Alimentos, confecção de silagem e feno, e processamento de alimentos
Vídeo 4 – Confecção de feno e silagem
Olá, meu nome é Alex Hristov e sou professor de nutrição de gado leiteiro na Penn State University. Nessa aula nós estaremos falando a respeito da confecção de feno e silagem. Por favor, olhe as aulas do Dr. Roth na seção de forragens para gado leiteiro para ver o ponto de vista agronômico. Antes de iniciarmos esta aula, eu quero enfatizar novamente a importância crítica da qualidade da forragem para o sucesso de operações em fazendas de gado leiteiro. NÃO HÁ NADA MAIS importante do ponto de vista nutricional, para o sucesso e a lucratividade de fazendas leiteiras do que a qualidade das forragens. Em muitos sistemas de produção a qualidade pode ser controlada pela preservação das forragens como feno ou silagem. Em sistemas baseados na pastagem, a qualidade da pastagem deve ser constantemente monitorada e manejada, por exemplo, por sistema rotacionado, para produzir a máxima quantidade de matéria orgânica digestível por hectare. Os fazendeiros têm preservado as forragens para o seu gado por milhares de anos. Há uma simples razão para fazer isso, é que dessa forma eles conservam o alimento durante aquelas estações do ano quando forragens de boa qualidade não estão disponíveis. Também, como já mencionei previamente em nossas aulas, a qualidade e o valor nutricional das forragens deteriora quando elas amadurecem. Portanto, uma outra importante meta de preservação de forragens é cortá-las no seu estágio de crescimento ótimo, quando são mais nutritivas. Como nós preservamos forragens? A tecnologia é simples e milenar! Abra a sua despensa ou o refrigerador na sua cozinha e você verá coisas parecidas com silagem, obviamente que não exatamente uma espécie de silagem que nós alimentamos as vacas leiteiras, mas alimentos preservados usando os mesmos processos que nós usamos para fazer silagem. Os dois principais processos para preservar forragens para gado leiteiro ou de corte são a confecção de feno ou silagem. Quando fazemos feno, nós estamos secando o material, normalmente no campo, para um nível de umidade entre 12 e 18%. Primeiro a forragem é cortada ou ceifada no ponto ótimo de maturidade, quanto mais larga a faixa de corte, mais rápido o feno secará. Posteriormente, quando o feno inicia o processo de secagem no solo e atinge ao redor de 40 a 50% de umidade, realizamos o processo de enleiramento e tombamento da leira, para acelerar o processo de secagem e cura. Isto tem que ser feito no tempo certo e, devemos acelerar o processo de cura e minimizar as perdas e folha o máximo possível, particularmente se a forragem é alfafa. As folhas de alfafa têm maior concentração de proteína e são mais nutritivas do que os talos, assim nós não desejamos perder muitas folhas. A chuva é o inimigo número um da boa qualidade do feno. A ocorrência de chuva durante o processo de fenação pode causar perda de até 40% dos nutrientes da planta. Portanto, os fazendeiros devem cortar, enleirar e enfardar o feno com o tempo seco e, armazenar o feno seco o mais rápido possível. A planta continuar a respirar, ou queimar energia na forma de açúcares, após a ceifa, assim, se o processo de cura for prolongado, a perda de nutrientes valiosos aumentará. A colheita e o armazenamento do feno são os últimos passos do processo. O feno normalmente é embalado em pequenos ou grandes fardos circulares ou retangulares e deve ser armazenado em locais protegidos ou envolvidos em plástico para melhor preservação. A umidade no enfardamento é crítica. Normalmente a meta deve ser entre 12 e 18%, e isso dependerá do tipo e densidade dos fardos. Se o feno está muito seco, as perdas no campo serão maiores, mas se estiver muito úmido, as perdas no armazenamento serão maiores. Para evitar isto, comece o enfardamento bem cedo pela manhã quando o orvalho está sobre o feno e pare o processo quando a umidade cair abaixo de 11%, particularmente com a alfafa. Um outro ponto que muitos fazendeiros começam a considerar é o fato de que as plantas realizam fotossíntese e acumulam carboidratos não fibrosos, normalmente açúcares, durante o dia e, depois os queimam durante a noite. Assim, o corte do feno no período da tarde, tem maior conteúdo de açúcar e tem se mostrado mais palatável aos animais do que aquele cortado na manhã. Isto, contudo, deve ser conciliado com o aumento na perda de folhas, se o feno é cortado à tarde. Uma vez enfardado, a umidade e a qualidade do feno precisam ser monitoradas e, assim, ele poderá ser incluído eficientemente em rações para várias categorias de gado leiteiro. Em muitos sistemas de produção intensivos, a silagem é o mais importante alimento para vacas leiteiras. Assim como o feno, a ideia de fazer silagem é colher a forragem no seu estágio ótimo de crescimento, preservar a sua qualidade ao máximo (ou mesmo aumenta-la) e ter alimento com qualidade relativamente constante ao longo de todo o ano. O processo de ensilagem depende de as bactérias produzirem suficiente ácido lático para trazer a acidez da silagem (ou pH) para baixo, para níveis normalmente abaixo de 5 (dependendo do tipo de silagem). A medida que essa acidez é atingida, o processo de fermentação é reduzido e eventualmente para e a silagem é preservada. Primeiro vem a pergunta, de onde vêm as bactérias produtoras de ácido lático na silagem? Normalmente elas já estão na planta e, assim, dependendo do tipo de bactéria que está vindo para o silo com a forragem cortada, se benéfica ou não, determinará o tipo de fermentação da silagem e eventualmente a sua qualidade. As bactérias benéficas são aquelas produtoras de ácido lático. Estas são bactérias da mesma espécie que fermentam chucrute, iogurte o queijo. As bactérias indesejáveis pertencem a várias espécies, mas as mais perigosas pertencem a um grupo chamado Clostridia. Estas bactérias normalmente são encontradas no solo e algumas produzem compostos mortais tais como as toxinas do tétano e do botulismo. Para promover uma fermentação benéfica, normalmente os fazendeiros usam produtos que contém bactérias produtoras de ácido lático, que são chamados de inoculantes de silagem. Estes produtos são desenvolvidos para acelerar a acumulação de ácido lático e de alguma forma também auxiliar na preservação da qualidade da silagem quando o silo for aberto. Nós discutiremos a respeito de inoculantes na nossa próxima aula. Um outro fator importante é o tipo de forragem a ser ensilada. Algumas forragens são mais difíceis de serem ensiladas do que outras. Os principais fatores aqui são, a capacidade de tamponamento da planta, que é a capacidade para tamponar o ácido lático produzido pelos micróbios, e o conteúdo de açúcar das plantas. Plantas com alto conteúdo de proteína, tais como as leguminosas, tem maior capacidade tamponante e são mais difíceis de ensilar do que, por exemplo, silagens de gramíneas ou milho e pequenos grãos. Os açúcares são necessários para as bactérias crescerem e converterem em ácido lático. Esse é o final da nossa a lição de hoje. Nós continuaremos discutindo qualidade de silagem na nossa próxima aula.