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Rev Latino-am Enfermagem 2002 maio-junho; 10(3):446-7

Notas e Informações www.eerp.usp.br/rlaenf 446

DOR: O Q UINT
QUINT O SIN
UINTO AL VIT
SINAL AL
VITAL

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Fátima Aparecida Emm Faleiros Sousa

Sousa FAEF. Dor: o quinto sinal vital. Rev Latino-am Enfermagem 2002 maio-junho; 10(3):446-7.

A Agência Americana de Pesquisa e genuinamente subjetiva e pessoal. A percepção


Qualidade em Saúde Pública e a Sociedade de dor é caracterizada como uma experiência
Americana de Dor descrevem a dor como o multidimensional, diversificando-se na
quinto sinal vital que deve sempre ser registrado qualidade e na intensidade sensorial, sendo
ao mesmo tempo e no mesmo ambiente clínico afetada por variáveis afetivo-motivacionais.
em que também são avaliados os outros sinais
vitais, quais sejam: temperatura, pulso,
respiração e pressão arterial. POR QUE MENSURAR A DOR?
A Sociedade Americana para a Medicina
de Emergência, em sua reunião anual realizada Por ser uma experiência subjetiva, a dor
em 2001, também reconheceu a importância não pode ser objetivamente determinada por
de se registrar e mensurar a percepção de dor instrumentos físicos que, usualmente,
tanto aguda quanto crônica. Em decorrência mensuram o peso corporal, a temperatura, a
dessa ênfase na mensuração da dor, diferentes altura, a pressão sangüínea e o pulso. Em
instituições de saúde têm, atualmente, outras palavras, não existe um instrumento
recomendado que os clientes sejam padrão que permita a um observador externo,
questionados se estão sentindo dor no objetivamente, mensurar essa experiência
momento da admissão para tratamento e, interna, complexa e pessoal.
também, durante a evolução clínica. A despeito dessas dificuldades
A dor pode ser definida como uma intrínsecas, por que mensurar a dor? A
experiência subjetiva que pode estar associada mensuração da dor é extremamente importante
a dano real ou potencial nos tecidos, podendo no ambiente clínico, pois torna-se impossível
ser descrita tanto em termos desses danos manipular um problema dessa natureza sem
quanto por ambas as características. ter uma medida sobre a qual basear o
Independente da aceitação dessa definição, a tratamento ou a conduta terapêutica. Sem tal
dor é considerada como uma experiência medida, torna-se difícil determinar se um

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Professor Associado da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador
da OMS para o desenvolvimento da pesquisa em enfermagem, e-mail: faleiros@eerp.usp.br
Rev Latino-am Enfermagem 2002 maio-junho; 10(3):446-7 Dor: o quinto...
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tratamento é necessário, se o prescrito é eficaz as escalas de categoria numérica/verbal e a


ou mesmo quando deve ser interrompido. escala analógico-visual que são
Com uma mensuração apropriada da freqüentemente empregadas em ambientes
dor torna-se possível determinar se os riscos clínicos, por serem de aplicação fácil e rápida.
de um dado tratamento superam os danos Os instrumentos multidimensionais, de
causados pelo problema clínico e, também, outro lado, são empregados para avaliar e
permite-se escolher qual é o melhor e o mais mensurar as diferentes dimensões da dor a
seguro entre diferentes tipos. Uma medida partir de diferentes indicadores de respostas e
eficaz da dor possibilita examinar a sua suas interações. As principais dimensões
natureza, as suas origens e os seus correlatos avaliadas são a sensorial, a afetiva e a
clínicos em função das características avaliativa. Algumas escalas multidimensionais
emocionais, motivacionais, cognitivas e de incluem indicadores fisiológicos,
personalidade do cliente. comportamentais, contextuais e, também, os
Algumas vezes, apenas medidas auto-registros por parte do paciente. Exemplos
grosseiras, tais como “dor presente” ou “dor desses instrumentos são a escala de
ausente”, são necessárias para as intervenções descritores verbais diferenciais, o Questionário
clínicas; mas, para completamente entender o McGill de avaliação da dor e a teoria da
fenômeno e avaliar a eficácia dessas detecção do sinal. Com essas escalas, torna-
intervenções, necessitamos de medidas mais se possível avaliar a dor em suas múltiplas
sofisticadas tanto da intensidade quanto das dimensões, ou seja, os componentes
respostas afetivas associadas à dor. sensoriais, afetivos e avaliativos que estão
refletidos na linguagem usada para descrever
a experiência dolorosa.
MENSURAÇÃO DA DOR Em resumo, atualmente, a dor é
considerada um sinal vital, tão importante
Vários métodos têm sido utilizados para quanto os outros e deve sempre ser avaliada
mensurar a percepção/sensação de dor. Alguns num ambiente clínico, para se empreender um
métodos consideram a dor como uma tratamento ou conduta terapêutica. A eficácia
qualidade simples, única e unidimensional que do tratamento e o seu seguimento dependem
varia apenas em intensidade, mas outros a de uma avaliação e mensuração da dor
consideram como uma experiência confiável e válida. Dada essa ênfase na
multidimensional composta também por fatores mensuração e na avaliação da dor, entendemos
afetivo-emocionais. que todas as escolas médicas e de
Os instrumentos unidimensionais são enfermagem, bem como as de áreas
designados para quantificar apenas a paramédicas correlatas, deveriam,
severidade ou a intensidade da dor e têm sido urgentemente, implementar, em suas estruturas
usados freqüentemente em hospitais e/ou curriculares, disciplinas ou cursos com o
clínicas para se obterem informações rápidas, propósito de ensinar e disseminar o uso desses
não invasivas e válidas sobre a dor e a instrumentos e/ou escalas de avaliação e
analgesia. Exemplos desses instrumentos são mensuração da dor.

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