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conhecimento

Os desafios do
professor na
sala de aula

N
os dias de hoje, mais do que em qualquer outra época, o pro-
fessor enfrenta desafios na sala de aula que dificultam a reali-
zação do seu trabalho. Vivemos em um mundo em mudanças,
em que há grande quantidade de informações, a tecnologia evolui
em um ritmo estonteante, a sociedade se transforma e os valores
parecem ser cada dia menos importantes.

O professor hoje precisa ter em sua bagagem uma quantidade enor-


me de informação e conhecimento, e ainda procurar transformar
Roberto Shinyashiki* tudo isso em práticas diárias. Seu tempo é curto: ele precisa prepa-
rar aulas, provas, corrigir testes e exercícios, participar de reuniões,
atender a pais e alunos, manter-se informado, fazer cursos de atua­
lização... Ufa! Isso tudo sem contar o tempo que passa dentro da
sala de aula.

Apesar disso, cada vez mais o professor vê seu valor ser diminuído
diante da nova realidade. Sente-se impotente e assiste a outras pro-
fissões sendo mais valorizadas e bem remuneradas pela sociedade,
como se sua função não fosse vital para a formação das crianças para
as quais ensina. O interesse que suas aulas despertam nos alunos é
muito menor que o de um mundo tão repleto de atrações rápidas
que eles encontram na internet, em videogames, em Ipods e Ipads,
que dão acesso a um mundo de informações ao toque dos dedos.

O professor recebe em suas mãos, muitas vezes, uma classe apática,


desinteressada, indisciplinada, agressiva. Outras vezes, contestado-
ra, dispersa, ou mesmo hiperativa, desatenta e ansiosa. Uma classe
que muitas vezes o trata como mero empregado ou prestador de
serviços, que deve entreter os alunos. A participação da família na
vida escolar diminui cada vez mais. Mesmo assim, pais cobram dos
professores e da escola resultados que só podem ser conseguidos
com a atuação conjunta de pais, mestres e alunos.

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Revista Linha Direta
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15 anos
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É muito comum que o professor se sinta desmo- professor precisa também lidar com suas próprias
tivado nessa situação, em que a rotina e as di- questões internas, que também dependem de
ficuldades corroem boa parte dos sonhos que o estímulos, contato, reconhecimento e motivação
levaram a se tornar educador. O que observamos para serem bem resolvidas.
é que a verdadeira fonte das dificuldades na sala
de aula está na questão dos relacionamentos e Imagino que, neste momento em que você lê,
da busca dos alunos por reconhecimento e aceita- deve estar pensando em como está difícil para o
ção. Aliás, tenho percebido que grande parte dos professor cumprir todas essas exigências e ainda
problemas que o professor enfrenta em sala de separar alguns minutos por dia para cuidar de si
aula tem a ver com a dificuldade de dar e receber mesmo. Acho que agora você tem ideia de quan-
estímulo e reconhecimento – tanto por parte do to trabalho dá ser professor e da importância de
próprio professor quanto por parte dos alunos. seu papel. Então, que tal passar a olhar para ele
de forma mais cooperativa e com mais reconhe-
E o mais importante: observando de perto, é pos- cimento?
sível perceber que os comportamentos inadequa-
dos de jovens e crianças em sala de aula muitas Pense sobre isso! 
vezes são apenas o pedido de socorro de pesso-
as que não se sentem tratadas apropriadamente *Psiquiatra, empresário e doutor em Administra-
pela família e pela sociedade. Os alunos não se ção de Empresas. Assessor empresarial de go-
sentem compreendidos em suas necessidades, vernadores, ministros de Estado, empresários,
não se sentem acolhidos em suas carências, e por atletas olímpicos, artistas e outros profissionais.
isso manifestam comportamentos que visam, na Criador de programas que visam à melhora do
maioria das vezes, a chamar a atenção do profes- relacionamento entre professores, alunos e pais.
sor e dos colegas. Palestrante e autor de vários livros, como Con-
quiste seus alunos, Problemas? Oba!, Os segredos
Veja se você reconhece alguns desses comporta- dos campeões, Tudo ou nada, A coragem de con-
mentos em seus alunos: falta de atenção, imatu- fiar e A revolução dos campeões
ridade, impaciência, pouca autonomia, agitação,
ansiedade, angústia, depressão, irritação, tédio, www.conquisteseusalunos.com.br
desmotivação, agressividade, violência... Sem
uma linguagem comum e atraente para unir pro-
fessor e alunos no mesmo objetivo e na mesma
energia, os relacionamentos não encontram meio
de serem agradáveis e produtivos.
© Mau Horng / Photoxpress

É claro que, por trás de tudo isso, existem muitas


causas, que vão desde a falta de tempo e energia
dos pais para se dedicar à educação dos filhos, a
falta de valorização da educação como um todo,
a delegação da educação dos filhos pela família
à escola, até a falta de afinidade entre professo-
res e alunos, provocada por uma barreira de ge-
rações, ou mesmo pelas difíceis condições de o
educador se preparar de modo adequado.

Nessas condições, então, ser um bom professor


significa, além de ensinar bem a matéria, provi-
denciar estímulos, contato, reconhecimento, es-
trutura e motivação para o aprendizado dos alu-
nos. Como se não bastasse, em meio a tudo isso, o

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