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EXMO. (A) SR. (A) DR.

(A) JUIZ (A) FEDERAL DE UMA DAS VARAS


FEDERAIS DA COMARCA DE ________________

TUTELA DE URGÊNCIA

AUTOR, por meio de seu advogado e procurador que esta


subscreve in fini, vem à presença de V. Excelência com supedâneo no artigo 201,
§7º, CF propor a presente AÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA CONCESSÃO DE
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO contra INSS –
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, autarquia federal, que deverá
ser citada através de seu representante legal, na Procuradoria do INSS situada em
Campinas/SP, Rua Jorge Harrat, 95, Ponte Preta, CEP 13041-550, pelas razões que
passa a expor.

DA JUSTIÇA GRATUITA

O que se pleiteia com a presente demanda é o benefício de


aposentadoria por tempo de contribuição, tendo em vista que o autor em idade
avançada para o labor, não possui mais condições de se manter financeiramente.

Portanto, com fundamento no art. 98 do NCPC requer seja


deferido os benefícios da gratuidade judiciária, pois, preenchido o requisito da
hipossuficiência financeira atestada em declaração anexa.
DOS FATOS

O requerente é segurado da Previdência Social desde 1979 e


permanece nesta qualidade até então (CTPS em anexo) contribuindo regularmente
como segurado obrigatório, sendo empregado do Senai como Técnico de Ensino.

Possui o seguinte histórico laboral:

a) XXXXXXXXX – De 09.10.1978 até 07.08.1981 –


Auxiliar Eletricista

b) XXXXXXXX – De 28.07.1986 a 30.08.2002 –


Engenheiro de Assistência Técnica a Coordenador de
Projetos de Indução

c) XXXXXXXXX– De 10.02.2003 até o momento –


Técnico de Ensino

Durante o pacto laboral, o requerente laborou exposto a


agentes insalubres com riscos físicos e químicos (ruído e óleo mineral) e perigoso
(eletricidade) de forma permanente e habitual conforme se infere dos DSS 8030 em
anexo e dos laudos técnicos que atestam os períodos de 09.10.1978 a 07.08.1981 e
de 28.07.1986 a 30.08.2002.

Destarte, buscou junto ao INSS requerer o benefício de


aposentadoria por tempo de contribuição comprovando o período de labor em tempo
especial para conversão em tempo comum pelos documentos mencionados acima, e
assim, preencher o requisito de 35 anos de tempo de contribuição.

Apresentou como provas documentais as cópias da CTPS,


formulários DSS 8030 e laudos técnicos, que constatam a exposição habitual e
permanente à agentes insalubres físicos e químicos (ruído e óleo mineral).

Contudo, o benefício em questão foi registrado sob o n.


XXXXXXXX com data de 24.10.2016 e em 17.11.2016 o requerente recebeu a
decisão da autarquia indeferindo o benefício sob o argumento de que o período de
09.10.1978 a 07.08.1981 e de 28.07.1986 a 30.08.2002 não fora considerado
prejudiciais à saúde do segurado ou à sua integridade física de acordo com a
conclusão da perícia médica, sendo que o período apurado como tempo comum até
aquela data fora de 33 anos e 17 dias.

É descabida, entretanto, a justificação apresentada pela


autarquia ré para o indeferimento, sendo devida a concessão do benefício nas formas
da Lei Previdenciária vigente. O segurado recorre a esse nobre Juízo para garantir a
concessão da aposentadoria por tempo de contribuição considerando o período de
labor especial conforme farto conjunto probatório nos autos, posto que implementou
todos os requisitos necessários para o deferimento do pedido administrativo (em
anexo).

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Compreende a Seguridade Social um conjunto de ações


integradas de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar
os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social, como reza o
art. 194 da Carta Maior que tem como principal fundamento a dignidade da pessoa
humana.

Com efeito, o art. 201 da CF prescreve a previdência social


organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e
atender/a, nos termos da lei, em especial, a cobertura dos eventos de doença,
invalidez, morte e idade avançada.

Para a concessão de benefícios do RGPS, é necessário o


preenchimento de requisitos legais tais como, qualidade de segurado, carência e
contingência adequada ao benefício requerido.

É patente nos autos que o requerente possuía a qualidade de


segurado no momento do requerimento junto ao INSS, vez que mantém vinculo de
emprego como Técnico de Ensino no Senai (CTPS anexa).

Quanto a carência exigida no art. 25, II da lei 8.213/91 estava


completamente preenchida, porquanto a própria autarquia reconhece 33 anos de
contribuição, sendo que a carência mínima para o benefício em questão é de 180
contribuições.

Por fim, a controvérsia paira quanto a contingência do labor


em ambiente insalubre ou perigoso que enseja a conversão do tempo especial em
comum de que trata o parágrafo 5º do art. 57 da lei 8.213/91.

Pois bem. O requerente laborou nos períodos supradescritos


sujeitos a condições especiais à sua saúde e integridade física nos seguintes termos
(DSS 8030 e Laudo Técnico em anexo):

a) XXXXXXXXXX – De 09.10.1978 até 07.08.1981 –


Auxiliar Eletricista – agente físico – Ruído 81 a 83 dB (A) – habitual e
permanente – atividade perigosa – eletricidade.

b) XXXXXXXXXX – De 28.07.1986 a 30.08.2002 –


Engenheiro de Assistência Técnica a Coordenador de Projetos de Indução –
agente físico – Ruído 88 a 96 dB (A) – agente químico – Óleos Minerais
(Análise Quantitativa).

Com efeito, o segurado laborou em atividade que o submetia


de modo habitual e permanente, a agentes nocivos à saúde elencados nos Decretos
53.831/64 e n. 83.080/79. O enquadramento em tais diplomas perdurou até
05.03.1997, quando passou a ser disciplinado no Decreto n. 2172. Por fim, desde
06.05.1999, os agentes nocivos encontram previsão no Decreto 3.048. Entende que,
pelo menos até o advento da lei 9.032/95, que passou a exigir prova de efetiva
submissão aos agentes nocivos, a comprovação de que seu labor foi especial pode
dar-se pela apresentação dos formulários DSS 8030 que seguem anexos.

Demais disso, tem direito adquirido (art. 5º, XXXIV da CF)


a ver considerados tais períodos como tempo de serviço especial, de acordo com a
sistemática vigente à época em que o labor foi executado, bem como é possível a
conversão do tempo de serviço especial em comum do trabalho prestado em qualquer
período segundo a Súmula n. 50 da TNU.

Não se pode olvidar que para verificação do exercício da


atividade especial deve-se entender por agentes nocivos aqueles que possam trazer
ou ocasionar danos à saúde ou à integridade física do trabalhador nos ambientes de
trabalho, em função de natureza, concentração, intensidade e fator de exposição. No
caso em tela, o segurado era exposto a agente físico (ruído) e químico (óleo mineral).

Quanto ao ruído, é sobremaneira importante auferir o limite


de tolerância segundo as regras vigentes na época da exposição segundo a tabela
abaixo:

Quanto ao período anterior a 05.03.1997, ficou pacificado


pelo STJ e também pelo INSS na esfera administrativa (IN INSS/DS 57/2001 e
posteriores), que são aplicáveis concomitantemente, para fins de enquadramento, os
Decretos n. 53.841/64 e n. 83.080/79 até 05.03.1997. Desse modo, até então, é
considerada nociva à saúde a atividade sujeita a ruídos superiores a 80 decibéis,
conforme previsão mais benéfica do Decreto n. 53.831/64. Nesse sentido também já
houve manifestação da TNU:

“UNIFORMIZAÇÃO DE
JURISPRUDÊNCIA. TEMPO ESPECIAL. RUÍDO ACIMA DE 80 DB.
PROVIMENTO. I – A jurisprudência da 3ª Seção do STJ, bem como esta
Turma Nacional (Súmula 32) admite, por força da repristinação do
Anexo do Decreto n. 53. 831/64 pelo art. 294 do Decreto n. 357/91, a
contagem, como especial, do labor despenhado sob o ruído acima de 80
dB, desde que prestado até 05.03.1997. II – Pedido de Uniformização
conhecido e parcialmente provido (PU n. 2005.83.20.009948-4/PE, Rel.
Juiz Federal Edilson Pereira Nobre Júnior, Turma Nacional de
Uniformização, Unânime, DJU 18.12.2006 – grifos nossos).”

Observando a tabela abaixo, aplicam-se os limites ao labor


do segurado nos seguintes termos:
Período Exposição Limites

De 09/10/1978 a Ruído 81 a 83 dB (A) Ruído superior a 80 dB –


07/08/1981 Anexo I Decreto n. 53.831/64

De 28.07.1986 a Ruído 88 a 96 dB (A) Ruído superior a 90 dB –


30.08.2002 Anexo IV do Decreto 2.172/97
e Anexo IV do Decreto
3.048/99

Não se pode olvidar ainda que durante o segundo contrato de


trabalho do segurado com a empresa XXXXXXX, que perdurou de 28.07.1986 a
30.08.2002, havia a exposição ao agente insalubre químico, Óleo Mineral que consta
no anexo IV do Decreto 3.048/99. Do mesmo modo, deve ser considerado o labor
perigoso, expondo a vida do segurado de forma permanente e habitual, o fato de
trabalhar com eletricidade no período de 09.10.1978 a 28.07.1986 como descreve o
DSS 8030 em anexo.

Sendo assim, a soma do período especial a ser considerado


para fins de conversão é de 18 anos e 11 meses de labor com exposição à agentes
nocivos à saúde ou à integridade física do trabalhador. Considerando o fator 1,4 nos
termos do parágrafo 2º do art. 70 do Decreto 3.048/99, tem-se o seguinte cálculo
convertendo o tempo especial em comum:

Tempo de Trabalho Especial Fator de Conversão Resultad


o

18 anos e 11 meses 1,4 25,354

Infere-se do resultado a soma de 25 anos e 3 meses de labor


convertido de tempo especial para comum, que, somado ao atual vínculo de emprego
do requerente junto ao Senai, cuja admissão se deu em 10.02.2003 e soma mais de
10 anos de vínculo, atualmente o segurado conta com 39 anos e 1 mês de tempo de
contribuição, preenchendo a contingência do benefício requerido que é de 35 anos
de contribuição.

Pelo exposto acima, requer seja julgado PROCEDENTE o


pedido para condenar a autarquia ré na implementação do benefício de
Aposentadoria por Idade Urbana com o pagamento do salário benefício observada a
regra do art. 50 da lei 8.213/91 com data de início para pagamento em 24.10.2016,
quando fora requerido o benefício administrativamente.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

Segundo o art. 300 do NCPC, os requisitos para concessão


da tutela de urgência antecipada são: a) existência de elementos que evidenciam a
probabilidade do direito; b) perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

In caso, os elementos de probabilidade do direito repousam


na comprovação do período de carência exigido por meio da CTPS, dos DSS 8030
de ambos os vínculos em que o requerente laborou exposto à agentes nocivos à sua
saúde e integridade física, ambos carreados nos autos.

De se firmar que segundo as regras do art. 52 c/c parágrafo


5º do art. 57 da lei 8.213/91 para concessão da aposentadoria por idade, estão, no
caso em tela, todas devidamente comprovadas, sendo a idade e o período de carência.

Outrossim o caráter alimentar da verba pretendida é motivo


do perigo de dano, vez que se busca meios de subsistência por meio de benefício
previdenciário devido quando preenchida a contingência e regras de concessão.

Afim de evitar lesão ao sustento da segurada, bem como


danos de difícil reparação, requer seja concedida a tutela de urgência antecipada
compelindo a autarquia ré na implementação do benefício de aposentadoria por
tempo de contribuição somado ao tempo especial, fixando astreintes que entender
cabível em caso de descumprimento.
DA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS

Fora requerido o benefício em questão na via administrativa


(XXXXXXXXX) e, para tanto, a autora teve de anexar documentos originais os quais
requer o acesso e disponibilização pela autarquia ré. Os documentos são declarações
de antigos empregadores, exames médicos, documentos pessoais e outros que
compreendem todo o procedimento administrativo da autarquia.

Assim, com fulcro no art. 396 e 400 do NCPC, requer que a


ré traga nos autos todos os documentos acima descritos e outros pertinentes ao
procedimento administrativo que resultou no benefício de n. XXXXXXXX.

DOS REQUERIMENTOS

Em face do exposto, requer-se a V. Excelência:

a) A concessão da TUTELA DE URGÊNCIA


ANTECIPADA, para compelir o INSS à implementação do benefício de
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM TEMPO
ESPECIAL, pois preenchido os requisitos do art. 300 do NCPC.

b) A citação do INSS para que, querendo, responder à


presente demanda, no prazo legal, advertindo-se, em caso de inércia, será
aplicada a revelia e seus efeitos jurídicos.

c) A determinação ao INSS para que, na primeira


oportunidade em que se pronunciar nos autos, apresente o Processo de
Concessão do Benefício Previdenciário para apuração dos valores devidos à
Parte Autora, conforme determinado pelo art. 11 da lei 10.259/01, sob pena de
cominação de multa diária, nos termos do art. 139, IV do CPC/2015.

d) A PROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO
DEDUZIDA, consoante o narrado nesta inicial, condenando-se o INSS a
conceder o benefício de APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO COM TEMPO ESPECIAL à Parte Autora, com data de
início a contar do requerimento administrativo DER em 24.10.2016.
e) A condenação do INSS ao pagamento dos valores
acumulados desde a concessão do benefício à Parte Autora, acrescidos de
correção monetária a partir do vencimento de cada prestação até efetiva
liquidação, respeitada a prescrição quinquenal, adotando-se, como critério de
atualização, o INPC (conforme o art. 31 da lei 10.741/2003, combinado com a
lei 11.430/2006, precedida da MP 315/2006, que acrescentou o art. 41-A à lei
8.213/91, e REsp 1.103.122/PR). Requer-se ainda a aplicação dos juros de
mora a serem fixados à Taxa de 1% ao mês, a contar da citação, com base no
art. 3º do Decreto-lei n. 2.322/87, aplicável analogicamente aos benefícios
pagos com atraso, tendo em vista o seu caráter alimentar.

f) A condenação do INSS ao pagamento de custas,


despesas e de honorários advocatícios, na base de 20% sobre a condenação,
conforme dispõe o art. 85 e seguintes do NCPC.

g) A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita nos


termos da fundamentação.

Protesta provar o alegado, por todos os meios de prova


admitidos em direito em especial, provas documentais que seguem anexo, sem
prejuízo de outras que se fizerem necessárias durante a instrução processual. Requer
ainda seja a reclamada compelida a trazer nos autos todos os documentos inerentes
ao benefício de n. XXXXXXXX sob pena de confissão nos termos do art. 396 e 400
do NCPC.

Por derradeiro, requer-se com base no parágrafo 4º do art. 22


da lei 8.906/94, que, ao final da presente demanda, caso sejam encontradas diferenças
em favor da autora quando da expedição da RPV ou do precatório, os valores
referentes aos honorários contratuais (contrato de honorários em anexo) sejam
expedidos em nome de ADVOGADO E OAB, no percentual de 20% conforme
contrato anexo, sem prejuízo dos eventuais honorários de sucumbência.

Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) para


fins fiscais.

Termos em que
Pede deferimento

Local de Data

Advogado e OAB

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