvolvimento. Eles não são
simplesmente uma consequência de uma falta de oportunidade de aprender nem são
decorrentes de qualquer forma de traumatismo ou de doença cerebral adquirida. Ao
contrário, pensa-se que os transtornos originam-se de anormalidades no processo
cognitivo, que derivam em grande parte de algum tipo de disfunção biológica (cid –
10,1992: 236).

Dislexia
Definição de 1995 (G, REID LYON)
“Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio específico de origem
constitucional caracterizado por uma dificuldade na decodificação de palavras simples que,
como regra, mostra uma insuficiência no processamento fonológico. Essas dificuldades não
são esperadas com relação à idade e a outras dificuldades acadêmicas cognitivas; não são
um resultado de distúrbios de desenvolvimento geral nem sensorial. A dislexia se manifesta
por várias dificuldades em diferentes formas de linguagem frequentemente incluindo, além
das dificuldades com leitura, uma dificuldade de escrita e de soletração.”

Atual definição de 2003 (SUSAN BRADY, HUGH CATTS, EMERSON DICKMAN, GUINEVERE
EDEN, JACK FLETCHER, JEFFREY GILGER,ROBIN MORIS, HARLEY TOMEY AND THOMAS
VIALL)
“Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem de origem neurológica. É caracterizada pela
dificuldade com a fluência correta na leitura e por dificuldade na habilidade de
decodificação e soletração. Essas dificuldades resultam tipicamente do déficit no
componente fonológico da linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades
cognitivas consideradas na faixa etária.”

Discalculia
O termo “transtorno específico das habilidades matemáticas” ou “discalculia” são
comumente empregados para fazer referência às dificuldades das habilidades matemáticas
que envolvem diversos sistemas cognitivos. Mais recentemente também foi introduzido o
termo “discalculia do desenvolvimento” (BUTTERWORTH, 2005) para fazer referência aos
transtornos específicos envolvendo o senso numérico (DEHAENE, 1997).
O transtorno específico das habilidades matemáticas pode se apresentar isoladamente ou
em combinação com outros transtornos específicos de aprendizagem, como a dislexia, por
exemplo.

Disortografia
O transtorno específico da grafia que, geralmente, acompanha a dislexia é conhecido como
disortorgrafia. É a dificuldade de aprender e desenvolver as habilidades da linguagem
escrita. Segundo a fonoaudióloga Fernanda marques, “é a alteração na planificação da
linguagem escrita, causando transtorno na aprendizagem da ortografia, gramática e
redação”. Os órgãos sensoriais estão intactos e devem passar por uma instrução adequada.
Traçado incorreto da letra, lentidão, alteração no espaço, sujeira e falta de clareza na escrita,
inteligibilidade são alguns sinais da disortografia. Muitas pessoas também se queixam de
dores nas mãos ou nos braços, pois fazem força para escrever. A pessoa que sofre
de disortografia tende a escrever textos curtos, a ter dificuldade no uso de coordenação e
subordinação das orações, dificuldade em perceber os sinais de pontuação, falta de vontade
para escrever.
Sendo a disortografia um problema na escrita, veja abaixo alguns exemplos:
- substituição:
Exemplo: “todos” por “totos”
- omissão:
Exemplo: “chuva forte” por “chuva fote”
- acréscimo de letras ou sílabas:
Exemplo: “estranho” por “estrainho”
-separação:
Exemplo: “está embaixo da cama” por “está em baixo da cama”
Ou “caiu uma chuva” por “caiu um a chuva”
- junção:
Exemplo: “a lua está entre as nuvens” por “alua está entreas nuvens”
Considera-se que, até a segunda série seja comum as crianças se confundirem
ortograficamente, dado que a relação com o som e a palavra escrita ainda não está
dominada. Para que seja diagnosticada a disortografia, a criança não pode ter alterações
intelectuais, sensoriais, neurológicas, motoras e afetivas. Esse é um transtorno funcional
que afeta a forma, inteligibilidade, significado e o ritmo da escrita. Isto é, o desenho da letra
não estará adequado à verdadeira escrita.

 Surdez
Surdez, prejuízo auditivo ou perda auditiva é uma inabilidade total ou parcial de ouvir1 .
É causada por diferentes fatores, como idade, ruídos, doenças, intoxicações, traumas físicos,
etc. Há um diagnóstico para determinar a severidade do prejuízo auditivo, medida em
decibéis, e categorizada em suave, moderada, moderadamente severa ou profunda. A surdez
também pode ser definida em três pontos de vista: ponto de
vista médico, educacional ou cultural.
A surdez gera um prejuízo grave na aquisição de linguagem por ausência de entrada
sensorial devido à falta de estimulação adequada.
Difere das demais alterações principalmente porque os aspectos cognitivos (memória,
atenção e linguagem) geralmente estão preservados.

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