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CAP4 REF 2015 v1 PDF
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4.1. Introdução
pela diferença de pressão. Nesse deslocamento, o volume do cilindro é quase que totalmente
preenchido pelo vapor do refrigerante. No movimento ascendente, o pistão de movimenta desde
o PMI até o PMS. Nesse momento a válvula de sucção encontra-se fechada pela ação de uma
mola e a pressão no interior do cilindro aumenta pela diminuição do volume do cilindro. Esse
processo continua até que a pressão no interior do cilindro consiga vencer a pressão da mola da
válvula de descarga, próxima da pressão de condensação. Nesse processo, parte do vapor
permanece dentro do cilindro, na pressão de descarga, uma vez que o pistão não consegue varrer
todo o volume do cilindro.
Figura 4.2. Exemplos de compressores utilizados em sistemas de refrigeração: (a) alternativo; (b)
centrífugo; (c) palhetas; (d) pistão rolante e (e) parafuso.
Esse volume residual, chamado de espaço nocivo, é necessário para acomodar as válvulas
de sução e descarga e para permitir tolerâncias do processo de fabricação. Em geral, esse espaço
é representado por um volume de 3 a 4% do volume total do cilindro. A existência desse espaço
faz com que, durante o processo de aspiração, a pressão dentro do cilindro não diminua
imediatamente até a pressão de sucção, criando um processo chamado de reexpansão do vapor
presente no espaço nocivo. O efeito desse processo influirá no desempenho do compressor e será
abordado posteriormente. O processo todo está representado na Fig. 4.3.
v Menor ruído;
v Ausência de vazamentos.
O compressor de pistão rolante, representado na Fig. 4.7, possui apenas uma palheta,
atuada por uma mola, que divide as câmaras de sucção e descarga. O eixo de rotação (O) é
excêntrico ao eixo do rotor (O’), mas coincide com o eixo do cilindro. A selagem entre as
Refrigeração Capítulo 4 Pág. 5
regiões de alta e baixa pressão deve ser realizada na linha de contato entre a pá e o rotor e entre a
pá e a sua ranhura. Portanto, elevadas tolerâncias devem ser mantidas para evitar folgas nesses
locais. Como pode ser visto nessa figura, o compressor apresenta apenas uma válvula, a de
descarga. Enquanto a descarga acontece, o volume na sucção é preenchido pelo vapor
proveniente do evaporador. O efeito do pequeno volume de vapor residual existente na porta de
descarga é diferente do que acontece na sucção do compressor alternativo. No compressor de
pistão rolante, o volume na sucção já está completamente preenchido de vapor durante o final da
descarga e o volume residual presente na descarga mistura-se com o vapor que está sendo
comprimido.
O formato dos rotores é helicoidal, com diferentes números de lóbulos tanto do rotor
macho quanto no rotor fêmea, conforme representação da Fig. 4.14.
Figura 4.14. Configurações usuais dos helicoides de compressor rotativo tipo parafuso.
O motor de acionamento é geralmente conectado ao rotor macho, acionando o rotor
fêmea através de um filme de óleo lubrificante. Para aplicações de baixa e média pressão, como
na refrigeração industrial, o rotor macho possui quatro a cinco lóbulos enquanto o rotor fêmea
possui seis ou sete lóbulos. Como características principais desse compressor, citam-se:
Os diâmetros de rotores mais comuns são: 125, 160, 200, 250 e 320 mm. Geralmente são
oferecidos dois ou três comprimentos para cada diâmetro de rotor, com relações da ordem de
1.12 a 1.70. Qualquer um dos rotores pode ser impulsionado pelo motor. Quando o rotor fêmea é
acoplado ao motor, com uma relação entre os lóbulos de 4:6, a velocidade é 50% maior que o
acoplamento feito no rotor macho, aumentando a capacidade do compressor. Isso, no entanto
aumenta a força de carregamento nos rotores na região de transferência do torque, podendo
diminuir a vida útil dos rotores.
O processo de compressão é dividido em três etapas: sucção, compressão e descarga. O
vapor é aspirado pela parte superior e entra na folga entre os dois rotores (porta de aspiração)
sendo conduzido, então, axialmente no espaço entre os dois rotores, até a porta de descarga,
situada na parte inferior do compressor.
Esses três processos estão representados na Fig. 4.15.
Figura 4.15. Processos de (a) sucção, (b) compressão e (c) descarga em um compressor parafuso.
(a) (b)
(a) (b)
(a) (b)
(a) (b)
(a) (b)
Assim, relação entre volumes internos é a razão entre o volume preso na sucção, Vs, e o
volume de vapor preso remanescente na câmara de compressão quando a porta de descarga abre,
Vd, conforme a Eq. 4.1 e Fig. 4.21.
V
Vi = s (4.1)
Vd
A relação entre volumes internos, Vi, determina a relação entre as pressões internas do
compressor, Pi, e a relação entre esses dois termos pode ser aproximada conforme a Eq. 4.2.
Pi = Vi k (4.2)
onde k é a relação entre os calores específicos do vapor sendo comprimido e Pi é dado pela Eq.
4.3.
P
Pi = d (4.3)
Ps
Se a relação entre volumes internos do compressor for muito elevada para uma dada
condição de operação, o vapor na descarga permanecerá excessivamente preso no espaço de
compressão e sua pressão de descarga interna subirá acima da pressão da tubulação de descarga.
Esse efeito é chamado de sobre pressão e é representado no diagrama pressão vs. volume da
Fig. 4.22.
Nessa situação, o vapor é comprimido além da pressão de descarga e, quando a porta de
descarga abre, acontece uma expansão brusca desse vapor na linha de descarga. Assim, há um
consumo de energia desnecessário se comparado com o caso no qual a pressão interna fosse
igual à pressão de descarga.
Quando a relações entre volumes internos do compressor for muito baixa para as
condições de operação do sistema, acontece o efeito chamado de sob pressão, representação na
Fig. 4.23.
Nessa situação, a abertura da porta de descarga acontece antes que a pressão interna de
descarga do volume de vapor preso tenha alcançado o nível de pressão de descarga do sistema. A
maior pressão na linha de descarga cria um fluxo reverso de vapor para dentro do compressor. O
compressor tem então que bombear esse vapor contra até a pressão do sistema, consumindo mais
energia.
Em ambos os casos o compressor opera normalmente e o mesmo volume de vapor será
movimentado, mas sempre utilizando um consumo de energia adicional que seria desnecessário
caso a porta de descarga estivesse perfeitamente localizada para atender as condições de pressão
do sistema. Compressores com relação entre volumes internos variáveis automaticamente podem
ser utilizados para a localização da porta de descarga, minimizando a potência necessária do
compressor.
Figura 4.24. Válvula de deslizamento (slide valve) de um compressor parafuso para controle de
sua capacidade.
Essa válvula operada abrindo uma passagem para a recirculação de parte do vapor situado
na região onde deveria iniciar o processo de compressão, de volta para a extremidade de sucção
(Fig. 4.24 (c)). É um método bastante efetivo para operações em carga parcial uma vez que,
quando a válvula se desloca da sua posição axial, a porta de descarga radial também se move.
Como o volume na sucção diminui, a abertura da porta de descarga é atrasada, mantendo
aproximadamente a mesma relação entre volumes internos em cargas parciais como em plena
carga, tal como mostrado na Fig. 4.25.
A maioria dos compressores parafuso usados atualmente usa a injeção de óleo da região
de compressão para lubrificação, vedação entre os parafusos durante a compressão e
resfriamento. A quantidade de óleo injetado pode variar entre 38 a 75 L/min por cada 75 kW de
potencia do compressor. Dessa forma, a maior parte do calor resultante do processo de
compressão é transferido para o óleo, fazendo com que a temperatura de descarga seja bastante
reduzida mesmo em altas relações de compressão.
Entretanto, esse óleo é indesejável nas outras partes do processo, principalmente nos
trocadores de calor, onde funciona como um fator de incrustação, exigindo o uso de separadores
de óleo. Um tipo de separador de óleo muito utilizado é apresentado na Fig. 4.26.
Utilizando a Fig. 4.27 como referencia, o óleo quente deixa o separador de óleo passando
por um filtro de peneira, dirigindo-se até a bomba de óleo. O óleo é então bombeado para um
trocador de calor, casco e tubo ou a placas, onde o calor é rejeitado para uma corrente de água ou
outro fluido secundário. O óleo frio passa por um filtro e retorna ao compressor enquanto a água
ou outro fluido secundário são resfriados. No caso da água, utiliza-se uma torre de arrefecimento.
Esse método apresenta algumas desvantagens, tais como: custo inicial e de manutenção
do sistema água-trocador de calor-torre de arrefecimento e de eventuais rupturas dos tubos de
água ou de refrigerante
4.5.3.2 Termosifão
A conveniência desse esquema de resfriamento é muito discutível uma vez que parte do
refrigerante injetado permanece na fase líquida e sua expansão poderia influir na diminuição da
capacidade do compressor.
Bibliografia:
Pillis, J.W., 1999, Basics of operation and application of oil flooded Rotary screw compressor.
Proceedings of the 28th. Turbomachinery Symposium. Turbomachinery Laboratories. The Texas
A&M University, College Station.
Stoecker, W.F., Sainz Jabardo, J.M., Refrigeração industrial. Ed. Edgard Blücher, 2002.
Gosney, W.B., Principles of refrigeration. Cambridge University Press, 1982.