Você está na página 1de 3

O auxílio-reclusão é um benefício previdenciário previsto no art. 80, da Lei 8.

213/91, devido
aos dependentes dos segurados do RGPS que estão presos em regime fechado. O benefício é pago
enquanto o segurado estiver preso e não pode ser concedido se ele receber salário ou outro benefício
previdenciário.

Insta destacar que o benefício sofreu alterações recentes, por meio da Medida Provisória-MP
871/2019. Com ela, o auxílio-reclusão passou a ter carência de 24 (vinte e quatro) contribuições, antes
bastava apenas uma contribuição. Além disso, não será devido ao preso em regime semiaberto, e a
comprovação de baixa renda será feita a partir da média dos últimos 12 (doze) salários do segurado e
não somente a do último mês antes da prisão.

Como ao cálculo do benefício aplicam-se as regras da pensão por morte, o cálculo da Renda
Mensal Inicial do auxílio-reclusão será 100% (cem por cento) do valor correspondente à
aposentadoria por invalidez que o segurado receberia se estivesse assim aposentado na data de
recolhimento à prisão.

A pensão por morte é um benefício previdenciário destinado aos dependentes (cônjuge,


companheiro, filhos e enteados menores de 21 anos ou inválidos, desde que não tenham se
emancipado; pais; irmãos não emancipados, menores de 21 anos ou inválidos) do beneficiário. O
benefício é regulado pela Lei 8.213/91, nos arts. 74 a 79, Decreto 3.048/99, nos arts. 105 a 115 e IN
77/2015, nos arts. 364 a 380.

Importante destacar que o instituto sofreu recentes alterações, primeiro com a Lei 13.135/15,
que alterou o tempo de duração do benefício para cônjuges e companheiros, de acordo com o tempo
de contribuição do segurado e a idade desses dependentes. Com isso, para cônjuge ou companheiro
ter pensão vitalícia, passou a ser necessário que o casamento ou união estável tenha 2 anos ou mais
e o dependente 44 anos ou mais de idade.

Além dessa Lei, a Medida provisória 871/2019 também trouxe alterações na pensão por morte.
Antes, o judiciário reconhecia relações de união estável ou de dependência econômica com base em
prova testemunhal e concedia o benefício. Nesse sentido, já existia entendimento consolidado pela
Turma Nacional de Uniformização-TNU, na súmula 63. Contudo, agora a MP exige comprovação
documental.
Ademais, para o recebimento desde a data da morte do segurado, filhos menores de 16 anos
precisarão requerer o benefício em até 180 dias após o falecimento. Pela regra anteriormente em
virgor, o prazo não existia para fins de retroatividade.

O cálculo da Renda Mensal Inicial do benefício em questão será 100% (cem por cento) sobre
o valor que o segurado recebia a título e aposentadoria. Caso o segurado não esteja aposentado na
data do óbito, a RMI corresponderá a 100% (cem por cento) do valor que teria direito se fosse
aposentado por invalidez.

Cabe salientar que o cálculo do benefício poderá ser revisto em caso de vício existente. No
caso da pensão por morte, havia divergência acerca do termo inicial do prazo decadencial para o
pedido de revisão de benefício concedido a menor, cujo vício no cálculo datava da concessão da
aposentadoria do segurado.

Parte da jurisprudência entendia iniciar o prazo na data da concessão da aposentadoria do


segurado, de modo que findo o prazo o beneficiário da pensão não poderia requerer a revisão do
benefício. Outra parcela entendia que o termo inicial seria a concessão da própria pensão por morte.

Quanto ao assunto, a segunda turma do Superior Tribunal de Justiça tem entendimento


consolidado no sentido de que “se o beneficiário da pensão por morte recebe benefício a menor, ainda
que o vício se encontre no passado, os efeitos que refletem na RMI da pensão podem ser revistos no
momento da sua concessão”.

A decisão em questão nos parece acertada, haja vista que a aposentadoria e a pensão por morte
são benefícios distintos e autônomos com titulares diferentes, muito embora decorram do mesmo
critério de cálculo. Assim sendo, conclui-se que seus titulares possuem, de forma independente, o
direito de requerer a revisão do benefício.

AGUIAR, Joice Souza. A (im)possibilidade de devolução ao INSS dos valores recebidos no caso
da perda do benefício de pensão por morte: um estudo jurisprudencial à luz do Tribunal
Regional Federal da 4ª região. Disponível em: <http://repositorio.unesc.net/handle/1/6061>. Acesso
em 23/02/19.

Lei 8.213/91. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8213cons.htm. Acesso em


23/02/2019

Medida Provisória 871/2019. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-


2022/2019/Mpv/mpv871.htm. Acesso em 23/02/2019.
Novas regras para o benefício de pensão por morte. Disponível em
http://www.previdencia.gov.br/2015/10/al-novas-regras-para-o-beneficio-de-pensao-por-morte/.
Acesso em 23/02/2019.

PEREIRA, Edcarlos Salles. Limitação do auxílio reclusão no quesito baixa renda. Disponível em:
<http://ojs.santacruz.br/index.php/JUSFARESC/article/view/1968/1761>. Acesso em 23/02/19.

STJ-Resp: 1736480 RN 2018/0092012-0, Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Data de
publicação: DJ 01/06/2018.

Súmula 63 TNU. Disponível em


http://www.cjf.jus.br/phpdoc/virtus/sumula.php?nsul=63&PHPSESSID=30dcknde39f46lhieab9fjhe
07. Acesso em 23/02/2019.

Você também pode gostar