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11 | nº 3
ARTIGO ORIGINAL
"THE LOOK THAT DOES NOT MEET": bodily projection of the visually
impaired despite (or illuminated) the exclusionary society
Abstract: Body seems, at first, something obvious, tangible and sensitive. The corporal practices, in turn,
when they are systematically apprehended and installed in the scientific branch (of Physical Education, above
all) receive specific valuation, constitute a universe of meaning and meaning. But what is not so naturalized and
yet becomes part of the real imagery in the so-called "inclusive" teaching is the assimilation, by different
subjects, of its flesh - the person's unaffordable belonging. How does a student (young or adult) with functional
diversity in vision "see" the entity that makes it visible to others? Through bibliographical analysis and
phenomenological contributions, we sought to understand the time-space of the "non-visible" body in the
knowledge-living interface intrinsically linked to the subject-object duality. It is also intended to produce an
educational product (booklet) capable of providing, according to convenient didactics, practical substrate to the
educational work whose source is intended to be accessible. It is not the constant (and unpublished) normative-
pedagogical revision that highlights the deficit and seeks to "invest" in the concepts and terms proper to the
doctrines in Special Education. First of all, the proposal today has revealed, by justification, the necessary
reflection on the self-image of the visually impaired individual in the world, sharing difficulties and possibilit ies
because of, or because of, the community (classmates, teachers, fellow citizens).
1
Um estudo recente (MIRANDA, 2016) utilizou, noutro jaez, o método fenomenológico para explicar
a inserção de um adolescente cego congênito nas aulas de Educação Física. A inclusão, naquele lócus,
é reivindicada como aceitação do diferente por suas especificidades e necessidades, permanecendo o
“problema” nas carências (extrínsecas e intrínsecas) do ensinar pedagógico. Em nosso sentir, o
epicentro das inadequações reside, por outro lado, no enquadramento “de fora” (olhar distanciado ou
“despersonalização seletiva”), apesar dos recortes nas falas e gestos emanados do sujeito analisado
que, apenas por frestas nas paredes acadêmicas converte seu protagonismo pessoal no desfrute
“concreto” da verdade existencialmente revelada. Uma epistemologia “de dentro”, escrita, lida e
vivida pelos reificados “deficitários” é a opção desnudada cá entre nós.
2
Sobre pesquisa do tipo qualitativo, destacam-se as características seguintes: “1- a fonte direta de
dados é o ambiente natural; apesar de equipamentos usados, há um peso importante das anotações
pessoais; 2- é descritiva; os dados colhidos são em forma de palavras ou imagens e não de números;
3- interessa-se mais pelo processo do que propriamente pelos resultados obtidos; 4 - tendem a
analisar os seus dados de forma indutiva; as abstrações são construídas à medida que os dados
particulares vão se agrupando; 5- o significado é importante; ouvem-se diferentes vozes para se
entender melhor uma questão educativa”. (SOUZA, 2001, p. 36)
3
A filósofa italiana, doutoranda pela Universidade “Tor Vergata” de Roma, menciona a
complexidade envolta na leitura da vida pelos meios disponíveis, oferecidos como fontes do intelecto:
“Anche il passaggio alla posizione fenomenologica mantiene una difficoltà nella comprensione della
vita in quanto sorgente costitutiva del mondo stesso: Idee I infatti non scava nella sedimentazione di
senso che costituisce il mondo psicofisico.” (CARROCCIO, 2018, p. 296, itálico acrescentado)
4
Este texto é fruto mais desenvolvido de um projeto investigativo apresentado e aprovado (em 2018),
para ingresso no curso de pós-graduação stricto sensu (Mestrado) em Educação da Universidade
6
Como leciona Jean Baudrilard (1991, p. 123, itálico acrescentado): “De todas as próteses que
marcam a história do corpo, o duplo é sem dúvida a mais antiga.”
7
“[...] o duplo [...] é uma figura imaginária que, como a alma, a sombra, a imagem no espelho
persegue o sujeito como o seu outro, que faz com que seja ao mesmo tempo ele próprio e nunca se
pareça consigo, que o persegue como uma morte subtil e sempre conjurada.” (BAUDRILARD,
1991, p. 123, itálico acrescentado).
9
Veja o art. 5, caput, da Constituição brasileira de 1988.
10
Impetrado no decreto federal n. 3.298/1999, art. 3, inc. I: “toda perda ou anormalidade de uma
estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho
de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano.”
11
Em latim, curiosamente, a palavra “caecus” designa tanto o cego quanto aquele que está “sem
saída” ou encurralado por algo intransponível. No imaginário popular e na ficção distópica (Platão
no Livro VII da REPÚBLICA e Saramago em Ensaio sobre a Cegueira testificam), é falto de lucidez
quem não vê.
12
Victor Hugo, profetizando, retrata loucamente a simbiose que o interior solitário lamentará sem
deixar de antever a proximidade (por isso Quasimodo aventura-se em busca do amor cigano) da
indiferença. (em Notre-Dame de Paris, 1831).
13
Passagem atribuída a Cícero menciona o ato de flagelo que levou Demócrito, filósofo grego, a “se
cegar” em nome do amor à sabedoria (filosofia).
14 Em virtude do elevado número, segundo estatísticas. É admirável que milhões de homens, mulheres e crianças
fiquem relegados ao segundo plano numa democracia continental, como o Brasil. “Através dos dados da
Fundação Dorina Nowill para cegos, cerca de 45,6 milhõ es de brasileiros se declaram ter algum tipo de
deficiência, isso seria equivalente a 23,9% da população do Brasil. São pessoas com dificuldade de enxergar,
ouvir, locomover-se ou alguma deficiência física ou mental. Dentre todas as deficiências, a mais de clarada foi
a visual com 3,5% da população.” (PASSOS, 2017, p. 13, itálico acrescentado).
15
Série de contexturas que, no entender de Morais (2017, p. 15) é “processo de ajuste mútuo, onde
cabe à pessoa com deficiência manifestar-se com relação a seus desejos e necessidades e à sociedade,
a implementação dos ajustes e providências necessárias que a ela possibilitem o acesso e a
convivência no espaço comum, não segregado (ARANHA, 2001, p.19 apud FERNANDES, 2011,
p.141.”
16
O termo “diversidade funcional” foi cunhado em 2004.
17
Citado por Nuemberg (2008, p. 309) nas seguintes passagens: “Jamás obtendremos por el método
de resta la psicología de niño ciego, si la psicología del vidente restamos la percepción visual y todo
lo que está vinculado a ella. Exactamente del mismo modo, el niño sordo no es un niño normal menos
el oído y el lenguaje. (...) Así como el niño en cada etapa del desarrollo, em cada una de su fases
presenta uma peculiaridad cuantitativa, uma estructura específica del organismo y de la personalidad,
de igual manera el niño deficiente presenta un tipo de desarrollo cualitativamente distinto, peculiar
(Vygotski, 1997a, p. 12).”
“El niño ciego o sordo puede lograr en el desarrollo lo mismo que el normal, pero los niños con
defecto lo logran de distinto modo, por un camino distinto, con otros medios, y para el pedagogo es
importante conocer la peculiaridad del camino por el cual debe conducir al niño (Vygotski, 1997a, p.
17).”
CONCLUSÃO
Variados fatores internos e externos exercem influência nos meios pelos quais o
organismo ajusta suas funções para melhor adaptação ao meio ambiente no qual está inserido.
Pode-se enfatizar que fatores reguladores externos decorrentes do estilo de vida
contemporâneo influenciam de maneira acentuada no mecanismo biológico. Sob este prisma,
notou-se que o exercício físico é importante na regulação dos ritmos circadianos, por afetar
18
São inúmeros os centros especializados no Brasil e no exterior, que subsistem, lidando com poucos
recursos técnicos e financiamento limitado. Na Venezuela, país que enfrenta severa crise econômica,
a comoção com uma jovem cega assegurou providências capazes de beneficiar deficientes visuais na
cidade de Turén, município com aproximadamente 70.000 habitantes localizado no estado
Portuguesa. “El equipo de trabajo de la Fundación ‘Sueños Especiales de Bolívar’ (FUNDASEB) fue
conformado en el mes de junio del año 2017 por la profesora Nayibe Urbina, jefa del Municipio
Escolar Integrado Turén, con personal adscrito a otras instituciones. Para el momento las
instalaciones destinadas a la fundación estaban siendo reparadas por lo que todo el equipo se une a
estas labores con el propósito de agilizar el proceso. Una vez terminada las reparaciones nos
tomamos un descanso durante el mes de agosto, incorporándonos a las instalaciones el día lunes 18
de septiembre del mismo año.” (CIEGOSVENEZUELA.COM, 2018, itálico acrescentado)
19
“O Núcleo de Acessibilidade tem proposta inclusiva, tendo em vista o considerável número de
alunos com matrícula regular de deficientes físicos, visuais e auditivos, sendo somente em 2015, 27
alunos. O objetivo principal é promover uma universidade mais inclusiva, que possibilite duas
práticas a condições de acesso, permanência e participação do aluno com deficiência. A meta é
promover também a participação de docentes e discentes em busca da promoção de acessibilidade
dentro da Universidade, favorecendo aos universitários, a garantia de cursar as disciplinas em
igualdade de condição, acesso e possibilidade com os demais estudantes”. (UNIVERSIDADE
REGIONAL DO CARIRI, 2016)
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