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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

RELATÓRIO V – EXPERIÊNCIAS EM TRANSFERÊNCIA DE CALOR

MANAUS-AM/2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

JUNOUT MARTINS LOUZADA NETO - 21000869

RELATÓRIO V – EXPERIÊNCIAS EM TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Trabalho apresentado à
Universidade Federal do Amazonas,
como parte do critério de avaliação da
disciplina Laboratório de Sistemas
Térmicos sob orientação do Prof. Fabio
Lisboa.
.

MANAUS-AM/2014
1. Introdução

Uma das áreas de atuação do engenheiro mecânico é a área de


Ciências térmicas e desenvolver boas habilidades nessas disciplinas é vital
para uma boa formação.
Nesse relatório foram realizados experimentos em uma Torre de
Resfriamento e em uma Placa Fotovoltáica. Ambos os equipamentos
localizam-se na Fazenda Experimental da UFAM, além dos instrumentos de
medição.
A Torre de Resfriamento é responsável, nesse caso, por resfriar o vapor
que foi utilizado no processo de geração de biocombustível. Seu
funcionamento baseia-se na troca de calor por convecção.
A Placa Fotovoltáica serve para geração de energia elétrica e é utilizada
para fins de estudo. Pesquisas a cerca deste equipamento tem-se tornado
frequentes já que a busca de uma fonte de energia elétrica não poluidora tem
se tornado foco por muitos pesquisadores. Essa placa recebe radiação solar e
a transforma em energia elétrica, ou seja, uma fonte extremamente limpa e
renovável.
Os procedimentos experimentais, teoria, cálculos, resultados e análises
são descritos no seguinte relatório.
2. Teoria

2.1 Torre de Resfriamento

Uma torre de resfriamento ou torre de arrefecimento é um dispositivo


de remoção de calor usado para transferir calor residual de processo para a
atmosfera. As torres de resfriamento podem utilizar a evaporação da água para
remover o calor de processo e resfriar o fluido de trabalho para perto
da temperatura de bulbo úmido ou utilizar somente ar para resfriar o fluido de
trabalho para perto da temperatura de bulbo seco.
As aplicações mais comuns incluem o resfriamento da água que circula
nas refinarias de petróleo, indústrias químicas, estações de energia e
refrigeração do edifício.
As torres variam em tamanho, desde pequenas unidades no topo de
telhados a estruturas hiperbolóides gigantescas que podem ser de até 200
metros de altura e 100 metros de diâmetro, ou também estruturas retangulares
que podem medir mais de 40 metros de altura e 80 metros de comprimento.
Elas estão frequentemente associadas a plantas de energia nuclear na
cultura popular.
Seu princípio de funcionamento é a convecção que é o modo de
transferência de calor que abrange dois mecanismos, a difusão, movimento
molecular aleatório, e o movimento global, macroscópico, do fluido.
A troca de calor por convecção ocorre com o contato entre um fluido em
movimento e uma superfície, estando os dois em temperaturas diferentes.
A convecção pode ser forçada ou natural, a convecção forçada ocorre
quando o escoamento é causado por meios externos, como ventilador ou uma
bomba. Na convecção natural por outro lado o escoamento é causado por
forças de empuxo devido a diferença de densidades no fluido.
A equação utilizada para se calcular a taxa de transferência de calor é a
lei do resfriamento de Newton:

Onde:
= Fluxo de calor por convecção (W/m²);
= Coeficiente de transferência de calor por convecção (W/(m².K));
= Temperatura de superfície (K);

= Temperatura do fluido (K).

2.2 Painéis Fotovoltáicos

Painéis solares fotovoltaicos são dispositivos utilizados para converter


a energia da luz do Sol em energia elétrica. Os painéis solares fotovoltaicos
são compostos por células solares, assim designadas já que captam, em geral,
a luz do Sol.
Um painel solar é um conjunto de células solares. Apesar de cada célula
solar fornecer uma quantia relativamente pequena de energia, um conjunto de
células solares espalhadas numa grande área pode gerar uma quantidade de
energia suficiente para ser útil.
O silício cristalino e o arsenieto de gálio são os materiais mais utilizados
na produção de células solares. Os cristais de arsenieto de gálio são
produzidos especialmente para usos fotovoltaicos, mas os cristais de silício
tornam-se uma opção mais econômica mesmo que tenha uma percentagem de
conversão menor.
Quando as partículas da luz solar colidem com os átomos desses
materiais, provocam o deslocamento dos elétrons, gerando uma corrente
elétrica, usada para carregar uma bateria.

O princípio de funcionamento de um painel fotovoltáico é a


radiação térmica.

Radiação térmica é a energia emitida pela matéria que se encontra a


uma temperatura não nula. A energia do campo de radiação é transportada por
ondas eletromagnéticas, e ocorre mais eficientemente no vácuo.
A radiação emitida por uma superfície é denominada poder emissivo, o
limite superior para o poder emissivo é determinado pela lei de Stefan-
Boltzmann, e tal superfície é chamada de corpo negro:

Onde:
= Temperatura absoluta (K);
= Constante de Setefan-Boltzmann (σ = 5,67 x 10-8 (W/( m².K)))
= Poder emissivo de um corpo negro.
O poder emissivo de uma superfície real é dado por:

Onde:
= Emissividade, 0 < < 1.
A taxa em que a radiação incide sobre uma área é chamada irradiação
(G).
Uma porção desta energia pode ser absorvida pela superfície de um
corpo, aumentando sua energia térmica, a taxa pela qual a energia radiante é
absorvida pode ser calculada se conhecermos uma propriedade radiante da
superfície, a absorvidade, (α).
3. Procedimentos Experimentais

3.1 Painel Fotovoltáico

Uma bomba d’água foi ligada no painel solar, ela passou a funcionar
com a energia obtida através da incidência solar, a bomba foi mergulhada num
reservatório de água e a vazão gerada por ela foi medida.
O sistema foi instrumentado, de modo a fornecer dois dados de
temperatura de operação da placa solar, a corrente máxima, a tensão máxima,
a vazão da bomba, e a potência calculada através da corrente e tensão.
A placa solar possui uma área últil total de 1,18 m² calculada por
medidas de base e altura.
Os dados obtidos através da instrumentação são apresentados abaixo:

Medição Tipo de Horário Vazão Temperatura Corrente Tensão Potência


Incidência (h) (L/min) média (°C) (A) (V) (W)
1 Difusa 11:16 4,11 46 1,4 16 22.4
2 Espelhada 11:23 4,35 45 1,4 17,6 24,64
3 Difusa 11:30 3,7 48,5 1,3 15,3 19,89
4 Direta 11:35 4,41 47,1 1,41 17,6 24,8
5 Espelhada 11:37 4 48,5 1,36 16,2 22
6 Difusa 11:40 3,65 45 1,31 16,3 21,35

A partir disso podemos calcular a eficiência energética para cada caso,


com a seguinte fórmula:

Onde:
Imp= Corrente máxima de pico;
Vmp= Tensão máxima de pico;
Ic = Irradiância solar;
A = área útil do módulo.
Após os cálculos consegue-se os seguintes resultados:
Medição Incidencia solar Eficiência (%)
Primeira Difuso 6,32
Segunda Espelhado 4,64
Terceira Difuso 5,62
Quarta Direto 3,5
Quinta Espelhado 4,15
Sexta Difuso 6,04

É possível observar que a maior eficiência ocorre quando há uma


incidência solar difusa, um pouco diferente do que muitas pessoas imaginam,
pensando que uma incidência direta causa-se maior eficiência do sistema. Isso
ocorre pois a eficiencia de uma placa solar Fotovoltáica é função também da
sua temperatura, se essa temperatura for muito alta a eficiência diminui, ou
seja, são grandezas inversamente proporcionais. Em uma incidência difusa
temos a melhor combinação, uma quantidade de radição boa e uma boa
temperatura da placa, por isso aprenseta melhores resultados.
3.2 Torre de Resfriamento

Inicialmente a Torre de Resfriamento foi toda instrumentada com


higrotermomêtros tanto na entrada e saída do ar, quanto da entrada e saída do vapor.
Os dados da torre (fornecidos pelo professor) podem ser vistos abaixo:
Modelo HD-1206-GRT-I
Dimensões (largura x compr. x altura) 1.020 x 2.040 x 2.470 mm
Diâmetro do ventilador Ø 650 mm
Diâmetro útil do ventilador (pás) Ø 500 mm
Volume de água na bacia inferior 400 Litros
Altura inicial do nível da água 270 mm
Volume final de água na bacia inferior 195 Litros
Velocidade de saída do ar 14,5 m/s
Vazão da bomba 2,6 L/s

Após a instrumentação e o funcionamento até a entrada em Regime


Permanente por algum tempo foram realizadas três coletas de dados:

Medição 01 Temperatura Umidade Umidade Temperatura


do ar (°C) relativa (%) absoluta da água (ºC)
(kg/kg)
Entrada 24,4 52 0,0124 28,1
Saída 31,4 91 0,0331 24,9

Medição 02 Temperatura Umidade Umidade Temperatura


do ar (°C) relativa (%) absoluta da água (ºC)
(kg/kg)
Entrada 25 47 0,0201 30,8
Saída 30,8 91 0,0272 24,8

Medição 03 Temperatura Umidade Umidade Temperatura


do ar (°C) relativa (%) absoluta da água (ºC)
(kg/kg)
Entrada 25,5 46 0,0143 28
Saída 27,3 91 0,0302 25,4
Medição 04 Temperatura Umidade Umidade Temperatura
do ar (°C) relativa (%) absoluta da água (ºC)
(kg/kg)
Entrada 24,4 41 0,0144 30
Saída 28 91 0,0328 25,9

Os dados de umidade absoluta foram encontrados através de uma carta


psicrométrica.
Com base nos dados obtidos é possível fazer balanço de massa e de
energia. Os cálculos são apresentados a seguir:

Balanço de massa:

Para realizar o balanço de massa é preciso considerar a torre como um


volume de controle onde existe um fluxo de ar que é contrario ao fluxo de água,
seu esquema pode ser visualizado abaixo:

𝑚𝑎𝑔,𝑖

𝑚𝑎𝑟,𝑠 𝑚𝑎𝑟,𝑠

V.C.

𝑚𝑣,𝑖−1 𝑚𝑣,𝑖

𝑚𝑎𝑔,𝑖−1
Desta forma:

Sendo:
Mar,s = Vazão de ar seco ao longo da coluna (constante);
Mv,i-1 =Vazão de vapor de água contido no ar na posição “i-1” na
coluna, ou seja, entrando no volume de controle considerado;
Mv,i = Vazão de vapor de água contido no ar na posição “i” na coluna,
ou seja, saindo do volume de controle;
Mag,i = Vazão de água líquida na posição “i” na coluna, ou seja,
entrando no volume de controle considerado.
Mag,i-1 = Vazão de água líquida na posição “i-1” na coluna, ou seja
saindo do volume de controle considerado.

Velocidade de saída do ar = 14,5 m/s


Vazão volumétrica na saída = 10246,86 m3h
É preciso determinar a massa de ar seco:

Para isso é necessário saber o volume específico e a densidade, ambos


conseguidos em tabelas termodinâmicas, logo a massa de ar seco é igual à
3,26 kgarseco/h.
Repetindo-se o procedimento anterior encontram-se os seguintes
valores:

Medição Vazão de Mássica Vazão Mássica de


entrada (kg/s) saída (kg/s)
1 2,31 2,54
2 2,47 2.54
3 2,786 2.54
4 2,23 2,54

Balanço entálpico

Para o balanço entálpico é preciso encontrar os valores de entalpia do


ar de entrada e saída e da água de entrada e saída.
O balanço de energia fica da seguinte forma:
mag, i 1 mag, i
har umido, i 1  hag, i 1  har umido, i  hag,i
mar,s mar,s
Fornecendo os seguintes resultados na análise do ar, encontram-se os
seguintes valores de entalpia:
h (ar seco) [kJ/kg] h (vapor de água) h (ar úmido)
[kJ/kg] [kJ/kg]
Entrada 26,32 2541,12 2500,12
Saída 27,12 2435,38 2588,40

Desta forma o balanço de energia fica:


mag, i 1 mag, i
har umido, i 1  hag, i 1  har umido, i  hag,i
mar,s mar,s
h_arumido = 201,54 kJ/kg

Repetindo o procedimento, encontramos para as medições 02, 03 e 04.


Para a medição 02
h (ar seco) h (vapor de h (ar úmido) h (água)
[kJ/kg] água) [kJ/kg] [kJ/kg] [kJ/kg]
Entrada 26,89 2473,47 2520,33 123,24
Saída 29,13 2390,1 2580,33 121,43

Para a medição 03
h (ar seco) h (vapor de h (ar úmido) h (água)
[kJ/kg] água) [kJ/kg] [kJ/kg] [kJ/kg]
Entrada 22,3 2490,5 2543,2 106,73
Saída 24,5 2378,12 2660,9 110,14

Para a medição 04
h (ar seco) h (vapor de h (ar úmido) h (água)
[kJ/kg] água) [kJ/kg] [kJ/kg] [kJ/kg]
Entrada 23,4 2530,0 2557,08 71,9
Saída 24,01 2545,76 2589,98 80,3

Através do balanço de massa no volume de controle (Torre de


Resfriamento) percebe-se uma pequena diferença com a realidade, pois após
todos os experimento ser realizado houve uma medição da caixa de água que
fica abaixo da Torre e através dessa medida foi possível ver uma diferença de
aproximadamente 2,3%. Isso pode ser explicado, já que muitas gotículas de
água saem pela entrada e saída da Torre, e em um espaço de quase 3 horas
de funcionamento isso se torna bastante influenciador.
Através do balanço entálpico percebe-se que a Torre consegue realizar
sua tarefa com sucesso que é retirar calor do vapor de água. No entanto, o
quanto de sucesso que ela realiza essa tarefa não pode ser dito aqui, pois não
há nenhum parâmetro de eficiência calculado.
4. Referências

ÇENGEL, Y.; A.; CIMBALA, J. M. Mecânica dos fluidos: Fundamentos e


aplicações. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 2007.

INCROPERA, F. P.; DeWITT, D. P.; BERGMAN, T. L.; LAVIGNE, A. S.


Fundamentos de Transferência de Calor e de Massa. 6.ª ed. Rio de Janeiro:
LTC. 2008.

KAMAL, A. R. I. Fenômenos de Transferência: Experiencias de Laboratório. Rio


de Janeiro: Editora Campus. 1982.

STOECKER, W.F. & JABARDO, J.M.S., Refrigeração Industrial, 2a. ed., Edgar
Blücher, 2002.

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