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Universidade Federal do Rio Grande do Sul

PPG Ciência do Solo


Relação Solo-Planta

A adubação nitrogenada é necessária


para sustentar altos rendimentos de
grãos de soja?

Apresentador: Vítor Gabriel Ambrosini


Orientador: Professor Cimélio Bayer

Porto Alegre, 27 de setembro de 2017


Produção mundial de soja (2017)

Produção de grãos de soja (milhões de toneladas)


200
31%
180

160

140 23%

120 19%
100

80
11% 10%
60

40
6%

20

0
os il a a a ros
s Unid Bras rgentin Chin Índi Out
do A
Esta

Fonte: USDA (2017)


2
Soja no Brasil

Recorde de produção na safra atual


110 milhões de toneladas de grãos

Maior média de produtividade da história


3.364 kg ha-1 de grãos

1º) Mato Grosso


30.513 milhões de toneladas

2º) Paraná
19.586 milhões de toneladas

3º) Rio Grande do Sul


18.714 milhões de toneladas

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Como o Brasil alcançou esta alta produção?

• Manejo do solo
• Plantio Direto
• Adubação adequada

• Manejo fitossanitário

• Melhoramento genético
• Cultivares mais produtivas
• Seleção de estirpes de
rizóbios eficientes

• Fixação Biológica de N

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Fixação biológica de nitrogênio (FBN)

250-300
kg ha-1 de N

Fotoassimilados N
Nitrogenase

N N

Rizóbios

5
Quantidade fornecida pela FBN:
250 a 300 kg ha-1 de N

Quantidade fornecida pelo solo:


até 100 kg ha-1 de N

Necessidade da soja:
80 kg de N para cada 1.000 kg de
grãos

FBN + solo: garantia de N para


produzir até 4.500 kg ha-1

Fonte: Salvagiotti et al. (2008; 2009)

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Adubação nitrogenada
da soja...

Fazer ou não?

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FBN ao longo do ciclo da soja

Queda na FBN a partir


do florescimento
Nodulação e FBN

Competição entre
nódulos e estruturas
reprodutivas por
fotoassimilados

(estádio R1/R2)
Florescimento

Início da FBN
± 20 dias após a semeadura

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Qual a consequência da adubação nitrogenada para a FBN?

Adubação nitrogenada

Fotoassimilados N
Nitrogenase

N N

Disponibilidade
de N mineral
para a planta

Fixação biológica de N: Absorção de N:


16 ATP por mol de N 12 ATP por mol de N

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E se a dose de N aplicada na semeadura não inibir a FBN?

↑ Fotossíntese

↑ Fotoassimilados
para os nódulos

Adubação
nitrogenada

+N

Disponibilidade
de N mineral
para a planta NO3- NH4+

↑ Rendimento
de grãos

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Aplicação de N em estádios reprodutivos

Retardo da
senescência foliar
Senescência
foliar com o
passar do ↑ Fotossíntese até
ciclo o fim do ciclo

- Fotoassimilados + Fotoassimilados
para os nódulos para os nódulos

+N

Sem N foliar Com N foliar


↑ Rendimento
de grãos

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Por que continuar as pesquisas com
adubação nitrogenada em soja se estudos
no Brasil mostram que não há
necessidade?

A FBN + solo conseguem suprir a demanda da soja


para sustentar altos rendimentos de grãos?

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Condições ideais para o
Região Centro-Sul do Paraná
cultivo de grãos

 Boa distribuição de
Rendimento de grãos superior
chuvas e
a 6.000 kg ha-1
temperatura amena
Média superior a 4.000 kg ha-1
 Seleção de cultivares
para a região

 Manejo fitossanitário
adequado

 Plantio Direto em
100% da área

 Manual de adubação
para a região

 Solos com alto teor


de matéria orgânica
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Hipótese

Na região Centro-Sul do Paraná, onde predominam solos


com alto teor de matéria orgânica e boa capacidade de
suprimento de N, a FBN e o solo suprem toda a demanda
da soja por N, sustentando o alto rendimento de grãos e
dispensando a adubação nitrogenada

Objetivo

Avaliar a resposta da soja à adubação nitrogenada na


semeadura e foliar para altos rendimentos de grãos na
região Centro-Sul do Paraná

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Experimento em casa de vegetação

Tratamentos
Adubação nitrogenada na semeadura:
0, 10, 20, 30 e 40 kg ha-1 de N

Solo utilizado
Amostras indeformadas coletadas em
Guarapuava (PR)

Delineamento experimental
 Blocos completos casualizados
 Três repetições
 Realizado em triplicata

Cultivar
‘BMX Apolo RR’ (Don Mario 5.8i)

Densidade de plantas
Três plantas vaso-1

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Avaliações
Obs.: o experimento foi
realizado em triplicada para
 Matéria seca de planta possibilitar a realização de
 Número e massa de nódulos análises destrutivas aos 22
 N acumulado na parte aérea dias após a semeadura e no
 Rendimento de grãos florescimento

16
14

MS parte aérea (g planta )


-1 13

12

11
Aplicação de N na
10
y = 12,4 semeadura promove o
9 R2 = 0,16 arranque inicial da
p = 0,36 soja?
0
3,0
Neste estudo, não!
MS raízes (g planta )
-1

2,0

1,0
y = 2,4
R2 = 0,25 Figura 1. Matéria seca de soja
p = 0,18 cultivada com doses de N na
semeadura em casa de vegetação.
0,0
0 10 20 30 40
-1 17
Dose de N (kg ha )
100,0

Massa total de nódulos (mg planta ) Número de nódulos por planta


y = 66,4 - 2,8 x + 0,04 x2
R2 = 0,32
75,0 p = <0,001

50,0
Aumento da dose de N

25,0

0,0
Prejuízo à nodulação
-1

150,0
y = 109,8 - 6,5 x + 0,1 x2
R2 = 0,71
p = <0,001
100,0

50,0
Figura 2. Número e massa total de
nódulos por planta de soja cultivada
com doses de N na semeadura em
0,0 casa de vegetação.
0 10 20 30 40
-1 18
Dose de N (kg ha )
N total na parte aérea

0,8

N total na parte aérea (mg planta )


-1 0,6

0,4

0,2 y = 0,56
R2 = 0,20
p = 0,25
0,0
0 10 20 30 40
-1
Dose de N (kg ha )
Figura 3. N total na parte aérea de soja
cultivada com doses de N na semeadura
em casa de vegetação.
19
Rendimento de grãos

4.0

Rendimento de grãos (g planta )


-1
3.5 Referência (300 kg ha-1 de N)

3.0

2.5 y = 3,0
R2 = 0,03
p = 0,554
0.0
0 10 20 30 40
-1
Dose de N (kg ha )
Figura 5. Rendimento de grãos de soja
cultivada com doses de N na semeadura
em casa de vegetação.
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Estudos de campo
Áreas experimentais:
Região Centro-Sul do Paraná –
áreas de abrangência da 1. Campina do Simão
Cooperativa Agrária/FAPA 2. Taguá
3. Pinhão
4. Candói
5. Guarapuava

Avaliação em dois anos:


 2015/2016
 2016/2017

Total:
10 experimentos
realizados

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Adubação nitrogenada na semeadura

Adubação
Tratamentos(1) Produto
nitrogenada
- Testemunha -

Semeadura 10 kg ha-1 de N Ureia

Semeadura 20 kg ha-1 de N Ureia

Semeadura 30 kg ha-1 de N Ureia

Semeadura 40 kg ha-1 de N Ureia


50% na semeadura
300 kg ha-1 de N Ureia
+ 50% em R1
Os tratamentos receberam inoculação padrão de sementes com Bradyrhizoubium
(1)

(SEMIA 5019 e 5079), com exceção daquele com 300 kg ha-1 de N.

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Adubação nitrogenada foliar

Adubação
Tratamentos(1) Produto
nitrogenada
- Testemunha -

Foliar V4 Nitamin (2 kg ha-1 dose-1)

Foliar R2 Nitamin (2 kg ha-1 dose-1)

Foliar R5.1 Nitamin (2 kg ha-1 dose-1)

Foliar V4+R2 Nitamin (2 kg ha-1 dose-1)

Foliar V4+R5.1 Nitamin (2 kg ha-1 dose-1)


Nitamin (2 kg ha-1 dose-1)
Foliar R2+R5.1

Foliar V4+R2+R5.1 Nitamin (2 kg ha-1 dose-1)


50% na semeadura
300 kg ha-1 de N Ureia
+ 50% em R1
(1)Os tratamentos receberam inoculação padrão de sementes com Bradyrhizoubium
(SEMIA 5019 e 5079), com exceção daquele com 300 kg ha-1 de N.

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Delineamento experimental
 Blocos completos casualizados
 Três repetições

Cultivar
‘BMX Apolo RR’ (Don Mario 5.8i)

Densidade de plantas
300 mil plantas ha-1

Adubação
250 kg ha-1 de 0-25-25

Tratamento fitossanitário
 Tratamento de sementes
 Aplicação de herbicidas e fungicidas
e inseticidas

Resultados para o seminário


Rendimento de grãos
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Resultados – Adubação nitrogenada na semeadura

Tabela 1. Rendimento de grãos de soja cultivada com doses de N aplicadas


na semeadura da soja na região Centro-Sul do Paraná.

Campina do
Dose de N Taguá Pinhão Candói Guarapuava
Simão
(kg ha-1)
Rendimento de grãos (kg ha-1)
0 3516ns 5454ns 5388ns 5708ns 5651ns
10 3639 5422 5417 5699 5638
20 3731 5425 5197 5744 5696
30 3917 5543 5422 5654 5630
40 3610 5505 5126 5832 5698

ANOVA (Pr > F)


D 0.155 0.744 0.136 0.251 0.869
A <0.001 0.800 0.006 0.034 0.006
D*A 0.759 0.128 0.353 0.177 0.041
D – dose de N; A – ano de cultivo (2015/2016 ou 2016/2017). Em negrito – valores da
ANOVA significativos a p<0,05; ns – regressão polinomial não significativa (p<0,05).

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Resultados – Adubação nitrogenada foliar
Tabela 2. Rendimento de grãos de soja cultivada com adubação nitrogenada
foliar na região Centro-Sul do Paraná.
Estádio fenológico Rendimento de grãos (kg ha-1)
da aplicação de N Campina Guarap
Taguá Pinhão Candói
(N) do Simão uava
----------------------- 2015/2016 -----------------------
SN 3269ns 5339ns 4895ns 5466ns 5197ns
V4 3429 5080 5202 5587 5199
R2 3184 5138 5290 5571 5398
R5.1 3335 5056 5614 5520 5250
V4 + R2 3252 5187 5041 5551 5341
V4 + R5.1 3234 5164 5220 5578 5426
R2 + R5.1 3272 5114 4996 5584 5266
V4 + R2 + R5.1 3442 5096 4790 5408 5327

Pr > F
N 0,0005 0,6530 0,4804 0,7008 0,4800
Ano (A) 0,0315 0,2516 0,1098 0,0095 0,0317
N*A 0,0001 0,8189 0,5197 0,6156 0,1203
SN – sem aplicação de N; V4, R2 e R5 – estádios fenológicos em houve aplicação de N
foliar (2 kg ha-1 de N em cada aplicação). Em negrito – significativo pela ANOVA (p<0,05);
ns – não significativo.
26
Tabela 2 (Continuação). Rendimento de grãos de soja cultivada com
adubação nitrogenada foliar na região Centro-Sul do Paraná.
Estádio fenológico Rendimento de grãos (kg ha-1)
da aplicação de N Campina Guarap
Taguá Pinhão Candói
(N) do Simão uava
----------------------- 2016/2017 -----------------------
SN 5287 a 5569ns 6044ns 6029ns 6256ns
V4 3850 b 5444 5781 6156 6168
R2 4146 b 5423 5742 6263 5961
R5.1 3753 b 5529 5942 5963 6132
V4 + R2 3925 b 5366 5795 6154 6242
V4 + R5.1 4030 b 5544 5620 6186 6118
R2 + R5.1 4050 b 5615 5696 6029 6160
V4 + R2 + R5.1 3987 b 5453 5770 6233 6392

Pr > F
N 0,0005 0,6530 0,4804 0,7008 0,4800
Ano (A) 0,0315 0,2516 0,1098 0,0095 0,0317
N*A 0,0001 0,8189 0,5197 0,6156 0,1203
SN – sem aplicação de N; V4, R2 e R5 – estádios fenológicos em houve aplicação de N
foliar (2 kg ha-1 de N em cada aplicação). Em negrito – significativo pela ANOVA (p<0,05);
ns – não significativo.
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Conclusão

Nos solos com alto teor de matéria orgânica da região


Centro-Sul do Paraná, a prática da inoculação garante a
demanda por N da soja para sustentar alto rendimento de
grãos.

Portanto...
A adubação nitrogenada, seja na semeadura ou foliar, não é
uma prática recomendada, mesmo para sustentar altos
rendimentos de grãos.

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Obrigado pela atenção!
Contato: vgambrosini@gmail.com

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