Você está na página 1de 17

CULTURA DO ARROZ IRRIGADO  

1. INTRODUÇÃO  
O  arroz  é  uma   gramínea  anual   adaptada   ao   ambiente   aquático.  Esta   adaptação   é  devida  à 
presença de aerênquimas no colmo e nas raízes da planta, que possibilitam a passagem de oxigênio do 
ar para a camada da rizosfera.
De acordo com os dados do IBGE (2004), a produtividade média de arroz no Brasil é de 3.556 kg/
ha.   Um   dos   fatores   responsáveis   pela   baixa   produtividade   é   a  inclusão   das   baixas   produtividades 
obtidas   pelo   arroz   de   sequeiro.   Somam­se   a   isso   problemas   de   fertilidade   natural   dos   solos,   a 
insuficiente ou desequilibrada adubação do solo, plantas daninhas, pragas, doenças e as condições 
climáticas inadequadas.
Quadro 1. Produção,  área cultivada e produtividade  de arroz  no Brasil,  de acordo  com as  regiões 
brasileiras. 
Região Produção (t) Área (ha) (kg/ha) % da produção
Norte 608.766 1.439.274 2.364   16,31
Nordeste 766.745 1.174.559 1.531   20,52
Sudeste 137.054 343.178 2.503     3,67
Sul 1.263.023 7.531.817 5.963   33,84
Centro Oeste 957.558 2.788.013 2.911   25,66
BRASIL 3.733.146 13.276.841 3.556 100,00

Quadro 2: Produção, área cultivada, produtividade e percentagem da produção nacional de arroz, de 
acordo com alguns Estados brasileiros. IBGE (2004):
Estado Produção (t) Área (ha) (kg/ha) % da produção
Rio Grande do Sul 1.044.124 6.338.139 6.070   27,97
Mato Grosso 738.165 2.177.125 2.949   19,77
Maranhão 516.740 733.484 1.419   13,84
Pará 297.065 636.645 2.143     7,96
Goiás 165.427 369.513 2.233     4,43
Tocantins 161.655 417.139 2.580     4,33
Santa Catarina 150.852 1.011.592 6.705     4,03
Piauí 150.279 169.485 1.127     4,03
Minas Gerais 93.964 214.192 2.279     2,52
Rondônia 83.047 186.214 2.242     2,22
Paraná 68.047 182.086 2.675     1,82
Mato Grosso do Sul 53.866 241.177 4.477     1,44
Ceará 38.263 86.311 2.255     1,02
São Paulo 35.780 106.120 2.965     0,96
BRASIL 3.733.146 13.276.841 3.556 100,00

2. CLIMA  
Para a expressão do seu potencial produtivo, a cultura requer temperaturas ao redor de 24 a 300C 
e radiação solar elevada, uma vez que a disponibilidade hídrica não é um fator limitante (no caso do 
arroz irrigado).
A ocorrência de baixas temperaturas (abaixo de 17 oC de 15 dias antes a 5 dias após o início da 
floração)   e   a   pouca   disponibilidade   de   radiação   solar   (cerca   de   21   dias   antes   a   21   dias   após   o 
florescimento) são dois elementos climáticos intimamente relacionados com a diminuição nos níveis de 
produtividade.
3. FASES DE DESENVOLVIMENTO  
O ciclo total da cultura do arroz está compreendido entre 90 a 210 dias, dependendo da cultivar e 
da época da semeadura.  No entanto,  a maioria  das  cultivares   recomendadas  nos   Estados  do Rio 
Grande do Sul e de Santa Catarina  estão entre 100 a 140 dias.  
O técnico e o produtor devem saber identificar as fases de desenvolvimento da cultura para fazer 
as práticas culturais no momento certo. O ciclo da cultura é dividido nas seguintes fases:

a) Fase Vegetativa b) Fase reprodutiva c) Fase de maturação


0 – Germinação 4 – Ponto de algodão 7 – Grão leitoso
1 – Plântula 5 –Embarrigamento 8 – Grão pastoso
2 – Perfilhamento 6 – Floração 9 – Grão maduro
3 – Elongação do caule
a) Fase vegetativa
A fase de germinação compreende desde a colocação da semente na água até o aparecimento 
da primeira folha, que ocorre em dois a quatro dias após a semeadura. A germinação é tanto mais 
rápida quanto maior for a temperatura da água e do ar.
A   fase   de  plântula  compreende   desde   o   aparecimento   da   primeira   folha   até   a   formação   do 
primeiro afilho, que ocorre cerca de 18 a 20 dias após a semeadura. Algumas considerações desta 
fase:
­ a água profunda provoca o crescimento de plântulas altas, fracas, com poucas raízes;
­ a falta de água provoca crescimento irregular e retardado, porém com poucas raízes;
­ as plântulas se desenvolvem melhor com temperaturas altas;
­   as   baixas   temperaturas   podem   provocar   amarelecimento   das   folhas,   morte   de   plântulas   e 
retardamento do crescimento das mesmas.
Após três a quatro semanas da emergência, a planta começa a emitir os perfilhos, que surgem 
dos nós do colmo, de forma alternada. A duração desta fase vai até o aparecimento do quarto nó, 
que varia de 3 a 4 semanas, dependendo da cultivar. O perfilhamento do arroz irrigado é favorecido 
pelo maior espaçamento de plantio (com menor densidade, há maior formação de perfilhos), pela 
adequada disponibilidade de nitrogênio no solo e pela altura da lâmina de água de irrigação (a água 
profunda   diminui   o   perfilhamento).   Além   disso,   outros   fatores   exercem   influência   sobre   o 
perfilhamento,   como   o   tipo   de   cultivar   e   a   temperatura   do   solo.   O   início   do   perfilhamento  é 
considerado a época ideal para a primeira aplicação de nitrogênio em cobertura.
A fase de elongação do caule inicia no momento em que o quarto nó começa a ser notado, até o 
ponto de algodão. Em cultivares de ciclo curto as etapas de elongação do caule e o ponto de algodão 
acontecem quase ao mesmo tempo. 
b) Fase reprodutiva  
A fase reprodutiva varia de 3 a 5 semanas. Este é um período crítico no desenvolvimento da 
planta,   uma   vez   que   estará   sendo   formado   o   número   potencial   de   óvulos   em   cada   panícula.   É 
importante   que   durante   este   período   a   planta   não   sofra   nenhum   estresse,   principalmente   de 
temperatura baixa (inferiores a 17oC) e de deficiência de nitrogênio. Desta maneira, é importante a 
adequação da época de semeadura de tal forma que este período de desenvolvimento coincida com o 
mês que tenha pouca probabilidade de ocorrência de baixas temperaturas.
Na fase de “Ponto de algodão” forma­se a pluma de algodão sobre o quarto nó da planta. A partir 
desta fase até oito a dez dias após a floração plena, manter a lâmina de água permanente.
O período que antecipa a floração é denominado de embarrigamento. Em clima adverso (excesso 
de umidade do ar, aliado a altas temperaturas) o excesso de nitrogênio pode provocar a brusone na 
panícula.
A fase de floração começa com a emissão da panícula e termina quando ocorre a fertilização da 
flor. A floração demora de quatro a sete dias em condições normais. As baixas temperaturas, o excesso 
de chuvas e o desequilíbrio nutricional podem prejudicar a fertilização das flores. 
Por ocasião do florescimento, a planta do arroz atinge sua máxima área foliar. Durante o período 
de 20 dias antes e 20 dias depois do florescimento, condições de plena radiação solar fazem com que a 
planta utilize mais eficientemente o nitrogênio disponível no solo e, conseqüentemente, produza maior 
rendimento   de   grãos.   Nesta   fase,   as   baixas   temperaturas,   o   excesso   de   chuvas   e  o   desequilíbrio 
nutricional podem prejudicar a fertilização das flores.
c) Fase de maturação  

2
A duração da fase de  maturação varia  de 30 a 40 dias  e vai  do florescimento  à maturação 
fisiológica fase de grão leitoso inicia no momento em que a flor é fertilizada, indo até o ponto em que a 
panícula se curva formando um ângulo de 90°, devido ao peso dos grãos do terço superior da panícula, 
caracterizando­se pelo conteúdo leitoso do grão.
O período de grão pastoso vai desde o momento em que a panícula forma um ângulo de 90° até 
formar um ângulo de 180°. Compreende a fase final de grão leitoso até a fase final de enchimento do 
grão, caracterizando um grão firme e amorfo.
A fase de grão maduro ou cristalino ocorre quando a umidade dos grãos está em torno de 22 a 
26%. Neste momento deve ser iniciada a colheita.
A deficiência nutricional ou a ocorrência de pragas e/ou moléstias durante o período de formação 
e enchimento de grãos reflete­se em menor peso de grãos. Condições de temperatura do ar elevada e 
umidade do ar baixo, associado à ocorrência de ventos, aceleram o processo de perda de umidade dos 
grãos. Após a maturação fisiológica (quando o grão atingiu o máximo de desenvolvimento) a planta 
pode demorar de uma a duas semanas até atingir condições de ser colhida mecanicamente.
4. CULTIVARES RECOMENDADAS E DENSIDADE DE SEMEADURA  
Na   escolha   da   cultivar   a   ser   semeada,   devem   ser   considerados   vários   aspectos,   entre   eles 
citamos: qualidade dos grãos, a produtividade, a resistência às doenças, ao acamamento e à toxidez de 
ferro.
Quanto a precocidade, a classificação é a seguinte:
a) precoces: ciclo total menor do que 120 dias;
b) médios: ciclo total compreendido entre 121 a 135 dias;
c) semitardio: ciclo total compreendido entre 136 a 150 dias;
d) tardio: ciclo total superior a 150 dias.
No   Quadro   3,   a   seguir,   estão   descritas   as   principais   cultivares   recomendadas   e   algumas 
características referentes a elas.
Quadro   3.   Características   agronômicas   das   principais   cultivares   recomendadas   para   SC.   Fonte: 
EPAGRI, 2006
Grau de resistência
Cultivar Ciclo
Acamamento Brusone Toxidez por ferro
BR IRGA 410 Médio R MR S
EPAGRI 106 Precoce MR MR MR
EPAGRI 108 Semitardio R MS R
EPAGRI 109 Semitardio R MR R
SCS BRS ­ 111 Semitardio MR R R
SCS ­ 112 Tardio R MR MS
SCS 114 Andosan Tardio R MR MR
SCS BRS Tio Taka Tardio R MR MS
Legenda: R (Resistente); MR (Moderadamente resistente); MS (Moderadamente suscetível; S (suscetível)

A   densidade   de   semeadura   recomendada   é   de   400   a   500   plântulas   por   metro   quadrado.   É 


preciso ressaltar que no quadro anterior está indicada a resistência ao acamamento em condições de 
densidade   de   plantas   recomendada   pela   pesquisa.   Se   a   densidade   de   semeadura   for   muito   alta, 
normalmente   há   um   maior   índice   de   acamamento,   inclusive   nas   cultivares   classificadas   como 
resistentes.
Recomenda­se a semeadura de 120 kg de sementes por hectare para as cultivares com alta 
capacidade de perfilhamento. Para cultivares de média capacidade de perfilhamento recomenda­se a 
semeadura de 150 kg de sementes/ha.
Antes de se fazer a semeadura devemos observar algumas características desejáveis de uma 
boa semente, a saber:
• pureza varietal → sem mistura de cultivares e ausência de arroz daninho (vermelho e preto);
• pureza física → a semente deve estar limpa, sem restos culturais ou sementes de inços;
• teor de umidade → deve ser de 13%, para melhor conservação da semente;
• sanidade → a semente deve ser sã, sem doenças e pragas transmissíveis por semente;
3
• germinação → a semente deve apresentar no mínimo 80% de germinação;
• vigor → as sementes devem apresentar alto vigor. Evitar o plantio de sementes trincadas.
As sementes são classificadas nos seguintes tipos:
a) semente registrada: são isentas de arroz vermelho e arroz preto.
b) semente   certificada:   é   produzida   a   partir   de   sementes   básica   (alta   pureza   varietal)   ou 
registrada. São isentas de arroz vermelho e preto.
c) semente fiscalizada: é produzida a partir das sementes certificada, básica ou registrada. É 
permitida uma semente de arroz vermelho ou preto/500 g. A análise de pureza varietal é feita 
com amostras de 500 gramas de sementes, em laboratórios oficiais.

5. SOLOS  
5.1. TIPOS DE SOLOS E SISTEMATIZAÇÃO DA LAVOURA  
Os   solos   próprios   para   o   cultivo   do   arroz   irrigado   caracterizam­se   pela   topografia   plana, 
geralmente hidromórficos. A presença de camadas subsuperficiais argilosas torna o cultivo de arroz 
adequado, facilitando a manutenção de uma lâmina de água sobre a superfície do solo e dificultando a 
lixiviação   de   nutrientes.   Para   o   cultivo   do   arroz   não   são   recomendados   solos   arenosos   e   muito 
profundos.
Para   o   aproveitamento   eficiente   e   racional   destes   solos   há   a   necessidade   de   condicioná­los 
anteriormente ao plantio, através do processo denominado de sistematização do terreno, que consiste 
na criação de um sistema funcional de manejo que vai desde a remoção de detritos vegetais, abertura 
de canais de drenagem e irrigação, construção de estradas internas, regularização da superfície do 
terreno, em nível ou desnível e entaipamento.
Há duas modalidades de sistematização para as lavouras do arroz:
a) Sistematização do solo em desnível: Este sistema é feito normalmente com taipas em curvas 
de nível, muito utilizado no Rio Grande do Sul. Visa uniformizar o solo transferindo das partes mais 
elevadas   para  as depressões   do  terreno.  No  caso  do  arroz,  a  água   de  irrigação   é  retida  sobre   a 
superfície do solo através de taipas em curvas de nível. A diferença de cotas de uma taipa para outra 
depende da declividade do terreno e do sistema de plantio.
Este sistema possui como vantagens o menor movimento de terra, menor custo inicial e melhor 
drenagem superficial. As desvantagens são o maior consumo de água, lâmina desuniforme causando 
maiores dificuldades no controle de plantas daninhas e manejo de insumos agrícolas.
b) Sistematização do solo em nível: Neste sistema a área é dividida em quadros, muito utilizado 
em Santa Catarina. O terreno compreendido em cada quadro é nivelado, utilizando­se o solo das cotas 
mais elevadas  para aterrar os de cotas inferiores. É aconselhável que os mesmos possuam áreas 
compatíveis   com   o   tamanho   das   máquinas   e   que   apresentem   uma   adequada   relação   entre 
comprimento e largura. Recomenda­se uma largura entre 20 e 50 m e um comprimento não superior a 
200 m. Os quadros devem ser cercados por taipas com altura mínima de 20 cm.
As vantagens deste sistema são: distribuição mais adequada da água, permitindo irrigação mais 
uniforme e melhor controle de plantas daninhas; com maior uniformidade da lavoura, possibilita maior 
eficiência nos tratos culturais e na colheita; há um melhor aproveitamento do solo com a redução da 
área ocupada com taipas. Como desvantagens, na maioria dos casos, a alternância de cultivos com 
outras   culturas   na   entressafra   é   dificultada   pela   deficiente   drenagem   superficial,   originada   pelo 
nivelamento do terreno. Ao mesmo tempo, o custo inicial da sistematização de quadros em nível é 
normalmente mais elevado do que a sistematização em desnível.
5.2. PREPARO DO SOLO, SISTEMAS DE CULTIVO E SEMEADURA  
O solo necessita ser muito bem preparado para receber as sementes.
Um bom preparo do solo proporciona condições ideais para o desenvolvimento das raízes da 
planta, ao controle de pragas, ao controle de doenças e ao manejo da água de irrigação.
Segundo   as   informações   de   pesquisas   disponíveis,   80%   das   raízes   da   planta   do   arroz 
encontram­se   nos   primeiros   20   cm   do   solo.   Devido   a   este   motivo   devemos   ter   uma   grande 
preocupação com esta camada. A profundidade de preparo do solo não deve ser superior a 15 cm. Não 
4
se recomenda a subsolagem ou a lavração profunda. Essas práticas tendem a provocar maior consumo 
de água, perda de nutrientes e o atolamento de máquinas.
O preparo não é uma prática que se aplica de forma igual para todas as propriedades. A seguir há 
exemplos de alguns sistemas utilizados pelos orizicultores.
5.2.1. Sistema Convencional  
No Rio Grande do Sul a maior parte da área cultivada com arroz utiliza este sistema. Em Santa 
Catarina não chega a 5%.
As etapas de preparo do solo e semeadura neste Sistema são basicamente os seguintes:
1) Preparo primário do solo  →  normalmente é realizado com arados  e visa principalmente o 
rompimento de camadas compactadas e a eliminação e/ou o enterrio da cobertura vegetal. Esta prática 
é normalmente feito a seco cerca de 2 meses antes do plantio.
2) Preparo secundário → as operações são mais superficiais, utilizando­se grades ou plainas para 
nivelar, destorroar, destruir crostas superficiais, incorporar agroquímicos e eliminar plantas daninhas no 
início de seu desenvolvimento. O preparo secundário é realizado logo antes do plantio;
3) Em seguida providencia­se a semeadura, que é realizada a lanço ou em linha. Recomenda­se 
uma densidade de 400 a 500 sementes aptas/m 2  para a semeadura em linhas e de 500 sementes 
aptas/m2 para a semeadura a lanço. O objetivo é garantir uma população inicial de 200 a 300 plantas/
m2,   uniformemente   distribuídas.   O   espaçamento   entre   linhas   varia   de   13   a   20   cm.   Espaçamentos 
menores são mais adequados a semeaduras tardias de cultivares precoces. Espaçamentos maiores, ao 
mesmo tempo em que favorecem um melhor perfilhamento, podem acarretar em desuniformidade na 
floração.
4) Realiza­se a aplicação de herbicidas de pré­emergência, que é normalmente aplicada
5) Cerca de 20 a 25 dias após a semeadura faz­se a inundação do terreno. A altura da lâmina de 
água desejável deve permanecer entre 10 a 15 cm sobre o solo.
5.2.2. Plantio Direto  
É o sistema de semeadura no qual a semente é colocada diretamente no solo não revolvido. O 
plantio direto do arroz irrigado na várzea está mais relacionado ao controle do arroz vermelho e à 
redução dos custos de produção, do que à conservação do solo.
As etapas de implantação deste Sistema são:
1) aplicação de herbicidas visando a eliminação de plantas daninhas presentes no terreno;
2)   semeadura   em   plantio   direto   (sobre   os   vegetais   dessecados),   realizadas   geralmente   por 
plantadeiras de tração mecanizada. Recomenda­se uma densidade de 400 a 500 sementes aptas/m2 
para a semeadura em linhas. O espaçamento entre linhas recomendado é de 20 cm. Necessita­se uma 
quantidade de 3,5 sacos por hectare, a uma profundidade de semeadura média de 3 cm;
3) cerca de 20 a 25 dias após a semeadura faz­se a inundação do terreno. A altura da lâmina de 
água desejável deve permanecer entre 10 a 15 cm sobre o solo.
5.2.3. Sistema Pré­Germinado  
Em Santa Catarina, cerca de 95% do arroz irrigado é cultivado neste sistema. No Rio Grande do 
Sul a percentagem ainda é muito pequena.
Caracteriza­se  pela  semeadura   de  sementes   pré­germinadas   em   solo  previamente  inundado. 
Entre as vantagens deste sistema pode­se citar o eficiente controle do arroz vermelho. 
As etapas para a implantação deste Sistema são as seguintes:
1) para o êxito do sistema, é importante que o preparo do solo seja iniciado com antecedência de 
1 a 2 meses da época prevista para a semeadura. Geralmente o preparo é iniciado com gradagens no 
início da primavera, e o solo é mantido em condições de umidade (não saturado) adequada para a 
germinação das sementes de plantas daninhas existentes no solo. As plantas emergidas podem ser 
controladas   com   novas   gradagens,   pois   em   cada   operação   mais   sementes   serão   expostas   para 
germinação. 
2)   cerca   de   15   a   20   dias   antes   da   semeadura   a   área   deve   ser   inundada   e   mantida   nesta 
condição.
3) preparo do solo para receber as sementes. Torna­se necessário a formação da lama, além do 
nivelamento e alisamento, práticas também realizadas no plantio convencional. Nesta fase realiza­se, 
5
também, a adubação do terreno com fósforo e potássio. Uma alternativa para a formação da lama é a 
utilização da roda de ferro tipo “gaiola”, que oferece maior sustentação e deixa menos rastro das rodas 
do trator. A segunda fase compreende o renivelamento e o alisamento, após a formação da lama, 
utilizando­se pranchões de madeira, com o intuito de deixar a superfície lisa e nivelada, própria para 
receber a semente;
4)   realiza­se   a   pré­germinação   das   sementes.   Deixa­se   as   sementes   imersas   em   água   por 
aproximadamente 36 horas. Igual tempo é dispendido para a incubação (descanso) das sementes à 
sombra. Em dias quentes, hidratar as sementes por 24 horas;
5) semear as sementes pré­germinadas na quadra totalmente inundada com uma lâmina de água 
de aproximadamente 5 cm. A densidade de semeadura deve ser de 500 sementes aptas/m2. Manter o 
solo nestas condições por um período compreendido entre 3 a 5 dias;
6) retirar a lâmina de água e manter a quadra seca por um período de 3 a 5 dias, objetivando­se 
impedir o “afogamento” da plântula e proporcionar um melhor crescimento inicial das mesmas;
7) elevar gradativamente a lâmina de água sobre o terreno, à medida que ocorre o crescimento 
das plantas, mantendo­a a uma altura de 10 a 15 cm. 
Neste sistema, o processo de semeadura em solo inundado consiste basicamente na distribuição 
da semente a lanço, de maneira uniforme, das sementes pré­germinadas. A grande infestação com 
arroz vermelho nas lavouras e a necessidade de redução de custos criam uma perspectiva de uma 
utilização crescente deste Sistema.

5.2.4. Transplante de mudas  
O transplante das mudas é feito quando as mudas alcançam 10 a 12 cm de altura (12 a 18 dias 
após   a   semeadura).   No   momento   do   transplante   as   caixas   de   mudas   devem   estar   com   umidade 
adequada, para facilitar o desempenho da transplantadeira. Esta operação deve ser feita com a área 
previamente drenada. São necessárias de 110 a 130 caixas de mudas/ha.
A inundação permanente do solo deve ser evitada por uns 2 a 3 dias  até o pegamento das 
mudas. 
O preparo do solo, o manejo da água, o controle de plantas daninhas, de pragas e de doenças é 
idêntico ao recomendado para o sistema pré­germinado. Como vantagens deste sistema podemos citar 
o excelente controle do arroz vermelho e um melhor perfilhamento das plantas.
6. ADUBAÇÃO E CALAGEM  
Os principais nutrientes minerais extraídos pelo arroz irrigado são: Nitrogênio (N), Fósforo (P), 
Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S).

6.1. Calagem  
Em solos ácidos, cultivados sob condições de sequeiro, o crescimento das plantas é limitado 
devido aos baixos valores de pH, à presença de alumínio e manganês trocáveis em níveis tóxicos, à 
baixa   atividade   microbiana,   diminuindo   a   taxa   de   mineralização   da   matéria   orgânica   e,   como 
conseqüência de tudo isso, à baixa disponibilidade e ao menor aproveitamento de alguns nutrientes 
essenciais, dentre eles, o nitrogênio, o fósforo, o enxofre e o molibdênio. 
Recomendações de calagem:
a)   Em   Sistema   Pré­germinado  →  Devido  ao  contínuo   alagamento,  há  a  ocorrência   da   auto­
calagem, não necessitando­se a aplicação de calcário dolomítico para elevar o pH do solo.
OBS: Torna­se conveniente o uso de calagem (1 ton/ha) somente para elevar níveis de Ca + Mg, 
quando estes encontram­se abaixo de 5,0 cmolc/L, de acordo com a análise do solo.
b)   No   Sistema   Convencional  →  Elevar   o   pH   do   solo   para   5,5.   Isto   é   realizado   através   da 
aplicação de calcário dolomítico, cerca de 3 a 6 meses antes da semeadura. Esta prática torna­se 
necessária porque a  auto­calagem só é atingida a partir de 30 dias após a semeadura.
6.2. Adubação  
A   adubação   do   solo   deve   ser   baseada   na   análise   prévia   do   solo.   Abaixo   seguem   as 
recomendações de adubação válidas para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

6
a) Fósforo:
Kg de P2O5/ha
Interpretação de P no solo
Sistema pré­germinado Semeadura em solo seco
≤  3,0 40 60
3,0 – 6,0 30 40
6,1 – 12,0 20 20
> 12,0 < 20 < 20
Quando aplicar:
No cultivo de arroz com pré­inundação do solo, algumas formas de fosfatos do solo (fosfatos de 
alumínio, ferro e cálcio) liberam P mesmo antes da semeadura. Isto não acontece tão rapidamente no 
sistema tradicional de semeadura em solo seco. Por este motivo, a recomendação máxima de 40 kg de 
P2O5/ha para o sistema pré­germinado é inferior àquela para sistemas com semeadura em solo seco 
(60   kg   de   P2O5/ha).   Para   solos   com   baixos   teores   de   fósforo   (<   3   mg/dm 3)   recomenda­se   dar 
preferência ao uso de fontes de fósforo solúveis. Para solos com teores maiores que 3 mg/dm3 é viável 
a utilização de outros fosfatos, isoladamente ou em misturas.
A aplicação de fósforo é recomendada logo antes da semeadura, no período de formação do 
lodo.
b) Potássio:
Kg de K2O/ha
Interpretação de K no solo
Sistema pré­germinado Semeadura em solo seco
Baixo 80 60
Médio 60 40
Alto 40 20
Muito Alto < 40 < 20
Quando aplicar:
No   sistema   pré­germinado,   os   adubos   potássicos   podem   ser   aplicados   e   incorporados   com 
enxada rotativa ou com grade por ocasião da formação da lama ou após o nivelamento da área, antes 
da   semeadura.   No   sistema   de   semeadura   em   solo   seco,   os   fertilizantes   devem   ser   aplicados   e 
incorporados por ocasião da semeadura.
c) Nitrogênio
Kg de N/ha
M.O do solo Sistema pré­ Semeadura em solo seco (p/ tipo de cultivar)
germinado Porte Baixo Porte médio
< 2,5 90­120 90 60
2,6 – 5,5 60­90 80 45
> 5,5 ≤ 60 ≤ 70 ≤ 30
Quando aplicar:
Em sistema de semeadura em solo seco (inclui o sistema convencional, cultivo mínimo e plantio 
direto) recomenda­se aplicar 10 kg de N/ha na semeadura e o restante em cobertura, dependendo do 
teor   de   matéria   orgânica   do   solo   e   do   tipo   de   cultivar.   Eventualmente,   ao   ser   constatado   um 
desenvolvimento vegetativo acima do esperado, pode­se reduzir ou até evitar aplicações adicionais de 
nitrogênio,   face  aos   riscos   de  acamamento  e  de  problemas  associados   ao   excesso  de  nitrogênio. 
Quando a dose a aplicar em cobertura for inferior a 50 kg N/ha, pode­se proceder a aplicação única no 
início da diferenciação da panícula (ponto de algodão). Para os demais casos é mais eficiente aplicar 
50% da dose de cobertura no início do perfilhamento (a partir da emissão quarta folha, que ocorre em 
torno   de   20­30   dias   após   a  emergência   das   plântulas)   e   o  restante   no  início   da   diferenciação   da 
panícula.
No sistema pré­germinado, a adubação com N na base não é recomendada face os riscos de 
perdas por desnitrificação decorrentes da drenagem do solo posterior à semeadura. Para as cultivares 
de   ciclo   curto   (<   120   dias)   e   médio   (<   135   dias)   recomenda­se   aplicar   50%   do   N   no   início   do 
perfilhamento (25­30 dias após a semeadura) e o restante no início da diferenciação da panícula (50­65 
e 60­65 dias após a semeadura para cultivares de ciclo curto e médio, respectivamente). Para cultivares 

7
de   ciclo   longo   (>   135   dias),   a   cobertura   pode   ser   fracionada   em   3   aplicações:   1/3   no   início   do 
perfilhamento   (25­30   dias   após   a   semeadura),   1/3   no   perfilhamento   pleno   (50­60   dias   após   a 
semeadura) e, se necessário, completada com 1/3 no início da diferenciação da panícula (75­80 dias 
após a semeadura).
6.3. FUNÇÕES DOS PRINCIPAIS NUTRIENTES:  
6.3.1. Nitrogênio (N)
Na   planta,   o   nitrogênio   estimula   o   crescimento   das   raízes,   caule   e   folhas,   o   crescimento 
vegetativo, aumentando o número de perfilhos, o tamanho da panícula, o número e o peso dos grãos.
O excesso de N causa desequilíbrio na nutrição da planta e prejudica seu desenvolvimento. Nesta 
situação causa o aborto de flores, falhas na panícula, acamamento de plantas e maior suscetibilidade a 
doenças, diminuindo a produtividade da lavoura.
6.3.2. Fósforo (P)
Na planta, estimula o desenvolvimento das raízes, aumenta o perfilhamento e melhora o valor 
nutritivo dos grãos. O eventual excesso de adubação fosfatada não prejudica a planta, pois ela absorve 
somente a quantidade de P necessária ao seu desenvolvimento.
6.3.3. Potássio (K)
É   um   elemento   de   grande   responsabilidade   pelo   espessamento   do   colmo,   conferindo   maior 
resistência da planta ao acamamento e resistência contra pragas e doenças. 
6.3.4. Cálcio (Ca)
Faz parte da parede celular das plantas. É um elemento essencial para o crescimento das raízes. 
Tem influência na floração, polinização, fertilização e na formação de grãos.
6.3.5. Magnésio (Mg)
É um elemento participante da clorofila, responsável pela fotossíntese. Auxilia na absorção de 
fósforo pelas plantas. O calcário dolomítico é uma fonte rica e barata em Ca e Mg.
OBS:   Em   algumas   lavouras   pode   ocorrer   a   toxidez   de   ferro.   Trata­se   de   um   elemento 
freqüente  no  solo,  mas  que  em  teores muito  altos   impede  a absorção  de  outros  nutrientes  pela 
planta  de  arroz.  Dependendo da intensidade do problema, pode acarretar em efeitos negativos na 
produção da lavoura.
Este efeito é notado nas lavouras com os seguintes sintomas:
­ As folhas ficam com suas pontas avermelhadas;
­ As raízes adquirem cor de ferrugem.
A correção deste problema pode ser feita pelas seguintes práticas: aplicação antecipada de uréia, 
aplicação de calcário (caso não tenha sido feita) e uso de variedades tolerantes.
7. PLANTAS DANINHAS DO ARROZ  
As plantas daninhas são denominadas como as espécies vegetais que nascem e se desenvolvem 
em local não desejado, vindo a competir por luz, água e nutrientes com a planta cultivada. Podem ser, 
ainda, hospedeiras de pragas e doenças e desvalorizam o produto para consumo e para semente, além 
de aumentar o custo de produção e de beneficiamento. Há plantas daninhas especializadas em se 
desenvolver em solo seco, outras em solo úmido, outras na água.
Na cultura do arroz irrigado temos essas três condições. Por este motivo, no arroz irrigado há 
uma grande quantidade de plantas invasoras e que precisam ser controladas.
7.1. CLASSIFICAÇÃO DAS PLANTAS DANINHAS  
7.1.1. FOLHAS LARGAS: São plantas com folhas normalmente com  nervuras não paralelas (em 
forma de espinha de peixe) e caule cheio, não oco.
Dentre   elas   destacamos   o   aguapé,   angiquinho,   chapéu­de­couro,   corda   de   viola   (corriola), 
calipinho, erva­de­bicho, trapoeraba, entre outras.
7.1.2. FOLHAS ESTREITAS: São plantas que possuem folhas com nervuras longitudinais nas 
folhas. O caule possui nó e entre­nó e é normalmente oco. As raízes são do tipo cabeleira.
Dentre   elas   podemos   destacar   o   capim­arroz   (canevão),   arroz   vermelho,   arroz   preto,   capim­
mimoso, capim­capivara, etc...

8
7.1.3.TIRIRICAS OU CIPERÁCEAS: São plantas com caule quase sempre triangulares e cheios, 
suas folhas têm três direções com bainhas quase sempre fechadas. Ex: cuminho, junquinho, tiririca 
preta e cebolinha. 
7.2. CONTROLE DAS PLANTAS DANINHAS DO ARROZ  
É importante lembrar que para um controle econômico e eficiente poderão ser utilizados todos os 
meios disponíveis e que passaremos a descrever.
7.2.1. Controle cultural  
O controle cultural de plantas daninhas no arroz pode ser realizado por diversas práticas, a saber:
­ Bom preparo do solo. É um fator fundamental para um bom controle das plantas daninhas com 
inundação;
­ Uso de sementes de alta qualidade e livres de invasoras;
­ Correta escolha da época de semeadura → a semeadura fora de época aumenta os riscos de 
frustração;
­ Manejo correto da água  →  não se deve deixar  o solo  secar.  O contato com o ar  provoca 
germinação de novas sementes;
­ Quantidade correta de sementes/ha → o uso de pouca semente provocará maior população de 
plantas   daninhas,   enquanto   que  o  excesso   de  sementes   provocará   concorrência  entre  as   próprias 
plantas de arroz, diminuindo a produtividade;
­ Criação de peixes ou de marrecos de Pequim nos tabuleiros durante a entressafra  →  é uma 
prática que em muitos casos poderá dar excelentes resultados no controle de plantas daninhas;
7.2.2. Controle mecânico  
­ Capinas  →  Feita com enxadas ou carpideiras manuais, tracionadas por animais ou tratores. 
Esta prática é utilizada nos sistemas de plantio no seco, em linha.
­ Com o uso de gradagens ou rotativas  →  muito utilizada também no sistema de plantio pré­
germinado, no período de entressafra e pré­plantio. É uma prática muito eficiente e recomendável.
­   Arranquio   manual   ou   corte   com   cegueta  →  Prática   muito   eficiente   e   de   baixo   custo, 
especialmente quando se tratar de uma lavoura com baixa infestação, quando do aparecimento de uma 
nova espécie, ou quando se desejar colher arroz para semente.
­ Queima → usada especialmente para as plantas daninhas arrancadas, já sementadas.
­ Inundação → a maioria das folhas estreitas e tiriricas não crescem em níveis de água de 5 a 10 
cm. Algumas folhas largas também são controladas com lâmina d’água. As sementes de muitas plantas 
daninhas não germinam na água, portanto, este é um recurso que o produtor de arroz pode e deve 
usar, pois em muitos casos, quando bem utilizado, dispensa o uso de herbicidas.
7.2.3. Controle químico   
Este   método   pode   ser   utilizado   pelo   produtor   quando   os   demais   métodos   de   controle   se 
mostrarem ineficientes. É realizado com a utilização de herbicidas.
A   aplicação   de   herbicidas   pode   provocar   alguns   prejuízos   à   planta,   ao   homem   e   ao   meio 
ambiente. Alguns cuidados, portanto, devem ser tomados: 
­ Deve se ter o cuidado para não utilizar herbicidas não recomendados à cultura do arroz,  uso de 
super dosagens do herbicida,  uso do herbicida na época errada e uso de misturas não recomendadas.
­ O manuseio do herbicida não deve ser realizado sem a devida proteção. Cuidado redobrado 
deve ser dado quando se aplicam herbicidas muito tóxicos.
­  A aplicação do herbicida deve ser feita de maneira correta; deve se evitar a troca de água antes 
do tempo recomendado; as embalagens vazias devem ser depositadas em local apropriado. Deve­se, 
ainda, proceder a tríplice lavagem dos recipientes.
­ Muitos cuidados devem ser tomados em relação à correta escolha do herbicida, ao momento de 
aplicação do produto (referentes à hora de aplicação e ao tamanho das plantas a serem controladas), 
ao uso de dosagens corretas, à forma de aplicação e utilização de equipamentos adequados. 
7.3. Classificação dos herbicidas quanto à época de aplicação:  
­ PRÉ­PLANTIO: aplicado antes do plantio da cultura.
­ PRÉ­EMERGENTE: aplicado após o plantio da cultura mas antes da germinação.
­ PÓS­EMERGENTE: aplicado após a germinação da cultura e das plantas daninhas. 
7.4. Tipos de herbicidas segundo o modo de ação:  
9
a) CONTATO: só age na parte pulverizada.
b) SISTÊMICO (translocado): pulverizado nas folhas e ataca todas as partes da planta.
8. DOENÇAS DA CULTURA DO ARROZ  
8.1.1. BRUSONE (Pyricularia grisea)
Causada por um fungo com a capacidade de atacar o caule, folhas, panículas e os grãos.
­  Sintomas: nas folhas aparecem  como manchas  marrons,  com centro cinza esverdeado. No 
caule aparecem como manchas escuras nos nós. À medida em que se distanciam do nó, as manchas 
tornam­se mais claras. Na panícula e grãos aparecem como manchas marrons.
­  Danos: quando ocorre na fase vegetativa do arroz (até o perfilhamento) e se as condições 
climáticas não forem favoráveis, a doença poderá desaparecer sem trazer grandes prejuízos. Quando o 
ataque ocorre no emborrachamento do arroz ou floração, os prejuízos normalmente são muito grandes, 
podendo ser totais.
As condições favoráveis à doença são: 
­ Temperaturas entre 20 a 30ºC. O ideal é de 26 a 28ºC.
­ Umidade relativa maior que 90%. Orvalho, neblina e chuvas fracas indicam essa condição.
­ Poucas horas diárias de sol, isto é, muita nebulosidade.
­ Solos com baixa fertilidade ou muito ricos em  matéria orgânica.
­ Adubação desequilibrada  → aplicação de níveis elevados de N (uréia). Excesso de calcário e 
fósforo.
­ Deficiência de irrigação  →  se a planta permanecer muito tempo no seco, mais sujeita está à 
brusone.
­ Cultivares suscetíveis.
­ Época de semeadura  →  se feita fora da época recomendada aumenta o risco de ataque de 
brusone.
­ Densidade de semeadura → o excesso de sementes provoca aumento no risco de brusone.
­ Eliminação de plantas daninhas hospedeiras do fungo e que podem ajudar a criar condições 
favoráveis à doença.
­  Controle: Usar cultivares resistentes; não semear a mesma cultivar por mais de três anos no 
mesmo local; semear na época recomendada; fazer um bom preparo do solo; irrigar corretamente; fazer 
adubação   segundo   a   análise   de   solo;   usar   densidade   de   semeadura   adequada;   controlar   plantas 
daninhas; fazer controle químico nas áreas mais sujeitas à brusone. Neste último caso, o tratamento 
com fungicidas deverá ser realizado durante os estádios de emborrachamento e/ou floração.
9. PRAGAS DO ARROZ IRRIGADO  
O ataque de pragas no arroz irrigado pode ser responsável por grandes perdas no sistema pré­
germinado.  No sistema de plantio convencional, as perdas podem ser ainda maiores. Portanto, é 
necessário que o agricultor reconheça algumas pragas e as providências que devem ser tomadas 
para evitar o ataque.
9.1. PRAGAS DE SEMENTES E RAÍZES  
9.1.1. Bicheira da raiz (Oryzophagus oryzae)
­  Reconhecimento  →  Os   adultos   são   pequenos   besouros   (semelhantes   ao   gorgulho)   que 
possuem o corpo acinzentado com manchas brancas de 2,6 a 3,5 mm de comprimento. As larvas 
completamente desenvolvidas medem 8,5 mm de comprimento, são brancas, com pequena cabeça 
amarelada e pêlos rasos sobre o corpo, sendo conhecida como “bicheira da raiz do arroz”.
­ Danos → As larvas danificam as raízes do arroz. As plantas atacadas apresentam crescimento 
reduzido, coloração amarelada e secamento do ápice das folhas.
­  Controle  →  Correto   aplainamento   do   solo,   limpeza   dos   canais   de   irrigação   e   adubação 
nitrogenada complementar (30 kg/ha), somente até a fase de ponto de algodão. Uso de inseticidas, 
no  tratamento   de  sementes,  como   o  Premier   700   PM  (Classe   IV  ­   300  g/100  kg   de  sementes). 
Pulverização de inseticidas a campo, como o Furadan 350 SC (Classe I – 400 ml/ha), aplicado em 
caráter curativo, somente nas reboleiras.
9.1.2. Pulgão da raiz (Rhopalosiphum rufiabdominale)
10
­ Reconhecimento: Possui aproximadamente 2 mm de comprimento e apresenta abdômen de 
coloração verde­escuro, meio avermelhado. 
­  Danos:   Sugam   a   seiva   das   raízes.   As   plantas   podem   apresentar   colmos   com   folhas 
amarelecidas ou parcialmente secas, em virtude do desenvolvimento das colônias nas raízes.
­ Controle: Aplicação de inseticidas fosforados sistêmicos.
9.2. PRAGAS DA PARTE AÉREA  
9.2.1. Percevejo do grão (Oebalus poecilus)
­  Reconhecimento:   Apresentam   coloração   marrom   clara   e   medem   de   8   a   10   mm   de 
comprimento. A postura é feita nas folhas, mas quando a população é grande, pode ocorrer também 
nos   colmos   e   panículas.   Os   ovos   são   depositados   em   fileiras,   sendo   que   a   primeira   postura   é 
geralmente   feita   na   panícula   do   capim   arroz.   Os   percevejos   migram   para   o   arrozal,   geralmente 
quando aparecem os primeiros grãos leitosos.
­ Danos: Sugam a seiva dos grãos. A natureza e a extensão do dano dependem do estado de 
desenvolvimento do grão. Espiguetas com endosperma leitoso podem ficar totalmente vazias pela 
alimentação   dos   percevejos   ou,   então,   originarem   grãos   atrofiados,   caracterizados   por   inúmeros 
pontos escuros nas glumas, nos locais onde os insetos introduziram os estiletes. Quando o ataque 
ocorre durante a fase final de desenvolvimento dos grãos, formam­se manchas escuras na casca e 
brancas   no   endosperma,   em   volta   dos   pontos   perfurados.   Os   grãos   ficam   estruturalmente 
enfraquecidos   nas   regiões   danificadas   e   geralmente   quebram   durante   seu   beneficiamento.   A 
qualidade dos grãos pode ser afetada quando 8 percevejos forem encontrados em 1.000 panículas.
­ Controle: Evitar, quando possível, o plantio escalonado de arroz na mesma área ou em áreas 
próximas; utilizar variedades de ciclo mais curto; inseticidas, pulverizados sobre as folhas, como o 
Malathion (classe III, com intervalo de segurança de 7 dias), Bulldock 125 SC (Classe II – 50 ml/ha), 
Sumithion 500 CE (Classe II – 1 a 2 l/ha), etc...
9.2.2. Cigarrinha do arroz (Sogatodes orizicola)
­ Reconhecimento: Os adultos têm de 2,7 a 4,0 mm de comprimento. O corpo é de coloração 
amarelada na fêmea e, marrom escura no macho. Os ovos são colocados em grupos ao longo das 
nervuras das folhas.
­  Danos:   Os   adultos   e   ninfas   sugam   a   seiva   das   folhas,   de   colmos   e   de   panículas   em 
formação.   Os   insetos   excretam   uma   substância   adocicada   que   favorece   o   desenvolvimento   de 
fungos   nas   folhas   e   colmos,   formando   manchas   escuras   (fumagina).   As   populações   do   inseto 
atingem o pico durante o período de florescimento e formação dos grãos.
­  Controle: Evitar excesso de adubação nitrogenada; utilizar variedades de ciclo muito curto; 
inseticidas sistêmicos (fosforados)
9.3. PRAGAS DOS GRÃOS ARMAZENADOS  
8.3.1. Gorgulhos: atacam toda massa de grãos armazenados.
8.3.2. Traças: atacam os grãos da superfície da massa de grãos armazenados
10. COLHEITA   
O ponto de colheita é dependente de vários fatores, entre eles da cultivar, do clima e do solo. A 
seguir seguem alguns critérios que devem ser observados para determinar o início da colheita:
a) Para produção de sementes: a colheita deve ser iniciada quando 80% da lavoura apresentar 
umidade dos grãos entre 25 e 28%.
b) Para consumo (grãos): colher quando 80% da lavoura apresentar grãos com umidade entre 23 
e 28%.
Em termos práticos, a colheita de grãos deve ser feita observando­se os seguintes fatores:
a) Para semente:  
­ Colher o arroz quando este apresentar 50% da panícula bem madura e metade da panícula com 
alguns grãos ainda apresentando casca de cor de esverdeada;
­ Ou colher o arroz quando apresentar em torno de 26 a 27% de umidade.
b) Para grãos:  
­ Colher o arroz quando apresentar duas partes da panícula bem madura e uma parte da panícula 
com alguns grãos ainda apresentando casca de cor esverdeada;
11
­ Ou colher o arroz quando este apresentar em torno de 24 a 25% de umidade.
OBS: Recomenda­se o uso de determinadores de umidade precisos.
10.1. CONSEQUÊNCIAS DOS ATRASOS NA COLHEITA:  
­ Quebra de grãos (arroz trincado pelo sol).
­ Perda de qualidade (baixa a quantidade de grãos inteiros).
­ Perda de quantidade (baixa o rendimento de engenho e perda de peso do arroz na lavoura).
10.2. CONSEQUÊNCIAS DA COLHEITA ANTECIPADA  
­ Perda de qualidade (muitos grãos imaturos e gessados).
­ Perda de quantidade (muitos grãos ainda estão na fase de massa e fase gessada, por isso 
ocorre redução na produtividade e no rendimento de engenho).
­ Muita quebra de grãos (em razão de muitos grãos estarem gessados e fracos).
­ Muito gesso (muitos grãos na fase gessada por falta de tempo de ocorrer a gelatinização do 
grão).

ANEXOS:
Tabela 01 – Fases da cultura do Arroz Irrigado e temperatura ideal para a mesma.
Temperatura ótima  Temperatura Crítica
Fase da Planta (ºC)  (em (ºC)
Germinação 18 a 40 < 16 e > 45 Redução de crescimento
Crescimento e desenvolvimento 25 a 31 < 9 e > 33 Redução de crescimento
Diferenciação do primórdio floral,  25 a 30 < 15 e > 36 Esterilidade
antese e polinização.

Tabela   02   –   Principais   Herbicidas   utilizados   no   município   na   cultura   do   Arroz   Irrigado,   suas 


dosagens e suas indicações.
Forma de  Natureza 
Produto Dose Indicação
aplicação física
Sírius 60 ml/ha benzedura Líquido Pelunquinho, chapéu­de­couro, canevão 
pequeno
Invest 57 g/ha benzedura Granulado Pelunquinho, chapéu­de­couro, canevão 
pequeno, e tiririca.
Gladium 125 g/ha benzedura Pelunquinho, chapéu­de­couro, canevão 
Pó pequeno, e tiririca.
Ally 3,3 g/ha benzedura Granulado Marrequinha e chapéu­de­couro 
(aguapés) 
Gamit **** pulverizado Líquido Mimoso e canevão
Whipp’s 50 ml/20l água pulverizado Líquido Canevão
Nominee 125 ml/ha pulverizado Líquido Canevão fase + desenvolvida
Aura+Dash 850ml+350ml pulverizado Líquido Canevão em qualquer fase 
Facet DF 0,5 kg/ha Pulverizado ou  Canevão ­ desenvolvido

em benzedura

Tabela 03 – Principais Inseticidas utilizados na cultura do arroz irrigado do município, para o controle 
da Bicheira­da­raiz (Oryzophagus oryzae).
Forma de  Natureza  Indicação
Produto Dose
Aplicação Física
Standak 250 FS 1 litro/15 sc  Imunização Líquido Tratamento de sementes, visando 
semente o controle da bicheira­da­raiz
Furadam líquido 500ml/ha Benzedura Líquido Bicheira­da­Raiz
Furadam granulado 5kg/ha Espalhado Grânulos Bicheira­da­Raiz

12
Tabela 04 – Principais Inseticidas utilizados na cultura do arroz irrigado do município para o controle 
do percevejo do colmo (Tibraca limbativentris) e do percevejo do grão (Oebalus porcilus).
Forma de  Natureza  Indicação
Produto Dose
Aplicação Física
Tamaron 500ml/ha Pulverizado Líquido Percevejo do colmo e do grão
Azodrim 500ml/ha Pulverizado Líquido Percevejo do colmo
Simithion Pulverizado Líquido Percevejo do colmo e do grão

Figura 01 – Ponto de Algodão do Arroz.

Figura 02 – Desenvolvimento da Panícula do Arroz.

Figura 03 – Floração do Arroz.

Figura 04 – Fase Leitosa do Arroz.

13
Figura 05 – Fase pastosa dos Grãos de Arroz.

Figura 06 – Fase de Maturação dos Grãos de Arroz.

14
Ervas Daninhas

Foto 07 – Aguapé (Heteranthera reniformis)

Figura 08 ­  Angiquinho (Aeschynomene rudis).

Figura 09 – Sagitária (Sagittaria montevidensis)

15
Figura 11 Figura 12:  Capim Arroz
Erva de Bicho (Poligunum spp) (Echinochloa­cruz­galli).

       

Figura 13: Grama Boiadeira (Luziola peruviana).    Fig. 14: Capim macho (Ischaemum rugosum)

    

Figura 15: Cuminho (Frimbistylis miliacea)              Figura 16: Junquinho(Cyperius difformis)

       
    

16
                     
 Foto 17 – Cyperus esculentus      Foto 18 – Cyperus ferax.             Foto 19 – Cyperus iria

Foto 20 – Adulto da Bicheira da Raiz                   Foto 21–Larvas da Bicheira da Raiz

   
Foto 22 – Broca do colo                                 Foto 23 – Coração morto
(Elasmopalpus lignosellus)                             Dano causado pela Broca do colo.

      
Foto 24–Percevejo do Colmo                           Foto 25 – Percevejo do Grão

    

17

Você também pode gostar