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POESIA LÍRICA
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Nota-se que, neste soneto (poema de forma fixa, composto por dois quartetos
e dois tercetos), o poeta contrapõe a vida no campo e a vida na cidade. Observe que,
ao falar da vida no campo, utiliza palavras com valor positivo como “paz”, “sinceridade”,
“verdade”. Em contrapartida, relaciona a vida na cidade a palavras e termos negativos
como “violência”, “aparência”, “cortesão dissimulado”, “traição”, “mentira”. Você
certamente já reconheceu, neste soneto, algumas características bastante recorrentes
na poesia árcade, não é mesmo? Pois bem: é clara a presença da natureza bucólica, da
natureza como lugar aprazível (locus amoenus), como o refúgio buscado por aqueles
que, vivendo na turbulência da cidade, almejam encontrar a pureza e a felicidade
(fugere urbem).
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1
Propriedade rural pequena; sítio.
Como esclarece o crítico Antonio Candido numa análise que faz desse
trecho de Marília de Dirceu (“Uma aldeia falsa” In Na sala de aula. São Paulo: Ática,
2002), essa lira foi escrita por Tomás Antônio Gonzaga na prisão. “Ele está longe da
amada, sente a sua falta, pensa na perda da posição social e procura consolo
imaginando que, ao sair absolvido ou perdoado, recomeçará a vida (...)”. Nota-se,
no trecho, o tema da aurea mediocritas: o eu lírico do poema revela que se
contentará com a pobreza e lutará com empenho para recuperar a felicidade,
desde que a amada esteja ao seu lado. Notamos, ainda, a presença do espaço
rústico e pastoral tão característico do Arcadismo e representado por elementos
como lãs tecidas artesanalmente, ovelhas, contato com a natureza, rebanhos e
pastores.