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LEI DE DROGAS
JURISPRUDÊNCIA EM QUESTÕES COMENTADAS
2017 a 2019
Material GRATUITO
A lei penal especial mais cobrada em concursos públicos
Edição 2019.2
DJUS - Prof. Douglas Silva
VADE MECUM de JURISPRUDÊNCIA PENAL em QUESTÕES COMENTADAS – Por ASSUNTO - STF e STJ – 2017 a 2019
Sumário
DIREITO PENAL – LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
2. RESUMO...............................................................................................................................................................17
DIREITO PENAL
VADE MECUM DE JURISPRUDÊNCIA PENAL – POR ASSUNTO
STF e STJ – 2017 a 2019
1. (DJUS) Para o STF e STJ, não se aplica a majorante do art. 40, III, da Lei de Drogas
quando constatada a comercialização de drogas nas imediações de
estabelecimentos prisionais, se o agente infrator não visa atingir os frequentadores
daquele local.
INFO COMENTÁRIO
858/STF
Gabarito. ERRADO. Conforme jurisprudência do STF e STJ, aplica-se a majorante do art.
40, III, da Lei de Drogas quando constatada a comercialização de drogas nas imediações
de estabelecimentos prisionais, sendo IRRELEVANTE se o agente infrator visa ou não os
frequentadores daquele local. Em outras palavras, basta que a comercialização da droga
seja feita nas imediações dos estabelecimentos descritos no referido dispositivo legal, não
importando se a droga se destina ou não às pessoas que frequentam o local, como
detentos ou familiares dos presos. O julgado refere-se a estabelecimentos prisionais, mas
nada impede que se faça o mesmo raciocínio em relação aos outros locais: “Art. 40. As
penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se:
(...) III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de
estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis,
sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo,
de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de
tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou
policiais ou em transportes públicos”.
STF. 2ª Turma. HC 138944/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/3/2017 (Info 858).
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1617550/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES, j. 20/09/2016.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1558551-MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/09/2017
2. (DJUS) Aplica-se a majorante do art. 40, III, da Lei de Drogas ainda que o tráfico
ocorra em dia e hora em que não há movimento de pessoas no local (ex.: escola
fechada), de acordo com STJ. C/E?
Drogário, em frente a uma escola que estava fechada por ser fim de semana, vendeu
certa quantidade de droga a um usuário que por ali passava. Nessa situação, para o STJ,
ainda assim, aplica-se a majorante do art. 40, III, da Lei de Drogas, sendo irrelevante se o
local de ensino está ou não aberto no momento da comercialização. C/E?
COMENTÁRIO
Gabarito. ERRADO. De acordo com o STJ, NÃO incide a causa de aumento de pena
prevista no art. 40, inciso III, da Lei nº 11.343/2006, se a prática de narcotraficância
INFO ocorrer em dia e horário em que não facilite a prática criminosa e a disseminação de
622/STJ drogas em área de maior aglomeração de pessoas (ex.: escolas fechadas). Em outras
palavras, fazendo uma interpretação teleológica (finalística) da norma, infere-se que a
razão de ser da lei é punir de forma mais severa quem, por traficar nas dependências ou
na proximidade de estabelecimento de ensino, tem maior proveito e facilidade na difusão
e no comércio de drogas em região de grande circulação de pessoas, expondo os
frequentadores do local a um risco inerente à atividade criminosa da narcotraficância.
Assim, se a escola, por exemplo, está fechada, por ser domingo de madrugada, não há
como incidir a referida causa de aumento. Por fim, insta salientar que o mesmo raciocínio
se aplica aos demais locais indicados no art. 40, inciso III, da Lei nº 11.343/2006, vejamos:
“Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois
terços, se: (...) III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de
estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis,
sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo,
de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de
tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou
policiais ou em transportes públicos”.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.719.792-MG, Rel. Min. Maria Thereza, julgado em 13/03/2018 (INFO/STJ 622).
3. (DJUS) Para incidir a majorante do art. 40, inciso III, da Lei n. 11.343/2006 é
INFO necessário haver efetiva comprovação de mercancia na respectiva entidade de
622/STJ ensino, ou mesmo de que o comércio visa a atingir os estudantes, conforme STJ.
C/E?
Telibaldo ficou desempregado e passou a vender maconha em sua residência que ficava
em frente a uma escola. A droga nunca foi vendida a nenhum estudante ou qualquer
frequentador do estabelecimento de ensino, nem visava atingir essas pessoas. Nessa
situação, para o STJ, ainda assim, deve incidir a causa de aumento de pena prevista no
art. 40, inciso III, da Lei n. 11.343/2006, pois o tráfico era praticado próximo a uma
escola. C/E?
COMENTÁRIO
Gabarito. ERRADO. Para o STJ, a causa de aumento de pena prevista no art. 40, inciso III,
da Lei n. 11.343/2006 tem natureza objetiva, sendo DESNECESSÁRIA a efetiva
comprovação de mercancia na respectiva entidade de ensino, ou mesmo de que o
comércio visa a atingir os estudantes, sendo suficiente que a prática ilícita tenha ocorrido
em locais próximos. Em outras palavras, ainda que não tenha havido a efetiva
comercialização da droga nas proximidades de uma escola ou mesmo que o comercio de
drogas realizado próximo não vise os estudantes, ainda assim, incide a causa de aumento
de pena. Isso, porque, o STJ faz uma interpretação teleológica (finalística) da norma,
concluindo que a finalidade da lei é punir de forma mais severa quem, por traficar nas
dependências ou na proximidade de estabelecimento de ensino, por exemplo, tem maior
proveito e facilidade na difusão e no comércio de drogas em região de grande circulação
de pessoas, expondo os frequentadores do local a um risco inerente à atividade criminosa
da narcotraficância. Por essa razão é que também entende o STJ que se o local de ensino
não estiver funcionando (ex.: fim de semana) a referida causa de aumento não se aplica
(REsp 1.719.792-MG - INFO/STJ 622). Por fim, embora o julgado se refira a
estabelecimentos de ensino, nada impede que se faça o mesmo raciocínio em relação aos
outros locais: “Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de
um sexto a dois terços, se: (...) III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou
imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de
entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais
de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer
natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de
unidades militares ou policiais ou em transportes públicos”.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1558551-MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/09/2017.
STJ. 6ª Turma. HC 359088-SP. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 04/10/2016.
4. (DJUS) Para o STF e STJ, é possível incidir a majorante do art. 40, I, da Lei
11.343/2006 (tráfico internacional de drogas) ainda que não ocorra a transposição
da fronteira do país. C/E?
INFO
Vejamos a seguinte situação hipotética:
622/STJ
Rosinha e seu marido passaram a fazer parte da associação liderada por Ramão,
traficante brasileiro que adquiria drogas no Paraguai. O casal recebeu como primeira
missão viajar de Ponta Porã/MS, cidade em que moravam, até a cidade de Pedro Juan
no Paraguai para pegar droga. Já de posse da droga, antes de cruzarem a fronteia entre
os países o casal foi preso, confessaram os fatos e o chefe da associação também foi
preso posteriormente. Nessa situação, para o STF e STJ, se condenados os três réus,
deve incidir a causa de aumento de pena do art. 40, I, da Lei 11.343/2006 (tráfico
internacional de drogas). C/E?
COMENTÁRIO
Gabarito. CERTO. De acordo com o STF e STJ, é possível incidir a majorante do art. 40, I,
da Lei 11.343/2006 (tráfico internacional de drogas) ainda que não ocorra transposição
da fronteira do país, bastando que se comprove que a droga se destinava ao exterior,
inclusive havendo súmula do STJ nesse sentido: “Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico
transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei nº 11.343/2006) configura-se com a prova da
destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição de
fronteiras”. STF no mesmo sentido: “A incidência da majorante, que tem como objetivo
apenar com maior severidade a atuação do traficante direcionada para além das
fronteiras do País, não exige o transporte efetivo para o exterior, basta que se identifique
a intenção”. Em outras palavras, havendo prova nos autos de que a droga apreendida
tinha com destino outro país, ou seja, caracterizado o tráfico internacional de drogas, é
prescindível (não precisa) que haja a efetiva transposição da fronteira dos países para
incidir a referida causa de aumento de pena. Da leitura do dispositivo, inclusive, verifica-se
que o tipo não exige transposição de fronteiras, mas apenas evidências de
transnacionalidade, a saber: “art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são
aumentadas de um sexto a dois terços, se: I - a natureza, a procedência da substância ou
do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do
delito”.
STJ. 3ª Seção. Súmula 607 aprovada em 11/04/2018, DJe 17/04/2018.
STF. 2ª Turma. HC 127221, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 25/08/2015.
Talismânio foi com seu automóvel de Uberaba⁄MG para pegar drogas em São José do
INFO
Rio Preto⁄SP, a mando de indivíduo identificado como "João" e transportar de volta
610/STJ
para Minas Gerais. Depois que estava de posse da droga, antes de cruzar a fronteira dos
estados foi preso em flagrante pela polícia mineira. Nessa situação, para o STF e STJ,
INFO
ainda assim, é possível incidir a majorante do art. 40, V (tráfico interestadual de drogas).
808/STF
C/E?
COMENTÁRIO
Mariano, depois de ter percorrido pelo estado do Mato Grosso, foi preso em flagrante,
próximo à cidade de Goiânia - GO, transportando 57,967 kg de cocaína, acondicionados
no tanque de combustível do veículo automotor que conduzia, adquiridos na Bolívia
rumo ao Distrito Federal. Nessa situação, para o STJ, como a droga tem origem
internacional e circulou por mais de um estado da federação, ainda que não
comprovada a intensão de pulverizar a droga em vários estados, é possível aplicar
INFO simultaneamente as majorantes relativas à transnacionalidade e à interestadualidade
586/STJ do delito (art. 40, I e V, da Lei n. 11.343/2006). C/E?
COMENTÁRIO
ordem geográfica teve que passar por outros estados, mas o destino era apenas um deles
não incidem as duas majorantes, mas apenas a do tráfico internacional de drogas.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.273.754-MS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, DJe 17/11/2014.
STJ. 6ª Turma. HC 214.942-MT, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 16/6/2016, DJe 28/6/2016.
7. (DJUS) De acordo com o STJ, o réu que pratica algum dos crimes dos arts. 33 a 37 da
Lei de Drogas com um menor não responde pelo crime do art. 244-B do ECA
(corrupção de menores), tendo apenas a majoração da pena pelo art. 40, VI, da Lei
nº 11.343/2006. C/E?
COMENTÁRIO
Gabarito. CERTO. Para o STJ, na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo menor
de 18 anos não está previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá ser
INFO condenado pelo crime de corrupção de menores. Porém, se a conduta estiver tipificada
595/STJ em um desses artigos (33 a 37), não será possível a condenação por aquele delito, mas
apenas a majoração da pena com base no art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006. Em outras
palavras, se o agente comete o crime de tráfico de drogas (art. 33) juntamente com um
menor de 18 anos, ele não será condenado por dois crimes em concurso formal - tráfico
de drogas e corrupção de menores (art. 244-B do ECA) -, mas sim pelo tráfico com a pena
majorada de 1/6 a 2/3 (art. 40, VI, da Lei de Drogas). Isso, porque, nesse caso, quando o
agente pratica os delitos previstos nos arts. 33 a 37 envolvendo ou visando atingir criança,
adolescente ou quem tenha capacidade de entendimento e determinação diminuída deve
incidir o princípio da especialidade atraindo a incidência da majorante e afastando a
aplicação do art. 244-B do ECA. Por fim, também não se pode aplicar cumulativamente a
referida majorante e o art. 244-B, sob pena de incidir em bis in idem. Fora os tipos penais
acima elencados, salvo se houver outra regra expressa, o agente que comete uma
infração penal com um menor de 18 anos (ex.: roubo) responde pelo crime principal em
concurso formal com o crime do art. 244-B, ainda que o adolescente já esteja envolvido
no mundo do crime (súmula 500 do STJ e art. 244-B do ECA), a saber: “Art. 244-B.
Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando
infração penal ou induzindo-o a praticá-la: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos”;
Súmula 500 do STJ - “A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova
da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal.”
STJ. 6ª Turma. REsp 1.622.781-MT, Rel. Min. Sebastião Reis, julgado em 22/11/2016 (INFO/STJ 595).
8. (DJUS) O condenado por tráfico de drogas seja ele privilegiado ou não, que não seja
reincidente, deve iniciar o cumprimento da pena, em regra, no regime previsto no
art. 33, § 2º, do CP (aberto: pena de até 04 anos; semiaberto: pena maior que 04 até
08 anos; fechado: pena superior a 08 anos), admitindo o regime mais gravoso se
houver motivação idônea, de acordo com o STF. C/E?
Arlindo, primário, foi condenado a uma pena de 04 anos de reclusão pelo cometimento
do crime de tráfico de drogas. O juiz fixou o regime inicial aberto para o cumprimento
da pena, mesmo diante da gravidade do delito, que é equipado a crime hediondo. Nessa
situação, para o STF, ainda assim agiu corretamente o juiz, pois o cometimento de
tráfico por si só não justifica um regime prisional mais grave que o imposto ao
condenado. C/E?
INFO
945/STF COMENTÁRIO
INFO Gabarito: CESTO. De acordo com o STF, o condenado por tráfico de drogas, seja o crime
859/STF privilegiado ou não, que não seja reincidente, deve iniciar o cumprimento da pena, em
regra, no regime previsto no art. 33, § 2º, do CP (aberto: pena de até 04 anos;
INFO semiaberto: pena maior que 04 até 08 anos; fechado: pena superior a 08 anos),
672/STF admitindo o regime mais gravoso se houver motivação idônea. Em outras palavras, o
condenado por tráfico de drogas não reincidente, ainda que não privilegiado o delito, cuja
SÚMULA pena seja de até 04 anos deve cumprir a pena corporal em regime aberto (art. 33, § 2°, c,
718/STF do CP), são se as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP não forem favoráveis ao réu e o
juiz apresentar motivação idônea. Isso, porque, embora o § 1º do art. 2º da Lei nº
SÚMULA 8.072/90 afirme que o regime inicial no caso de crimes hediondos e equiparados (como o
719/STF tráfico de drogas) deverá ser o fechado, esse dispositivo legal foi declarado
inconstitucional pelo STF no julgamento do HC 111.840/ES, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado
em 27/6/2012 (INFO/STF 672). Desse modo, o regime inicial nas condenações por crimes
hediondos ou equiparados (ex.: tráfico de drogas) não tem que ser obrigatoriamente o
fechado, podendo ser também o regime semiaberto ou aberto, desde que presentes os
requisitos do art. 33, § 2º, alíneas “b” e “c”, do Código Penal. Isto é, a imposição de regime
de cumprimento de pena mais gravoso deve ser fundamentada, atendendo à
culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos
motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da
vítima (art. 33, § 3°, do CP). Para o STF a decisão do juiz violou as súmulas 718 e 719 do
STF: “Súmula 719/STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a
pena aplicada permitir exige motivação idônea”; “Súmula 718/STF: A opinião do
julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a
imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada”. Por fim,
importante lembrar que o tráfico privilegiado não é equiparado a crime hediondo (STJ. 3ª
Seção. Pet 11.796-DF - INFO/STJ 595 e STF. Plenário. HC 118533/MS - INFO/STF 831),
assim, como mais razão ainda deve se aplicar o regime previsto em lei (aberto, semiaberto
e fechado) de acordo com a quantidade de pena aplicada, salvo havendo motivação
idônea que justifique regime mais grave.
STF. 2ª Turma. HC 140441/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. em 28/3/2017 (INFO/STF 859).
STF. Tribunal Pleno. HC 111.840/ES, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/6/2012 (INFO/STF 672).
STF. 1ª Turma. HC 163231/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em
25.6.2019 (INFO/STF 945)
COMENTÁRIO
COMENTÁRIO
INFO Gabarito. ERRADO. Para o STF e STJ, é possível o reconhecimento do tráfico privilegiado
602/STJ (§ 4º do art. 33 da Lei de Drogas) ao agente transportador de drogas, na qualidade de
"mula", uma vez que a simples atuação nessa condição NÃO induz, automaticamente, à
conclusão de que ele seja integrante de organização criminosa. A quinta turma dos STJ
acompanhou o entendimento uníssono do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que a
simples atuação como "mula" não induz automaticamente a conclusão de que o agente
integre organização criminosa, sendo imprescindível, para tanto, prova inequívoca do seu
envolvimento, estável e permanente, com o grupo criminoso. Portanto, a exclusão da
causa de diminuição prevista no § 4° do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, somente se justifica
quando indicados expressamente os fatos concretos que comprovem que a “mula”
integre a organização criminosa. De acordo com o STF e STJ para se reconhecer o tráfico
privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006) é preciso que o réu preencha aos
seguintes requisitos cumulativos: (i) agente primário; (ii) bons antecedentes; (iii) não se
dedique às atividades criminosas e; (iv) não integre organização criminosa. Ou seja, esses
requisitos são cumulativos e não alternativos. Por fim, importante lembrar que o tráfico
privilegiado não é equiparado a crime hediondo (STJ. 3ª Seção. Pet 11.796-DF - INFO/STJ
595 e STF. Plenário. HC 118533/MS - INFO/STF 831).
STF. 1ª Turma. HC 124107/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 04/11/2014.
STF. 2ª Turma. HC 132.459, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 13/2/2017.
STJ. 5ª Turma. HC 387.077/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 6/4/2017 (INFO/STJ 602).
INFO 11. (DJUS) O juiz pode utilizar Inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para
596/STJ afastar a minorante do art. 33, § 4º, da Lei de Drogas, de acordo com o STF e STJ.
C/E?
Jamilton foi denunciado pela prática de tráfico de drogas porque surpreendido com "40
supositórios contendo cocaína na forma pó branco, 19 papelotes contendo maconha na
forma de erva e 04 supositórios contendo cocaína consubstanciada em pedras de crack".
Verificou-se que o acusado respondia a mais uma ação penal e um inquérito, mas não
possui nenhuma condenação transitada em julgado. Nessa situação, para o STF e STJ, o
juiz pode utilizar o inquérito policial e/ou ação penal em curso para afastar a aplicação
da causa de diminuição de pena do § 4º do art. 33 da Lei de Drogas (tráfico privilegiado),
não havendo violação ao princípio da presunção de inocência. C/E?
COMENTÁRIO
Gabarito. CERTO. Para o STF e STJ, é possível a utilização de inquéritos policiais e/ou
ações penais em curso para formação da convicção de que o réu se dedica a atividades
criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º
11.343/2006 (tráfico privilegiado). Em outras palavras, inquéritos e ações penais em
curso não podem ser valorados como maus antecedentes para agravar a pena base do
réu. Contudo, são capazes de impedir a aplicação da minorante do tráfico privilegiado,
pois o privilégio somente deve ocorrer em casos singulares, quando preenchidos os
requisitos, os quais merecem interpretação restritiva, de modo a prestigiar quem
efetivamente mereça redução de pena. Isso, porque os princípios constitucionais devem
ser interpretados de forma harmônica, não merecendo ser interpretado de forma
absoluta o princípio da inocência, de modo a impedir que a existência de inquéritos ou
ações penais impeçam a interpretação em cada caso para mensurar a dedicação do Réu
em atividade criminosa. Para o STF e STJ para se reconhecer o tráfico privilegiado (art. 33,
§ 4º, da Lei n.º 11.343/2006) é preciso que o réu preencha aos seguintes requisitos
cumulativos: (i) agente primário; (ii) bons antecedentes; (iii) não se dedique às atividades
criminosas e; (iv) não integre organização criminosa. Ou seja, esses requisitos são
cumulativos e não alternativos. Por fim, importante lembrar que o tráfico privilegiado não
é equiparado a crime hediondo (STJ. 3ª Seção. Pet 11.796-DF - INFO/STJ 595 e STF.
Plenário. HC 118533/MS - INFO/STF 831).
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 14/12/2016 (INFO/STJ 596).
STF. 1ª Turma. HC 108135/MT, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 05/06/2012; HC 109168/MS, 1ª Turma, Rel. Min.
CÁRMEN LÚCIA, DJe de 14/02/2012.
12. (DJUS) De acordo com o STF e STJ, para a aplicação da minorante do art. 33, § 4º, da
Lei de Drogas é necessário o preenchimento, alternativo, dos seguintes requisitos:
primariedade; bons antecedentes; não se dedicar a atividades criminosas ou não
integrar organização criminosa. C/E?
INFO
596/STJ COMENTÁRIO
seja primário, tenha bons antecedentes, não se dedique a atividades criminosas e nem
integre organização criminosa. Reza o referido artigo: “Art. 33 (...) § 4º Nos delitos
definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a
dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja
primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre
organização criminosa”. Por fim, importante lembrar que o tráfico privilegiado não é
equiparado a crime hediondo (STJ. 3ª Seção. Pet 11.796-DF - INFO/STJ 595 e STF. Plenário.
HC 118533/MS - INFO/STF 831).
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.431.091/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 14/12/2016 (INFO/STJ 596).
STJ. 5ª Turma. HC 413.558/RS, Rel. Min. REYNALDO SOARES, julgado em 07/11/2017.
STF. 1ª Turma. HC 123430, Rel. Min. LUIZ FUX, julgado em 14/10/2014.
13. (DJUS) Para o STF e STJ, o tráfico ilícito de drogas privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei nº
11.343/2006) não é crime equiparado a hediondo. C/E?
COMENTÁRIO
QUESTÕES DIVERSAS
INFO 14. (DJUS) A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico ilícito
586/STJ de entorpecentes não exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, bastando
à mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio, havendo súmula do STJ
SÚMULA nesse sentido. C/E?
630/STJ
Vejamos o caso concreto julgado (com adaptações):
SÚMULA
545/STJ Drogônio foi preso pela polícia militar em cumprimento a mandando de busca e
apreensão, com grande quantidade de drogas no local, sendo 106,84g de maconha,
COMENTÁRIO
Súmula 630 do STJ. Aprovada pela 3ª Seção, julgado em 24/04/2019 (INFO/STJ 630).
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1308356/MG, Rel. Ministro JORGE MUSSI, julgado em 07/08/2018.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 438.846/MS, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, julgado em 05/06/2018.
STJ. 3ª Seção. EREsp 1416247/GO, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, julgado em 22/06/2016 (INFO/STJ 586)
STF. 1ª Turma. HC 119671, Rel. Min. LUIZ FUX, julgado em 05/11/2013.
COMENTÁRIO
Gabarito. ERRADO. Importar semente de maconha é crime? STF e 6ª Turma do STJ: NÃO;
5ª Turma do STJ: SIM. Ou seja, a posição do STF e STJ é divergente sobre o tema, por isso
a assertiva esta incorreta. Como dito, para o STF, a importação de sementes de maconha
não configura o crime tipificado no art. 33, § 1º da Lei de Drogas, o qual dispõe que: “Art.
33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: § 1o Nas mesmas
penas incorre quem: I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à
venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, MATÉRIA-PRIMA, INSUMO OU PRODUTO QUÍMICO DESTINADO À
PREPARAÇÃO DE DROGAS;”. Isso, porque, para a Excelsa Corte, a matéria-prima ou
insumo deve ter condições e qualidades químicas que permitam, mediante transformação
ou adição, por exemplo, a produção da droga ilícita. Não é esse o caso das sementes da
planta cannabis sativa, as quais não possuem a substância psicoativa THC
(Tetrahidrocanabinol). Já para o STJ há entendimento, inclusive, oposto sobre o tema
entre suas turmas: para a 5ª Turma a importação de sementes de maconha é crime (art.
33, § 1º da Lei de Drogas); diferentemente, para a 6ª Turma não configura o referido
crime.
STF. 2ª Turma. HC 144161/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/9/2018 (INFO/STF 915).
STJ. 5ª Turma. REsp 1723739/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 23/10/2018.
STJ. 6ª Turma. HC 473.250/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, julgado em 12/03/2019.
16. (DJUS) A condenação anterior pelo crime de posse de drogas para consumo pessoal
gera reincidência, de acordo com o STJ. C/E?
COMENTÁRIO
Gabarito. ERRADO. Para o STJ, a condenação anterior pelo crime de posse de drogas
para consumo pessoal (art. 28 da Lei de Drogas) NÃO gera reincidência. Isso, porque o
COMENTÁRIO
INFO Gabarito. ERRADO. A desclassificação do art. 33 (tráfico de drogas) para o art. 28 (posse
619/STJ de droga para consumo pessoal) da Lei de Drogas, seguida pela extinção da punibilidade
em razão do tempo de prisão provisória cumprido NÃO gera reincidência, nos termos da
INFO jurisprudência do STJ. Em outras palavras, não se pode reconhecer a reincidência com
632/STJ base em único processo anterior em desfavor do réu, no qual - após desclassificar o delito
de tráfico para porte de substância entorpecente para consumo próprio - o juízo extinguiu
INFO a punibilidade por considerar que o tempo da prisão provisória seria mais que suficiente
636/STJ para compensar eventual condenação. Posteriormente, o STJ foi além e decidiu, inclusive,
que a própria condenação anterior pelo crime de posse de drogas para consumo pessoal
(art. 28 da Lei de Drogas) NÃO gera reincidência (Informativos/STJ 632 e 636), pois viola
o princípio da proporcionalidade. Ou seja, é desproporcional o reconhecimento da
reincidência no delito de tráfico de drogas que tenha por fundamento a existência de
condenação com trânsito em julgado por crime anterior de posse de droga para uso
próprio.
STJ. 6ª Turma. HC 390038/SP, Rel. Min. Rogerio Schietti, julgado em 06/02/2018 (INFO/STJ 619).
STJ. 6ª Turma. REsp 1672654/SP, Rel. Min. Maria Thereza, julgado em 21/08/2018 (INFO/STJ 632).
STJ. 5ª Turma. HC 453.437/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares, julgado em 04/10/2018 (INFO/STJ 636).
INFO
TRÁFICO DE DROGAS E POSSIBILIDADE OU NÃO DO CONFISCO DE BENS DE USO
865/STF
EVENTUAL
18. (DJUS) Para o STF, é possível o confisco de todo e qualquer bem de valor econômico
apreendido em decorrência do tráfico de drogas, desde que exista habitualidade ou
reiteração do uso do bem para tal finalidade. C/E?
Droguento, imputável, utilizou seu veículo uma única vez para a prática do crime de
tráfico de drogas. Nessa situação, para o STF, não é possível aplicar a pena de perda do
bem pelo confisco (CF, art. 243, parágrafo único), pois é reservada aos casos de
utilização do objeto de forma efetiva, e não eventual, para a prática do citado delito.
C/E?
COMENTÁRIO
Gabarito. ERRADO. O STF decidiu, com repercussão geral, que é possível o confisco de
todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico de
drogas, sem a necessidade de se perquirir (verificar) a habitualidade, reiteração do uso
do bem para tal finalidade, a sua modificação para dificultar a descoberta do local do
acondicionamento da droga ou qualquer outro requisito além daqueles previstos
expressamente no art. 243, parágrafo único, da Constituição Federal: “Art. 243. (...)
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será
confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei”. Em
outras palavras, ainda que o veículo de propriedade de acusado seja utilizado de forma
eventual (uma única vez) para a prática do crime de tráfico de entorpecentes, deve ser
aplicada a pena de perda do bem pelo confisco, uma vez que a Constituição não impôs
nenhuma limitação. Deve o julgador conformar-se com a literalidade do texto
constitucional, vedada a adstrição de seu alcance por outros requisitos que não os
estabelecidos pelo art. 243, parágrafo único, da CF. Segundo o ministro relator, Luiz Fux, o
confisco previsto no art. 243, parágrafo único, da CF deve ser interpretado à luz dos
princípios da unidade e da supremacia da Constituição, ou seja, não se pode ler o direito
de propriedade em separado, sem considerar a restrição feita a esse direito.
STF. Plenário. RE 638491/PR, Rel. Min. Luiz Fux, j. 17/5/2017 (repercussão geral) – INFO/STF 865.
19. (DJUS) Nos processos que apurem crimes regidos por leis especiais (como os da Lei
INFO de Drogas, militares e eleitorais), o interrogatório deve ser o último ato da instrução,
609/STJ sendo, contudo, válido aquele realizado até o dia 11/03/2016, ainda que realizado
como primeiro ato instrutório, conforme STF e STJ. C/E?
INFO
816/STF COMENTÁRIO
Gabarito. CERTO. De acordo com o STF e STJ, os procedimentos regidos por leis especiais
devem observar, a partir da publicação da ata de julgamento do HC 127.900/AM do STF
(11.03.2016), a regra disposta no art. 400 do CPP, cujo conteúdo determina ser o
interrogatório o último ato da instrução criminal. Isso, porque o interrogatório realizado
por último é mais benéfico ao réu. Nesse caso, optou-se por afastar a aplicação do
princípio da especialidade, fazendo-se uma interpretação teleológica (finalística) em
sintonia com o sistema acusatório. Por fim, importante ressaltar que, em atenção ao
princípio da segurança jurídica, foi realizada a modulação dos efeitos da decisão da Corte
Suprema, pelo que a nova interpretação dada somente tem aplicabilidade a partir da
publicação da ata daquele julgamento, ocorrida em 11.03.2016 (DJe n. 46, divulgado em
10/3/2016). A partir desse marco, portanto, incorreriam em nulidade, desde que provado
o prejuízo (pas de nullité sans grief) os processos em que o interrogatório fosse o primeiro
ato da instrução. Em suma, todos os interrogatórios realizados até o dia 11/03/2016 são
válidos, ainda que realizados como primeiro ato da instrução.
STJ. 6ª Turma. HC 397.382-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 3/8/2017 (INFO/STJ 609).
STF. Plenário. HC 127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2016 (INFO/STF 816).
RESUMO
2. RESUMO
DIREITO PENAL - LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL
LEI DE DROGAS
1) Conforme jurisprudência do STF e STJ, aplica-se a majorante do art. 40, III, da Lei de Drogas
quando constatada a comercialização de drogas nas imediações de estabelecimentos
prisionais, sendo IRRELEVANTE se o agente infrator visa ou não os frequentadores daquele
local.
2) De acordo com o STJ, NÃO incide a causa de aumento de pena prevista no art. 40, inciso III,
da Lei nº 11.343/2006, se a prática de narcotraficância ocorrer em dia e horário em que não
facilite a prática criminosa e a disseminação de drogas em área de maior aglomeração de
pessoas (ex.: escolas fechadas).
3) Para o STJ, a causa de aumento de pena prevista no art. 40, inciso III, da Lei n. 11.343/2006
tem natureza objetiva, sendo DESNECESSÁRIA a efetiva comprovação de mercancia na
respectiva entidade de ensino, ou mesmo de que o comércio visa a atingir os estudantes,
sendo suficiente que a prática ilícita tenha ocorrido em locais próximos.
4) De acordo com o STF e STJ, é possível incidir a majorante do art. 40, I, da Lei 11.343/2006
(tráfico internacional de drogas) ainda que não ocorra transposição da fronteira do país,
bastando que se comprove que a droga se destinava ao exterior, inclusive havendo súmula
do STJ nesse sentido: “Súmula 607-STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art.
40, I, da Lei nº 11.343/2006) configura-se com a prova da destinação internacional das
drogas, ainda que não consumada a transposição de fronteiras”.
5) Conforme jurisprudência do STF e STJ é possível incidir a majorante do art. 40, V, da Lei
11.343/2006 (tráfico interestadual de drogas) ainda que não ocorra a transposição entre as
fronteiras do estado da federação, sendo suficiente a comprovação de que a droga se
destinava a outro estado, inclusive havendo súmula do STJ nesse sentido: “Súmula 587-STJ:
6) Para o STJ, é perfeitamente possível a aplicação simultânea das causas especiais de aumento
de pena relativas à transnacionalidade e à interestadualidade do delito no tráfico de drogas
(art. 40, I e V, da Lei n. 11.343/2006), desde que comprovada a intenção do importador da
droga de difundi-la em mais de um estado do território nacional.
7) Para o STJ, na hipótese de o delito praticado pelo agente e pelo menor de 18 anos não está
previsto nos arts. 33 a 37 da Lei de Drogas, o réu poderá ser condenado pelo crime de
corrupção de menores. Porém, se a conduta estiver tipificada em um desses artigos (33 a
37), não será possível a condenação por aquele delito, mas apenas a majoração da pena com
base no art. 40, VI, da Lei nº 11.343/2006.
8) De acordo com o STF, o condenado por tráfico de drogas, seja o crime privilegiado ou não,
que não seja reincidente, deve iniciar o cumprimento da pena, em regra, no regime previsto
no art. 33, § 2º, do CP (aberto: pena de até 04 anos; semiaberto: pena maior que 04 até 08
anos; fechado: pena superior a 08 anos), admitindo o regime mais gravoso se houver
motivação idônea.
10) Para o STF e STJ, é possível o reconhecimento do tráfico privilegiado (§ 4º do art. 33 da Lei de
Drogas) ao agente transportador de drogas, na qualidade de "mula", uma vez que a simples
atuação nessa condição NÃO induz, automaticamente, à conclusão de que ele seja integrante
de organização criminosa.
11) Conforme a jurisprudência do STF e STJ para se reconhecer o tráfico privilegiado (art. 33, §
4º, da Lei n.º 11.343/2006) é preciso que o réu preencha aos seguintes requisitos
cumulativos: (i) agente primário; (ii) bons antecedentes; (iii) não se dedique às atividades
criminosas e; (iv) não integre organização criminosa. Ou seja, esses requisitos são
CUMULATIVOS e não alternativos.
12) O tráfico privilegiado não é equiparado a crime hediondo (STJ. 3ª Seção. Pet 11.796-DF -
INFO/STJ 595 e STF. Plenário. HC 118533/MS - INFO/STF 831).
13) Para o STF e STJ, é possível o reconhecimento do tráfico privilegiado (§ 4º do art. 33 da Lei de
Drogas) ao agente transportador de drogas, na qualidade de "mula", uma vez que a simples
atuação nessa condição NÃO induz, automaticamente, à conclusão de que ele seja integrante
de organização criminosa.
14) Para o STF e STJ, é possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso
para formação da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a
afastar o benefício legal previsto no art. 33, § 4º, da Lei n.º 11.343/2006 (tráfico
privilegiado). Em outras palavras, inquéritos e ações penais em curso não podem ser
valorados como maus antecedentes para agravar a pena base do réu. Contudo, são capazes
15) Consoante jurisprudência do STF e do STJ, o tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada
(art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006) não é crime equiparado a hediondo. O STJ acompanhou
a jurisprudência pacífica do STF e, inclusive, cancelou a súmula 512 da corte, a qual previa
que: Súmula 512/STJ (CANCELADA): “A aplicação da causa de diminuição de pena prevista
no art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006 não afasta a hediondez do crime de tráfico de drogas”.
17) Para o STJ sempre que o julgador utilizar a CONFISSÃO (seja ele PARCIAL ou QUALIFICADA), a
atenuante da confissão espontânea deve ser reconhecida para fins de redução da pena, nos
termos da súmula 545 do STJ: “Quando a confissão for utilizada para a formação do
convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código
Penal”. E para o STF? A Excelsa corte NÃO admite a confissão qualificada como atenuante
genérica (HC 119671).
18) CONFISSÃO PARCIAL é a que o réu admite a prática do crime, mas sem as qualificadoras ou
causas de aumento de pena (ex.: réu admite o roubo, mas sem o uso da arma de fogo);
CONFISSÃO QUALIFICADA é a que, embora o réu admita os fatos total ou parcialmente, tenta
se eximir da responsabilidade penal alegando teses defensivas como excludente de ilicitude
(ex.: legítima defesa), excludente de culpabilidade ou de isenção de pena (ex.: inexigibilidade
de conduta diversa).
19) Importar semente de maconha é crime? STF e 6ª Turma do STJ: NÃO; 5ª Turma do STJ: SIM.
20) Para o STJ, a condenação anterior pelo crime de posse de drogas para consumo pessoal (art.
28 da Lei de Drogas) NÃO gera reincidência. Isso, porque o STJ entende que é
desproporcional o reconhecimento da reincidência no delito de tráfico de drogas que tenha
por fundamento a existência de condenação com trânsito em julgado por crime anterior de
posse de droga para uso próprio.
21) A condenação anterior pelo crime de posse de drogas para consumo pessoal (art. 28 da Lei
de Drogas) NÃO gera reincidência (Informativos/STJ 632 e 636), pois viola o princípio da
proporcionalidade.
22) Conforme jurisprudência do STF e STJ a conduta de portar substância entorpecente para
consumo próprio, prevista no art. 28 da Lei n. 11.343/2006, foi apenas DESPENALIZADA, mas
NÃO descriminalizada, ou seja, não houve abolitio criminis (STF. Questão de ordem no RE
430.105/RJ).
23) A desclassificação do art. 33 (tráfico de drogas) para o art. 28 (posse de droga para consumo
pessoal) da Lei de Drogas, seguida pela extinção da punibilidade em razão do tempo de
prisão provisória cumprido NÃO gera reincidência, nos termos da jurisprudência do STJ.
24) O STF decidiu, com repercussão geral, que é possível o confisco de todo e qualquer bem de
valor econômico apreendido em decorrência do tráfico de drogas, sem a necessidade de se
perquirir (verificar) a habitualidade, reiteração do uso do bem para tal finalidade, a sua
modificação para dificultar a descoberta do local do acondicionamento da droga ou qualquer
outro requisito além daqueles previstos expressamente no art. 243, parágrafo único, da
Constituição Federal: “Art. 243. (...) Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor
econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da
exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação
específica, na forma da lei”.
25) De acordo com o STF e STJ, os procedimentos regidos por leis especiais devem observar, a
partir da publicação da ata de julgamento do HC 127.900/AM do STF (11.03.2016), a regra
disposta no art. 400 do CPP, cujo conteúdo determina ser o interrogatório o último ato da
instrução criminal.
SOBRE O AUTOR
3. SOBRE O AUTOR
DOUGLAS JOSÉ DA SILVA
Juiz de Direito e professor especialista em concursos públicos, com diversas aprovações, tais
como: Juiz de Direito do TJCE (1º lugar), Juiz de Direito do TJPE (8º lugar), Delegado de Polícia da
PCPE (aprovado no 4º período), Delegado de Polícia da PCPB e da PCRN (aprovado no 8º
período), Oficial de Justiça do TRT 5 (aprovado no 8º período), Técnico do TRF 5 (1º lugar), entre
outros.