Reais em Coisa Alheia. O direito de propriedade é o mais amplo dos direitos reais, e enfeixa as faculdades (atributos) de uso, gozo e disposição, além do direito de reivindicar a coisa de quem injustamente a possua. Sob a perspectiva econômica, a expressão “direitos de propriedade” não está restrita à propriedade privada.
Engloba todas as formas de
domínio: privado, comum, estatal, limitado, intelectual... John LOCKE
Jeremy BENTHAM John LOCKE
propriedade como “objeto”
relação entre pessoas (“sujeitos”) e bens posse, uso e disposição Jeremy BENTHAM
propriedade como “direito de controlar”
relação entre pessoas, em torno de recursos diferentes “direitos de propriedade” para cada uso específico John LOCKE
a propriedade é dada por Deus (“direito
natural”), e protege os indivíduos “contra” o “Estado” Jeremy BENTHAM
a propriedade é criada pela existência do
Estado, e o Estado pode determinar seus limites Ainda sob a perspectiva econômica, a “propriedade” é um “feixe de direitos” (“bundle of rights”), onde o proprietário (a) é livre para exercer estes direitos sobre a sua propriedade e outros são proibidos de interferir com este exercício (b) nos limites dados pelo Direito (“Estado”). Harold DEMSETZ:
“Onde, por razões naturais, não existe
problema de desaparecimento das espécies (exaustão), predomina a propriedade comum, e onde o problema ocorre, emergem os direitos de propriedade como forma de controlar os recursos”. O livre acesso a recursos (finitos) conduz a “superexploração” destes recursos, gerando o que se convencionou chamar de “tragédia dos comuns” (Garret HARDIN – 1968). Livre acesso e propriedade exclusiva são dois extremos dentro do espectro das diferentes possibilidades sobre o uso de recursos escassos.
A “propriedade comum” é a primeira
etapa na transição entre a primeira e a última situações. Em uma forma pura de “livre acesso”, qualquer agente está autorizado a “apropriar-se” dos recursos, e nenhum grupo ou pessoa podem ser excluídos dessa titularidade.
Já na “propriedade comum”, há “direitos
de exclusão”. A literatura de Economia identifica cinco tipos de “direitos de propriedade”: a) acesso autorizado a uma área para compartilhar benefícios (ex.: velejar, ou ver a vista de um cenário) b) direito de retirar unidades do recurso (ex.: extração) c) direitos de manusear e aprimorar o bem d) direitos de excluir outros do uso do recurso e) direitos de alienação ou cessão A fixação de “direitos de propriedade” não se faz sem CUSTOS
custos de exclusão / custos de governança
interna
Há casos em que esses CUSTOS tornam a
“apropriação” dos recursos seja economicamente INEFICIENTE A escolha, pelo sistema jurídico, da forma mais adequada de definição de “direitos de propriedade”, desde o livre acesso até a propriedade exclusiva, deve levar em conta critérios de eficiência econômica. Os direitos reais podem se apresentar na sua forma plena (plena in re potestas), a propriedade (e, mesmo aqui, há “limitações”), e na sua forma limitada, que são os direitos reais em coisa alheia (jure in re aliena). direitos reais em coisa alheia = direitos reais limitados = direitos limitativos da propriedade Embora, como regra, tenham a sua origem em relações obrigacionais (como nos contratos), têm natureza de DIREITO REAL. Decorrem da ELASTICIDADE da noção de domínio, que envolve diferentes atributos, os quais podem ser separados, temporária ou definitivamente. Podem incidir sobre a SUBSTÂNCIA do direito de propriedade, retirando do proprietário o pleno uso e fruição da coisa, ou sobre o VALOR do direito de propriedade, quando se destinam à garantia de um crédito. Como se tratam de DIREITOS REAIS, têm oponibilidade erga omnes e gozam do direito de sequela (o poder de seguir a coisa, esteja com quem estiver).
Estão submetidos a numerus clausus.
Em síntese, consistem em direitos que atribuem ao titular poder sobre coisa pertencente a outro sujeito de direito, oponível a terceiros e que pode ser reavido de quem injustamente o possua. É um pressuposto lógico da existência do ius in re aliena a existência de um ius in re própria.
Para que alguém titule direito real em
coisa alheia, é necessário que exista um direito de propriedade sobre essa coisa... Classificação
Os direitos reais em coisa alheia
podem ser (a) de gozo (ou de uso e gozo) (b) de garantia (c) de aquisição Direitos reais de gozo (ou de uso e gozo, ou, ainda, de gozo, uso e fruição) se verificam quando o proprietário é privado do poder de gozo, uso e fruição (ou apenas de uso e gozo), em favor de outrem Superfície Servidão Usufruto Uso Habitação Concessão de Uso Especial para fins de Moradia Concessão do Direito Real de Uso
(incs. XI e XII do art. 1225 do CCB, acrescentados pela
Lei nº 11.481/2007) Direitos reais de garantia atribuem ao seu titular, credor em relação obrigacional, poderes sobre a coisa pertencente a outrem (o devedor ou terceiro), para garantir a satisfação do crédito. Hipoteca Penhor Anticrese (Propriedade Fiduciária) Direito real de aquisição consiste no poder de adquirir propriedade alheia, independentemente de manifestação de vontade do proprietário, em vista de um acordo prévio ou por disposição legal. Direito do promitente comprador (Lei nº 6.766/79, arts. 25 e segs., art. 463, parágrafo único, do CCB) Direito de preferência Noções Gerais. Classificação dos Direitos Reais em Coisa Alheia.