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ARTE E A MORTE

Em toda a história da humanidade a arte sempre foi utilizada para registrar a morte.
Nas imagens do inferno a arte é utilizada para mostrar o terror, capaz de aprisionar o coração e a mente do
povo.
A dois mil anos - Itália utilizava a arte para transmitir mensagens reconfortantes de uma vida eterna. A morte
era a prazerosa esperança de uma nova vida. Os túmulos encontrados nas escavações mostram imagens
reconfortantes de uma vida eterna. Mostram também, contraditoriamente, imagens de demônios com
personagens estranhas apoderando-se dos corpos, provavelmente de malfeitores.

ETRURIA
Etruscos.
A cultura
que Roma destruiu
Eles dominaram boa parte da Península Itálica até se renderem ao
jugo romano. As necrópoles da região da Toscana contam sua
história e os geneticistas tentam descobrir se deixaram
descendentes

TEXTO EXTRAÍDO DA EDIÇÃO Nº 75


DA REVISTA SUPERINTERESSANTE,
DE DEZEMBRO DE 1993
Quando os antigos gregos, em sua aventura de expansão comercial e colonizadora, aportaram, no

início do século VIII a.C., nas costas do Mediterrâneo, onde hoje é a Itália, esta era considerada

uma região bárbara. Por isso, os refinados helenos se surprenderam ao encontrar um povo curioso

cuja civilização se mostrava bem avança-da. Mais especialmente, ficaram impressionados com a

pirataria que eles praticavam. Os gregos chamaram esse povo de tirreno e com esse nome

ficaram conhecidos os etruscos na Antigüidade. Naquela época, eles ainda viviam em aldeias, não

conheciam a escrita, e possuíam uma arte rudimentar, diz o arqueólogo Norberto Guarinello, da

Universidade de São Pau-lo, autor de uma extensa pesquisa sobre a cerâmica etrusca. Mas muito

rapidamente foram se desenvolvendo e expandindo seus territórios até conquistar Roma.

O sorriso etrusco. Fonte: www.zonalibre.org


A presença dos tirrenos num mundo onde o denominador comum era o atraso, em comparação

com a civilização grega, levantava algumas questões. A principal, e que inquietou várias gerações

de historiadores, era: afinal, de onde vinham os etruscos? Foi Dionísio de Halicarnasso, historiador

grego, quem mais se preocupou em averiguar as raízes daquele povo enigmático.

Fragmento em terracota. Séc. II a.C. Museu Arqueológico Nacional.

No século I a.C., ele escreveu Antiguidades romanas, no qual expunha as diferentes hipóteses que

conhecia sobre a origem dos etruscos: umas apontavam para suas raízes orientais e outras, como

a do historiador grego Heródoto, afirmavam que eles teriam vindo da Lídia, na Ásia Menor, e se

misturado aos autóctones. Finalmente, Dionísio formula sua própria teoria: É possível que os que

mais se aproximem da verdade sejam os que declaram que este povo não veio de lugar algum, é

autóctone, pois é muito antigo e sua língua e forma de vida não coincide com nenhuma outra

civilização.
Leão funerário. Séc. VI a.C.

Estava lançada a polêmica: havia conjecturas para todos os gostos e estas foram engrossando

com o correr dos séculos. Entre elas, a de que teriam vindo da Europa central, da região do

Danúbio. A mais original, entretanto, fala de uma cultura etrusca, em vez de povo etrusco. Para os

defensores dessa teoria, a mais aceita pelos etruscólogos hoje, a Etrúria não significa

necessariamente uma nação, mas uma cultura comum, uma língua, uma religião. No entanto, vez

ou outra tropeça-se numa questão importante: o idioma. O número de textos é pequeno e nada se

sabe sobre a origem da língua, pois ela não é aparentada a nenhuma outra. Porém, dá para ler e

identificar os verbos, os substantivos e os adjetivos, diz o professor Guarinello. Em seu livro

Etruscologia, o historiador italiano Massimo Palottino revela que os sinais do alfabeto etrusco foram

identificados no século XVII e em princípios do século XIX foram comparados ao alfabeto grego e

ao latino. Também é certo que durante o século VII a.C. os etruscos tinham adotado um alfabeto

grego com 26 caracteres.


Mesmo sendo um povo de origens incertas, sua história é contada pelas necrópoles que deixaram.

A Etrúria desenvolveu-se na Itália central, a oeste da Cordilheira dos Apeninos, basicamente onde

hoje é a Toscana. Seu território se limitava ao norte pelo Rio Arno, a leste e sul pelo Rio Tibre e a

oeste pelo Mar Tirreno, assim chamado porque era com esse nome que se denominava os

etruscos. O início do desenvolvimento de sua cultura singular, distinta da do restante de seus

vizinhos da Península Itálica, remonta a meados do século VIII a.C. Depois da chegada dos
gregos, as aldeias etruscas acabaram se transformando em cidades, e tiveram como base a

estrutura das cidades-Estado, como na Grécia.

Homem desfrutando de seu banquete.

Esse processo de urbanização das aldeias foi lento e demorado, mas alguns fatores favoreceram a

expansão da cultura etrusca como a chegada à região de uma enorme quantidade de

comerciantes vindos de além-mar, facilitando o surgimento de um mercado. Entre eles, estavam os

sardos, atraídos pelo ferro da Ilha de Elba e os navegadores procedentes do Mar Egeu e das

costas asiáticas: gregos principalmente. A princípio, eles criaram pequenos portos no sul da

península e mais tarde formaram autênticas colônias, como a de Cumas, em 725 a.C., na Baía de

Nápoles. O que os gregos queriam, na verdade, era estabelecer colônias ao norte, onde havia um

mercado promissor, mas sabiam que seria difícil, pois a população local, formada por etruscos e

latinos, era bastante numerosa para ser expulsa. Além disso, os povoados, sempre em lugares

altos e próximos à costa eram fortemente defendidos.


Perugia, a capital da Umbria. Cidade construída pelos etruscos.

A monarquia foi a primitiva forma de governo dessas cidades-Estado sendo mais tarde substituída

por um governo oligárquico encabeçado por magistrados. Sabe-se pouco sobre as funções que

eles exerciam, porém supõe-se que se o poder estava concentrado nas mãos da aristocracia, mais

especialmente no sul, isso se devia à agricultura. Já no norte, em cidades como Populonia, onde

se fundia o ferro que vinha de Elba, é possível imaginar uma classe dominante de homens de

negócios dedicados à manufatura e exportação. O restante se dividia em um grupo de homens

livres, outro de escravos aqui entendidos como cidadãos de segunda classe, eram dependentes

mas não propriedade dos mais ricos e colônias de residentes estrangeiros, gregos basicamente.
Guerreiro

Nesse caso se incluía o coríntio Demarato, que viveu e fez fortuna na cidade de Tarquínia. Seu

filho seria eleito rei de Roma, em 616 a.C., com o nome de Lúcio Tarquínio, ou Tarquínio, o Velho.

É claro que o fenômeno da urbanização não se produziu de uma só vez. Segundo alguns registros

históricos, Roma teria surgido em 753 a.C. essa é a data mais aceita, embora com ressalvas, e

nessa mesma época os etruscos fundaram Veio, Cere, Tarquínia e Vulci. Depois, no final do

mesmo século, seriam criadas Populonia, Vetulonia e, talvez Orvieto. No século VII a.C. se

consolida-riam Volterra e, possivelmente Cortona, enquanto Arezzo e Chiusi se constituiriam como

cidades propriamente ditas na transição do século VII ao VI a.C. Foi exatamente essa a época de

maior esplendor e máxima expansão da civilização etrusca, quando também Roma se tornou
etrusca. A essa altura, os tirrenos eram os senhores de boa parte da península, na área que se

estendia da Campania, no sul, até o Vale do Pó, ao norte.

A titolo puramente illustrativo il modellino che ricostruisce il probabile

aspetto di un tempio etrusco. Fomte: blog.aruba.it

Não se sabe ao certo como se deu esse processo expansionista. Sabe-se ter existido uma espécie

de liga de doze cidades principais: Tarquínia, Cere, Veio, Vulci, Volsini e Vetulonia eram algumas

delas. Tudo indica que se reuniam uma vez ao ano para celebrar um festival religioso. Porém, não

se pode afirmar com segurança que tenham juntado seus recursos para fundar uma federação que

servisse de base ao poder etrusco. É pouco provável também que sua organização naval e bélica

tivesse tido em algum momento o respaldo adequado para manter com sucesso um império

territorial diante de possíveis inimigos. Assim, depois de rápido florescimento no século VII a.C. e

um breve e brilhante período de expansão imperialista durante o século VI a.C., seguiu-se uma

série de insucessos iniciados com sua expulsão de Roma em 509 a.C. Com isso caíram as rotas

de comunicação por terra entre a Etrúria e a Campania.


O poderio naval etrusco também sofreu um duríssimo golpe algum tempo depois, quando, em 474

a.C., seus navios, aliados com a frota cartaginesa, enfrentaram os gregos conduzidos por Hieron

de Siracusa, e foram destroçados na batalha de Cu-mas. Mais adiante foram expulsos de Cápua e

de outras cidades do sul. Até que finalmente, em 400 a.C., também perderam as cidades do norte

para os gauleses. Ao mesmo tempo, os romanos marchavam sobre o centro da península,

conquistando as cidades etruscas. No século V a.C., Veio foi destruída e no decorrer do século IV

a.C., toda a Etrúria capitulou. Em 270 a.C., já era parte da federação romana.

Sem dúvida, surgia um novo mundo no qual a Etrúria tinha de se integrar, ainda que sacudida por

rebeliões contra a nova ordem estabelecida. Se durante o século III a.C. Roma fundou colônias em

pleno território etrusco, como Cosa ou Castro Novum, e lenta mas implacavelmente foi introduzindo

a língua e os costumes romanos, o processo de romanização da Etrúria recebeu o golpe definitivo

em 90 a.C., quando a Lei Júlia converteu em cidadãos romanos todos os itálicos. A partir de então

se tornaria muito difícil e complicado separar o etrusco da história romana.


Era o fim de um povo alegre e amante dos prazeres, que procurava a felicidade na vida cotidiana.

Ao menos é a impressão que se tem ao examinar as pinturas das tumbas etruscas, especialmente

as datadas dos séculos VIII a V a.C., que retratavam banquetes, jogos atléticos e homens

pescando e mergulhando no mar. Daí em diante, as cenas são deprimentes, com representações

do inferno povoado de demônios e de mulheres aladas com caras de animais, explica o professor

Guarinello. Essa impressão de felicidade durante o apogeu fez com que o escritor inglês D. H.

Lawrence (1885-1930), autor do clássico O amante de Lady Chaterley, refletisse assim sobre os

etruscos: Não se pode bailar alegremente ao som da flauta e ao mesmo tempo conquistar nações

e ganhar grandes somas de dinheiro. Essa descrição, porém, não é totalmente correta.

Cena de simpósio. Afresco etrusco. Data: séc. -VI.

Bolonha, Museo Archeologico. Fonte: greciantiga.org


Na realidade, os etruscos foram bons administradores e eficientes homens de negócios, capazes

de fabricar produtos de alto nível técnico, embora talvez não reunissem as condições necessárias

para se manter no poder. Seja como for, o certo é que, além do ferro, algumas cidades

manufaturavam objetos de bronze, tradição que veio do Oriente. Nelas também se plantava trigo e

se produziam vinho e azeite de oliva, coisas que aprenderam com os gregos. Além disso, tinham

grande produção artesanal de barcos, cordas, velame para navios, e cerâmica. Eles sempre foram

grandes ceramistas e produziam uma cerâmica negra, semelhante à porcelana chinesa. Até hoje

não se descobriu a técnica que eles usavam, lembra o arqueólogo Guarinello.

Perusia, porta antiga (com arco etrusco)

Os etruscos foram também notáveis construtores de cidades. Marzabotto, pequena vila próxima a

Bolonha, na atual região da Emilia-Romagna, tinha uma ampla rua principal cruzada por várias vias

secundárias que se estendiam em quadras, esquema que foi mais tarde copiado pelos romanos.

Porém, se as características urbanísticas desenvolvidas pelos vivos é admirável, o universo de

pedra que criaram para os mortos é surpreendente.

Arco etrusco de 600 d.C.


Os cemitérios etruscos chegavam, em algumas ocasiões, a configurar-se como autênticas cidades,

a ponto de o escritor italiano Curzio Malaparte (1898-1957) afirmar: As verdadeiras cidades dos

etruscos são as necrópoles. As cida-des dos vivos não eram senão subúrbios das dos mortos.

Sarcófago etrusco.

Tudo isso revela uma grande preocupação pela vida além da morte e obviamente a existência de

ritos fúnebres complexos. De fato, quando morria um personagem notável, seu corpo era exposto

em algum lugar da necróple durante vários dias, aguardando a chegada de amigos e deuses que

vinham de seus lugares de origem. Mais tarde havia uma procissão (ekphora) até a pira e dali à

tumba uma casa subterrânea com salas, quartos e cama onde se depositavam as urnas funerárias.

Os mortos eram sepultados com todos os seus objetos pessoais, incluindo roupas, jóias e armas.
Interior de tumba etrusca

No interior da Etrúria, a regra era a cremação, enquanto na zona costeira meridional se enterravam

os defuntos. A parte mais vistosa do ritual, que aparece freqüentemente em pinturas e relevos,

vinha depois de se deixar o morto ou suas cinzas na tumba. Celebrava-se então um grande

banquete, do qual só participavam alguns convidados. Seu significado era recordar a constante

renovação da natureza e a prolongação da vida depois da morte. Concluída a comilança, os

convidados assistiam a provas atléticas, corridas de cavalos e combates de homens contra cães

que, provavelmente, deram origem às lutas de gladiadores.

Pintura no interior de tumba

Estes jogos fúnebres tinham um toque macabro, como mostram as pinturas: homens com a cabeça

coberta por um saco carregando uma clava numa das mãos e na outra um cão selvagem preso por

uma coleira. Talvez por isso é que o escritor latino Arnóbio (século IV) tenha classificado a Etrúria
como princípio e mãe de todas as superstições. Para o historiador Tito Lívio (59/64 a.C.-17 d.C.),

ao contrário, o povo etrusco seria uma raça superior a todas as demais, consagrada a crenças e

cerimônias religiosas.

Interior de tumba etrusca

Mas o que distinguiu a cultura etrusca das outras foi um conjunto de crenças e rituais que recebeu

o nome de disciplina etrusca. Tratava-se de uma concepção religiosa da natureza e do mundo na

qual todos os entes naturais contêm a manifestação da vontade divina. Para eles, os desígnios

divinos se manifestavam por meio da natureza, bastando observá-la atentamente e interpretá-la

para conhecer o futuro e as formas de modificá-lo. Os intérpretes da vontade dos deuses eram os

arúspices e os princípios da chamada aruspicina a arte de adivinhar a partir da análise minuciosa

do fígado dos animais oferecidos aos deuses, e da leitura dos raios e trovões vinham de uma

revelação do deus Tages. Ele teria surgido de um sulco no campo traçado por um lavrador etrusco,

com a cara de um menino e a prudência de um ancião.


Segundo a lenda, relatada pelo escritor latino Marco Túlio Cícero (106 a.C.- 43 a.C.), Tages reuniu

toda a Etrúria em um determinado lugar e pronunciou um discurso que serviu de base para a

ciência praticada pelos arúspices. Muito depois da decadência da nação etrusca, seus arúspices

ainda faziam parte do séquito dos generais e imperadores romanos, e seguiriam influenciando as

instituições de Roma e o curso de sua história. Mais um elemento que se somou a outros

fortalecendo as raízes etruscas que sobreviveram entre os romanos.

Afrodite armada
Para saber mais: A guerra sem fim (SUPER número 1, ano 1) / Na montanha dos deuses (SUPER

número 10, ano 3) / Prometeu, martir e herói (SUPER número 4, ano 4) / Uma nação chamada

Europa / (SUPER número 9, ano 5) / O vilão reabilitado (SUPER número 10, ano 7)

Possíveis
sobreviventes

O deus etrusco Ixion crucificado.

O que restou dos etruscos além de esculturas, pinturas, inscrições e tumbas? Quem sabe,

descendentes. Eles podem ser os 2.000 habitantes da pequena Murlo, na província de Siena. Ao

menos é a hipótese levantada pela equipe do professor Alberto Piazza, diretor do departamento de

Genética da Universidade de Turim, Itália. Para começar, os cientistas recolheram amostras de

sangue de 150 murlenses a fim de estabelecer por meio do exame do DNA molécula que

determina as características das pessoas se seu patrimônio genético é igual ou parecido com os

dos antigos habitantes da Toscana.


O Projeto Murlo nasceu depois que os pesquisadores liderados por Piazza concluíram uma

detalhada análise dos marcadores genéticos dos povos itálicos: grupo sanguíneo, dados

antropométricos como altura, cor dos olhos e da pele. A análise desses fatores permitiu mapear

detalhadamente os povos que se estabeleceram na Península Itálica na época pré-romana,

divididos em três grupos principais: celta-ligúrios ao norte, etruscos no centro e gregos no sul.

Esses dados, no entanto, são insuficientes para saber se há uma continuidade biológica entre os

etruscos e um determinado grupo de homens de hoje.


A resposta mais segura pode ser dada comparando-se o DNA dos murlenses com o DNA dos

ossos que se encontram nas necróples etruscas que rodeiam Murlo. A escolha dos murlenses para

a experiência se explica: o local foi bastante preservado ao longo dos séculos, não foi invadido

nem destruído e por isso, provavelmente, não sofreu misturas étnicas que caracterizaram outras

populações. Ainda não escolhemos as técnicas para extrair o DNA dos ossos, explica o professor

Piazza. A dificuldade é que eles estão contaminados por diversos tipos de materiais, devido à

manipulação por parte dos arqueólogos. Outra pista curiosa é a sugestão de uma equipe de

glotólogos estudiosos da linguagem de que os etruscos deviam aspirar o C (pronunciando hasa em

vez de casa) como se faz em algumas áreas da Toscana. A pesquisa mal começou e por isso ainda

vai demorar um tempo para sabermos se, de fato, os etruscos deixaram herdeiros.
Um berço da
emancipação feminina

Mesmo nas mais avançadas sociedades da Antigüidade ocidental, as mulheres sempre ocuparam

papel secundário, reduzidas à sombra dos maridos. Na Grécia, por exemplo, encerravam-se no

mundo doméstico e em Roma sofriam inúmeras restrições. Na Etrúria havia maior consideração

pelas representantes do sexo feminino, em relação a outras culturas do mundo antigo e, por isso,

os etruscos não eram vistos com bons olhos. Para se ter uma idéia do que os romanos pensavam

sobre as mulheres etruscas basta ler um fragmento de um escrito do dramaturgo latino Plauto

(284-187 a.C.): Receberás de teu pai vinte mil talentos, para que não tenhas que ganhar um dote à

moda etrusca, prostituindo vergonhosamente teu corpo.


Toda essa violência verbal se deve ao fato de que a etrusca vivia menos enclausurada, sentava-se

ao lado do marido nos banquetes e trocava carinhos com ele, em vez de se retirar das reuniões,

como acontecia entre os gregos. Ela também assistia aos jogos e espetáculos misturando-se com

os homens e não perdia seu sobrenome nem seu nome ao se casar como era costume em Roma.

Isso fazia parte de seus direitos. Havia casos em que, em suas tumbas, escreviam-se os nomes do

pai e da mãe.
Figura de mulher

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No Egito, os túmulos dos Faraós são um exemplo muito conhecido do uso da arte na vida e na morte.
O que é importante observar é que a arte sempre foi utilizada para dominar a mente. Os nazistas usavam um
crânio e dois ossos cruzados; Os Astecas construíam pirâmides mostrando as várias camadas sociais com
esculturas de crânios que registram a história de sacrifícios homanos.
Jesus Cristo pregado na cruz é o símbolo mais poderoso e mais intenso que mostra o horror da morte e ao
mesmo tempo a esperança na salvação e vida eterna. Duas formas opostas: dor, sofrimento e a reconfortante
subida aos céus. As obras de El Greco e Botticelli estão repletas de imagens que mostram estas contradições
de maneira genial.
A igreja Cristã sempre soube utilizar bem a arte para dominar a mente humana. Outras igrejas que a imitam
ou a seguem também utilizam a arte para pregar suas crençãs.
Nicéas Romeo Zanchett - artista plástico

Luxor
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25° 41' N 32° 39' E

Luxor

Templo de Karnak, fachada do primeiro pilono


Templo de Luxor, pilonos e estátuas colossais do faraó Ramsés II

Templo de Hatshepsut, terraços intermediário e superior


Aeroporto Internacional de Luxor

Luxor (em árabe: ‫ القأصر‬al-Uqṣur) é uma cidade do sul do Egito, capital da província de mesmo nome. Sua
população é de 376,022 (censo de 1999), e sua área, de 416 km².

A Luxor moderna cresceu a partir das ruínas de Tebas, antiga capital do Império Novo (1550-1069 a.C.) e situa-se a
670 km ao sul do Cairo. A sua riqueza, tanto arquitetônica como cultural, fazem dela a cidade mais monumental das
que albergam vestígios da antiga civilização egípcia. O Nilo separa Luxor em duas partes: a margem oriental,
outrora consagrada aos vivos, onde encontramos os vestígios dos mais importantes templos consagrados aos
deuses da mitologia egípcia, e a margem ocidental, consagrada aos mortos, onde se localizam algumas das mais
importantes necrópoles do antigo Egipto, segundas em importância relativamente às existentes no planalto de Gizé,
no Cairo, e onde foram feitos alguns dos achados arqueológicos mais significativos da antiga civilização,
designadamente o túmulo de Tutankhamon, descoberto em 1922 pelo célebre arqueólogo e egiptólogo inglês
Howard Carter.

Na margem Oriental encontra-se:

 O Templo de Karnak, sendo o maior dos templos do antigo Egipto cujos vestígios
chegaram até nós, foi dedicado à tríade tebana divina de Amon, Mut e Khonshu, e
foi sucessivamente aumentado pelos diversos faraós, tendo levado mais de mil anos
a construir. Constitui uma mescla de vários templos fundidos num só. O seu grande
destaque é a Grande Sala Hipostila, cujo tecto era suportado por 134 enormes
colunas, ainda actualmente existentes, e consideradas como sendo as maiores do
mundo.

 O Templo de Luxor, foi iniciado na época de Amenhotep III e só foi acabado no


período muçulmano. É o único monumento do mundo que contém em si mesmo
documentos das épocas faraónica, greco-romana, copta e islâmica, com nichos e
frescos coptas e até uma Mesquita (Abu al-Haggag).

 Museu de Luxor, é um belo e interessante museu ainda que pequeno. Foi


inaugurado pelo ex-Presidente francês Valéry Giscard d'Estaing em 1974. Possui
uma importante colecção de todas as épocas do Egipto Antigo. Uma sala aberta
recentemente contém as últimas descobertas arqueológicas do Templo de Luxor.

Na margem Ocidental encontram-se:


 O Vale dos Reis, principal necrópole real do Império Novo do antigo Egito, possui
62 túmulos dos faraós desse período e também os túmulos dos faraós Tutankamon,
Ramsés IX, Seti I, Ramsés VI e o de Horemheb. Ainda hoje se continuam a retirar
jóias dos túmulos dos filhos de Ramsés II. Os túmulos aí existentes designam-se
pelas siglas KV (significando Kings Valley, em português vale dos reis) seguidas de
um número, sendo este atribuído consoante a ordem cronológica da descoberta de
cada túmulo. No total existem 62 túmulos, sendo o mais importante precisamente o
número 62, o do Faraó Tutankhamon, mais pelo espólio do achado do que
porventura a importância do faraó. Em 1994 os arqueólogos começaram a escavar o
túmulo KV5, considerado pouco importante até então. Encontrou-se o maior e mais
complexo túmulo do Vale dos Reis. Julga-se ter encontrado o túmulo dos 52 filhos
de Ramses II. Até agora foram descobertos uma sala com 16 colunas, vários
corredores e mais de 100 câmaras. Apesar de não terem sido encontrados tesouros,
foram no entanto recuperados do entulho milhares de artefatos. Os trabalhos
arqueológicos, ainda longe do fim, prolongar-se-ão por vários anos antes de se abrir
o túmulo ao público.

 O Vale das Rainhas, onde se destacam os túmulos do Príncipe Amenkhepchef, da


Raínha Ti e o da Raínha Nefertari, esposa do Faraó Ramses II. Este último, foi
aberto ao público em 1995. No entanto, a entrada neste túmulo está actualmente
vedada ao público para conservação dos hieróglifos, recentemente restaurados. Este
túmulo dispõe de alguns dos mais bem conservados e coloridos hieróglifos egípcios.

 O Templo mortuário da Raínha Hatshepshut, o seu estilo arquitectónico é único. Foi


projectado e construído por Senenmut, arquitecto da Rainha Hatshepsut. Esta
Raínha (18ª Dinastia) governou como um autêntico faraó sendo assim considerada a
1ª mulher chefe do Governo na História. Este templo constitui uma visão
impressionante, tendo sido talhado parcialmente na rocha, e a visão do mesmo
funde-se na grandeza da encosta calcária que lhe serve de apoio. O templo foi
posteriormente alterado por Ramses II e pelos seus sucessores, e mais tarde os
cristãos transformaram-no num mosteiro (daí o nome Deir al-Bahri, que significa
"Mosteiro do Norte"). Próximo ao templo principal situam-se as ruínas do Templo
de Montuhotep II, Faraó da 11ª Dinastia que unificou o Egipto, e o Templo de
Tutmósis III, sucessor da Rainha Hatshepsut.

 O Vale dos Nobres, contém vários túmulos, as paredes destes túmulos estão
decoradas com cenas da vida quotidiana. As mais famosas são as dos túmulos de
Ramose, de Najt e de Mena.

 O Templo de Medinet Habu, tal como o Templo de Karnak, este Templo é


compreendido por vários outros templos, a começar pelo Ramsés III.

Luxor é servida pelo Aeroporto Internacional de Luxor.


Márcia C. F. Gonçalves

contraditória e dialeticamente, o hermetismo de uma obra que se abre


inúmeras
vezes, mas cada vez com um novo sentido. Há filósofos da arte
contemporâneos
que compreendem esse fenômeno de multiplicidade na arte como fundamental
para o exercício da tolerância; e vai haver sempre um filosofo da arte tentando
entender o sentido profundo desse fenômeno que nunca morre. De todo modo,
não
parece tão triste imaginar que a arte perdeu sua função de revelar o maior dos
sentidos do mundo e da vida, pois essa perda foi essencialmente necessária
para a
conquista de sua verdadeira autonomia, de não ter que servir a nada além de
si, e de
ter apenas seu sentido em si mesma. Não há motivo para vestirmos luto ao
diagnosticar a real situação da arte hoje. A transformação do seu conteúdo
eterno e
divino em finito possibilitou-lhe atingir o extremo de sua libertação, que
consiste
em ter muitos e infinitos sentidos, e conseqüentemente de não fazer mais
qualquer
sentido em si mesma.
A ARTE MORREU! UM VIVA A ARTE!
Referências
BORNHEIM, Gerd Alber t o. Páginas de Filosofia da Arte. Rio de Janeiro: UAPÊ,
1998.
GETHMANN-SIEFERT, Annemarie. „Die Funktion der Kunst in der Geschichte.
Untersuchungen zu Hegels Ästhetik”. Hegel-Studien, Beiheft 25, Bonn, 1984.
GETHMANN-SIEFERT, Annemarie; PÖGGELER. Otto: „Welt und Wirkung von
Hegels Ästhetik”. Hegel–Studien, Beiheft 27, Bonn, 1986.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Vorlesungen über die Ästhetik. Frankfu am Main:
rt

Suhrkamp, 1989-1990.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Cursos de Estética. Trad. Marco Aurélio Werle.
São Paulo: EdUSP, 1999-2004.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Vorlesungen über die Philosophie der Geschichte.
Frankfur t am Main: Suhrkamp, 1986.
A LEGALIDADE COMO FORMA
DO ESTADO DE DIREITO1
Delamar José Volpato Dutra*
RESUMO O presente estudo visa a demonstrar que o Estado legal, assim
como concebido por Weber e Kelsen, não pode ser identificado com o
Estado
de direito, mesmo que a legalidade seja uma condição necessária
deste. Isso
acontece porque a legalidade não é uma condição suficiente do Esta-
do de
direito em razão de não resolver adequadamente o que Habermas
n_meia de
dialética entre igualdade de fato e de direito. O texto apresenta, a
seguir, a
partir de Habermas, quatro fases de juridicização: 1] o Estado
absolutista
burguês; 2] o Estado burguês de direito; 3] o Estado democrático de
direito e
4] o Estado social e democrático de direito. As três últimas fases são
figurações
conceituais do Estado de direito, regulando, verticalmente, a relação
dos
indivíduos para com o Estado e, horizontalmente, a relação para com
o
mercado. Por fim, apresentam-se os efeitos colaterais advindos de
cada uma
dessas fases de figuração do Estado de direito. Defende-se a tese de
que tais
efeitos são decorrência de uma perspectiva substancialista do Estado
de
direito, que interpreta os sujeitos apenas como atores, ou destinatários
de
* Professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina.
1 Artigo recebido em maio/2003 e aprovado em fev./2004.
1 Das abreviaturas:
HABERMAS, J. Faktizität und Geltung: Beiträge zur Diskurstheorie des Rechts und des demokratischen
Rechtsstaats. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1992.
HABERMAS, J. Direito e democracia: entre faticidade e validade. [v. I]. [Trad. F. B. Siebeneichler: Faktizität und
Geltung: Beiträge zur Diskurstheorie des Rechts und des demokratischen Rechtsstaats].
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.
HABERMAS, J. Direito e democracia: entre faticidade e validade. [v. 11]. [Trad. F. B. Siebeneichler: Faktizität und
Geltung: Beiträge zur Diskurstheorie des Rechts und des demokratischen Rechtsstaats].
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.
KRITERION, Belo Horizonte, n° 109, Jun/2004, p. 57-80
FG
TrFG
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