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2 – A psicologia social europeia

A Psicologia Social pode ser definida como o estudo científico da psicologia dos
seres humanos nas suas relações com outros indivíduos, quer sejam influenciados, quer
ajam sobre eles; pensamos e sentimos de determinada maneira porque somos seres
sociais; o mundo em que vivemos é, em parte, produto da maneira como pensamos. Ela
também pode ser compreendida como o estudo do condicionamento que os processos
mentais impõem à vida social do homem, ao mesmo tempo em que as diversas formas
da convivência social influem na manifestação concreta dos mesmos. O seu objeto de
estudo é o comportamento dos indivíduos quando estão em interação.

Para alguns, a Psicologia Social surgiu no ano de 1859, junto com a edição da
revista “Grande Enciclopédia Soviética”, de Steintahl e Lazarus. Esta revista coloca a
Psicologia Social como um ramo da psicologia burguesa. Para outros, a Psicologia
Social surge nos últimos anos do século 19, junto ao processo de psicologização da
Sociologia. Como se pode perceber, não há um real consenso quanto à data e ao
contexto em que nasceu a Psicologia Social.

A priori, a psicologia social é considerada uma ciência americana, ideia


fundamentada pelo maior desenvolvimento inicial deste campo científico nos Estados
Unidos, apresentando grande relevância nos âmbitos científicos, social e cultural. No
entanto se quisermos compreender a gênese da psicologia social, devemos recuar até
meados do século XIX e ao contexto europeu, onde algumas publicações sobre o
impacto da relação indivíduo-sociedade/sociedade-indivíduo começaram a surgir.

No decorrer de sua breve história, a Psicologia Social tem se caracterizado pela


pluralidade e multiplicidade de abordagens teóricas adotadas como referenciais
legítimos à produção de conhecimentos sociopsicológicos. Tal contexto tem dificultado
sobremaneira a delimitação do objeto de estudo ou mesmo dos vários objetos de estudo
dessa disciplina.

No contexto histórico europeu, observamos que a conjuntura política e social e


as premissas precursoras da psicologia social naquele continente e na América, tiveram
ampla influência da II Guerra Mundial (1939-1945), objetivando a compreensão das
relações de poder, bem como o conflito entre indivíduos.

Assim, a II Guerra Mundial representou de certo modo, uma oportunidade única


de evolução dos fundamentos da psicologia social, solidificando cada vez mais a sua
aplicabilidade científica. Porém, o conflito bélico em questão não trouxe bons
indicativos para a psicologia social em solo europeu.

Como era de esperar, a eminente política nazista alemã e a expansão dos seus
ideais tradicionalistas e autoritários por toda a Europa, dificultava a evolução dos
estudos na área, haja vista que grandes pesquisadores da psicologia social europeia
tinham origem judaica, sendo então perseguidos, restando assim buscar refúgio em
outros lugares, especialmente na América. Encontrando então, além da liberdade
individual, um campo cultural, social e econômico propício ao desenvolvimento de suas
pesquisas.

Diante desta perspectiva, o campo científico sofreu duras consequências e


impactos que atentaram contra a sua evolução, havendo até mesmo uma paralisação das
ciências sociais, e no caso da psicologia social, tiveram seus estudos minados quase ao
patamar da insignificância.

Após o término do confronto, os EUA tornaram-se grandes aliados na


recuperação e na reconstrução dos países europeus, onde o campo científico também
recebeu auxílio. Era evidente que a geopolítica adotada pelo governo norte-americano
também funcionava para ampliar sua ideologia ao redor do mundo.

A partir dos anos 1970 e motivada pela crise da Psicologia Social na América do
Norte, psicologia social europeia começa a adquirir sua própria identidade e a
demonstrar maior preocupação com a estrutura social. Desde então, ela vem crescendo
progressivamente em tamanho e influência. Por fim, entre os temas de estudo mais
frequentes no contexto europeu encontram-se a identidade social, que se insere
principalmente no contexto das relações intergrupais, e as representações sociais, que
remetem a uma psicologia dos grupos e coletividades.

Referências:

https://www.abrapso.org.br/download/download?ID_DOWNLOAD=562 Acesso em
13/08/19

http://w3.ualg.pt/~jfarinha/activ_docente/psi_social/textos/PS_Int_hist.pdf Acesso em
13/08/19

http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26nspe/a05v26ns.pdf Acesso em 13/08/19

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