Você está na página 1de 47

SUMÁRIO

AULA 01 ..................................................................................................................... 4
1 PROMOÇÃO DA SAÚDE OCULAR ........................................................................ 4
1.1 IMUNIZAÇÃO ................................................................................................... 4
1.2 PREVENÇÃO DE PROBLEMAS OCULARES ................................................. 4
1.3 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A SAÚDE OCULAR................................... 5
1.4 SAÚDE OCULAR DOS RECÉM NASCIDOS ................................................... 6
1.4.1 Norma técnica especial .............................................................................. 6
1.5 SAÚDE OCULAR DOS LACTENTES E PRÉ-ESCOLARES ............................ 7
1.6 SAÚDE OCULAR DOS ADOLESCENTES ....................................................... 8
1.7 SAÚDE OCULAR DOS ADULTOS ................................................................... 9
1.8 SAÚDE OCULAR DOS IDOSOS .................................................................... 10
1.9 PREVENÇÃO DE ACIDENTES OCULARES ................................................. 10
1.9.1 Acidentes oculares no trabalho ................................................................ 11
1.9.2 Acidentes oculares domésticos ................................................................ 12
1.9.3 Produtos químicos e queimaduras ........................................................... 12
1.9.4 Proteção ................................................................................................... 13
1.9.5 Importância da prevenção de acidentes oculares .................................... 13
1.9.6 O que fazer em caso de lesão .................................................................. 14

AULA 02 ................................................................................................................... 15
1 PATOLOGIAS OCULARES .................................................................................. 15
1.1 DEFEITOS NOS CÍLIOS ................................................................................ 15
1.1.1 Triquíase .................................................................................................. 15
1.1.2 Distiquíase ................................................................................................ 15
1.1.3 Madarose ................................................................................................. 16
1.1.4 Poliose...................................................................................................... 16
1.2 DEFEITOS DE POSIÇÕES DAS PÁLPEBRAS .............................................. 16
1.2.1 Entrópio .................................................................................................... 16
1.2.2 Ectrópio .................................................................................................... 17
1.2.3 Retração palpebral ................................................................................... 17
1.2.4 Ptose ........................................................................................................ 18
1.3 TUMORES, INFILTRAÇÕES E INFLAMAÇÕES DAS PÁLPEBRAS ............. 19
1.3.1 Hordéolo ................................................................................................... 19
1.3.2 Calázio ..................................................................................................... 19
1.3.3 Xantelasma .............................................................................................. 19
1.3.4 Carcinoma de célula basal ....................................................................... 20
1.3.5 Melanoma e nevus ................................................................................... 20
1.3.6 Blefarite .................................................................................................... 20
1.3.7 Dermatite alérgica de contato ................................................................... 21
1.3.8 Herpes zoster ........................................................................................... 21
1.4 DEFICIÊNCIAS TECIDUAIS ........................................................................... 22

Curso Técnico em Óptica 1


1.4.1 Dobras epicânticas ................................................................................... 22
1.4.2 Coloboma palpebral ................................................................................. 22
1.5 TRAUMATISMOS ........................................................................................... 22
1.5.1 Perda de espessura total do tecido palpebral .......................................... 22
1.5.2 Laceração da palpebra superior ............................................................... 23
1.6 PATOLOGIAS E TUMORES DA CONJUNTIVA ............................................. 23
1.6.1 Edema de conjuntiva (conjuntivite alérgica) ............................................. 23
1.6.2 Conjuntivite viral ....................................................................................... 24
1.6.3 Conjuntivite bacteriana ............................................................................. 24
1.6.4 Conjuntivite papilar gigante ...................................................................... 24
1.6.5 Conjuntivite fúngica .................................................................................. 25
1.6.6 Conjuntivite vernal (primaveril) ................................................................. 25
1.6.7 Nevos benignos ........................................................................................ 25
1.6.8 Pterígio ..................................................................................................... 25
1.6.9 Pinguécula ................................................................................................ 26
1.7 PATOLOGIAS DA ESCLERA ......................................................................... 26
1.7.1 Episclerite ................................................................................................. 26
1.7.2 Esclerite .................................................................................................... 27
1.8 PROBLEMAS E PATOLOGIAS RELACIONADOS À CÓRNEA ..................... 27
1.8.1 Ceratopatia estriada ................................................................................. 27
1.8.2 Corpo estranho na córnea ........................................................................ 27
1.8.3 Lesão corneana por produtos químicos ................................................... 28
1.8.4 Ceratite bacteriana ................................................................................... 28
1.8.5 Ceratite herpética ..................................................................................... 28
1.8.6 Ceratomicose ........................................................................................... 29
1.8.7 Ceratite intersticial .................................................................................... 29
1.8.8 Ceratite por protozoário ............................................................................ 29
1.8.9 Ceratocone ............................................................................................... 30
1.8.10 Panus ..................................................................................................... 30
1.8.11 Infiltrados ................................................................................................ 30
1.8.12 Arco senil................................................................................................ 31
1.9 PATOLOGIA DO CRISTALINO ...................................................................... 32
1.9.1 Catarata .................................................................................................... 32
1.10 GLAUCOMA .................................................................................................. 32
1.10.1 Glaucoma de ângulo aberto crônico ....................................................... 32
1.10.2 Glaucoma de ângulo fechado................................................................. 33
1.10.3 Glaucoma congênito .............................................................................. 34
1.11 ANOMALIAS CONGÊNITAS, TUMORES E INFLAMAÇÕES DO TRATO
UVEAL....................................................................................................................34
1.11.1 Aniridia ................................................................................................... 34
1.11.2 Albinismo ................................................................................................ 35
1.11.3 Nevos da íris .......................................................................................... 35
1.11.4 Melanoma da íris .................................................................................... 35

Curso Técnico em Óptica 2


1.11.5 Nevos da coróide ................................................................................... 36
1.11.6 Melanoma maligno da coróide ............................................................... 36
1.11.7 Uveíte não granulomatosa (anterior) ...................................................... 37
1.11.8 Uveíte granulomatosa (posterior) ........................................................... 37
1.12 DEGENERAÇÃO E INVASÕES NO VÍTREO ................................................ 38
1.12.1 Hialose asteróide.................................................................................... 38
1.12.2 Amiloidose .............................................................................................. 39
1.12.3 Hemorragia do vítreo .............................................................................. 39
1.13 DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS DA RETINA ............................................... 40
1.13.1 Oclusão de artéria retiniana ................................................................... 40
1.13.2 Oclusão de veias retinianas ................................................................... 40
1.13.3 Manchas em flocos de algodão .............................................................. 41
1.13.4 Exsudatos moles .................................................................................... 41
1.13.5 Exsudatos duros..................................................................................... 41
1.14 RETINOPATIAS NA HIPERTENSÃO ARTERIAL E NOS TRANSTORNOS
METABÓLICOS ..................................................................................................... 42
1.14.1 Retinopatia hipertensiva ......................................................................... 42
1.14.2 Retinopatia diabética .............................................................................. 43
1.14.3 Deslocamento de retina ......................................................................... 44
1.14.4 Toxoplasmose ........................................................................................ 45

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 46

Curso Técnico em Óptica 3


AULA 01

Ao final desta aula você será capaz de:

1. Conhecer as informações básicas para a promoção da saúde ocular.

1 PROMOÇÃO DA SAÚDE OCULAR

1.1 IMUNIZAÇÃO

A imunização é definida como a aquisição de proteção imunológica contra


uma doença infecciosa. Prática que tem como objetivo aumentar a resistência de um
indivíduo contra infecções. É administrada por meio de vacina, imunoglobulina ou
por soro de anticorpos. As vacinas são usadas para induzir a imunidade ativa; sua
administração resulta numa resposta biológica e na produção de anticorpos
específicos.

1.2 PREVENÇÃO DE PROBLEMAS OCULARES

Possivelmente, a visão talvez seja o sentido humano mais importante,


considerando-se que a maior parte de nosso entendimento e contato com o mundo
exterior realiza-se através dos olhos.
A maioria dos casos de cegueira evitável ocorre nos países em
desenvolvimento, como o Brasil. A perda da visão acarreta graves prejuízos às
atividades escolares, intelectuais, profissionais e sociais, restringindo fortemente a

Curso Técnico em Óptica 4


produção e a capacidade de trabalho das pessoas afetadas. Considerando-se tal
fato, a descoberta precoce dos problemas e posterior encaminhamento do indivíduo
aos serviços especializados são fundamentais, haja vista que dois em cada três
casos de cegueira poderiam ser evitados caso houvesse tal procedimento.

1.3 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A SAÚDE OCULAR

Chamamos visão à capacidade dinâmica que o olho tem de perceber o


universo que o cerca - capacidade esta que depende de uma ação coordenada entre
o nosso sistema visual e o cérebro. Visando preservá-la, há uma série de cuidados
simples que podemos tomar para evitar que elementos do ambiente ou de nossos
hábitos cotidianos venham a comprometer o bom desempenho de nossos olhos.
A educação em saúde ocular, através da disseminação de informações gerais
e de práticas preventivas, é um caminho seguro que conduz a uma atividade visual
saudável e, se for o caso, à detecção precoce de problemas oculares e ao
encaminhamento dos indivíduos afetados aos serviços de saúde.
Os seguintes elementos básicos influenciam as pessoas a ter uma boa visão
e uma boa saúde:
 Condições de vida: qualquer melhoria das condições de vida da
população – emprego, habitação, alimentação, educação, saneamento,
principalmente – resulta em melhoria da saúde em geral, inclusive a
ocular;
 Higiene pessoal e ambiental: praticar medidas de higiene e cuidados
gerais com o corpo e a mente previne a propagação de doenças, inclusive
as oculares;
 Dieta alimentar adequada: para crianças, jovens e adultos, é
recomendável a ingestão regular de verduras, legumes e frutas; o leite
materno, por sua vez, além de conter todos os ingredientes necessários

Curso Técnico em Óptica 5


para o bom desenvolvimento do bebê, é rico em vitamina A, importante na
prevenção da cegueira noturna;
 Imunização: algumas doenças contagiosas como o sarampo - podem
causar cegueira, principalmente em crianças desnutridas. A vacinação
das crianças e das mulheres adultas é fundamental na prevenção da
rubéola, já que essa doença produz catarata congênita às crianças cujas
mães a possuem.

1.4 SAÚDE OCULAR DOS RECÉM-NASCIDOS

Ainda na sala de parto, ocorre a primeira


ação de saúde ocular no ser humano: logo
após o nascimento, é pingada uma gota de
nitrato de prata nos olhos do recém-nascido,
que previne uma doença ocular grave, que
pode causar cegueira.
Tanto a mãe como os profissionais de saúde que mantêm contato com o bebê
devem sempre observar o tamanho, o brilho, a cor e o aspecto geral dos olhos do
recém-nascido, para detectar eventuais alterações ou anormalidades.
Ressalte-se que o aleitamento materno propicia ao bebê os nutrientes
necessários ao bom desenvolvimento da visão. Os cuidados com as unhas (tanto da
mãe quanto da criança) evitarão arranhões, ferimentos e infecções. No tocante à
higiene, os banhos do bebê devem ser diários, com sabão neutro e água fervida e
morna, e a criança deve ser seca com uma toalha limpa e reservada apenas para
ela.

1.4.1 Norma técnica especial

Em 1881, para prevenção de oftalmia (conjuntivite) gonocócica (causada pelo


gonococo ou Neisseria gonorrhoeae, bactéria que pode ser transmitida da mãe para
o bebê no canal do parto, caso ela esteja infectada), iniciou-se o uso do nitrato de
prata a 1%. A aplicação de nitrato de prata, ou Método de Credé, é também

Curso Técnico em Óptica 6


conhecida como credeização.
Portanto o nitrato de prata é um agente de prevenção contra gonococo e
clamídia, bactérias adquiridas por transmissão sexual. Na mulher, essas bactérias
podem iniciar um processo infeccioso no colo do útero e, se entrarem em contato
com os olhos do bebê no momento do parto normal, podem causar conjuntivite
bacteriana. O nitrato de prata ajuda a previr o problema. Mesmo quando o bebê
nasce através de cesárea.
O que ocorre é que em alguns casos, quando há ruptura da placenta, existe a
chance de microrganismos subirem e contaminarem os olhos do bebê.

Ele é instilado no saco conjuntival


inferior (detalhe técnico... é pingado no
olhinho, como se fosse um colírio!), e o
excesso da medicação é removido com
gaze. Não se deve lavar os olhos do
bebê logo em seguida. Portanto, não
se assuste se o seu bebê lhe for
entregue com os olhos e pálpebras
"manchados" pela medicação. Vai melhorar nas próximas horas.

1.5 SAÚDE OCULAR DOS LACTENTES E PRÉ-ESCOLARES

A criança começa a melhorar sua visão, ou a desenvolvê-la efetivamente, por


volta dos 6 a 8 meses. Mas somente aos cinco ou seis anos ocorre a maturação
visual completa. O adequado cumprimento do calendário de vacinação e dos
cuidados gerais e de higiene previnem as doenças provocadas por agentes
infecciosos. A introdução de uma alimentação rica em vitaminas, desde cedo, logo
após o término do aleitamento materno, ajudará a manter uma boa saúde.

Rotineiramente, devem ser procurados


sinais e sintomas genéricos que podem
indicar que a criança possui problemas
oculares, tais como apresentar dor de

Curso Técnico em Óptica 7


cabeça frequente; ser dispersiva ou desastrada; cair muito e derrubar objetos; ter
dificuldade de acompanhar as brincadeiras dos colegas; fazer caretas, piscar muito,
apertar os olhos; inclinar a cabeça para ver e aproximar-se demais da TV ou das
páginas de revista e livros. Esses sinais podem indicar que a criança sofre de baixa
acuidade visual; assim, deve ser levada ao optometrista e/ou oftalmologista o quanto
antes, para consulta.
Outros sinais e sintomas muito comuns de problemas visuais, que também
devem ser observados, são: lacrimejamento; olhos vermelhos; secreção, purgação
(pus); crostas nos cílios; olhos semiabertos; visão embaçada; sensibilidade
excessiva à luz; visão dupla e desvio ocular (estrabismo). Em caso de dúvida, o
teste de acuidade visual é sempre recomendável, pois permite a detecção de
problemas oculares ainda não manifestos.
Com relação a esta faixa etária, os adultos deverão estar atentos à prevenção
de acidentes com objetos pontiagudos e/ou cortantes - como faca, tesoura, lápis, por
exemplo - ou produtos químicos – como o álcool, água sanitária, detergente e
medicamentos – haja vista que crianças dessa idade costumam ter verdadeira
atração por esses materiais, que podem levar perigo a seus olhos.

1.6 SAÚDE OCULAR DOS ADOLESCENTES

As informações e recomendações
anteriores são também válidas nesta fase
de vida.
Todas as crianças, antes de começar a
frequentar a escola, devem ir ao
especialista para realização de teste de
acuidade visual. Por sua vez, a professora
deve estar especialmente atenta aos seguintes sinais: olhos vermelhos após a aula;
lacrimejamento durante a leitura; aproximar ou afastar muito o livro dos olhos;
cansaço e desinteresse após a atividade escolar; dores de cabeça, tonturas e
náuseas, após esforço visual; troca de letras semelhantes, ao ler.
Geralmente, a adolescência é a fase em que a miopia se manifesta, cujo

Curso Técnico em Óptica 8


início se faz sentir por volta dos 10 anos. Assim, deverão ser encaminhadas a
exame especialista todas as crianças que nesta faixa de idade sintam dificuldades
em enxergar o que está escrito no quadro ou localizar objetos situados muito longe.
É conveniente que as adolescentes sejam vacinadas contra a rubéola,
prevenindo os bebês das eventuais gestantes contra a cegueira dos recém-
nascidos. Os riscos de acidentes também devem ser prevenidos, atentando-se
principalmente às atividades esportivas rudes.

1.7 SAÚDE OCULAR DOS ADULTOS

Os adultos devem periodicamente submeter-se


ao exame de acuidade visual, e procurar o
especialista caso percebam algum declínio de
capacidade visual. Todas as pessoas com mais
de 35 anos de idade devem, sempre que
possível, submeter-se ao exame de avaliação
dos olhos e da visão, com o objetivo de detectar
possíveis problemas e alterações.
Geralmente após os 40 anos, os adultos começam a observar o aparecimento
dos sintomas da vista cansada. As letras vão se tornando menos nítidas, há
dificuldade para a leitura das letras menores e a pessoa, para obter o foco ideal para
ler, começa a afastar o livro ou jornal. Nessas circunstâncias, o especialista deve ser
procurado para que os exames e medidas sejam feitos e os óculos, receitados.
Determinadas atividades profissionais predispõem as pessoas a um número
maior de alterações oculares. Assim sendo, o uso cuidadoso dos equipamentos de
proteção do trabalhador - os óculos de segurança, por exemplo - e o bom estado
das máquinas utilizadas evitam a ocorrência de traumas.
A mulher adulta deve ser vacinada contra a rubéola, o que evitará o
aparecimento desta moléstia durante a gestação, já que esta doença, repetimos,
adquirida nos primeiros 3 meses, pode causar cegueira ou catarata congênita no
recém-nascido. Daí a importância da realização do pré-natal, essencial para a
gestante, já que nele se faz o tratamento de infecções ginecológicas - que previne

Curso Técnico em Óptica 9


as conjuntivites do recém-nascido, adquiridas no canal de parto - bem como a
detecção precoce e o correto tratamento de doenças que podem prejudicar tanto a
gestante como o bebê.
Com relação às gestantes de alto risco, devem fazer exame ocular de rotina,
visando detectar possíveis alterações.

1.8 SAÚDE OCULAR DOS IDOSOS

É na faixa acima dos 65 anos que ocorre a maioria


dos casos de baixa acuidade visual e cegueira. Estes
problemas não devem ser considerados como
resultantes do processo normal de envelhecimento,
porque, se bem utilizados os recursos clínicos e
cirúrgicos existentes - como, por exemplo, a cirurgia
de catarata, a visão do idoso pode ser recuperada. Mesmo no caso de vir a
desenvolver cegueira, o idoso deve receber orientação e ser encaminhado para
reabilitação, evitando restringir suas atividades.
Por outro lado, instalam-se nos idosos alterações relacionadas ao próprio
envelhecimento e acentuam-se as doenças crônico-degenerativas como a
hipertensão e o diabetes, que, se descontrolados, atingem os órgãos da visão e
devem ser diagnosticados e tratados a tempo. O exame e o acompanhamento
optométrico e/ou oftalmológico regular dos idosos é um procedimento bastante útil
para evitar problemas que prejudiquem sua participação na vida familiar e
comunitária.

1.9 PREVENÇÃO DE ACIDENTES OCULARES

Acidentes que afetam os olhos ou cabeça podem


acontecer no ambiente de trabalho, na escola, na
pratica de esportes ou nos momentos de lazer. Esse
tipo de ocorrência pode ser evitado ou pelo menos
reduzido, com adoção dos seguintes procedimentos:

Curso Técnico em Óptica 10


 Medicamentos e substâncias químicas devem ficar longe do alcance de
crianças.
 Objetos pontiagudos ou perfuro cortantes não devem ser manuseados por
crianças.
 Devem ser evitados brinquedos potencialmente perigosos, como
estilingue, dardo, flecha, espingardas de chumbinho entre outros.
 Deve ser evitada a permanência de crianças próximas a fogões.
 As lentes e óculos devem ser do tipo endurecido evitando-se as lentes de
vidro ou de material quebrável.
 No automóvel as crianças devem ser transportadas no banco traseiro.

Porém se mesmo com esses cuidados ocorrer um acidente é fundamental


que no primeiro momento do atendimento seja realizado um exame ocular, em
busca de lesões e corpos estranhos nos olhos, e o acidentado encaminhado ao
especialista.

1.9.1 Acidentes oculares no trabalho

Os acidentes de trabalho que comprometem os olhos


estão entre as principais causas da perda de visão
temporária e permanente em todo mundo. De acordo
com especialistas brasileiros, cerca de 90% destes
incidentes seriam evitados com o simples uso de

Curso Técnico em Óptica 11


equipamentos de proteção adequados.
Uma grande porcentagem das lesões oculares causadas gera defeitos visuais
permanentes. Muitos trabalhadores sentem na pele essa estatística: dentre os
acidentes oculares de trabalho, 12% causam problemas irreversíveis.

1.9.2 Acidentes oculares domésticos

Se há crianças em casa, a organização dos


ambientes deve ser repensada. Os materiais de
limpeza e os medicamentos, por exemplo, devem
estar sempre fora do alcance delas. Saponáceos,
desinfetantes e outros produtos de limpeza podem
causar queimaduras oculares se caírem
diretamente nos olhos.
Outra precaução é a escolha dos brinquedos. Objetos pontiagudos, como
canetas e lápis, devem ser usados sob observação de um adulto. Brinquedos
pontiagudos oferecem maior risco de perfuração dos olhos, assim como as quinas
de mesas e pias. Caso ocorra um acidente, a melhor atitude é levar a criança
imediatamente para o hospital, para que um especialista analise o caso e, se for
necessário, retire o corpo estranho.
Os médicos alertam que os pais não devem tentar remover o objeto. Contudo,
em casos de ciscos, areia e pelos de animais, por exemplo, os olhos devem ser
lavados com água corrente.
Segundo os especialistas, se só a limpeza com água não resolver, a criança
deve ser levada ao oftalmologista. É importante explicar para o especialista o que
houve e qual o produto entrou em contato com os olhos. No caso de produtos de
limpeza, o ideal é que os pais levem o frasco, para facilitar a decisão do médico pela
conduta mais adequada.

1.9.3 Produtos químicos e queimaduras

Os acidentes com produtos químicos e queimaduras por solda estão entre os


mais registrados ainda que a vítima tenha sido ferida apenas na parte externa do
olho. A recomendação é a busca imediata por socorro médico caso haja sensação

Curso Técnico em Óptica 12


de ardência, vermelhidão, fotofobia, embaçamento ou diminuição da visão, visão
dupla, sensação de corpo estranho, halos coloridos ao redor da luz e contrações
repetidas das pálpebras. Algumas alterações podem surgir algumas horas depois do
incidente.
Os especialistas recomendam lavar o olho com soro fisiológico ou água
corrente em abundância imediatamente após o acidente. Em caso de contusão,
compressas geladas são aconselhadas, mas sem massagear ou pressionar o local.
Ferimentos maiores devem ser cobertos com gaze, para evitar os riscos da
exposição.

1.9.4 Proteção

Nas empresas, é preciso respeitar normas e leis de


segurança e usar os equipamentos recomendados
como os óculos de proteção, bem como os outros
Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Óculos
apropriados para cada atividade do trabalhador
ainda é a melhor prevenção.

1.9.5 Importância da prevenção de acidentes oculares

A proteção dos olhos é uma necessidade urgente, e imperativa, não apenas

Curso Técnico em Óptica 13


pelo desejo de bem estar dos indivíduos, mas também por razões de ordens
socioeconômicas, como o aumento da produtividade.
Com o aumento da industrialização e a diminuição das medidas profiláticas,
os acidentes oculares de trabalho têm ocorrido com uma frequência cada vez maior,
sendo necessárias medidas eficazes para preveni-los e evitá-los.
Tais acidentes são responsáveis, muitas vezes, por gerar incapacidade e
limitações nos indivíduos, por provocarem cegueira. Nos Estados Unidos ocorrem
uma média de 1.000 acidentes oculares de trabalho por dia, apesar de todo um
esforço na sua prevenção.
Por ser a visão o sentido mais importante, os olhos são extremamente
essenciais para o operário e lesões mínimas podem impossibilitá-lo para o trabalho.
É importante ressaltar que aproximadamente 98% dos acidentes são
evitáveis, ou seja, a cada 100 acidentes, apenas 2 deveriam acontecer.
Historicamente, Remazzini em 1700 relatou a importância da prevenção de
acidentes oculares, e também a dificuldade em realizá-la, devido principalmente à
falta de compreensão e colaboração dos trabalhadores em adotarem medidas
simples de precaução.

1.9.6 O que fazer em caso de lesão

Agilidade no atendimento pode ser determinante nas possíveis sequelas para


a visão. Todos devem estar preparados para os primeiros-socorros a um colega ou
parceiro de trabalho que tenha sofrido um acidente ocular. O trabalhador também
deve ter noção da atitude que deve tomar em casos de acidentes com ele próprio
para saber orientar quem o esteja ajudando ou se conseguir, ele mesmo, deve agir
rapidamente.
A primeira e mais importante medida de socorro é lavar os olhos com água
limpa em abundância. A única exceção se faz às perfurações oculares, que devem
ser encaminhadas imediatamente ao oftalmologista para os devidos reparos. É
importante evitar a compressão do globo ocular até a avaliação da extensão da
lesão provocada pelo acidente. Neste caso é importante a consulta com um
oftalmologista, que possui os equipamentos necessários para um adequado exame
do olho.

Curso Técnico em Óptica 14


AULA 02

Ao final desta aula você será capaz de:

1. Conhecer as principais patologias e problemas oculares relacionados aos


cílios, pálpebras, conjuntiva, esclera e córnea.

1 PATOLOGIAS OCULARES – PARTE 1

1.1 DEFEITOS NOS CÍLIOS

1.1.1 Triquíase

É uma doença que consiste no desvio do crescimento das pestanas para


dentro, ou seja, em direção ao globo ocular. Pode ser congênito ou adquirido e a
pálpebra normalmente conserva a sua posição normal.
A consequência mais comum é a irritação permanente da conjuntiva bulbar e
da córnea, podendo resultar em conjuntivite ou ceratite.
O tratamento consiste em cirurgia ou remoção do cílio que está em inversão.

1.1.2 Distiquíase

É uma enfermidade congênita que consiste na


formação de duas fileiras de cílios incompletas
ou completas.

Curso Técnico em Óptica 15


1.1.3 Madarose

Definição: Queda parcial ou total dos


cílios.

1.1.4 Poliose

Definição: Despigmentação de cílios e


supercílios.
Causas: Associado à blefarites crônicas,
oftalmia simpática.

1.2 DEFEITOS DE POSIÇÕES DAS PÁLPEBRAS

1.2.1 Entrópio

Definição: Inversão da margem das pálpebras.


Causas: Alterações do envelhecimento (entrópio involuntário), alterações
cicatriciais afetando a borda da pálpebra posterior (entrópio cicatricial) e entrópio por
hipertrofia da pele e músculo orbicular adjacente (entrópio congênito).
Consequência: Úlcera de córnea, conjuntivites crônicas.
Tratamento: Cirúrgico.

Curso Técnico em Óptica 16


1.2.2 Ectrópio

Definição: Eversão das margens das pálpebras.


Causas: Congênitas alterações por envelhecimento (involucional), nódulos
(mecânicos), cicatrização da borda anterior da pálpebra (cicatricial) ou fraqueza do
músculo orbicular (paralítico).
Consequências: Epífora, conjuntivite crônica.
Tratamento: Cirúrgico.

1.2.3 Retração palpebral

Definição: A altura vertical da abertura palpebral superior e ou inferior é


maior do que o normal deixando totalmente descoberta a córnea.
Causas: Oftalmopatia distiroidiana, mas qualquer condição que envolva os
retratores das pálpebras pode causar retração palpebral, como por exemplo:
traumatismo, infiltração tumoral, condições neurológicas (lesões do mesencéfalo).
Consequência: Olho seco.
Tratamento: Depende da causa, pode ser resolvido cirurgicamente.

Curso Técnico em Óptica 17


1.2.4 Ptose

Definição: Mau posicionamento da pálpebra superior diminuindo a fenda


palpebral.
Causas: Podemos separá-la em duas classificações - congênita e adquirida.
A congênita geralmente acontece por distrofia do músculo elevador da
pálpebra podendo ser uni ou bilateral e chegando até a atingir o reto superior,
proporcionando a má elevação do olho.
As causas adquiridas consistem nos defeitos miopáticos ( paralisias
miogênicas que geralmente fazem parte do quadro sintomatologia da síndrome de
Kearns-Sayre; a miastenia grave deve ser considerada em qualquer caso de ptose
adquirida), síndrome de regeneração aberrante), mecânicos (variam desde o
excesso de pele palpebral até nódulo nas pálpebras superior, inflamação orbitária ou
traumatismo das pálpebras ou da anatomia da órbita) ou aponeuróticos (são de
difícil diagnóstico, causada as vezes por defeito na aponeurose do músculo elevador
da pálpebra ou na inserção tendinosa ocasionada pela senilidade) . A história e o
exame físico minucioso é necessário, observando-se principalmente algumas
características como duração, progressão ou variabilidade, sintomas associados tais
como fraqueza muscular sistêmica, diplopia, traumatismo de parto, traumatismo de
cabeça ou órbita e uso de lentes de contato.
Consequências: Estética

Curso Técnico em Óptica 18


1.3 TUMORES, INFILTRAÇÕES E INFLAMAÇÕES DAS PÁLPEBRAS

1.3.1 Hordéolo

Definição: Abcesso das glândulas à margem das


pálpebras.
Causa: Obstrução e infecção do conduto dos
folículos sebáceos. Manifesta-se de um mal estar
geral, vícios de refração não compensados.
Consequência: Dor, hiperemia, edema,
aparecimento ponto amarelado indicando presença de pus.
Tratamento: Higiene palpebral, calor seco no local, se não drenar
encaminhar ao especialista.

1.3.2 Calázio

Definição: Tumoração vermelha dolorosa à


palpação dentro da placa tarsal da pálpebra
superior ou inferior.
Causa: Obstrução dos ductos das glândulas de
meibomius (meibomite).
Consequência: Dor, hiperemia, edema com
deformação da pálpebra.
Tratamento: Calor seco local, caso não resolva encaminhar para o
especialista.

1.3.3 Xantelasma

Definição: Depósito de colesterol na pele, normalmente


localizado em torno do canto interno.
Causas: Idiopáticos ou associados com uma
hipercolesterolemia.
Consequência: Estética

Curso Técnico em Óptica 19


1.3.4 Carcinoma de célula basal

Definição: Tumor maligno de pálpebra mais


comum normalmente ocorre na pálpebra inferior
ou no canto medial, possui coloração perolada
uma trama de vasos sanguíneos e uma base
ulcerada rasa e central.
Causas: Indefinidas
Consequência: Se não tratado alastra-se por toda a face.
Tratamento: Cirúrgico, radioterapias.

1.3.5 Melanoma e nevus

Definição: Lesão palpebral pigmentada.


Causa: Aumento rápido no tamanho de um nevu já existente, lesões,
ulcerações ou hemorragia.
Consequência: Se não tratado aparecimento de metáteses.
Tratamento: Cirúrgico.

1.3.6 Blefarite

Definição: Inflamação das lamelas palpebrais. A blefarite pode ser escamosa


(anterior) ou ulcerativa (infecciosa).
Causas: A blefarite escamosa está associada à dermatite seborréica e
apresenta-se como escamas na raiz dos cílios é de caráter crônico.
A blefarite ulcerativa é causada por uma bactéria (estafilococos) nos folículos
e na margem das pálpebras.
Consequências: Irritação crônica nos olhos, queda e deformidade dos cílios.

Curso Técnico em Óptica 20


Tratamento: Higiene das pálpebras retirando as crostas, na blefarite
escamosa, as loções para o couro cabeludo para controlar a seborréia seca podem
ajudar. A condição é crônica nos dois casos, e o tratamento é prolongado e
cansativo.

1.3.7 Dermatite alérgica de contato

Definição: Reação de hipersensibilidade ao


contato.
Causas: Preparados cosméticos, soluções de
lentes de contato, ou medicações tópicas (colírio
ou pomada ocular).
Consequência: Prurido intenso, edema,
inflamação das pálpebras e escamação.
Tratamento: Identificação do agente causador e suspensão do uso.

1.3.8 Herpes zoster

Definição: Inflamação das pálpebras com


presença na fase inicial de eritema, edema e
formação de vesículas e pústulas que
acompanham a primeira divisão do nervo
trigêmeo ou quinto nervo craniano.
Causa: Resulta da atividade de vírus
varicelazóster latente no gânglio do trigêmeo
com disseminação neural do vírus através da divisão do nervo (oftálmico).
Consequências: Conjuntivite, ceritite, hipoestesia corneana, iridociclite,

Curso Técnico em Óptica 21


glaucoma secundário ou neurite óptica.
Tratamento: Higiene geral para evitar infecção secundária da lesão na pele e
encaminhar ao especialista.

1.4 DEFICIÊNCIAS TECIDUAIS

1.4.1 Dobras epicânticas

Definição: Dobras anormais da pele no canto medial.


Causa: Escassez relativa de tecido, comuns na infância principalmente em
crianças orientais, mas podem ser adquiridas por perda de tecido em traumas.
Consequência: Pseudoestrabismo que desaparecerá juntamente com as
dobras epicânticas com a idade.
Tratamento: Cirurgia plástica.

1.4.2 Coloboma palpebral

Definição: insuficiência do desenvolvimento


normal da pálpebra e do fechamento das fendas.
Causa: Má formação congênita.
Consequência: Lesões permanentes corneanas
por exposição.
Tratamento: Cirúrgico.

1.5 TRAUMATISMOS

1.5.1 Perda de espessura total do tecido palpebral

Causa: Queimadura por cáustica.

Curso Técnico em Óptica 22


Consequência: Exposição da córnea, perda de motilidade ocular, olho seco
ou dano ao sistema de drenagem lacrimal.
Tratamento: Cirúrgico.

1.5.2 Laceração da palpebra superior

Definição: Lesão causada por


instrumento cortante.
Causa: Instrumento cortante.
Consequência: provável ptose se houver
laceração de músculo elevador.
Tratamento: Cirúrgico.

1.6 PATOLOGIAS E TUMORES DA CONJUNTIVA

1.6.1 Edema de conjuntiva (conjuntivite alérgica)

Definição: Estase aumentada dentro da


conjuntiva.
Causa: Drenagem venosa prejudicada ou
permeabilidade aumentada produzindo edema.
Conjuntivites alérgicas
Consequência: Epífora, desconforto.
Tratamento: compressas geladas.

Curso Técnico em Óptica 23


1.6.2 Conjuntivite viral

Definição: Inflamação na conjuntiva com pouca


secreção (secreção mucosa).
Causa: Viral
Consequência: Cicatriz conjuntival.
Tratamento: Higiene ocular. Compressas geladas,
se não reduzir os sintomas encaminhar ao
especialista.

1.6.3 Conjuntivite bacteriana

Definição: Inflamação na conjuntiva com muita


secreção mucopurulenta.
Causa: Bactérias (estafilococos, pneumococos,
haemophilus, gonococos).
Consequência: Podem levar a cegueira se não
tratada devidamente.
Tratamento: Higiene ocular com soro fisiológico gelado, em caso de não
melhora da sintomatologia encaminhar para o especialista.

1.6.4 Conjuntivite papilar gigante

Definição: Inflamação da conjuntiva com


hipertrofia das papilas.
Causas: Uso indiscriminado de lentes de contato,
Chlamydia trachomatis.
Consequência: Variam desde uma hiperemia
conjuntival até cegueira.
Tratamento: No caso de lentes de contato suspender o uso e encaminhar
para o especialista.

Curso Técnico em Óptica 24


1.6.5 Conjuntivite fúngica

Definição: Inflamação da conjuntiva.


Causa: Fungos
Consequência: Se não tratada corretamente poderá
levar a cegueira.
Tratamento: Encaminhar para o especialista.

1.6.6 Conjuntivite vernal (primaveril)

Definição: Conjuntivite alérgica sazonal.


Causa: Elementos da natureza que causam alergias
(pólen de determinadas plantas).
Consequência: Espessamentos conjuntivais
papilares na conjuntiva tarsal superior.
Tratamento: Higiene ocular, se necessário
encaminhar ao especialista.

1.6.7 Nevos benignos

Definição: Lesão pigmentar benigna da conjuntiva.


Causa: De origem embrionária, nem sempre estão
presentes ao nascimento, e em muitos casos
podem não se tornar evidentes até a idade adulta.
Consequência: Estética
Tratamento: Não há necessidade.

1.6.8 Pterígio

Definição: Área elevada da conjuntiva bulbar que


invade ativamente a córnea.
Causa: Indeterminado. Nas regiões de clima
temperado é bem menor e a progressão é lenta, já
nas regiões ensolaradas e poeirentas do mundo

Curso Técnico em Óptica 25


ele pode ser uma ameaça à visão. Normalmente é bilateral nasal. A dilatação
vascular da borda de avanço nos mostra o grau de atividade do pterígio.
Consequência: Havendo avanço sobre a córnea, poderá após a retirada,
deixar um leucoma.
Tratamento: Cirúrgico.

1.6.9 Pinguécula

Definição: Elevação da conjuntiva de


formato circular e coloração arredondada.
Causa: Degeneração elestótica do colágeno
dentro da substância própria causada por
distúrbios hormonais.
Consequência: adaptação de lentes
Tratamento: Não há necessidade.

1.7 PATOLOGIAS DA ESCLERA

1.7.1 Episclerite

Definição: Inflamação benigna que ocorrer em


adultos jovens e pode ser bilateral.
Causas: Nenhuma associação é encontrada na
maioria dos portadores, mas 30% podem ter um
achado geral associado tal qual a herpes zóster
ou evidências de alergias.
Divide-se em duas: inflamação difusa e nódulos espiscleral.
Consequências: Suas características são: hiperemia e desconforto brando
com lacrimejamento ocasional. A episclerite difusa ou simples desaparece em
semanas (uma a duas) sem necessidades de encaminhamento, enquanto que a
nodular demora mais um pouco.

Curso Técnico em Óptica 26


1.7.2 Esclerite

Definição: Inflamação na esclera.


Causas: É uma inflamação mais séria que a
episclerite, normalmente está associada a
outras enfermidades, caracteriza-se por dor e
endurecimento do olho. As enfermidades mais
comuns são a artrite reumática e a herpes
zóster, pode afetar parcialmente a esclera,
sendo chamada de esclerite anterior se estiver localizada na porção anterior e
posterior se for mais profunda.
Consequência: A esclerite posterior causa muita dor, baixa da acuidade
visual e alterações em fundo do olho.

1.8 PROBLEMAS E PATOLOGIAS RELACIONADOS À CÓRNEA

1.8.1 Ceratopatia estriada

Definição: Espessamentos estromal da córnea.


Causa: Edema estromal associado a edema
epitelial.
Consequência: Aumento da espessura da córnea
sem alteração na curvatura corneana anterior.
Tratamento: Suspensão do uso da lente de contato.

1.8.2 Corpo estranho na córnea

Causa: Lesão causada por penetração de um corpo


estranho (fagulhas de aço).
Consequência: Opacificação da córnea no local
afetado, se o corpo estanho estiver atingido além do
epitélio.
Tratamento: Encaminhar ao especialista para remoção do corpo estranho.

Curso Técnico em Óptica 27


1.8.3 Lesão corneana por produtos químicos

Causa: Lesão por instilação de medicamentos


tópicos em longo prazo, como é o caso do
timerosal existente nas soluções para assepsia
de lentes de contato. Lesões por produtos
cáusticos
Consequência: Displasia epitelial, leucoma.
Tratamento: Suspender o uso do produto que
está causando a lesão, encaminhar ao especialista.

1.8.4 Ceratite bacteriana

Definição: Infecção da córnea apresentando dor,


fotofobia, e visão turva.
Causa: Bactérias de muitas variedades, sendo
as pseudomonas e pneumococos com maiores
gravidades.
Consequência: Perda do olho por perfuração
corneana ou endoftalmite.
Tratamento: Considerada uma emergência oftálmica, o encaminhamento ao
especialista.

1.8.5 Ceratite herpética

Caracteristicas: Úlcera dentritica por herpex


simplex, o olho apresenta-se irritável, hipiremico e
fotofóbico.
Causa: vírus herpe simplex.
Consequência: Sérias complicações corneanas
ou perfuração do olho.
Tratamento: Higiene ocular, encaminhar ao especialista.

Curso Técnico em Óptica 28


1.8.6 Ceratomicose

Definição: Infecção na córnea por fungos.


Causa: Os fungos mais comuns em infecções
oculares são os mofos filamentares como
Aspergillus e Fusarium ou os levedurais como
Candida. As infecções fúngicas podem
acontecer secundariamente em uma córnea
comprometida.
Consequência: Erradicação difícil, enxerto corneano se necessário.
Tratamento: Encaminhamento ao especialista.

1.8.7 Ceratite intersticial

Características: Apresenta-se como uma


placa de vasos no estroma corneano
inicialmente, em um estágio mais tardio o
cliente apresenta opacidade residual
variável na camada corneana profunda e
aparecem vasos fantasmas.
Causa: A sífilis congênita é a causa mais
comum. Síndrome de Cogan (ceratite
intersticial com surdez neural grave em
adultos jovens na ausência da sífilis).
Consequência: Enxerto de córnea.

1.8.8 Ceratite por protozoário

Característica: Dor, necrose de estroma em um


estágio mais avançado.
Causa: Protozoário Acanthamoeba (E. coli).
Consequência: Necrose no estroma corneano,
leucoma.
Tratamento: Encaminhar para o especialista.

Curso Técnico em Óptica 29


1.8.9 Ceratocone

Características: Adelgaçamento e distorção da córnea


inferior e central com um ápice cada vez mais agudo
(córnea cônica). Aparece na segunda ou terceira década
de vida sob a forma de deterioração lenta da visão por
miopia e astigmatismo progressivo ou intolerância à lente
de contato. A maioria não tem história familiar. Os sinais clínicos incluem um
característico reflexo em redemoinho com centro escuro na retinoscopia devido a
astigmatismo miópico irregular que pode ser confirmado na ceratometria ao se
encontrar gráficos distorcidos.
Causa: Indeterminada.
Tratamento: Uso de lentes de contato rígida ou ceratoplastia.

1.8.10 Panus

Definição: Vascularização anormal na córnea que


normalmente ocorre na metade superior e às vezes
em toda região periférica corneana.
Causas: Pode advir de um tracoma, em casos de
ceratites, fortes triquíase e da utilização de lentes de
contato hidrofíllicas, nesse caso também chamado de neovascularização corneana.
Quanto à área afetada pode ser dividido em: Panus anterior (visível com
corante) e Panus estromal (avaliação com biomicroscópio).

1.8.11 Infiltrados

Definição: Pequenas e discretas lesões corneanas devido


à inflamação da mesma, e em alguns casos devido ao uso
de lentes de contato hidrofílicas.

Curso Técnico em Óptica 30


1.8.12 Arco senil

Característica: Anel branco na periferia da córnea.


Encontrado na grande maioria em pacientes idosos, é uma
característica do quadro de uma hiperlipidemia subjacente.
Causa: senilidade ou hiperlipidemia,

Curso Técnico em Óptica 31


AULA 03

Ao final desta aula você será capaz de:

1. Conhecer as principais patologias e problemas oculares relacionados ao


cristalino, trato uveal, vítreo e retina.

1 PATOLOGIAS OCULARES – PARTE 2

1.9 PATOLOGIA DO CRISTALINO

1.9.1 Catarata

Característica: Opacificação do cristalino


Causa: Senilidade é a causa mais comum de opacificação
do cristalino, leões no cristalino (esteróides), patologias
sistêmicas (diabetes, hipoparatireoidismo) e
medicamentosas.
Consequência: Proporciona a dispersão da luz ou bloqueia a passagem
desses raios. A visão ficará embaçada e poderá proporcionar cegueira.
Tratamento: Cirúrgico.

1.10 GLAUCOMA

1.10.1 Glaucoma de ângulo aberto crônico


Característica: Aumento da
pressão intraocular, embora o
ângulo de filtração seja aberto, a
rede trabecular no ângulo de
filtração é defeituosa, levando a
maior resistência à saída do
humor aquoso.

Curso Técnico em Óptica 32


Causa: Aumento da
pressão intraocular com
perda visual. A pressão
ocular de mais de 20
mmHg é considerada alta
(hipertensão ocular), o
glaucoma estará instalado
se houver qualquer perda
visual. Caráter hereditário.
Consequência: Aumento do tamanho do cálice óptico, escotoma arciforme.
Tratamento: Encaminha ao especialista para o controle da pressão, pois a
perda visual ainda não tem retorno.

1.10.2 Glaucoma de ângulo fechado

Características: Comum da meia idade, paciente


apresenta olho vermelho unilateral associado à
visão embaçada, dor ou cefaléia, pupila
semidilatada e não reage à luz.
Causa: A periferia da íris se opõe repentinamente à
periferia corneana e bloqueia o ângulo de filtração,
bloqueando a saída do fluxo aquoso proporcionando o aumento súbito da PIO.
Caráter hereditário.
Consequência: Grave
perda visual ou cegueira.
Tratamento: Encaminhar ao
especialista.

Curso Técnico em Óptica 33


1.10.3 Glaucoma congênito

Característica: O termo alternativo para glaucoma


congênito é buftalmo, que se refere à megalocórnea
adquirida que se desenvolve na criança com
glaucoma congênito. A pressão intraocular elevada
nos primeiros 18 meses de vida ocorre em uma
época na qual o colágeno corneano (e o colágeno
escleral) ainda é plástico ou “estirável”. Presença de fotofobia intensa, epífora com o
olho relativamente branco.
Causa: Desenvolvimento defeituoso do fluxo de saída do aquoso, ou seja,
possível falha no desenvolvimento das células da crista neural que dá origem a
malha trabecular, in útero, Caráter hereditário. Síndrome de Sturge-Weber.
Consequência: Descompensação endotelial corneana, laceração gigante da
retina, cegueira se não detectado a tempo.
Tratamento: Cirúrgico.

1.11 ANOMALIAS CONGÊNITAS, TUMORES E INFLAMAÇÕES DO TRATO


UVEAL

1.11.1 Aniridia

Características: Ausência total da íris.


Causa: Ocorre como patologia familiar
Cristalino
autossômica ou esporadicamente. A
condição dominante autossômica associa-
Orla de íris
se com glaucoma, nistagmo, opacidade
corneana e fotofobia, enquanto que a
condição esporádica está fortemente relacionada com nefroblastoma (Tumor de
Wilms).
Consequência: Glaucoma, geralmente cedo na vida adulta.
Tratamento: Uso de lentes de contato filtrantes (caso haja glaucoma, o
mesmo deverá está controlado).

Curso Técnico em Óptica 34


1.11.2 Albinismo

Características: Deficiência de melanina dentro do trato


uveal. Causa: Distúrbio pode ocorrer tanto em forma
sistêmica quanto puramente ocular, nesse último a
pigmentação cutânea é normal. Os albinóides puramente
cutâneos não sofrem de problemas oculares. Analisando
os folículos pilosos dividimos os albinos oculocutâneos em dois grupos: os que têm
ausência total de pimentos (tirosinase-negativa) e os que possuem pigmentação
cutânea e ocular mais normais (tirosinase-positiva), esses últimos mais difíceis de
serem diagnosticados. Os albinos oculares tem pigmentação cutânea e pilosa
normais, porém a íris acentuadamente translucida.
Consequências: Nistagmo, hipoplasia macular, alta incidência de estrabismo
e ambliopia
Tratamento: Uso de lentes de contato filtrantes, reduzindo a entrada da luz.

1.11.3 Nevos da íris

Características: Apresentam-se pigmentados ou


amelanócitos, vasculares ou avasculares e salientes ou
achatados. Os nevos podem aumentar ou tornar-se
intensamente pigmentados após a puberdade. Causa:
Espessamento do estroma da íris pela proliferação de células
fusiformes banais que formam uma camada sobre a superfície do estroma
estendendo-se para o esfíncter da pupila.
Consequência: Estética.
Tratamento: Indeterminado.

1.11.4 Melanoma da íris

Características: Clinicamente indistinguível do nevo, é


necessário observar-se o seu crescimento. Alguns
melanomas são altamente vascularizados e podem ser
confundidos com hemangiomas. Causas: Fatores de risco de

Curso Técnico em Óptica 35


crescimento tumoral são de localização medial e dispersão pigmentar.
Consequência: Pode haver comprometimento de corpo ciliar, se o tumor for
visto através de transiluminação transpupilar, se houver necessidade de excisão
local o cirurgião deve estar preparado para realizar uma iridociclectomia.
Tratamento: Cirúrgico.

1.11.5 Nevos da coróide

Características: Maior incidência em população


branca e normalmente detectado na puberdade.
Apresentam-se pequenos e planos, com coloração
cinza-ardósia, apresenta degeneração no epitélio
pigmentar retiniano que o circunda, com
predominância de drusas duras, as alterações podem
ser confundidas com um melanoma quando
apresentam-se volumosos. Os indicadores da natureza benigna são uma espessura
tumoral de 2 mm ou menos, presença de drusas com ausência de pigmentos laranja,
ausência de deslocamento seroso da retina sobre o tumor.

1.11.6 Melanoma maligno da coróide

Características: Lesão elevada, pigmentada da


coróide, podem apresentar turvação visual ou um
defeito de campo que pode ser causado pelo
deslocamento de retina, comprometimento da mácula,
deformação ou subluxação do cristalino. O aspecto do
fundo de olho do fundo do olho depende da
quantidade de pigmentação no tumor. A maioria dos
melonomas uveais é de fácil distinção através de oftalmoscopia indireta e
biomicroscopia.
Consequência: Metástase inicial no fígado.
Tratamento: Encaminhar ao especialista.

Curso Técnico em Óptica 36


1.11.7 Uveíte não granulomatosa (anterior)

Características: Este é o tipo mais comum de


uveíte, apresenta-se com dor, fotofobia,
lacrimejamento, visão borrada, rubor
circuncorneano, é de sintomatologia aguda,
apresenta finos depósitos brancos (precipitados
ceráticos) na parte posterior da córnea podendo ser
visto através de lâmpada de fenda ou lupa. Em caso de sinéquia posterior a pupila
se apresentará de forma irregular e a luz estará ausente.
Causa: Espodilite anquilosante, uretrite, doenças intestinais.
Consequência: Sinéquia anterior periférica que irá impedir o escoamento do aquoso
causando glaucoma. Pode causar catarata, descolamento de retina, edema macular
cistóide e degeneração.
Tratamento: Encaminhar ao especialista.

1.11.8 Uveíte granulomatosa (posterior)

Características: No início é, em geral,


insidioso. A visão torna-se borrada
gradativamente, o olho afetado apresenta
uma hiperemia difusa com rubor
pericorneano, dor mínima e fotofobia
menos intensa comparada a não
granulomatosa. Em caso de sinéquia
posterior a pupila apresenta-se frequentemente contraída e irregular, presença de
precipitados ceráticos cinzentos que poderão ser vistos através de biomicroscopia.
Células podem ser vistas na câmara anterior e aglomerados de células brancas são
encontrados na íris formando nódulos (nódulos de Koeppe). Lesões da coróide e
retina vistas através da oftalmoscopia direta que apresenta manchas branco-
amareladas, geralmente são classificadas como doenças granulomatosa. A íntima
relação entre coróide e retina fazem dessas patologias coriorretinites (inflamação da
coróide e secundariamente inflamação da retina). À proporção que se dá a

Curso Técnico em Óptica 37


cicatrização à turvação do vítreo reduz-se e ocorre a pigmentação nas manchas
branco-amareladas, caso não haja comprometimento da mácula a restauração da
visão central será total.
Causa: síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), sífilis, cisto da
toxoplasmose (Toxoplasma gondi), bacilo da tuberculose (mycobacterium
tuberculosis), sarcoidose, oftalmia simpática, citomegalovirus.
Consequência: Pode durar meses ou anos, e chegam a causar danos
permanentes à visão.
Tratamento: Encaminhar ao especialista.

1.12 DEGENERAÇÃO E INVASÕES NO VÍTREO

1.12.1 Hialose asteróide

Características: Degeneração do vítreo que ocorre mais em pessoas idosas,

Curso Técnico em Óptica 38


é uma condição mais unilateral.
Causas: Essa condição não está associada a nenhuma patologia sistêmica,
sais de cálcio unem-se as fibras do vítreo que se deslocam juntamente com os
movimentos oculares.
Consequência: Às vezes atrapalha na oftalmoscopia direta impedindo a
visualização da retina.
Tratamento: Como raramente prejudicam a visão do cliente, não se faz
necessário tratamento.

1.12.2 Amiloidose

Características: Material protéico que reveste o


arcabouço do vítreo. É uma condição bilateral, esse
material possivelmente deriva-se da circulação retiniana.
Seu formato é de lã de vidro.
Causa: De caráter hereditário.
Consequência: Como qualquer corpo flutuante não deve
ser desprezado. A pesquisa de sua etiologia é importante, no caso de não haver
ligações sistêmicas nenhum transtorno virá a ocasionar.

1.12.3 Hemorragia do vítreo

Características: Sangue na câmara vítrea em


forma de um coágulo fibroso que vai se
alastrando e causando uma dispersão da
hemorragia por todo o vítreo.
Causas: Hemorragias causadas por
traumatismos de tecidos adjacentes, patologias
sistêmicas (Exemplos: diabetes, hipertensão,
leucemia) que afetam os vasos sanguíneos.
Consequência: Opacificação do vítreo tornando assim a visão comprometida
chegando à apenas percepção da luz.
Tratamento: Nenhum cliente com hemorragia vítrea deverá ser dispensado
sem a conscientização da necessidade de consultar um especialista.

Curso Técnico em Óptica 39


1.13 DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS DA RETINA

1.13.1 Oclusão de artéria retiniana

Características: Essa patologia é caracteristicamente senil. Provocado por


uma trombose (por um êmbolo) ou arteriosclerose da parede arteriana.
Causas: Presença de hipertensão, diabetes e de ateromatose cardíaca ou
das carótidas, nos jovens a oclusão de artéria retiniana é ocasionada por lupus
eritematoso sistêmico, sífilis.
Consequência: De pobre prognóstico, pois causará a perda de visão, onde
nas primeiras horas poderá ser feita a tentativa de desobstrução da artéria (no caso
de trombose por êmbolo). Tratamento: Encaminhar imediatamente para o
especialista.

1.13.2 Oclusão de veias retinianas

Características: Apresenta-se assintomática


quando benigna, quando inicial tem por
características: hemorragia na região drenada
pela veia afetada, dilatação da veia ocluída,
edema e isquemia da retina, presença de
exsudatos em flocos de algodão.
Causas: Portadores de patologias sistêmicas
como: diabetes, hipertensão, ou outras
patologias do aparelho vascular (arteriosclerose).
Consequência: De prognóstico variável, pois depende da região afetada da
retina e seu comprometimento, podendo causar uma neovascularização devido à
isquemia.
Tratamento: Encaminhar ao especialista.

Curso Técnico em Óptica 40


1.13.3 Manchas em flocos de algodão

Características: Localizada na camada de


fibras nervosas da retina, em oftalmoscopia,
antecedem um micro infarto, não confundir com
exsudatos moles.
Causas: Processo patológico isquêmico da
microcirculação da retina.
Consequência: A absorção dar-se após 6 a 8
semanas, no caso das retinopatias diabéticas há uma persistência maior.
Tratamento: encaminhar ao especialista

1.13.4 Exsudatos moles

Características: De formação recente,


coloração amarelada e sua composição é
lipídica.
Consequência: Retinopatia diabética e
hipertensiva.

1.13.5 Exsudatos duros

Características: Depósito lipídico intraretiniano


que pode situar-se na área da mácula
assemelhando-se a uma estrela.
Consequência: Retinopatia diabética.

Curso Técnico em Óptica 41


1.14 RETINOPATIAS NA HIPERTENSÃO ARTERIAL E NOS TRANSTORNOS
METABÓLICOS

1.14.1 Retinopatia hipertensiva

Características: Provoca alterações nos vasos


da coróide, retina e na papila óptica; a gravidade
das alterações dependerá velocidade da
instalação da hipertensão, da duração e
gravidade, assim como a idade do paciente. A
retinopatia hipertensiva é classificada em duas
etapas: benigna (corresponde ao estágio I e II) e
maligna (estágio III e VI). Na retinopatia hipertensiva benigna (retinopatia
hipertônica) a papila apresenta-se de coloração, forma e dimensões normais. As
artérias engurgitadas, com calibre aumentado e apresentando reflexos dourados da
coluna de sangue que se apresenta alargada (artéria com fio de cobre); trajeto
arterial tortuoso; arteríolas e capilares de aspecto normal. As veias maiores
apresentam-se túrgidas e congestionadas; descrevem um arco nos pontos de
cruzamentos com as artérias (arcos de Salus), as veias parecem estar interrompidas
ou diminuídas de calibre nos pontos onde as artérias estão sobrepostas (cruzamento
de Gunn). O fundo de olho apresenta-se de cor vermelha intenso, rica em reflexos;
presença de pequenas hemorragias. Na retinopatia hipertensiva maligna as
alterações vasculares e parenquimatosas da retina são frequentemente muito
pronunciadas e são encontradas em portadores de nefropatias graves (patologia nos
rins).
As alterações na fase inicial são:
 A papila apresenta-se hiperêmica devido a estase venosa. Papila
edemaciada, pouco saliente, de contornos imprecisos e diâmetro
aparentemente aumentado;
 Os vasos sobem por cima da área edemaciada. As artérias apresentam
constrição acentuada, calibre desigual, presença de bainhas vasculares
(artéria em “fio de prata”). Veias tortuosas, túrgidas e congestas; a
espessura de três artérias corresponde a de uma veia.

Curso Técnico em Óptica 42


 Presença de hemorragias lineares, também encontradas na periferia,
presença de manchas com aspecto de “flocos de algodão”.

Na fase avançada:
 Presença de nítido edema de papila e região circunda; papila de
contornos imprecisos.
 Artérias de calibre muito pequeno e trajeto retilíneo, parcialmente
obstruído e transformado em cordões de cor branco; arteríolas contraídas
praticamente invisíveis.
 Veias congestionadas; presença de numerosos cruzamentos de gunn e
de Salus.
 Todo fundo de olho é de cor muito clara; turvação da retina de origem
isquêmica, edema da retina (descolamento seroso), presença de
hemorragias intraretiniana e pré-retiniana puntiforme, lineares e em lençol;
presença de degeneração de consistência dura e depósito lipóide,
normalmente encontradas em grupos na região macular em forma de
estrela.
Causa: Hipertensão arterial.
Consequência: Edema de papila óptica, infarto da papila, descolamento de
retina seroso.
Tratamento: Encaminhar ao especialista para controle da pressão arterial.

1.14.2 Retinopatia diabética

Características: A retinopatia diabética é a


causa mais comum de cegueira na população
economicamente ativa, com o melhor
conhecimento dessa patologia consegue-se
reduzir esses índices graças ao controle de
glicemia, triagem ocular e fotocoagulação. Após
15 anos, 60% dos pacientes que sofrem de
diabetes começam a ter comprometimento da retina. A diabetes afeta principalmente
a microvascularização da retina, e à parte uma dilatação venosa mínima nas fases

Curso Técnico em Óptica 43


iniciais, não é visualizada grande alteração em vasos calibrosos. A grande oscilação
nos níveis de glicemia indicam que o controle metabólico não esta satisfatório.
Para que haja um melhor controle, o exame rotineiro de fundo de olho se faz
necessário.

1.14.3 Deslocamento de retina

Característica: Consiste inicialmente no


aparecimento de pontos móveis, imagens
fulgurantes e raios (fotopsias), por causa da tração
realizada sobre a retina, a visão torna-se ruim
subitamente, sob a forma de um véu, de sombra ou
cortina que impede a visualização da metade
oposta do campo visual, de acordo com o local do
descolamento, não há a referencia de dor, os
sintomas acima agravam-se durante o dia com o paciente em posição ereta. Ao
exame oftalmoscópico, a papila encontra-se de cor normal e contornos nítidos, os
vasos tortuosos, de cor muito escura, passando por cima do desnível.
A retina apresenta-se ora de aspecto ondulado (lembrando dunas de areia),
ora parece transparente (deslocamento translúcido) ou em forma de bolha, flutuando
ou mostrando-se pregada e rígida, nesse caso o deslocamento já existe há algum
tempo. A coloração da retina descolada é um verde-acinzentado, já que não apareça
mais o vermelho da coróide, já nas rupturas a coloração apresenta-se vermelha
clara com bordos branco-acinzentados. Causa: As rupturas da retina levam ao
descolamento de retina primário (seroso), há a penetração do humor vítreo através
do orifício criado pela ruptura, acumulando-se atrás da retina e destacando-a do
folheto pigmentado, essas rupturas são devidas às alterações do corpo vítreo ou ao
aumento da fragilidade do tecido retiniano nos casos de degeneração cística, na
idade avançada, na miopia ou em consequência de algum tratamento.
O descolamento de retina secundário deve-se à perda do humor vítreo, à
retração cicatricial consecutiva aos ferimentos, às hemorragias e os processos
inflamatórios, assim como às hemorragias subretinianas, à exsudação e à presença
de parasitas ou de tumores na retina ou na coróide.

Curso Técnico em Óptica 44


Consequência: Depende das áreas afetadas e das condições do humor
vítreo.
Tratamento: Encaminhamento ao especialista.

1.14.4 Toxoplasmose

O toxoplasma Gondii que é o germe causador da toxoplasmose pode ser


contraído de 2 formas:
 Através da ingestão de alimentos contaminados, como verduras, legumes,
água, carne de porco mal cozida etc...
 Através da passagem do parasita pela placenta. Ou seja, uma gestante
contaminada pela toxoplasmose pode transmitir a doença para o ser filho
durante a gravidez.
 Acredita-se que a maioria das lesões oculares causadas pela
toxoplasmose seja decorrente de casos de transmissão intraútero.

A toxoplasmose ocular pode causar lesões na parte anterior do olho,


chamada uveite anterior. Essa forma é leve e geralmente não deixa grandes
sequelas se tratada corretamente.
A forma mais grave da toxoplasmose ocular são as lesões da retina e da
coróide. Essa forma é chamada de coriorretinite ou uveite posterior.

Curso Técnico em Óptica 45


REFERÊNCIAS

Atlas Colorido de Oftalmologia – Lem e Constable Livraria e Editora Santos.

Belfort Jr., Dr. Rubens – Uveitis – Sinopsis diagnostica y terapeutica, primeira


edição, Ciba Vision.

DANTAS, ADALMIR MORTERÁ. Anatomia Funcional do Olho e Seus Anexos. Rio


de Janeiro, Colina Livraria Editora LTDA, 1983.

Manual de Oftalmologia - Diagnóstico e Tratamento 2º Edição. Editora Médica


Cientifica Ltda.

Miller, Stephen J. H. – ENFERMIDADE DOS OLHOS, 16a. edição, 1981, Editora


Artes Médicas.

Nover, Prof. Dr. Arno – O fundo de olho – Técnicas de exploração e achados


característicos, quarta edição, ed. Malone LTDA.

Spalton, David J. - Atlas colorido de clínica oftalmológica, segunda edição, ed.


Malone.

Terapêutica Ocular - COUTINHO,D. Rio de Janeiro:RioMed,1994.

Curso Técnico em Óptica 46

Você também pode gostar