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Questões Objetivas

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1. (Emagis) Sobre a prerrogativa constitucional de foro nas ações penais contra agentes
políticos, avalie as assertivas que seguem.
I – Tratando-se de governador e sendo o crime anterior ao início do mandato, o processo é de
competência da primeira instância.
II – Tratando-se de conselheiro de tribunal de contas e não tendo o crime relação com suas
funções públicas, o processo é de competência da primeira instância.
III – A iminente prescrição penal não é fundamento para finalização no STJ de ação penal
contra desembargador.
Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) Todas
e) Nenhuma

Comentários
Em julgado noticiado no Informativo n. 630, a Corte Especial do STJ reiterou
sua submissão à notória recente jurisprudência do STF – explorada em
rodada anterior – em matéria de restrição da prerrogativa de foro dos agentes
políticos.

Em suma, reiterou o STJ que, para Governadores e Conselheiros de Tribunal


de Contas, se o crime é anterior ao início do exercício do cargo ou, sendo
posterior, não tem relação com suas funções, deve o processo seguir na
primeira instância.

O caso, porém, tratava de desembargador.

A Corte, para além de diferir a discussão sobre a aplicação do entendimento


aos magistrados – há a questão da hierarquia administrativa dentro do
Judiciário –, no caso concreto manteve consigo o processo pela iminente
prescrição, considerando que ali já corria a ação.

Veja a notícia (Apn 703):

A iminente prescrição do crime praticado por Desembargador excepciona o


entendimento consolidado na APn 937 – o foro por prerrogativa de função é
restrito a crimes cometidos ao tempo do exercício do cargo e que tenham
relação com o cargo – e prorroga a competência do Superior Tribunal de
Justiça.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

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Inicialmente cumpre salientar que o voto condutor do acórdão proferido pelo


STF na QO na APn 937 considerou que a cláusula constitucional que confere
prerrogativa de foro a agentes públicos deve ser compreendida à luz dos
princípios constitucionais estruturantes da igualdade e da República. Isto
porque, tal como qualquer outro cidadão, os agentes públicos devem
responder comumente pela prática de delitos que não guardem relação com
o desempenho das funções inerentes ao cargo que ocupam. Como o foro por
prerrogativa de função é uma exceção ao princípio republicano, concluiu o
STF que ele deve ser interpretado restritivamente, de modo a funcionar como
instrumento para o livre exercício de certas funções públicas, mas não de
modo a acobertar agentes públicos da responsabilização por atos estranhos
ao exercício de suas funções. Na sessão de julgamento de 20/06/2018, a
Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça finalizou o julgamento da
Questão de Ordem na Ação Penal 857 e efetuou o julgamento de Agravos
Regimentais na Ação Penal 866, fixando o entendimento de que as razões de
decidir adotadas pelo STF no julgamento da QO na AP 937 se impunham
igualmente na interpretação da extensão da prerrogativa de foro que a
Constituição (art. 105, I, "a") confere aos Conselheiros de Tribunais de
Contas e aos Governadores. Na hipótese, situação em que o réu é
Desembargador, em que, como visto, a extensão da prerrogativa de foro é
questão a ser ainda enfrentada pela Corte Especial, e o cumprimento da
pena pelo crime cometido pode restar prejudicado pela iminente ocorrência
da prescrição, o processamento da ação penal permanecerá no Superior
Tribunal de Justiça.

Resposta: alternativa ‘a’.

2. (Emagis) No que se refere ao regime constitucional dos pagamentos de débitos públicos


oriundos de decisões judiciais, julgue os itens que se seguem, apontando dentre eles o
verdadeiro:

a) O cessionário de precatórios tem todas as prerrogativas de que anteriormente dispunha


o cedente, de modo que pode, em virtude de condições pessoais do cedente, participar de
fila de pagamento especial.
b) Os precatórios não podem ter seu valor fracionado a fim de que parte do valor se receba
em forma de requisitório de pequeno valor e parte do valor se receba precatório. Não há
qualquer possibilidade de fracionamento do valor do precatório.
c) Em qualquer hipótese de se negar o ente estatal ao pagamento dos precatórios, a que
por ventura esteja obrigado, dentro do prazo estabelecido pela CF, estará sujeito o ente
federado à intervenção.
d) A fila dos precatórios para pagamento dos créditos devidos pela Fazenda Pública, não
admite exceções ou preferências que não sejam a mera ordem cronológica em que os
referidos precatórios são inscritos.
e) Ainda que não haja pagamento espontâneo das condenações da Fazenda Pública, não
haverá condenação da Fazenda ao pagamento de honorários na fase de cumprimento da
sentença, em decorrência da necessidade de emissão do precatório.

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Comentários
a) Incorreto. Na verdade, apesar de a cessão do crédito constante do
precatório ser válida e eficaz, as características pessoais do cedente não se
comunicam ao cessionário maior de sessenta anos: “Entretanto, caso seja
efetivada a cessão, o cessionário não se beneficiará da regra de preferência
da pessoa com sessenta anos, com doença grave ou com deficiência para
recebimento de débitos de natureza alimentícia (art. 100, § 2.º), tampouco do
pagamento direto, sem sujeição ao regime de precatórios (na hipótese de a
cessão referir-se a quantia que seria ordinariamente enquadrada como
"obrigação de pequeno valor")”. Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, Direito
Constitucional Descomplicado,edição 2017, página 691. b) Incorreto. Na
verdade, no que se refere à fila preferencial de precatórios para os maiores
de sessenta anos, há sim a possibilidade de fracionamento: “Essa vedação
ao fracionamento, porém, não alcança a hipótese de pagamento preferencial,
sob o regime de precatórios, dos débitos de natureza alimentícia aos titulares
que tenham sessenta anos de idade, ou que sejam portadores de doença
grave, ou pessoas com deficiência, prevista no § 2. 0 do art. 100 da
Constituição Federal. Com efeito, nesse caso, poderá ocorrer o
fracionamento do valor da execução, para o fim de efetuar-se o pagamento,
em parte, com preferência sobre todos os demais débitos (até o triplo
daquele fixado em lei, pelo respectivo ente federado, como "obrigação de
pequeno valor"), e o restante na ordem cronológica de apresentação do
precatório”. Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, Direito Constitucional
Descomplicado,edição 2017, página 690. c) Incorreto. Nem toda falha ou
omissão no pagamento de precatório, ao sentir do STF, justifica a
intervenção no ente federativo: “Entretanto, o Supremo Tribunal Federal
entende que a desobediência a pagamento de precatório judicial que autoriza
a intervenção é somente a dolosa, intencional, sem justificativa razoável, vale
dizer, constitui pressuposto indispensável para a decretação da intervenção a
atuação estatal voluntária cujo objetivo seja descumprir deliberadamente
decisão judicial transitada em julgado. Assim, se um estado-membro deixar
de pagar os precatórios inscritos para, com isso, poder cumprir sua obrigação
de prestar serviços públicos essenciais - a ele imposta pelo ordenamento
jurídico -, não se pode dizer que haja uma desobediência deliberada,
intencional, dolosa. Nesses casos, em que há justificativa razoável para o
não pagamento dos precatórios, não se caracteriza a desobediência a ordem
judicial, tornando incabível cogitar intervenção federal no ente federado”.
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, Direito Constitucional
Descomplicado,edição 2017, página 690. d) Incorreto. Além da mera ordem
cronológica de inscrição dos precatórios há outras preferências: “De acordo
com o inciso I do dispositivo, em se tratando de execução de “maior valor”,
será expedido, por intermédio do presidente do Tribunal recursal competente,
o precatório para ser pago no período indicado pelo § 5º do art. 100 da CF e
que deverá observar as ordens preferenciais decorrentes dos §§ 1º e 2º do
art. 100 da CF, em se tratando de verba alimentar e quando o titular da verba
de cunho alimentar tiver mais de sessenta anos (independentemente de
quando forem completados, consoante entendeu o STF na ADI 4.357/DF) ou

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for portador de doença grave, respectivamente”. Cassio Scarpinella Bueno,


Manual de Direito Processual Civil, edição 2016, página 513.

e) Correto. O cumprimento de sentença, nos processos em que haja


condenação da Fazenda Pública, é uma fase necessária do processo, de
modo que a fazenda não dá causa ao procedimento de cumprimento de
sentença que dimana da própria lei:“Uma observação importante: não
havendo impugnação pela Fazenda Pública, não incidem honorários
advocatícios relativos à etapa de cumprimento quando a hipótese for de
expedição de precatório. É o que dispõe o § 7º do art. 85 (v. n. 2.4 do
Capítulo 4), que merece ser entendido de forma literal para afastar, da sua
incidência, os casos de requisição de pequeno valor, harmonicamente ao que
já decidira o STF com relação ao art. 1º-D da Lei n. 9.494/1997. Se a
Fazenda Pública impugnar, a fixação da nova verba honorária observará o
disposto nos §§ 3º a 6º do mesmo art. 85”. Cassio Scarpinella Bueno, Manual
de Direito Processual Civil, edição 2016, página 513. Resposta “e”.

3. (Emagis) Julgue os itens abaixo, relacionados aos atos administrativos e ao silêncio


administrativo.
I – Enquanto no direito civil o silêncio do particular representa, normalmente, consentimento
tácito, no Direito Administrativo o silêncio não configura, em regra, consentimento estatal.
Excepcionalmente, contudo, o silêncio representará a manifestação de vontade administrativa
quando houver previsão legal expressa nesse sentido.
II – Dentre os efeitos típicos do ato administrativo, têm-se os efeitos reflexos, que são os efeitos
produzidos em relação a terceiros, estranhos à relação jurídica formalizada entre a
Administração e o destinatário principal do ato.
III – Se é certo que no Direito Privado o ordenamento jurídico consagra o princípio da liberdade
das formas, não menos acertado é que no Direito Administrativo vigora o princípio da solenidade
das formas, exigindo-se do agente público a edição de atos escritos e o atendimento das
formalidades legais.
Estão corretos somente os itens:

a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) I.
e) I, II e III.

Comentários
Certo o item I. O tema do silêncio administrativo é sempre abordado pelos
nossos administrativistas. A respeito, colhemos as didáticas lições do
professor Rafael Oliveira:

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“No direito civil, o silêncio do particular representa, normalmente,


consentimento tácito (art. 111 do Código Civil). Ao revés, no Direito
Administrativo, o silêncio não configura, em regra, consentimento estatal.
Vale dizer: o silêncio administrativo não representa a manifestação de
vontade da Administração.
Constatada a omissão ilegítima da Administração, que não se manifesta no
prazo legalmente fixado ou durante prazo razoável de tempo, o interessado
deve pleitear na via administrativa (ex.: direito de petição) ou judicial (ex.:
ação mandamental) a manifestação expressa da vontade estatal. É vedado,
todavia, ao Judiciário expedir o ato administrativo, substituindo-se à
Administração omissa, tendo em vista o princípio da separação de poderes.
O magistrado deve exigir que a Administração Pública manifeste a sua
vontade (positiva: consentimento ou negativa: denegatória), dentro do prazo
fixado na decisão judicial, sob pena de sanções (ex.: multa diária).
Excepcionalmente, o silêncio representará a manifestação de vontade
administrativa quando houver previsão legal expressa nesse sentido (ex.: art.
26, § 3.º, da Lei 9.478/1997). Nesses casos, o silêncio importará
concordância ou não com determinada pretensão do administrado.” (Curso
de Direito Administrativo, 6ª edição. Método, 03/2018, p. 296)

Errado, todavia, o item II. É que os efeitos reflexos do ato administrativo são
efeitos ATÍPICOS, e não, pois, efeitos típicos, como dito na assertiva.

Sobre esse importante assunto, confira-se:

“Os efeitos dos atos administrativos podem ser divididos da seguinte forma:
a) efeitos típicos (ou próprios): são os efeitos principais, previstos em lei e
que decorrem diretamente do ato administrativo (ex.: o ato de demissão
acarreta a extinção do vínculo funcional do servidor);
b) atípicos (ou impróprios): são efeitos secundários do ato administrativo. Os
efeitos atípicos subdividem-se em duas categorias:
b.1) efeitos preliminares (ou prodômicos): efeitos produzidos durante a
formação do ato administrativo (ex.: ato sujeito ao controle por parte de outro
órgão, tal como ocorre com determinados pareceres que só produzem efeitos
após o visto da autoridade superior. Nesse caso, a elaboração do parecer
acarreta o dever de emissão do ato de controle pela autoridade superior); e
b.2) efeitos reflexos: são os efeitos produzidos em relação a terceiros,
estranhos à relação jurídica formalizada entre a Administração e o
destinatário principal do ato (ex.: a desapropriação do imóvel, que estava
locado a terceiro, acarreta diretamente a perda da propriedade em relação ao
proprietário e, reflexamente, a rescisão do contrato de locação quanto ao
locatário).” (op. cit., p. 296)

No Direito Privado, o ordenamento jurídico consagra o princípio da liberdade


das formas, reforçando a autonomia da vontade dos particulares (art. 107 do
CC: “A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial,
senão quando a lei expressamente a exigir”). Por outro lado, no Direito
Administrativo vigora o princípio da solenidade das formas, exigindo-se do

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agente público a edição de atos escritos e o atendimento das formalidades


legais, uma vez que o agente público, ao contrário do particular, administra
interesses públicos que dizem respeito a toda a coletividade. A solenidade da
forma funciona como garantia para o administrado, propiciando o controle da
Administração e conferindo segurança jurídica às relações administrativas.
Em situações excepcionais, justificadas a partir do princípio da razoabilidade,
os atos administrativos podem ser editados sob a forma não escrita. É o que
ocorre com a edição de atos por meio de sinais (ex.: placas e sinais de
trânsito), gestos (ex.: guarda de trânsito), sons (ex.: apitos dos agentes de
trânsito) ou ordens verbais (ex.: ordens verbais emitidas pelo superior
hierárquico aos seus subordinados em eventos públicos).

Correto, por fim, o item III.

Falando acerca do princípio da solenidade das formas, o prof. Rafael Oliveira


leciona que “No Direito Privado, o ordenamento jurídico consagra o princípio
da liberdade das formas, reforçando a autonomia da vontade dos particulares
(art. 107 do CC: “A validade da declaração de vontade não dependerá de
forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir”). Por outro lado,
no Direito Administrativo vigora o princípio da solenidade das formas,
exigindo-se do agente público a edição de atos escritos e o atendimento das
formalidades legais, uma vez que o agente público, ao contrário do particular,
administra interesses públicos que dizem respeito a toda a coletividade. A
solenidade da forma funciona como garantia para o administrado, propiciando
o controle da Administração e conferindo segurança jurídica às relações
administrativas.
Em situações excepcionais, justificadas a partir do princípio da razoabilidade,
os atos administrativos podem ser editados sob a forma não escrita. É o que
ocorre com a edição de atos por meio de sinais (ex.: placas e sinais de
trânsito), gestos (ex.: guarda de trânsito), sons (ex.: apitos dos agentes de
trânsito) ou ordens verbais (ex.: ordens verbais emitidas pelo superior
hierárquico aos seus subordinados em eventos públicos).
A solenidade pode ser atenuada pelo legislador, tal como ocorre com o art.
22 da Lei 9.784/1999 que, ao dispor sobre o processo administrativo federal,
determina: “Os atos do processo administrativo não dependem de forma
determinada senão quando a lei expressamente a exigir”. O formalismo,
portanto, é moderado, e não absoluto.” (op. cit., p. 303)

Destarte, somente os itens I e III estavam corretos.

Resposta: alternativa ‘b’.

4. (Emagis) Em relação aos bens públicos e temas correlatos, julgue os itens abaixo.
I – Se o particular ocupa indevidamente um bem público, somente haverá direito de retenção em
relação às benfeitorias necessárias eventualmente realizadas para assegurar a conservação do
bem.
II – A inexistência de registro imobiliário do bem objeto de ação de usucapião induz presunção

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de que o imóvel consubstancia terra devoluta.


III – Ainda que ausente pedido explícito neste sentido, a ação possessória pode ser convertida
em ação indenizatória (desapropriação indireta) a fim de assegurar tutela alternativa equivalente
ao particular, quando a invasão coletiva consolidada inviabilizar o cumprimento do mandado
reintegratório pelo município.
Há erro:

a) somente no item I.
b) somente no item II.
c) somente no item III.
d) somente nos itens I e II.
e) somente nos itens II e III.

Comentários
Falso o item I. Como não há posse, mas mera detenção, inexiste direito de
retenção por parte do particular que ocupa indevidamente um bem público. A
respeito, confira-se a recente Súmula 619 do STJ, in verbis:

Súmula 619 do STJ: "A ocupação indevida de bem público configura mera
detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por
acessões e benfeitorias."

Há engano, também, no item II, que contraria a jurisprudência assentada pelo


STJ:

"A inexistência de registro imobiliário do bem objeto de ação de usucapião


não induz presunção de que o imóvel seja público (terras devolutas),
cabendo ao Estado provar a titularidade do terreno como óbice ao
reconhecimento da prescrição aquisitiva." (REsp 964.223)

Certo, de resto, o item III, que está alicerçado no magistério jurisprudencial


do Tribunal da Cidadania, consoante ilustra este interessante precedente:

“A ação possessória pode ser convertida em indenizatória (desapropriação


indireta) - ainda que ausente pedido explícito nesse sentido - a fim de
assegurar tutela alternativa equivalente ao particular, quando a invasão
coletiva consolidada inviabilizar o cumprimento do mandado reintegratório
pelo município. Na origem, trata-se de ação de reintegração de posse em que
a parte autora, a despeito de ter conseguido ordem judicial, encontra-se
privada de suas terras há mais de 2 (duas) décadas, sem que tenha sido
adotada qualquer medida concreta para obstar a constante invasão do seu
imóvel, seja por ausência de força policial para o cumprimento do mandado
reintegratório, seja em decorrência dos inúmeros incidentes processuais
ocorridos nos autos ou em face da constante ocupação coletiva ocorrida na

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área, por milhares de famílias de baixa renda. Nesse contexto, discute-se,


entre outros temas, a possibilidade de conversão da ação reivindicatória em
indenizatória (por desapropriação indireta), de ofício pelo Juiz. Sobre a
temática, vale ressaltar que as obrigações de fazer, não fazer e entregar
coisa certa fundadas em título judicial ensejam a aplicação de tutela
específica, na forma do art. 461, § 1º, do CPC/1973, sendo totalmente
cabível a conversão em perdas e danos para a obtenção de resultado prático
correspondente, quando situação fática consolidada no curso da ação exigir a
devida proteção jurisdicional. Nesse passo, a conversão operada na espécie
não configura julgamento ultra petita ou extra petita, ainda que não tenha
havido pedido explícito nesse sentido, diante da impossibilidade prática de
devolução da posse à autora, sendo descabido o ajuizamento de outra ação
quando uma parte do imóvel já foi afetada ao domínio público, mediante
apossamento administrativo e a outra restante foi ocupada de forma precária
por inúmeras famílias com a intervenção do Município e do Estado, que
implementaram toda a infraestrutura básica na área sub judice. Outrossim,
também não há falar em violação ao princípio da congruência, devendo ser
aplicada, no caso, a teoria da substanciação, segundo a qual apenas os fatos
vinculam o julgador, que poderá atribuir-lhes a qualificação jurídica que
entender adequada ao acolhimento ou à rejeição do pedido, como fruto dos
brocardos iura novit curia e mihi factum dabo tibi ius. Conclui-se, portanto,
que a conversão em comento é consequência lógica da impossibilidade de
devolução do imóvel à autora, sendo desimportante o fato de não ter havido
pedido sucessivo/cumulado na exordial ou arguição pelos possuidores (réus
na ação reivindicatória), em sede de contestação, quanto à possibilidade de
indenização pela perda da posse.” REsp 1.442.440-AC, Rel. Min. Gurgel de
Faria, por unanimidade, julgado em 07/12/2017, DJe 15/02/2018 (Primeira
Turma, Inf. 619 STJ)

Em conclusão, somente os itens I e II estavam equivocados.

Resposta: alternativa ‘d’.

5. (Emagis) No que se refere ao contrato de gestão, consórcios públicos e autarquias em geral,


julgue os itens que se seguem, apontando dentre eles o correto:

a) A Constituição Federal no § 8o do art. 37 cria o contrato de gestão. Esta figura tal como
está na constituição é plenamente eficaz e dispensa qualquer regulamentação legal, como
entende a doutrina.
b) A doutrina entende que a previsão legal de que uma autarquia contrate com o ministério
a que se submete a fim de aumentar a própria autonomia é tecnicamente adequada já que
a autarquia é pessoa jurídica e autônoma e o ministério também.
c) O poder regulamentar das agencias reguladoras, enquanto autarquias que são está em
explicitar conceitos e comandos já contidos em lei, sem a possibilidade de os ampliar, em
hipótese alguma pode inovar no ordenamento.
d) Os Consórcios Públicos, como junção de esforços entre entes federativos, podem ser
considerados como uma manifestação do chamado federalismo cooperativo.

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e) Para que dois municípios firmem entre si Consórcio Público, basta que haja a
manifestação de aquiescência do poder executivo com dispensa do poder legislativo.

Comentários
a) Incorreto. A previsão constitucional indica um norte interpretativo de como
deve ser esse contrato para ampliar a liberdade de órgãos públicos a fim de
que possam ser mais eficazes, mas não dispensa lei que esmiúce os
conceitos e detalhes a fim de que o dispositivo passe a ter eficácia plena:
“Segundo o texto contido no § 8o do art. 37, introduzido pela referida
Emenda, a autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e
entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante
contrato a ser firmado entre seus administradores e o Poder Público, tendo
por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade.
Trata-se de verdadeiro contrato de gerenciamento, constituindo objeto do
ajuste o exercício de funções diretivas por técnicos especializados, fato que
poderá ensejar uma administração mais eficiente e menos dispendiosa dos
órgãos e pessoas da Administração. A norma não se classifica como de
eficácia plena, pois que é prevista a criação de lei que disponha sobre a
disciplina desse regime, especialmente sobre o prazo de duração do
contrato, os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos,
obrigações e responsabilidade dos dirigentes e a remuneração do pessoal”.
José dos Santos Carvalho Filho, Manual de Direito Administrativo, edição
2017, página 309. b) Incorreto. Na verdade a doutrina mais abalizada aponta
aí falha na técnica legislativa: “A Lei n 9.649, de 27.5.1998, previu a hipótese
de contratos de gestão a serem celebrados entre autarquias qualificadas
como agências executivas e o respectivo Ministério supervisor (art. 51, II).
Trata-se de figura realmente esdrúxula e que ainda não foi examinada com
profundidade pelos estudiosos. Surpreende primeiramente o fato de que a lei
se tenha referido à contratação com Ministério: este se configura como mero
órgão integrante da União Federal; não tem personalidade jurídica própria e,
portanto, não tem aptidão para figurar como contratante. Pessoa jurídica, sim,
é a União Federal. Desse modo, deve entender-se que o contrato será
celebrado entre a agência executiva e a União Federal, representada esta
pelo Ministério que supervisiona a agência”. José dos Santos Carvalho Filho,
Manual de Direito Administrativo, edição 2017, página 309. c) Incorreto. No
que se refere aos aspectos técnico do exercício de determinada atividade
específica, as agências reguladoras podem inovar no ordenamento como se
lê no trecho a seguir: “O poder normativo técnico indica que essas autarquias
recebem das respectivas leis delegação para editar normas técnicas (não as
normas básicas de política legislativa) complementares de caráter geral,
retratando poder regulamentar mais amplo, porquanto tais normas se
introduzem no ordenamento jurídico como direito novo (ius novum).
Semelhante poder tem suscitado alguns questionamentos, inclusive quanto à
sua constitucionalidade. Não vemos, porém, qualquer óbice quanto à sua
instituição, de resto já ocorrida em outros sistemas jurídicos. O que nos
parece inafastável é a verificação, em cada caso, se foi regular o exercício do

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poder ou, ao contrário, se foi abusivo, com desrespeito aos parâmetros que a
lei determinou. Consequentemente, o poder normativo técnico não pode
deixar de submeter-se a controle administrativo e institucional”. José dos
Santos Carvalho Filho, Manual de Direito Administrativo, edição 2017, página
320. d) Correto. Federalismo cooperativo normalmente é associado às
competências legislativas ambientais que são divididas por estados,
municípios e União. Na abordagem deste item falamos de um federalismo
cooperativo eventualmente horizontal, entre entes de mesma posição
federativa, e tratamos de competência para a execução de serviços públicos:
"O objeto dos consórcios públicos, como já assinalado, se concentra na
realização de atividades e metas de interesse comum das pessoas
federativas consorciadas (art. 1º). Cuida-se, em última instância, de profícuo
instrumento do federalismo cooperativo, através do qual os entes estatais,
sem embargo de não abrirem mão de sua ampla autonomia, preservada na
Constituição, se associam a outras pessoas também estatais para alcançar
metas que são importantes para todos, sempre observados os parâmetros
constitucionais. De fato, há determinados serviços públicos que, por sua
natureza ou extensão territorial, demandam a presença de mais de uma
pessoa pública para que sejam efetivamente executados. É para tal situação
que servem os consórcios públicos. A ideia, sem dúvida, é digna de
aplausos; caberá, porém, aos participantes do negócio implementá-lo à luz
do efetivo interesse público, relegando a segundo plano interesses
menores". José dos Santos Carvalho Filho, Manual de Direito Administrativo,
edição 2015, página 232.

e) Incorreto. O compartilhamento de competência de que resulta a criação do


consórcio deve ser acompanhado de manifestação do poder legislativo que
autorize a formação do consórcio sob pena de violar o equilíbrio dos poderes
dos entes envolvidos: "Há dois requisitos formais prévios à formação do
consórcio. Primeiramente, o ajuste somente poderá efetivar-se se houver
prévia subscrição de protocolo de intenções (art. 3º). Esse acordo já
representa a manifestação formal de vontade do ente estatal para participar
do negócio público. Em segundo lugar, tem-se que, firmado o protocolo,
deverá este ser objeto de ratificação por lei (art. 5º); esta, porém, será
dispensada se a entidade pública, ao momento do protocolo, já tiver editado
lei disciplinadora de sua participação no consórcio. Verifica-se, por via de
consequência, que a participação da pessoa estatal no consórcio não pode
ser decidida apenas pelo Poder Executivo: a lei demanda a participação
também do Poder Legislativo, e o faz porque esse tipo de associação
acarreta, em algumas situações, verdadeira representação do ente estatal
pelo consórcio. Trata-se, pois, de ato de governo, e não de mero
consentimento de administração". José dos Santos Carvalho Filho, Manual
de Direito Administrativo, edição 2015, página 233.

Resposta “d”.

6. (Emagis) A respeito do regime jurídico do empréstimo com consignação em folha de

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pagamento tomado pelos servidores públicos regidos pela Lei 8.112/1990, observada também a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, marque a alternativa CORRETA.

a) Houve revogação tácita da legislação anterior pela Lei 8.112/1990, que passou a ser a
sede do regime jurídico em questão.
b) É o vertido na Lei 2.339/1954, lei especial no que concerne aos servidores públicos
civis.
c) É o vertido na Lei 1.046/1950, lei especial no que concerne aos servidores públicos
civis.
d) É exclusivamente o trazido pela Lei 10.820/2003, que trata exatamente do empréstimo
com consignação em folha de pagamento tomado pelos servidores públicos civis.
e) É exclusivamente o trazido pela Lei 10.820/2003, que, embora trate dos empregados
regidos pela CLT, aplica-se extensivamente ao empréstimo com consignação em folha de
pagamento tomado pelos servidores públicos civis.

Comentários
Era a Lei 1.046/1950 que tratava das consignações feitas pelos servidores
públicos, sobre a qual foi feito acréscimo pela Lei 2.339/1954.

A Lei 10.820/2003, por sua vez, é expressa em tratar dos empregados


regidos pela CLT (vide artigo 1º).

Nesse contexto, tendo presente que a Lei 8.112/1990 trouxe regras sobre o
empréstimo com consignação em folha de pagamento pelos servidores
(artigo 45, regulamentado pelo Decreto 8.690/2016), a discussão centrou-se
em seu conflito aparente com as anteriores e especiais Leis 1.046/1950 e
2.339/1954, já que não houve revogação expressa.

O STJ, assim, veio a firmar a tese da revogação tácita das Leis 1.046/1950 e
2.339/1954 pela Lei 8.112/1990, que passa a ser o regime jurídico do
empréstimo com consignação em folha de pagamento tomado pelos
servidores públicos por ela regidos.

Veja (STJ, Resp 1.672.397, 2ª Turma, Herman Benjamim, DJe 09/10/2017):

3. Ainda que assim não fosse, o Superior Tribunal de Justiça se posiciona


no sentido de que, "após a edição da Lei nº 8.112/90, encontra-se
revogada, no âmbito das entidades e dos servidores sujeitos ao seu
regime, a disciplina de consignação em folha de pagamento disposta
pelas Leis nºs 1.046/50 e 2.339/54" (REsp 688.286/RJ, Rel. Ministro
José Arnaldo da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 17/11/2005, DJ
5/12/2005, p. 367). No mesmo sentido: AgInt no REsp 1.564.784/DF, Rel.
Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, julgado em 6/6/2017, DJe
12/6/2017).
4. Recurso Especial do qual não se conhece.

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Resposta: alternativa ‘a’.

7. (Emagis) Considere que mutuária de empréstimo com consignação em folha de pagamento


venha a falecer antes da quitação de todas as parcelas que vinham sendo descontadas em
seus salários.
A propósito, marque a alternativa CORRETA.

a) Caso a mutuária seja servidora pública regida pela Lei 8.112/1990, sua morte, por força
do artigo 16 da Lei 1.046/1950, extingue a dívida.
b) Caso a mutuária seja servidora pública regida pela Lei 8.112/1990, sua morte, por força
da ausência de regra de efeito extintivo da dívida na Lei 8.112/1990, impõe o pagamento
pelo espólio ou herdeiros, conforme o caso.
c) Caso a mutuária seja empregada celetista, sua morte, por força do artigo 16 da Lei
1.046/1950, extingue a dívida.
d) Caso a mutuária seja empregada celetista, sua morte, por força da Lei 10.820/2003,
extingue a dívida.
e) A dívida de empréstimo com consignação em folha de pagamento, por sua natureza,
não pode ser transmitida para pagamento quer pelo espólio quer pelos herdeiros.

Comentários
A regra é a transmissão das dívidas do falecido ao espólio ou aos herdeiros
(neste caso, se partilhados os bens sem pagamento das dívidas e nos limites
das forças da herança recebida).

Dessa forma, era de exceção a norma do artigo 16 da Lei 1.046/1950, que


impunha a extinção da dívida com a morte do devedor:

Art. 16. Ocorrido o falecimento do consignante, ficará extinta a dívida do


empréstimo feito mediante simples garantia da consignação em fôlha.

Ocorre que, como visto nos comentários à questão anterior, referida lei, que
tratava das consignações por servidores públicos, foi revogada pela Lei
8.112/1990.

Já no que concerne aos empregados celetistas, sob a disciplina da Lei


10.820/2003, nenhuma norma de exceção do gênero se faz presente.

Épor isso que o STJ, em julgado noticiado no Informativo n. 617, ao tempo


em que reiterou que a disciplina dos consignados por servidores é o da Lei
8.112/1990 e por empregados o da Lei 10.820/2003, tendo notado que em
nenhuma destas há a exceção da extinção da dívida pela morte, expressou
que, sendo servidor ou empregado, a morte do devedor faz a obrigação de
pagar ser transmitida ao espólio ou herdeiros.

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Veja elucidativo trecho da ementa (STJ, Resp 1.498.200, 3ª Turma, Nancy


Andrigui, DJe 07/06/2018):

4. A leitura dos arts. 3º e 4º da Lei 1.046/50 evidencia que se trata de


legislação sobre consignação em folha de pagamento voltada aos servidores
públicos civis e militares. 5. Diferentemente da Lei 1.046/50, a Lei 10.820/03
regula a consignação em folha de pagamento dos empregados regidos pela
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT e dos titulares de benefícios de
aposentadoria e pensão do Regime Geral de Previdência Social.
6. Segundo a jurisprudência do STJ, houve a ab-rogação tácita ou indireta
da Lei 1.046/50 pela Lei 8.112/90, pois esta tratou, inteiramente, da
matéria contida naquela, afastando, em consequência, a sua vigência no
ordenamento jurídico.
7. Malgrado a condição da consignante - se servidora pública
estatutária ou empregada celetista; se ativa ou inativa - não tenha sido
considerada no julgamento dos embargos à execução opostos pelo espólio,
tal fato não impede o julgamento deste recurso especial, porquanto, sob
qualquer ângulo que se analise a controvérsia, a conclusão é uma só: o art.
16 da Lei 1.046/50, que previa a extinção da dívida em virtude do falecimento
do consignante, não está mais em
vigor, e seu texto não foi reproduzido na legislação vigente sobre o tema.
8. No particular, a morte da consignante não extingue a dívida
por ela contraída mediante consignação em folha, mas implica o
pagamento por seu espólio ou, se já realizada a partilha, por seus
herdeiros, sempre nos limites da herança transmitida (art. 1.997 do CC/02).

Resposta: alternativa ‘b’.

8. (Emagis) Sobre o emprego de sanções políticas para constranger o contribuinte a adimplir


suas dívidas tributárias, marque a alternativa INCORRETA.

a) É rechaçado pelo STF.


b) Embora não se possa impedir o exercício da atividade econômica, pode a esta, sem
inconstitucionalidade, ser oposto obstáculo.
c) A emissão de novas notas fiscais não pode ser condicionada pelo Fisco ao
caucionamento pelo contribuinte de seus débitos em aberto.
d) Ao inadimplente não pode ser estimado fato gerador presumido em montante superior
ao estimado para o adimplente na substituição tributária progressiva.
e) É inconstitucional impor apenas ao inadimplente a obrigação de, no transporte de
mercadorias sujeitas a ICMS, sob pena de retenção, recolher o imposto na primeira
repartição tributária por onde as mercadorias passarem.

Comentários

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Sob repercussão geral, o STF reiterou tese ali secular, qual seja, da vedação
do uso de sanções políticas para constranger o contribuinte inadimplente a
quitar sua dívida.

E o constrangimento se dá tanto quando se obsta a continuidade das


atividades econômicas quanto quando se dificulta a continuidade destas. E
os casos mais corriqueiros, até por mais insidiosa a vedada sanção, são
estes últimos.

No caso em que reafirmada a tese, o STF enquadrou como vedada


dificuldade ao exercício de atividade econômica o condicionamento à
emissão de novas notas fiscais à prévia garantia do débito em aberto.

Veja (STF, RE 565.048, Pleno, Marco Aurélio, DJe 09/10/2014):

TRIBUTO – ARRECADAÇÃO – SANÇÃO POLÍTICA. Discrepa, a mais não


poder, da Carta Federal a sanção política objetivando a cobrança de tributos
– Verbetes nº 70, 323 e 547 da Súmula do Supremo. TRIBUTO – DÉBITO –
NOTAS FISCAIS – CAUÇÃO – SANÇÃO POLÍTICA – IMPROPRIEDADE.
Consubstancia sanção política visando o recolhimento de tributo condicionar
a expedição de notas fiscais a fiança, garantia real ou fidejussória por parte
do contribuinte. Inconstitucionalidade do parágrafo único do artigo 42 da Lei
nº 8.820/89, do Estado do Rio Grande do Sul.

O STJ aplicou esse entendimento em caso recente.

Tratava-se de regramento estadual que tornava mais gravoso o regime


tributário dos inadimplentes: (i) estimava-se para o inadimplente montante
superior ao estimado para o adimplente nas operações de substituição
tributária progressiva; (ii) para o inadimplente criava-se local, momento e
forma de recolhimento do ICMS em transporte de mercadorias (conforma
alternativa ‘e’) mais onerosos do que para o adimplemente.

Teve-se como vedada criação de dificuldade ao exercício da atividade


econômica.

A notícia assim consta do Informativo n. 626 (RMS 53.989):

O Estado não pode adotar sanções políticas para constranger o contribuinte


ao pagamento de tributos em atraso.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Inicialmente, observa-se que o Supremo Tribunal Federal, por ocasião do
julgamento do RE 565.048-RS, DJe 09/10/2014, submetido ao rito da
repercussão geral, firmou o entendimento de que o Estado não pode adotar
sanções políticas, que se caracterizam pela utilização de meios de coerção
indireta que impeçam ou dificultem o exercício da atividade econômica para
constranger o contribuinte ao pagamento de tributos em atraso, estando o
ente público vinculado ao procedimento de execução fiscal para a cobrança

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de seus créditos, no qual é assegurado ao devedor o devido processo legal.


No caso analisado, contribuinte impetrou mandado de segurança com o
objetivo de cancelar inscrição de seu nome comercial em cadastro de
inadimplentes perante a Fazenda Estadual, que o enquadrou na situação de
"contribuinte inapto". Com base na legislação estadual de regência, essa
classificação não representa mero "diferencial terminológico" a orientar o
trabalho da fiscalização, uma vez que, notadamente no tocante às operações
interestaduais, cujo o recolhimento do ICMS se realiza por meio de
denominada "antecipação tributária", traz consigo regra própria de
responsabilização tributária para o transportador, procedimento diferenciado
para recolhimento do imposto e até mesmo majoração direta da carga
tributária, com o estabelecimento de maior percentual de margem de valor
agregado em comparação com o contribuinte apto. Ponderados esses
elementos, fica evidenciado que a inscrição de empresa no rol de
contribuintes considerados inaptos pelo Fisco Estadual configura um meio de
coerção indireta para cobrança dos débitos inscritos na dívida ativa, pois
implica tratamento tributário diferenciado que dificulta o exercício da atividade
econômica, inclusive com o indevido aumento da carga tributária, sendo,
assim, clara a sanção política, não admitida pela Constituição Federal,
conforme o decidido pela Suprema Corte, nos autos do citado RE
565.048/RS.

Resposta: alternativa ‘b’.

9. (Emagis) No que se refere à competência para o processo civil, e suas implicações na


jurisdição, inclusive internacional, julgue os itens que se seguem, apontando dentre eles o
correto:

a) A convenção das partes em casos cuja competência pudesse ser concorrente entre o
foro nacional e o estrangeiro no sentido de subtrair a lide ao foro nacional para seja julgada
somente no foro estrangeiro é válida e eficaz, e por se tratar de mudança de competência
internacional pode ser reconhecida pelo juiz nacional inclusive de ofício.
b) Como a competência para que se julguem causas relacionadas a imóveis situados no
Brasil é exclusiva da nossa jurisdição, excluindo-se a possibilidade de sentença
estrangeira fazer aqui efeito com relação a esta matéria, a cobrança de aluguéis relativos a
estes mesmos imóveis tampouco pode se dar de maneira válida no Brasil em decorrência
de sentença proveniente de juízo estrangeiro ainda que haja pacto entre as partes
escolhendo foro alienígena.
c) O Judiciário brasileiro tem competência internacional concorrente para os processos
judiciais sobre alimentos, mesmo que o credor e o devedor de alimentos não morem no
Brasil, mas desde que o devedor aqui receba algum rendimento suficiente ao
adimplemento da obrigação.
d) A imparcialidade do juiz, segundo a doutrina, deve equivaler a uma neutralidade
apriorística em relação às matérias que podem fundamentar ideologicamente a solução da
lide.
e) Pelo princípio da inevitabilidade da jurisdição a parte ré pode-se, em algumas hipóteses,
recusar a participar do processo e sua inação obsta a que este lhe gere conseqüências.

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Comentários
a. Incorreto. Não é o que consta da lei na parte do reconhecimento de ofício,
embora a convenção entre as partes possa excluir a competência nacional
no caso em que esta fosse originalmente concorrente com a de estado
estrangeiro, este pacto de mudança de competência não pode ser
reconhecido de ofício: “Em todos esses casos em que o Judiciário brasileiro
tem competência internacional concorrente, tal competência pode ser
excluída pela vontade das partes, que poderão livremente eleger um foro
exclusivo estrangeiro, na forma do art. 25. A eleição de foro estrangeiro,
porém, só é admitida em contratos internacionais e levará, se válida e eficaz,
à extinção do processo sem resolução do mérito se for arguida pelo réu em
sua contestação, não se admitindo seja a mesma apreciada ex officio”.
Alexandre Freitas Câmara, O Novo Processo Civil Brasileiro. Edição 2017,
página 48. b. Incorreto. Direitos sobre imóveis não compreendem aluguéis
que pela sua natureza não implicam competência exclusiva do foro nacional:
“No art. 23 encontram-se os casos de competência internacional exclusiva. O
primeiro desses casos é o do processo que seja relativo a imóveis situados
no Brasil (art. 23, I). Só se aplica essa regra aos processos em que o objeto
mediato da demanda (isto é, o bem jurídico pretendido pelo demandante)
seja o próprio bem imóvel, como se dá em demandas possessórias ou
reivindicatórias. Não, porém, quando a demanda tenha por objeto alguma
prestação relacionada ao imóvel, como por exemplo a cobrança de aluguéis”.
Alexandre Freitas Câmara, O Novo Processo Civil Brasileiro. Edição 2017,
página 48. c. Correto. É possível no que se refere a alimentos que ambas as
partes não residam no Brasil e que ainda assim seja aqui o foro competente
ainda que se maneira concorrente para o julgamento do feito: “O Judiciário
brasileiro também tem competência internacional concorrente para os
processos que tenham por objeto a prestação de alimentos, quando o
alimentando (credor dos alimentos) tiver domicílio ou residência no Brasil ou
quando o alimentante (devedor dos alimentos) mantiver vínculos no Brasil,
tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção
de benefícios econômicos (art. 22, I, a e b). Perceba-se que a previsão da
alínea b deste art. 22, I, é especialmente importante para os casos em que
nenhuma das partes tenha domicílio no Brasil. Afinal, se o alimentando for
domiciliado no País o Judiciário brasileiro será competente por força da
alínea a do mesmo dispositivo; e se o alimentante for aqui domiciliado, a
competência internacional do Judiciário brasileiro decorrerá do previsto no
art. 21, I”. Alexandre Freitas Câmara, O Novo Processo Civil Brasileiro.
Edição 2017, página 48.

d. Incorreto. O juiz não é tabula rasa, já existia como pessoa antes de lhe ser
apresentado o processo, e vai julgar usando a própria visão de mundo. O que
ele não pode é ter qualquer interesse no resultado da causa: "Propõe-se o
termo imparcialidade para designar a condição de terceiro do órgão
jurisdicional , o aspecto objetivo de ser um estranho àquilo que é discutido.
Reserva-se a imparcialidade para a referência a um aspecto subjetivo do juiz,
que não deve ter qualquer tipo de interesse na causa. ... Não se pode

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confundir neutralidade com imparcialidade. O mito da neutralidade funda-se


na possibilidade de o juiz se desprovido de vontade inconsciente; predominar
no processo o interesse das partes e não o interesse geral de administração
da justiça; que o juiz nada tem a ver com o resultado da instrução. Ninguém é
neutro pois todos têm medos, traumas, preferências, experiências, etc. .... O
juiz não deve, porém, ter interesse no litígio, bem como deve tratar as partes
com igualdade, zelando pelo contraditório em paridade de armas (art. 7º,
CPC): isso é ser imparcial". Didier Jr. Curso de Direito Processual Civil, vol.
1, edição 2016. Página 155. e. Incorreto. O processo judicial é expressão do
poder do Estado, de modo que submeter-se a ele é inevitável: "Fala-se
então em princípio da inevitabilidade da jurisdição. As partes hão de
submeter-se ao quanto decidido pelo órgão jurisdicional. Tratando-se de
emanação do próprio poder estatal, impõe-se a jurisdição por si mesma. A
"situação de ambas as partes perante o Estado-Juiz (e particularmente a do
Réu) é de sujeição, que independe de sua vontade consiste na
impossibilidade de evitar que sobre elas e sabre sua esfera de direitos se
exerça a autoridade estatal". Didier Jr. Curso de Direito Processual Civil, vol.
1, edição 2016. Página 156. Resposta “c”.

10. (Emagis) Quanto à disciplina dos honorários advocatícios, considerada a regência do


CPC/2015, julgue os itens abaixo.
I – Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá
sobre a soma das prestações vencidas acrescida de 12 (doze) prestações vincendas.
II – Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos pela parte autora.
III – Na hipótese de cumulação alternativa, acolhido integralmente um dos pedidos, a
sucumbência deve ser suportada pelo réu.
Estão corretos somente os itens:

a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) I.
e) I, II e III.

Comentários
Certo o item I. Com efeito, a teor do § 9º do art. 85 do CPC, na ação de
indenização por ato ilícito contra pessoa o percentual de honorários incidirá
sobre a soma das prestações vencidas acrescida de 12 (doze) prestações
vincendas.

Errado, contudo, o item II. Inspirado pelo princípio da causalidade, que


orienta toda a disciplina dos honorários advocatícios sucumbenciais, o § 10
do art. 85 do CPC estipula que, nos casos de perda do objeto, os honorários

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serão devidos por quem deu causa ao processo.

Correto, por último, o item III, que está arrimado em Enunciado consolidado
pela recente e importantíssima II Jornada de Processo Civil do Conselho da
Justiça Federal – que reuniu os maiores especialistas brasileiros na matéria e
consubstancia relevante fonte na aplicação dos ditames do novel Codex. Eis
o teor do Enunciado n. 109:

“Na hipótese de cumulação alternativa, acolhido integralmente um dos


pedidos, a sucumbência deve ser suportada pelo réu.”

Desse modo, os itens I e III estavam corretos.

Resposta: alternativa ‘b’.

11. (Emagis) Quanto à desconsideração da personalidade jurídica, tendo em vista a disciplina


do CPC e sua abalizada interpretação, aquilate as seguintes proposições.
I – Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer
as provas cabíveis no prazo de 10 (dez) dias.
II – A instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica suspenderá a
tramitação do processo de execução e do cumprimento de sentença em face de todos os
executados.
III – O incidente de desconsideração da personalidade jurídica pode ser aplicado ao processo
falimentar.

a) somente o item I está correto.


b) apenas há erro no item II.
c) somente o item III está correto.
d) apenas há erro no item I.
e) somente o item II está correto.

Comentários
Há erro no item I. O prazo, na verdade, é de 15 dias, e não de 10 dias. A
respeito, recorde-se o conteúdo do art. 135 do CPC, in verbis:

Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para
manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.

Falso, também, o item II. Na verdade, não haverá suspensão da execução ou


do cumprimento de sentença em relação aos executados originários (do
contrário, seriam beneficiados exatamente aqueles que estariam a abusar da
personalidade jurídica).

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A respeito, é importante conhecer o Enunciado n. 110 da II Jornada de


Processo Civil do Conselho da Justiça Federal, assim redigido:

“A instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica


não suspenderá a tramitação do processo de execução e do cumprimento de
sentença em face dos executados originários.”

Correto, por fim, o item III, que se alinha ao entendimento consolidado no


Enunciado n. 111 da II Jornada de Processo Civil do CJF, litteratim:

“O incidente de desconsideração da personalidade jurídica pode ser aplicado


ao processo falimentar.”.

Destarte, apenas o item III estava certo.

Resposta: alternativa ‘c’.

12. (Emagis) A propósito da penhorabilidade do bem de família na hipótese em que seja ele
voluntariamente ofertado pelo casal ou pela entidade familiar como garantia real hipotecária de
determinada dívida, marque a alternativa CORRETA.

a) Inexiste exceção na Lei 8.009/1990 com admissão de penhora para casos do gênero.
b) A Lei 8.009/1990, na verdade, expressa que a impenhorabilidade se aplica inclusive
para os casos em questão.
c) A Lei 8.009/1990 considera ilícito o ato jurídico de constituição pelo casal ou entidade
familiar de hipoteca sobre seu bem de família.
d) A penhorabilidade existe, em regra, se a dívida garantida é do próprio casal ou da
entidade familiar.
e) A penhorabilidade existe, em regra, se a dívida garantida é de terceiro que não o próprio
casal ou da entidade familiar.

Comentários
A Lei 8.099/1990, mais do que validar o ato jurídico de constituição pelo casal
ou entidade familiar de hipoteca sobre seu bem de família, clausula a
hipótese como uma das exceções à impenhorabilidade do imóvel.

Referimo-nos ao inciso V do artigo 3º da Lei 8.009/1990, litteris:

Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução


civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real
pelo casal ou pela entidade familiar;

Observe que, a despeito de admitida a penhora, a lei não refere qual a

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natureza da dívida garantida pela hipoteca do bem de família.

Énesse contexto que se sedimentou a tradicional orientação jurisprudencial


do STJ de que a dívida deve ser do próprio casal ou entidade familiar,
mantida, em princípio (esse ponto será desdobrado em questão seguinte), a
impenhorabilidade se a dívida garantida é de terceiro.

A seguinte ementa representa essa linha jurisprudencial (STJ, Resp


1.370.312, 1ª Turma, Regina Helena Costa, DJe 21/03/2017):

II - O acórdão recorrido está em confronto com orientação desta Corte,


segundo a qual somente é possível a penhora do bem de família oferecido
em garantia, nos termos do inciso V, do art. 3º da Lei n. 8.009/90, na
hipótese de a garantia ter sido prestada em benefício da entidade familiar,
não de terceiro.

Resposta: alternativa ‘d’.

13. (Emagis) Considere que para garantia de dívida contraída por pessoa jurídica seja oferecido
pelo(s) sócio(s) em hipoteca imóvel de sua propriedade que seja seu bem de família, vindo tal
hipoteca a ser executada em juízo.
A propósito, observada a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, marque a alternativa
CORRETA.

a) Como a dívida garantida é de terceiro (pessoa jurídica) que não o casal ou entidade
familiar, é peremptória a manutenção da impenhorabilidade do bem.
b) Caso existam outros sócios da pessoa jurídica que não o casal que gravou o próprio
bem, é destes, para manutenção da impenhorabilidade, o ônus de provar que o proveito da
dívida não se reverteu em seu favor.
c) Caso o casal que gravou o próprio bem sejam os únicos sócios da pessoa jurídica, é
deles (casal proprietário), para manutenção da impenhorabilidade, o ônus de provar que o
proveito da dívida não se reverteu em seu favor.
d) Como a dívida garantida é de terceiro (pessoa jurídica) que não o casal ou entidade
familiar, é peremptório o afastamento da impenhorabilidade do bem.
e) Quando de terceiro a dívida garantida pela hipoteca, a penhorabilidade independe da
reversão do proveito da obrigação ao casal ou entidade familiar.

Comentários
A premissa importante é aquela adiantada nos comentários à questão
anterior: se a dívida garantida é de terceiro, em princípio a impenhorabilidade
se mantém.

O afastamento da impenhorabilidade do bem de família quando hipotecado


para garantir dívida de terceiro é excepcional e depende de prova de que,

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ainda que de terceiro a dívida, seu proveito se reverteu em favor do casal ou


entidade familiar proprietário do bem.

Dessa construção teórica não se desviou a 2ª Seção do STJ em julgamento


noticiado no Informativo 627 do STJ.

Pelo contrário: aplicou-a ao caso em que o ‘terceiro’ em questão seja pessoa


jurídica de que sócio o casal que ofertou o bem.

Caso haja outros sócios, tem-se genuína garantia de dívida de terceiro,


cabendo ao credor, para afastar a impenhorabilidade, provar que o proveito
da dívida reverteu-se em favor dos proprietários do imóvel.

Caso os únicos sócios da pessoa jurídica sejam os proprietários do bem


hipotecado, admite-se a presunção da reversão a estes do proveito da dívida:
aos proprietários caberá o ônus de desconstituir essa presunção.

Veja a notícia (EREsp 848.498):

Épossível a penhora de bem de família dado em garantia hipotecária pelo


casal quando os cônjuges forem os únicos sócios da pessoa jurídica
devedora.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR

Resposta: alternativa ‘d’.

14. (Emagis) Sobre os embargos infringentes no CPC/2015, avalie as assertivas que seguem.
I – Extinguiu os embargos infringentes.
II – Criou técnica de complementação de determinadas decisões colegiadas não unânimes em
segunda instância.
III – Criou técnica de complementação de decisões colegiadas não unânimes em recursos
repetitivos e as prolatadas pelo Plenário ou Órgão Especial do Tribunal.
Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) Todas
e) Nenhuma

Comentários
De fato, o CPC/2015 extinguiu os embargos infringentes e criou, em seu
artigo 942, técnica de complementação de determinadas decisões colegiadas

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não unânimes em segunda instância.

A técnica é aplicável à apelação (referida no próprio caput) e outros


julgamentos referidos no §3º do precitado artigo.

Seu §4º, todavia, cuida de excluir expressamente de sua abrangência os


repetitivos (e os incidentes de assunção de competência), os julgamentos em
plenário e órgão especial e os reexames necessários.

Veja:

Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento


terá prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros
julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no
regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de
inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o
direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.
§3o A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se, igualmente, ao
julgamento não unânime proferido em:
I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo,
nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição
previsto no regimento interno;
II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar
parcialmente o mérito.
§4o Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento:
I - do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas
repetitivas;
II - da remessa necessária;
III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial.

Resposta: alternativa ‘a’.

15. (Emagis) Sobre a tutela coletiva em juízo dos direitos individuais homogêneos, marque a
alternativa CORRETA.

a) Na primeira fase da ação civil coletiva, tem-se autêntica legitimação ordinária.


b) A sentença que encerra a primeira fase da ação civil coletiva não pode ser genérica.
c) Na segunda fase da ação civil coletiva é que se manifesta a substituição processual.
d) A exequibilidade da sentença coletiva é pleno jure.
e) O Município pode defender em juízo direito individual homogêneo de seus servidores
desde que presente a relevância social qualificada do interesse.

Comentários

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Já se explorou em rodada anterior sistematização doutrinária comum para as


duas fases da ação civil coletiva que trate de direito individual homogêneo.

Na primeira, a substituição processual se manifesta com clareza, dada a


legitimação extraordinária do autor para obter em juízo sentença genérica,
que fixe apenas os contornos comuns dos direitos dos substituídos.

Trata-se de sentença sem exequibilidade imediata, posto que dependente da


segunda fase.

Nesta se manifesta a legitimação ordinária de cada substituído para dar


concreção individual ao direito reconhecido na sentença genérica,
demonstrando os parâmetros necessários à quantificação individualizada.

Veja trecho de ementa de julgado noticiado no Informativo n. 626 (STJ, Resp


1.509.586, 3ª Turma, Nancy Andrigui, DJe 18/05/2018):

4. A ação civil coletiva em que se defendem interesses individuais


homogêneos se desdobra em duas fases: a) a primeira, caracterizada pela
legitimidade extraordinária, na qual são definidos, em sentença genérica, os
contornos homogêneos do direito questionado; e b) a segunda, onde
impera a legitimidade ordinária, na qual são estabelecidos a titularidade
do direito e o quantum debeatur, essenciais à exequibilidade da primeira
sentença.

No que tange à legitimidade ativa do Município em ação coletiva em que


demande direito individual homogêneo de seus servidores, tem-se que, caso
se trate de interesses puramente particulares, inexiste legitimidade.

Se, porém, há transcendência social aos direitos, é de reconhecer-se a


legitimidade.

Segue a notícia do julgado acima referido:

Município tem legitimidade ad causam para ajuizar ação civil pública em


defesa de direitos consumeristas questionando a cobrança de tarifas
bancárias.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Inicialmente cumpre salientar que os entes federativos ou políticos, enquanto
gestores da coisa pública e do bem comum, são, em tese, os maiores
interessados na defesa dos interesses metaindividuais, haja vista que,
conforme leciona a doutrina, "o Estado é a ordem jurídica soberana que tem
por fim o bem comum de um povo situado em um determinado território".
Trata-se, em verdade, de dever-poder, decorrente da supremacia do
interesse público sobre o privado e da indisponibilidade do interesse público,
a impor aos entes políticos o dever de agir na defesa de interesses
metaindividuais, por serem seus poderes irrenunciáveis e destinados à
satisfação dos interesses públicos. Ademais, a legitimação dos entes

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políticos para a defesa de interesses metaindividuais é justificada pela


qualidade de sua estrutura, capaz de conferir maior probabilidade de êxito na
implementação da tutela coletiva, bem como não se questiona sua
pertinência temática ou representatividade adequada, por serem presumidas.
Deste modo, no que se refere especificamente à defesa de interesses
individuais homogêneos dos consumidores, o Município é o ente político que
terá maior contato com as eventuais lesões cometidas contra esses
interesses, pois, conforme afirma a doutrina, "será no Município que esses
fatos ensejadores da ação civil pública se farão sentir com maior intensidade
[...] em face da proximidade, da imediatidade entre ele e seus munícipes".

Resposta: alternativa ‘e’.

16. (Emagis) Sobre o controle judicial da cláusula penal pactuada pelas partes em contrato
regido pelo Código Civil, marque a alternativa CORRETA.

a) O Código Civil de 2002 acolheu o princípio da imutabilidade absoluta da pena livremente


estabelecida pelas partes.
b) O Código Civil de 2002, assim como fazia o Código Civil de 1916, apenas admite a
redução pelo juiz da pena livremente estabelecida pelas partes caso haja cumprimento
parcial da obrigação.
c) O Código Civil de 2002 admite a redução pelo juiz da pena livremente estabelecida
pelas partes mesmo quando o descumprimento da obrigação seja total.
d) De ofício o juiz não pode reduzir o valor da cláusula penal.
e) A equidade, na disciplina do Código Civil de 2002, não é fundamento idôneo para o juiz
reduzir o valor da cláusula penal, sob pena de violação ao princípio da autonomia da
vontade.

Comentários
Veja que o artigo 413 do CC/2002, para além da redução com fundamento no
cumprimento parcial da obrigação (admitida no artigo 924 do CC/1916),
admite seja ela reduzida com fundamento na equidade.

Expressa, ademais, ser um dever do juiz, ao contrário do CC/1916 que


estabelecia que a redução ‘poderia’ ser feita.

Compare a redação dos dispositivos:

Art. 413. A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a


obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da
penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a
finalidade do negócio.

Art. 924. Quando se cumprir em parte a obrigação, poderá o juiz reduzir

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proporcionalmente a pena estipulada para o caso de mora, ou de


inadimplemento.

Sob essa ótica é que o STJ reafirmou que a regra da imutabilidade da pena
pactuada pelas partes foi rechaçada ainda com mais força pelo CC/2002.

Expressou que a redução agora, com fundamento na equidade, pode se dar


mesmo quando o descumprimento da obrigação pelo devedor seja total.

Além disso, tratando-se de ‘dever’ do juiz e sendo de ordem pública a


imposição da equidade, expressou que a redução pode se dar de ofício.

O julgado foi noticiado no Informativo n. 627 e sua ementa é didática (STJ,


Resp 1.447.247, 4ª Turma, Luis Felipe Salomão, DJe 04/06/2018):

1. Em que pese ser a cláusula penal elemento oriundo de convenção entre


os contratantes, sua fixação não fica ao total e ilimitado alvedrio destes,
porquanto o atual Código Civil, diferentemente do diploma revogado,
introduziu normas de ordem pública, imperativas e cogentes, que possuem
o escopo de preservar o equilíbrio econômico financeiro da avença,
afastando o excesso configurador de enriquecimento sem causa de
qualquer uma das partes.
2. Entre tais normas, destaca-se o disposto no artigo 413 do Código Civil de
2002, segundo o qual a cláusula penal deve ser reduzida equitativamente
pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o
montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a
natureza e a finalidade do negócio.
3. Sob a égide do Código Civil de 2002, a redução da cláusula penal pelo
magistrado deixou, portanto, de traduzir uma faculdade restrita às hipóteses
de cumprimento parcial da obrigação (artigo 924 do Código Civil de 1916)
e passou a consubstanciar um poder/dever de coibir os excessos e os
abusos que venham a colocar o devedor em situação de inferioridade
desarrazoada.
4. Superou-se, assim, o princípio da imutabilidade absoluta da pena
estabelecida livremente entre as partes, que, à luz do código revogado,
somente era mitigado em caso de inexecução parcial da obrigação.
5. O controle judicial da cláusula penal abusiva exsurgiu, portanto, como
norma de ordem pública, objetivando a concretização do princípio da
equidade - mediante a preservação da equivalência material do pacto -
e a imposição do paradigma da eticidade aos negócios jurídicos.
6. Nessa perspectiva, uma vez constatado o caráter manifestamente
excessivo da pena contratada, deverá o magistrado, independentemente de
requerimento do devedor, proceder à sua redução, a fim de fazer o ajuste
necessário para que se alcance um montante razoável, o qual, malgrado
seu conteúdo sancionatório, não poderá resultar em vedado enriquecimento
sem causa.
7. Por sua vez, na hipótese de cumprimento parcial da obrigação, deverá o
juiz, de ofício e à luz do princípio da equidade, verificar se o caso

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reclamará ou não a redução da


cláusula penal fixada.
8. Assim, figurando a redução da cláusula penal como norma de ordem
pública, cognoscível de ofício pelo magistrado, ante sua relevância social
decorrente dos escopos de preservação do equilíbrio material dos contratos
e de repressão ao enriquecimento sem causa, não há falar em
inobservância ao princípio da adstrição (o chamado vício de julgamento extra
petita), em preclusão consumativa ou em desrespeito aos limites devolutivos
da apelação.
9. Recurso especial não provido.

Resposta: alternativa ‘c’.

17. (Emagis) Sobre os danos morais decorrentes de acidente de veículos automotores do qual
tenha não tenha resultado danos à integridade física dos envolvidos, observada a jurisprudência
do STJ, avalie as assertivas que seguem.
I – Trata-se de danos morais in re ipsa.
II – É desnecessária a produção de prova específica referente aos danos morais.
III – Qualquer acidente de trânsito que produza danos patrimoniais carrega consigo a produção
de danos morais aos envolvidos.
Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) Todas
e) Nenhuma

Comentários
O STJ, em julgado noticiado no Informativo n. 627, rechaçou a existência de
dano moral in re ipsa na hipótese, que fora reconhecida pelo tribunal
recorrido.

Afirmou que a produção de danos patrimoniais no acidente não presume a


produção também dos danos morais.

Exigiu fossem estes últimos objeto de prova em concreto referente a dissabor


que extrapolasse o decorrente daquela ocorrência.

Veja a notícia (Resp 1.653.413):

Os danos decorrentes de acidentes de veículos automotores sem vítimas não


caracterizam dano moral in re ipsa.

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INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR


A jurisprudência do STJ, em casos específicos, concluiu pela possibilidade de
compensação de danos morais independentemente da demonstração de dor,
traduzindo-se, pois, em consequência in re ipsa, intrínseca à própria conduta
que injustamente atinja a dignidade do ser humano. Todavia, a
caracterização do dano moral in re ipsa não pode ser elastecida a ponto de
afastar a necessidade de sua efetiva demonstração em qualquer situação.
Isso porque ao assim proceder se estaria a percorrer o caminho
diametralmente oposto ao sentido da despatrimonialização do direito civil,
transformando em caráter meramente patrimonial os danos extrapatrimoniais
e fomentando a já bastante conhecida "indústria do dano moral". Nesse
sentido é importante assinalar que, em casos de acidente automobolístico
sem vítima, não há a priori a configuração de dano moral. Ao contrário, em
casos tais, o comum é que os danos não extrapolem a esfera patrimonial e
ensejem indenização por danos materiais, eventualmente, sob as
modalidades de lucros cessantes e ressarcimento de despesas
correlacionadas. De outro prisma, certamente haverá casos em que as
circunstâncias que o envolvem apontem para um dano que extrapole os
limites do mero aborrecimento e que, portanto, deverão ser compensados por
meio de indenização que logre realizar o princípio do ressarcimento integral
da vítima. Nota-se, portanto, que o dano moral decorrente de acidente de
trânsito não corresponde ao dano in re ipsa por vezes reconhecido nesta
Corte Superior.

Resposta: alternativa ‘e’.

18. (Emagis) A propósito do sistema de tarifação da indenização por danos materiais


decorrentes do extravio de bagagem em contrato de transporte aéreo internacional, marque a
alternativa CORRETA.

a) É estabelecido em tratados internacionais, é compatível com a Constituição Federal e


prevalece no confronto com o sistema do Código de Defesa do Consumidor.
b) É estabelecido em tratados internacionais e é incompatível com a Constituição Federal,
especialmente com seu artigo 178 e com o artigo 5º, XXXV.
c) É estabelecido em tratados internacionais, cedendo em eventual antinomia com as
normas do Código de Defesa do Consumidor.
d) O patamar da indenização pode ser superior ao estabelecido no artigo 22 da Convenção
de Varsóvia apenas nos casos em que concretamente demonstrado prejuízo superior.
e) O patamar da indenização pode ser superior ao estabelecido no artigo 22 da Convenção
de Varsóvia apenas nos casos em se trate de relação de consumo sujeita ao Código de
Defesa do Consumidor.

Comentários
Tradicionalmente, o STJ considerava possível, uma vez demonstrado em

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concreto prejuízo superior aos limites tarifados na Conversão de Varsóvia,


condenação superior a tal limite.

Isso seja por tratar-se de relação de consumo, sujeita, portanto, ao princípio


da reparação integral do CDC, seja porque o Judiciário, reconhecida lesão a
direito, não podia deixar de conceder a tutela adequada (CF, artigo 5º,
XXXV).

Ocorre que, sob repercussão geral, o STF, conforme já se explorou em


rodada anterior, estabeleceu entendimento diverso.

Considerou constitucional a tarifação e teve que o regramento internacional,


em nome do artigo 178 da CF, deve prevalecer no conflito com o CDC.

Veja (STF, RE 636.331, Pleno, Gilmar Mendes, DJe 13/11/2017):

Recurso extraordinário com repercussão geral. 2. Extravio de bagagem.


Dano material. Limitação. Antinomia. Convenção de Varsóvia. Código de
Defesa do Consumidor. 3. Julgamento de mérito. É aplicável o limite
indenizatório estabelecido na Convenção de Varsóvia e demais acordos
internacionais subscritos pelo Brasil, em relação às condenações por dano
material decorrente de extravio de bagagem, em voos internacionais. 5.
Repercussão geral. Tema 210. Fixação da tese: "Nos termos do art. 178 da
Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores
da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,
especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em
relação ao Código de Defesa do Consumidor". 6. Caso concreto. Acórdão
que aplicou o Código de Defesa do Consumidor. Indenização superior ao
limite previsto no art. 22 da Convenção de Varsóvia, com as modificações
efetuadas pelos acordos internacionais posteriores. Decisão recorrida
reformada, para reduzir o valor da condenação por danos materiais,
limitando-o ao patamar estabelecido na legislação internacional. 7. Recurso a
que se dá provimento.

Julgado noticiado no Informativo n. 626 demonstra que o STJ curvou-se a


esse entendimento (Resp. 673.048):

Em adequação ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, é possível a


limitação, por legislação internacional espacial, do direito do passageiro à
indenização por danos materiais decorrentes de extravio de bagagem.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, em juízo de retratação (art.
1.040, II, do CPC/2015), reformou decisão antes proferida, tendo em vista
que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 636.331-RJ, Rel. Min.
Gilmar Mendes, DJe 13/11/2017, firmou compreensão de que "nos termos do
art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais
limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,
especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em

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relação ao Código de Defesa do Consumidor". Constata-se, portanto, que a


antinomia aparente se estabelecia entre o art. 14 do Código de Defesa do
Consumidor, o qual impõe ao fornecedor do serviço o dever de reparar os
danos causados, e o disposto no art. 22 da Convenção de Varsóvia,
introduzida no direito pátrio pelo Decreto 20.704, de 24/12/1931, que
preestabelece limite máximo para o valor devido pelo transportador, a título
de reparação pelos danos materiais.

Resposta: alternativa ‘a’.

19. (Emagis) A propósito dos créditos sujeitos ao plano de recuperação judicial, marque a
alternativa CORRETA.

a) Se o crédito existe na data do pedido de recuperação, mas seu vencimento é posterior,


não se sujeita ao plano de recuperação.
b) Se decorre de relação trabalhista e venceu antes do pedido de recuperação judicial,
porém somente foi reconhecido em sentença posterior, não se sujeita ao plano de
recuperação judicial.
c) A sentença condenatória, para efeitos de sujeição ao plano de recuperação judicial, tem
natureza constitutiva.
d) Se decorre de ato ilícito ocorrido antes do pedido de recuperação judicial, ainda que
somente tenha sido reconhecido em sentença posterior, sujeita-se ao plano de
recuperação judicial.
e) Se decorre de negócios jurídicos celebrados pelo empresário após o pedido de
recuperação, sujeita-se ao plano de recuperação judicial.

Comentários
Lembre-se de que, para o artigo 49 da Lei 11.101/2005, basta que o crédito
‘exista’ à ocasião do pedido de recuperação – ainda que não vencido – para
que se sujeite ao plano.

Veja:

Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na


data do pedido, ainda que não vencidos.

A lógica é excluir das restrições de pagamento segundo o plano de


recuperação apenas os créditos decorrentes de negócios celebrados
posteriormente pelo empresário, isso para que seja viável que continue ele
após o pedido de recuperação hábil a celebrar contratos e pagá-los tal como
celebrados.

Énesse contexto que o STJ já estabelecera que a sentença condenatória tem


efeitos declaratórios do crédito para os fins do dispositivo legal supra: o

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crédito considera-se ‘existente’ desde o fato ou ato que o originou, sendo que
a sentença posterior apenas declara tal existência.

Assim, trânsito em julgado de condenação posterior ao pedido de


recuperação não afasta necessariamente o crédito do plano de recuperação:
se o fato gerador do crédito é anterior ao pedido de recuperação, a sujeição
ao plano se impõe.

Em julgado noticiado no Informativo n. 626, o STJ, que manifestara esse


entendimento para condenações trabalhistas, reiterou para condenação a
indenização por danos morais.

Veja a notícia:

O crédito derivado de fato ocorrido em momento anterior àquele em que


requerida a recuperação judicial deve sujeitar-se ao plano de soerguimento
da sociedade devedora.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
O ponto central da controvérsia consiste em decidir se créditos decorrentes
de condenação transitada em julgado em momento posterior ao pedido de
recuperação judicial devem ou não ser incluídos no plano de soerguimento
do devedor. De acordo com o disposto no art. 49 da Lei 11.101/05 (Lei de
Falência e Recuperação de Empresas - LFRE), estão sujeitos aos efeitos da
recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda
que não vencidos. Consoante assentado no voto condutor da maioria,
proferido por ocasião do julgamento do REsp 1.634.046-RS (Rel. Min. Nancy
Andrigui, Rel para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, DJe
18/05/2017), "a constituição de um crédito pressupõe a existência de um
vínculo jurídico entre as partes e não se encontra condicionada a uma
decisão judicial que simplesmente o declare". Assim, tratando-se, como na
espécie, de vínculo jurídico decorrente de evento que causou dano à esfera
dos direitos de credores da recuperanda, a constituição do crédito
correspondente não se dá com a prolação da decisão judicial que o
reconhece e o quantifica, mas com a própria ocorrência daquele evento.
Convém destacar que a própria LFRE está a determinar que, cuidando-se de
ação versando sobre quantia ilíquida, cujo processamento não é suspenso
pelo pedido recuperacional, o crédito decorrente da respectiva sentença
judicial deve ser incluído no quadro geral de credores, podendo o juízo onde
elas tramitam, inclusive, determinar a reserva de valor para satisfação da
obrigação (art. 6º, §§ 1º e 3º). Destarte, reconhecido que o crédito em
discussão foi constituído em momento anterior ao pedido de recuperação
judicial, deve ele se sujeitar aos efeitos do plano de soerguimento, a teor do
que determina o precitado art. 49 da LFRE.

Resposta: alternativa ‘d’.

20. (Emagis) No que se refere ao feminicídio, e delitos patrimoniais, julgue os itens que se

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seguem, apontando dentre eles o correto:

a) Só será considerado o homicídio especial denominado feminicídio, o crime que atentar


contra a vida de pessoa do sexo feminino e que se dê no contexto de violência doméstica.
b) O feminicídio entra em afinidade com uma tendência mundial de proteção à mulher e
decorre, em parte, de uma série de tratados a que se obrigou o Brasil.
c) Prevalece na doutrina que a qualificadora do feminicídio é compatível com o privilégio,
de modo que o crime poderia a um só tempo ser qualificado e privilegiado. Assim, o marido
que apanhe a esposa em adultério e a mate, terá o crime qualificado pelo feminicídio e
privilegiado pela violenta emoção.
d) A presunção de maior vulnerabilidade que leva à majoração do furto noturno é relativa,
pois uma vez que o réu venha a demonstrar que as vítimas estavam acordadas não
haverá razão para que se eleve a pena do agente.
e) A jurisprudência do STJ é assente em que nada obsta ao prosseguimento da ação
penal que o réu do crime de furto de energia elétrica pague o débito seja em qual for o
tempo. Pode implicar algum alívio a título de arrependimento posterior e mais nada.

Comentários
a. Incorreto. Apesar de o feminicídio ter sujeito passivo definido que é a
mulher, este crime não precisa decorrer somente de violência doméstica, há
outro motivo em lei igualmente idôneo à caracterização do tipo: “Segundo a
Lei n° 13.104, de 09/03/2015 (publicada em 10/03/2015), considera-se
feminicídio o homicídio "contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino" (art. 121, § 2°, VI, do CP). Nos termos do § 20-A, "Considera-se
que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: I -
violência doméstica e familiar; II - menosprezo ou discriminação à condição
de mulher." Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo, Direito Penal,
Volume 2, Parte Especial, página 56. b. Correto. Não é uma iniciativa
nacional isolada, mas decorre de um esforço internacional para diminuir a
violência contra a mulher: “O legislador pátrio, seguindo as recomendações
internacionais e na busca de maior eficiência na proteção dos direitos
fundamentais, alterou a legislação para inserir no Código Penal o feminicídio
corno qualificadora no art. 121, § 2°, VI. Por sua vez, mantendo uniformidade
com as demais circunstâncias qualificadoras descritas no art. 121, § 2°, o
feminicídio foi considerado crime hediondo. Conforme constou na justificação
do PLS z92/2013: "A lei deve ser vista, no entanto, como um ponto de
partida, e não de chegada, na luta pela igualdade de gênero e pela
universalização dos direitos humanos". Com a nova legislação, segundo
dados da ONU, o Brasil passa a ser a 16ª nação latino-americana a instituir
lei que classifique requintes de crueldade no assassinato de mulheres como
crime hediondo. Nadine Gusman, representante da ONU Mulheres Brasil,
ressalta: "a conquista como um marco dentre as atividades alusivas ao Dia
Internacional da Mulher no Brasil e na América Latina e Caribe, considerando
que outros 15 países já garantiram a tipificação do feminicídio em leis
nacionais num ciclo iniciado em 2007: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia,
Costa Rica, El Salvador, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua,

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Panamá, Peru, República Dominicana e Venezuela". Alexandre Salim e


Marcelo André de Azevedo, Direito Penal, Volume 2, Parte Especial, página
57. c. Incorreto. Na doutrina a opinião contrária é que prevalece. Como a
qualificadora do feminicídio seria subjetiva, seria também incompatível com o
privilégio: “Trata-se de qualificadora de natureza subjetiva, uma vez que o
sujeito ativo mata motivado pelo menosprezo ou discriminação à condição de
mulher. Ao se adotar esta posição, a qualificadora passa a ser incompatível
com as circunstâncias descritas no art. 121, § 1°, do CP (homicídio
privilegiado), as quais também possuem natureza subjetiva. Com efeito, não
há de se falar em feminicídio- privilegiado (art. 121, § 2°, VI, c/c § 1°)”.
Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo, Direito Penal, Volume 2, Parte
Especial, página 61. d. Incorreto. Não adianta provar que embora o furto
tenha se dado no repouso noturno as vítimas estivessem acordadas, a
vulnerabilidade é objetivada na lei e não comporta exceções como firma a
jurisprudência do STJ: “Para a configuração da circunstância majorante do §
1º do art. 155 do Código Penal basta que a conduta delitiva tenha sido
praticada durante o repouso noturno, dada a maior precariedade da vigilância
e a defesa do patrimônio durante tal período e, por consectário, a maior
probabilidade de êxito na empreitada criminosa, sendo irrelevante o fato de
uma das vítimas não estar dormindo no momento do crime” (STJ, HC
331.100/MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª T., DJe 03/05/2016). e. Incorreto.
Há mais de uma jurisprudência do STJ entendendo que se o réu paga o
débito, ou mesmo está cumprindo o parcelamento antes do oferecimento da
denúncia, há extinção da punibilidade pelo princípio da subsidiariedade do
direito penal: Pago o débito de energia antes do oferecimento da denúncia,
resolvido está o ilícito civil, não se justificando a persecução penal.
Precedentes. Na hipótese, o recorrente celebrou acordo com a
concessionária de energia elétrica, parcelando o débito decorrente da
subtração de energia elétrica que lhe foi imputada, com o seu posterior
adimplemento, circunstância que enseja a extinção de sua punibilidade (STJ,
RHC 62.437/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 6ª T., DJe 1º/07/2016).
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça entende que o ressarcimento
do preço devido em razão da subtração de energia elétrica, antes do
recebimento da denúncia, acarreta a extinção da punibilidade, em respeito
aos princípios da isonomia e da subsidiariedade do Direito Penal. Incidência
da Súmula nº 83 do STJ (STJ, AgRg no AREsp 522.504/RJ, Rel. Min.
Rogério Schietti Cruz, 6ª T., DJe 17/11/2014).

Resposta “b”.

21. (Emagis) Sobre a consumação do crime de roubo, considerada a jurisprudência do Superior


Tribunal de Justiça, marque a alternativa CORRETA.

a) Embora não exija pelo agente a posse mansa e pacífica da res furtiva, exige tal posse
atinja o estágio de desvigiada.
b) Embora não exija pelo agente a posse mansa e pacífica da res furtiva ou mesmo
desvigiada, não ultrapassa a tentativa quando imediatamente perseguido quando ainda na
posse da coisa.

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c) Adota-se a teoria da apprehensio.


d) Embora não exija pelo agente a posse mansa e pacífica da res furtiva ou mesmo
desvigiada, não ultrapassa a tentativa quando imediatamente recuperada a coisa.
e) O momento de inversão da posse da coisa mediante violência e grave ameaça é ainda
anterior ao momento consumativo.

Comentários
O STJ adota a teoria da apprehensio, conforme afirmado pelo Ministro Jorge
Mussi no Resp 1.519.860: “A teoria da apprehensio adotada pelo Superior
Tribunal de Justiça entende que o momento da consumação dos delitos
patrimoniais ocorre com a posse da res furtiva.”

Equivale a dizer: basta que o agente adquira a posse, mediante inversão


daquela exercida pela vítima. O que, para caracterizar o roubo, precisa se dar
com violência ou grave ameaça.

Esse o momento consumativo.

Não é preciso qualquer qualificação adicional para esta posse, isto é, mansa
e pacífica ou desvigiada.

Assim, mesmo nos tradicionais casos em que, despojada da coisa, a vítima


e/ou as forças policiais perseguem o agente, prendem-no e recuperam a
coisa, de roubo consumado continua a se tratar.

A tese deu origem à Súmula 582 e foi vertida no seguinte repetitivo (STJ,
Resp. 1.499.050, 3ª Seção, Rogério Schietti Cruz, DJe 09/11/2015):

RECURSO ESPECIAL. PROCESSAMENTO SOB O RITO DO ART. 543-C


DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. RECURSO REPRESENTATIVO DA
CONTROVÉRSIA. ROUBO. MOMENTO CONSUMATIVO. POSSE
MANSA E PACÍFICA DA RES FURTIVA. DESNECESSIDADE.
RECURSO PROVIDO.
1. Recurso Especial processado sob o regime previsto no art. 543-C, § 2º, do
CPC, c/c o art. 3º do CPP, e na Resolução n. 8/2008 do STJ.
TESE: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem,
mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve
tempo e em seguida a perseguição imediata ao agente e recuperação da
coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou
desvigiada.
2. A jurisprudência pacífica desta Corte Superior e do Supremo Tribunal
Federal é de que o crime de roubo se consuma no momento em que o
agente se torna possuidor da coisa subtraída, mediante violência ou
grave ameaça, ainda que haja imediata perseguição e prisão, sendo
prescindível que o objeto subtraído saia da esfera de vigilância da vítima.
Jurisprudência do STF (evolução).

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3. Recurso especial representativo de controvérsia provido para,


reconhecendo que a consumação do crime de roubo independe da posse
mansa e pacífica da res furtiva, restabelecer a pena e o regime prisional
fixados na sentença.

Resposta: alternativa ‘c’.

22. (Emagis) A respeito da causa especial de aumento de pena do crime de roubo pelo emprego
de arma, considerando especialmente a inovação introduzida no Código Penal pela Lei
13.654/2018, marque a alternativa CORRETA.

a) Expressou que tanto o emprego de arma própria quanto o emprego de arma imprópria
são causa de aumento da pena.
b) Estabeleceu que apenas o emprego de arma de fogo é causa de aumento da pena.
c) Estabeleceu que apenas o emprego de arma imprópria é causa de aumento da pena.
d) Revogou a causa de aumento pelo emprego de arma, própria ou imprópria.
e) Não tem força retroativa no que concerne aos roubos cometidos com emprego de arma
imprópria.

Comentários
O que referida lei (13.654/2018) fez foi revogar o inciso I do §2º do artigo 155
– que se contentava apenas com o emprego de ‘arma’, sem referir se própria
ou imprópria – e incluir o §2º-A no precitado artigo, em cujo inciso I estipulou
majorante ainda mais gravosa para o emprego de ‘arma de fogo’.

Veja:

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante
grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa,
emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a
impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
§2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação
dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
(...)
§2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº
13.654, de 2018)
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de

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fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)

Ocorre que a jurisprudência do STJ anteriormente estabelecida é de que o


vocábulo ‘arma’ do revogado inciso I do §2º do artigo 155 abrangia tanto as
próprias como as impróprias.

Épor isso que o próprio STJ considera tratar-se de novatio legis in mellius no
que concerne aos roubos com arma imprópria (faca, por exemplo): a Lei
13.654/2018 deve nestes casos retroagir para afastar a majorante
eventualmente reconhecida em sentença.

A seguinte notícia consta do Informativo n. 626 do STJ (Resp 1.519.860):

Diante da abolitio criminis promovida pela Lei n. 13.654/2018, que deixou de


considerar o emprego de arma branca como causa de aumento de pena, é
de rigor a aplicação da novatio legis in mellius.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Preliminarmente cumpre salientar que, sobreveio à decisão impugnada a
promulgação da Lei n. 13.654, de 23 de abril de 2018, que modificou o
Código Penal nos dispositivos referentes aos crimes de furto e roubo. Essa
alteração legislativa suprimiu a previsão contida no inciso I do § 2º, do art.
157, que apresentava hipótese de causa especial de aumento de pena
relativa ao emprego de arma. Esta Corte possuía entendimento
jurisprudencial consolidado reconhecendo que a previsão contida no
dispositivo revogado abrangia não apenas armas de fogo, mas qualquer
"artefato que tem por objetivo causar dano, permanente ou não, a seres vivos
e coisas", nos termos do art. 3º, inciso IX, do Decreto n. 3.665/2000. No
entanto, a atual previsão contida no art. 157, § 2º-A, inciso I, do Código
Penal, limita a possibilidade de aumento de pena à hipótese de a violência
ser cometida mediante emprego de arma de fogo, assim considerado o
instrumento que "(...) arremessa projéteis empregando a força expansiva dos
gases gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara
que, normalmente, está solidária a um cano que tem a função de propiciar
continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao
projétil", de acordo com o Decreto citado. Portanto, não se está diante de
continuidade normativa, mas de abolitio criminis da majorante, na hipótese de
o delito ser praticado com emprego de artefato diverso de arma de fogo. Na
hipótese, o réu realizou a subtração fazendo uso de arma branca (faca).
Diante desse fato, deve-se aplicar a lei nova, mais benéfica ao acusado, em
consonância com o art. 5º, XL, da Constituição Federal, afastando-se o
aumento de 1/3 aplicado na terceira fase do cálculo da pena.

Resposta: alternativa ‘b’.

23. (Emagis) No que se refere à prisão preventiva, julgue os itens que se seguem e aponte o
que se apresenta como verdadeiro:

a) Sempre que possível, as pessoas presas provisoriamente ficarão separadas das que já

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estiverem definitivamente condenadas, de modo que quando não seja possível, por
critérios fáticos, tal separação, a mera justificação determina a possibilidade de reunião em
um só cárcere de presos provisórios e presos já definitivamente condenados.
b) O efetivo exercício da função de jurado garante a prisão especial no caso de
cometimento de crime comum, que deve perdurar até à condenação definitiva.
c) A fuga do réu, desde antes da lei revogadora da norma que previa a deserção do
recurso na hipótese, já não implicava mais a referida deserção por incompatibilidade da
previsão com o novo texto constitucional, como era, inclusive súmula do STF.
d) Quando o promotor de justiça que venha a oferecer a denúncia tiver acompanhado a
lavratura do auto de prisão em flagrante, haverá nulidade da ação penal por falta de
isenção da acusação nos termos da jurisprudência consolidada do STF.
e) Quando a prisão em flagrante seja relaxada, não poderá, por violação ao princípio da
boa-fé objetiva, como entende a doutrina e a jurisprudência ser imediatamente decretada a
prisão preventiva do réu, ainda que seja adequada e se disponha de fundamentação
idônea.

Comentários
a. Incorreto. A redação do CPP que dava azo à interpretação contida no item
já foi modificada há mais de seis anos, como se pode ler a seguir:
“Separação obrigatória entre os presos provisórios e os presos definitivos:
Antes da entrada em vigor da Lei 12.403/2011, estabelecia o art. 300 do CPP
que, “sempre que possível, as pessoas presas provisoriamente ficarão
separadas das que já estiverem definitivamente condenadas”. Na atualidade,
a ressalva sempre que possível foi suprimida do texto legal, passando a
dispor o precitado artigo que as pessoas presas provisoriamente ficarão
separadas das que já estiverem definitivamente condenadas, nos termos da
Lei de Execução Penal. Como se vê, devido aos termos cogentes do art. 300,
a colocação dos presos provisórios e dos presos definitivos em celas
separadas deixou de ser uma opção na hipótese da inexistência de vagas ou
de estrutura carcerária, para ser uma obrigação do Estado. Não sendo
possível cumprir este comando, a prisão provisória não poderá ser
executada, sob pena de implicar constrangimento ilegal ao indiciado ou
acusado. Tendo em vista que essa manutenção da liberdade do agente
poderá implicar risco à efetividade que se espera da persecução criminal,
pensamos que, em tais casos, a prisão • domiciliar pode se apresentar como
uma solução possível, muito embora não se trate esta de uma hipótese
autorizada pelo art. 318 do CPP. Considerando que tal situação é causada
pela omissão do próprio Estado em prover os estabelecimentos prisionais
das vagas necessárias para abrigar os presos provisórios, a este caberá não
apenas a vigilância da pessoa que deveria estar segregada como também a
responsabilidade, inclusive sob a ótica civil, por todas as consequências dos
atos e fatos danosos realizados pelo indivíduo que deveria estar custodiado e
que, por deficiência estatal, não o está”. Norberto Avena, Processo Penal,
edição 2017, página 603. b. Incorreto. O trecho da lei que garantia a prisão
especial ao jurado no cometimento de crimes comuns enquanto a sentença
não passasse definitivamente em julgado foi revogado, mas remanesce uma
antinomia, pois outro trecho do código manda que se os recolha em local

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especial, entendo como a melhor doutrina que um artigo foi expressamente


revogado e o outro foi tacitamente revogado ( lei posterior incompatível...):
“Extinção da prisão especial para os jurados: O art. 439 do CPP dispunha
que “o exercício efetivo da função de jurado constituirá serviço público
relevante, estabelecerá presunção de idoneidade moral e assegurará prisão
especial, em caso de crime comum, até o julgamento definitivo”. Agora,
suprimida esta última parte do dispositivo, limita-se a regrar que “o exercício
efetivo da função de jurado constituirá serviço público relevante e
estabelecerá presunção de idoneidade moral”. Existe, entretanto, posição
doutrinária no sentido de que ainda persiste a prisão especial para o jurado,
pelo fato de que não modificada, pela Lei 12.403/2011, a regra do art. 295, X,
do CPP, que assim determina. Com a devida vênia, pensamos que esse
último dispositivo restou tacitamente revogado com a modificação operada no
precitado art. 439”. Norberto Avena, Processo Penal, edição 2017, página
603. c. Correto. A lei veio a coroar o que já estava cristalizado na
jurisprudência: “Revogação expressa do art. 595 do CPP: Referia o artigo
595 do CPP que a fuga do réu após ter apelado acarretava deserção do seu
recurso. Também neste enfoque inseria o Código de Processo Penal norma
que afrontava a Constituição da República, em especial a garantia do duplo
grau de jurisdição, que decorre dos termos dessa Carta. Não é por menos
que, em 29.04.2008, editou o STJ a Súmula 347, preceituando que o
conhecimento do recurso de apelação do réu independe de sua prisão,
afastando, assim, a aplicabilidade do precitado art. 595. Logo, a revogação
expressa do mencionado dispositivo pela Lei 12.403/2011 vem ao encontro
da ordem constitucional em vigor”. Norberto Avena, Processo Penal, edição
2017, página 603. d. Incorreto. A jurisprudência STF entende que a hipótese
descrita no item não reflete qualquer mácula aos direitos do réu, ou às
formalidades do processo penal: "O fato de o Promotor de Justiça que
ofereceu a denúncia contra os pacientes ter acompanhado a lavratura do
auto de prisão em flagrante e demais atos processuais, não induz à qualquer
ilegalidade ou nulidade do inquérito e da consequente ação penal promovida,
o que, aliás, é perfeitamente justificável em razão do que disposto no art.
129, inc. VIl, da Constituição da República". (STF, lI Turma, HC 89.746/SC,
Relatora Ministra Cármen Lúcia, DJ 09/02/2007 p. 30). e. Incorreto. Não há
qualquer contaminação entre um flagrante que foi relaxado e a imediata
decretação da prisão preventiva: “O relaxamento da prisão em flagrante não
impede, entretanto, a decretação da prisão preventiva e/ou temporária, nem
tampouco a decretação das medidas cautelares diversas da prisão, desde
que presente seus requisitos legais. Não se pode confundir o juízo de
legalidade da prisão em flagrante com o juízo de necessidade das medidas
cautelares. O que não se pode admitir, todavia, é o relaxamento da prisão em
flagrante, porque ilegal, e a subsequente e automática decretação de
eventual prisão preventiva. Esta modalidade de prisão cautelar somente se
afigura possível quando presentes o fumus comissi delicti, consubstanciado
na prova da materialidade e indícios de autoria, e o periculum libertatis -
garantia da ordem pública, da ordem econômica, da aplicação da lei penal e
conveniência da instrução criminal -, e desde que se revelem inadequadas ou
insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão listadas no art. 319 do

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CPP”. Renato Brasileiro de Lima, Manual de Processo Penal, edição 2017,


página 951.

Resposta “c”.

24. (Emagis) Sobre o controle judicial da eficiência da defesa técnica no processo penal,
marque a alternativa CORRETA.

a) Não se aplica no procedimento do júri.


b) É expressamente previsto pelo CPP no rito do júri.
c) Não se aplica no procedimento comum.
d) A deficiência da defesa anula o processo independentemente de prova de prejuízo ao
réu.
e) Apenas a falta de defesa anula o processo, não tendo tal condão sua mera deficiência.

Comentários
O controle judicial da eficiência da defesa no processo penal se impõe
qualquer que seja o rito em questão.

Éque, consoante jurisprudência sumulada, tanto a ausência quanto a


deficiência da defesa importam em anulação do processo. A diferença é que,
no segundo caso, deve haver prova do prejuízo.

Assim, constatando o juiz ser deficiente a defesa, deve tomar as providências


para que não haja prejuízo ao réu.

Referimo-nos à Súmula 523 do STF, litteris:

Súmula 523
No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua
deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

Calha observar que, a despeito de o controle judicial em questão ser imposto


em qualquer processo, no rito do júri há previsão expressa do expediente.

Trata-se do artigo 497, V, do CPP:

Art. 497. São atribuições do juiz presidente do Tribunal do Júri, além de


outras expressamente referidas neste Código:
V – nomear defensor ao acusado, quando considerá-lo indefeso, podendo,
neste caso, dissolver o Conselho e designar novo dia para o julgamento, com
a nomeação ou a constituição de novo defensor;

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Resposta: alternativa ‘b’.

25. (Emagis) Presente apelação da defesa, a propósito do cumprimento de sentença que,


acolhendo representação do Ministério Público, impõe medida socioeducativa a adolescente
infrator, observada jurisprudência que veio a se consagrar na 3ª Seção do Superior Tribunal de
Justiça, marque a alternativa CORRETA.

a) O cumprimento imediato apenas é possível se o adolescente já estiver sob internação


provisória fixada no curso do processo.
b) O cumprimento somente é possível após a confirmação da sentença pelo tribunal de
segunda instância.
c) O cumprimento somente é possível após o trânsito em julgado da sentença.
d) A apelação contra indigitada sentença tem em regra efeito suspensivo.
e) O efeito suspensivo da apelação contra mencionada sentença depende de decisão
judicial.

Comentários
A jurisprudência que vinha sendo reiterada pelo STJ seguia a lógica do
CPC/1973, isto é, considerava ter a apelação no caso em regra efeito
suspensivo, que apenas não existiria se presente ‘confirmação de
antecipação de tutela’, com prévia determinação no curso do processo de
internação provisória.

O resultado era em regra postergar o cumprimento da sentença para


momento longínquo, deixando de salvaguardar o menor com a medida que
se revelava necessária naquele momento.

Por iniciativa do Ministro Rogério Schietti Cruz, tal jurisprudência foi alterada
pela 3ª Seção, invertendo-se a regra.

Passa a apelação contra sentença que imponha a adolescente medida


socioeducativa a ter apenas efeito devolutivo, dependendo o efeito
suspensivo de decisão judicial.

Com isso, busca-se resolver o dito grave problema de postergar no tempo o


cumprimento de medida cuja necessidade é atual e pode se tornar
prejudicada.

Veja a ementa (HC 346.380, 3ª Seção, Rogério Schietti Cruz, DJe


13/05/2016):

2. Invocam-se os artigos 198 do ECA e 520 do CPC para se concluir pela


possibilidade de conferir efeito meramente devolutivo à sentença que

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impõe medida socioeducativa em confirmação ao que se denomina


"antecipação dos efeitos da tutela", i.e., a anterior internação provisória
do adolescente no processo por ato infracional.
3. Em que pese ser expressão que vem sendo utilizada, em julgados mais
recentes desta Corte, ela não se coaduna com a natureza de um processo
por ato infracional no qual, antes da sentença, permite-se ao juiz determinar
a internação do adolescente pelo prazo máximo, improrrogável, de 45 dias
(art. 108 c/c o art. 183, ambos do ECA), levando-se em consideração os
"indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade
imperiosa da medida."
4. Como bem pontuado no acórdão impugnado pelo writ, "as medidas
socioeducativas têm por escopo primordial a ressocialização do
adolescente, possuindo um intuito pedagógico e de proteção aos direitos
dos jovens", de modo que postergar o início de cumprimento da medida
socioeducativa imposta na sentença que encerra o processo por ato
infracional importa em "perda de sua atualidade quanto ao objetivo
ressocializador da resposta estatal, permitindo a manutenção dos
adolescentes em situação de risco, com a exposição aos mesmos
condicionantes que o conduziram à prática infracional".
Incide, à espécie, o princípio da intervenção precoce na vida do
adolescente, positivado no parágrafo único, inc. VI, do art. 100 do ECA.
5. Outrossim, a despeito de haver a Lei 12.010/2009 revogado o inciso VI
do artigo 198 do referido Estatuto, que conferia apenas o efeito devolutivo ao
recebimento dos recursos - e inobstante a nova redação conferida ao caput
do art. 198 pela Lei n. 12.594/2012 – é importante ressaltar que continua a
viger o disposto no artigo 215 do ECA, o qual prevê que "o juiz poderá
conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à
parte". Ainda que
referente a capítulo diverso, não há impedimento a que,
supletivamente, se invoque tal dispositivo para entender que os recursos
serão recebidos, salvo decisão em contrário, apenas no efeito devolutivo,
ao menos em relação aos recursos contra sentença que acolhe
representação do Ministério Público e impõe medida socioeducativa ao
adolescente infrator, sob pena de frustração da principiologia e dos
objetivos a que se destina a legislação menorista.
6. Logo, condicionar, de forma peremptória, o cumprimento da medida
socioeducativa ao trânsito em julgado da sentença que acolhe a
representação - apenas porque não se encontrava o adolescente já
segregado anteriormente à sentença - constitui verdadeiro obstáculo ao
escopo ressocializador da intervenção estatal, além de permitir que o
adolescente permaneça em situação de risco, exposto aos mesmos fatores
que o levaram à prática infracional.
7. Na espécie, a decisão impugnada no writ enfatizou a gravidade
concreta da conduta do paciente - praticou ato infracional equivalente
ao crime de roubo duplamente circunstanciado e outro ato infracional
equivalente ao porte ilegal de arma de fogo - e destacou as condições de
vida muito favoráveis ao paciente e as facilidades e os desvios de sua
educação familiar, como fatores que tornariam também recomendável sua

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internação. Tudo em conformidade com o que preceitua o art. 122, inc. I, da


Lei n.º 8.069/90.
8. Ordem denegada.

Resposta: alternativa ‘e’.

26. (Emagis/Bônus) Sobre a execução penal em face de civil condenado pela Justiça Militar (por
crime cometido em tempo de paz), avalie as assertivas que seguem.
I – Segundo o Código Penal Militar, é cumprida em estabelecimento prisional civil.
II – Segundo o Código Penal Militar, o regime jurídico da execução em questão é o da legislação
penal comum.
III – Segundo o Código Penal Militar, a condenação em questão dada pela Justiça Militar não
afasta do civil o direito aos benefícios na execução penal estabelecidos pela legislação comum.
Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) Todas
e) Nenhuma

Comentários
A disciplina da matéria consta do artigo 62 do CPM.

Sob o aspecto subjetivo, afeta aos estabelecimentos prisionais civis, e,


portanto, à Justiça Comum Estadual ou Federal (se o estabelecimento for
federal), a execução da pena imposta ao civil pela Justiça Militar.

Sob o aspecto objetivo ou material, assegura ao civil condenado pela Justiça


Militar, na execução penal, todos os benefícios concedidos durante a
execução pela legislação comum.

Sob o aspecto formal, torna a execução penal do civil condenado pela Justiça
Militar sujeita ao regime jurídico comum ou geral, aplicável aos condenados
em geral (CP, LEP, CPP, etc.).

Pena privativa da liberdade imposta a civil


Art. 62 - O civil cumpre a pena aplicada pela Justiça Militar, em
estabelecimento prisional civil, ficando ele sujeito ao regime conforme a
legislação penal comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá
gozar.

Resposta: alternativa ‘d’.

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27. (Emagis/Bônus) Sobre a competência na execução penal, avalie as assertivas que seguem.
I – O STJ acolhe a tese de que a concessão ao juízo estadual de competência para executar
pena fixada em sentença do juízo federal fere a Constituição Federal (artigo 109).
II – Para o STJ, a competência para execução penal deve respeitar o critério funcional, isto é,
atrelada ao juízo que proferiu a condenação.
III – O STJ evoluiu em sua jurisprudência para, acolhendo reiteradas manifestações da
Procuradoria-Geral da República, considerar sua Súmula 192 incompatível com a Constituição
Federal.
Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) Todas
e) Nenhuma

Comentários
O STJ mantém-se firme na aplicação de sua Súmula 192.

Na verdade, é o MPF que, perante a Corte, vem insistindo na


incompatibilidade de tal Súmula com a CF, já que a competência dos juízes
federais para executar suas sentenças adviria do artigo 109 da CF
(“processar a julgar (...)”), algo como competência funcional.

O STJ, porém, adota como decisivo para fixar a competência não a matéria
tratada na condenação ou o juízo prolator: fixa-se pela “jurisdição a que se
encontra subordinado o estabelecimento prisional”, que, sendo estadual,
torna a Justiça Estadual competente para execução.

O seguinte julgado reitera a rejeição à construção ministerial (CC 147.591, 3ª


Seção, Ribeiro Dantas, DJe 22/08/2016):

PROCESSUAL PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO


PENAL. CONDENAÇÃO EM ÂMBITO DA JUSTIÇA FEDERAL.
PROGRESSÃO DE REGIME. FISCALIZAÇÃO DA PENA EM REGIME
ABERTO. MANUTENÇÃO DO JUÍZO ESTADUAL. INCIDÊNCIA DA
SÚMULA 192 DO STJ. CONFLITO DE COMPETÊNCIA CONHECIDO.
DECLARAÇÃO DE COMPETÊNCIA DO JUÍZO ESTADUAL, ORA
SUSCITADO.
1. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento consolidado no
sentido de que compete ao Juízo das execuções penais do Estado a
execução de pena imposta a sentenciado pela Justiça Federal, quando
recolhido em estabelecimentos sujeitos à administração estadual.
2. A competência para a execução penal não fica atrelada à natureza do

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delito praticado, tampouco ao Juízo processante, e sim à jurisdição a


que se encontra subordinado o estabelecimento penal do sentenciado.
3. "Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das
penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral,
quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração
estadual" (Súmula 192/STJ).
4. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito
da Vara de Execução de Penas e Medidas Alternativas de Foz do Iguaçu -
PR, ora suscitado.

Resposta: alternativa ‘e’.

28. (Emagis/Bônus) Sobre a competência da Justiça Estadual para executar condenação


criminal oriunda da Justiça Militar e proferida contra militar, avalie as assertivas que seguem.
I – Não é contemplada pela Súmula 192 do STJ.
II – Incide quando o militar condenado já se tenha desligado da corporação militar.
III – Incide também quando se trate de medida de segurança a ser cumprida em
estabelecimento estadual.
Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) Todas
e) Nenhuma

Comentários
Veja que da redação da Súmula 192 do STJ, a competência executória da
Justiça Estadual (quando a pena seja cumprida em estabelecimento prisional
sob administração estadual) abrange condenações da Justiça Federal,
Eleitoral e Militar:

Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas


impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral,
quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração
estadual" (Súmula 192/STJ).

E em julgado noticiado no Informativo n. 626, o STJ, por sua 3ª Seção,


reiterou duas teses: (i) a competência supra abrange também execução de
medida de segurança quando em estabelecimento sob administração
estadual; (ii) a competência supra abrange condenação de militar pela Justiça
Militar quando o condenado não mais seja militar (aplicação extensiva do
artigo 62 do CPM tratado em questão anterior).

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Veja a notícia (CC 149.442):

Compete à Justiça Estadual a execução de medida de segurança imposta a


militar licenciado.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Cuida-se de execução de medida de segurança imposta a marinheiro que
veio a ser licenciado do serviço ativo. De acordo com o art. 62 do Código
Penal Militar, "o civil cumpre a pena aplicada pela Justiça Militar, em
estabelecimento prisional civil, ficando ele sujeito ao regime conforme a
legislação penal comum, de cujos benefícios e concessões, também, poderá
gozar". Assim, constatado que não há mais vínculo com a Justiça Militar, a
pena imposta deve ser executada pela Justiça Estadual. Não há que se
excepcionar, desta regra, a execução da medida de segurança imposta. Isto
porque a execução da medida estabelecida se dará em estabelecimento
estadual, ante a inexistência de estabelecimentos penais federais próprios
para essa finalidade. Inafastável, portanto, o enunciado da Súmula 192 desta
Corte, segundo o qual: "compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado
a execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar
ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a administração
estadual".

Resposta: alternativa ‘c’.

29. (Emagis/Bônus) No contrato de transporte de pessoas, sobre a responsabilidade civil do


transportador pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, avalie as
assertivas que seguem.
I – É objetiva segundo o Código Civil.
II – É, em regra, excluída quando se trata de roubo dentro de ônibus.
III – É mantida quando, a despeito de se tratar de roubo dentro de ônibus, a transformação do
transporte aéreo em terrestre decorreu majoritariamente de alteração unilateral do contrato pelo
transportador.
Estão corretas as seguintes assertivas:

a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) Todas
e) Nenhuma

Comentários
A regra que sedia a responsabilidade objetiva em questão é a que emana do
artigo 734, caput, do CC, litteris:

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Art. 734. O transportador responde pelos danos causados às pessoas


transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula
qualquer cláusula excludente da responsabilidade.

O STJ considera que o roubo dentro do ônibus consubstancia, em regra, a


excludente mencionada na norma.

Em julgado noticiado no Informativo n. 627, o STJ, sem desconstruir a regra


supra, tratou de caso excepcional em que o roubo não excluiu a
responsabilidade da transportadora: o contrato era de transporte aéreo e por
falha da transportadora em fornecer este meio foi transmudado em transporte
terrestre, neste tendo ocorrido o roubo.

Veja a notícia (Resp 1.278.068):

A alteração substancial e unilateral do contrato firmado de transporte aéreo


para terrestre impede a utilização da excludente de fortuito externo para
eximir a empresa de transporte aéreo da responsabilidade civil por danos
causados por roubo ao ônibus.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
Discute-se, no caso em tela, a responsabilidade civil de empresa de
transporte aéreo que cancelou o voo contratado, não sendo disponibilizado,
ainda, a possibilidade de realocação dos passageiros em outro voo, mas,
sim, apenas em via terrestre, mediante ônibus fretado, cujo percurso durou
mais de 14h (quatorze horas), ocasião em que o passageiro foi roubado e
agredido por meliantes. No que concerne ao transporte de pessoas, o art.
734 do Código Civil estabelece a responsabilidade civil objetiva do
transportador, o qual deverá responder pelos danos causados às pessoas
transportadas e suas bagagens, salvo a existência de alguma excludente de
responsabilidade, como motivo de força maior, caso fortuito, culpa exclusiva
da vítima ou de terceiro. Em relação ao fato de terceiro, todavia, a teor do
que dispõe o art. 735 do Código Civil, a responsabilidade só será excluída se
ficar comprovado que a conduta danosa era completamente independente
em relação à atividade de transporte e aos riscos inerentes à sua exploração,
caracterizando-se, nesse caso, como fortuito externo. Nessa linha de
entendimento, a jurisprudência do STJ reconhece que o roubo dentro de
ônibus configura hipótese de fortuito externo, por se tratar de fato de terceiro
inteiramente independente ao transporte em si, afastando-se, com isso, a
responsabilidade da empresa transportadora por danos causados aos
passageiros. Não obstante essa seja a regra, o caso em análise guarda
peculiaridade que comporta solução diversa. Com efeito, a alteração
substancial e unilateral do contrato firmado – de transporte aéreo para
terrestre –, acabou criando uma situação favorável à ação de terceiros
(roubo), pois o transporte rodoviário é sabidamente muito mais suscetível de
ocorrer crimes dessa natureza, ao contrário do transporte aéreo. Dessa
forma, a conduta da transportadora concorreu para o evento danoso, pois
ampliou significativamente o risco de ocorrência desse tipo de situação, não

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podendo, agora, se valer da excludente do fortuito externo para se eximir da


responsabilidade.

Resposta: alternativa ‘d’.

30. (Emagis/Bônus) Sobre a aposentadoria por invalidez e o auxílio-doença no âmbito do


Regime Geral de Previdência Social (RGPS), analise as seguintes assertivas.
I – Não há direito a auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez quando a doença é
preexistente ao reingresso do segurado no Regime Geral de Previdência Social.
II – O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez não precedida de auxílio-doença, quando
concedidos na vigência da Lei n. 9.876/1999, devem ter o salário de benefício apurado com
base na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80%
do período contributivo, independentemente da data de filiação do segurado ou do número de
contribuições mensais no período contributivo.
III – Segundo o STJ, comprovadas a invalidez e a necessidade de assistência permanente de
terceiro, é devido o acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento) a todos os aposentados pelo
RGPS, independentemente da modalidade de aposentadoria.
Estão corretos somente os itens:

a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) I.
e) I, II e III.

Comentários
Falsa a afirmação feita no item I. A doença pode, sim, ser preexistente; é a
incapacidade que não pode sê-lo. Isso porque alguém pode ser portador de
alguma doença e, mesmo com ela, poder trabalhar normalmente (aliás, tal
situação é absolutamente comum). No assunto, confira-se a Súmula 53 da
TNU:

“Não há direito a auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez quando a


incapacidade para o trabalho é preexistente ao reingresso do segurado no
Regime Geral de Previdência Social.” (Súm. 53 da TNU)

Correto, de seu turno, o item II, que se alinha ao entendimento consolidado


na Súmula 57 da TNU:

“O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez não precedida de auxílio-


doença, quando concedidos na vigência da Lei n. 9.876/1999, devem ter o
salário de benefício apurado com base na média aritmética simples dos
maiores salários de contribuição correspondentes a 80% do período

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contributivo, independentemente da data de filiação do segurado ou do


número de contribuições mensais no período contributivo.” (Súm. 57 da TNU)

Nada de errado, também, com o item III, que espelha entendimento


recentemente firmado pelo STJ em sede de recurso especial repetitivo:

"Comprovadas a invalidez e a necessidade de assistência permanente de


terceiro, é devido o acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento), previsto no
art. 45 da Lei n. 8.213/1991, a todos os aposentados pelo RGPS,
independentemente da modalidade de aposentadoria. Inicialmente, insta
salientar que a melhor exegese do art. 45 da Lei n. 8.213/1991 autoriza o
alcance do "auxílio-acompanhante" às demais modalidades de aposentadoria
previstas no Regime Geral de Previdência Social, uma vez comprovadas a
invalidez e a necessidade de ajuda permanente de outra pessoa para
atividades cotidianas, tais como higiene ou alimentação. (...) ao instituir a
possibilidade de acréscimo pecuniário de 25% (vinte e cinco por cento) sobre
o valor do benefício, o qual pode vir, inclusive, a sobrepujar o teto de
pagamento dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, o
legislador ordinário não se orientou apenas pelo fato gerador da
aposentadoria por invalidez, mas, precipuamente, pela proteção do risco
social consubstanciado no indispensável amparo ao segurado, atribuindo-lhe
o auxílio de terceira pessoa, buscando, assim, diminuir o impacto financeiro
sobre o valor de seus proventos com a contratação de assistência
permanente. O segurado que recebe aposentadoria por tempo de
contribuição, por idade ou especial acometido de limitações físicas e/ou
mentais e que recebe 1 (um) salário-mínimo, encontra-se em situação de
risco social da mesma maneira que o aposentado por invalidez, porém com a
circunstância agravante de que, como não recebe o adicional de "grande
invalidez", terá que custear as despesas extras com a contratação de ajuda
de terceiro, o que, por óbvio, será feito em detrimento de outras
necessidades básicas como alimentação e moradia, e, em última análise, do
chamado "mínimo existencial", um dos principais efeitos da aplicação do
princípio da dignidade da pessoa humana. Ademais, ressalte-se que o art. 45
da Lei n. 8.213/1991 não exige que a ajuda de outra pessoa seja
imprescindível desde o início da percepção do benefício, revelando que, na
hipótese de o segurado ter se aposentado por invalidez e, apenas
posteriormente, passar a necessitar desse socorro, o adicional será aplicável.
(...) Da mesma maneira, consoante a alínea "c" do parágrafo único do art. 45
da Lei n. 8.213/1991, o pagamento do adicional cessará com a morte do
aposentado, não sendo incorporado ao valor da pensão por morte,
circunstância própria dos benefícios assistenciais que, pela ausência de
contribuição prévia, são personalíssimos e, portanto, intransferíveis aos
dependentes. Devido à sua natureza assistencial, outrossim, não há previsão
legal de fonte de custeio específica para o "auxílio-acompanhante" recebido
pelos aposentados por invalidez. Dessarte, não há falar, igualmente, em fonte
específica para às demais modalidades de aposentadoria, porquanto tal
benefício é garantido pelo Estado, independentemente de contribuição à
Seguridade Social, nos termos do art. 203 da Constituição da República."

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REsp 1.648.305-RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, Rel. Acd. Min. Regina
Helena Costa, Primeira Seção, por maioria, julgado em 22/08/2018, DJe
26/09/2018 (Tema 982)

Em arremate, tem-se que somente os itens II e III estavam corretos.

Resposta: alternativa ‘c’.

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