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Comissão Nacional de Estudos – São Paulo - Revisão – Março 2022

CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

ÍNDICE Pág.
Tarefa Prévia 02
01. Apresentação 03 1
1.1. Introdução 03
1.2. Objetivo, Programa e Estrutura 04
02. Nossa Postura ante os Fatos 05
2.1. Sugestão para Reflexão 08
03. Comunicação Compassiva 09
3.1. Barreiras à Comunicação 13
3.2. Nortes para a Comunicação Fluída 14
3.3. Sugestão para Reflexão 14
04. Os Grupos 15
4.1. O Grupo Interno 16
4.2. Tipos de Grupo 17
4.3. Características dos Grupos 18
4.4. Sugestão para Reflexão 18
05. Problemas que interferem nos Grupos 19
5.1. Os Três Estados do Ego 19
5.2. Aplicações Práticas 22
5.3. Sugestões para Reflexão 27
5.4. Considerações Gerais – Três Estados do Ego 28
06. Liderança 29
07. Liderança no CVV 34
08. Tipos de Liderança 37
09. De Liderança à Coordenação 38
10. Coordenação ou Direção Centrada no Grupo 41
11. Funções e Atitudes dos Membros de um Grupo Autodirigido 44
12. O Clima de um Grupo Autodirigido 47
13. Problemas e Dificuldades mais Comuns 49
14. O Processo Evolutivo de Liderança Centrada no Líder para
50
Coordenação Centrada no Grupo
15. O Processo de Tornar-se Grupo 51
16. Sugestões de Mecanismo que se mostraram Eficientes 58
17. Exercícios 61
Exercício – 1 61
Exercício – 2 65
Exercício – 3 67
Exercício – 4 68
Exercício – 5 69
Autoavaliação 70
Bibliografia 71
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Tarefa Prévia – Questões Orientadoras


CDCG – Curso Direção Centrada no Grupo 2

1) Qual é o objetivo do Curso de Direção Centrada no Grupo, isto é, onde


ele pretende levar seus participantes?
2) Quais são algumas de nossas necessidades humanas fundamentais? Se
não satisfeitas, o que podem gerar em nós?
3) Qual a minha atitude mais comum frente a uma frustração? Costumo
culpar os outros por minhas reações?
4) Costumo me expressar com clareza? Consigo comunicar aminhas
ideias e sentimentos?
5) Quando consigo ouvir genuinamente os outros membros do grupo?
Quando não consigo?
6) Quais são as quatro características essenciais para que exista um
Grupo?
7) Quais são as principais dificuldades que encontramos na vivência do
trabalho em grupo?
8) Ao observar os Três Estados do Ego, quais posturas você percebe mais
comuns nos Grupos? Como lida com elas?
9) Sou capaz de identificar meus comportamentos de “Pai Protetor”, “Pai
Crítico”, “Criança Chorona”, “Criança Rebelde”, “Criança Livre” e etc.? E
quando usei inadequadamente esses modos?
10) Por que no CVV utilizamos a denominação de Coordenação e Grupo
Autodirigido, ao invés de líder / chefe / guia?
11) Quais são as cinco atitudes ou funções dos participantes de um Grupo
Autodirigido?
12) Quais são os mecanismos, ferramentas e instrumentos que podem se
mostrar eficientes para evoluirmos para uma Coordenação Centrada no
Grupo?

As respostas devem ser levadas ao Curso.


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1. APRESENTAÇÃO
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1.1. Introdução: Tornar-se um Grupo Confiante e Confiável

Parafraseando Rogers, talvez o significado mais marcante do nosso


trabalho e de maior alcance futuro seja simplesmente o nosso modo de
ser e agir enquanto equipe. Criar um ambiente onde o poder é
compartilhado, onde os indivíduos são fortalecidos, onde os grupos são
vistos como dignos de confiança e competentes para enfrentar os
problemas, tudo isso é inédito e inaudito na vida comum.

Nossas escolas, nossos governos e nossos negócios estão permeados da


visão de que nem o indivíduo nem o grupo são dignos de confiança.
Deve existir poder sobre eles para controlá-los. O sistema hierárquico faz
parte da nossa cultura. Mesmo em algumas doutrinas religiosas, as
pessoas são ainda vistas como pecadoras e portanto desmerecedoras
de confiança.

O paradigma da nossa cultura ocidental é que a essência das pessoas é


perigosa. Por este motivo elas precisam ser controladas, guiadas e
ensinadas. Contudo, nossa experiência (e não estamos sozinhos nela)
tem demonstrado que existe outro paradigma eficiente e construtivo
para o indivíduo e a sociedade. Segundo esse nosso ponto de vista,
havendo um clima psicológico adequado, o ser humano e os grupos
humanos são dignos de confiança, criativos, automotivados, poderosos
e construtivos, capazes de realizar potencialidades jamais sonhadas.
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1.2. Objetivo, Programa e Estrutura


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Objetivo
 A ideia principal é capacitar voluntários para a função de
facilitadores do processo de desenvolvimento de grupos
autodirigidos.
 Para que isso ocorra de forma natural, é necessário criar
condições para que o grupo conheça bem e perceba as
capacidades e necessidades de seus membros.

Programa
O Curso é constituído de três conjuntos de conceitos básicos:
 Primeiro - A Pessoa - o ser humano e seu comportamento;
 Segundo - O Grupo e suas características;
 Terceiro - Exercícios.

Estrutura
 O curso visa à ampla participação; utilizando-se as mais diversas
técnicas de dinâmica de grupo.
 Grupos: os participantes são distribuídos em subgrupos para
diálogo, estudo e aprofundamento dos temas.
 Cada subgrupo terá um ou mais facilitadores para apresentar a
síntese em plenária.
 Aos participantes lembramos que é importante poder vivenciar os
conceitos à medida que eles são discutidos e refletidos, no grupo.
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Módulo – Nossa Postura ante o Fato

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Confiança na Capacidade Construtiva dos Grupos

 Pontos de vista do CVV em relação aos Grupos são dignos de


confiança
 Ciclo da Vida
 Crenças e preconceitos
 Postura de confiança
 Posturas defensivas (confiante experiente)
 Máscaras
 Ambiente Seguro
 O Clima favorável ao desenvolvimento das pessoas e do grupo
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2. NOSSA POSTURA ANTE OS FATOS

Os seres vivos possuem uma tendência natural à realização das suas


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capacidades. Nos seres mais simples, a capacidade básica é a de
autopreservação. Funções naturais, instintos, sensações e emoções tem
uma função evidente: perceber a realidade e atender à necessidade de
sobrevivência do indivíduo e da espécie.

Nós, seres humanos, além delas, possuímos capacidades mais


desenvolvidas para pensar e sentir a realidade, e agir a partir dessa
percepção. Nossas necessidades também são mais complexas do que
simplesmente sobreviver e evitar a dor física.

A postura instintiva de defesa, contudo, continua a manifestar-se em nós,


através dos sentimentos de egoísmo, orgulho e vaidade. Assim
denominamos os sentimentos que estão na origem das necessidades de
posse e de defesa dos bens, materiais ou não, que possuímos.
Valorizamos nossos bens como se eles fossem parte da nossa pessoa. A
perda da sua posse é geralmente sentida como a privação de uma parte
de nós mesmos.

Os fatos da vida são amigos porque são oportunidades de:


 Perceber que somos nossas capacidades de adquirir, construir e
utilizar nossos bens, nós não somos nossos bens;
 Exercitar essas capacidades.

O valor dado às necessidades imediatas, muda à medida que


exercitamos e desenvolvemos a postura de abertura e confiança. O
interesse, a afeição e o amor pelo que consideramos propriedade nossa,
e por nós mesmos, tendem a se transformar em sentimentos que também
valorizam as necessidades do semelhante, o outro.
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A autoestima e o amor-próprio defensivos, ampliam-se para tornarem-se


sentimentos de amor e gratidão à força criativa inerente a todos os seres.

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No cotidiano, a postura defensiva tem a “função” de nos proteger de
possíveis perdas e danos, enquanto não conhecermos adequadamente
todas as nossas capacidades. Contudo, as defesas excessivas e repetidas
já são perdas por si mesmas: perda de energia, de vida, de crescimento.

As defesas podem ser úteis apenas provisoriamente, enquanto


ganhamos o tempo necessário de preparar a nossa aproximação aos
fatos.

Máscaras são formas de disfarçar os nossos pensamentos, sentimentos e


ações por receio da perda da nossa autoestima ou da estima dos outros.
São, portanto, consequência direta da postura defensiva, também
denominadas “mecanismos defensivos”, sendo mais comuns as
seguintes:
 Atribuir à outra pessoa, os nossos sentimentos, pensamentos e
ações;
 Atribuir a nós mesmos, sentimentos, pensamentos e ações que não
são nossos;
 Desviar os nossos sentimentos, emoções, conceitos ou
preconceitos, em relação a uma pessoa ou objeto, para outra;
 Distorcer ou disfarçar a origem dos nossos sentimentos, emoções,
conceitos e preconceitos;
 Travar ou bloquear as nossas capacidades, deixando de observar
o ciclo natural: “usar a razão quando deveríamos sentir”, “sentir
quando deveríamos usar a razão”, “agir sem antes sentir e pensar”,
“sentir e pensar quando deveríamos agir”, e outros arranjos
inadequados.
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Posturas e sentimentos defensivos, quando aceitos e compreendidos


podem permitir o desenvolvimento de pensamentos e a prática de
ações de abertura “experimentais”, naquilo que denominamos exercício
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de Vida Plena.

Embora não sendo espontâneos, é uma categoria de pensamentos e


ações diferente da máscara. Nesse processo de amadurecimento,
posturas, sentimentos, pensamentos e ações, defensivos e confiantes,
convivem lado a lado no nosso mundo interior.

Em síntese, nossa postura ante os fatos pode ser de confiança, ou defesa,


dependendo:
 Do valor que damos a nós mesmos e aos objetos e pessoas em
geral;
 Dos conceitos e preconceitos que temos de nós mesmos e dos
demais;
 Da percepção clara ou “mascarada” das nossas “qualidades ou
defeitos”.
 A partir da postura inicial, desenvolvem-se sentimentos,
pensamento e ações, de abertura ou defesa.

2.1. Sugestão para Reflexão


1. Qual a minha postura mais comum frente a um fato?
2. Costumo jogar a culpa nos outros?

2.2. Referência: Manual do CA 2


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Módulo - Comunicação Compassiva

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 Tomar consciência dos fatos (Simpatia e Antipatia)
 Comunicação é troca de experiência

 Nortes
o Comunicação congruente, verdadeira, com amorosidade.
o Abertura emocional a experiência;
o Interesse genuíno pela pessoa, pelo grupo e pela relação e
interação.

 Defesas
o Foco no próprio ponto de vista;
o Ausência de empatia e interesse genuíno;
o Ausência de percepção das comunicações latentes;
o Estados do Ego.

 Consciência
 Utilização criativa
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3. COMUNICAÇÃO

É o ato de expressar e receber ideias e sentimentos e fazer-se compreender


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pelos outros ou compreendê-los e comumente envolve o diálogo. Sobre
este assunto, Paulo Freire diz: "Como posso dialogar se temo a superação e
só em pensar nela, sofro e definho? A autossuficiência é incompatível com
o diálogo. Não há também diálogo se não há uma intensa fé nos homens.
Fé no seu poder de fazer e refazer, de criar e recriar. Sem esta fé nos
homens, o diálogo é uma farsa. Transforma-se, na melhor das hipóteses, em
manipulação adocicadamente paternalista.".

Sabemos que muitos dos nossos contatos são superficiais e mascarados,


muito embora saibamos o quão construtivo é quando duas ou mais
pessoas se propõem a serem elas mesmas.

A confiança e o respeito são sentimentos que temos em relação às outras


pessoas. E eles ou são autênticos ou simplesmente não existem. Não
podem ser "fabricados" e mantidos artificialmente por muito tempo. O
exercício contínuo de compreensão dos pensamentos e sentimentos é o
instrumento valioso de que dispomos para alcançar a plenitude nos
relacionamentos.

Ao fingirmos sentir confiança ou respeito por determinada pessoa,


imaginando que esta atitude seja saudável e nos aproxime dela. Na
prática, a energia que gastamos para manter esta falsa atitude, nos
esgota, e inibe a possibilidade de experienciar contatos francos e honestos
com ela e os demais. Se nos mantemos neste tipo de atitude, a infelicidade,
artificialidade e incompletude na relação tende a se intensificar,
reverberando na dificuldade de nos comunicar genuinamente.
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Diante à dificuldade de confiar e respeitar, podemos no mínimo nos decidir


a sermos honestos ou não. E quando escolhemos ser honestos, dizendo o
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que experienciamos e sentimos, e ouvindo o que a outra pessoa com a
qual estamos em dificuldade de confiar e respeitar, sente, estamos
mostrando que realmente somos confiáveis. E, para isto precisamos ser
honestos conosco mesmos, entrar em contato com a nossa maneira de
vivenciar os fatos e abrir espaço para a autorresponsabilização.

Nem sempre a honestidade, à primeira vista, provoca uma reação de


confiança e respeito, contudo este comportamento pode trazer relações
confiantes, confiáveis e duradouras.

Quando somos desonestos conosco mesmos, pensando em obtermos uma


resposta satisfatória do outro, devemos lembrar-nos que esta resposta, na
realidade, não será dirigida a nós, mas sim à condição que criamos para
agradar. É por isso que, nestas situações não conseguimos nos sentir
satisfeitos. Sempre procuramos por algo mais, e nesta busca despendemos
energia em excesso, o que nos faz sofrer. O relacionamento honesto nem
sempre é agradável e alegre, podendo mesmo ser triste e doloroso durante
algum tempo, contudo sempre real, sólido e vivo.

Comunicação é algo simples em termos de consciência; e para nos


comunicar de maneira satisfatória, é necessário estarmos conscientes da
nossa própria experiência para sermos capazes de desejar que os outros a
conheçam. Só assim conseguiremos enviar mensagens claras a respeito de
nossa consciência, experiências, sentimentos e necessidades, sem o que
não conseguimos nos comunicar totalmente.
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Precisamos também estar abertos para receber as mensagens das outras


pessoas e compreender que precisamos nos comunicar. As interações
humanas, e a abertura para a comunicação genuína, nutrem nosso 12

crescimento interior, e nos ajudam a satisfazer nossas necessidades,


conhecer nossas capacidades e desenvolver nossas potencialidades.

A comunicação é composta de conteúdo, intenção, forma, momento e


sentimento, e é preciso aprender a nos comunicar compassiva e
genuinamente em prol do mútuo desenvolvimento pessoal e coletivo. E
este aprendizado tem o seu início em nós mesmos, na nossa vontade e
disponibilidade para inicialmente nos perceber, a fim de que possamos
melhor perceber cada pessoa que integra o grupo e ao grupo, e assim nos
comunicar efetivamente.

Comunicando ideias e sentimentos, estaremos aumentando a


possibilidade de alcançar o consenso.
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3.1. Barreiras à Comunicação

Comunicação Defensiva - São entraves que se colocam entre a pessoa


que se expressa e a pessoa ou grupo em que se quer comunicar.
1) Ouvir o que interessa, ao invés da totalidade do que está sendo 13

comunicado;
2) Prender-se no próprio ponto de vista e desconsiderar o ponto de vista
da pessoa que está em busca de comunicação;
3) Concentrar a atenção em coisas outras e distrair-se da própria
comunicação;
4) Impossibilidade de receber feedback;
5) Inibição – ação de inibir: embaraçar, impedir, impossibilitar, proibir,
tolher;
6) Comunicação lacônica ou prolixa, a depender do interesse e
disponibilidade de quem a recebe, gera dificuldade para se
aproximar da essência e do essencial;
7) Descrédito em função de mensagens contraditórias;
8) Distanciamento das comunicações (interior e exterior) latentes
(sentimentos, estímulos, intenções, necessidades – o que se faz
explicito e implícito);
9) A comunicação é composta de um conteúdo expresso e um
conteúdo latente. Por conteúdo expresso entende-se a mensagem
transmitida verbalmente ou por escrito. Já o conteúdo latente é a
intenção do que se quer expressar e o que se passa no âmago. Este
conteúdo pode ser transmitido através de atitudes, tais como:
 Comunicação Verbal: entonação de voz, gestos, expressão
facial, palavras utilizadas, hostilidade, ironia, acolhimento,
abertura, receptividade, tom impositivo, desqualificação,
enaltecimento, respiração;
 Comunicação Escrita: tamanho e cor da fonte, desenhos e
imagens utilizadas, caixa alta (maiúsculas), grifos, negrito, e o
tom da mensagem* (*incluí os exemplos citados acima para a
comunicação verbal, etc.).
As atitudes que acompanham a expressão da comunicação, podem
revelar incongruências, necessidades, desejos e intenções.
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3.2. Nortes para a Comunicação Fluída

Comunicação Confiante – faz fluir “há interação, autocuidado e cuidado 14


com as outras pessoas e com o grupo, e com o que se quer comunicar, jaz
o interesse genuíno”.
1) Preocupar-se com a essência e defini-la com clareza;
2) Esclarecer suas ideias antes de comunicá-las;
3) Mitigar riscos de perder-se no que é acessório;
4) Entrar em detalhes quando solicitado;
5) Cuidar para que as ações correspondam às comunicações.
Observai e vigiai para transcender a armadilha do "faça o que eu
digo e não faça o que eu-faço";
6) Aprender a ouvir e compreender, para ir além do querer ser ouvido
e compreendido;
7) Nivelamento na comunicação de pessoa para pessoa, de grupo
para grupo, de grupo para pessoa, de pessoa para grupo, de
maneira fraterna, firme, amorosa e empática.
8) Estar ao lado, de modo a nutrir a imparcialidade com compaixão;
9) Clareza e respeito para com os limites, disciplina, normas e
combinados, sabedores de que a aceitação incondicional diz
respeito a experiência do viver, transcende ao comportamento;
10) Verificar se a comunicação se fez clara e a essência foi apreendida;
11) Premissa básica congruência entre a comunicação interior com a
exterior – harmonizada com a confiança na tendência atualizante,
a compreensão empática e a consideração incondicional positiva.

3.3. Sugestão para Reflexão


 Consigo exercitar a honestidade e amorosidade em minhas
comunicações? Como lido com isso?
 Consigo me perceber com desonestidade e desamor em minhas
comunicações? Como lido com isso?
 Como é minha comunicação comigo mesmo?
 Quando consigo ouvir genuinamente os outros membros do grupo?
Quando não consigo?
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Módulo - OS GRUPOS

Grupo Interno 15

 Vivências assimiladas e acumuladas de cada pessoa;


 Crenças.

Grupo primário – Grupo familiar

Grupo secundário – Comportamentos refletidos em relação ao primário


 Papéis cristalizados (possibilidade de modificação)
 Autoconhecimento: sucesso de reconhecimento de nossos grupos
internos
 Características do Grupo
o Metas
o Coesão
o Normas
o Acordos

Questões Norteadoras
 Quais são as quatro características essenciais para que exista um
Grupo?
 Quais são as principais dificuldades que encontramos na vivência do
trabalho em grupo?
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4. OS GRUPOS - CONCEITO

4.1. O Grupo Interno 16

As pessoas tendem naturalmente a constituir grupos para realização das


capacidades pessoais e da coletividade. Pode-se, portanto, falar em
grupo quando um conjunto de pessoas movidas por objetivos semelhantes
se reúne em torno de uma tarefa específica.

No cumprimento e desenvolvimento das tarefas, deixam de ser um


amontoado de indivíduos para cada um assumir-se enquanto participante
de um grupo, com um objetivo comum. Isso significa também que cada
participante exercitou sua comunicação, sua opinião, seu silêncio,
defendendo seus pontos de vista. Portanto, descobrindo que, mesmo
tendo um objetivo comum, cada participante é diferente, tem suas
características próprias. Nesse exercício de diferenciação e
autoconhecimento, a pessoa vai também compreendendo o outro. Isso
significa que cada pessoa, quando longe da presença do outro, pode
comunicar-se em pensamento com cada um deles e com todos em
conjunto. A esse processo dá-se o nome de “Grupo Interno”.

A identidade de cada pessoa é um produto de suas relações com os


outros. Nesse sentido, todo indivíduo está povoado de outros grupos
internos em sua história. E esses grupos internos estarão presentes na hora
de qualquer ação ou na realização de uma tarefa.
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4.2. Tipos de Grupo

Há dois tipos de grupos: primário e secundário. 17

 Primário: o primeiro grupo de contato e socialização com o mundo,


por exemplo, a família.
 Secundário: são os grupos de trabalho, estudo, instituições, etc. Em
todos eles, encontramos um lugar, um papel, uma forma de estar.
Nesse espaço desempenhamos nosso papel, segundo nossa
história e as experiências que trazemos conosco.

Durante nossa infância, em nosso grupo primário, tivemos um espaço que


ocupamos como o único papel possível.

Ao examinarmos nosso grupo familiar observaremos como cada irmão


tem seu papel dentro do grupo e como nós também desempenhamos o
nosso. Há o que sempre suporta as situações difíceis, outro que se deixa
levar por reações emocionais, outro que ajuda a compreender o ódio,
outro que faz a mediação, outro que está sempre em divergência, outro
que prefere fazer que está ausente, que não lhe diz respeito. Esses papéis
se mantêm ao longo da vida. Quando não suficientemente
compreendidos, cristalizam-se e repetem-se mecanicamente em todos
ou na maioria dos grupos que participamos.
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4.3. Características Dos Grupos

Todo grupo tem suas características, tais como: 18

1) Metas ou Objetivos: são mais facilmente atingidos, quanto maior tiver


sido a participação de todos na sua elaboração, ou sua aceitação
verdadeira. Cada um se sente motivado por aquilo que criou.
2) Coesão: grau de atração entre os membros do grupo. Manifesta-se
pelo sentimento de responsabilidade do grupo, amizade, e pela
defesa contra ataques vindos de fora.
3) Normas: princípios que norteiam a vida do grupo.
4) Acordo: resulta da pressão do grupo pela observância das Normas.
Não significa concordância absoluta, mas adoção de linhas básicas
de conduta. O pensamento crítico e a controvérsia construtiva são
fatores de maturação do próprio grupo. A concordância total
produz a estagnação, e a liberdade de discussão estimula a
criatividade.

À medida que amadurece, o homem reconhece-se como membro do


grupo, e submete-se a ele, mas não de forma absoluta, conservando a sua
individualidade.

4.4. Sugestão para Reflexão


 Gosto verdadeiramente de trabalhar em grupo ou acho mais
proveitoso o trabalho individual ou em duplas?
 Qual o papel ou papéis eu desempenho mais frequentemente nos
grupos dos quais participo?
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5. PROBLEMAS QUE INTERFEREM NOS GRUPOS

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5.1. Os Três Estados do Ego

Eric Berne, psiquiatra canadense, criou um sistema ao qual deu o nome de


Análise Transacional. É uma conceituação da personalidade voltada para
as relações humanas. Berne, destaca que o relacionamento interpessoal é
fundamental para o nosso crescimento interior. Destaca que todos nós
temos três modos de agir e reagir. Em outras palavras, três Estados do Ego
ou ainda, três "Estados de Espírito". São eles: Modo Pai, Modo Criança e
Modo Adulto.

O autoconhecimento e o saber sobre o SI MESMO é uma questão chave


para o desenvolvimento das potencialidades e capacidades humanas. E,
repercute no saber nutrir a própria comunicação interior, que
consequentemente reverbera na qualidade da comunicação exterior,
enquanto um diferencial para ampliar e refinar nossas habilidades
cognitivas e socioemocionais.

Quanto mais desenvolvermos em nós e no coletivo a habilidade e atitude


da Abordagem Centrada no Grupo, de modo a fornecer nos diferentes
fóruns, atividades, cursos, seminários, oficinas, rodas de conversas, reuniões
de grupo, reuniões gerais de voluntários, na coordenação, e no cotidiano
da nossa convivência a oferta do ambiente psicologicamente seguro e o
clima de confiança, mais confiantes e confiáveis seremos entre nós e com
a vida, no campo da sabedoria individual e coletiva.

Que tal refletirmos um pouco sobre estes conceitos e o quanto no nosso


“Estado de Espirito”, influencia à dinâmica dos grupos e nossos
relacionamentos intrapessoal e interpessoal?
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Modo Pai
 É o modo ensinado, diz respeito a tudo o que aprendemos com
pessoas significativas, e que nos influenciaram e continuam a 20

influenciar (pais, avós, professores e etc.). Consiste no nosso Sistema de


Crenças e Valores, nosso conceito de certo e errado, regras,
orientações, proibições, proteção, punição
 Diariamente quando estamos julgando, orientando, criticando,
protegendo e etc., estamos energizando nosso Estado do Ego Pai.
 Quando nossa atitude é de dar ordens, criticar, julgar, castigar,
etc. implica no agir como Pai Crítico;
 Quando nossa atitude é de apoio, proteção ou ensino, estamos
agindo como Pai Protetor.
O Modo Pai Crítico e Protetor, possuem polaridades “positiva e negativa”.

Polaridades Modo Pai

Protetor + Protetor - Crítico + Crítico -

Atingir Objetivo Supercarregado Regra Humilhar

Percepção do Salvar a outra Orientação Ofende


FOCO

Potencial; pessoa.
Se permite sentir Desqualifica:
o que quer e não confia na
deseja; capacidade da
Orienta e pessoa.
apoia. Faz pelos outros.

 No Ego Pai, estão também nossas introjeções. Reconhecer e libertar-


se de introjeções e padrões que não servem mais, é vital.
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Modo Criança
 Relaciona-se ao nosso Propósito de Vida, aquilo que nos dá sentido.
Engloba nossas emoções, sentimentos, necessidades, desejos. O que 21

precisamos.
 Diariamente quando estamos por exemplo sentindo raiva, medo,
culpa, vergonha, alegria, tristeza, amor, afeto, com maior ou menor
intensidade, estamos energizando o nosso Ego Criança.

Quando estamos neste estado, podemos agir como criança:


 Chorona (triste);
 Rebelde;
 Submissa;
 Alegre;
 Livre.
Este é um "estado de espírito" cheio de criatividade, fantasias e emoções.
Todos nós temos o nosso lado criança que dá alegria às nossas vidas.
O Modo Criança, com exceção da Livre, possuem polaridades “positiva e
negativa”.

Polaridades Modo Criança


Rebelde + Rebelde - Submissa + Submissa - Livre
Injustiça # Se Vandalismo Adequação Se deixa oprimir Espontaneidade
expressa e Agressão Resiliência Reprime o que Responsabilização
coloca sua física ou Respeito a pensa e sente Autonomia
opinião, verbal cultura, regras Autorresponsabilidade
verifica

Manifestação Greve Respeito ao Se submeter Criatividade


# se expressa Limita o fluxo espaço por medo Produtividade
normal coletivo Silenciamento Fluidez dos
Prejudica (exemplo do sentimentos
alguém passageiro)
Se submeter
em prol de um
bem maior
Silenciar
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Modo Adulto
Diz respeito ao nosso pensar, aos nossos valores experienciados. Aquilo que
é pensado e nos levar para os dados de realidade, ciência, planejamento, 22

informação valida, verdadeira.


Diariamente quando estamos “no aqui e agora” - trabalhando, verificando
dado de realidade, possibilidade de mudança e melhora, estamos
energizando nosso Estado do Ego Adulto.
 Este é o estado de ego que emoções estão reguladas, e cuja
característica maior é buscar e dar informações sobre os fatos. Neste
caso, sempre usamos o raciocínio e a lógica. É o nosso lado
científico.

5.2. Aplicações Práticas

Seja nos ambientes formais ou informais, o saber interagir é um diferencial


de suma importância para que haja comunicação genuína entre as
pessoas, quer seja no ambiente familiar, profissional, educacional, social,
com os amigos, nas interações afetivas conjugais e etc., a qualidade das
interações reflete diretamente no alcance de nossas potencialidades e
exercício de nossas capacidades, o que também inclui o ambiente CVV.

No dia-a-dia, estes estados de ego podem se manifestar e aparecem em


nós quase que automaticamente, de acordo com a percepção que
temos, atrelada as nossas vivências, valores e aprendizados anteriores.
Todos eles são importantes e refletem nossas necessidades latentes.
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Saber fazer o uso correspondente a cada Estado do Ego, possibilita que


possamos contribuir com o acolhimento e crescimento interior uns dos
outros, bem como com a nossa sustentação emocional, espiritual e social 23

na convivência e interação “com” e “em” grupo. Por exemplo:


 Quando uma pessoa do grupo age com o Ego Criança Submissa ou
Rebelde em uma reunião de trabalho – Podemos responder com o
Ego Pai Protetor, acolher, orientar e reorientar, e então contribuir
para que ela acione o Ego Adulto;
 Quando uma pessoa do grupo age com o Ego Pai Crítico em um
momento de descontração e lazer – Podemos responder com o Ego
Pai Protetor, baixando as tensões para que esta possa adentrar no
estado criativo e intuitivo do Ego Criança;
 Quando uma pessoa do grupo agir com o Ego Criança Submissa,
em um momento de tomada de decisão, podemos responder com
o Ego Pai Protetor, e ajudá-la a acionar o Ego Adulto, uma vez que
o Ego Criança Submissa pode se deixar manipular diante a
necessidade de tomada de decisão;
 Quando uma pessoa do grupo age com o Ego Adulto nas
interações, estudo e trabalha em grupo, e respondemos com o Ego
Adulto, potencializamos a produtividade e qualidade dos resultados
em grupo.

Compreender as dificuldades que por vezes encontramos na vivência do


trabalho em grupo, e que interferem diretamente no desempenho de
cada um dos participantes, inclusive no nosso próprio, facilita a
manutenção do foco no Trabalho e Serviço, e a interação entre todos.

A qualidade das interações entre as pessoas e grupos no CVV, são vitais


para o crescimento de todos, e o melhor servir.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

Aproximar-se da experiência do viver e conviver, observar e reconhecer as


sensações, os sentimentos e os pensamentos confortáveis e
desconfortáveis a própria forma de comunicação e interação com o Si 24

Mesmo, e com os outros, de modo a nutrir o processo do


autoconhecimento, crescimento interior e a qualidade dos nossos
relacionamentos intrapessoal e interpessoais, é essencial, para que
possamos saber gerir os Estados do Ego – por entre seus encaixes e
concessões nas Interações, num Estado de Espírito Fluído, por exemplo:
 Ego Pai para Ego Criança: busca posição de controle e submissão
sobre a outra pessoa.
 Ego Criança para Ego Pai: busca de cumplicidade e proteção do
outro.
 Ego Adulto para Ego Adulto: busca ação por reciprocidade e
nivelamento baseado na comunicação.

Diante ao Estado de Espírito Pai Crítico, responder com o Estado de


Espirito Pai Protetor ou Adulto, a depender do contexto e necessidade,
potencializa o caminhar para o exercício do poder compartilhado, ao
invés do poder sobre e a dominação. Bem como o responder com o
Estado de Espírito Pai Protetor, quando um membro do grupo ou grupo
busca proteção e reorientação, pode potencializar a fluidez para o
estado emocional de abertura a experiência, e o aguçar da sua
criatividade.

A sabedoria para interação eficaz, potencializa a comunicação


assertiva e compassiva, uma vez que aguça nossa sensibilidade e
capacidade observadora para captar as emoções e sentimentos
confortáveis e desconfortáveis, que estão latentes, as necessidades
envolvidas, e assim efetivar a construção da comunicação
correspondente a harmonização do Estado de Espírito, latente.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

Estimular o autoconhecimento das pessoas e do grupo, contribui com


estabelecimento de conexões duradouras, confiantes, confiáveis e
profunda na esfera relacional com as pessoas, grupos e organizações. 25

Cuidar para que os relacionamentos, relações e interações entre as


pessoas, o grupo e entre os subgrupos no CVV, sejam baseados e
norteados por trocas constantes, construtivas e positivas, em todas as
instâncias e frentes de trabalho, é um diferencial que impulsiona o
crescimento interior pessoal e coletivo, repercutindo no prazer mútuo em
que todos trabalham e interagem melhor, por consequência produzem
mais na frequência do melhor ser e melhor servir.

A abertura para o saber pedir, receber, oferecer e trocar feedback


melhora a assertividade, e a clareza ao expressar ideias, sentimentos e
necessidades, bem como para o equacionar conflitos e ruídos de
comunicação que geram problemas.

O autoconhecimento pessoal e coletivo, também potencializa o


reconhecimento de comportamentos e atitudes que afetam a interação
com outras pessoas, com o grupo e entre grupos, de modo a abrir
espaços para saber viver e conviver harmoniosamente com toda a
riqueza da diversidade, tornando-nos pessoas e equipes produtivas e
saudáveis.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

Observar aspectos norteadores é essencial para elevar a nossa


frequência e a do grupo, na vibração do amor e verdade, do feedback
genuíno tão vital para o nosso desenvolvimento e autoconhecimento, e 26

essencial para nosso crescimento individual e coletivo. Assim nos indagar


e continuamente aprimorar as práticas sobre:
 O que precisamos para viver e conviver bem “em” e “com” o
grupo?
 Buscamos reconhecer e destacar algo de bom em cada pessoa
que compõe o grupo?
 Temos nutrido entre nós emoções confortáveis e produtivas?
 Nossas ações e escolhas enquanto membros do grupo e grupo
norteiam-se por qual motivação e propósito?
 Temos exercitado em nós a prática valiosa de pedir, oferecer e
receber feedback?

Na convivência social, bem como no voluntariado cuidar do


engajamento e fluidez das pessoas e do grupo, implica diretamente no
cuidar e nutrir relações e interações construtivas. O que também significa,
reconhecer debilidades e fragilidades, para que possam ser acolhidas
enquanto pontos de melhoria, e uma vez trabalhadas no campo pessoal
e coletivo, possam ser transformadas em forças e cuidados que venham
mitigar riscos de desvios e eventuais obstáculos ao Trabalho e Serviço.

Saber nos conectar com as pessoas de modo genuíno é um fator de


proteção a vida pessoal, social e coletiva. E, no CVV somos convidados
a experienciar esta conexão através de três campos de atuação e
interação: (1) a disponibilidade para o dar de si (serviço), (2) a renovação
interior (autoconhecimento e crescimento interior), e (3) o trabalhar em
grupo (interdependência e colaboração com o coletivo).
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

Quando nos propomos a identificar em qual estado de ego estamos


agindo, além de aprendermos a nos conhecer melhor, podemos também
nos tornar hábeis e flexíveis no sentido de modificar este estado, caso seja 27
necessário (adaptação), quer seja para a nossa expressão autentica com
as pessoas e grupos, seja para o melhor acolher e facilitar a comunicação
e interação destas e do grupo, para conosco e entre si.

Observações sobre a Dinâmica do Estado de Ego


 Se agirmos com o Ego Pai Crítico, a tendência é que a outra pessoa
reaja com o Ego Criança Rebelde (o Ego Pai Crítico estimulo Ego
Criança Rebelde, Chorona e ou a Submissa).
 Quando alguém age com o Ego Criança Rebelde, se
conseguirmos assumir o nosso Ego Pai Protetor ou Ego Adulto,
poderemos ajudá-la a refletir e adequar o seu "estado de espírito".

Quando somos criticados, e conseguirmos transcender o Ego Criança


Rebelde ou Chorona, mitigamos o risco e a tendência de que a pessoa
que está no Ego Pai Crítico, se perceba no direito de exercer o poder sobre
nós com mais críticas. Se, ao contrário, agirmos com o Ego Pai Protetor ou
Ego Adulto, a depender do contexto, a tendência será da outra pessoa se
reavaliar; estaremos ajudando-a nisto. A crítica pode ser sentida como
agressão, podendo gerar também agressão.

Se, portanto, nos propusermos a observar, conhecer e reconhecer nossas


atitudes, nos sentiremos fortes e seguros para nos adaptar, e rever e mudar
atitudes e comportamentos quando se fizer necessário, e conseguiremos
nos integrar melhor às pessoas e às situações.

5.3. Sugestão para Reflexão


1. Sou capaz de identificar quando agi – Modo Pai, Modo Criança, Modo
Adulto?
2. Consigo identificar quando usei inadequadamente esses modos?
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

5.4 - Considerações Gerais – Três Estados do Ego

Conhecer o conceito dos Três Estados do Ego, e como funcionam entre si,
em nosso diálogo interno, no ambiente CVV, pode contribuir com o nosso 28

processo de desenvolvimento e aprimoramento contínuo, e a nossa


harmonização interna e externa, ao compreender nosso comportamento,
sua variabilidade e complexidade. Tanto aprimorar a qualidade dos
relacionamentos intrapessoal e interpessoal, quanto nossas interações com
a vida, que não os objetivos deste conceito.

Norteada pela confiança no ser humano e seu estar bem, a AT, atende por
premissa, o apoiar a Pessoa no dar-se conta se seu funcionamento está
fluído e a atender suas necessidades biológicas, psicológicas e sociais.
Além do reconhecer necessárias mudança construtiva de
comportamento.

Autonomia
e Controle de
sua vida

Sentimentos
Pensamentos
Atitudes

Viver no aqui
e agora

Consciência
Espontaneidade
Autenticidade
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

Módulo – Liderança

 Líder e Liderança - na percepção do poder sobre as pessoas: o


exercício do poder e controle é exercido por uma pessoa em relação 29

aos demais.
o Dependência do grupo, em relação ao líder centrado no eu.
 Líder e Liderança - na percepção do poder com as pessoas: o
exercício da liderança se desenvolve numa abordagem centra na
Pessoa e no Grupo. Ou seja, o foco está na relação e na influência e
impacto, através de um ambiente psicologicamente favorável e um
clima de confiança, que repercute na saudável interação com as
Pessoas, em prol de um proposito comum. Seu enfoque, nutre o
desenvolvimento das potencialidades e capacidades,
competências e habilidades, a maturidade e o crescimento interior
das pessoas e do grupo.
o No CVV a abordagem centrada na pessoa e no grupo,
permeia a dinâmica dos grupos, sendo as funções
desempenhadas e compartilhadas com o coletivo, visando
a totalidade do grupo.

 Síntese - Tipos de Liderança:


 Autocrática: concentra iniciativa em si. Manda e os demais
acatam, obedecem e seguem as ordens.
 Democrática: comumente, norteada pela “maioria” e o critério
de votação, deixa detalhes operacionais a cargo do grupo.
 Centrada no Grupo: nutre a comunicação interior dos membros
do grupo com o grupo e vice versa, apoia e estimula o
desenvolvimento e crescimento individual e coletivo. Atende por
premissa a construção de consenso com o grupo.
CDGC
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atualização março 2022

6. LIDERANÇA

30
Liderança é a habilidade de estimular, inspirar, mobilizar e engajar
pessoas e grupos. No conceito de liderança servidora, inspiradora e
moral, essa habilidade para estimular, inspirar, mobilizar e engajar
transcende ao discurso e teorização, se revela e reflete pelas atitudes
práticas e comportamentais de cada pessoa, independentemente de
cargos, status e funções.

Numa rápida e simples pesquisa nos sites de busca, é possível encontrar


diferentes significados para:
 Capacidade de líder: autoridade, poder, ascendência, influência,
hegemonia, controle, comando, governação, direção,
orientação, condução, regência
 Líder: chefe, cabeça, chefia, dirigente, diretor, comandante.

Nas últimas décadas o conceito de liderança vem sendo estudado,


reposicionado e revitalizado para um olhar sistêmico que engloba a
capacidade de liderar numa visão humanista das pessoas e dos grupos,
que englobam competências, habilidades, características e conceitos
que vão ao encontro dos últimos trabalhos de Carl Rogers, e seu enfoque
aos relacionamentos interpessoais, a comunidade, aos grupos de
encontro, o campo da gestão das organizações nos mais diferentes
setores com enfoque das atitudes facilitadoras do crescimento
(compreensão empática, consideração incondicional positiva e
congruência) e o conceito primordial da tendência atualizante que
norteiam a abordagem centrada na pessoa, também para o grupo.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

Se observamos no legado de Rogers por exemplo os conceitos do


“Homem do Futuro”, que num tema para atualidade podemos adaptar
enquanto “A Pessoa do Futuro” ou “Humanidade do Futuro” se faz 31

mágico observar que são tendências e conceitos, assimilados por


algumas organizações, corporações, comunidades, grupos e etc. E que
outros encontram em processo de – por ora concentrados na
compreensão intelectual destes conceitos.

Comumente a liderança é vista como uma função desempenhada por um


única pessoa. Associam-se a ela certas qualidades como:
responsabilidade, autoridade, habilidade, conhecimento, status, etc.
Criam-se então expectativas, muitas vezes infundadas, de que sozinha esta
pessoa deva assumir o papel mais ativo, tenha certos "poderes" sobre os
demais, esteja mais comprometido com os objetivos do grupo por isso,
possa dar mesmo uma orientação mais correta às atividades coletivas. Tais
expectativas configuram uma atitude de dependência do grupo em
relação ao líder único.

Ampliar a distribuição de funções, responsabilidades e tarefas, e o investir


no desenvolvimento e aprimoramento contínuo das pessoas e do grupo,
de modo a nutrir a sabedoria coletiva, as potencialidades e
capacidades de funcionamento individual e coletivo, em conjunto e
separadamente, é vital para a efetivação de grupos autodirigidos.

A liderança nas Organizações Sociais, assim como em outros ambientes


é uma função importante para a eficiência e eficácia dos processos e
trabalhos a serem planejados e executados, tanto quanto para a fluidez
da comunicação e interação entre as pessoas e os grupos de trabalhos.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

Viver a arte de estimular e inspirar pessoas e grupos a agir na relevância


do propósito a que se destina, demanda vivenciar o que se preconiza
através da oferta de um ambiente psicologicamente seguro e clima de 32

confiança, no facilitar para que o coletivo e indivíduos consigam ser uma


unidade orgânica e produtiva na harmonia da diversidade.

Inicialmente aproximar-se da experiência do viver e conviver, pode gerar


receio, como quem coloca a ponta dos dedos do pé numa piscina, em
pleno inverno, para checar a temperatura, enquanto outros mergulham
de cabeça independentemente da temperatura, e passam por um
choque térmico. Contudo, a intenção genuína e a perseverança no
processo de investir na qualidade das relações e interações interpessoais
e intrapessoal, nos conectará com as outras pessoas e com o grupo, e
obteremos com o tempo o retorno confiante e recompensador. Aquela
sensação de autorrealização e socialização confiante o “valeu a pena –
ufa”, o investimento de tempo e energia.

Compreender que aprimorar nossas interações e relações, o fluxo da


comunicação e decisão, dentro dos valores da colaboração e
cooperação num ambiente fraterno e de compreensão, requer investir
no espaço vital do grupo e das pessoas nas relações intragrupal e
intergrupal para a mentalidade – Rede CVV, enquanto unidade em
movimento, que pode ajudar no crescimento pessoal de todos.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

Estudos apontam algumas características pessoais, essenciais a liderança


na atualidade, e que são atributos que podem ser instrumentos de
desenvolvimento e aprimoramento contínuo através de treinamentos e
capacitações continuadas, além do próprio interesse pessoa, busca e 33
abertura para a troca de feedback genuíno.

É interessante observar o quanto as caraterísticas da liderança no século


XXI e futuro, possuem ressonância com os princípios facilitadores do
crescimento preconizados na Abordagem Centrada na Pessoa, vamos
destacar algumas, para nossa reflexão:
 Empatia: interessar-se pela pessoa e pelo grupo, de modo a
atentar-se para com as necessidades e sentimentos presentes, e
ofertar um espaço para o cuidado e o autocuidado.
 Abertura para interação e escuta genuína: um dos diferenciais
consiste na qualidade e interesse genuíno pelas relações e
interações humanas, o que requer essencialmente espaço para
escuta, e o saber ouvir de fato.
 Vontade de ensinar e aprender: humildade, moderação, e
flexibilidade para ensinar e para aprender, considerar com leveza,
interesse e vontade - o fato de ter coisas a ensinar e aprender.
 Comunicação intrapessoal e interpessoal: transcende a habilidade
com as palavras e a clareza na dicção, tem relação direta com o
autoconhecimento, auto-observação e observação, enquanto
mecanismos essenciais, para a comunicação interna e externa, a
expressão compassiva e assertiva.
 Autenticidade: ser e estar congruente consigo, com o grupo e a
instituição, é um diferencial para o engajamento e mobilização
social e de pessoas.
 Disposição para o diálogo: escutar, empatizar, esclarecer e
efetivar a comunicação, através do interesse e diálogo. Saber
orientar e reorientar o que precisa ser elucidado e trabalhado.
 Capacidade de inspirar pelo exemplo: exercitar o que preconiza.
 Capacidade de estimular a confiança e segurança: cuidar do
ambiente e das pessoas, com medidas práticas que estimulem e
nutram cooperação, colaboração, solidariedade e fraternidade.
 Sincronicidade com a instituição: é vital que pelo exemplo a
liderança inspire os valores, a missão e a visão institucional, de
maneira a influenciar os membros do grupo no quesito motivação
para o servir, qualidade e desempenho no trabalho individual e
coletivo.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

7. LIDERANÇA NO CVV

No CVV é exercida comumente de modo situacional e, também com a


alternância programada das coordenações nas diferentes instância. 34

Considerando o ambiente CVV seus conceitos e valores, vale observar


para além de Rogers, muitos outros autores antes e depois dele, que
também apresentaram e apresentam valores e conceitos, que vão
sendo gradualmente transformados e assimilados na sociedade e que
tem sinergia com o que denominamos de “humanismo CVV” e “DCG”.

No legado de Gandhi, Marshal Rosemberg e Stephen R. Covey, é possível


encontrar uma profunda sinergia e sincronicidade com a missão, visão e
valores do CVV e sua percepção sobre grupos e a forma de gestão.

Citamos na atualidade em voga por exemplo valiosas contribuição,


advindas do Bernardo Toro e, da Berné Brown, no campo da mobilização
e transformação social, educação, assistência social, gestão
organizacional, autoconhecimento, crescimento interior,
amadurecimento individual e coletivo, autonomia, interdependência,
autocuidado, responsabilização, e cuidado com pessoas, relações,
interações e processos e etc., também demonstram sinergia e
sincronicidade com a riqueza deste processo de assimilação do conceito
de estar centrado no grupo, no sentido mais profundo e genuíno daquilo
que é relevante para o viver seu propósito.

Compete a coordenação no exercício da liderança e facilitação do


trabalho “em”, “para” e “com” o grupo, observar, diagnosticar e
fornecer subsídios e ferramentas necessárias, oportunidades de
capacitação continuada, para se efetivar a prosperidade e sucesso dos
trabalhos, com qualidade no processo e resultado. Naturalmente
pressupõe dar o exemplo da cultura e valores organizacionais, conhecer
os membros e o grupo (perfis, habilidades, competências, afinidades e
interesses).
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

Para o CVV assim como em outras Organizações e Espaços, o conceito


de liderança consiste em facilitar a comunicação e o trabalhar junto. Vai
além do atrair, inspirar e influenciar comportamentos que repercutam na
35
qualidade e produtividades dos processos e resultados. Significa também
a visão otimista do ser humano e dos grupos e, a saúde das relações.
Transcende a associação limitante de cargos de autoridade e o exercício
de uma liderança impositiva e ou formal.

Requer compreender liderança como um conjunto de funções a serem


desempenhadas pela totalidade do grupo, para que ele possa realizar
suas diversas tarefas: adaptar-se, resolver problemas, e desenvolver
potencialidades.

As funções são desempenhadas, visando à totalidade do grupo, de


modo a estimular lideranças situacionais, conforme necessidades,
potencialidades e capacidades, com confiança e clareza na
interdependência que nos regula.

O exercício da liderança facilitadora, moral, inspiradora, criativa,


colaborativa e servidora cujo foco central é agir de modo a expandir,
harmonizar e intensificar o equilíbrio entre processo, qualidade e
resultado que concilia a sabedoria individual e coletiva de forma
sistêmica, o que faz reverberar um ambiente psicologicamente seguro e
o clima de confiança favorável ao crescimento e desenvolvimento das
potencialidades e capacidades dos membros e por consequência do
grupo, é o nosso mote para a efetiva direção centrada no grupo.

O Voluntariado CVV demanda o cuidado com as pessoas e os grupos, o


cuidar da relação e interação num processo contínuo e dinâmico que se
dá a todo o momento. Investir continuamente na melhora das relações
e nos aspectos relacionais, no fortalecimento de vínculos, na construção
de consensos, nos espaços de escuta e expressão, é um norte crucial.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

Cuidar do ambiente e clima interno de forma pragmática, eficiente e


eficaz através do assertivo estímulo à construção e amadurecimento de
consensos focados nas tarefas, atribuições, responsabilidades e trabalho, 36

em prol do melhor servir a sociedade, são diferenciais no CVV.

No CVV a coordenação transcende ao aspecto de liderar pessoas,


grupos e processos, exercitar o controle e influenciar de forma positiva a
mentalidade e o comportamento individual e coletivo. Se coaduna com
a abordagem centrada na pessoa e no grupo, através da oferta do
ambiente psicologicamente seguro e clima de confiança, no exercício
das condições facilitadoras do crescimento, propiciar a consideração
incondicional positiva, a compreensão empática e a congruência, além
da confiança na tendência atualizante dos indivíduos e coletivos.

Assim como em outros ambientes uma liderança pode emergir


naturalmente, por conta de atributos, características e habilidades que
destaca uma pessoa no coletivo, sem necessariamente ela estar no
“cargo” – coordenação, comumente por conceito denominada de
liderança informal. O importante é que seja formal ou informal, o espírito
da coordenação no CVV, se norteie pelo bem servir, inspirar, criar,
cocriar, nortear e realizar em ressonância com os princípios, práticas,
preceitos, valores, missão e visão institucional, em prol da qualidade e
disponibilidade do trabalho com o grupo e dos serviços à sociedade.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
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8. TIPOS DE LIDERANÇA

A maneira pela qual as funções de coordenação de tarefas são


37
distribuídas no grupo define os tipos de liderança:

1. Centrada no Líder
a) Autocrática: Concentra iniciativa em si. O líder único exige
obediência, decide, e não consulta os participantes. O líder impõe
as suas ideias e decisões ao grupo, e não ouve a opinião do grupo.
b) Democrática: O líder único busca ideias, sugestões e estimula a
participação. Dá as grandes perspectivas do trabalho e deixa
detalhes a cargo do grupo. Estimula a participação do grupo e
orienta as tarefas.
Ambas estão baseadas na Teoria dos Estilos de Decisão dos Líderes.

2. Centrada no Grupo

A liderança desenvolve suas funções, embasada no propósito do grupo,


de modo a atuar enquanto facilitadora do processo da comunicação e
harmonização interior (de cada membro) e exterior (entre os membros). Há
liberdade e confiança no grupo.

No CVV, denominamos de coordenação, as pessoas que exercem esta


função de liderança facilitadora que se norteiam pelos alicerces e
princípios básicos: cooperação, fraternidade, crescimento interior,
disponibilidade, compreensão, confiança, aceitação e respeito.

A Liderança Democrática é um estado desejável de transição para a


Liderança Centrada no Grupo. Uma situação comum é a Liderança
Democrática com traços das demais. Raramente, absolutamente
Autocrática ou Centrada no Grupo.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
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Módulo – DE LIDERANÇA À COORDENAÇÃO

Coordenação, Coordenador e Abordagem Centrada no Grupo. 38

Transição do Eu para Nós


 Liderança comum para Direção Centrada no Grupo
 Coordenador membro do grupo
 Coordenador sancionado
 Coordenador de tarefas específicas
 DCG: Quando o grupo atinge o seu potencial criativo
 Contribuição eficaz
 Grupo eficaz
 Autenticidade do coordenador (sem interesses escusos)
 Obstáculo à prática da DCG = interna (cultural)
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
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9. DE LIDERANÇA À COORDENAÇÃO

Em meados da década de 90 fomos alterando as expressões “líder”, 39

“liderança”, “coordenador”, “coordenação”, assim como “líder


centrado no grupo”, “liderança centrada no grupo”, “direção centrada
no grupo”, com o objetivo de clarificar ao Voluntariado CVV, a
percepção vivencial do sentido e valor inestimável dos grupos para a
sustentabilidade do trabalho e do serviço e sua expansão, a importância
da fraternidade, colaboração e cooperação a qualidade no bem servir.

A expressão coordenação conectada a direção centrada no grupo, se


coadunam com o sentido do necessário cuidar do ambiente
psicologicamente seguro e o clima de confiança favorável ao
crescimento da pessoas e dos grupos. Em que a pessoa nomeada para
esta função contínua ou uma situação pontual fara a coordenação das
ações e atividades de modo a facilitar a comunicação entre os membros
do grupo e o trabalho em conjunto em prol de um objetivo comum.

Rogers, expandiu e aprofundou seu foco em seus últimos trabalhos para


o potencial criativo e transformador das pessoas e da sociedade, na
dinâmica das relações e interações, a vital importância do campo dos
relacionamentos interpessoais, das relações duradouras e significativas,
para além das relações sociais no desenvolvimento das pessoas, da
sociedade e da humanidade, na jornada do “ser realmente o que se é”.

Transcender a terminologia das palavras e compreender o seu conceito


histórico na vivência institucional é essencial, para assimilar o sentido e a
intenção das coisas. Enquanto instituição e grupo, reconhecemos a
importância vital do exercício da liderança – coordenação no campo
dos conceitos da atualidade, em especial ao que se preconiza na
abordagem centrada no grupo e nas pessoas.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
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Dentre as habilidades essenciais desta função facilitadora está o saber


vivenciar a abordagem centrada no grupo, que se relaciona com sua
experiência, perfil e jeito natural de ser, em prol da beleza de estimular o 40

crescimento e desenvolvimento das pessoas e do grupo, tendo enquanto


uma das estratégias a arte de delegar. Mais do que saber delegar, é
preciso saber a diferença entre delegar, delargar e entregar.

Delegar o que é delegável por grau de maturidade, perfil,


disponibilidade, interesse, habilidade, e competência, é uma
competência essencial. Bem como manter consigo o que requer cuidar
e estimular a maturidade dos membros do grupo, até que torne
delegável - possível delegar e etc. Ciente que delegar demanda
investimento de tempo, cuidado e energia para acompanhar, apoiar,
orientar, reorientar, estimular, confiar, estar ao longe e ao lado.

No CVV, há sempre uma Coordenação de Grupo, escolhida por este, por


um período de tempo determinado para cumprir e observar o
cumprimento dos objetivos deste, e das normas coletivas gerais do CVV e
específicas do Serviço ou Grupo. Essa Coordenação sancionada poderá
ser a coordenação de uma situação específica, como qualquer outro
integrante do grupo.

É incorreta a ideia de que a coordenação de grupo (em qualquer


instância) deva permanecer omissa nas diversas situações. A distinção
entre a omissão e a atitude de facilitação a emergência de coordenações
de situações específicas, tarefas e objetivos institucionais é algo que
merece a atenção da coordenação sancionada e de todo o grupo.

O que é necessário compreender é que a coordenação de uma


determinada situação é, e continua sendo sempre, um membro do grupo.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
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10. COORDENAÇÃO OU DIREÇÃO CENTRADA NO GRUPO

Observar e vigiar as próprias posturas e intenções para nutrir a clareza de 41


papeis, cargos e funções, de modo a se perceber e ser percebida
enquanto membro do grupo, é atribuição da coordenação e do grupo.

É natural e faz parte da função que ao estar na coordenação a pessoa se


destaque ou seja destacada, exigida e observada de maneira diferente
pelo coletivo, para além de suas características, competências, perfil e
atributos pessoais, existe todo um aspecto cultura e social em torno da
posição de liderança – coordenação – facilitação, que perpassam pelos
sentimentos, pensamentos e ações defensivas e confiantes dos indivíduos
e do coletivo. A maturidade emocional – espiritual e a experiência, para
além da intenção das pessoas e do grupo faz toda a diferença no processo
de amadurecimento da sabedoria coletiva.

O processo de coordenação a direção centrada no grupo, demanda


uma experiência mútua e visceral de investimento nas suas
potencialidades e as do grupo, e vice versa, para que possam ser
plenamente exploradas. As normas gerais do CVV e particulares de cada
grupo e Serviço estão incorporadas ao saber e à prática de uma parcela
significativa dos voluntários. Cabe a ela exercer a liderança sempre que a
situação exigir quer na condição de coordenação ou como membro do
grupo (Grupo de Voluntários, Grupo Executivo Local, Grupo Executivo
Regional, Grupo Executivo Nacional) para orientar, reorientar e nutrir o
norte do que nos torna Grupo CVV.

Um grupo obtém a sua adaptação fluida, quando utiliza o máximo


potencial criativo da totalidade dos seus membros. Isto é diferente de exigir
ou querer significar uma participação igual de todos, significa investir e dar
espaço para a contribuição mais eficaz de cada um.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

Esse máximo potencial criativo é alcançado quando cada membro


também é livre para assumir a função de coordenação da tarefa para a
qual está apto. O grupo mais eficaz é aquele capaz de criar condições
42
através das quais o exercício da coordenação passa a ser cada vez mais
a da facilitação da comunicação e funcionalidade deste de modo natural
e interdependente, com sua alternância e expansão estimulada com
maturidade e sentido.

O processo de assumir todas as funções de coordenação pelo grupo


acontece de modo gradual e por experiência sabemos que não se dá e
nem pode ocorrer abruptamente, uma vez que isto gera riscos ao coletivo,
que podem resultar em prejuízos a Instituição e a Rede.

É preciso que algumas coordenações assumam, efetivamente, seu papel


até que as condições necessárias para a distribuição completa da
coordenação sejam alcançadas progressivamente.

As coordenações que artificialmente se colocam como "membros", e não


assumem o seu papel, podem transmitir insegurança ao grupo, ou, o que
é pior, que tem interesses escusos, em especial quando de liderança
ausente para a liderança autocrata, que comumente conceitualmente se
denomina este conceito que no CVV estamos a denominar de “se colocar
artificialmente enquanto membro do grupo”.

Temos meditado nos últimos tempos de como contribuir com a


assimilação do conceito “DCG – Direção Centrada no Grupo”, de modo
a apoiar o grupo em seu entendimento e conceito, que se coaduna no
que em Rogers, encontraremos como “ACG – Abordagem Centrada no
Grupo”, cuja bussola está na construção de consenso, com espaço para
ser, e apoio para o desenvolvimento e crescimento individual e coletivo.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

No CVV chamamos de “Direção Centrada no Grupo”, o trabalho


executado por um grupo autodirigido.

43
Tornar-se um grupo autodirigido requer tempo, energia e investimento. Um
caminhar no processo de amadurecimento, prática e convivência entre
as pessoas com o grupo e o grupo com as pessoas, até que isto se efetive.

A direção centrada no grupo é diferente do sentido do comando ou do


dirigir por parte do grupo, em que todos fazem tudo e decidem tudo juntos
o tempo todo, valendo a maioria. É um equívoco conceitua condicionar
“dcg” ao mero sentido de tomada de decisão, maioria e votação.

DCG está intrinsicamente relacionada no focar na relação e interação das


pessoas com o grupo e do grupo para com as pessoas, para que uma vez
harmonizada flua e funcione em sua plenitude. E vale clarificar que
harmonização engloba o espaço para diversidade, para o ser, sentir,
pensar e existir diferente, contudo me harmonia de propósito e direção. É
a celebre lição “podemos ter divergências de ideias e convergir no ideal”.

Na perspectiva de clarificar que o cerne da DCG atende por conceito e


sentido a postura da coordenação e dos membros do grupo na
preservação e cuidado com a relação, interação, indivíduos e coletivo,
através da vivencia da abordagem centrada na pessoa e no grupo,
enquanto jeito natural de ser e conviver, que investe no desenvolvimento
das potencialidades e capacidades, e na facilitação da comunicação
interior “da pessoa para com ela” – “do grupo para com o grupo”, e que
repercute na harmonização individual e coletiva e por consequência na
qualidade e disponibilidade para o trabalho em grupo e o serviço à
sociedade, elucidamos que jaz aqui o ambiente psicologicamente seguro
e o clima de confiança que respeita e escutas todas e ambas as vozes –
maioria o minoria, há espaço para ser e estar.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

11. FUNÇÕES E ATITUDES DOS MEMBROS DE UM GRUPO AUTODIRIGIDO

Do ponto de vista essencialmente prático, o que fazem as pessoas de um 44

grupo autodirigido? Definimos, com a ajuda de Rogers e colaboradores,


cinco funções:

a) Transmissão de Calor Humano e Empatia: Empatia é essa


capacidade de assumir o papel do outro, vivenciando
emocionalmente, e não friamente, a experiência comunicada.

b) Ouvir Atentamente: Geralmente, quando um dos membros do grupo


fala, os demais estão pouco atentos no que é comunicado. Com
frequência estão pensando no que irão dizer em seguida, ou
buscando argumentos para contradizer pontos de vista
discordantes.
b.1) Pelo fato de não precisar impor as suas ideias próprias, seus
interesses pessoais e respeitar sinceramente as contribuições nascidas
do grupo, os membros de um grupo autodirigido podem dedicar a
sua atenção integral ao que está sendo comunicado.

c) Compreender: Não é suficiente ouvir atentamente, é necessário


compreender o que está sendo comunicado do ponto de vista do
outro, assumir o papel do outro.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

d) Transmitir Aceitação: É necessário que cada membro do grupo


sinta-se aceito como ele é contribuindo da forma que lhe é possível
contribuir para o crescimento do grupo. É importante destacar que 45

o grupo necessita ter uma noção básica bastante clara dos limites
dentro dos quais pode desempenhar esta atitude de aceitação,
genuína e sinceramente.
d.1) A realidade concreta determina estes limites, e ela é
representada no CVV pelo Regimento Interno, as Normas e os
Princípios, e esta realidade somente pode ser alterada através de
procedimentos compatíveis nas instâncias adequadas de ação.
d.2) A insegurança e a imaturidade do coordenador de uma
determinada tarefa diante destes limites impostos pelas Normas
torna-o mais rígido, formal e inflexível, além do necessário.

e) Estabelecer um Vínculo entre o Conteúdo da Comunicação dos


Diversos Membros: Na aparência, os comentários dos diversos
membros parecem muitas vezes seguirem canais independentes.
e.1) De início é preciso desenvolver paciência e tolerância às
dificuldades de uma tomada de decisão coletiva.
e.2) O trabalho é de compreender cada comentário e comunicar
essa compreensão dá unidade à discussão que passa então a seguir
um canal único.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

Em resumo, estas cinco funções poder ser reduzidas a: ouvir, compreender


e comunicar esta compreensão e aceitação.

A coordenação de determinada tarefa, centrada no grupo, desenvolve 46

atitudes facilitadoras para o grupo e para o próprio desempenho de suas


funções, a saber:
- Acredita na dignidade dos demais membros do grupo e os respeita
como pessoas diferentes, de si mesmo.
- Compreende que os membros não são pessoas a serem usadas,
influenciadas ou dirigidas para que objetivos pessoais sejam alcançados.
- Acredita que o grupo pode satisfazer-se melhor do que qualquer um dos
membros poderá fazê-lo, isoladamente.
- Entende que é direito fundamental do grupo autodirigir-se e
autorrealizar-se, segundo seus próprios termos.

Em síntese: são as atitudes de aceitação, respeito e confiança. Essas


atitudes criam o "clima" e orientam as "funções da coordenação".
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

12. O CLIMA DE UM GRUPO AUTODIRIGIDO


Pondo em prática essas atitudes, a coordenação de cada tarefa, no
momento da discussão e deliberação, cria algumas condições (clima)
47
para que sejam alcançados os objetivos do grupo:

a) Oportunidade de Participação: a impossibilidade de participar


desenvolve nos membros dos grupos uma conduta resistente,
desinteressada e passiva. Ao contrário, os grupos autodirigidos propiciam
clima altamente estimulante para a criatividade dos membros.

b) Liberdade de Comunicação: a ausência de barreiras para a


comunicação livre entre os membros do grupo favorece a solução de dois
problemas comuns:
 As hostilidades internas quando não comunicadas e solucionadas
impedem o desenvolvimento satisfatório do grupo.
 As opiniões, pontos de vista e conceitos diferentes para cada um dos
membros ocasionam dificuldades para o compartilhamento de
experiência, afastando e impossibilitando o consenso.
 Em outras palavras, é necessário que os membros do grupo falem o
mesmo idioma.

Aspectos tais como separação espacial física, periodicidade de contato,


encontros e reuniões, plantões individuais, bem como a natureza do
trabalho, podem limitar a maturidade dos membros do grupo e do grupo
para o conceito de livre comunicação.

É necessário, portanto, que as oportunidades de encontros, reuniões e


outras atividades facilitem ao máximo a qualidade da comunicação entre
os membros, a fim de compensar eventuais fatores limitadores.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

c) Clima de Confiança: Quando o clima é de confiança, o ambiente


se torna seguro para contribuir com o desenvolvimento,
amadurecimento, crescimento das pessoas e do grupo. 48

Consequentemente as pessoas sentem-se seguras, e interessadas


em participar e colaborar, uma vez que se percebem livres de
julgamentos, rótulos, hostilidades, ironias ou avaliações tóxicas,
sentem-se compreendidas, ouvidas, aceitas, sentem-se livres de
pressões externas que as obriguem a mudar.

O grupo que assim age baseia-se na confiança de que os membros


quando se sentem aceitos, respeitados e compreendidos, facilitam a livre
manifestação de sua "força para o crescimento", de caráter positivo e
construtivo.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

13. PROBLEMAS E DIFICULDADES MAIS COMUNS

A personalidade, o caráter e o temperamento das pessoas 49

frequentemente podem criar obstáculos à integração e ao crescimento


individual e grupal.

As atitudes desenvolvidas pelo grupo podem facilitar ou dificultar a


superação ou a amenização dessas dificuldades.

Com relação às atitudes da coordenação, cabe algumas reflexões:


a) A coordenação deve planificar? À medida que o grupo assume as
funções da liderança e a coordenação passa a ser vista por este como um
membro, os esforços de planejamento da coordenação não são
diferentes dos esforços desenvolvidos por qualquer outro membro.
b) Participação dos membros: Um clima de confiança e aceitação e um
ambiente psicologicamente seguro é estimulante à participação de todos.
c) Por vezes a coordenação não chega a distribuir-se completamente. Em
alguns grupos de trabalho ou alguns grupos executivos, nem sempre todas
as funções da coordenação podem ser distribuídas. Este é também um
destes limites que devem estar claros para todos os elementos do grupo.

Na prática, nem sempre é possível ao grupo ver a coordenação como um


membro exatamente igual. Certas características da coordenação
podem ser marcantes, tais como: experiência anterior, conhecimento, etc.
Idealmente, no entanto, devemos sempre procurar fazer com que essas
diferenças sirvam de inspiração, bons exemplos e estímulo ao processo
natural de distribuição da coordenação, deste modo quanto mais as
pessoas com este perfil, nível de maturidade e importância para o coletivo
assumirem o papel de facilitadoras – educadoras, maior a qualidade do
processo do tornar-se grupo, e da aprendizagem mútua.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
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14. O PROCESSO EVOLUTIVO DE LIDERANÇA CENTRADA NO


LÍDER PARA COORDENAÇÃO CENTRADA NO GRUPO
50

A maioria das funções da coordenação centrada no grupo são assumidas


pelos membros durante esse processo:

a) A Participação Centrada no Eu para Participação Centrada no Grupo: À


medida que as necessidades individuais são satisfeitas, os membros se
sentem aceitos, respeitados e seguros, não necessitam mais defender-se a
si próprios. Ganham liberdade para dedicar suas energias para que o
grupo como um todo se desenvolva.

b) Aumento da Expressão Espontânea dos Sentimentos dos Membros: Os


membros sentem-se seguros para expressar seus verdadeiros sentimentos.
b.1) Os membros passam a compreender-se mutuamente melhor, mais
facilmente chegam aos consensos, e a ação se faz fluída sentido do grupo.

c) Diminuição da Dependência em Relação a Coordenação: As forças


criativas de cada membro são liberadas, alcança-se a autorrealização e o
autodesenvolvimento; as pessoas aprendem a assumir a responsabilidade
pelos seus sentimentos, ideias e conduta.

d) Aceitação das Normas do Grupo: É fato que todo grupo aceita melhor
as normas estabelecidas por ele próprio e resiste às normas impostas.
d.1) Por outro lado, sabemos que nossas normas foram criadas a partir de
reflexões e experiência de muitos anos e atendem às necessidades do bom
funcionamento prático do nosso trabalho.
d.2) Faz-se necessário que as coordenações entendam que as Normas
obtidas pela experiência do próprio grupo de trabalho são geralmente
mais eficazes, duradouras e com tendência a desenvolverem maior
respeito e compromisso por parte dos integrantes do trabalho.
d.3) A coordenação que se sente assim apoiado tem condições para
facilitar esse processo de crescimento grupal, desenvolvendo em si a
maturidade necessária para o momento de se desfazer de cargos. Para
ela fica claro que coordenação não se faz através do poder sobre pessoas
ou cargos, ela pode ser emergencial ou necessária, segundo o momento
e necessidade dos grupos.
CDGC
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Módulo - O Processo de Tornar-se Grupo

Fases: Sentimento
Pensamento do Grupo 51
Ação

Fases: Comunicação interna


Exercício de Vida Plena do Grupo
Fortalecimento do Grupo

O Outro em primeiro lugar


Delegação de autoridade pelo grupo
 Melhora na qualidade do trabalho
 Estimula criatividade
 Autonomia (valorização)

Saber se dirigir ao grupo


 Humildade
 Planejamento
 Reuniões – andamento
 Preparação (zeramento)
 Participação no grupo
 Preparação prévia
 Respeito
 Objetividade
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15. O PROCESSO DE TORNAR-SE GRUPO

Tornar-nos pessoa implica no exercício de assumir a responsabilidade pelos


52
nossos sentimentos, pensamentos e ações, de modo a nos aproximar cada
vez mais do nosso Eu Real – nosso Si Mesmo.

É diferente de um estado, revela-se num processo contínuo de


aprendizado, uma orientação, um objetivo a ser nutrido, um “norte para a
nossa vida”.

Da mesma forma, a abordagem centrada no grupo, é também um


processo a ser alimentado continuamente.

É o que poderíamos chamar de exercício de Vida Plena do grupo, que


consiste principalmente no esforço contínuo de buscar a plena
comunicação interior e exterior entre todos os recursos do grupo. Um grupo
é constituído por diversos integrantes, cada qual com suas habilidades,
capacidades e potencialidades. São os recursos que o grupo dispõe para
viver plenamente e quanto mais se harmonizam em si, mais se harmonizam
entre si.

Viver plenamente significa estar aberto para bem aproveitar toda as


situações ou fatos que se apresentam na vida do grupo.

Quando funciona de forma imatura, o grupo coloca-se contra o seu


próprio crescimento, fechando-se por temor dos “fatos da vida”.

À medida que exercita o seu pleno funcionamento, o grupo encara-os


como amigos, já que compreende os “fatos da vida” constituindo a
própria vida em si.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

Viver é exercitar e desenvolver os recursos potenciais que dispõe, tomando


em suas mãos a responsabilidade de alcançar os objetivos traçados, o que
alguns denominam “destino”. Nesse processo de “aprendizado de viver e
53
conviver”, com frequência, o grupo percebe os fatos como perdas, ou
ameaças de perda, e, portanto sente que precisa defender-se. O grupo
defende-se de diferentes formas, e isto consome energia.

A consequência revela-se nas falhas na comunicação entre os seus


recursos interiores. A fluidez da comunicação é indispensável ao
funcionamento do grupo a seus fins propostos, visa dar respostas assertivas,
oportunas e eficientes às “exigências” da vida.

Adaptando o que conhecemos sobre o funcionamento da pessoa, ao


funcionamento do grupo, identificamos “fases ou ciclos” desse processo
de tornar-se grupo.

Conexão 07 Fases do Tornar-se Pessoa com o Tornar-se Grupo

Polo Rigidez Fluidez


Fixidez Fluído
Comunicação Repugnância Facilidade

Relacionamentos Evita / são perigosos Vivencia


Íntimos

Desejo de Mudança Não Existe Constante

Reação às Afastamento Vivencia


Experiências

Reação aos Não os reconhece Vive-os como


Problemas oportunidade

Congruência Não Sim

Reação aos Não são São vivenciados no


Sentimentos reconhecidos presente e
plenamente aceitos
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Exemplos de Fases na Observadas


1. A fase inicial é a da comunicação dificultada consigo mesmo. A
tendência é a de falar dos outros: outras pessoas, outros grupos, ge,
54
diretoria, outros serviços etc.
2. Busca de um culpado para as “dificuldades da vida” do grupo fora
de si mesmo. Poderíamos identificá-la didaticamente como “fase
maledicente e agressiva” do grupo?
3. Na fase seguinte desenvolve-se alguma comunicação interna,
porém de forma superficial e inócua. É correto chamá-la de “fase da
chacrinha e do bate-papo”?
4. Posteriormente a comunicação se aprofunda, mas “travando ou
bloqueando” certos setores. O mais comum é o grupo “travar” os
seus sentimentos, indo direto do pensamento para a ação. Dizemos
que não houve comunicação entre o potencial de raciocínio e
ação do grupo, e o seu potencial de sentir. Poderíamos chamá-la
“fase da objetividade insensível”, ou “da insensibilidade objetiva?”.
5. O grupo pode também “travar” a sua capacidade de fazer uso do
pensamento, do raciocínio, da lógica. Nesse caso ele “navega” do
sentimento direto para a ação e vice-versa, podendo concluir que
tudo está ótimo, ou tudo está péssimo, conforme o humor do grupo
naquele momento. Seria correto denominar esta situação de “fase
do sentimentalismo ineficiente ou paralisante”?
6. Há ainda a fase em que o grupo identifica os seus inimigos
internamente, e então se divide em setores isolados que não se
aceitam e não se compreendem entre si. A agressividade volta-se
para o próprio grupo. Seria correto identificar essa fase como “a do
racha, ou dos sectarismos, ou da tentativa de suicídio do próprio
grupo”?
CDGC
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Todas essas fases e tantas outras não citadas representam ciclos de


crescimento do grupo, e também revelam travamentos, máscaras e
“deficiências” que ocorrem nesse processo. 55

A tarefa primordial da coordenação é a de facilitar a comunicação entre


os diversos recursos e potencialidades, facilitando o exercício de Vida
Plena do Grupo, o Ciclo da Vida com o Grupo, e o respeito ao Semáforo.
Tarefa esta, que quando compartilhada com outros membros, amplia a
sabedoria coletiva. Daí a necessidade de criar condições para que surjam
coordenações específicas também para as tarefas que visam o
fortalecimento do grupo.

Cabe facilitar o emergir de: coordenações harmonizadoras, conciliadoras,


dialogadores, animadoras, conforme a tarefa seja a harmonização, a
conciliação, o diálogo, a animação, etc.

No CVV é fundamental que os grupos funcionem bem. E isto significa


funcionar com foco no Ideal que nos reúne, para que possam aproveitar
todas as oportunidades de aprendizado e aperfeiçoamento da nossa
capacidade de ajuda.

A ação em grupo permite multiplicar as capacidades individuais e


coletivas. É o que podemos obter no CVV: somos mais de 4000 voluntários
ajudando-nos mutuamente no trabalho e potencializando a nossa
capacidade de ajudar as pessoas que nos procuram, a sociedade, e a nós
mesmos enquanto Pessoas e Grupo para melhor Ser e Servir.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
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O exercício da congruência individual e coletiva, é um diferencial a


profundidade e qualidade das relações e interações. Integra a
consideração positiva incondicional (que refere-se a experiência do
56
existir e viver) e a compreensão empática, com a confiança na
tendência atualizante dos indivíduos e do grupo, que juntas integram a
oferta do clima psicologicamente seguro e o clima de confiança que
contribua com a comunicação interior - a harmonização entre o sentir,
pensar, querer, agir e existir, ao encontro da intenção genuína de efetivar
a expressão autentica na dinâmica das relações e interações, que
repercute na conexão congruente de todos os recursos do grupo.

Toda expressão harmoniza a intenção pura que considera a Pessoa e o


Grupo em sua totalidade, num exercício de empatia e compaixão, se
expressa com respeito a existência da Pessoa e do Grupo, confiança nas
potencialidades e capacidades individuais e coletivas, em equilíbrio com
a disponibilidade de tempo, aprimoramento contínuo e
autoconhecimento, e o espirito prático da cooperação em prol do bem
estar, em sintonia espiritual com o trabalho ao dar de si.

Na Abordagem Centrada na Pessoa e no Grupo, o foco está na relação,


o que pressupõe cuidar do movimento e qualidade das relações, com o
objetivo de contribuir com a comunicação interior de cada organismo,
para que este possa se harmonizar, e assim preservarmos o fluxo da
conexão, de:
 Pessoa para Pessoa;
 Pessoa para Grupo - Grupo para Pessoa;
 Pessoa para Organização – Organização para Pessoa;
 Grupo para Grupo;
 Grupo para Organização - Organização para Grupo;
 Organização para Organização.
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Tendências Observadas na ACG – Abordagem Centrada no Grupo

Rogers, em sua perspectiva de grupos e na dinâmica interpessoal,


propõe algumas reflexões enquanto tendências observadas no processo 57

da Abordagem Centrada no Grupo - ACG enquanto parte do processo


de crescimento e desenvolvimento das pessoas e do grupo. Estas
tendências podem nos apoiar no processo de amadurecimento do
conceito da Direção Centrada no Grupo - DCG, para o CVV, tais como:
1. Hesitação (receio para livre expressão, medos e inseguranças);
2. Resistência a expressão interior (autoconhecimento, auto-
observação);
3. Descrição de sentimentos do passado;
4. Expressão de sentimentos defensivos (sentimentos
desconfortáveis);
5. Expressão e aproximação de significado pessoal;
6. Expressão de sentimentos interpessoais imediatos no grupo;
7. Desenvolvimento da capacidade nutritiva “terapêutica” do
grupo;
8. A Aceitação do Si Mesmo e o começo da mudança;
9. O Estalar das Fachadas;
10. O indivíduo é objeto de reação (Feedback) por parte dos outros;
11. Confrontação;
12. Relações de Ajuda de fora do Grupo;
13. O Encontro Básico;
14. Expressão de sentimentos confiantes (confortáveis) e intimidade;
15. Mudança de comportamento no Grupo.

Destacou em seus estudos, também em especial para as relações íntimas


e de longo prazo, como casamento, relacionamento familiar,
relacionamento profissional (remunerado ou não remunerado) ou de
amizade duradoura, quatro elementos básicos, que contribuem
mutuamente, com o amadurecimento do SI Mesmo - a aproximação
plena do “ser quem realmente se é”, o crescimento e desenvolvimento
individual e coletivo, a saber:
1. Compromisso contínuo;
2. Comunicação - Expressão de sentimentos;
3. Não-aceitação de papéis específicos;
4. Capacidade de compartilhar a vida íntima.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
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16. SUGESTÕES DE MECANISMOS QUE SE MOSTRARAM EFICIENTES

Na Direção Centrada no Grupo os “problemas” – os fatos a serem


avaliados - emergem naquele grupo específico e as soluções surgem e 58

dependem daquele grupo; do seu momento como grupo, de seus


membros, de sua capacidade de comunicação, etc.

A depender do estágio de maturidade do grupo, da intensidade do


problema, da eventual indisponibilidade para propiciar o ambiente
psicologicamente seguro e o clima de confiança no grupo, por vezes pode
ser fazer necessário a busca e o encontro da ajuda, intergrupo ou externa.

A observância para com as instâncias no CVV, é um diferencial para a


fluidez do fluxo da comunicação. Sendo os aspectos da afinidade,
confiança, disponibilidade, habilidade e competência da individual e ou
coletiva elementos facilitadores essenciais no processo de apoio ao grupo.

Saber pedir, receber, oferecer e dar ajuda é vital, para o Processo do


Tornar-se Grupo.

As ferramentas “Semáforo, Triângulo da Bermudas, Ciclo da Vida,


Feedback, Exercício de Vida Plena e Treinamento de Papeis”, servem de
apoio para o Grupo reconhecer-se em processo, aproximar-se do Terreno
e abrir-se a experiência do autoconhecimento do seu próprio Mapa
Grupal.

Nossa experiência no CVV nesta forma de coordenar em grupos se dá de


modo colaborativo, através do aprimoramento contínuo deste processo,
que é percebido enquanto a forma coerente de vivenciar os alicerces
CVV Uma Proposta de Vida (compreensão, fraternidade, cooperação e
crescimento interior), e toda a Filosofia do Trabalho, que jaz na
aproximação de Proposta para Postura de Vida do Grupo e
respectivamente de seus Membros.

A seguir apresentaremos alguns mecanismos que têm se revelado eficazes


na jornada do “Tornar-se Grupo”, e que podem ser expandidos,
amadurecidos e aprimorados no processo de experimentação de cada
grupo de modo a aproximar-se cada vez mais do Jeito de Ser Grupo CVV.
CDGC
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a) Delegação de Autoridade pelo Grupo


O desenvolvimento da responsabilidade, independência, liberação das
potencialidades individuais, oportunidades de participação, etc., 59

fortalecem e expandem com prática. A habilidade do grupo em delegar


autoridade no momento emergente é ponto chave.

Benefícios deste processo


1. Alivia o trabalho da coordenação.
2. Estimula auxiliares competentes, e futuras coordenações.
3. Permite a ausência ocasional da coordenação sem prejuízo das
atividades.
4. Estimula a responsabilidade.

Como fazer
1. Analisar as tarefas, subdividi-las em seus componentes principais.
2. Permitir as pessoas escolherem as tarefas.
3. Definir claramente o que se espera como resultado de cada tarefa.
4. Iniciar pelas tarefas rotineiras e repetitivas.
5. Fornecer os meios de treinamento e condições fundamentais.
6. Assumir o risco de necessários “ajustes”, posteriores.
7. Evitar interferir naquilo que foi decidido.
8. Estabelecer formas de acompanhar as decisões.
CDGC
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b) Reuniões

Como facilitar a fluidez das reuniões


1. Elaborar agenda prévia e construção de pauta colaborativa;
60
2. Consultar previamente local e horário;
3. Respeitar o horário de início e encerramento;
4. Centrar na pessoa e no grupo, de modo a facilitar as interações para
com os objetivos propostos e o propósito do grupo;
5. Reduzir as discussões paralelas e interrupções, através da atenção
plena e do espaço de voz – escuta e fala empática;
6. Preferencialmente para as interações presenciais utilizar a disposição
do ambiente em forma de círculo. Quando por webconferencia
estimular o uso de voz, vídeo e chat;
7. Cuidar dos recursos: iluminação, rascunhos, recursos didáticos, etc.;
8. Facilitar o conhecimento de todos os membros;
9. Registrar as proposições e deliberações.
10. Clareza do objetivo do fórum (cada grupo e reunião tem um objetivo
específico, e ater-se a ele é fundamental).

Como Facilitar a Interação dos Membros no Grupo


1. Expressar-se com franqueza. Suas ideias são tão valiosas quanto às
dos demais;
2. Ouvir cuidadosamente, independentemente de pensar diferente.
Nutrir o espaço emocional de abertura para acolher e compreender
o ponto de vista de cada membro do grupo é fundamental.
3. Respeitar o espaço de fala, e expressar sua percepção ou
contribuição após a conclusão da pessoa que está com a palavra.
4. Uso solidário do tempo e espaço, atendo-se ao que é importante.
5. Estudar antecipadamente os assuntos da reunião, trazer material
para estudo e aprimoramento: artigos, notas, sugestões.
6. Colaborar com o grupo. Participar nas funções de coordenação.
7. Oferecer sua sugestão e solicitar esclarecimentos das sugestões
quando necessário.
8. Reconhecer as divergências enquanto oportunidade “fato amigo”.
9. Acatar as deliberações do grupo e aplica-las integralmente.
10. Voltar a discutir assuntos já discutidos, quando estritamente
necessário e no momento oportuno.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
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17. EXERCÍCIOS
EXERCÍCIO 1
ESCOLHA O SEU ESTILO DE COMPORTAMENTO
ASSINALE A FRASE QUE MELHOR DESCREVE VOCÊ: 61

DOMINAÇÃO
c - Pertenço a vários grupos, mas só compareço às reuniões quando há
algo que me interesse particularmente.
d - Gosto do trabalho de comissões, porém não gosto de assumir a
liderança do trabalho.
a - Perco o interesse nos grupos que procuram seguir sempre a mesma
rotina e não aceitam as minhas sugestões.
b - Procuro conscientemente a liderança nos grupos de trabalho.
e - Muitas vezes, sem procurar, sou escolhido para liderar os grupos.

TATO
a - As pessoas, com frequência, não entendem os meus comentários no
grupo.
c - Minhas capacidades me dizem que sou indicado para liderar em
situações difíceis.
d - As pessoas, raras vezes, ficam ressentidas, quando corrijo seus erros ou
quando os crítico.
e - Eu conscientemente procuro e me preocupo em tratar com tato as
pessoas.
b - Antes de tentar que as outras pessoas aceitem os meus pontos de vista,
procuro saber como elas se sentem, para então ajustar as minhas ideias às
delas.

COMUNICAÇÃO
e - Acredito que todas as outras pessoas do grupo são amigas, e procuro
facilitar a participação de todas.
d - As pessoas dizem que me procuram com problemas que não gostam
de discutir com a sua própria família.
b - Procuro dar sempre um incentivo às outras pessoas para que façam o
que quero.
c - Quando, numa festa, a conversa com pessoas estranhas para, procuro
animá-la com um assunto de interesse geral.
a - Tenho já algumas ideias firmadas sobre os erros e loucuras da
juventude e não hesito em manifestá-las à nova geração.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
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MATURIDADE
a - Quando quero o que pretendo, pouco importam as consequências
para mim e para os outros.
e - Respeito às opiniões dos outros e acato as decisões do grupo. 62

d - Muitos já me disseram que aceito gratuitamente as críticas bem


intencionadas e construtivas.
b - Acredito que falar a verdade para os outros é um bem para eles.
c - Quando acredito num assunto, após examinar os prós e os contras,
tomo uma posição, embora os assuntos nem sempre estejam muito
populares.

ATITUDES
a - Incomodo-me quando as pessoas não fazem o que quero. O meu
temperamento, às vezes, me tem ajudado muito.
b - Muitas vezes tomo uma determinada atitude com outra pessoa,
esperando que ela demonstre o mesmo comportamento em relação à
minha pessoa.
e - Creio que deveria fazer todo o esforço para aceitar a mudança e
deixar que está aconteça com o decorrer do tempo.
c - Vacilo toda vez que devo tomar uma decisão; muitas vezes deixo
passar o tempo, para que as circunstâncias forcem a decisão.
d - Escuto pacientemente as pessoas das quais discordo.

COOPERAÇÃO
d - Quando as pessoas se desentendem, procuro intervir e reconciliá-las.
c - Lidando com colegas, procuro colocar-me no lugar deles, tratando-
os como gostaria que eles me tratassem.
e - Gosto de aceitar a ajuda dos outros, acreditando sempre que essa
ajuda irá contribuir com o meu trabalho.
b - Se um superior me disser: "Diga assim e assim, eu o quero
imediatamente", eu mudo esta mensagem e o tom de voz: "O superior
muito apreciaria se você fizesse o mais cedo possível".
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
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A CHAVE PARA OS ESTILOS DE COMPORTAMENTO

a) Autoritário (diz).
63
b) Político (vende).
c) Avaliativo (testa).
d) Participativo (consulta).
e) Centralizado no grupo (junta).

CENTRALIZADO CENTRALIZADO
NO LIDER NO GRUPO

AUTORITÁRIO POLÍTICO AVALIATIVO PARTICIPATIVO CENTRADO

DIZ VENDE TESTA CONSULTA


JUNTA

A B C D E

Este diagrama apresenta diferentes comportamentos do líder em relação


às atitudes tomadas com os membros do grupo. Quanto mais localizados
à esquerda estão os comportamentos "Centralizados no Líder", porque a
decisão depende em grande parte da análise que o líder faz do problema,
seus interesses, experiências e motivações. Caminhando-se para a direita
estão os comportamentos "Centralizados no Grupo" porque as ações
refletem o pronunciamento dos membros do grupo sobre o problema,
assim como os seus interesses, experiências e motivações.
CDGC
Curso Direção Centrada no Grupo
atualização março 2022

CINCO MODELOS TÍPICOS DE COMPORTAMENTOS DE LIDERANÇA

Da complexa lista dos comportamentos do líder, aqui são


apresentados os cinco modelos mais típicos, partindo dos chamados
altamente "Centralizados no Líder" para os altamente "Centralizados no 64

Grupo".

"DIZER"... O líder identifica um problema, aprecia soluções com


alternativa, escolhe uma e a seguir diz para os outros membros o que fazer.
Pouco importa o que o grupo pense sobre a decisão tomada, pois o
mesmo não participa diretamente da tomada de decisão. Usa-se ou não
a coação.

"VENDER"... O líder, como no caso anterior, é quem decide sem


consultar o grupo. Entretanto, em vez de simplesmente anunciar sua
decisão, experimenta persuadir os membros do grupo para que aceitem a
decisão feita. Mostra como tal decisão é importante para a organização
e os interesses do grupo, e como os membros serão beneficiados com a
posição tomada.

"TESTAR"... O líder identifica um problema e propõe uma tentativa de


solução. Antes, porém de finalizá-la, procura obter as reações do grupo
para implementá-la. Diz: "gostaria muito da reação franca do grupo à
proposta apresentada, e só então tomarei a decisão final".

"CONSULTAR"... Aqui o líder dará uma oportunidade para que os


membros do grupo influenciem, desde o início, na decisão. Apresenta um
problema, enriquecendo o mesmo com informações importantes,
pedindo, a seguir, que os membros do grupo deem sua opinião, e as
soluções possíveis. O grupo é convidado a apresentar diversas alternativas.
O líder, a seguir, seleciona a solução que lhe parece mais promissora.

"JUNTAR"... Aqui o líder participa da discussão como outro membro


qualquer do grupo, concordando desde o início em respeitar a decisão do
grupo. Os únicos limites impostos são aqueles dados pelos superiores do
líder.
No CVV, entendemos por limites as decisões tomadas por um grupo
mais abrangente. Por exemplo, o grupo de voluntários terá como limite as
deliberações do GE, os GEs Regionais terão como limite as deliberações do
GE Nacional e assim por diante. É importante ressaltar que essas
deliberações, em qualquer instância, resultaram de consulta prévia aos
voluntários e a escolha recaiu na alternativa mais adequada para o
momento.
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EXERCÍCIO 2

Leia as situações de Grupo 1, 2, 3 e 4 que refletem os Estágios de


Participação Centrada no Eu (Eu) e de Participações Centradas no Grupo
(CG) e discrimine quais as que representam uma ou outra. 65

Cada letra significa a expressão de um dos membros do grupo. Você deve


sinalizar qual expressão você compreende. Se considerar que a expressão
está Centrada no Eu, insira na coluna da esquerda - em branco “Eu”, se
considerar que está Centrada no Grupo insira na coluna da esquerda - em
branco a sigla “CG”

Situação 1

Durante a reunião do grupo "X", para tratar de assuntos referentes ao


trabalho, acontece o seguinte diálogo:

A) Não concordo com essa rigidez de horários que tem sido


adotada! Isso tem me prejudicado bastante.
B) Não podemos mudar agora, porque eu já me organizei
segundo esses horários que nós mesmos planejamos.
C) Para mim tanto faz. De qualquer forma eu consigo me ajeitar.
D) Ocorre que esses horários também estão sendo muito
insatisfatórios para mim.
...e seguem-se as discussões sobre o assunto envolvendo o
grupo todo...

Situação 2

Numa reunião do grupo executivo desenvolve-se o seguinte diálogo:

A) Estou comunicando que vou deixar o meu cargo a partir de


agora e não há possibilidade de reconsideração.
B) Você percebe que com isto os demais terão uma sobrecarga
de responsabilidade além do suportável, não?
C) Você está comunicando que não há possibilidade de
reconsiderar.
D) Acho que o que ocorreu é que você se desinteressou a partir
do momento em que algumas pessoas começaram a se
afastar dos trabalhos e a sua comissão ficou reduzida em
número.
... e o diálogo continua...
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Situação 3

Em uma reunião observa-se o diálogo a seguir:

A) Pessoal, eu estou com muita dificuldade em comparecer às 66

reuniões mensais, pois como vocês sabem estou com nenê


novo... Se pelo menos elas fossem num outro horário...
B) Bem, acontece que neste grupo tudo é feito de maneira
democrática, em função da maioria. E este dia e horário foi
tirado depois de muita discussão.
C) Além disso, tem até mais pessoas tendo dificuldades, mas se
viram e acabam dando um jeito.
D) Eu acho que a gente acaba perdendo muito tempo discutindo
assuntos já resolvidos, e eu estou preocupado com outras
questões importantes que teremos de resolver ainda hoje.
A) Puxa, eu sei que tudo isto é um transtorno, mas é que eu gostaria
muito de poder continuar participando.
E) Você (A) está preocupado em poder participar das reuniões e
sugere que fossem em um outro horário.
... e segue-se a reunião...

Situação 4

Numa reunião da comissão de estudos desenvolve-se o seguinte diálogo:

A) Pessoal, esta nova atividade que tenho profissionalmente está


me impedindo de continuar como membro da comissão,
embora gostaria muito de continuar...
B) Acredito que você até tem que continuar, pois das atividades
que estabelecemos, muitas foram sugeridas por você, e só
você sabe como desenvolver.
A) É eu sei, mas estou sem saber como continuar com este
compromisso.
C) Tenho certeza que você saberá encontrar uma saída, não é
pessoal?
A) Sei não!...
E) (A) seus impedimentos estão te deixando triste, pois gostaria de
continuar, está confusa e com dúvidas, sem saber como
resolver...
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EXERCÍCIO 3
Cada frase das situações seguintes representa uma participação
Autoritária, Democrática ou Centrada no Grupo. Assinale ao lado de
cada frase qual participação você acha que é.
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Situação 1
1 Nós já discutimos isso e eu já expliquei os motivos, pois que se trata
de único horário que disponho no momento.
2 Minha sugestão é que consultemos o grupo, verificando se o grupo
poderá buscar um horário satisfatório para todos.
3 Você tem se sentido frustrado por não poder se dedicar ao grupo
tanto quanto gostaria, pelo motivo da incompatibilidade de horário.
4 Não podemos mudar o horário a cada problema dos membros,
para isso foi dada a escolha do dia e grupo.
5 Será que juntos não poderíamos solucionar o problema conciliando
o pensamento de todos até chegarmos a uma definição única?

Situação 2
1 Acho que você está tirando o corpo fora justamente quando o seu
grupo está na pior. Agora, como coordenador, é sua obrigação
arrumar a casa, e não largar a bagunça na mão de outro.
2 Parece que algo muito sério aconteceu para que você tomasse esta
decisão. Você não gostaria de colocar a razão para que você fique
mais leve e possamos chegar a um consenso?
3 Já disse que é irrevogável minha decisão. Não volto atrás; já fiz
demais pelo grupo e pelo trabalho, acho que agora preciso me
concentrar um pouco em mim.
4 Vamos pensar no grupo, verificando se seria o melhor para todos.
Temos que analisar as coisas de uma maneira lógica.
5 Conversei com vários elementos do seu grupo e noto que estão
preocupados com o que acontece com você, quanto ao destino
do grupo, que tal sentarmos e conversarmos com eles? Talvez dividir
as tarefas com os demais...
6 Você já fez muito pelo grupo e pelo trabalho, agora gostaria de
pensar um pouco em você mesmo.

Situação 3
3 E se a gente gastasse um tempo aqui e votasse um novo horário?
2 Eu particularmente não concordo, mas se a maioria achar que está
bem.
4 Eu volto a dizer que não gostaria de perder tempo.
5 O grupo está confuso, perdido, sem saber o que fazer...
1 Por favor, gente, vamos tocar a reunião, afinal já estou me sentindo
mal o suficiente...
... e a reunião continua...
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EXERCÍCIO 4
Analise as situações de grupo a seguir, e desenvolva uma ou mais frases
tentando centrar no grupo as colocações dos integrantes.

GRUPO 1 68

A) ... Gostaria que outro companheiro elaborasse a Aula "A Pessoa do


Voluntário".
B) Temos, pois, uma dificuldade, pois estamos às vésperas da realização
do PSV.
C) Eu já estou bastante atarefado com a elaboração do Estágio.
Você:_____________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

GRUPO 2
A) Mesmo com a ausência do nosso coordenador vamos dar sequência
à nossa reunião.
B) Ótimo. Vamos começar com a prática do "Treinamento de Papéis". C
e D iniciarão como Outra Pessoa/Voluntário, e eu, por ter mais
experiência, irei dirigir a reunião.
E) Eu tenho um atendimento que gostaria de vivenciar como Outra
Pessoa.
B) Aguarde que logo a seguir, então, será a sua vez.
D) Não seria melhor iniciarmos a reunião com um "aquecimento"?
B) Deixe comigo. Eu farei isso por último.
Você:_____________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

GRUPO 3
A) Tenho tido problemas de horário para participar das reuniões.
B) Eu também. Tenho sentido que o nosso coordenador é um pouco
incisivo na deliberação do dia e hora da nossa reunião.
C) Nosso grupo se reúne nos finais de semana, desta forma, todos
participam.
B) Falarei com o coordenador para mudar os dias das nossas reuniões.
Você:_____________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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EXERCÍCIO 5 – ONDE ESTOU EU


Os coordenadores que desejam examinar suas próprias atitudes
encontrarão um guia na seguinte lista de colocações: mesmo entre
coordenadores mais eficientes haverá sempre alguma discordância nas
próprias atitudes e filosofia. São meramente perguntas provocadoras que 69

outros coordenadores se fizeram para poder fazer em face de cada caso.


Procure checar o enunciado com o qual você mais concorda.

No QUESTÃO Concordo Inseguro Nem um


nem outro
1. O fator mais importante para a eficiência do grupo é a
inteligência do coordenador.
2. O fator mais importante para a eficiência do grupo é a
habilidade com que cada membro dá a sua contribuição.
3. As metas formuladas pelo grupo todo serão melhor para o
grupo.
4. O coordenador, muitas vezes, conhece melhor que o grupo
quais as metas que o grupo deve conseguir.
5. O grupo mais eficiente é aquele no qual cada membro se sente
livre para liderar.
6. Todos os grupos precisam de um coordenador.
7. O coordenador deve manter alguma autoridade sobre o grupo.
8. A autoridade é certamente uma função do grupo todo.
9. O coordenador perde sua eficiência ao permitir que suas ideias
sejam desafiadas demais.
10. Um grupo eficiente é aquele cujos membros são sempre livres
para desafiar o coordenador.
11. O coordenador deve tentar diminuir a diferença de status entre
si mesmo e o grupo.
12. Um coordenador deveria ter mais status e prestígio que os
membros do grupo.
13. A maioria das pessoas é muito mal informada para poder
contribuir numa discussão de grupo.
14. Todo membro deveria ser considerado um colaborador em
potencial numa discussão de grupo.
15. O coordenador deveria facilitar toda dependência sobre ele
para ensinar o grupo.
16. O coordenador deveria procurar diminuir toda dependência
sobre ele mesmo.
17. Um coordenador deverá segurar seu poder, procurando fazê-lo
com sabedoria e justiça.
18. Caso o coordenador exerça seu poder sobre o grupo, os
membros não colaborarão tão bem como se não o exercesse.
19. As pessoas aprendem a ser dependentes, mas também desejam
libertar-se da direção dos outros.
20. As pessoas são basicamente dependentes e querem que seus
pensamentos sejam dirigidos por aqueles que sabem mais.
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AVALIAÇÃO – CDCG – CURSO DE DIREÇÃO CENTRADA NO GRUPO

NOME: _______________________ CVV: _______________ DATA:__________

1. Tarefa prévia – 10 questões orientadoras sobre o conteúdo do CDCG 70

e Exercício.
As questões visam à preparação do voluntário para o curso e o
direcionamento, da facilitação para assuntos que necessitem
maiores esclarecimentos.
As questões não serão necessariamente corrigidas no curso.

2. Ao final, junto com a avaliação do curso acrescenta-se a Ficha de


Autoavaliação do Voluntário, conforme sugestão abaixo:

FICHA DE AUTO-AVALIAÇÃO DO PARTICIPANTE


(atribuindo notas de 1 (ruim) a 4 (muito bom))
Muito Pontuação
Bom Regular Ruim
Bom do Item
Pontualidade
Motivação
Interesse
Atenção
Participação
Envolvimento com o grupo
Compreensão do conteúdo
Soma

3. Após o Curso:
 Ler o capítulo 8 do livro “Psicoterapia Centrada no Cliente” de Carl
Rogers, estabelecendo uma relação e sua vivência; e enviar uma
apreciação.
4. Aprovação do voluntário participante do curso: ter sido considerado
apto em pelo menos dois, dos quatro critérios sugeridos.

Critérios:
1. Tarefa prévia no tempo previsto.
 Sim  Não
2. Ficha de autoavaliação.
 Sim (17 a 28 pontos)  Não (abaixo de 17 pontos)
3. Tarefa posterior dentro do prazo previsto.
 Sim  Não
4. Avaliação feita pelos Monitores e Facilitadores do curso.
 Sim  Não (Refazer o curso)
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BIBLIOGRAFIA

 BENJAMIN, A. - A Entrevista de Ajuda. Livraria Martins Fontes Editora Ltda,


71
SP, 2ª edição, 1983.
 FREIRE, P. - Pedagogia do Oprimido. Editora Paz e Terra Educação, RJ,
17ª edição, 1987.
 FREIRE, M. M. C. – O que é Grupo – Indivíduo, saber e parceria: Malhas
do Conhecimento – São Paulo: Espaço Pedagógico, 1997, 63 p.
 GARRET, A. - A Entrevista. Seus Princípios e Métodos. Editora Agir, RJ, 8ª
edição, 1981.
 O Processo de Tornar-se Grupo. Boletim do CVV, p.3-4, maio, 1997.
 Manual da Coordenação, 2001.
 Apostila do CA 2, 2001.
 GORDON, T. - Psicoterapia Centrada no Cliente. (Carl Rogers:
Organizador).
 JAMES, M. e JONGEWARD, D. - Nascido para Vencer: Análise
Transacional e Experiências Gestalt. Editora Brasiliense, SP, 7ª edição, 1982.
 PAGÉS, M. - Orientação Não-Diretiva em Psicoterapia e Psicologia
Social. Editora Forense, E.D.U.S.P., 1976.
 ROGERS, C.R. - Tornar-se Pessoa. Gráfica Editora Bisordi Ltda, SP, 3ª
edição, 1990.
 ROGERS, C.R. - Um Jeito de Ser. Editora Pedagógica e Universitária Ltda,
SP, 1ª edição, 1983.
 STEVENS, J.O. - Tornar-se Presente: Experimentos de Crescimento em
Gestalt-Terapia. vol. 1, Summus Editorial Ltda, SP, 1977.
 VISCOTT, D.S. - A Linguagem dos Sentimentos. Summus Editorial Ltda, SP.

Apostila CDCG – Revisão


Diretoria do Programa CVV de Prevenção do Suicídio
Comissão Nacional de Estudos – Ribeirão Preto - Março 2015
Comissão Nacional de Estudos – São Paulo - Revisão - Fevereiro 2017

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