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Organização e digitalização:
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111sano
do
exercício de viver. Refiro -me a Dias e
Noites, poesia, de Paulo Hecker Fi/ho
e Nur na Escuridão, romance, de
Salim Migl/el.. Em ambos, o impulso
de caplllrar. nl/ma SI/li/leia de
palavras, o hálilo, o odor. a carnadl/ra
daql/eles que enredam seus afetos aos
nossos nessa voragem, às vez
diverlida, li que chamamos vida,"
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165
LUX ]ORNAL ,
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Diário de Pernambuco - Recife - PE
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Data: 12/09/2001 I
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VIVER
Antônio Torres: prêmio e fama
Luciana Veras
especial para o DIARIO
Ele
•
começa a entrevista refutando quaisquer noções de que seja mais aclamado lá fora do que no Brasil.
"E uma impressão errada", vaticina o baiano que, na semana passada, viu Meu Querido Canibal dividir
com Nur na Escuridão, de Salim Miguel, os R$ 100 mil do prêmio Zaflari & Bourbon de literatura,
entregue no fim da 9ªJornada Literária de Passo Fundo ao melhor romance de 2000. Ao ressaltar que o
reconhecimento de crítica e público o acompanham desde o início da carreira, nos já longínquos
primeiros anos da década de 70, Antônio Torres não só paga tributo a todos os que já o elogiaram mas
também deixa claro o importante papel que exerce na literatura contemporânea tupiniquim .
Ou um "lugar bem confortável", como prefere o autor de mais de uma dezena de livros e vencedor do
prestigiado prêmio Machado de Assis do ano passado. Números são válidos para confirmar os
argurnentos do escritor nascido no Junco ("hoje é Sátiro Dias ", corrige a si mesmo), pequeno município
encravado no sertão baiano. Essa Terra, sua obra rnais famosa, encontra-se na 15· edição. Publ icada
em 1976 com a espantosa tiragem inicial de 30 mil exemplares, já vai na casa dos 150 rnil vendidos.
Tem tradução em 15 idiomas e lugar fixo na lista de leituras obrigatórias n Sorbonne e nas prateleiras
das livrarias, onde reside uma edição especial lançada em junho para comemorar os 25 anos de
existência.
Ainda é cedo para determinar os caminhos que o novo "filho" de Torres percorrerá no mercado, mas
não é exagero apostar que o livro vá tão longe quanto os títulos anteriores. Redigido após uma rigorosa
pesquisa na qual o autor imergiu por quatro primaveras, Meu Querido Canibal (editora Record, 188
páginas, R$ 22,00) versa sobre um gigante de dois metros e 14 mulheres, cujos hábitos alimentares
incluíarn lordes portugueses, apelidado de Cunhambebe.
Essa figura história, qual o escritor tropeçou enquanto coletava dados para outro livro, era o grande
personagern pelo qual ele ansiava. "Ele foi o primeiro grande herói brasileiro, que uniu as tribos
indígenas e fez o pau comer", cornenta o autor sobre aquele que de 1554 a 1567 presidiu a
Confederação dos Tamoios. O que menos importa são as características do protagonista. "Escravidão
ou morte, essa era a questão", aponta.
A fim de abordá-Ia com propriedade, o ex-publicitário, que agora se orgulha de viver de sua produção
literária, se afundou em referências bibliográficas e arquivos do passado. "Meu Querido Canibal foi uma
experiência fascinante porque eu estava escrevendo uma história que não existe. O índio é excluído da
História", expõe. "De um pedacinho de fatos, fiz uma colcha de retalhos, jogando o molho do ficcionista
em cima, com sal e pimenta", brinca.
Torres diz que o livro, uma canibalização histórica e literária, vem sendo estudado em ambas as
disciplinas em escolas cariocas e que isso é o de mais gratificante. "Até agora os historiadores têm se
referido à pesquisa como irrepreensível", conta. Essa precisão tem garantido cadeira cativa para o autor
em diversos eventos. Até fevereiro, o baiano terá passado por São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e
França, onde fica os primeiros dois meses de 2002.
Aproveitará o tempo para fuçar a vida de René Duguay-Trouin, corsário de Luís XIV responsável pelo
"seqüestro" da Cidade Maravilhosa em 1711, candidato a personagem principal do projeto vindouro.
Alguma visita ao Recife em rnente? "Estou com saudades daí. A última vez que estive em Pernambuco
foi durante a feira do livro em 97. Quero voltar para cantar o Frevo N° 2 de Antônio Maria", confessa
Antônio Torres, que, acostumado ao ir e vir do ofício, se define corno um retirante. Antes de mais nada.
-
165
LUX]ORNAI.
Jornal da Tarde - São Paulo - SP
7 1
Data: 17/09/2001
Vijriedades
Escritores e leitores unidos na mesma conversa
o projeto Esquina da Pa lavra, Qu e começa hoje no Itaú Cul tural, vai prom ove r co nversas informaIS com autores, de vánas
editoras e de áreas distintas
Toda noite de lançamento é a mesma coisa. Você fica horas em uma fila de autógrafos e ganha.
no máximo, um sorrisinho agradecido do autor esgotado.
Foi pensando em tornar este encontro mais produtivo que Milú Villela, presidente do MAM/SP,
criou o projeto Esquina da Palavra, no Itaú Cultural.
Para organizar a programação e mediar os debates, ela convidou - por indicação do esc ritor e
religioso Frei Setto - Claudiney Ferreira, que apresentou durante 18 anos o programa de rádio
Certas Palavras, em várias emissoras de São Paulo.
Quem abre a programação é Robe rto Drummond que lança, em São Paulo, O Cheiro de Deus .
O romance mistura realidade e sobrenatural - marca do autor de Hilda Furacão - para narrar a
saga de uma matriarca mineira. Ele conversará com o público sobre sua obra, seu processo de
criação e projetos futuros.
Também estão agendadas conversas com personalidades , encontros entre autores e saraus. No
dia 24, os esc ritores Salim Mi ~de Nur na Escuridão, e Antonio Torres, de Meu Querido
Canibal, ambos vence ores do Prêmio Passo Fundo, comentam seus romances.
Esquina da Palavra - hoje, às J 9 h, no Itáu Cultural (Av. Paulista, 149, tel.: 3268- J 700). Grátis.
Fernanda Nogueira
'Escritores recebem
prêmio na Jornada
'NUR na Escuridão', de Salim
MIgUel, e 'Meu Querido Canibal", de
Antônio Torres, são os vencedores
do PrêrnJo Zalfart&Bourbcn de Lite-
ratura. Os escritores dividem o prê-
mio de R$IOO m1l. "A Cocanha', de
José Clemente Pozehatto, recebeu
menção honrosa. O Prêmio Passo
Fundo Zalfart & Bourbcn de LItera-
tura foi anunciado no dia da abertu-
ra da 9' Jornada Nacional de Litera-
tura de Passo Fundo, na última ter-
ça-feira. A ComJssão Julgadora foi
composta pelos escr1tores Ignácio de
Loyola Brandão, Luís Coronel, Deo-
nÍslo da Silva, e pelos professores
doutores Paulo Becker e Tânia Rõ-
_sIng. Ajornada termina no dia 31.
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L;' rV G VI!j!< v])O.J
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professores Alvaro Alves de Faria e Carlos
Felipe Moisés, traça uma ponorômica do
poético dos sessenta . Os cotorinenses
NO.f/j)e2 rb 2«JO n~ 00
dividem a obra com, entre outros, Jorge
Mautner, Claudio Willer, Roberto Piva, Bruno absorver seu conhecimento em projetos
Tolentino e Carlos Felipe Moisés. gráficos, enquanto o gigante do mercado
Dos catarinenses morando fora do literário Cio . das Letras, de Roberto Schwartz,
estado, saíram dois novos romances com pretende distribuir os livros editados em
Salim .l1l:qll~! boa aceitação no praça . Deonísio do Silvo Chapecó .
lançou "Os Guerreiros do campo" (leio A receito do sucesso parece simples:
mJ\\JJlt
, entrevista com o escritor na página 8), pela
Siciliano, e Godofredo de Oliveira Neto
pelo menos não existe nenhum ingrediente
miraculoso. Como toda editora un iversitária,
editou "Marcelino Nambra", pela Novo tem uma comissão que analisa e aprova os
Fronteiro, obra que está ambientado em obras que serão publicadas . A equipe que,
Santo Antônio de Lisboa . Pela editora literalmente, pãe a mão na massa é formada
Movimento, de Porto Alegre, o romance por Hilário dos Santos, Gisele dos Santos,
"Geração do deserto", de Guido Wilmar Marli Maronesi, sob a direção segura do
Sassi (que serviu de base ao filme "A Guerra editor Valdir Crigól. "Temos qualidade de
dos Pelados", de Sylvio Back), chega à projeto gráfico e conteúdo muito
terceiro edição. Vale o registro também do interessante. Somos uma equipe que lê
LUZ NAS TREVAS reimpressão de "Chico Pelego", de Aula muito, pesquisa muito, tento inovar. Somos
Sanford de Vasconcelos, contador de três funcionórios, todos jovens, abaixo de 27
Salim Miguel teve seu livro "Nur no
histórias que abordo nesse texto aquela anos. Todo mundo é muito dinômico e
escuridão", editado pela carioca Top Books,
importante figuro da história do Contestado. buscamos fazer um trabalho coletivo,
escolhido como o melhor romance do ano
pela Associação Paulista de Críticos de Arte. trocando muita idéia", é o resumo do ópera,
,
Mos sua distinção mais preciosa veio do nas palavras de Marli Maronesi.
O O ESTE MAIS Vi síVel
público e da crítica . A obra ganhou póginas
e páginas da grande imprensa especializado Entre as editoras catarinetas, a de
FÔ LEGO UNIVERSITÁRIO
,
e, como uma alimenta a outra, alçou um maior visibilidade neste já moribundo ano do
.- raro desempenho nas livrarias, esgotando senhor foi a Griffos; casa editorial da Paro a mais tradicional editora
rapidam ente d uas edições. Uma terceira Unoesc, de Chapecá. Com apenas três anos universitária catarinense, a EdUfsc, 2000
tornada está para ser servida, ainda neste de estrada e quatro dezenas de livros não foi um ano bom. Uma greve de três
fim de ano. Com o vento favorável de lançados, a Griffos nem parece editoro meses dos funcionários da universidade e,
leitores e críticos, Salim se tornou o universitária, ainda mais de uma cidade depois, uma reforma na gráfica quase que
refe,êncio mais recorrente da literatura interiorana de um estado fora do eixo. paralisaram os trabalhos no primeiro
destas plagas. Afinal, levando-se em conta o Exclusivamente pela qualidade de suas semestre. Mesmo assim , deve terminar o ano
pouco espaço que há para o livro no produçães, vem recebendo prêmios e com 45 títulos lançados. Segundo o editor
imprensa brasileira, "Nur.. . " foi um angariando reconhecimento do imprensa Alcides Buss, o primeiro compromisso da
verdadeiro fenômeno, com generosa nacional especializado. editora é com a publicação de livros
atenção da mídia. Todos os livros de Machado de Assis acadêmicos, para 3" grau e textos de cunho
O autor explica o bom desempenho do serão relançados com novo projeto gráfico e universitário com divulgação científica.
romance pela fuga 00 convencional. "Não é comentários da organizadora da coleção,
um romance histórico com estrutura linear; professora Ana Luiza Andrade, PHD sobre o
joga com labirintos, desvios, compõe-se de autor do Cosme Velho . Os dois volumes já
blocos, períodos, jogos, ires e vires, com publicados, "A Cosa Velha " e "A Cartomante",
uma linguagem cinematográfica", define tiveram seu projeto gráfico premiado. Outro
Salim. Além do mérito literário, contribui lançamento premiado foi "Uma Histária
para seu desempenho o fato de ser o Crítica do Fotojornalismo Ocidental", de
primeiro romance de ficção que trata da Jorge Pedro Souza, de Florianápolis, em co-
,
imigração libanesa para o Brasil. O estranho edição com a Letras Contemporôneas . Exito
título também ajudo : os pessoas querem de público também é a coleção "Histárias ao
saber o que é "nur". O esmerado tratamento pé do ouvido", dedicada ao público infanto-
g ráfico da edição acrescenta o atrativo final. juvenil.
Confirmando os ventos favoráveis, o A Griffos está em pleno expansão,
recém lançada "Antologia poética da inclusive com muita procura de autores de
Geração 60" inclui três catarinenses de boa outros estados. Vem sendo assediada por
safra: Lindolf Bell, Péricles Pradp e Rodrigo distribuidores e grandes editoras nacionais
de Hora. Lançado pela Editoro Nankin, de em busco de parcerias, como o Editora do
São Paulo, o volume organizado pelos Universidade Federal de Minas Gerais e o
Cio. das Letras. A primeira interessada em
4-
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
009 - PR~ MIO dividido. Diário da Manhã. Passo Fundo, 29 ago. 2001. Chamada de capa
Prêmio dividido
o Prêlllio Passo Fuudo
Zaffa ri & Bourboll saiu para
dois escrilores. Salilll Miguel
e Aulôuio Torres dividiralll os
R$ 100 lIIil eulregues pelo
prefeilo Osvaldo GOllles e
pelo poera Luís Corol/el
Págs. 6 e 7
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.2 SÁBADO, 1" f)E SETEMBRO f)E 2001 CULTURA
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A Universidade de Passo Fundo agradece aos
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& A Universidade de Passo Fundo agradece aos .
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patrocinadores por ajudarem a escrever uma nova página 1- patrocinadores por ajudarem a escrever uma nova na r
no apoio à cultura deste país. no apoio à cultura deste país.
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, A NOTíCIA
Santa Catarina
• escritor
catarinense.
um mestrado de Hnguas estrangeiras
aplicadas a negócios internacionais.
Avontade de traduzir Salim teve
ajuda do acaso. Ela estava interessada
em fazer um trabalho, na área de litera-
"Primeiro de tura, sobre migração. Pesquisando na
Internet, acabou encontrando o nome
Abril: al'rativa' do escritor, que nasceu no Líbano e
chegou em Santa Catarina ainda crian-
da Cadeia" e ça. "Estava em Paris num colóquio
sobre o Brasil, e fui conversar com uma
"Nur na das participantes, que morava em Bra-
silia. Perguntei se conhecia o autor, e
~~sCUl'ldão" . descobri que ela era ninguém menQs
que a nora dele", divene-se.
estão sendo A coincidência permitiu que os
contatos fossem facilitados, agilizando
traduzida' pmu o processo. A previsão é que "Narrati-
vas da Cadeia" seja publicado em outu-
o françê bro de 2005, ano do Brasil na França,
pela Editora L'Harmattan, que está
abrindo espaço para escritores sul-bra-
sileiros. "Existe um interesse dos fran-
DEWANAIU55 ceses pelo Brasil. Eles gostam porque é
exótico", conta a professora. Já "Nur"
lorianópolis - As obras "Primeiro deverá ficar para 2006, provavelmente
F de Abril: Narrativas da Cadeia" (Edi-
tora José Olympio) e "Nur na Escuri-
por uma editora maior.
Luciana já tem experiência com
dão" (Topbooks), ambas do escritor tradução. Ela passou para o francês
Salim Miguel, deverão ser traduzidas "Péquod", de Vitor Rarnil, e "Valsa para
para o francês. A responsável pela ini- Bruno Stein", de Charles Kiefer, que será
ciativa é a professora Luciana Wrege lançado em maio. "A obra de Salim é
Rassier, gaúcha de Pelotas que há dez ótima. Acho que 'Narrativas da Cadeia'
anos mora na França. vai gerar interesse por falar da época da
Formada em letras e literatura ditadura", avalia a tradutora, que esteve
brasileira, com mestrado sobre Guima- com o escritor e sua mulher em Roria-
rães Rosa e doutorado sobre Raduan nópolis. Ela conta que a visita a capital
Nassar, Luciana deu aulas sobre litera- catarinense também serviu para assina-
tura brasileira na universidade de tura de um convênio com a Secretaria
de Estado da Educação e Associação
Catarinense das Fundações Educacio-
nais (AcafeJ, para intercâmbio de
docentes e alunos, organização de
encontros e publicações.
o Anjo
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
013 - SALIM Miguel. Diário Catarlnens • . Florian ópolis, 22 seI. 2009. Guia Hagah .
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www.hagal1.com.br
5
Sábado, 12/4/2003
u, .. vv .......................... .
apresentações diárias do
músico Fábio dos Santos
Schlosser.
NUI' Oex-diretorda
editora da UFSC, Salim
Miguel, acaba deganllar uma
terceira edição pela editora
Top Books da premiadíssimo
livro Nur'la EscllIidà1J como
melhor romance do auo, da
Associação Paulista de
Críncos deArte, ePrêmio
Zaffari & Bourban, da 9"
Jornada Nacional de
Literatura de Passo Fundo,
além do troféuJuca Pato eo
Doutor HO/lOris Causa pela
UFSC
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arlnense remlo,
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UI.OG... h.te, nel. www.quirogo.net E-mail: ostro@o-quirogo.com
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
017 - LIVROS . Nur na Esguridão. Linguagem Viva . São Paulo, 8 out. 2002 . p.7.
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oncursos I '",' J
Ivros
POÉSIE OU BRÉSIL, antologia, 2° volume, orga-
Inscrições Abertas: nizado por Ademir Antonio Bacca, traduções de Haidê
Vieira Plgatto, edição do Projeto Cultu ral Sur/Brasil,
PRÊMIC!l 'N€WTON PAIVA DE LITERATURA CONTO's E CRÔNI- 164 páginas. Um livro editado para um público que
CAS, promovido pelo Centro Universitário Newton Paiva, de Belo Ho- fala o francês, com a participação dos poetas Adélia
rizonte , patrocinado pelo Credicar e Telemig Celular, com premiação Woellner, Ademir Antonio Bacca, An gela Togeiro ,
de R$ 3 mil, R$ 2 mil e R$ 1 mil para os classificados em 1°. 2° e 3° Beatriz Alcântara, Débora Novaes de Castro, Eliana
lugares de cada categoria. Os trabalhos devem ser enviados em cinco Sebben Pedrotti , Eunice Bueno, Fernanda Frazão,
Fernanda Galheigo, Haidê Vieira Pigatto, Jacob
vias , identificados com o título e pseudônimo do autor. Em envelope
Selbach , João Carlos Selbach , Ju lieta Taranto ,
lacrado contendo a ficha de inscrição com os seguintes dados: nome, Lourdes Sarmento, Marciano Vasques, Marilú Duarte,
endereço completo, e-mail, idade e número do documento oficial de Neusa Peres, Nina Tubino , Remy de Araújo Soares,
identidade. Mais uma declaração de que a obra é inédita. Modelos da Ritamar Invernizzi, Roberto Stavalle, Rosa Maria B.
ficha de inscrição e da declaração estão disponíveis no site Cosenza de Oliveira, Rosemari De Gaspari Foppa, Silva Barreto e Sueli I
www.newtonpaiva.br. As obras devem ser enviadas para a Rua de Freitas Ino.
Goitacazes, 1762, Barro Preto, CEP 30190-052, Belo Horizonte, MG.
TRANSVERSAL DO TEMPO, contos e crônicas,
Cada concorrente pode inscrever apenas uma obra por categoria e
de Francisco de Assis Nascimento, Editora Kelps, 116 T IL"'ITRS.\L
cada obra deve ter, no mínimo, 3 laudas (crônica) e 5 laudas (conto). páginas. O livro, laureado com o Prêmio Nacional DO Tl.\wo
Para ambas as categorias o máximo é de 15 laudas. Mais informações Literário Benedito Rodrigues Nascimento, reúne vin-
•
pelo telefone (031) 3295-6200. te e seis trabalhos do autor goiano, conhecido como
6° CONCURSO PRÊMIO MISSÔES, promoção da Igaçaba Produ- bom poeta, mas com os contos e crônicas ora apre-
ções Culturais e órgãos oficiais da municipalidade, inscrições até o dia sentados se revela um prosador, esbanja talento e
14 de novembro, tema livre, contos (linha clássica: narrativa breve, inscreve seu nome no rol dos bons escritores
com diálogos e final surpresa), crônicas estilo livre, com ou sem diálo- goianos.
go) , poesia (versos metrificados e com rima) e trovas. Os trabalhos
deverão ser inéditos, datilografados ou digitados em espaço dois, em NUR NA ESCURIDÃO, romance, de Salim Miguel,
i papel ofício , em 4 vias, subscrito com pseudônimo, podendo inscrever
Editora Topbooks , '2" edição, 258 páginas. Este livro
ganhou o Prêmio APCA (1999), romance autobiográfi-
, até dois trabalhos por categoria, sem utilizar pseudônimo usado em
co, conta a saga da sua família, libanesa, que chegou
concursos anteriores. Em envelope menor, separado, sem identifica- ao Brasil em maio de 1927 e se lSbLUteleceu em San-
." ção externa, incluir informações sobre título do trabalho, pseudônimo , ta Catarina. Sua leitura, como tudo que Salim Miguel
\ I'
nom'e, xerox de identidade e endereço completo do autor, mais u escreve , encanta e enseja o conhecimento da impor-
resumo biográfico e foto 3x4 (para divulgação dos vencedores e p ubli tante contribuição dos descendentes de libaneses, um
cação no livro, se for classificado). Remeter para: 6° Prêmio Missões, contingente de seis milhões de brasileiros, na forma-
Rua Padre Nóbrega, 245 , Roque Gonzales, RS , CEP 97970-000. ção sociocultural da nossa nacionalidade. A obra de
Premiação: os classificados em primeiro lugar receberão o troféu Salim Miguel, laureado este ano com o troféu Juca
Igaçaba. Pato, em decorrência de sua escolha como Intelectual do Ano, está mere-
cendo uma reedição e a importância de seus traba-
Resultados: lhos justifica a proposta.
RESULTADO VII PRÊMIO ESCRIBA DE POESIA: 1° lugar: João A SEDUÇÃO DA PALAVRA, ensaios e crônicas, de
Goulart de Souza Gomes (Salvador, BA), 2° lugar: Igor Teixeira Silva Affonso Romano de Sant'Anna, Editora Letraviva, 246
Fagundes (Rio de Janeiro, RJ), 3° lugar: Carla Ceres Oliveira Capeleti páginas. Quem habituado a ler os textos do autor pu-
blicados aos sábados no caderno Prosa e Verso do
(Piracicaba, SP). Mençôes Honrosas: Elbea Priscila de Souza e Sil-
jornal O Globo, se reencontra com o prazer através da
va (Caçapava, SP) , Demétrio de Azeredo Soster (São Leopoldo , RS), leitura das crônicas deste livro e também enriquece
José Carlos da Silva (Jandira , SP) , Marcus Vinicius Teixeira (Rio Com- sua cultura com os ensinamentos transmitidos pelos
prido, RJ). Maria Elizabeth Candio (Palmas do Tremembé, SP), Flávio ensaios, que reunidos representam mais um bom tra-
Vila-Lobos (Cé\,mpinas, SP) e João Edesson de Oliveira (Sobral , CE). balho do grande escritor.
Selecionados para a Antologia: Maria Helena Hess Alves (Vitória,
ES), Loíde Rita Pizani da Silva (Limeira, SP), Carmen Moreno (Rio de
Janeiro, RJ), Maria Cristina Ehmke Carvalho (Bauru , SP), Carlos Tradição eln anúncios
Augusto da Luz (Foz do Iguaçu , PR), Cleilson Pereira Ribeiro (Barro,
CE) , Silas Corrêa Leite (São Paulo, SP), Antonio César Ribeiro (Dois
legais e financeiros
Vizinhos, PR), Benedito José Almeida Falcão (Cerquilho, SP) , Vinicius
(QJmprinclo Q lei 6.604176)
"
Olanda de Castro (Santos, SP), Tanussi Cardoso (Rio de Janeiro, RJ ), E ECONOMIA C E RTA
João de Abreu Borges (Rio de Janeiro, RJ), Mary Fe rreira Borges de
Castilho (São Paulo, SP), André Bueno Oliveira (Piracicaba, SP), Sér- JORNAIS PARA TERCEIROS
gio Bernardo (Nova Friburgo, RJ), Sarita Barros (Bagé, RS). Vanderlei
Oliveira de Timóteo (Belo Horizonte , MG), Patrícia Claudine Hoffmann
A TRIBUNA
OIARIO MATUTINO PlRACICABANA
Rua Rangel Pestana, 94
- Piracicaba -
(Joinville, SC) e Márcio Davie Claudino da Cruz (C uritiba, PR) . FUNDADO EM 01 -08-1974 Telefax: (Oxx19) 3433-3099
•
DIÁRIO CATARlNENSE 5
ROBERTO SCOlA/ocfFlORIANÓPOUS
•
•
Salim Miguel, que só falava árabe, ganhou da rofessora um tinteiro or dominar o português
LITERATURA
o res, autor de Meu Querido pela Associação Paulista de Crí- tória de unta família de imigrantes
Canibol (Record), e Salim ticos de Artes (APCA).
Miguel, deM/J'na Escuridão (Top-
libaneses no Brasil, a prutir dos
Na opinião de Torres, há unta anos 20aos 50. "Nesseperiodo,afa-
Rio -que o escritor considera0 pri-
meiro seqüestro carioca Já Miguel
trabalha num projeto intitulado Vi-
books), participam hoje da Esqui- certa afinidade entre as duas núIia vai deixando de ser libanesa t'era Vida-Narmlivasde umExi-
na da Palavra, no ltaú Cultural, um obras. "São dois livros de história, para se tomar brasileiro", disse Sa- lio fiO que dá contimtidade a
projeto que busca promover o en- escritos por romancistas." M eu lim Miguel. Porisso, no primeiro ca- um de seus livros Primei'to de
l
contro de autores e leitores. Com Querido Canibal tem como prota- pítulo, há muitas palavras de ori- Abril. Migtlel era assessor de Im-
esses romances, eles divicliram re- gonista ("Ação é personagem,já di- gem árabe, que vão se diluindo ao prensa do governo de Santa CataI;-
centemente o Prêmio Passo Fundo zia Fitzgerald", citou Torres) longo da obra Nur significa luz em naem 1964, quando foi preso pelo
Zaffari & B~ ' lfbon de Literatura, Cunhambebe, lideI' dos tamoios e árabe. Antes do lançrunento, em regime que se instalava
tlfl1 dos mais importantes do País. aliado dos franceses na luta contra 1999, Miguel achava que o títt~o do
"Foi uma hOf\fa dividir o prêmio os portugueses no século 16. livro poderia atrapalhá-lo, mas
com Salim Miguel, um nome impor- "Quando ele pisava o chão, fazia acha que aconteceu justamente o
tantíssimo das letras brasileiras, a terra tremer", diz. "Meu livro é contrário. "O estranhanlento aca- Esquina da Palavra. Com
wn dos organizadores da revista unta canibalização da história e da bou ajudando." SalimMigueleAntonio
Pi.cçôes", diz Torres, No ano passa- literalura; talvez o maior ganho da Torres prepara agora um livro Ton'es. Hoje, às 19/w1'Us. Itaú
do, ele recebeu o Machado de As- obra tenha sido pessoal, pois ela sobre o pirata francês René Du- Cultural, AvenidaPaulisla,
sis, concedido pela Academia Bra- mudou meu olhar para a história." guay-Trouin, corsário do rei Luís 149, tel. 3268-1832
EVENTO
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
023 - HOMENS de letras são consagrados no ano . Diário Catarinense. Florianópolis, 31 dez. 2001 . p. 12.
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HOMENAGEM A SALIM
Com cinco décadas dedicadas 00 livro, o premiado escritor cotorinense Salim Miguel recebeu homenagem oficial
do Câmara Municipal de Florionópalis, no Palácio Dias Velho. A distinção, aprovado par una nimidade, foi pro"
posta pelo vereador Márcio de Souza, logo após o escritor ter conquistado o Prêmio Zcfforj & Bourbon de litera- ~
tura, com o livro "Nur no Escuridão" . que relata o desembarque de imigrantes libaneses no Rio de Janeiro. Pre- O
sentes na solenidade, o mulher Eglê Malheiros, o fi lho Paulo Sérgio, neto e irmãos, além dos am igos Alcides 8us>, (
Adolfo Boas Jr. e Jair Hamms. No clic: vereador Márcio de Souza, Eglê Molheiras, Solim Miguel, Jair Homms e o O
verecdor Jaime Tonello (presidente do Câmara Municipal). ç
O
Luz scura
Luiz Tito Carvalho anda
azedo: depois de disp arar
contra Sin laden e os ini-
migos da América, o po lê-
mico advogado mira sua
metralhadora giratória em
direção ao escritor Salim
;, Miguel:
o "Infelizmentl', e não es-
, tou sozinho nesca postura,
a adotada silenciosamente
>, por pessoas igualmente
credenciadas, discordo com
I, veemência das homenagens
o e elogios emprestados a
NUR, o livro premiado do
escritor catarinense, por-
o que, após acurada e atenta
I. leitura, nada de novo me
o• transmitiu, nada me mos-
trou, nada me disse, além
das patéticas e triviais ob-
viedades do cotidiano da
vida de todos nós."
imi~Tan{eS liba n enst!s. . \ obra da. Top- ri as e liban ~ ses ~ m::tlS rarn :l1nua . Tcm
buoks Edilora. du Riu de Jun";TO. pus,,,i um esmüioso ~ m Sa nta Cat:Jnna 4ue j'S -
! 58 p(l~ ,nu s e td um dos po ucos lTuba- lã faze ndo um levantamento Jt:! tudo 4Ul:
lhus lu.n\-'ados nu Brasi l t il/I! /ulu ela. cc- c xi~te Je Jucumenws. an l~OS . Jepu l·
nia libont!!)Q.. ITIt.!nLOS. livros repon::.u~ens dt:! "\lnos lO! li ..
. 'urural dt:! FOrSSUlI.TOUll, Llbul1.u. Sa- h;meses. Elt: Üi ss~ q ue não ~ht!!Ja m a J Ot J
lim .\-Hg ud ,..'hegu·" au Brasil ainda rÍtulos re unind o tudo . Então \) mt:u ro
L'nunçu. Dt!pois dI! dt:i;~ar j) intm,OT do m::tnl..!t! dlt;~ga num momento upo nuno ':,
Ri.u de Jantdro. de se,!!unt. l'om a família
paru J:Jig uaçu. onde perm l1.necetl. elos DC - O Uvro tem 30 capitulos d ividi -
L·llll.:U aos 1Q anos. "Cosrumu di::;er qut! dos em cinco blocos. Esta divisão foi feita
suu u.m L'ic1aLlii.o I:r.bano -biguaçu.t!nse ". justamente para ajudar o leitor neste vai-
brinL'u o t!SC.:n.WT. O li't.'TO jUfI. um pa::;seiu vém no tempo?
~n{Te 8i;jtlaçu. e Florianópolis. dú um SM - Sim. O p.-iml;;.'iro blol..!o ~ o m ;H S
p u lo au inu!1io T do Rio ut! .Janeiro. Pu.s- ~x{enso com malS de 2U c::.tp ttuJos. dt! L'
SLL ropidamtmce por dois l11tmi....·ípios li- narradu a hiscoria da tanuH:.t e dos pcno-
IJQH~::H:!S t! em lvluTSdho. na Frnnça. '.,-0.- Jus q ut! e,l a V~tI a travessando_ UeptJis se -
'r'Ulltlo u crajeco Llesce!S imigranc.e!S. "São gue cum o utrus va nus blocus, u m ddt!s
li pena s jraglnencos de minlw genLe qu.e chamado Fios qut:! traz coisas 4ue n:-Io I'U -
escü.o no li'l .'TO ", cufiLt1lla. O IJTojecu t2 um r:l m defi nidas no pri meiru. mas que se -
anci~o !Sonho .seu . foram quuse dois rão rcsulvidas nesu!. J~i /Jertl.:; tra z ;tl.gu-
u nus rrlloolhulld.o na hust'u úe j'1ton11U- mas pt!ssoas quI.:! ma.rcaram :1 V IJa J~I fa-
<;Õt?s tllTaws ele pt!squi.sa. <.Ít!puimt!'J1cos e mília . Em Morces são narraJas as ~rthl!)
[t!'L'onLammw:-õ de dados. O resultad.o é de se us inte~r:Jntes. Como dá pra 110[:lr.
uma obra cun'm;a L,ue nuu H! 't.'e a p r e .. nào SI;;.' tra la ut:! um rornam..'t! IinL':Jr L'ull1
lt!llSÜ.O de nQ7TD.r a his((j ria do Brasil. comt!~o. mdo e ti m . em bora eu ;lcht! 4ue
mo.8 sinl eunui-la acra'l.·tts das .~7nw ç.'iks d e lem 11Ulção. ou se la. a J)t:!,,-:oa ":n ~m;
~'i'Cülaspor ince~1"a7 1.ces de u'm ajomtlif l t.:lr da história. vai se envolver.
libanesa.
RQBEIrrO SCOLV OC DC - Como foi a escolha do titulo do
Diário datartneose - O que quer dizer MUITOS NOMES: Salim Miguel diz que Nur pode ser símbolo, liberdade e signo Uvro, que não deixa de ser curtoso?
a palavra árabe Nur? SM - Ele teve tn?s litulos. O pri mciru
Salim Miguel - Quer dizer luz. mas po- de uma família, mas que tem como pano Diário Catarlneose - O senhor passou era lvlukul Tu.b quI.! significa "escava es-
Jt! st:! r s ímbolo. lib~nb. Je . o nome ut! de fundo a b.lstórta do BrasU. Como é es- por quatro editoras para poder lançar o crito , aquilo que tem p ra acu n leCer.
uma mulher, um dos nomes de Alá. o u tafamJlia? Uvro. Como foi esta busca? acontece" . Neste meiu lt!mpo aparcceu
um signo premo nitóri o. lIá v:-írios signiti- SM ~ São st!is pt!:>"Soas e t! a minha SM - Passei por quatro t!ditoT:ls. Urna um livro com t!s t~ mesmo no m..: , e ntão
~ados t! ~ u procurei jogar com todos t!les p ro prl a família. ou melhor. tr3gme ntos Jt! São Paulo e três do Rio de Janeiro . tive que trocar. O segundo c r~1 Sem.ences
J~ntro da estnJtura do ro mance . de minh:1 família. Os IlQmt!s sâo tOdos Duas não me n:sponueram. :1 terceira porque po uco antes d o meu pai lalt!ccr.
ve rd:.Il1t:!iros. Jci preveni meus pare n tes aprovou o HVTO no inicio do ano, mas de- em 1481. de me vi u muito aba ladu t! pe-
De - Do que se trata o romance? para ~ue não procurem no livro a s ua pois entrou em crise. Era uma gra nde diu para llue ~ u st:!nt3sst:! ao seu laJo na
SM - F,1a de uma iamilia de imigran- história. Os ~lt:.'mt:.'ntos básicos são mun ~ editor:.s brasileira que não convém citar O cama . Pegou na minha mão t! disst! : " u
les libaneses no período entre 1Q~7 a t~ a cados em c ima do que ia acontecendo. nome, pois es teve pr aticamente pra fe- que você queria , q ue e u ficasse p ra se-
dt!caJ a de 50 . Sua his tória se contunde Por t:!xemplo: O primeiro capítulo que se c har. Se interesso u mas me pediu para mente? " Ac."Ontece llue me :1lert::lram 4Ul.:
com a história do Brasil e suas trans tor- chama Luz. começa que eu segur~sse o pro- com este título meu livro iria ac:!bar na~
mações com a queda d~ Was h.ington com o desem barqut:.' no jeto. Resolvi segurar at'; prateleiras de agricultura (risos) . Depuis
Luiz. a vitória de G~ túlio em 1930, a dia 18 de maio de
'"Ti'Ue a preocupação consegui r Q U(T3 . De re- surgiu NUT .. Na Escuridão que loi uma
chamada Intentona Comunist:J de 1935. 1Q27, no cais do porro pente , a Topbooks do idê ia de meu filho . FiQut!i e m Júvida c
o .~olpe de 1937. a gu~rra de 1<)39. a en- da Praça Mauá, no Rio de fazer com que o Rio. 4U'=! também havia pe rgu ntei pa ra O edito r Jos~ Pt! reira O
trada do Ilrasil na G rand~ Guerra. Tudo de Janeiro . Isso es tá leitor entendesse as recebido o p roj~lo, me que ele achava e ele respo m.leu: "Ou ~::i tc
vai sendo ViSLO. nào atravês de um de- nas seis p rimeiras li- telefonou dizendo que título vai ajuuar a alavancar as vendas ou
mento his tórico, mas a partir dest:1 famí- nhas . De repente, já muitas pala'Uras em o Hvro estava aprovado. não, vamos tentar."
lia de imigrantes. Cinq üenla por cento não S I! está mais no ára.be sem que fosse
da história se passa er,tre Florianópolis c cais do porto. Passamos preciso usar chama- DC - A editora Top- De - O senhor utiliza muitas palavras
Bigúaç u o nde morei dos c inco aos 1 Q para as histórias de um books Já conh.ecia seu árabes no Uvro. Como o leitor vai enteo-
anos. Outra parte vai para o interior do velho, 4ue ~ o meu pai, das de pé de página" trabalho? der seu significado?
Rio d~ Janeiro. em Magé onde io; o pri- que co nta com o foi a SM - Si m . inclusi ve SM - Tive a preocupação dt! faze r c..'O m
meiro lugar 4ue 3 r'amília mo rou . Há ain- sua c hegad a ao Brasil. me conhecia como jor- q ue o leito r e nt~ nde sse e stas palavras
da uma pequ~na parte que em Marselha. Sem saber para onde ir, elt:.' It:.'mbra que nalista . A edito ra é comandada por Jost! sem que fosse preciso usar c hamadas dt!
na Fra nça . e em dois municípios libane- anOlOu numa caderneta o nome e ende- Mário Pereira. que també m ê um jorna- pé de página . Perd~ ria o scnU do c n::io
ses. o Amiun, cidad e natal Jt! minha reço de um patriciu. Ele chama um ruo- lista. Ele ficou muito entusiasmado com seria mais um romance. É um tomt:!io uc
mãe. e Fafssouroun . o nde nasceu meu to ris ta de tá."i que eonhece o local. O o livro também pelo ra to de estannos en- frases pelo qual e u nã o preciso t:.!xp licar
pai. eu e minhas duas irmãs. A famíli a motoris ta é negro c seu filho, com ape· trando no ano "OO!). Pois a obra é sobre colocando em seguiua ua palavra seu sig-
::tumen[Qu depois no Brasil e em São Pe- nas três anos de idade, fica muito espan- uma etnia Que. praticamente. não tem li- nificado . .\ mant:!ira como eu resolvi issu
Jro de Alcântara. 4ue ta mbt!m es tâ no tado porque no Líbano nã o existiam ne- teratura no Brasil, embora os descenden- fo i simples. Tem um capítulo, por cxem-
livro , nasceu minha primeira irmã gros. Es te motorista terá uma importâ n- tes de libaneses no país sejam e m tomo pio, q ue se c hama Nard q ue em po rtu-
brasileira. cia mais tarde na vida desta criam;a e de seis milhões de pessoas, O que corres .. guês quer dizer ga mão , o jogo. O le itur
que é contada mais adiante. li: assim o li- ponde a população do Líbano. vai sabe r do que se tf:1ta no desenvolvi-
DC - Trata-se de uma ficção que fala vro s~gue com situações deste tipo. mento do capitulo.
;,r a z a o
tt
\ut r
caL8 1'in n e Que
c aproximam ou
já pa aram do
80 ano ralam de
ua exp riên ia de
\ ida. da p r pecth'a
de morte d
literatura
Com aúc! .
-
wgundo 1J,l. pf"Ópnu p.W\tt . ) t pudn..r
. . . mr:DdDs.para mostrIttuQllllmlr"a \. .
qurun&\'ll ~. ~•• pr&nCf'. nndo.
CcIdoo,.
dafpoc:a ancp toa tsa_l. leIO iá no tilUAo IMD A 10m ItO
''''' !oi t4 dopob do ......,... _ . pu".<I-
dai qtJIG'O'" comunteS DI obra do tsaWr t'IOIofllfk*
~ IIIQIIU. tempo t lJIIfIPI6nL ·Eu wsnprr:
do pela me\ma Nuora rm 195.5.. quI' S-lllm
achou qUI: o MJ6cio RIo t"Sla\'ll bom r qUlt o O\Ib:onfionçQ.
r\Ii~aIaI~taDlS.ckidrRA ~
anaL A mortr ~ Dr\~ quem ~ um dia
rnttbof era _ UINI ~ ~ rrpor-nw '"'"
.......
peuoale
~ TIado o _ . JtOIf" ~.• dotnça. o
cIo$oan1IlomiIior .. po-... do Pá..-.
manrlll dr f'\Clt\f'f ·flqul" .1 ano' srm
putJücar LO ~ Eu f'lCn!'\lI e l:'MP'·lt. rt!COt
da.. O momo amn&tUU com -O PI'inWItlQ GoJ
"""'.do.
...... ""'•. du. aIIIIpIoQndo quo ,.. .....
to... \-olume df' conll~ pubriado pt"b I"Ifnora
trr inibo ~ anos aam M&lóe t ~
M tIJ..b.Ibo. pua podeI toar ~tt nmos \to\1lnl'l\10 em 19:1.• \10 mt satisfez· :\0\11
parada r_ ~l &nC);I drpoh. tm 1979. ~i .. -,
~ clt 1nT05. aWm. ~ clt \1\'ft' um p0u-
co ID&JS com • ra.mlld., -'Jo tmho qutlQ.)., \btr do Tmtntt- f' CJrulrb 1ones-. pda FAtiO-
n An~ • foi um tnTO pemado. rrpm~ t
todo>p ..... _ - ........ - trabaUwdo. r acabou wnóo t'$(~kkt como o
c.m._
GIII pouco lIIiIb por ~ lido-
Se • mont 010 lm1 duçio. OI lD1Dl .mt.
doo _ SoIIID _ ' ' ' '
mâ t JMb. muco a.a K'm ~ ~lfA
melhor li~"TO dt' conlOt d.o ano·, diZ (Clm o
camanho rtmaJOtrado. 3.Um No parou tn.1l
"dikuIdIdr'" do eKnIOf fcan a ri5;In.
Caam enwrp fnUI&O pouco. *- ~ miai
' - uIbmas P'P-qur eIaf!\'aI. dIdicau" m ...
do._do _ _ .. ~- If'r Para~huma~noCOlllplb
dor _ ...... """' ..... por ... . . . -
me tornando acb \lU mau ncoroso CQIDlKQ
b!SII'IO> \:10 mt ~ CDII a pnmara wn.Io. rtUICL TaIbfIa fJICl dt ea CDn os bn'IIiarh
l!ptAI' dait pn:nso pw ser CEJIbO como IMD t com ~ lIIII!pJIL- ~mbo tNA:I\ conhrcidm."*
CIrpKDIl. t ~ r UIrUf ser UIDl UI. por- poutos uugo".o, da Quilndo ts.tá rasa de "oi
..... f..,...u. COIIInbodo ........ pdo ......
que a:w\aIII05.qut ,ai) ckdenao· . ...--
çio do propno SaLm. _ ... ..alI. . " ' _ _ .....hi SI anc,.. Tn c:onhrrido E@:Ilfoi
rQO:1o..,~
""""""""E#~_·ba
Quais são
os autores
ausentes
o professor Lauro lunkes, presiden-
te da Academia Catarinense de Letras,
avalia que duas grandes ausências na
lista do vestibulares das universidades
catarinenses são VirgOio Várzea e Otbon
D'Eça. Do primeiro, lunkes indica "Ma-
res e Campos", um livro de contos publi-
cado originalmente em 1895 que situa a
Ilha de Santa Catarina e a colonização
açoriana, com histórias de pescadores
e agricultores. De Othon D'Eça, lunkes
considera injusta a não-inclusão do li-
vro "Homens e Algas", publicado pela
primeira vez em 1930 e que relata, por
meio de contos, a vida de pescadores no
litoral catarinense.
A luz da literatura
Livros de memória constituem um
dos ramos da literatura. Não contam
como biografias ou trabalhos de his-
toriadores - baseados em documen-
tos, provas, análises de cálculos e com- Não perca a chance de visitar o
parações para construir, de certa for- site www.libanoshow.cjb.net
ma, uma realidade - as histórias e fa- Nele, é possível obter mais infor-
tos do passado. Existem vários exem- mações sobre o cantor libanês
.,
plos bem-sucedidos de corno a mem6- Karnal, que é natural de Rachaya e
ria, DO fundo, pode se fundir com a reside em São Paulo. Pode ser en-
ficção, como o excepcional Quase Me· contrada também a biografia do
mória, de Carlos Heitor Cony. cantor, imagen s do Líbano, links
O passado, ao ser reestruturado, para jornais e revistas , além de
é manejado, influenciado, trabalha- estarem disponíveis músicas em
do pelo tempo, pode ser cortado em em que, ao se dirigir a um motorista de MP3, a última "onda" na
cenas, idas e vindas, como um ro- táxi, aprendeu a primeira palavra em Internet, possibilitando fazer download para o computador e di spor
teiro cinematográfico, bem ao esti- português: "luz". N ur na escuridão. de suas músicas.
lo de Morangos Silvestres, de A história começa e termina em
Ingmar Bergman. A influência da fins dos anos 70 e início dos 80, mas
linguagem do cinema é uma das tem o núcleo narrativo entre 1920 No site oficial da cantora fairouz -- ~ "1"""_ I ~'"'l-:::-.~"
~ • - r " - -. • -:!""""" - ~-
marcas do livro Nur na Escuridão e 1950. É uma contribuição relevan- www.fairouz.com. o fã vai en- -,~ ,-
(Topbooks, 258 p .), de Sa lim te do autor para se compreender contrar a biografia da cantora e tam-
Miguel, lançado no inicio do ano. como o povo árabe chegou ao Bra- bém informações sobre os Irmãos
Miguel nasceu na vila de sil e criou raízes, mesmo com a sau- Rahbani. O site, em inglês, contém
I
Kfarssouroun, no Líbano, e veio para dade da terra natal. ainda artigos com informações so-
o Brasil trazido pelos pais, em 1927, U ma das epígrafes do livro, de bre álbuns de Fairuz, entrevistas e
quando tinha apenas três anos. O livro William Faulkner, diz: "O passado artigos publicados na imprensa.
remonta a saga da família, que desem- nunca está morto; ele nem mesmo Na seção de interatividade, o
barcou na Praça Mauá em meio a uma é passado". O autor sabe, o passa- intemauta pode assinar o livro de
confusão de vozes em diversas línguas, do vai sendo redescoberto e orga- visitas, escutar clipes e se conectar
menos o conhecido árabe. O pai de nizado pelo leitor. Por isso, conse- a um chat room para trocar um diálogo com outros fãs da cantora.
Youssef, décadas depois, ainda se gue um resultado detalhista e que Imperdível.
emocionava ao recontar o momento emociona.
6 JORNAL ÁRABE-BRASILEIRO
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
030 - LANÇAMENTOS no Brasil. O Estado de São Paulo. São Paulo, 20 fev. 2000. Caderno 2/ Cullura, p. 03.
o ESTADO DE S,PAULO - 0 3
LAN
•
NO BRASIL I ,
Navegantes, Bandeirantes ... ABoa Dança, Sexo e Gênero Crônica da Casa ... Nur na Escuridão
Ferndndez-Armesto Synes io Sampaio Goes Filho AimaTLabaki JudilhLynneHanna Lúcio Cu>ytoso Sali1n Miguel
• -
.~
. n GUERRA DOS
I: BÁLCÃS
,,-~curl JOIitI REED
, MOACIR lOTH
f 'JIK ~A AI-
E FIM 21 E 22 DI
:::w:w~.=••~.~.~t.~m.~~.~n~t~I.~ç~o~m.b!'f:lm~d':'~.:m:.:n:.--- ~~~c=~~~,----J~ , -,
. -- •
-
CULTURA
LITERATURA
, • • •
I
Com 50 anos de vida literária e 18 livros publicados, Salim Miguel vê a trajetória dos imigrantes libaneses no país
Eduardo ~!:'!!
GERALDO HASSE com "O Capital", de Karl Marx. A ve no Rio, a revista publicou brasilei-
de Florianópolis imprensa catarinense não regisrrou O ros ainda não alcançados pela fama,
episódio, contado por Salim Miguel como Vinícius de Moraes, e portu-
os 77 anos, "na pior idade", no livro "Primeiro de Abril - Narra- TRECHO gueses censurados pelo salazarismo,
,
/
•
e seu ur ~
escu
Marco CezarlOE
prediletas?
SM - Machado de Assis (Dom Casmurro), G radlian u Ramos (São
"
escritor mistura realidade eficção Bernardo), Mário de Andrade (Macunaima) , C arlo, D rllmo nd de
Andrade, Eça de Qlleiróz.
narrando a imigracão de sua aE - E estrangeiros?
SM - Tchecov, Cervantes, Tho mas Ma nn - que releio co m fre-
famüia do Líbano para o Brasil, dando quência, Daniel Perec (Vida, Modo d e Usa r) e Joyce (U lisses), enrre
muitos OUtrOS, como As Mil e Uma N oites, que intluenciaram ba,s..
ênfase a Biguaçu tante no meu processo de criação.
I
Patrlcin Francalacci
I aE - Qual a parte do livro que te emocionou mais ao escrever?
SM - Sem dúvida foi a mOrte de meus f.1miliares e principalmente
a de meu pai. "O pai estende a mão, como em câmara lenta, mão fria,
"No dia 18 de maio de 1927, três libaneses na faixa dos 20 anos e
três crianças ~ o mais velho com três anos, a caçula com cinco meses - enregelada, pega na do filho, as duas mãos juntas, faz novo movimen·
desembarcam no cais do pOrto do Rio de Janeiro. É noite, eles ouvem- to, que o filho aproxime a cabeça, baixe.a ma is, mais, mais, até quase
risos e imprecações, gritos e perguntas em inglês. francês, espanhol, as cabeças se tocarem, o filho compreendeu, aproxima o ouvido da
italiano, alemão - e nenhuma voz em árabe. Sem ninguém para Tece- • • boca do pai, e as palavras, com um bafio de mo rte, vão saindo, sílaba,
bê-Ios no pais desconhecido, se afligem, não sabem a quem recorrer, pausa, silaba, pausa, até formarem a frase qu e sempre se fixaria, de
mas um motorista de táxi aproxima-se fazendo gestos. Mostram-lhe
um endereço anotado; esti escuro, o brasileiro não consegue ler, risca
um fósforo e diz: "luz". A chama se apagai ele acende outro palito e
- •
forma indelével, na mente do filho, e que fo ram as derradeira." que o
pai pronunciou com coerência: ibn, hahib , ~ o ciclll da vid a, O que
querias, o que queriam você, po r All ah , qu e eu ficasse para semente,
com ênfase repete o mesmo, letra por letra, I,u,z, antes de mais um luz
.. e só ai o pai entende a palavra que jamais esqueceria e lhe abre as
, , , dahaba, partir, está na hora, chego u a hora, demo rei demi as para ir ao
encontro da Tamina. do Samir, da Fádua .. .", assim está descrito, no
pOrtas do novo mundo. Abana a cabeça. O motorista volta a sorrir:
luz. O pai tambélT\: luz. Nur"
NU R último capítu lo do livro, o trech o co m as últimas palavras q ue Salim
escutou do pai.
Assim começa Nur na Escuridão (Topbooks, 1999, 258 pg.), do
escritor catarinense Salim Miguel, o filho mais velho de Youssef ~ que *Salim Miguel nasceu em Kfarssouroun , no Lí bano e depo is da
tinha apenas três anos no dese mbarque tumultuado da praça Mauá, curta temporada em Magé (RJ), viveu dos ci nco aos 19 anos em
o nde narra a saga da família que veio do interior do Líbano e se esta~
beleceu em Santa Cata rina. A história ~ que foi lançada em novembro
do ano passado e no dia 28 de março deste ano ganhou o prêmio de
Ficção é um processo que não tem
melhor romance de 1999, pela Associacão Paulista de Críticos de Arte
• começa e termina em fins dos anos 70, início dos 80. O núcleo cen·
nada a ver com a vontade dQ
Salim Miguel começou a escrever o livro em 1981 efinalizou" em 98 ,
trai esti. localizado entre 1920 e 1950 e a trama é montada como um
jogo de armar: compo rta labirintos, deslocamentos no tempo, idas e
escritor. E a história que te procura
aE - Quando começou o seu interesse por üteratura?
vindas, dúvidas e certezas, retificações e ratificações. Confira abaixo a
entrevista ao Jo rnal O Estado concedida na última semana, onde o
SM - Assim que aprendi a ler gostava de folhear jornais velhos,
revistas, almanaques, bulas de remédio e de freqüentar bibliotecas.
e os personagens cria", vida
auto r explica quando co meçou a escrever o livro e a construir a nar· Aos 10 anos tornei-me amigo de um poeta cego livreiro de Biguaçu -
rativa. João Mendes· que me cedia livros. Ele gostava muito de ler e como
Biguaçu, que já serviu de cenári o para alguns de seus livros, e se con~
• não podia, pedia·me para ler os livros em voz alta, 4 a 6 horas por dia .
aE - Como surgiu a idéia de escrever o livro? Quanto tempo levou sidera um líbano-biguaçuense. E fo i lá qu e Salim ~ já então um dos
Foi nesta época que tive os primeiros contatos com a obra de
para finaliR~o? lid eres do Grupo Sul, movimento artístico-cultu ra l que agitou Santa
Machado de Assis, Eça de Queiróz, José Lins do Rego, C ruz e Sousa
Cata rina nas décadas de 40 e 50 · estreou na literatura, em 1951, com
e Chopenhauer. Aos 12 anos, adorava ficar contando histórias para a
Salim Miguel. Comecei a pensar em escrever o livro logo depois Velhice e outros contos.
criançada em frente à minha casa em Biguaçu e com 16 para 17 anos
do falecimento de meu pai, em 1981. Pensei em fazer o balanço de Jornalista - entre outros velculos trabalhou no Jo rnal O Estado por
escrevi minha primeira crônica, falando sobre a importância do rio
uma vida. E não só o retrato da imigração libanense para o Brasil, mas muitos anos· escritor e critico literário há 50 anos, Salim estava em
Biguaçu.
o retrato de outros imigrantes. Porque todos passam pelas mesmas sua sala de trabalho na Agência Nacio nal de Florianó po lis, no dia 2
dificuldades que minha família passou: Ter que fazer o translado de de abril de 1964, quando fo i "detido para averiguações". Depois de
aE - Poderia expücar como surgem as idéias para se escrever uma passar 48 dias preso ~ experiência que 30 anos mais tarde tra nsfo mrou
um país para o OUtTO, se acostumar à ou tra cultura ... Mas não é um h istória de 6.cyio?
romance histórico não. Há vários fatos com invenção. São coisas que no livro Primeiro de Abril:Narrativas na cadela· mudou-se pa ra o Ri o
SM - É um processo que tem e não tem haver com a vontade do
poderiam ter acontecido misturadas à realidade. de Janeiro, onde viveu 15 anos fazendo livro::. e escrevendo em jornais.
escritor. É a histó ria qu e te procura. Um exemplo é Velhice e OutrDS
As primeiras anotações foram feitas em 1981. Depois parei por um Foi um dos editores da revista literária ca rioca Ficção (1976- 1979).
Contos, publicado em 1951. Na época estava desempregado e fui con-
tempo e continuei a partir de 1990,91 até 93, quando surgiu a 6- ver· Em 1957 escreveu com a mulher Eglê Malheiros, o argu mento e
são. Depois disso publiquei outros três livros e foi somente em 1997 e roteiro do primeiro longa metragem realizado em Santa Catarina · O
98 que finalizei a obra. preço da ilusão · e no perfodo em que mo rou no Rio, assinou , com
Amm que aprendi a ler gostava de Eglê e Marcos Farias, a adaptação e ro teiro ci nem atügr.ihco do co nto
aE - Como é a narrativa? Expüque melhor estas indas e vindas. 'IA Cartomante", de Machado de Assis, e do ro mance Fogo mo rto, de
SM - A narrativa é feita em falsa terceira pessoa. Digo isto porque
folhear jornais velhos, revistas, JOSé Lins do Rego. Dirigiu a Editora da U niversidade Fed eral de Santa
os diálogos não são convencionais, com travessão, po r exemplo. São Catarina (1983·1991) e a Fundação de C ultura d e Flo rianó pol is (1993-
baseados em lembranças que tenho de toda uma vida e em relatos de
almanaques, bulas de remédio e de 1996). Com Nur na escuridãO, Salim Miguel torali za 18 livros publi-
r~rll"lC:
fumiliârês, quê mê a
âjuctârãm esclarece r diversas co isas, além clt;! ullla jtequeTlUlT q,(JfWte~
autobiografia anotada por meu pai. Dentro do texto não há conversas
e sim a essência das conversas.Tudo isto além das partes de ficção.
Quanto às tndas e vindas do livro posso esclarecer melhor: O tra ta ·
primeiro capítulo é descrito como uma ce na de cinema, relatando a do para trabalhar no Senso, o nde tive contatO com v.irias familias e
chegada da família. Do 2° até o 26° acontece tod a a trajetória da entrevistei algumas delas. Este livro traz 8 estórias, três delas a respeito
familia desde o abrigo em MaflÓ até a vida em Biguaçw De MaflÓ para de três das famílias . As o utras são contos. Se não fosse o trabalho no
Florianópolis, de Florianópolis para São Pedro de Alcântara, • o nde Senso, não teria escrito o livro.
nasceu meu quarto irmão, o primeiro brasileiro da família; de são Outro fato é que alguns personagens sempre me acompanham em
Pedro de Alcântara para Alto Biguaçu e, finalmente, Biguaçu . um minhas histórias e acabam criando vida própria, como é o caso do
microcosmo que reflete um macrocosmo. livreiro João Mendes o u como o Ti Adão, um preto velho} também de
No capitulo 27 ~ fios· são descritas cenas da vida da família, em Biguaçu. A escolha destes perfis, entre tantos ourros, pode parecer
•
fios de memória. O capítulo 28 traz figuras que me marcaram em aleatória. Tem e não tem explicação lógica. Por que logo eles, num Satm. MigueL
, universo tão amplo? Por um estranho processo de composição, até
Biguaçu. personagens que estão em vários dos meus livros. No 29° as
mortes da famllia e n0300 ~ Sementes ~ as palavras de meu pai antes de mesmo inexplicável, que foge ao controle, estes se impuseram.
morrer, falando do ciclo da vida, das sementes que deixou. Embo ra no decorrer da história apareçam e transmitam seus recados,
não se deram por satisfeitos. Exigiram mais espaço. Enfim, todos estes
aE -a que representa esta obra em sua vida? personagens são retrabalhados. Eles adquirem vida própria.
O Ti Adão era um preto velho que sentaya num caixão de sabão e
SM _ Este livro se confunde co m a minha vida e me acompanha
ficava contando histó rias que eu ouvia, re~\emorando fatos sobre a
Na EJcuri()izo
desde que nasci. Há fragmentos desta obra em quase todas as o utras
escravidão, a lei áurea, os navios negreiros atopetad os, gentes mor·
............................ ..........
que escrevi. 4RO,\\\ NCf.M-
rendo durante a viagem, a libertação dos escravas pela princesa Isabel,
a proclamação da República. Ti Adão tinha um método só dele.
Podia, por exemplo, interro mper um causo hoje e retomá-lo dias
Este livro se confunde com a depois, intercalando com outro , o u nunca mais retomá·lo
minha vida e me acompanha aE _Se vod fosse escrever algum artigo em homenagem aos 500
anos do Brasil, que ponto abordaria? .
desde que nasci. Mas náo é um SM _ Faria um resgate destes últimos 500 anos, e daria ênfase a
coisas que não estão sendo lembradas nas comemoraçôes, como o
romance histórico massacre dos índios, por exemplo. Nada disto está sendo abrodado.
aE _ Poderia citar alguns de seus aulllres e obras brasileiras
• •
Salim Miguel
• • • •
.
•• • ••••••••••••
/ .
a av~co
um universo pelo outro, nascida, pro-
UM GRANDE romance é antes de
tudo uma experiência existencial, na
Em segunda edição, o romance pouco divulgado de Salim vavelmente, desta latitude no limite
de dois idiomas, marca de toda a vas-
qual o leitor vive no outro um confron-
to com a diversidade, experimentan- Miguel mostra que a boa literatura é auto-suficiente ta faixa de imigrantes árabes. Salim
Miguel tirou desta mistura, vista na
do-se em vidas alheias que, numa maioria da vezes de forma cancatu-
mágica, passa a ser próxima. Quando
. .
este livro é fundado nas VIvenClas - resca, a estrutura de seu romance e a
própria força humana de um povo obs-
mitificadas do autor e não em truques tinado na luta pela conquista de uma,
narrativos ou de marketing, esta pro- condição social melhor num meio
jeção no outro é mais completa e fru- adverso.
tuosa. Salim Miguel, ao publicar o seu O fundo histórico do romance será
mais importante ~vro, Nur, na escuri- justamente o relato desta luta para se
dão (Topbooks, 2 edição, 2000) nos estabelecer no Brasil, mais precisa-
leva a viver numa fronteira de identi- mente em Santa Catarina. O narrador
dade, numa família libanesa vinda acompanha todos os passos deste tra.
para um país que, apesar de sua luz jeto humano' marcado por preconcei-
tropical, era uma escuridão de hábi- tos e por dificuldades, impondo à figu-
tos e de linguagem para o povo de ra paterna uma dimensão de alegre
Youssef, desembarcado no Rio de herói da sobrevivência e da adapta-
Janeiro sem saber nada da língua da ção, sempre disposto a viver com
nova pátria. tranqüilidade a sua sina e sua saga de
O primeiro grande evento deste desterritorializado. O romance, por-
patriarca é a descoberta da palavra tanto, também pode ser lido como
que traduziria o país de forma indelé- súmula da imigração árabe por dar
vel na memória de seus filhos. Ainda visibilidade a uma etnia pouco presen-
na saída do porto ele pronuncia a te em nossa cultura.
palavra árabe nur, chegando à sua Uma de suas páginas antológicas é
correspondente na nova lingua: "O pai a da vQlta da cachorrinha Taira, outro
não entende o que o motorista quer símbolo do primado do passado que
dizer, em vão o homem repete mais caracteriza esta obra. Depois de
alto , mais alto, luz. Luz. E faz uma. mudar de Biguaçu para Florianópolis,
careta, coça a cabeça, abre um som- onde deixou a cachorra, depois de ter
so que lhe revela os dentes perfeitos, perdido a companheira, Youssef rece-
puxa do bolso uma caixa de fósforos be a inesperada visita da cachornnha
(a mãe murmura lagur). tira um pali- já morta. Embora seja uma outra,
to, acende, repete indicando a trêmu- mais nova um pouco, ela reaparece
la chama que logo se extingue, luz, como a própria Taira, afeiçoando-se
rápido, acende outro palito, com ênfa- de imediato ao pai do narrador, que a
se, repete o mesmo, letra por let!a ê I, interpreta como a volta do que ficou
u z antes de mais um LUZ - e so al o
I • • • preso nas trevas: "é o passado que
pai entende a palavra que jamals retoma, que ressurge, que nos invade,
esqueceria e lhe abre as portas
••• 1. ~
do
n. __ < _
__ ... . . Tanina, esti-.
bom se .a .mãe, a mulher,
novo mundo. Abana a cabeça. O moto- bom se a mãe, a mulher, Tanina, esti-
rista volta a sorrir: a luz. O pai tam- vesse aqui, também retornas-
bém: luz. Nur" (p.2S). Este episódio é se .. ."(p.107). É este o papel que o nar-
de uma beleza comovente tanto pelos rador
. assume, o de fazer com. que as
recursos narrativos usados pelo autor, COlsas reapareçam e VIvam com
quanto por sua simbologia dentro da espessura de línguagem numa narra-
semântica do livro. A descoberta des- tiva do retorno. O passado é como o
ta palavra axial é um novo gênese, o canivete do tio do narrador (um obje-
começo do mundo bíblico p~ra os imi- dão, Salim Migu~l mantém acesa a mas obra de um grupo maior, ao qual uma trajetória tribal. Esta presença to tão ligado a quem o possuía a pon-
grantes que aqui chegam. E ofial lux luz da memória. E com esta lâmpada o narrador pertence e para o qual fun- de uma história dentro da outra vai to de se tornar metonímia dele), que
original, impondo aos seres primeiros seletiva que ele percorre um tempo ciona como porta-voz. ter correspondência na própria mistu· ficou desaparecido por muito tempo,
de uma nova descendência o caminho perdido, pleno das trevas do esqueci- Se não se sente isolado em uma ra de português e árabe, marca regis- sendo encontrado apenas após sua
do entendimento. mento, para traçar um caminho lumi- situação narrativa idiossincratica- trada da personalidade do patriarca morte: "O mágico reencontro numa _
Num nível mais narrativo, podemos noso de recuperação de imagens. mente sua, ele se abre para que o que foi magistralmente percebida por reentrância de parede nos fundos da
ainda encontrar nesta passagem o Nascido no Líbano, o autor/narra- alheio o povoe, não apenas como ima- Salim Miguel: "Até o fim da vida iriam casa. Era como se o tio tivesse renas-
próprio antagonismo de forças que dor (por si só uma entidade posta no gens e palavras herdadas, mas como ter dificuldades com algumas pala- cido"(p.242).
caracteriza o romance - um romance entre-dois) é um intermediário entre parte ativa do texto. Este, inclusive, é vras, bresente, borcaria, barrato, mis- Todo este romance, que é extrema-
que oscila entre a autobiografia e a mundos e línguas extremadas pela um recurso romanesco extremamente turando expressões portuguesas com mente memorialístico sem perder a
ficção, que é hoje uma das mais visí- distância e pela diferença. Se o pai ousado no livro. Somando-se à voz do árabe, jura bra freguês, maksut, saiam sua identidade ficcional, funciona no
veis radicalizações da arte de narrar. permanecerá sempre na divisa entre narrador, há a de Youssef, que se faz pra você, algumas vezes a mistura sentido de fazer renascer um mundo e
Já no título, fica cifrada a oposição as duas línguas e os dois mundos, o presente no discurso do filho, tendo nem era na frase, mas na própria uma gente que ficaram no escuro, não
entre a luz (grafada em árabe) e a narrador conquistará a nova pátria, parte de sua autobiografia Minha palavra, baisa em lugar de casa, mis- obstante toda a sua perdida luminosi-
escuridão. Ou seja: luz e sombra tornando·se escritor, ou seja um patri- vida, escrita originalmente em• árabe, tura de bai! e casa, em outras inter· dade. Melhor romance catarinense de
representadas pela língua desconheci- mônio cultural dela. E é significativo transcrita no corpo do texto. E, mais rompem o que iam dizer em busca de todos os tempos, um dos grandes
da e pela conhecida. E nesta conjun- que seu grande livro seja o que trata uma vez, a idéia de interseção do um termo exato - ou um correspon- livros contemporâneos, Nur, na escuri-
ção de contrários que encontramos justamente desta transcendência da outro no próprio, que pode ser defmi· dente, deslembrado o português e dão revela a força revivescente de um
não apenas o eixo do romance como saga familiar, revelando assim a do como o grande elemento identifica- esquecido o árabe"(p. 71). escritor que soube dar forma e como-
também a sua poética narrativa. potência de uma literatura que não é dor de Nur, na eSCuridão, uma obra A base de todo o romance é esta ção ao desejo de linguagem de seus
Contra o passado visto como escuri- apenas reflexo de um eu restritivo, que se quer como condensação de idéia da mistura, da contaminação de antepassados.
Salim Miguel transforma a trajetória de sua família em romance e é premiado pela APCÂ.
Leonardo Aversa
Mànya Millen
enredo já estava pronto desde o dia 18 de
maio de 1927 quando, por armadilhas do
destino, uma família de libaneses apor-
tou no Rio de Janeiro sem saber uma pa-
lavra de português. Igual a tantas outras
famílias de imigrantes, ela começou ali a
escrever sua história numa nova língua.
"Luz" - "nu r", em ârabe - foi a primeira
palavra registrada e entendida pelo patriarca Yussef (reba-
tizado José em solo brasileiro) e foi como se ela de fato
tivesse iluminado, dali em diante, os caminhos de sua gen-
te naquela terra estrangeira, tanto que nunca deixou de
lembrar essa história aos filhos. Um deles é o jornalista e
escritor Salim Miguel, que chegou naquele mesmo navio,
aos três anos de idade, com os pais e tios, e só muito mais
tarde decidiu dar contornos literários à trajetória da sua
família. O resultado do mergulho de Salim no seu passado
é "Nur na escuridão", recém-lançado pela Topbooks, e O
longo tempo de amadurecimento do livro - que começou
a ser escrito em 1981, sob o impacto da morte do pai, e foi
reescrito seis vezes - valeu a pena: ele acaba de ser pre-
miado como o melhor romance do ano pela Associação
Paulista dos Críticos de Arte (APCA).
Trabalhando fatos acontecidos com pitadas de ficção -
o único capítulo totalmente calcado na realidade é o últi-
mo, justamente o que descreve a morte do pai de Salim e
talvez o mais emocionante - o autor teve que lidar 'com
seus próprios fantasmas .
- Havia episódios em que eu tinha que parar e respirar,
porque eram coisas muito fortes que vinham à memória, co-
mo a morte de meu irmão caçula às vésperas do Natal -
conta Salim, que começou a rabiscar seus primeiros contos
(devidamente rasgados) aos 10, 12 anos de idade e hoje, aos
75, é autor de 18 Ululos entre contos, romances e novela.-
Foi o meu livro mais difícil de escrever. Mas narrar as mortes
da famma funcionou como uma espécie de catarse.
"Nur na escuridão" é um romance circular, onde os per-
sonagens vão e voltam no tempo diversas vezes, entre as
décadas de 20 e 80, dando a oportunidade ao leitor de mas-
tigar e reinventar sua própria história.
, - Acho que o autor escreve e o leitor reescreve um livro
- afirma Salim que, nos anos 40 e 50, em Florianópolis,
onde mora até hOje, criou e dirigiu a revista de literatura SALIM MIGUEL, que nasceu no Líbano e cresceu no Brasil: emoção e catarse ao narrar vida e mortes em sua famllia de imigrantes
"Sul" e, nos anos 70, quando morava no Rio para fugir de
perseguições políticas em sua terra, foi um dos fundadores
e editores da revista "Ficção", que lançou diversos autores
nacionais e tornou-se um marco na ãrea. 'Nur' recupera uma história ainda -por contar==-- •
Vidas marcadas pelo destino Texto envolve o leitor pela emoção e pela visão do mundo a partir do olhar 'estrangeiro'
Em "Nur" o leitor vai acompanhando, como lembra o es-
critor, uma história marcada por diversos maktub ("estava dita por um motorista de táxi. Foi o suficiente para acred""
escrito", em árabe, língua da qual, aliás, Salim confessa só Nur na escuridão, de Salim Miguel. que tudo daria certo. Como, de fato, deu.
saber palavrões), entre eles o desvio acidental de rota. A Editora Topbooks, 258 páginas. RS 25 É justamente Yussef, ou "seu José", como passou a
família de Yussef/José saiu da pequena cidade interiorana Marcelo Rollemberg chamado no Brasil o pai de Salim Miguel, o fio cOlldu
de Klarssouroun, no Líbano, com destino aos Estados Uni- dessa história autobiográfica com tantas idas e vlnOas
dos. Mas roubados por um patrício na parada em Marse- população de descendentes de libaneses no Brasil ele quem dá o tom e é a partir dele que se desenrola __....
lha, foram obrigados a esperar pelo dinheiro enviado pelos
parentes nos EUA. Com ele, pagaram a pensão e pegaram O
primeiro navio que zarpava. Só que ele não ia para a Amé-
passa dos seis milhões de pessoas, um número se-
melhante aos habitantes do próprio Líbano. Essa
de filhos, netos e bisnetos de emigrantes
a lembrança do autor.
O Brasil através de um rádio de pilha
'
- I
rica do Norte, e sim para a tropical América do Sul, espe- que salram lá do outro lado do mundo e vieram fazer a vida O grande mérito de Salim Miguel nesse seu romanc:
cificamente para o Rio. Yussef, por sorte, já tinha uma irmã em um novo país, no entanto, não foi o suficiente para pro- envolver o leitor de duas formas aparentemente
morando em Magé. De lá eles cruzaram o pais para fincar duzir uma bibliografia consistente a respeito de um povo mas que se intercomunicam: uma, narrar, sem
raízes na pequena Biguaçu, perto de Florianópolis, onde o que largou para trás tudo o que tinha e decidiu construir mas com as doses certas de emoção, a cor
pai decidira tentar uma nova vida. uma nova história em terras e costumes estranhos. É até vida nova em um lugar tão diferente. A outra é contar
- Como todo árabe, libanês, ele também começou mas- irônico, ao se levar em consideração a bela tradição de pouco da história recente do Brasil e até mesmo do mu".!!~
cateando, embora não gostasse dessa vida, e foi tentar me- contadores de histórias do mundo árabe, uma tradição que a partir de uma ótica diferenciada, "estrangeira", se o tE:
lhorá-Ia em Biguaçu, onde ficou - conta Salim. - Ele lia as talvez tenha encontrado, nesse século, Khalil Gibran como mo for permitido, e vista de longe do foco dos acontui
cartas dos patrícios que enriqueceram para valer, mas nun- seu maior expoente. Afinal, a saga dos libaneses que apor- mentos, observada do interior de Santa Catarina.
ca deixou de ser um comerciante malsucedido. "Nu r" é o taram no Brasil é vasta, tratando desde mascates até po- Afinal, "seu José" tinha como amigo mais fiel um radir:
retrato de pessoas que não se realizaram economicamen- derosos donos de bancos, e merece ser bem registrada. de pilha que lhe dava todas as informações necessária
te, mas que nunca pensaram em sair do país. O romance do jornalista e escritor Salim Miguel, "Nur na que ajudou a todos da famma a se sentirem mais brasi=:
Por isso o Brasil é também personagem de "Nur". Ele é vis- escuridão", cuida de recuperar um pouco dessa história ain- ros. E essa mutação de libaneses em
to através dos olhos dessa família, que presencia episódios da não totalmente contada. E quem melhor do que o autor ses", como gosta de repetir o autor, que faz o romance
como a Intentona Comunista e o Brasil na Segunda Guerra. para fazer isso? Filho de libaneses, ele chegou ao Rio ainda agradável quanto importante. Por que uma coisa é ter n a
- É tudo filtrado pela história dessas pessoas e por isso criança, com pais e alguns parentes, sem saber ao certo o cid o em um pais. Outra, talvez até mais séria, é adotar u~
o suicidio de Getúlio Vargas, por exemplo, é minimizado, já que fazer da vida, mas indo em frente - de resto, a mesma nova terra como opção e passar a se sentir parte dela.1II:ij;
que os acontecimentos familiares são mais fortes e é isso disposição que marcou todos seus patrícios que empreen- final das contas, é essa a grande lição do velho Yussef/JE
que fica. Acho que somos aquilo que a infância nos faz. Sou deram o mesmo caminho do Oriente Médio até os trópicos e sua famma. _
um líbano-biguaçuense e se minha família não foi exitosa distantes. A primeira palavra que o velho Yussef, o patriarca
financeiramente, deixou uma herança cultural enorme. _ da famma, aprendeu foi "luz" ainda no cais da Praça Mauá, MARCELLO ROLLEMBERG ê jornalista e escritor
, "-
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
037 - SANTOS, SilYloCoelho dos. Um Lrvromutoespedal. O Estado . Flonaoópois, 24 lev. 2000.
Ramos
....,u ra
LITERATURA
A •
,
re arca os
• •
e carreira
Escritor libanês radicado em Santa Catarina obtém grande reconhecimento com o
romance autobiográfico "Nur na Escuridão". Por Claudia Barcellos , de Passo Fundo
Autor de 20 livros, nascido no homem de letras na acepção mais
lIôano em 1924 e vivendo em exata da palavra, porque além de
Aorianópolis, Salim Miguel já escritor também fez crítica literá-
ganhou, em 1999, pelo mesmo ria para o "jornal do Brasil" du-
"Nur na Escuridão" (Topbooks), o rante oito anos, além de editar
prêmio de romance do ano da duas importantes revistas literá-
Associação Paulista de Críticos rias, "Sullt e "Ficção". Nesse perío-
de Artes (APCA). Agora, acaba de do, conheceu profundamente a
receber o Prêmio Passo Fundo literatura hispano-americana.
Zaffari & Bourbon de literatura, "Durante 40 anos trabalhei
dividido com Antônio Torres, au- com jornalismo cultural e lia
tor de "Meu Querido Canibal" uma média de cinco horas dia-
(leia abaixo). Concorreram 190 riamentelt, conta o escritor, que
romances escritos em língua há cerca de cinco anos descobriu
portuguesa e publicados nos úl- sofrer de uma doença na retina,
timos dois anos. que lhe deixou apenas a visão pe-
Originalmente, o prêmio é de riférica no olho direito e a perda
RS 100 mil, o maior do pals para de 25% da visão do olho esquer-
escritores. Mas com a mordida do. Não pode ler mais. Isso o le-
dos impostos e o compartilha- vou a adquirir uma gastrite, por-
mento com Torres, Miguel levou que vive sob constante tensão,já
para casa, no ano em que com- que passou grande parte da vida ITAMAR FRANCO
pleta seu cinqüentenário na lite- ,imerso nos prazeres da literatu-
ratura, um cheque de pouco ra. E, claro, à depressão, Isso não COMIEÇA AS
mais de RS 35 mil. impede, porém, que ele trabalhe PROPOSTAS
Salim Miguel conta que sem- num novo texto, o romance "Vi-
pre soube que seria jornalista e ver a Vida - Narrativas de um ECONíMcAS DE 11M
escritor, porque começou a se in- e crftIco já está bahalbando em IlOIIO livro Exílio no Rio de janeiro".
teressar por ler e escrever antes Entre seu primeiro livro, publi- IIOS NOMES MAIS
mesmo de ser alfabetizado. "Re- personagem em mais de um livro dor". Poesias de Castro Alves e cado aos 27 anos, e "Nur...", Mi- FORJES DA CORRIJA
cortava pedaços de papel pardo dele. O pai, imigrante libanês, era Olavo Bilac, romances de josé de guel escreveu outros 18, entre os
da vendola que meu pai tinha, pobre e não tinha como comprar Alencar,livros de aventuras, tudo quais 3 de crítica literária. O título PRESIDENCIAL.
cortava letras e palavras de jor- livros. Salim Miguel lia na biblio- isso compunha a salada literária do romance premiado, aliás, in-
nais. À noite, as pessoas se reu- teca do grupo escolar e pegava em que o talento do escritor se triga todo mundo, até mesmo a
niam nas portas das casas e eu fa- empre,tados livros de alguns pa- desenvolvia, grande parte dos 6 milhóes de
zia um relato em cima de um dos rentes e amigos. O autor publicou seu primeiro imigrantes libaneses no Brasil,
acontecimentos do dia, o que já A paixão que nascia o levou à li- livro em 1951: "Velhice e Outros por causa da palavra "nur", que
era um ti po de reportagem, de vraria da pequena cidade catari- Contos" ,que foi inspirado e con- em árabe quer dizer luz. E traduz
texto lt, relembra, nense de Biguaçu, onde fez uma cebido no tempo em que ele era um importante momento para a
Depois de aprender a ler, "As proposta ao livreiro. "Ele também agente do censo demográfico do família, que conheceu a palavra APPU
Mil e Uma Noiteslt foram sua tinha igual fome de leitura e disse Instituto Brasileiro de Geografia "'Iuzlt assim que chegou ao país.
g rande paixão. uHá alguma. coisa assim: ·Podes ler aqui, o tempo e Estatística (IBGE). "Quando as Em "Nu r na Escuridão" ele nar- UVRO NARRA A
desse livro em toda 3 minha obra que tu quiseres, em voz alta, para pessoas eram mais velhas, a pri· ra o difícil começo dele, dos pais SEIiII'IIA ARRANCADA
ficcional", afirma. "Lá pelos 8 mim.' Eu linha cerca de 10 anos. meira coisa que faziam era me e dois irmãos, que chegavam a
anos, nem bem alfabetizado, co- Perguntei se eventualmente não convidar para entrar. Iam, então, uma terra distante e desconheci- DE STOE JOIIS NA
mecei a ler desbragadamente e poderia levar um livro para casa. preparar um cafezinho. Começa- da. E toca, profundamente, nos
comecei a escrever pouco depois, Ele disse que não, que se eu levas- vam a falar e não paravam. Eu temas que lhe são caros, aborda- CWUADA FABRICANTE
embora tivesse o bom senso de se não leria para ele. Então, du- brinco dizendo que o IBGE não dos em toda sua obra: velhice, DE COMPUTAIIOIIES.
nunca ter publicado nada disso." rante uns quatro anos eu li em resolveu minhas finanças, mas morte, tempo, memória, vistos
Mas, ao mesmo tempo em que voz alta absolutamente tudo o agradeço pelas histórias que ou- sob os aspectos psicológico e so-
escrevia ficção, anotava reflexões que se possa imaginarlt, fala. vi, O livro tem oito contos, cinco cial. "Os temas que todos os escri-
sobre o que estava lendo. Duran- Aos !O anos leu, pela primeira baseados no que ouvi como tortes trabalham são poucos. A
te anos leu para um livreiro, poe- vez, uma peça de Shakespeare, agente censitário", conta. maneira de tratá-los é que nos di-
ta e cego, que virou importante "As Alegres Comadres de Win- Miguel transformou-se em um fere lt, conclui.
c;
ANEXO Quinta-feira, 30/ 8/ 200
•
a
-.' nova ara 'e s e
'.
Escritor recebe o Prêmio
.. .. ~ "" " ·' ~ 1
•
Zaffari & <1e
durante evento
@l
•
- CAIO CElAR/DC/A ORIANÓPOUS
• Receitas
com café
para aquecer
as rono o Inverno
CULTURA
Professora de Uteratura Brasileira em la Rochelle, Luciana Rassier está traduzindo o romance Nur na Escuridão
JUl.IO CAVAUU:IIW/OC/F1.0 R1ANÓPOUS
FÁBIO BIANCHINI
-
PREM IO PASSO FUNDO ZAFFARI & 130UR130N:
• •
OIS au res OS
o Premio Passo Fundo Zaffari & Bour- Sul, com 19,50%. Também teve a parti cipa- sis, pelo conju nto de sua
bon de Literatura, de RS 100 mil fo i dividido ção de escri tores de Moçambique. e a sele- obra, no lotai de 12 li vros
pelos 3ulor(' s Sa lim Mi,,-!uc l. com "NUR na ção final conta va co m I1 escrito res. Já a pu b li cado s.
escuridão" c Anl ó nio To rres co m "Meu Comissão Jul gado ra foi co mposta pelos Conro rlll c o au to r dc
Querido Canibal", Os dois ti ve ram suas esclilo res Ignácio de Loyola Brandão, Luís "Meu Quc rid o Ca lli b.IJ'·,
obras premiadas co m o os me lhores ro- Coronel, Oeonísio da Sil va, e pelos professo- esse fo i um dos reconheci-
mances em Língua Portuguesa, que foram res doutores Paulo Becker e Tânia Rosing. m entos m ais impo l1anles na
publicados há dois a nos que a nt ecede ram sua ca rreira. A obra premia-
a realização dessa Jomada. Esse é o maior Antônio Torres da, em Passo Fundo, fala
prêmio na área tanlo no Brasil quanto no "Para mim é uma ho nra d ividir o prê- sobre a vida e histó rias pe lo
mundo. A "Cocanha", de José Clemente mio com esse grand e co mpanheiro que é lado dos perded ores e não
Pozena tt o rece be m enção honrosa. Salim Miguel, que é tanto um jornalista ganhadores, como sempre
Já o escrit o r Sin val Medina fo i o ve nce- quanto um escrit or impo rt antíssimo para se co nta; uma peculiarid a-
dor da I " edição do p rêmio, da últ ima todos nós e para as letras des te país. Ele de que a lama um dos m e-
Jomada. Neste ano, co ncorre ram 190 ro- não apenas divulgou a literatura contem- lho res roma nces de língua
mances, sendo o m aior percen tual de es- porânea do Brasil co m o do m undo, então, portuguesa. Para Torres , o prêmio não foi dividido. mas sim somado,
cri to res do Hio de Janeiro, 3-1 ,66%, depois para mim é uma ho nra divid ir esse prê- acrescentando força na literatura do país
São Paulo, co m 2 1, I 09fl e do Hio Gra nde do m io", afinnou o escrito r An tô nio Torres. Salim Miguel
Para Torres, o prêmio não "Me u ro m ance m e acompanha mes m o pouco melhor do q ue temos" . Miguel ain -
foi dividido, mas sim somado, antes do m eu nascimento, na ve rd ade, ele da disse que o q ue d iferencia um au to r de
acrescentando fo rça na litera- é em tennos fi ccio nais a trajetó lia de uma ou tro é a m aneira de abordar cada um
tura do pais. Em t 998, ete foi família de imigrantes libaneses pelos ca mi- dos lemas, pois em "'NUR na escuri dâo",
reco nh eci d o pe lo gove rn o nhos do Brasil, plincipalm ente, Ilo Rio de co nfo rm e o aulor teve ca pítulos reescri-
francês com o Chevalier des Janeiro e em Sa nta Ca tarina. Desde dez tos nove vezes, e sendo inicialmente de
Art s e t des LeBres, que signifi- anos, dizia ao m eu pai que queria ler e m ais de 500 páginas, mas q ue foi publi -
ca, homem di;lS letras em terri - escrever, e ele me respondia: espero que cado co m 250 páginas.
tóri o francês. Um dos seus pri - consigas sobreviver com isso no Brasil" , "Um grande escrito r é aquele que rees-
m eiros reconhecimentos, ape- contou Salim Miguel. creve e co rt a como diri a Nelson Rodrigues,
sar de ter seu livro, "Essa ter- Ele declarou que não consegue \tlverde como quem co rta a própria carne. O tem a
ra ", traduzido na Al emanha , direitos autorais, mas sim da palavra de que abord ei já foi tratado po r dezenas e
Ho landa, Itália, Inglaterra, Is- jomalista, de ho m em envolvido co m o ce ntenas de escri to res, mas estou dando
rael e nos Es tados Unidos. No cinema, de ex-ed ito r e d e ex-dono de para esse tem a um tratamento diferencia-
ano de 2000, To rres recebeu , gráfi ca, que "culminam uma carei ra de do, co m o não ser um roman ce histó rico",
" Não consigo viver de direitos autorais, mas sim da palavra ", da Academia Brasileira de Le- 50 anos dedicados ao li vro, a pa lavra e a finalizou Miguel. A palavra nur do titulo da
decla rou Salim Miguel tras, o Prêmi o Machado de As- to rnar o Brasil com uma sociedade um obra é árabe e significa luz.
•
- - - .
Escrita
SCHNEIDER CARPEGGIANI
E-mail: xxxcarpe@hotmail.com
N os 50 anos do lançamento
. do seu Uvro de estréia, a c0-
letânea de narrativas curtas Velhi-
para, dessa forma, mais pessoas
verem a sua saga refletida no U-
vro."
ce e Outros Contos, o escritor de o iIúcio da obra é um enonne
origem libanesa Salim Miguel re- fio condutor de iInagens, que fun-
cebeu o maior prêmio literário da ciona como um velho álbum de
América Uitina, O Zaffari & Bour- fotografias: em 1927, uma família
bon (que viabiliza o pagamento libanesa composta por três adul-
de RS 100 mil para o vencedor). A tos, na faixa dos 20 anos, e três
honraria foi conoedida por conta crianças chegam ao porto da Pra-
do seu romance M.;r('luz' em ára- ça Mauá, no Rio de Janeiro, então
be) na EsCtlridão, originalmente migração da sua família do LIOa- capital do Brasil. Na verdade, o
lançado em 1999, pela Topbooks. no para o Brasil, durante a 2' real destino escollúdo era os Esta-
. A premiação de Miguel foi dividi- Guenra Mundial. De acordo com dos Unidos, mas por uma série de
da ainda com Antônio Torres, pe- o autor, o projeto de escrever o li- desencontros na França, a família
lo seu Meu Querido Canibal. vro serviu também como uma ho- tem de mudar a sua rota para o
Antes de receber o Zaffari & menagem à colônia libanesa resi- Brasil. .
Bourbon, Nu/' na Escuridão já ha- dente em território brasileiro. E><a nào foi a primeira vez que
via rendido outros bons frutos pa- Anlalmente, o País conta com Miguel utilizou fatos da sua bio-
ra o escritor: o romance foi eleito mais de seis milhões de descen- grafia para compor suas obras.
como o melllor de 1999 pela Assfr dentes libaneses. Em 64, amargou 48 dias de ca-
ciação Paulista de Criticos de Ane. 'Com esse livro, eu quis que os deia, por conta da sua militãncia
Também reconhecido pelo descendentes de libaneses desco- contra a ditadura militar. Aexperi-
seu trabalho como jomalista e cri- brissem que eles também lutaram ência inspirou os livros ?limeiro
tico literário, Miguel relembra em e trabalharam na formação Brasil. de Ab,il.· Nan'CItivas de Cadeia e
Nur na EscUlidão a trajetória de Por isso, misturei fatos reais da his- Nan'CItivas de UIl1 Exl1io no Rio.
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
43 - ANGIOLlLLO , Francesca. Salim Miguel ganha troféu Juca Pato. Folha de São Paulo. São Paulo, 6 jun . 2002. Ilustrada, p. E7 .
e
FRANCESCA ANGIOllLLO _h'" ••••• _ .•••...•.• defesa dos nossos valores e da jus- outros 60", e buscou evitar o dis- Grosso do Sul e Acre," " A base do romance é o assassi- ces mais recentes, "Nur na Escuri-
_ •• ~ ••• _. _ _ • h ••• _ •••• __ • _ _ • _ ' _ " h M ••••••••••• h.
DA Af POR 1AG[M l OC AI
h
tiça social", tanciamento excessivo que julga- "As vezes, em conversas, anota- nato do estud ante Édson Luís, no dão" ("não é nu, é Nur, com r",
Na biografia de SaJim Miguel va resultar a terceira pessoa. va incidentes que não tinham na- restaurante Calabouço, em 68." frisa), que conta a saga da "nova
o jomalisla eescrilor Salim Mi- - jornalista que "fez de tudo, até "Costumo dizer que sou, basi- da a ver com o trabalho para a re- No livro, uma mulher ("já proble- descoberta do Brasil" por uma fa-
guel. 78, foi anwlciado vencedor horóscopo", trabalhando entre camente, jornalista profissional; vista" - mas que deram em con- matizada") assiste à morte do se- mília de imigrantes libaneses e co-
do 'froféu Juca Paio, correspon- Santa Catarina e Rio de Janeiro- , são raríssimos os que vivem de di- tos e romances. Resultado dessa cundarista. O romance acompa- mo ela se transforma, "sem per-
dente ao concurso Intelectual do o momento crucial dessa luta en- reitos autorais de seus livros", mescla está, por exemplo, em "A nha as co nseq uências que o fato der suas raízes", em uma fanúlia
Ano, promovido pela União Bra- contra lugar em sua prisão, no afirma o autor de mais de 20 tltu- Voz Submersa", Publicado origi- tem sobre sua vida pessoal. de brasileiros.
sileira de Escritores com paLrocí- ano de 1964, pelo regime militar. los -" 15 ou 16", calcula, de fic- nalmen te pela editora Global, o Outra fonte fundamental na li- No próximo dia 13, culmina a
nio da Folha. A experiência está registrada ção, nutridos com frequência no romance está esgotado, mas Mi- teratura de Salim Miguel está em fase de homenagens a Miguel: na
O prêmio é concedido anual- em "Primeiro de Abril, Narrativas exercício da reportagem. guel sonha com que volte ao pre- sua própria origem libanes.1. "No data, o escritor que se forjou entre
mente, desde 1%3, a um intelec- d.:, Cadeia", escrito numa inco- "Trabalhando para a revista lo, por conta do Juca Pai O. meu caso, em boa parte dos meus a redação e as histórias das Ará-
tual que tenha publicado um~1 I11UJll segunda pessoa - porque, 'Manchete'. percorri todo o Brasil; "Voz", co nta Miguel, parte de 16 livros de ficção, ela aparece di- bias contadas pelo pai, vira dou-
obra relevante para a cultura na- co nta, não quis se "colocar de- conheço todos os Estados brasi- histórias que não puderam sair na reta ou indiretamente." tor honoris causa pela Universi-
cional no ano anterior. Salim Mi- mais", porque "estava preso com leiros à exceção d~ dois; Mato imprensa, por causa da CCI1S UT<I. É o caso de um de seus roman- dade Federal de Santa Catarina.
guel foi candidato único,
No caso de Miguel, a obra que
rendeu o reconhecimentu foi "Eu
e as Corrufras" - que ji.i era, em
si, uma homenagem: a coletâ.nea,
lançada em Florianópolis pelas
Edições Sul, comemorava os 50
anos da carreim literária do jorna-
lista libanês, que chegou a Santa
Catarina aos tn."'s anos de idade.
"A p'rimdra coisa que eu diria
lsobre o premiol é que isso reati-
va o interesse peJa obra do escri-
tqi", diz Miguel, por telefone à
Folha "Com isso, as pessoas vão
se perguntar por que Salim Mi-
guel, e não outro escritor, recebeu
o Prêmio Intelectual do Ano."
"Em segundo lugar. é um incen-
tivo para alguém que trabalha co-
mojom . la em livros há mais de
5Oanos' dizoautordesuacarrei-
ra, mar ada pelo "esforço para
entend o bicho-homem".
As inli!nçõcs de Miguel 'encon-
tram no oficio que' o aclama
venced r. O documento classifica
"Eu e Corrulras" como o coroa-
mento obra de "um grande in-
centi dor das artes e da literatu-
ra" ,q 'e "sempre .mcorporou aos
seus 'tos wna visão naciona-
lista literatura e um sentimento
de s erania nacional em suas
recjações criticas",
cio desl.aca ainda o com-
pro etimento de Miguel com "a
linhlI do pensamento brasileiro" e
() lenbra como intelectual que se Reallla~
.J
Caderno de GAZETA MERCANTIL - Página 11
URA -
PERFIL
• cc
rica
. , •
rarlas
Vencedor de três dos maiores prêmios para escritores
brasileiros, Salim Miguel vive sem o assédio das editoras
QEAALDO HASSE- Eglê Malheiros, poeta e tradutora única que manifestou interesse
de Aorian6polis com quem se casou há 55 anos (ti- real foi urna quarta, a carioca Top-
.veram cinco filhos). Ela lê para books, que lançaria a primeira edi-
'escritor líbano-catarinen- ele, revisa seus textos e (nas en- ção em novembro de 1999.
Estou lendo" Nur nos TróprcoS- . editora Topbooks, de Sa- Estou acabando de ler .. O Sêculo XXI-Refiexões sobre o F
I"" ~ ligueI. Trata-se de uma narrativa autobrográfica do autor ro", de Eric J. Hobsbawm. É uma espêcle de continuaçào ú
C(lf() r ~nense, nascido no LíbélJlO. Nessas memórias ele restau- .. Era dos Extremos", atravês de lima longa entrevista a Antl
1,1 ,15 lembranças de sua chegada ao Brasil , em meio às 111- nio Palito. O histOriador evita d<Jr uma de vidente. mas proJet
certe7as comuns a todo Imigrante. Salim Miguel é um aos o próximo século a partir dos dados mais Importantes do
me·nores fiCCIOIlI:,tas nacionaiS. Radicou-se em Santa Catan- passado e das tendênclas e problemas vlsivels no presente
113. uma terra bem diferente da cultura. dos costumes e da Hobsbawm acredita que enQuar,to houver sonho e utopia o
linguagem do clã de Youssef. No seu belo livro ele narra a tra- mundo vai se salvar. Se não acreditasse no sonho. não teri;:
jetória de uma família, cue tem no pai o elemento catallsa- lutado contra o faclsmo, Hoje sl,nte que sua luta valeu a pe-
dor. AqUI chegam para a nova Vida, mas têm no desconheCI· na para a humanidade, Termina dllenrln que espera que SOl
mento da língua a pnmel(d barreIra. E é justamente a nQvv neto. Roman. de apenas dOIS alOS. goste do sítio em Q\/e v
lingua que vai dar ao escntor O suporte metafónco e semãnti, viver e possa " encontrar uma SOCiedade à altura de c:.UBS t
co Dara erguf'r sell edlficllJ ficclonaL a oartlf do CUdl vaI sen perancas e asplracõe~. E Isto ..-, (~ue Qualquer homem do SP
tlf-se meno~ pstrangE'lrn (>1'1 lerra Hlhelé\ Vi-1IE' d ppn.1 culo XXI merecc" E um IMO QU' .. alt:: d nena ser lido.
", .. _ --1
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• -
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Jq /I õV -
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
146 - SALIM . Diário Catarlnense. Florianópolis, 6 maio 2003. Visor. p.3.
I •
216-3560 216-3561 DIÁRIo CATARINENSE
TO MORTOI "Precisamos
A Editora Topbooks está ir devagar co
lançando a terceira edição do o andor 110
romance Nu, - Na Escuridão, hora de tomar
do escritor catarinense Salim uma decisão tão grave
Miguel. A obra, que já mereceu quanto esta."
o título de Melhor Romance do EDUARDO SUPLlCI
Ano, conferido pela Associação senador (PT/SP), manijesrando-l
Paulista dos Criticos de Arte, contra a expulsão dos "radicais " do
está na lista das leituras reco-
mendadas para os candidatos "Governar é a arte de criar
ao Vestibular da UFSC. problemas cujas soluções
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL mnn.lpnIJnrn.-'l nClnJJ.larãn PU1..
147 - SUGESTÕES: "Nur na Escuridão". Olaria Catarlnense. Florianópolis , 16 ma io 2003. literatura, p. 6
1'
o Armando e o Mário Pereira (editor de Opi- são minhas, mas as respostas eu tirei de textos 2/4 pags. K~ /~ reli a uc '\.Ud UU LI"I U U\... I lU
rianópolis.
Hoje, sua casa é uma janel
Estante sem grades, mas as cicatriz«
estão lá. Durante 471 dias, R(~
drigues _.
Nur na Escuridão, Salim Miguel Criando Meninos, Steve Biddulph o Papa e o Herege. Michael White Na Ilha do Dragão, Maristel Alves conviveu
".
,
Top Book~ R$ 20,90 Fundamento, R$ 25,90 Planeta, R$ 27 dos Santos. Coleção Vaga-Lume I Edi- com pes-
tora Atiea, R$ 14,50 soas queJa-
Homenageado da Feira de Rua 8estseller na Inglaterra, Itália, No século XVI, em plena vigência mais imagi-
do Livro 2003, junto com a esposa, França e Austrália, a obra de 8iddulph da Inquisição, o ex-padre dominicano Quatro adolescentes vão passar naria en-
Eglê Malheiros, Salim Miguel não propõe-se a servir de guia para pais Giordano 8runo lançou teorias radi- alguns dias em uma bela ilha, sem co ntrar.
poderia ficar ausente das prateleiras preocupados com os desafios que en- cais que abalaram dogmas da cultura imaginar que o paraíso ecológico es- Passou por
dos estandes. Seu 18' livro remete a contram para criar seus filhos de sexo ocidental, com um sistema de pensa· conde perígos e mistérios originados . - e
pnvaçoes
suas origens quando conta a trajetó- masculino. Aborda temas como a mento abrangente. Julgado, foi con- na história A Ilha do Tesouro, de Ro- humilba-
ria de uma família libanesa que che- atuação diferenciada da testosterona denado à fogueira após quase oito bert Louis Stevenson. Asituação se ções, desen-
ga ao 8rasil durante a terceira déca- no comportamento de crianças e ado- anos de prosão e torturas e transfor- complica quando chegam ao lugar volveu uma gastrite, mas s(
da do século passado, como aconte- escentes e a importância do esptR te mou-se no primeiro mártir da ciência. um garoto mimado e esnobe e seu breviveu com dignidade. E
,cey cpm-Salim. Apesar dá semelhan- na saúde e na formação dos valores e Seus restos mortais foram reduzidos a pai, um empresário que pretende seis meses, o üvro está em Sl
ça, não é autobiográfico. peoonalidade. pó com marteladas. construir um hotel de luxo. quarta edição e figura entre ,
mais vendidos no pais.
O drama vivido em cenári,
-
M 57 U' J dai' •
apertados, em celas com 23 c:
mas para mais de 50 pessoa
serviu também para ensinar a
gurnas lições a Rodrigues. Pa
sentir-se útil, dava aulas I
matemática e português. "E
engraçado, pois ficava cereal
por homens de muita muscu1
tura e pouca massa cinzenta
comenta o autor.
--------------~-~~-- . --~---~
C2
oqmingo, 9/ 9/ 200 1
• •
-
•
•
, DE FE EM se
'Mesmo sem ser santa, ainda, a beata Madre
Paulina vem provocando atos de fé dig-
:nos de Santiago de Compostela. Com uma
· freqüência cada vez maior, a ainda pequena
: Nova Trento, onde fica seu santuário, vê pas-
· sar por suas ruas dezenas de peregrinos, vin-
;dos dos mais diferentes pontos do Brasil. Ali
· encerram caminhadas de centenas de quilô-
:metros, pagando promessas.
•
· Será que prêmios -
: melhor romance de da Associação Pau-
lista de Críticos de Arte (APCA), e da Jornada
· literária de Passo Fundo, sema-
na a ".tl\lr na , <!e
o direito 'defigurar na' de
Q6iiiSirecomendadas para o vestibular da Uni-
versidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
em 2003 e seguintes? Pode ser, mas também
J não. Para fazer a lista, a Comissão Permanente
• de Vestibular (Coperve) respeita pesquisa com
indicações feitas por professores de ensino
médio. Nas últimas, Paulo Coelho e Sidney
Sheldon pontearam nas preferências.
Premiado
o Escritor Salim Miguel
recebeu, terça-feira, em São
Paulo, o prêmio da Associa-
ção Paulista dos Críticos de
Arte pelo livro NllT na escu-
ridão , eleito como o melhor
romance brasileiro de 1999
por uma comissão formada
por respeitados críticos do
país. Embora não haja um
prêmio em dinheiro, a con-
decoração da APCA é refe-
rência entre escritores e ar-
tistas, pelo caráter de isen-
ção e rigor que sempre teve.
O Nur , claramente auto-
biográfico, narra a tr.aJet0ria
de uma família de Hbaneses,
que se instala em BI~~"ÇU •
nQs anos 20, muda-se pa. ~
Florianópolis, cria raízes na
região e acompanha as
transfomlações e os revezes
politicos do país durante vá-
rias décadas, incluindo a re-
volução de 1930 e a implan-
tação do Estado Novo.
O Salim viajou acompa-
nhado do diretor !leral da
FCC, o doce lapona m Soa-
res, que aproveitou a passa-
!lem por São Paulo para re-
tomar contatos com escrito-
res, visitar sebos e aU1uentar
o acervo do Museu/Arquivo
da Poesia Manuscrita, que
mantém em sua residência,
no bairro do Balneário, na
Capital.
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
050 - SALIM Miguel faz palestra na UFRJ. O Globo . Rio de Janeiro . 09 abro2000.p. 9.
051 - WINCK , Alexandre . Escritor à beira-mar. Diário Catarlnense. Florian ópolis , 4 fev. 2000. Gente, p.3.
---------------- - ":'"
_- -~~-~-----~
.11
•• • •
,
-
SAUM MIGUEL, PREMIADO ..COMO AlJfOR DO MELHOR
ROMANCE DE 1999, FREQUENTA AS PRAIAS DA ILHA DESDE 1943
ALEXANDRE W1NCK por lucro que não se importam
com as conseqüências para a ci-
ntelectual vai à praia, sim, dade. Na opinião de Salim, a Ca-
e tem muito a dizer a res- pit~d catarincnsc se torna uma
peito. O jornalista e escri- das cidades mais caras do país
tor Salim ~ligucl, de 75 durante a temporada de Verão! já
anos, premjado como ~IU que. o comércio aproveita a gran-
tor do Melhor Romance de presença de pessoas em Flo-
Brasileiro de 1999 pela rianópolis para abusar. HEles au-
Associação Paulista de mentam tudo antes a temporada
ll
Críticos de Arte (ArCA) por sua c depois não baixam .
obra "Nu r" , é wn freqüentador e Salim Miguel Caz questão de
admirador das praias de Flori- lembrar que, apesar das críticas!
anópoli s desde 1943. Só que ainda considera as praias da re-
nunea havia passado por uma si- gião entre as mais belas do Brasil
tuação como a deste ano. Ele vi- e a Ilha , um ótimo lugar para se
nha caminhando pela manhã na viver. "Já recebi propostas de tra-
Cachoeira do balho Cora , mas
Bom Jesus, como deixarei meus os-
Caz todos os dias, Salim pede sos aqui". Ele tem
observado vários
quando um trato r
- proibido de cir- planejamento amigos seus, de ci-
cular nas praias - dades grandes e
que puxava u m a
la ncha veio pa ra
urbano e badaladas como
Po rto Alegre, Rio
ci ma dele, como
se ti vesse inte n-
espaço para de Janeiro e São
Paulo, escolherem
ção de atropelá- participação da Florianópolis para
lo. Depois de es- morar. "O proble-
capa r po r pouco, comunidade ma é que , sem phl-
Salim Miguel ten- nejamento urbano!
tou reclamar com sem participação
a moça que dirigia o veículo e re- da comunidade, isso aqui vai vi-
cebeu uma saraivada de pala- rar outra Balneário Camboriú,
vrões. uSe tivesse uma arma, me cheia de paredões de cimento ar-
dava um ti ro". mado. Nem os turistas vão que-
O escritor vê nisso um claro rcr maIS ." .
. vir
exemplo da Corma desorganizada Jomalista com 35 anos de car-
e predatória como vem sendo reira e autor de 18 livros, Salim
praticado o turismo em Florianó- Miguel sabe bem o que significa
polis. Ele acha que as praias es- um governo que não ouve as opi-
tão ficando cada vez mais poluí- niões das pessoas que são afeta-
das com a invasão descontrolada. das por suas decisões. Logo apó~
"Na praia não se pode construir o Golpe Militar de 1964, ficou
edifício de seis andares", critica. preso durante 48 dias no quartel
Cita a própria Cachoeira do Bom da Polícia Militar. Além disso, viu
Jesus como exemplo. Numa faLxa a Uvraria que ele criou, chamada
de um quilômetro existem três Anita Garibaldi, mas conhecida
marinas improvisadas. Outro fa- por todos como "Livraria do Sa-
tor que o desagrada é a Calta de lim", ter os seus livros jogados no
integração do roteiro turístico meio da rua e queimados. "A ca-
com o artístico e cultura1. "Quan- sa já nem era mais minha mas
do chovc todo mundo corre para ainda era associada à minha pes-
o shopping, como se não existis- soa". lIoje leva uma vida bem
se mais nada". mais sossegada na Cachoeira, ao
Para ele, a responsabilidade lado da escritora Eglê Malheiros,
pelos problemas cabe não so- com quem é casado há 48 anos,
mente ao descaso das sucessivas mesmo que de vez em quando
administrações municipais como ainda tentem lhe passar o trator
do bator que quase O atropelou, Salim etogia a Cachoeira do Bom também aos empresários ávidos por cima.
----=
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL I
052 - DAMIÃO, Carlos . ° Brasil sob a ótica dos libaneses. A Notícia. Florianópolis, 21 jan. 2000. Anexo ., p. 3.
,
,
•
CARLOS DAMIAO
ESPt:CW PARA o ANEXO
• •
,
Em Nur - Na Escuridão, escritor Salim Miguel recria a trajetória de suafamília do Líbano a Santa Catarina na segunda metade dos anos 20
Mário Pereira • de famílias que, desde o final do SéCl~O passado até tempos re-
FLORIANÓPOUS centes, vieram II fazer a América" é matcriaJ farto para a escri-
ta , e no entanto poucas têm sido as narrativas que consegui-
arne, OSSOS, nervos, músculos, um corpo vivo. Vitali- ram dar-lhe O scants de obra literária acabada . Nur é uma dc-
dade, estranhamento, realismo pungcnte. NUT - Na las.
Escu ridcio, o novo romance de Sa1im Miguel, leva o Se há bibliografia farta sobre a imigração européia no Sul do
leitor a mergulhar num universo às vezes inquietan- Brasil - a alemã e a italiana, principalmente -, pouco ou quase
te, mas sempre estimulante porque o autor souhe dar-lhe vida. nada existe sobre a inestimável contribuição que os represen-
Uma vida sólida e únic~l, retirada da memória do tantes de antigos povos do oriente, legatários de
au[Or que a reconstrói com sua reconhecida ha- culturas milenares, C0l110 os libnneses, deram à
bilidade de um mestre da palavra. A memória é construção do país nesta sinfonia de etnias. E no
manancial rico em matéria-prima para o escritor. entanto os descendentes de libaneses no Brasil
~Ias este poço profundo também oferece riscos SOmaJ11 mais de 6 milhões. Salim é um deles.
ao criador de histórias que não souber lidar com Com seu estilo claro, cuja aparente simplici-
o material que dele rctira, primeiro pela seleção dade é fruto de uma sofisticada técnica na lida
e, depois , pela transformação. E Salim Miguel , COI11a p~llavra escrita, Salim Miguel vai montan-
como poucos, sabe lidar com ele c elevá-lo i\ con- do um amplo pa1l0ram ~1 destn saga familiar, em
dição de criação literária de primeira linha. J,í o
sabíamos desde a le itura do seu Primeiro de -. •
capítulos que avançam e recuam, se aJast.:l.111 c se
entrelaç"m, justapondo-se como cenas de um fil-
Abril: Narratiuas da Cadeia, a vigorosa narrati- me que emociona em sua humanidade de carne
va de sua sofrida convivência com o irracionalis- e osso. O livro foi considerado pela Associação
mo e a violência da ditadura dos generais. Paulista de Críticos de Arte como o melhor ro-
Salim novamente mergulha na memória e mance do ano passado , e quem o ler conferirá
emerge com a saga da sua famllia que saiu do Lí- que sobram razões pnra tanto . Não por outras,
bano em busca de melhor vida e dcsembarcou Salim alinha-se entre os melhores Hccionistas
no Rio de Janeiro em 1927 para, depois, deitar raízes em Si- brasileiros contemporâneos.
guaçu na generosa terra catarinense. Deixar para trás a term ROBERTO SCOINDC/SET 96
natal, cortar laços para reatá-los num recomeço em geografias * NUT - Na Escuridão - Salim Mill"el. EeliLOTa Topbooks (Rio ele LIBANO-BRASILEIRO: Mestre das palavras, Salim Miguel transforma suas recordações em belas e inquietantes páginas de literatura
distantes, experiência pela qual passaram milhares ou milhões Janeiro). 258 págs. RS 25,00
o jornalista
Salim Miguel
lançará seu 18º livro
,
MEU CLASSICO
Salim Miguel, escritor
·Comecei a ler e a aprender a
gostar de livros lendo o soneto a
Carolina de Machado. Mas depois
me marcou mais a prosa macha-
diana, já Que nunca escrevi um
poema decente. Quanto ao livro
que eu escolheria para meu clás-
sico, o livro de minha vida, é difícil.
Foram muitos, mas se tiver que es-
colher um, escolho 'O vermelho e
o negro' de Stendhal. Um romance
numa linha tradicional nada tradi-
cional, romance de formação de-
formada, onde o crescimento do
protagonista se faz pela necessida-
d de ascensão".
059 - FEIJÓ , Marcia. Maior encontro literário do país abre hoje no RS. Diário Catarlnese . Floria nópolis, 28 ago . 2001.
Variedades , p. 8 .
~ PASSO FUNDO termina na sexta-feira. Até lá, mais de regionais, mas, com o bom resultado alcan- Jurame"to, da moçambicana Paulina Chi-
4.000 adultos e até 2.000 crianças por dia çado pela organizaçâo, já na segunda edi- ziane, e Desordem, de Márcio Souza.
Começa hoje o maior encontro de litera- nas "jornadinhas" terão participado do ção se tornaram um evento nacional, le-
tu ra do país. Ao todo. mais de 10 mil pes- evento. Segundo a organização. liderada vando escritores de todo o pais a cada dois Leitores se preparam em grupos
soas estão inscritas para participar dos deba- pela professora de literatura da Universida- anos à cidade, que tem 166 mil habitante e formados meses antes do evento
tes que ocorrem debaixo de lonas de circo de de Passo Fundo, Tânia Rõsing, mais de fica a cerca de 300 qui lômetros de Porto A fórmula das Jornadas Literárias baseia ..
na cidade gaúcha de Passo Fundo. cem autores estarão presentes - entre eles, Alegre. Neste ano. será entregue, pela se- se num princípio: para participar do encon-
O tema da 9.' Jornada Nacional de Litera-
tura é 2001 - Uma Jornada na Galóxia de Gu-
o argentino-canadense Alberto Manguei,
autor de No Bosque do Espelho, e o chileno
gunda vez, com apoio da prefeitura da ci-
dade e da empresa Zarrari & Bourbon, um
tro com um autor, é preciso estar preparado
para discutir suas obras. "O evento Funcio-
.....
tenberg: da Prensa aoE-Book. Antonio Skármeta, de O Carteiro e o Poeta. prêmio de R$ 100 mil para o melhor ro- na porque o objetivo é nobre, e porque en .. •
En tre os brasileiros, estão Antônio Torres, mance (na edição de 1999, o prêmio foi contrei gente do mesmo tipo. que não se
Uma série de encontros e mesas-redon- de Essa Terra, e Ignácio de Loyola Bran- para o escritor Sinval Medina, com o ro- importa com o cansaço e com o desgaste",
das estão previstos para discutir o passado dão, de Zero. mance Tratado da Altura das Estrelas). En- explica Tânia. Segundo o escritor Roberto
e o futuro dos livros. Uma réplica da pren- As. Jornadas de Literatura surgiram há 20 tre as 11 obras escolhidas que participam Drummond, autor de Hilda Furacão, nas
sa de Gutenberg (vinda da Alemanha) esta- anos, como uma sugestão do escritor Josué da disputa deste ano, estão O Pi"tor de Re- viagens que fez pelo Brasil e pelo mundo,
rá exposta na cidade durante o evento, que Guimarães aceita por Tânia. Con}eçaram tratos, Luiz Antônio Assis Brasil, O Sétimo nunca viu nalla como em Passo Fu~do.
l.rrERAruR.A • CARREIRA, PRÊMIo RECÊM-CONQUISTADQ E PERSPECTIVA DE NOVOS PROJETOS DO ESCRITOR CATARINENSE SAUM MIGUEL
• -
4 4..- • • -
4 lU-
Uma das maiores ansiedades do escritor é ver no livro publicado outras possibilidades de abordagem
GlAUCO SILVES11!E
..... ERCADO POR CINCO MIL LIVROS EM UMA PEQUENA SALA do apanamento no bairro Carvoeira, espaço suficiente para apenas metade
livros - outros cinco mil ficam na casa de praia - o escritor, jornalista profissional, argumentista e roteirista de cinema Salim
chega aos 77 anos no auge de sua capacidade criativa, já pesquisando dados para seu próximo livro, o 22° de sua car-
reira.
O último, 'Nur na Escuridão' Editora Topbooks, lançado no ano passado, já em sua segunda edição, venceu
dois importantes prêmios nacionais; o da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), com o melhor
romance do ano e o Passo Fundo Zaffari & Bourbon, considerado a mais importante premiação do
gênero no país, onde dividiu o primeiro lugar com o escritor baiano Antônio Torres. Na quinta-feira
o escritor será homenageado no Circuito Cultural Banco do Brasil, onde participa da Roda de
Leitura com Nelson Motta no auditório da Justiça Federal.
Salim trabalhou em jornais e revi<tas durante 35 anos, sempre com inclinação para a área cul-
tural, escrevia para imprensa alternativa já em 1946, foi editor da revista Tendência, do grupo
Block, e da revista Ficção de 1976 à 1979 e um dos principais colaboradores de um jornal
literário carioca editado por Jorge Amdo, época que conheceu no Rio os mestres da literatu-
ra brasileira, como Carlos Drumond de Andrade, Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Em
Florianópolis colaborou para os quatro jornais diários da época, O Estado, Gazeta,
Díário da Tarde e Diário da Manhã.
Inspiração - Salim diz que o processo de criação é formado por 10% de inspiração
e 90% de transpiração 'Escrever é saber reescrever e cortar' ensina. O original de
seu último livro, possuía 500 páginas, com os cortes e a edição, chegou as
livrarias com 250 - depois de reescrever cinco vezes.
Uma das maiores frustações para muitos escritores é
depois de ver o livro publicado, a cada leitura sentir
que o texto poderia ter novas abordagens. Para evitar
a auto-critica tardia, Salim afima que não abre o
livro no mínimo um ano após sua publicação
'Sempre acho que tem que mexer alguma
coisa aqui e ali, por isso sempre digo
que o melhor é aquele que
estou escrevendo, quando
altero qualquer
coisa' justifica.
TRABALHO • AUTOR DO ROMANCE PREMIADO FALA DAS DIDCULDADES EM CHEGAR AO CIRCUITO NACIONAL DE LITERATURA NO BRASil.
• •
Novos projetos e perspectivas à Vista dão o tom para a continuidade da carreira de Salim Miguel
• •
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Suplemento
ial
~~~~_~_ _---''--_ _ _ _ _ _ Oivulgação/OE
os
Ao longo de sua história, Jornal cumpriu
importante papel no desenvolvimento da
cultura catarinense, revelando talentos e
incentivando o debate literário entre
artistas e intelectuais,
. -
~ria pela VISao do
A •
romancista o prellllo
9' Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo
A premia dois livros de história, escritos pela estra-
tégia de dois romancistas. O 2° Prêmio Passo Fundo
Zaffari Bourbon de Literaturaentregou R$ 35360 (com
o desconto do Imposto de Renda) a Salim Miguel e
Antônio Torres. José Clemente Pozenatlo, recebeu
menção honrosa pelo seu livro "A Coe.nha".
A obra "NUR naescuridão",deSalim Miguel,
foi lançada no segundo semestre de 199g econquistou
naquele ano o prêmio de melhor romance do ano,
atribuído pela Assoeiação Paulista de Críticos de Arte
em São Paulo. " Isso teve uma importânciasignific3tiva
para a carreira do livro, porque no Brasil qualquer
prêmio ou oque vai se ganhar financeiramente podem
ajudar na caminhada dos livros", comenta Miguel.
Segundo o escritor, os lemas com O que o
escritor trabalha são praticamente os mesmos, O que
diferencia um do outro são as maneiras de abordá-lo.
"No meu caso, NUR, tem capítu los que foram escritos
nove vezes e o li vro tinha inicialmente mais de 500
páginas e foi publicado com 250 porque eu acho que
o grande escritor é aquele que reescreve e corta como
quem corta a própria carne", esclarece.
Torres, presente pela segunda vez nas jorna-
das literárias de Passo Fundo ganhou o prêmio pelo
seu 12° livro, "O Meu Querido Canibal". No ano Os vencedores, da esquerda para a d ire ita : Salim
passado o autor recebeu o prêmio Machado de Assis Miguel, Antôn io Torres e José Clemente Pozenano
da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da acompanha uma famma de libaneses da década de 20
obra que já conta com 12 títulos. "Creio que o livro, até 50, de maneira que essa famflia vai conhecendo e
como parte desse volume de obras, contribuiu para deixando de ser libanesa para ser brasileira.
esse prêmio. 'O meu querido canibal' não ganhou "O primeiro capítulo tem muitas palavras em
individualmente nenhum prêmio. Elejá entrou numa árabe, mas a medida que vai se avançando no livro as
coleLiva, é o primeiro prêmio individual", acrescenta o palavras em árabe vão desaparecendo, porque eu
escritor. quero mostrar que essa famflia de brasileiros",justifica
O Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Miguel. Segundo ele, NUR está em caixa alta por
Literatura comou com 190 obras inscritas, a maioria significar"Luz" em árabe.
delas de escritores brasileiros, mas autores internaci- "O meu querido canibal" tem como personagem
onais marcaram presença. A seleção final contava com o índio Cunhambebe, que, na opinião de Torres, é o
II escritores. A Comissão Julgadora foi composta primeiro grande guerreiro do país,já que foi o primeiro
pelos escrilOres Ignácio de Loyola Brandão, Luís chefe supremo da Confederação dos Tamoios, organi-
Coronel, Deonísio da Silva, e pelos professores dou- zação de resistência do nativo à colonização.
tores Paulo Becker e Tânia Rosing. "A história indígena nesse país está reduzida a
notas de rodapé de páginas. Foram quatro anos fazen-
COl/tal/do históru.s históricas do pesquisas que tornaram o meu livro uma
canabalização não só da história como da literalura. O
"NUR na Escuridão" trata da imigração libane- escritor hoje que não ti ver esse olhar para a história ele
sa no Brasil. Seu autor, Miguel, afirma que não é um estará perdendo muito, porque a história estará enri-
romance histórico nem uma história da famflia. O livro quecendo o seu imaginário", conclui.
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
065 - HOMENAGENS revivem os 20 anos de jornada de literatura . Diário do Amanhã . Passo
Fundo, 29 ago. 2001 . p.6.
Homenagens revivem os 20
anos de Jornada de Literatura
Passo Fundo começa a viagem
pela época da prensa ao
encontro do e-book
om chuvas e atraso na programação, inicia a çr
C Jornada Nacional de Literatura em Passo Fundo.
A longacerimôniadeabenu raenfatizou os 20anosdo
evento e prestou homenagens a nomes consagrados
da I iteratura nacional . Apresentações artísticas, com
120 artistas, marcaram a evolução do livro, com a
encenação da figura de Gutenberg e as múltiplas
linguagens ganharam a tradução sim ultânea para os
• •
SInais .
A escolha do tema "200 1 Uma jornada na
galáxia de Gutenberg: da prensa ao e-book" debate a
história do livro e a sua estrutura na evolução das
tecnologias. Na retrospectiva do evento, autoridades
eescritores lembraram a primeira Jornada de Literatu-
ra,em 1983.
Naquela época foram somen te noveescritores
e ISO panicipantes, no Salão de Atos da Reitoria da
UPF. Neste ano, são esperados 4,5 mil panicipantes,
que terão a oportunidade de conrerir 115 escritores.
Até Gutenberg apareceu na festa da literatura
Além da inovação das múltiplas lonas do Circo da
Cultura, a 9' Jornada Nacional também lançou a pri- tores, artistas e contadores de história.
meiraJornadinha Nacional, para aproximadamente6
mil crianças. As homenagens
O esperado ministro da Educação, Paulo Re-
nato de Souza, tran smitiu sua mensagem através de A 9' edição da Jornada de Literatura homena-
uma gravação exibida em telão. Ele ressaltou a impor- geou alguns escritores que paniciparam da primeira
tância da leitura e lançou a campanha ''Tempo de Jornada de Literatura Sul-Riograndense. Antônio
Lei tura", que acontece de lO a 14 de setembro em Carlos Resende, Armindo Trevisan, Carlos Nejar,
todas as escolas do país. A campanha procura incen- Deonísio da Silva e Sérgio Capparelli receberam das
tivar o hábito de ler e contará com o auxnio de escri- mãos das jomadetes o troféu Roseli Dolesky Pretto,
comemorativo aos 20 anos dasjor-
nadas literári as.
Através de painéis no pal-
co, com o seu rosto, foram homena-
geados os escritores Mário
Quintana, Josué Guimarães e eyro
Martins. Em nome da família de
JosuéGuimarães. um dos primeiros
incentivadores das Jornadas, o
sobrinho Nino Machado recebeu o
troféu.
Mas a maior emoção do
público foi embalado ao som de
"Tieta do Agreste" e pela melodia
instrumental de "Gabriela". Essa
foi a homenagem daJomada para0
escrilor Jorge Amado, falecido rc-
Os homenageados exibem o troféu Roseli Preito e os quatro volumes centemente, que também ganhou
do livro dos 20 anos da Jornada um painel de seu rosto.
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
066 - MADALENA, Anton io. Torres e Salim Miguel dividem prêmio . O Globo. Rio de Janeiro , 29 ago . 2001 .
...
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orres e
•
re lID
Jornada literária em Passo Fundo começa com anúncio de vencedores do Zaffari & Bourbon
Leonardo Aversa/16-12·99
Antônio Madalena
Especial para O GLOBO' PASSO
FUNDO
eu empate: os escrito-
res Antônio Torres e
Salim Miguel vão divi-
dir o prêmio de litera-
tura Zalfari & Bourbon, de R$
100 mil, o maior do país. A di-
visão do prêmio foi decidida
por unanimidade pela comis-
são julgadora, reunida em Pas-
so Fundo, cidade do interior
do Rio Grande do Sul, onde foi
J inaugurada ontem a 9! Jorna-
• da Nacional de Literatura, que
até sexta-feira promete reunir
mais de dez mil pessoas para
debates sobre livros. Os dois
escritores foram escolhidos
entre Ii finalistas - como Ru-
bem Fonseca, José Sarney, Pa-
trícia Melo - com obras publi-
cadas nos últimos dois anos.
Torres foi premiado por
"Meu querido canibal" (Re-
cord), ficção histórica inspira-
da no índio Cunham bebe, o
terrível devorador de portu-
gueses. No ano passado, o es-
critor também obtivera R$ 50 SALIM MIGUEL, autor de "Nur na escuridão": 50 anos de literatura -
ANTONIO TORRES: prêmio por "Meu querido canibal"
mil pelo prêmio Machado de
Assis, concedido pela Acade- mio de R$ 100 mil, a comissão quando muitos escritores ain- muitas pessoas não arreda- sando com as crianças, reve-
mia Brasileira de Letras para o julgadora - formada pelos es- da chegavam a Passo Fundo, vam pé, esperando alguma de- zando-se entre uma das qua-
conjunto da obra. Salim Mi- critores Deonísio da Silva, Igná- era grande a expectativa em sistência de última hora. Se- tros lonas menores com capa-
guel - que este ano comemo- cio Loyola Brandão, Luis Coro- torno da premiação. A divisão gundo a organização, depois cidade para 500 crianças.
ra 50 anos da publicação de nel e pelos professores Paulo Ri- do prêmio surpreendeu os par- de encerradas as inscrições, Na segunda-feira à noite, foi
seu primeiro livro. "Velhice e cardo Becker e Tânia Rôesing - ticipantes, frustrando alguns foi grande o número de volun- inaugurada a exposição "Pren-
outros contos" - recebeu o concedeu uma menção honrosa deles, pois na prática o Zalfari tários que se ofereceram para sa de Gutenberg", na qual se
prêmio por "Nur na escuridão" ao escritor gaúcho José Cle- & Bourbon deixou de ser este trabalhar gratuitamente na pode ver uma réplica do sécu-
(fopbooks), baseado na histó- mente Pozenato por seu livro"A ano o maior prêmio que um es- Jornada a fim de participar lo XVII da prensa utilizada por
ria da sua família libanesa que cacanha". O escritor se tomou critor pode receber no pais. das atividades. Gutenberg. A réplica veio da
chegou ao Brasil em 1927. conhecido nacionalmente quan- Hoje de manhã tem início a Alemanha especialmente para
"Nur" significa "luz" em portu- do seu livro "O quatrilho", sobre ZIraldo e Ruth Rocha Jornadinha, para crianças da a Jornada. Em outra exposi-
guês, a primeira palavra que o colonos italianos, foi adaptado participam da Jornadinha pré-escola a quarta série, com ção, "Vida e obra de Guten-
pai de Salim aprendeu quando para o cinema. No seu primeiro dia, o even- o espetáculo" Jovem Drum- berg - Evolução da escrita",
chegou no país. Em 1999, o li- Em 1999, ano em que pela to foi um sucesso. O público, mond", com o ator Vinícius de há quadros que contam a his-
vro também fora premiado pe- primeira vez o Zalfari & Bour- em clima festivo, lotava a Jor- Oliveira, que estrelou o filme tória da escrita e um fac-símile
la Associação Paulista dos Crí- bon foi concedido, o escritor nada. Embora não houvesse "Central do Brasil". Ruth Ro- da Bíblia impressa por Guten-
ticos de Arte (APCA). gaúcho Sinval Medina ganhou mais ingressos para participar cha e Ziraldo são alguns dos berg que também veio da Ale-
Além de decidir dividir o prê- os R$ 100 mil sozinho. Ontem, dos debates na lona de circo, escritores que estarão conver- manha. _
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
067 - VIANNA, Natalia. Salim Miguel é premiado em Passo Fundo.
Gazela Mercantil- Sanla Calarlna , 29 ago. 2001.
, Salim Miguel
é premiado em
Passo
- Fundo Y
•
• •
ven O la escrl ores
Antonio Torres e Salim Miguel dividem R$ 100 mil em jornada no Sul
RODRlGO ALVES seus livros Meu querido callibal ano pela Associação Paulista rio francês Renê Duguay-
(Record) e Nur lia escuridão dos Críticos de Arte. Outros dois Trouin, projeto no qual ele já
PASSO FUNDO, RS - o baia- (Topbooks). Nur em árabe sig- fatos ligam os vencedores: am- vem trabalhando há bastante
no Antonio Torres e o catarinen- nifica luz. "Se ganhasse sozinho bos são jornalistas e os dois li- tempo.
se Salim Miguel foram os dois ficaria constrangido", revelou vros têm caráter histórico. Meu A entrega do prêmio encer-
escritores premiados pela 9' Jor- um modesto Torres, dizendo-se querido callibal narra a saga do rou a cerimônia de abertura, que
nada Nacional de Literatura de honrado e orgulhoso em dividir líder tupinambá Cunbambebe, contou ainda com homenagens
Passo Fundo, aberta anteontem o prêmio com o colega. uÉ a cul- enquanto Nur lia escuridão fala a autores como Mário Quintana,
no Rio Grande do Sul. Um dos minação de uma carreira de 50 da imigração libanesa. Josué Guimarães e Jorge Ama-
momentos mais esperados da anos dedicados ao livro", com- Corsário - Salim Miguel, do .. As vaias ficaram por conta
• jornada, a divulgação do prêmio pletou Miguel. que já trabalha em seu novo ro- do mini tro da Educação, Paulo
Passo Fundo Zaffari & Bourbon Tanto Salim como Torres já mance, baseado em anotações Renato Souza, que não compa-
de Literatura, o mais alto do tinbam recebido prêmios impor- do período em que foi preso po- receu e apenas gravou uma
país, surpreendeu ao dividir en- tantes recentemente. Torres foi lítico, ressaltou
, a importância da mensagem em vídeo, desagra-
tre dois nomes os cobiçados R$ premiado com o Machado de jornada. "E o encontro literário dando ao público. O evento pro-
• 100 mil. Assis (um dos maiores do Bra- mais importante do Brasil", elo- move várias mesas- redondas
O baiano Antonio Torres e o sil, no valor de R$ 50 mil) pelo giou. Antonio Torres vai empre- antes do encerramento, sexta-
catarinense Salim Miguel foram conjunto da obra, e o romance gar o dinheiro em pesquisas pa- feira, uma aula-espetáculo de
, escolhidos respectivamente por de Miguel foi eleito o melhor do ra seu novo livro, sobre o corsá- Antônio Nóbrega.
,
.
PREMIO PARA se
t
o provincianismo às avessas, o pratiéado
.I
E pela mídia das grandes metrópoles bl1llõi-
leiras em relação às "províncias". A coluna
Swann, no jornal "O Globo" de ontem, igno-
rou que o escritor catarinense Salim Miguel
também foi vencedor, dividindo R$ 100 mil
do Prêmio de literatura Zaffari & Bourbon,
concedido pela 9' Jornada Nacional de lite-
ratura, que está acontecendo em Passo Fun-
do (RS), ao melhor romance publicado nos
últimos dois anos no Brasil. O matutino
carioca informou a seus leitores que Antô-
nio Torres levou sozinho a premíação. Com
"Nur na Escuridão" Salim Miguel ganhou
em 2000 o prêmio de melhor romance
publicado no País em 1999, concedido pela
Associação Paulista de Críticos de Arte
(APCA). Para o prêmío de Passo Fundo hou-
ve 190 inscritos e Salim ficou entre os II fina-
listas, junto com José Sarney, Patrícia Melo e
Rubem Fonseca, dentre outros cotados.
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
073 ~ FEIJÓ , Marcia . "Este livro tem me dado sorte" , diz Miguel. Diário Catarinese . Floria nópolis, 31 ago . 2001. Variedades.
Escritor catarinense
" .
concorre a premio
GlAUCO Sll.VEST1IE mente entre a década de 20 e
50. Segundo Salim, 70% do
o LIVRO "Nur na livro são relatos que se pas-
Escuridão ' do escritor catari- saram com sua família entre
nense Salim Miguel, foi sele- Biguaçu e Florianópolis. Hoje
cionado para a final de um dos a população de descendentes
maiores concursos de lite- Iibanezes no Brasil chega a 6
ratura do país. A Jornada milhôes, maior que a do
Nacional de Literatura de Líbano .
Passo Fundo premia as obras A obra é publicação da edi-
publicadas entre maio de 1999 tora Topboocks do Rio de
e maio de 2000. Janeiro. Salim Miguel tem 20
Participaram 180 escritores. obras publicadas, a primeira
Entre os 11 selecionados com o "A velhice e outros contos' de
catarinense, estão Rubens 1951 e a última "Eu e as
Fonseca, Luiz Antônio de Assis Corroíras" de 2001, pela
Brasil, Domingos PeJegrini, e Editora Insular.
Antônio Torres. foto arquivolOE
O prêmio para o
vencedor é de R$
100 mil. A cerimô-
nia de premiação
acontece dia 28 de
agosto em Passo
Fundo RS, e deve
contar com a pre-
sença de outros 10
escritores de outros
países. O nome do
vencedor será reve-
lado no dia.
O Livro "Nur na
Escuridão ' relata
as dificuldades da
Imigração
Libaneza para o
Brasil, a integração
e as lransfor-
• •
maçoes SOCIaiS no
país, principal- Escritor tem obras publicadas desde 1951
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
075 _ NOSSO querido Antônio Torres. Jornal do Brasil . Rio de Janeiro, 01 seI. 2001 .
-
Ao. •
OnlO orres
IO personagem
Salim Miguel
Aos 77 anos, o escritor, que
é um patrimônio vivo da cultu-
ra c3larinense, comemora O cin-
qüentenário do lançamento de
seu primeiro livro. Ele também
recebeu este ano dois dos maio-
res prêmios literários nacionais
com seu romance Nur - Na Es-
curidão. De quebra, foi o lider
da pesquisa DC que enumerou
os 12 melhores escritores catari-
nenses em atividade, e esta se-
mana será homenageado na
Unisul e pelo Circuito Cultural
Banco do Brasil. Semana cheia
para o homem de letras.
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
078 - MENEZES, Cacau . Salim é sucesso. Diário Catarinese.
Florianópolis, 06 jul. 2000. Cacau Menezes , p.55 .
Salim é sucesso
ontinua a fazer enorme sucesso o último livro
do escritor catarinense Salim Miguel , Nur na
Escuridão , escolhido pela Associação Paulista
de Críticos de Arte como o melhor romance do
ano.
O Na última edição da revista Vogue, que comemora
25 anos, Salim Miguel é um dos 11 destaques em Litera-
tura, escolhidos por um grupo de consultores da revista
para a reportagem Quem Faz Acontecer l1a Culn,ra Bra-
sileira.
O Completam a lista , além de Salim, Rubem Fonseca,
Rachei de Queiroz, Wilson ~Iartins , Marilena Chauí, Zi-
raldo, Paulo Coelho, Affonso Romano de Sant'Anna, Luís
Antônio de Assis Brasil, Ana Miranda e Menalton Brafl.
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
079 - GUTKOSKI, Cris. Sonhos sólidos, páginas impressas. Zero Hora. Porto Alegre, 08 seI. 2001 .Literatura, p.2.
,
~-----_._~~-_.-c=-- ~~ _. -- ---- ----.,.,...---------,
o CRiTICO Manuel Bandeira... Não vejo, com a ressalva escritor do outro. Escolhi como temas velhice
de que pode ter aparecido alguém importante e morte, tempo e memória, o psicológico e o
''Hoje me considero não uma sumidade, mas nos últimos cinco anos. Com as dimensões social. Se a pessoa percorrer meus 20 livros,
uma relativa autoridade em literatura hispano- continentais do Brasil, a gente sabe o que incluindo os três de crítica literária, vai encon-
americana, porque durante oito anos ftz crítica acontece em Santa Catarina, sabe um pouqui- trar como constante, até obsessiva, esses te-
i literária para o Jornal do Brasil, como frila ft- nho do Rio Grande, mas não tem como saber mas. Na verdade, se me pedirem uma explica-
xo. Li todos os escritores da década de 60 a 70, o que vai pela Bahia, Marnnhão, Amazonas:' ção lógica, talvez hoje até eu tivesse. Mas isso
a fase mais produtiva, e escrevi sobre todos me acompanha desde a primeira infância, não
eles. Jorge Luis Borges, Ernesto Sábato, Bioy LEITOR COM SAUDADES sei porque naquela época eu já tinha essa ob-
CRlS GUTKOSKl Casares, Leopoldo Marechal, que pouca gente "De cinco anos para cá, estou com problema sessão pela velhice e pela morte. Talvez porque
conhece, o uruguaio-argentino Horácio Quiro- visual. Tive que reduzir drasticamente a leitura. essa marca de pessimismo dos árabes, esse
ão tinha livros em casa o menino que ga, Onetti, e na Colômbia, Álvaro Mutis e O problema não tem cura, se chama retinopa- Maktub, que quer dizer 'estava escrito', seja
70 anos depois dividiria com Antonio García Márquez. No Chile, além do Neruda, tia degenerativa, um palavrão. A retina vai per- um componente. Embora cético e descrente, às
Torres o 2° Prêmio Passo Fundo Zaf- José Donosso. Por incrível que pareça, conhe- dendo a capacidade e aos poucos vão surgindo vezes o Maktub mexe com minhas certezas."
fari & Bourbon de Literatura. O pai cemos muito pouco da literatura latino-ameri- neovasos, que sangram. Tenho visão periférica
queria mas não podia comprar esses cana, e eles nos conhecem meoos ainda O pri- na vista direita e, na esquerda, uns 20"10 da vi- O PRÊMIO
!
luxos. Galgar montanhas, porém, já meiro livrn que li em espanhol foi Dom Segun- são prejudicados. Li quatro a seis boras por dia "Ter ftcado entre os Ii fmalistas num uni-
era uma constante na história daquela do Sombra, do Ricardo Guiraldes, um clássico. durante mais de 60 anos. Hoje arranjei uma verso de 190 romances publicados nos dois úl-
famíli a de imigrantes libaneses, e Sa- Foi publicado em 1926, e em meados da déca- gastrite crônica, vivo sob tensão e depressão." timos anos, já é um prêmio. Me perguntaram
lim Miguel, pirralho recém-alfabeti- I da de 30, em Biguaçu, eu já estava lendo. Até qual era a expectativa: era a mesma dos outros
•
zado, entrou numa livraria e propôs
tomar os volumes de empréstimo, devolvendo-os intac- I hoje não sei como ele chegou lá. Publiquei os
meus primeiros textos de crítica logo que c0-
LUZ NA ESCURIDÃO
''Muitos descendentes de bbaneses que com-
10 autores. Por que não eu ganhar esse prê-
mio? Estava em igualdade de condiçôes. Podia
J !
tos. Nada feito. O livreiro, cego, preferia que ele lesse • mecei a publicar ftcção, em ftns da década de pram o livro me escrevem querendo saber o ganhar o Rubem Fonseca, que era mais nome
ali mesmo, em voz alta, uma diversão solidária que se 40. Primeiro num jornal de Florianópolis, e de- que é NUR. Não é dialeto, é uma palavra culta. do que eu, Domingos PeUegrini, Pa1rlcia Melo,
prolongou por anos e ajudou a formar o escritor de ftc- pois como free lance para jornais e revistas do A pessoa acaba perdendo suas raízes. Nin- Assis Brasil, Márcio Souza, Antonio Torres,
ção e de crítica literária. Rio. Nos 50 anos da morte do Machado de As- guém tem obrigação de continuar sabendo o que também ganhou. Com exceção de Patricia
NlIr na Escuridão, premiado na semana passada em sis, cometi um texto sobre o nosso maior escri- que são as palavras árabes, com exceção de e da moçambicana, conheço a obra de todos os
Passo Fundo, foi reconhecido também pela Associação tor, dizendo que, mesmo nos romances mais quibe e Maktub. Sempre tive bom jeito para tí- fma1istas. Meu livrn não era inferior ao deles."
Paulista de Criticos de Arte como melhor romance de realizados, que eram verdadeiras obras-primas, tulos. Mas este devo ao meu fúbo que trabalha
1999. É um relato comovido de transplantes vários, ele era também um contista." na imprensa do Rio (Antonio Carlos Miguel, O PRÓXIMO LIVRO
geográficos, econômicos e emocionais, por que passa- critico musical de O Globo) e a minha mulher. "Acho importantíssimo trabalhar, se não a
ram 0& pais de Salim desde que deixaram o Líbano, A ESTRÉIA COM O IBGE Costumo dizer que não tenho nenhuma culpa, gente caduca. Ptincipalmente estando velho ...
em 1927, e aportaram no Brasil sem dinheiro, sem em- ''Meu primeiro livrn saiu em 1951 , A Velhice mas, dos meus cinco ftlhos, três trabalham na O que nos mantém é a atividade. Publiquei em
prego, órfãos da língua e ainda desconhecendo as di- e Outros Contos. Esse eu devo ao mGE. Esta- imprensa Quando o livro foi aceito pela edito- 1994 Primeiro de Abril: Narrativas da Cadeia,
mensões do país-continente. As pausas da narrativa va mais ou menos desempregado, o Brasil ra, eu estava em dúvida com o título. E, de re- contando a minha experiência como preso du-
muita virgula e pouco ponto, e o movimento pendul'; atravessava uma crise, me candidatei para ser pente, os dois me disseram assim: ''Usa aquela rante o golpe militar de 1964. Demorei a publi-
do tempo fazem jorrar livremente as lembranças, ima- recenseador e fui aprovado. Com sacola, ma- palavra que aparece 00 primeiro capítulo, que car porque não queria fazer um livro com má-
gens e frases inteiras que a memória do menino guar- \ " ,. , nual de instrução e formulário, batia nas por- quer dizer luz." Ia causar mo W1ianhamento. E goa, com ressentimento, queria algo racional
dou por décadas. Estão lá a primeira palavra ouvida tas. Quando eram pessoas idosas, velhos, a pri- não é que funcionou? O NUR puxou o livro. sobre o que foi aquilo. Fiquei 48 dias preso,
em português, a primeira manifestação de racismo, a meira coisa que eles faziam era abrir a porta, Tenho que dizer que não é ruim. No ano em com mais 60 pessoas, num alojamento no
primeira mulher recendendo a sexo - "tudo nela cha- me mandar entrar e sentar. Serviam cafezinbo. que saiu, ganhou o p1ênúo de melhor romance quartel da polícia militar de Florianópolis. Não
ma atenção", e as últimas jóias que a mãe vendeu para Começavam a conversar e não paravam. Nessa do ano atribuldo pela Associação Paulista dos consegui prosseguir com esse livro, que é de
pagar dívidas e tocar a vida. A primeira, a segunda e a idade, a pessoa resolve reavaliar a vida e ver o Críticos de Arte. "Luz na Escuridão" ia parecer memórias ftccionalmente trabalhadas, com a
terceira mortes na farnJlia, antes do Fim do patriarca, que poderia ter feito difeletlte. Se o IBGE não auto-ajuda, não me lembrei disso, mas é per- narrativa na primeira pessoa do singular. Que-
"um excelente professor no Líbano e um péssimo co- meJhorou finanças, devo a ele o fato feito. No início do em 1927 e ria algo distante de mim, mas a terceira pessoa
merciante no Brasil", deftne o primogênito. de ter publicado meu primeiro livro. O agente esta famnta porto da Praça dava um distanciamento que não me interessa-
O leitor onívoro tomou impulso nas diftculdades ft- Pelo romance 'NUR na Escuridão", Salim Miguel recebeu na semana passada o prêmio da Jornada Literária de Passo Fundo detlagrador do processo narrativo é um agente Mauá. É a minha família. Avanço até 1979, va. Escrevi na segunda pessoa. O livro que es-
nanceiras, e o escritor, 20 anos censitário, que sou eu. São oito contos, cinco quando o patricarca, já bem idoso, tenta recu- tou começando agora não vai ser muito gran-
depois, enredou-se no mesmo resultaram do meu trabalho no mGE. Publi- perar o passado. E conta como chegou ao Bra- de, mas já tem título: Viver a VuJa: Narrativas
incentivo. Sem emprego, Sa- PRIMEIRAS LETRAS, RECORTADAS
''Brincando, mas nem tanto, digo que comecei a escre- quei meu primeiro livro aos 27 anos. Para o sil. No anoitecer, 00 cais do porto, ele só tem de um Exílio do Rio. Cheguei ao Rio com um
lim virou recenseador do IB- Brasil daquela época, eu já era um velho. Todo uma caderneta onde está m"Nllhado em portu- emprego na Agência Nacional, que era órgão
GE, em 1950, e pôde entrar ver antes de aprender a escrever. Tinha lá os meus oito
anos e recortava pedaços de papel pardo da vendola do mundo achava que devia publicar o primeiro guês o endereço de um pamrte que morava 00 de divulgação do governo federal. Como o
nas casas de dezenas de brasi- livrn aos 18. Só que ninguém era Rimbaud." Rio. A irmã do meu pai morava em Magé. Brasil é um pais surrealista, fui demitido do
leiros que lhe contavam histó- meu pai, cortava letras de palavras de jornais (eu ainda
rias fantásticas . Os mais ve- / • • não tinha sido alfabetizado), colava aquilo, fazia traços
na perpendicular, na horizontal, na vertical, fazia círcu- CADÊ O NOVO DRUMMOND? .
Meu pai não sabia absol_lte nada do que
estava 00 rascunho. Ele chamou um motorista
emprego de assessor de imprensa do governo
do Estado, mas não perdi o posto no Rio. O
lhos, sobretudo, os mais falan-
tes. As confidências receberam
tratamento ficcio nal e foram
a ress los, pontilhados. De noite, as crianças se reuniam nas
portas das casas Dai, ou eu fazia um relato em cima da-
quilo, que já "':I ~a maneira de fazer reportagem, ou
"Até cinco anos atrás fui um devorador de li..
vros. Conheço e tenho absolutamente tudo que
se publicou nos últimos 50 anos 00 Brasil. Não
de táxi, mostrou o endereço, acendeu um pali-
to de fósforo, que se apaga, acende o segundo,
se apaga, luz é a primeira palavra em portu-
escritor Adonias Filho assumiu como chefe e
conseguiu segurar o meu emprego. Em Floria-
nópolis, continuavam pressionando para que
publicadas em A Velhice e O.' comprei tudo, comprei uma parte, mas, como guês que a farnilia ouve. Para meu pai, uma eu voltasse a ser preso e mais, demitido. No
tros ContQS, em 1951. Bateu a remventava hlstonas que meu pai me contava, lá da terra
dele, do Líbano. Eu recontava principalmente uma leitu- exercia efetivamente a critica, as editoras me pessoa que havia sido um excelente professor começo, eu ganhava, vamos dizer, 60 reais de
dor da consciência da exposi- Filho de desterrados libaneses, preso político no Brasil mandavam os titulos. Acho que a literatura no Líbano e um péssimo comerciante no Bra- salário e pagava 80 reais de aluguel de aparta-
ção pública de sentimentos pri- ra que me marcou para sempre, que foram As Mil e
Uma Noites. Há alguma coisa desse livro em toda a mi- brasileira atravessa ciclos de produtos mais ri- sil, ela tem uma série de slmbolos:' mento. Sobrevivi pedindo emptestado a quatro
vados, mas Salim lembrou que da ditadura, o escritor catarinense Salim Miguel revisa cos e menos ricos. Temos a afirmação de al- irmãos, a dois cunhados e a dois bancos, até
nha obra ftccional."
até o grande William Faulkner o romllllce NUR na Escuridio guns nomes, mas não vejo uma grande revela- A VELHICE DESDE JOVEM arranjar um segundo emprego nas empresas
havia violado correspondên- sua trajetória e fala de seu obstinado amor pelos livros (Topbooks, 260 páginas, RS 25) ção, não vejo alguém que diga ''Vou marcar o "Eu parei 18 anos de publicar, não de escre- Bloch. A minha mulher passou a traduzir in-
cias para melhor descrever PROPOSTA INDECENTE
"Lá pelos oito anos, nem bem alfabetizado, passei a valeu, para Salim Miguel um meu momento e vou marcar um momento na ver... Durante muito tempo publiquei pouquisi- glês, francês, espanhol, alemão, italiano ... Ima-
seus personagens. Sentiu-se em boa companhia - "Eu Fundo, depois de um bate-papo no Teatro Municipal prim'io de RS 100 mil, divididos literatura brasileira". Na poesia, por exemplo, mo, alguns contos, rasguei muito, porque não gine fazer isso e ainda cuidar de quatro fUbos
não pedi que as pessoas me contassem, não violei o se- com um grupo da terceira idade. ler desbragadamente, e comecei a escrever pouco de-
pois, embora tivesse o bom senso de nunca ter publicado com o baitulo AntlJnio Torres, au- não tem ninguém que me encha os olhos como estava achando que eu tinha o que dizer. Os le- que nunca tinham chegado perto de um aparta-
gredo delas" - e foi em frente na literatura. Salim Miguel está com 77 anos. Tem 18 livros publica- tor de Meu Querido Canibal Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de mas dos escritores são poucos, a maneira de mento, que tinham entre quatro e 10 anos. Du-
As mudanças abruptas de casa, a violência do desterro dos, e mais um a caminho. Não faz muito, de 1993 a nada. Ao mesmo tempo em que escrevia ftcção, eu ano-
tava rellexões sobre aquilo que estava lendo, críança ain- Melo Neto, Ferreira Gullar, Mario Quintana, cada um tratá-los é que defme e difetencia um rante anos, eu trabalhava das 8h às 23h."
que marcou os pais repetiram-se na biografia do fil ho 1996, dirigiu a Fundação de Cultura de Florianópolis. An-
vidrado em livros. Em 1964, Salim tinha 40 anos, espo- tes, por oito anos, foi diretor da Editora da Universidade da. Durante anos, li para um livreiro, poeta e cego. Meu
sa e quatro ftI hos para sustentar como jornalista em Flo- Federal de Santa Catarina. Editou a revista literária Ficção pai era muito pobre e não tinha como comprar livros. Li
rianópolis, e precisou fugir da repressão policial aceitan- nos anos 70, e foi wn dos líderes do Grupo Sul, movirnen: os poucos da bibilioteca do grupo escolar, mais alguns
do um salário insuficiente na Agência Nacional do Rio to que marcou a Vida cultural catarinense nas décadas de de parentes e amigos, e de repente decidi ir à livraria fa- A Universidade de Passo Fundo agradece aos
de Janeiro. Em três meses, acumulou dividas com seis 40 e 50. Aquele. senhor de suspensórios fala sem parar e zeruma proposta para o livreiro. Cheguei lá e ele não
pessoas e dois bancos. As coisas só se equilibraram por- parece não ter lido tempo para ficar quieto. Junto com a aceItou. Mas me fez outra: ele também tinha igual fome por aju.....m a escrever uma nova página
que ele arrumou um segundo emprego, nas revistas da mulher, Eglê, integrou-se à programação da 9' Jornada de leitura. E disse: "Podes ler aqui o tanto que tu quise-
810ch Editores, e passou a trabalhar das 8h às 23h. Saiu Nacional de Literatura. Best-seUer na feira do livro do Cir- res, mas em voz alta para mim". Eu tinha uns 10 anos. no apolo à cultura deste país.
do Rio demitido, 14 anos depois, por usar uma tazja pre- co da Cultura, precisou dar bronca na editora, a Topbooks, Durante uns dois, três, quatro anos, eu lia em voz alta
ta em apoio à primeira greve dos jornalistas profissio- porque ftcaram de mandar 200 exemplares de Nur na Es- absolutamente tudo o que você pode imaginar. E já ano-
tava criticamente o que estava lendo. A minha vocação
~ ...
nais da capital Iluminense. curidão e s6 chegaram 100 a Passo Fundo. Filho de des-
- Sempre fui um homem de esquerda - ele frisa, fa- terrados, ex-fugitivo no próprio país, Salim sabe dar valor era para a critica. Eu lia Shakespeare, Castro Alves Ola- t::JnJ ~ CAIXA SESC ~UPF.
lando longamente na sala de estar do hotel em Passo à solidez dos sonhos e das páginas impressas. vo Bilac, José de Alencar, aventuras de Tarzan, de ~scri PEmOBRAS
..... . .<• • 11 . . . .. . . .
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UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
080 - GUTKOSKI , Cris. A consagração de odis Brasis. Zero Hora . Porto Alegre, 29 ago. 2001 .
• •
o catarinense Salim Miguel e o baiano Antônio Torres dividem o 2° Prêmio Passo Fundo
cRlseuTKOSIO
Clarão de Nur
E. NEQUETE meira namorada e amante lia libanesa, capaz até de se
••• • ••• •• • • •• • • •• • • • • •• •• ••• • •••••• • • • • • ••• eterna; que amou os filhos e dispersar pelo mundo, po-
, tanto amou a poesia, que, rém não perde jamais o an-
missal de evocação e, en-
E tre claros e escuros da
mais do que fazer negócios,
gostava mesmo era de mas-
seio de união. Chegar à ve-
lhice, para o libanês, que
memória, a ciganear nas pá- catear lendas, fábulas, máxi- bênção!- Poderá fazer do
ginas do passado, o autor, mas e versos da herança an- tempo o que quiser, jogar
Salim Miguel , vai sobrepon- cestral - a maior riqueza tra- gamão, brincar com os ne-
do imagens - ligeiros dese- zida por ele na bagagem. tos e ser o primeiro a ser
nhos a lápis , aqui e ali, a servido e o primeiro a ser
nanquim, sem preocupar-se PERSONAGEM. O encanta- consultado face a qualquer
em colorir o retrato que, no m en to de Nur (luz, em ára- problema. No pátio comum,
correr da obra, resulta na fi- be) mora no fato de que Sa- que une as várias moradias,
gura do pai. Do libanês que lim, partícipe do drama, sa- êi-lo, à tardinha, aguardando
se aventurou ao Brasil. Te- be conter-se e enxugar lágri- a reverência dos membros
mos, então, à vista, velha fo- mas que lhe turvariam a real do clã.
tografia em branco e preto , visão daquele pequeno mun- Nem somente Yussef e
já gasta nas bordas à força do, no desejo de descrevê-lo nem somente o clima da ca-
de manuseada. Mas é um em veracidade. Objetivo ple- sa libanesa valorizam o ex-
ser humano e não um náu- namente cumprido em todo traordinário trabalho de Sa-
frago do esquecimento. Ago- o desenrolar do romance-tes- lim Miguel , já premiado e
•
ra, Nur, na Escuridão (este o temunho. Seria Yussef a per- digno de mai s prêmios. E
título do livro) faz de Yussef, sonagem principal? Não! um álbum de retratos, que a
•
o pai , pa rente querido de A medida que se lê Nur, gente folheia para reencon-
quan tos leiam a singela e percebe-se o legítimo centro trar fisionomias de gente,
com ovente história do ho- de atração a que nos impele que a gente juraria ter co-
m em que amou o Líbano e o tirocínio do autor. Ele con- nhecido.
amou o Brasil; que amou de segue recompor a casa liba- Aceite nossa reverência,
amor intenso a mu lher, pri- nesa, o senso tribal da famÍ- primo Yussef!
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
083 - MACHADO, Ricardinho. Em alta. A Notícia .
Florianópolis, 10 abro 2000. Variedades , p. 5.
Em alta
Não s6 a temperatura subiu
neste veranico, mas a literatura
catarinense também está em alta
nesse mês de abril. Salim Miguel
recebeu uma condecoração da
Associação Paulista de Críticos de
Arte (APCA) pelo livro "Nur na
Escuridão" e é o entrevistado de
amanhã de Leda Nagle, às 4 da tar-
de, na TV Cultura, E os escritores
Alcides Buss e Olsen Jr, concorre-
ram ao prêmio nacional de literatu-
ra, o reconhecido Jabuti,
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084 - NUR na escuridão". Carta do lí bano. São Paulo, jan. 2000. Atualidades, p. 4-5.
Daí críticos já terem anotado a tando o que me parecia supér- por realizado. O aperfeiçoamen- Vivendo há 70 anos no Brasil, problema crônico entre nós. Ne-
influência do cinema na minha fiuo. Passei a ler mais ficção, to precisa ser um processo eon-. em que você julga que perma- cessitamos de uma profunda
escrita. No caso específico deste ensaio. crítica. poesia. Agora, trnuo. Quero prosseguir na bus- nece vinculado às origens liba- mudança na estrutura do país,
livro, imaginei-o em blocos, o seleciono o que leio, releio ca. enqua nto viver. nesas?
Biguaçu e personagens recor- menos miséria, mais saúde, mais
primeiro compacto, que relraça maiS. SM - É estranho. Criança e jo-
a trajetória da famOia e a adap- A imigração (tanto voluntária rentes são uma constante em vem me rebelava. Deixei de es- e melhores escolas, bibliotecas
tação ao novo chão. Depois fios quanto forçada, caso dos es- sua obra. Qual o motivo? tudar o árabe, muito embora a nos bairros, incentivo à leitura.
que complementam e ratificam cravos africanos) foi um pro- SM - No início não foi uma es- insistência de meu pai lembran- Para quem sabe ler, nada substi-
ou retificam o que vinha sendo cesso crucial para a formação colha consciente, mas em dado do-me que um homem que sabe tui o fascfnio de um livro, que o
relatado. Outros blocos se jun- do Brasil. No entanto, é quase momento me dei conta. Fiz de dois idiomas vale por dois. À autor escreve e O leitor reescre-
tam até o final, que de cena for- ausente de nossa literatura. uma cidade reaJ uma cidade mí- medida em que fui envelhecen- ve. Os novos meios podem ser
• • • Como seria possível explicar tica . Personagens me perse- do, vi que meu pai tinha razão.
ma retoma o iniCIO. um aliado? Podem . Ou também
A tradição da narrativa árabe este fato? guem, querendo mais espaço. Cada vez mais me sinto um líba-
SM - Não creio que esteja tão Hoje, por exemplo, nem sei no-biguaçuense. Mas minhas um adversário. Tudo depende de
e a pesquisa formal de uma li·
teratura de vanguarda se en- ausente assim. No caso da gente quanto existe no preto vel ho Ti raízes são-estão no Brasil. como sejam usados esses supor-
contram neste livro? africana vinda para cá escraviza- Adão e no cego, poeta e livreiro Novos meios como a Internet e tes. Tennino com uma frase mo-
SM - Pelo menos é o que preten- da, que em fins do século XIX, João Mendes (para quem li por o CD-Rom implicam na busca delar de Albeno Manguei, autor
di. E não só neste. Quem sabe, constituía metade da nossa po- quase seis anos, numa média de de nova literatura? Estes no- do excelente Uma História da
mais neste! A literatura árabe pulação, a ideologia dominante 5-6 horas por dia) do que eles vos meios estariam tirando
combatia os pretensos males da realmente eram e do que lhes fui prováveis leitores dos livros ou Leitura, que retrucando a opi-
através da tradição oral, tão pre- nião de Bill Gates de que o livro
sente nas lendas e narrativas de mestiçagem e lutava por 'cartas adic ionando. Não me largam. poderiam ser usados como
de branquicidade'. A população Estão dentro de mim, como Bi- aliados? vai acabar, ironizava: afirmar is-
meus pais. e dos livros que fui
conseguindo; a vanguarda, pelas negra era considerada 'os bra- guaçu. SM - A falta de leitores é um to Gates escreveu um livro .. .
intermináveis leituras que venho ços' que aj udaram a fazer a Na-
fazendo (sou um leitor compul- ção, a mente e o coração não
sivo) e de ceno faro para o que é contavam. Quanto aos outros
grupos, os europeus eram dese-
válido e mais me toca ... Este ro-
mance é narrado numa terceira
pessoa, que compona várias e
diferenciadas vozes.
jáveis, 'et pour cause', já orien-
tais e levantinos ... No presente,
outras vozes já se fazem ouvir,
na Escuridão"
Quais suas leituras preferi- valori zando o falO de sermos
das? um cadinho, em que as diversas O que é nur? 80. O núcleo central transcorre entre as déca-
SM - Leio de tudo. Na infância etnias s6 fazem enriquecer o pa- Nome de mulher. luz, símbolo, liberdade? das de 20 e 50. Sem cronologia fixa, circula pe-
e adolescência lia o que me caía trimônio cultural do país. Sem- Pode ser isso tudo ou nada. Muito mais ou mu- lo Líbano, Rio de Janeiro, Santa Catarina, aqui
nas mãos, do pior ao melhor. pre atento, o preto velho Ti ito menos. Quem sabe um signo premonitório. mais especificamente Biguaçu e Florianópolis.
Reconsidero: o que é melhor pa- Adão me sopra que é preciso E NUR na escuridão?
fazer muito mais. Montado como um jogo-de-annar, sua estrutu-
ra alguém de 10-12 anos. ler e Embora haja uma pista logo na primeira página
se emocionar com Bundan, ou Considera este seu melhor li- ração não é a de um romance convencional.
do livro, fica a sugestão ao leitor para que deci- Comporta labirintos, meandros, idas-e-vindas,
Os Mistérios da Torre de Nes- vro?
le, de Michel Zeca.o, ou As D0- SM - Nlo. Meu melhor livro é
fre o enigma. pois um lexto é tanto mais insti- interrogações, alegrias e desencantos, dúvidas
res do Mundo, de Schopenha- aquele que estou escrevendo. gante quanto maiores possibilh1ades de leitura
e certezas, ratificações e retificações.
uer? Com o tempo fui descar- Um escritor nunca se deve dar oferece. Além da fruição, ele precisa provocar
e fazer pensar. Os descendentes de libaneses no Brasil ultra-
O romance é calcado em dados reais, trabalha- passam 6 milhões,mais que a população do lí-
dos ficcionalmente. Busca resgatar a saga de bano. No entanto. a bibliografia a respeito é ex-
uma família de imigrantes libaneses que, alme- tremamente rarefeita. Este livro visa ser mais
jando ir para os Estados Unidos, acaba trilhan- uma contribuição para alargar o conhecimento
do os caminhos do Brasil. Bem como a com- de uma etnia, parte do leque das etnias consti-
plexa adaptação à nova terra. Maktub! Começa tuidoras do diversificado universo sócio-cultu-
e se fecha em fins dos anos 70 e início dos anos ral brasileiro .
• Cama
• Mesa
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL • Banho
085. SANTIAGO , Antoninha. A saga de imigrantes libaneses nos cam inhos do Bras il. Gazeta Mercantil. Florianópolis , 30 novo 1999. p. 6.
•
anesa
,
Escritor Salim Miguel lança amanhã o livro Nur - Na Escuridão e joga luz no passado de se
Valéria Rivoire DC - Como você explica esta falta de
FLORlANÓPOUS referência literária da etnia libanesa, já
que há tantos descendentes no pais?
escrilOT e jOn1alista Salim Mi- SM - O que acontece é o seguinte: so-
guel lança amanhã, às 20h, mos dezenas de etnias, mas qual é a que
no Museu Cruz e Sousa, em predomina? A alemà e a italiana. Então,
Florianópolis, seu 18° livro. o que existem de livros tanto na área de
Nur - Na Escuridão é unI T01nance que ficção como de estudos destas duas et-
retrata o Brasil das déceu/as de 20 a 50 nias é imponderável, não tem como con-
através das histórias de umafamíli11 de tar. Das outras etnias já é menos e de sí-
imigrantes libanenses. A obra da Top- rios e libaneses é mais raro ainda . Tem
books Editora, do Rio de Janeiro, possui um estudioso em Santa Catarina que es-
258 páginas e é um dos poucos traba- tá fazendo um levantamento de tudo que
lhos lançados no Brasil que fala da et- existe de documentos , artigos , de poi-
ni11libanesa. mentos, livros reportagens de sírios e li-
Natural de Farssouroun, Líbano, Sa- baneses. Ele disse que não chegam a 300
lim Miguel chegou ao Brasil ainda títulos reunindo tudo. Então O me u ro-
criança. Depois de dei:<ar o interior do mance chega num momento oportuno?
Rio de Janeiro, ele seguiu com afamília
pa ra Big uaçlL, onde pennancceu dos DC - O livro tem 30 capltulos dividi-
c inco aos 19 anos. "Costumo dizer que dos em cinco blooos. Esta divisão foi feita
sou uni cidadão líbano-biguaçuense", justamente para ajudar o lelror neste vai-
brinca o escritor. O livrofaz um passeio vém no tempo?
emre Biguaçu e Florianópolis, dá um SM - Sim . O primeiro bloco é o mais
pulo ao interior do Rio de Janeiro, pas- extenso com mais de 20 capítulos. Nele é
sa rapidarnencc por dois municípios li- narrado a história da famUia e dos perío-
baneses e em Marselha, na Prança, tra- dos que ela vai atravessando. Depois se-
çando O trajeto destes imigrames. "São gue com outros vários blocos, um deles
apenas fragmentos de minha gente que chamado Fios que traz coisas que não fo-
escão no livro", adianta. O projeto é um ram definidas no primeiro, mas que se-
al1(i~o sonho seu. Foram quase dois rão resolvidas neste. Já Perfis traz algu-
mws trabalhando na busca de irifonna- mas pessoas que marcaram a vida da fa -
ções através de pesquÍ-';a, depoimentos e mília. Em Mortes são narradas as perdas
levantamentos de deu/os. O resultado é de seus integrantes. Como dá pra notar,
uma obra curiosa que não teve a pre- não se trata de um romance linear com
tensão de narrar a história do Brasil, começo, meio e fim , embora eu ache que
mas sim contá-la através das situJ1ções ele tem nuição, ou seja, a pessoa vai gos-
vividas por integrantes de uma família tar da história, vai se envolver.
libanesa.
ROBERTO SCOWDC DC - Como foi a escolha do título do
DIArIo datar1Dense - O que quer dlr.er MUITOS NOMES: Salim Miguel diz que Nur pode ser símbolo, liberdade e signo livro, que não deixa de ser cwioso?
a palavra árabe Nur? SM - Ele teve três títulos. O primeiro
Salim Mlguel- Quer dizer luz, mas !lO' de lima famOla, mas que tem como pano DIário Catarlnense - O senhor passou era Makut Tub que significa "estava es-
de ser símbolo, liberdade, o nome de de fundo a história do B1'88Il. Como é es- por quatro editoras para poder lançar o crito, aquilo que tem pra acontecer,
uma mulher, um dos nomes de Alá, ou tafamOIa? livro, Como foi esta busca? acontece" . Neste meio tempo apareceu
um signo premonitório. \lá vários signifi- SM - São seis pessoas e é a minha SM - Passei por quatro editoras. Uma um livro com este mesmo nome, então
cados e eu procurei jogar com todos eles própria famflia, ou melhor, fragmentos de São Paulo e três do Rio de Janeiro . tive que trocar. O segundo era Senlerttes
dentro da estrutura do romance. de minha família . Os nomes são todos Duas não me responderanl , a terceira porque pouco antes do meu pai falecer,
verdadeiros. Já preveni meus parentes aprovou o livro no início do ano, mas de- em 1981, ele me viu muito abalado e pe-
DC - Do que se trata o romaooe? para que não procurem no livro a sua pois entrou em crise . Era uma grande diu para que eu sentasse ao seu lado na
SM - Fala de uma família de imigran- história. Os elementos básicos são mon- editora brasileira que não convém citar o cama. Pegou na minha mão e disse: "o
tes libaneses no perfodo entre 1927 até a tados em cima do que ia acontecendo. nome, pois es.teve praticamente pra fe- que você queria, que eu ficasse pra Se:!-
década de 50. Sua história se confunde Por exemplo: o primeiro capítulo que se char, Se interessou maS me pediu para mente?" Acontece que me alertaram que
com a história do Brasil e suas transfor- chama Luz, começa que eu segurasse o pro- com este título meu livro iria acabar nas
mações com a queda de Washington com o desembarque no jeto. Resolvi segurar até prateleiras de agricultura (risos). Depois
Luiz, a vitória de Getúlio em 1930, a dia 18 de maio de conseguir outra. De re- surgiu Nur - Na Escuridão que foi uma
chamada Intentona Comunista de 1935, 1927, no cais do porto
"Tive a preocupação pente, a Topbooks do idéia de meu filho. Fiquei em dúvida e
o golpe de 1937, a guerra de 1939, a en- da Praça Mauá, no Rio def=er com que o Rio, que também havia perguntei para o editor José Pereira o
trada do Brasil na Grande Guerra. Tudo de Janeiro. Isso está leitor entendesse as recebido o projeto, me que ele achava e ele respondeu: "Ou este
tvai sendo visto, não através de um ele- nas seis primeiras li- telefonou dizendo que título vai ajudar a alavancar as vendas ou
mento histórico, mas a partir desta famí- nhas. De repente, já muitas palavras em o livro estava aprovado. não, vamos tentar,"
lia de imigrantes. Cinqüenta por cento não se está mais no árabe sem quefosse
da história se passa entre Florianópolis e cais do porto. Passamos preciso usar chama- DC - A edirora Top- DC - O senhor utiliza mmtas palavras
Biguaçu onde morei dos cinco aos 19 para as histórias de um books já conhecia seu árabes no livro. Como o lelror vai enten-
anos. Outra parte vai para o interior do velho, que é o meu pai, das de pé de página" trabalho? der seu slgnlAcado?
Rio de Janeiro, em Magé onde foi o pri- que conta como foi a SM - Sim, inclusive SM - Tive a preocupação de fazer com
meiro lugar que a família morou. Há ain- sua chegada ao Brasil. me conhecia como jor- que o leitor entendesse estas palavras
da uma pequena parte que em Marselha, Sem saber para onde ir, ele lembra que nalista. A editora é comandada por José sem que fosse preciso usar chamadas de
na França, e em dois municípios libane- anotou numa caderneta o nome e ende- Mário Pereira , que também é um jorna- pé de página. Perderia o sentido e não
ses, o Amiull, cidade natal de minha reço de um patrício. Ele chama um mo- lista. Ele ficou muito entusiasmado com seria mais um romance. É unl torneio de
mãe, e Farssouroun, onde nasceu meu torista de táxi que conhece o local. O o livro também pelo fato de estarmos en- frases pelo qual eu não preciso explicar
pai, eu e minhas duas irmãs. A família motorista é negro e seu filho, com ape- trando no ano 2000. Pois a obra é sobre colocando em seguida da palavra seu sig-
aumentou depois no Brasil e em São Pe- nas três anos de idade, fica muito espan- uma etnia que, praticamente, não tem li- nificado. A maneira como eu resolvi isso
dro de Alcântara, que também está no tado porque no Líbano não existiam ne- teratura no Brasil, embora os descenden- foi simples. Tem um capítmo, por exem-
livro, nasceu minha primeira irmã gros. Este motorista terá uma importân- tes de libaneses no país sejam em torno plo, que se chama Nard que em portu-
brasileira. cia mais tarde na vida desta criança e de seis milhões de pessoas, o que corres- guês quer dizer gamão, o jogo. O leitor
que é contada mais adiante. E assim o li- ponde à população do Líbano. vai saber do que se trata no desenvolvi-
DC - Trata-se de uma ftcçio que fala vro segue com situações deste tipo . mento do capítulo.
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UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
087 - OLIVEIRA, Mauricio. Cultura catarinense é condenada . A Notíc ia . Florian ópolis, 25 novo 1999. Anexo , p. C1
,
\
e
FOIOI Jean Bo~OI
GRUPO SUL
,•
O Anexo foi representado
na cerimônia pelo jornalista Sil-
vio Melatti, que há doi anos DANÇA Prefeito Luiz Henrique da Silveira e os dançarinos representando o festival de Joinville
edita o caderno. Por sugestão do
governador, ele recebeu a con-
decoração das mãos do diretor
corporativo de A Notícia, Henri-
que de Carvalho. Outro nome
familiar aos leitores do jornal
também foi lembrado: o crítico
musicalllmar Carvalho, 72 anos.
Colaborador de publicações his-
tóricas como 'O Pasquim" e
I
'Última Hora", ele está prepa- No CEIP, Centro Especializado em Implantodontia e
rando um livro sobre o cantor Periodontia, o tratamento de sua saúde bucal é
Cartola. realizado por profissionais experientes e capacitados
O pintor Heidy de Assis Além disso, nossa equipe está preparada para torna
Corrêa, o Hassis, 73 anos, foi seu sorriso ainda mais bonito. fator fundamental elll
homenageado pela produtiva sua apresentação.
carreira. Autodidata, ele traba-
lhou com publicidade e foi um
dos nomes do Grupo Sul, que
I
revolucionou as artes catarinen-
ses na década de 40. A obra é
marcada pela inspiração no fol-
clore ilhéu.
Salim Miguel, outro
expoente do Grupo Sul, recebeu Espe<.lall\t.J m Implantodontla , Ponta
a medalha das mãos da insepa-
0,._
li, lfII ..
JO NVII.I.
f'spe< lilll5ta em Per/odontl" • Bauru/SP
Críticos de
arte elegem
melhores
SÃo PAULO - A Associação
Paulista de Críticos de Arte divul-
gou ontem os vencedores de seus
prêmios relativos a 1999, nas áreas
de artes visuais, cinema, dança, li-
teratura, música erudita, música
popular, teatro, teatro infantil, te-
levisão e rádio.
Em artes visuais, q prêmio
principal (Grande Prêmio da Críti-
ca) foi conferido ao Instituto Cul-
tural Itaú. Em cinema, Sanlo forte,
de Eduardo Coutinho, foi escolhi-
do O melhor filme. Luiz Carlos ,
Vasconcelos e Fernanda Torres fi-
caram com os prêmios de melhor
ator e melhor atriz, por seu desem-
penho em O primeiro dia. A com-
panhia Estúdio Nova Dança ga-
nhou o Grande Prêmio da Crítica
relativo a dança. Márcia Milhazes
foi eleita melhor coreógrafo, por A
rosa e o caju. José Alcides Pinto
recebeu o prêmio principal de lite-
ratura, pelo conjunto da obra. O de
melhor romance ficou com o cata-
rinense Salim Miguel, por Nu na
escuridão.
O prêmio mais importante de
música erudita foi destinado a
João Dias Carrasqueira. O pianista
Miguel Proença conquistou o de
melhor instrumentista. Como me-
lhor regente, Ricardo Kanji. Em
música popular, Lenine venceu na
categoria melhor disco. com Na
pressão, Zeca 8aleiro foi escolhi-
do o melhor cantor e Mônica Sal-
maso a melhor cantora. Em teatro,
a montagem de Navalha /la carne,
de PUnio Marcos, garantiu ao gru-
po Tapa a vitória na categoria es-
petáculo. Antunes Filho foi eleito
o melhor diretor, por Fragmentos
lroia/los. Coube a Antônio Fagun-•
des o prêmio de melhor ator (Ulli-
mas luas) e a Suely Franco (So-
mos in/lãs) o de melhor atriz. Em
teatro infantil venceu o espetáculo
O lerror dos mares. O grande prê-
mio de televisão foi conquistado
pela versão de Guel Arraes para o
Aula da compadecida, de Ariano
Suassuna. ___ ,?, "
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
089 - MILLEN, Mànya; PIRES, Paulo Roberto. Luzes d a
memóri a. O Globo. Rio de Janeiro, 31 jul. 1999. Prosa &
Verso, p. 5.
Luzes da memória
• Salim Miguel entregou à
Topbooks os originais de
IoINur - Na escuridão". Aos
75 anos, um dos fund ado-
res da antológica revista
"Ficção" volta às suas ori-
gens para narrar a chegada
ao Brasil, na década de 20,
de uma família libanesa em
Santa Catarina. O romance,
cujo título quer dizer "luz"
em árabe, tem como pano
de fundo a História do Bra-
sil até os anos 80.
Romance
o mundo literário catarinense e até
brasileiro estará em festa. Salim Miguel está
anunciando para dia 30, no Palácio Cruz e
Sousa, e dia 3 de dezembro, na Câmara de
Vereadores de Biguaçu, sua cidade natal, o
lançamento de seu romance "Nur na Escuri-
dão", um relrato do Brasil nas décadas de 20
a 50 visto alraVés de uma família de imigran-
tes libaneses. Aeditora é a Topbooks, do Rio,
com promoção da Fundação Catarinense de
\Cultura, Departamento Artístico-Cultural da
rUFSC e Grupo Arcos de Biguaçu. .
•
Governo do Estado faz entrega de medalha a sete personalidades das artes e do jornalismo
FLORlANÓPOUS
Os promotores do Festival de Dança de Joinvil- PINTURA: Hassis renovou as artes plásticas nos anos 60 CINEMA: Zeca Pires dirigiu o documentá rio Farra do Boi
le também serão destacados. Isso se deve à impor-
tância deste evento na divulgação do Estado, na
formação de novos bailarinos e de platéias para a
dança em Santa Catarina. Criado em 1983, ele já
promoveu a apresentação de 60 mil bailarinos,
atingindo um público superior a um milhão de
pessoas. lIoje, o Festival é um dos principais even-
tos de dança da América Latina.
Entre os outros condecorados está o escritor
Salim Miguel, um dos fundadores do Grupo Sul ,
autor de dezenas de romances e livros de contos e
jornalista com passagem pelas revistas Manchete
e Fatos & Fotos. O cineasta Zeca Pires, diretor de
Ponte Hercílio L=- Património da Humanidade
e co-diretor do cuna-metragem Manhã e do docu-
mentário Farra elo Boi e o jornalista e crítico mu-
sicai I\mar Carvalho, que já passou pelo Correio
-
da Manhã, Pasquim, Ultima 1I0ra, O Dia e Tribuna
da Imprensa, também serão homenageados. Ou-
tro jornalista indicado é Silvio ~Ielatti.
Os demais homenageados são o crítico Alcídio
Mafra de Souza, ex-diretor do Museu Nacional de
Belas Artes e o consultor do Iphan, Iliedy de Assis
Corrêa, o lIassis, artista plástico que teve grande
influência na evolução da pintura catarinense a
partir dos anos 60, e a pesquisadora c diretora de
teatro Edith Kormann que teve lima atuação mar-
IVONE MARCARlNIIDC/NQV 95
•
JAKSSQN lANCO/ DC/ MAR 96
cante na área das artes cênicas, especialmente no
Vale do ltajaí. LITERATURA: Salim Miguel foi integrante do Grupo Sul TEATRO: Edith Kormann é também escritora e historiadora
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
092 - LI VRO . Diário Catarinese. Florianópolis, 26 novo 1999 . Visor. p.3.
Salim
o escritor e jornalista
Salim Miguel lança hoje à
noite, no Palácio Cruz e
Sousa, seu maiS recente
romance "Nur na
Escuridão" , editado pela
Topbooks.
Dispensável dizer da qua-
lidade
, e da importância de
Salim Miguel para a cultura
catarinense. Fundamental é
adquirir e ler o livro, que viaja
pela memória do Brasil desde
o início do século.
Lançamento
Acontece hoje em Biguaçu
o lançamento do livro do
escritor Salim Miguel, Nur
- Na Escuridão. O local,
que terá a presença do
autor, será a Câmara
Municipal no prédio da
prefeitura de Biguaçu. O
livro conta a saga de uma
famOia libanesa tendo
como pano de fundo os
fatos históricos ocorridos
no Brasi. O lançamento
acontece das 19h às 22h .
Prêmio
o livro Nur - Na Escuri,-
dão, do escritor catarinense
Salim Miguel, recebeu o prê-
mio dc Melhor Romance do
Ano conferido pela Associação
Paulista dos Críticos de Arte
(APCA), O romance foi publi-
cado em novembro pela edito-
ra Topbooks, do Rio de Janei-
ro, e conta a história da chega-
da de uma família de imigran-
tes libaneses a Santa Catarim-
na , em 1927, passando pelo
impacto de sua adaptação à
nova terra, e tendo como pano
de fundo episódios como a Re-
volução de 30, a Intentona
Comunista, a ditadura Vargas
e a 2:1 Guerra Mundial.
O prêmio da APCA é um
dos mais respeitados do país.
•
•
I ue
Escritor lança hoje
"Nur na Escuridão", seu
18° livro, baseado na
história da imigração árabe
MERCADO
PRÊM IO
'Auto da Compadecido,': prêmio de tel.evisoo para Guel Armes 'Santo Forte', de Eduardo Coutinlw: mellwrfüme deste ano 'Nava1fw, na Carne': numtogem do Grupo Tapa vence em /.eatro
• •
IVU IS a ores
Associação reduziu para sete o número de colhidos João Dias Carrasquei- Osvencedores na categoria tea- O grande prêmio da crítica na dos José Alcides Pinto, com prê-
ra, para o grande prêmio da críti- tro de 1999 foran1 o espetáculoNa- categoria dança vai nesta edição nlio especial da crítica, Carlos Ne-
vencedores em cada uma das dez categorias, para ca, Sérgio VasconceUos Correia, vaUUl na Came, do Grupo Tapa, para o Estúdio Nova Dança Ain- jar(poesia), Salim Miguel (roman-
darmais agüidade à entrega, que será realizada pela Si1ifonia n. 1 , Amaral Viei- Antunes Filho, por Fragmentos
Q da na categoria, receberão o tro- ce), Betty MiJan (crôrtica), Raquel
em março, 'IW TeatroMunicipal ra (obra camerística), Miguel Tmianos, Sandra Louzada (texto féudaAPCAMàrciaMilhazes(co- CoeU10 (infanW), Marleine Pal~a
Proença (instrumentista), Sinfô- deSamos b7nãs), Antonio F'agIm- reógrafa), João Negreiros (cria- Marcondes (ensaio) e a Escritu-
ANAWEISS nho, vai levar o troFéu de meUlOr nica da RTC, Ri- des (ator de Últi- ção-intérprete), VeraSala(pesqui- rasEditora
Especial para OEstado filme. Aindaem cinemaforanl elei- cardo Kar(ji (re- mas Luas), Sueli sa), Verve Cia de Dança (estin1U- AminissérieAutoda Campad.e-
tos Carlos Reichenbach (pela dire- gente) e a Grava- Franco (atriz de lo), Sandro BoreUi (bailarino) e cioo foi eleita para o grande prê-
júridaAssociaçãoPaulis- ção de Dois C(wregos) , os atores doraPaulus. CRITICOS Somos Irmãs), Melissa Soares (bailarina). mio de televisão, categoria que
O ta de Críticos de Artes
(APCA),compostopor50
profissionais, rewuu-se anteon-
Luiz Carlos VasconceloseFernan-
da Torres (O p"imeim Dia), D0-
mingos de Oliveira e Priscila Ro-
O presidente
da APCA, Luiz
Carlos Merten,
lEMBRARAO
- Daniela TIlOmas
(cenário de Pai)e
Lola Tolentino (fi-
Os críticos escolheram para o
grande prêmio de artes plãsticas o
Instituto ltaú Cultura!. Tanlbém
também vai prenliar TelmNostru
(programa), Matheus Nachtergae-
le (alor), Débora Duarte (atriz),
tenl para decidir a lista dos ganha- senbaum (roteiro de Amores), comentaqueade- BARDI COM gurinos do Grupo fOranl escoUlidos na categoria Bia Lu Grimaldi (revelação), otel<:jor-
doresdo )roféu deste ano. Recebe- Afonso Beato (fotografia de Or- cisão em reduzir Tapa). Lessa, pela exposição Brasileim nal SP-TV L" Edição e Cazé (apre-
rão a estatueta 70 artistas e insti- fl!1L) e Cláudio Torres (revelação o número de pre- HOMENAGEM Em teatro in- Que Nem Elu. ... Que Nem Qu.em?, sentador). Os vencedores em rá-
tuições selecionados pelos críti- como diretor de Diabólica). miados para 70 fantillevarão a es- Flávio CarvaU10 (mostra com cu- dio são a Eldorado FM GomaJis.
cos, em solenidade no Teatro Mu- Na categoria música popular, foi referendada tatueta a peça O radoria de DeIUse Mattar), Daizy mo), a Jovem Pan AM (esportes),
nicipal, no Cun de março, com pa- levarão o troféu Lenine (melhor em reunião gera! da associação Tel1wdos Ma7Y3S (melhor espetá- PecciniJli de Alvarado, Domênico o progranla de música Estúdio
trocínio da SCI!Equifax. Este ano, disco, Na Pressão), Zeca Baleiro e está ligada principalmente à culo), a Cia Pia Fraus, pela dire- Calabrone e a Coleção Pirelli- 1.200 (CulturaAM), HeródoloBar-
para valorizar ainda mais o prê- (cantor), MônicaSalmaso (can- vontade de se imprinúr maior ção de O MaJ4ício 00 Mariposa, Masp. O arquiteto Pietro Maria beiro (âncora), a Cl~tura FM (es-
mio, a (liretoria da assoCiação op- tora), Ira! (grupo), Jupiter Apple agilidade à festa de entrega. Eduardo Silva (ator), Sandra Var- Bardi, morto este ano, será home- pecial Duke Ellington), o progra-
tou por reduzir o número de con- (compositor), RebecaMatta(re- "Nos anos anteriores, algumas gas (abiz), A Pequena. OperaSo- nageado com o prêmio de perso- ma Sintonia CBN (vruiedades) e
templados velação) e Lobão (personalida- cerimônias acabaram ficando áre Vôo (cenário), Vincent (ilumi- nalidade. o progranm M(>/1lória, da Rádio
Santo F01te, de Eduardo Couti- de). Em música erudita foram es- muito longas", conta ele. nação) ehnago (música). Em literatura serão contempla- USP(arqwvo).
f1 UR NA ESCURIDÃO
~lim Miguel
Topbooks, 258 páginas
R$ 25
• Baseado em acontecimentos
reais mas tratado de maneira
ficcional, o romance fala da
chegada ao Brasil de uma famí-
lia de imigrantes libaneses.
,
erson ens ae
SALIM MIGUEL
Autor de 18 livros, Salim Miguel acaba de gonhar o prêmio nacio-
nal como autor do melhor romance do ano pela Associação Paulista dos
Críticos de Arte - "Nur na escuridôo", que se posso entre Biguaçu e Flo-
rianópolis, e ~ato do saga de uma familia libanesa que imigro poro o
8""il no começo do século.
Com cerca de meio século dto contínua produção literária, Salim
Miguel foi um dos líderes do movimento literório Sul, que marca capi-
tulo inteiro da cultura cotarinense nos anos AO e 50. Sua obra já
mereceu estudos e anólises dos mais conceituados críticos do país,
tendo, em 1991 sido lançado 'Salim Miguel-literatura e coerêncio·,
sob o coordenação de laponan Soares, com textos especiais de 10
escritores e críticos que analisaram, então, AO onos de produção lite·
rária do aulor libano·biguaçunense nascido em 1924 e desde 1928
catarinense por adoção.
paratodos
• A ELEiÇÃO está organizada, 30 mil ur-
nas eletrônicas no estado todo. Na últi-
ma, foram 26 mil. Será uma eleição toda
informatizada ... Quem informa é o presi-
dente, desembargador Luis Carlos Guima-
rães, presidente do Tribuna!.... A ESTI-
LISTA Glorinha Pires Rebello fez o levanta-
mento: foram 72 réveillons black-tie no
Rio de Janeiro. Fora os que ela não sou-
be ... . IMPRESSIONANTE COMO deu certo
o negócio dos bares da Cobal... tudo lo-
tado .... talvez pela segurança, ou talvez
pela falta de opção, à noite não se con-
segue uma vaga no Humaitá .. .. QUEM
CHEGA de Paris conta que a tempestade
não livrou nem as maisons na Av. Mon-
taigne, que tiveram letreiros e decora-
ções externas arrancados, uma terra ar-
rasada gera!... . NOS ANOS 70, usamos
lenços na cabeça que, anos depois, pa-
reciam ridículos nas lotos. Agora, as me-
ninas estão lá, no Shopping da Gávea, no
Metropolitan, nas ruas de Ipanema, de ban-
dana na cabeça .. . e acham lindo e, na
verdade, é... tão historicamente femini-
no esse negócio de lenço ... . A LIVRARIA
Paulo F\a,~cis não tinha tradição de lança-
mentos\V editor José Mario, da Topbooks,
resolveu botá-Ia no circuito e acertou.
Primeiro loi o livro do Dapieve, agora loi
"Nur - na escuridão", de Salim Miguel, que
lotou a loja em lpanema com gente como
Carlos Scliar, Israel Pedrosa, Silvano Santia·
go, Waly Salomão, Godofredo de Oliveira Ne·
to, José Louzeiro, Mário Pontes, Laura e CI·
cero Sandroni, Femando Pamplona, Rogério
Sganzerla, Helena Inês, Edino Krieger, Eze·
quiel Neves .. . Com esse elenco dando
aval, precisa dizer mais sobre o Salim? ...
• DE UMA portuguesa que veio para o
bug carioca: "A novela 'Terra nostra' é o
maior sucesso em Portugal, está naquele
momento em que Inácio descobre que o
filho não é dele" ... como vemos, "Força de
um desejo" tb é sucesso na terrinha ... õ
Segunda edição
Sele meses após ser lançado, o livro
' Nur na Escuridão', melhor romance brasi-
leiro de 1999 pela Associação Paulista dos
Críticos de Arte, do escritor catarinense Salim
Miguel, ganha a primeira reedição da Editora
Topbooks, do Rio. Aprimeira tiragem, de 5
mil exemplares, está praticamente esgotada.
Anova chega às livrarias por estes dias. ~ '-,
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
103 - MALLMANN , Regis . Ano encerra com sucessos na área cultural. A Notícia. Flo ria nópolis, 01 jan . 2000. Variedades , p. 7.
-
,
o encerra c sucessos na area cu ura
Literatura, música, dança, ca, oportunidade de se conhecer
por completo a trajetória da "gran-
número de concertos, a maioria
promovido pela Pró-Música e
cinema, teatro e artes de dama" Fernanda Montenegro.
A própria atriz veio para se mos-
pela Camerata Florianópolis, gru-
po que garantiu algun s dos
obtiveram vários êxitos trar por completo, conversar, dar
autógrafos e confirmarr para uma
melhores momenlOs musicais da
telunporada.
no fim de mais uma década geração de novos atores que tudo
é possível quando se aposta num
"Novembrada", de Eduardo
Paredes, transpôs para o cinema a
ideal, numa esperança e, claro, no história recente da cidade. Em 30
aperfeiçoamento de um talento. minutos, o público pôde entrar
RlGIS MAUMANN mio de melhor romance de 99, Artes visuais levaram multidões em contato com o passado ao
outorgado pela Associação Paulis- aos museus e galerias, com desta- reviver O episódio que marcou
Mais um ano encerra e os ta de Críticos de Arte (APCA), para que para mostras organizadas uma geração de Florianopolíta-
balanços se sucedem em lOdas as "Nur - Na Escuridão", de Salim pelo Museu de Arte de Santa Cata- nos. Uma Duarte encabeçando o
áreas, da política à economia, do Miguel. rina (Masc), Museu Vitor Meireles. fiime foi magistral ao interpretar o
universo social ao cultural. Soma- As artes cênicas também Lamenta-se apenas a supensão do general-presidente João Figueire-
dos prós e contras, 1999 deixa sua demonstraram em 99 que estão Salão Vitor Meireles, abortado do no confronto popular que este
marca na história, não só pela for· muito bem. Foi um ano de êxitos pelo governo depois de seis edi- protagonizou no dia 30 de
Maria Ceiça e Kadu Carneiro: Cruz e Sousa rev isitado ça dos números que o fazem ante- com as premiadas montagens de ções de sucesso. novembrro de 1979. Sylvio 8ack
ceder o tão esperado 2000 mas por "Livres e Iguais', do Teatro Si m também tomou um personagem-
acontecimentos. Viveu-se um ano Por Que Não" - que levou seis tro- PRODUÇAO tema local para criar sua mais
pródigo em vários meios. Da Iite· féus no 7' Festival Nacional de nova história -ci nematográfi ca.
ratura ao cinema, passando pelo Teatro de Florianópolis' lsnard Manifestação maior da Com "Cruz e Sousa - O Poeta do
teatro, dança e música, os artistas Azevedo - e o monólogo "Dona expressão cultural brasileira, a Desterro", o diretor fez uma home-
mostraram que há, e muita, vida Maria, a Louca" - que ressuscitou, música vem ganhando em Floria- nagem à vida e a obra do maior
inteligente e talentosa abaixo do literalmente dos escomQros, o nópolis impulsos para a profissio- poeta simbolista brasileiro.
eixo Rio-São Paulo. palco do Teatro da União Brasilei- nalização a cada ano que passa. O ano teve ainda a r~alização
Demonstração maior da for· ra Recreativa Operária (Ubro), e Um número significativo de CDs do curta "Fronteiras", de Chico
ça cultural e intelectual que povoa que deu ainda a floria napolitana foram lançados ao longo dos últi- Faganello, que narra o "fim' da
a capital CatarinêrÍse, a literatura Berna Sant'Anna o prêmio de mos 12 meses, com produções de cidade de Itá com a construção da
deu mostras de uma força que há melhor atriz do mesmo Isnard rock, pop e MPB, além das refe- barragem que vai dar lugar a um
tempos não se via. Um número Azevedo. Correndo por fora, com rências à cultura "manezinha', que lago gigantesco no Oeste Catari-
ímpar de livros lançados pelas produções mais modestas, os não deixa - e não deve deixar - de nense. "Claire de Lune" e "Andari-
editoras fez brotar no mercado grupo Armação e Experiência se fazer presente. lha' marcaram a presença do cur-
local novas e instigantes obras, Subterrânea revelaram uma sur- Jorge Coelho, Get Back, Asa so de cinema da Cinemateca
que vão da ficção ao romance, aos preendente energia, como de Morcego, Cibele Oliveira e Val- Catarinense, berço, possivelmen-
ensaios e à poesia. Aprimeira edi- diversas montagens menores de dir Agostinho são alguns exem- te, de novos talentos da sé ti ma
-. ção da Feira do Uvro do Mercosul
comprovou o vigor da palavra
outras companhias, mas não
menos importantes para o desen-
plos de que, mesmo não sendo
nativo da terra, Florianópolis ofe-
arte que devem mostrar uma nova
e rica produção no futUfO, de pre-
escrita no papel, que, mesmo com volviemento do teatro local. rece todas as condições de se pro- ferência próximo. Nas áreas elen-
o advento da ínformática, man- Nesse mesmo universo, o ano duzir um trabalho de qualidade, cadas e em outras, como a dança,
tém um nIcho intocado de consu- premiou não só a Capital mas com apelo que pode vir ainda a que teve na 7' Mostra de Dança de
midores que buscam no livro o Santa Catarina com a mostra "Fer- render um bom retorno comef' Florianópolis sua maior referên-
aperfeiçoamento o lazer e o nanda EnCena', trazida41ara o cial, basta dar tempo ao tempo. A cia, o resultado pode ser conside-
Salim Miguel: sucesso Berna Sant'Anna: monólogo sonho_ Acoroação do ano veio no Estado pela Tele Centro Sul e que música erudita também ganhou rado vitorioso. A torcida é para
com "Nur... " premiado começo de dezembro com o prê- proporcionou a rara, e talvez úni- irnpulso ema com o aumento do que 2000 seja melhor ainda.
•
,
que me caia nas mIos. do pior ao melhor. Reconsidero: vamo Q!,Ianto aos outros IP"POS. os europeus eram do-
6 • Em que aleM. • do n:laIo _ o que E melhor para alguEm de tO- t 2 anos. ler e se sejiveis. "et pour cause". JA orientais e Icvantinos. No
•
seu pai. tradu,'" p' _ o pcwtugll-' • .....te a d-bo. emocionar com Buridan. ou rnistErIos da Torre de Nesle. presente. outras vozes.].i se faze 1II 0\I'Vk". vab--lzando o
.- ~.odo ...... a -
SM - Eu jA estava com o livro estruturado quando
conseguimos alguEm que Russe uma boa traduçlo. a
de MIchel ZfNaoo. ou As dores do mundo. de Scho-
penhauer? Com o tempo fui descartando o que me pa-
rccia supErlluo. Passei a ler mais 6cç!o. ensaio.
fato de sermos wn <'MIinho. em que as dlvasas etnias só
rue." enriquecer o pabhn6nlo adNral do pais Sempre
atento. o preto velho TIAdlo me sopra que E preciso
doutora Alia Haddad. de Curitiba. A leitura. ao mesmo poesia. Agora. seleciono o que leio. releio mais. fazer muito mais.
rov e ensar
telllpo. me ajudou e me criou problemas. Por exemplo.
um incidente da viagem. que meus IrnSos e eu consi--
derávamos esclarecido (a mudança de nosso destino).
11 - A lInIr~io (tanto voluntida q ......to ~
..... cno dos escravos atrtc.nos) foi 11m procC5so
CIIlC.... para a fo;LI'~io do .rasl. No ehUonto, é
12· CoIuldcna C5te 5C1l livro?
SM - NIo. Meu mcIhor livro E aquele que estou
esacvendo. Um esc,ll:ot nunca se deve dar por rea'z'
do. O aperfeiçoamento pre+ a ser um proce ISO con1i-
era diferente do que conhedamos. Isto alou wn bnp"·
>c. até que me dei conta de que nSo estava fazendo cr"M' ausente de nossa literatura. Como scr1. pos· nuo. Quero prosseguir na busca. enquanto viver.
'ornancc histórico. mas aproveitando elementos da rea- sivcI ""plkar este fato?
SalimMiguel, um llbano-biguaçuense. costuma repetir que somos o que nos tez /1O$Slf Jnanda. Nasdc/o
idade (e nlo é sempre au1m?) para aiar uma fieç'o. SM - NIo erelo que esteja tio ausente assim. No 13 .......4Ue Icgw.alkssio' 4'
c.so da gente africana vinda para cá escravizada. que. _tante em s............. o ...........?
no Lfbano. chegou ao BrasU, com três anos de Idade; aos quatro. a famma já se en<XXItr.wa em Santa Catarina. 7 - Os ambientes e vivência da Inf.incla ca- em IIns do s&.llo XD<. constltufa metade nossa pop,,'a- SM - No inlcJo nJo Ioi uma escol. consde.!te. mas
• A~ os 19 anos residiu em Biguaçu. Grande Rorian6polls. t jornaJ/sta proRssional, contista, romandsta, C/ftJ.- la0 presentes em boa parte .e sua obra fledo- çIo. a ideologia dominante combatia os pretensos males em dado momento me dei conta. F2 de uma deI.doe
co. argumentista e roteirista. Foi s6cio de gráfiCA. de distribuidora de /lvros. de JJvrarla. de editora. Esoeve , .... 1m que o tratamehto dado a eles é distinto da e lutava por "cartas de branquicldade". real uma delade mflica. Personagens me paseguem.
JJvros e sobte JJvros há 50 anos. Trabalhou na imprensa em Santa Catarina e no Rio de janeJro. Foi c0rrespon- ,este novo livro? A negra era considerada" os braços" que aju- queremos mais ""p~. Hoje. por exemplo. nem sei
dente de vários jornais e tem colaborado em publiddades de praticamente todo o Pais. e na Alemanha, SM - Espero ter aprofundado o processo. Creio au:r a N.çIo. a mente e o coraçlo nlo conta- quanto existe no poeto velho 11AdI'o e no cego. poeta e
>aver uma continuidade (nlo uma repctiçlo) no que livrci"o Joio Mendes (para qu 0111 U por quase seis anos.
Aigentina. Portugal. Fez ~ do Grupo Sul (1947/57). movimento que buscou arejar o ambiente cultural de
:serevo. uma ampUaç'o de pontos de vista. Estruturo nwna mEdia de S-6 horas por dia) do que eles realmen-
Santa Catarina. com atuação na literatura. no teatro. nas artes plásticas. no cinema. Foi um dos edltoies da ,n eus textos sempre no sentido de dar subsUncla As te eram e do que lhes fui adicionando. NIo me largam.
revista Rcção (Rj. 1976/79) que realizou um mapeamento da hlst6ria curta. não apenas no Brasil, e ICCII~ minhas criaturas, fundindo o psico16Sico e o social. Estio dentro de mim. como BJ,guaçu.
rou ou revelou numerosos autores. Com sua mulher, Eg/é Ma/heiros. é autor do argumento e roteiro do Rctrabalho muito o que escrevo. No caso deste livro.
primeiro longa metragem realizado em Santa Catarina (1957/58). No Rio de Janeiro Iez. com EgIé Ma/heiros o que se vai ler é a sexta vcrsfo. Public.do. 6co achan- 14 - Vivendo há 70 anos hO .rasU, em que
e Man:os Farias. adaptação e roteiro de -A GUtomante", de Machado de Assis e -Fogo morto". de José Lins do que poderia mexer mais. pois escrever E saber você Julga que permanece vinculado h origens
do ~go. De 1983 a 1991 roi dúetor da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina. De 199~96 contar como quem corta na própria carne. Outra cons- libanesas?
dúigiu a Fundação de Cultura de Rorian6polls. Tem. como este romanf% Nur na escuridão. 18/lvros pubIiGJ- :ante no que escrevo é a obsesslo com o tempo e a SM - t. estranho. Cciança e jovem me rebelava.
ncmória, a velhice e a morte. Deixei de estudar o árabe. multo embora a InslstEn-
dos: organizou algumas antologias e partidpou de outras. Esteve em março do ano p'sswo aqui em João
cla de meu pai lembrando-me que um homem que
Pessoa por ocasião das comemorações do dnqüentenárfo deste suplemento. participando de pa!esuas e 8· Mesmo que p1i:..oc"plclo em contar IID , hJs.. sabe dois Idiomas vale por dois. A medida em que
debates juntamente com outros convidados. :órla com ~, melo e ftm, penebe""M' IID • ft.. fui envelhecendo. vi que meu pai tinha rarSo. Cada
tenciona! mistura .... seqIIêncla. Em W'Z .e ofauer vez mais me sinto um lIbano-blguaçuense. Mas mi-
, s;o 1<."", e ....te a ..~ de """"" nhas rafus slo- estio no Brasil.
, Foto: Cláudio lÃ-lo a participar da deste qucbra-cabc-
",? Como foI o JIIocesso de do texto (no 15 - N _ me.... a Inau ..... e o
"",t1cJo de e ...... ka. na busca de _ a Estes _ _
SM - Imaginei o livro como um jogo de armar. Ou \ 'tl.
I • •
IIICIos estar"P1 tIra"do pluv,iz"C1 leMw.es dlll
quebra-cabeça.. Me parece que um _ é tanto mais .............." .........." ....... ou pocIeJ'Iun ser ",d 111 CC·PA . . . . . . . . .7
rico quanto maiores possibRId.does de leitura oferece. SM - A faJta de leitores E um problelila cr6nlco
Salim NligueJ e Sô- AlEm da frulçfo. um bom livro E aquele que provOCA. entre nós. Neccssltarnos de uma profunda mudança
nia Von Disck (au- questiona. faz pensar. Cada es.uitur" tuil sua maneira de na estrutura do pais. mehOS mIsáIa. mais sallcJc. mais
ditório da API - trabalhar o _ . Eu n:ro faço pJanta...baixa, nfo organizo e melhc;tres escolas. bibliot c"as nos ha'.os.lnccntlvo 1
•
.ituaç&:s estanques. nSo. penso a priori nos persona- leitura. Para quem sabe ler. nada s,,!:'stltul o fasdnlo
I gens. Tudo vai surgindo .\ medida em que escrevo. O
que me aciona é um som. umaJrnasern. uma palsa,gelll.
de um livro, que o AUtor escreve e o leitor reescreve.
Os novos meios podem ser um all.do? Podem. Ou
Pronto o livro, começo a recsacvCf" e a montar. como também um adversário. Tudo depende de como se-
• quem monta um filme. Dal afticos já terem anotado a Jam usados esses suportes. Termino com uma frase
,influência do cinema na minha escrita.
No c.so especifico deste livro. bnaginei-o em blo-
modelar de AIbet to Manguei. autor do excelente Uma
hist6ria da leitura. que retrucando a opin11o de BiU -
cos. o primeiro comparlo. que rebaça a trajetória da ta- Gates de que o livro vai .cab..... lronlzava: afirmar isto
mjJia e a .d.ptaçlo ao n~o chJo. Depois 60s que c0m- Gates escreveu um livro ...
,
plementam e ratificam ou. o que vinha sendo
relatado. Outros blocos se JWltam até o 6naI. que de
A ENTREVISTA certa forma retoma o 1nIdo .
1 - Quo", é Sal... Mts;ucl? l-O fato de ter aprehdldo a f...... em Anobc e ",llIIcIro livro. se podem pcrecbcr rec.orrenclas e me- 9 - A trad~io da lYii'lltlva Anobc e a puqvk.
SM -Sou wn IIbano-biguaçuense que desde crlançasc estudar o alemão antes de ser alf......ttzado em por~ andros. por certo JnlIuEncla dos relatos de meus pais e fcwo'" de 'I, • de 5e enc0n-
quis Icndo e escrevendo. Ou vioe-vcrsa. Sou negado para 'i
tuguês Inllul de alguma 'helra em s .... literatura? de minha paix.fo pelas "Mn e uma noites". que nlo tram neste livro?
as coisas mais simples e coIriquei; as. trocar uma I&mpada. SM - O árabe. sim. Meus pais gostavam muito de canso de reler. Tal Inlluência foi se ampliando. quem SM - Pelo menos E o ",ebondl. E n:ro 56 heste.
fazer um cafeiinho. comprar wn par de melas. Fui depen- ler. tinham t.cilidade para aprender. logo sabiam ler e SIbe mais neste. ~emS!bemaisM5b:!A
dente de Tarnina, minha mie; agora' de Egte. milha mu- escrever em português. A noite nos contava histórlas- çio oral. tio presente nas lendas e narrativas de meus
lher. De ••bo"to para grandes fatos. sou muito atento. mi- isso marca a gente. O a1em'o nlo creio. embora mais 5 - q".k for? h as foa4M .. CID queVCKê se b.ecou .• e dos IivIosque N1conscgub1o.avang\Wda. pÓs
núcias. Mroha profissilosanpre (Oi ojomallsmo. tarde tenha tentado rdomoi-Io para ler o originai Thomas para escrever o 11no! As ,.ipr1'c leIA "'-'4-' ou mináveis leituras qucvcnho Ámldo (sou wn ldtDr
Mann. por exempio. ta 4 heM' IHmCOII .dwu '4ii«1I. d.e outros? F"'pulsivo) e de wn .... to faro para o que EvMJdo e mais
2 - Por que Iíbano-blgl!'"lIcnsc7 SM - Houve bastante pcsqu!s. e consulta. Ao mes- I:"e_toca. .. Este romance E ......ado nwn .c:àa pessoa.
SM- Cl>cgueiao Brasl COI" tr& anos de ichde. em t 927. '* n,
4· Houve ncste ftCJIIr'O IItiro a Ib~ão de ~iar mo tempo em que uaço a saga de uma famnia de que comporta várias e
•
Nesd em KWs.sowoum. vIazilha do I hmo. A fali me morou .... da ..,.d~io da JUII1'alIva inobc 011 este estilo ...,.. Imlgaantes libaneses pelos caminhos do Brasil. pro-
:::~~:á><i~na a
Costumodmque SOI'IOS o que nos bnos. a iúSncIa.
OS 19 anos.
c.cw i ente, . cheio de me.vJcIros, é Uii • UNe h ndk.
habituai em s .... IIter_?
SM- Diia que existem ambas ascoius. DêSdc meu
curo 1nterIIg,i.-1a aos fatos marcantes do pclfodo. C.....
ro que o tratamento E 6ccion .... os acontecimentos
sfo rccJaborados.
~----_
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO .~---------------------------------
SALIM MIGUEL
105 _ SILVA, Noberto. Bom tempo para relaxar e ler. A Notícia. Florianópolis, 06 jan . 2000. p. 3.
Livros de expoentes
da literatura catarinense
ara re axa r e er são excelentes
•
Salim iguel:
"Nur da Escuridão"
o escritor catarinense é um dos úl- a síntese regional e universal de to-
timos monstros sagrados da literatu- dos aqueles que um dia emigraram
ra brasileira. para o mundo novo em busca de no-
Autor de 18 livros, editor da sau- vos horizontes. E que cai como uma
dosa "Ficção", crítico literário, rotei- luva num Estado como Santa Catari-
rista de cinema, publicitário, meu na, com tantas raças e etnias.
colega jornalista na legendária revis- A literatura é uma volta ao passa-
ta Manchete dos bons tempos, Salim do para abrir rumos ao futuro. E hou-
é um dos remanescentes completos ve época -- podem crer -- em que se
de um tipo de intelectual que não acreditava no futuro. Os olllos de um
mais existe: o memorialista que cria estrangeiro certamente viam o Brasil
um mundo, um universo próprio. de uma maneira, de um ângulo dife-
Seu mais recente livro "Nur da Es- ren te do nativo. Seus patrícios liba-
curidão" é a saga da imigração liba- neses, seu fascinante pai (YusseO,
nesa (que o desinformado chama de sonhavam, batalhavam, e acredita-
"turca") para o Brasil do novo mun- vam num futuro.
do. Suas esperanças e glórias, fracas- Para que tudo isso não se perca nas
sos e derrotas. brumas do esquecimento, Salim foi
Desde a década de 60, quando tra- resgatá-lo numa espécie de inconsci-
vei contacto com sua obra, sempre ente coletivo junguiano, na memória
achei que Salim é o Faulkner brasi- maltratada do passado, num afresco
leiro. Embora não goste de compara- grandioso familiar. Em sua
ções é preciso que se diga que o gran- obra, o regional se torna universal.
de artista é aquele que cria univer- Eu diria: global!
sos próprios, logo identificáveis. Pois ser global não é ficar imitando
Como não reconhecer logo nas pri- o que vem de fora, mas justamente
meiras linhas o mundo nebuloso de fazer alcançar o particular ao geral.
Faulkner? Como não identificar no A célula familiar em organismo soci-
diálogo rápido, o universo misterio- al. O individual em coletivo. O regio-
so de Clarice Lispector? Como não ver nal em mundial.
no primeiro fotograma, no primeiro Além de tudo, Salim é um dos últi-
tiro, o filme de um John Ford? O qua- hoje
dro de um Pancetti, de um Portinari?
Mas não se confunda o romance
monumental de Salim com descrição PAULO RAMOS DERENGOSKI
autobiográfica. É mais do que isso. É JORNALISTA EM SANTA CATARINA
Redenção
o veterano e respeitado crítico literário
carioca Ubiratan Machado mandou dizer à
coluna, por amigos catarinenses, que concor-
da com tudo o que está se falando e escreven-
do sobre o livro "Nur na Escuridão', de Salim
Miguel. Particularmente, o qualifica como
melhor romance sobre imigração escrito até .
hoje no Brasil. Quem já leu ficou impressio-
nado com a obra, que finalmente está sendo
notada pela mídia. A revista "Bravo" deste
mês, em crítica de Miguel Sanches Neto,
dedica-lhe uma página. Integralmente de
retumbantes elogios.
Nur na Escuridão
Salim Miguel
o que é nur? A
pistaestánapri-
meira página
do livro, mas fi-
ca a sugestão
ao leitor para
que decifre o '" .
enigma, pois
wn texto é tan-
to mais instigan-
te quanto mais possibilidades de
leitura oferece. Nu,.,w Escuri-
dão (TopBooks, 258 páginas, R$
25), de Salim Miguel, é um ro-
mance baseado em dados reais
trabalhados ficcionalmente.
Busca resgatar a saga de wna fa-
mília de imigrantes libaneses
que, almejando ir para os Esta-
dos Unidos, acabanl chegando
ao Brasil. O núcleo central trans-
corre entre as décadas de 20 e
50, mas não possui umacronolo-
gia fixa e circula pelo Líbano,
Rio e Santa Catarina A estrutura
do romance não é convencional
e ajuda a alargar os conhecimen-
tos sobre a cultura dos libaneses.
112 - MENEZES, Ana Cláudia. Para ser lido fora de se, escritor elege
editira do Rio. A Notícia. Florianópolis, 20 fev. 2000 . Anexo , p. C4 .
•
• •
•
-
. ,/ •
emorza uz SO re o assa
Salim Miguel conta a trajetória de uma família de imigrantes libaneses em texto ficcional e biográfico
NUA NA ESCURIDÃO Aparentemente, nada se es- do jovem imigrante que já causas da par1ida, da chegada, ela chega um dia.
Salim Miguel
Topbooks. 293 páginas
clarece sobre as questões de oasceu "velho", capaz de vi- das tantas mudanças, dos silên- Como que tentando driblá-la,
AS 25 fundo, que permeiam a mente ver a vida nos ritmos da pró- cios e das mortes. Enquanto is- o autor se perde em divagações,
de um narrador que se quer au- pria natureza, aceitando o so o pai simplesmente vive, lança fiapos de lembranças que
ELIANE TEJERA sente, que fala de si como de destino I maklub, oão por um sem porquês, ficando onde a se cruzam e confundem numa
um outro, sem que no entanto gesto de fraqueza ou indife- vida prevê, partindo quando seqüência desordenada. Num
Cais do porto, Praça Mauá, consiga descolar-se de Sua rença, mas oa profunda cons- ela já não quer que fique. outro momento traça contornos
Rio de Janeiro, 1927. O jovem própria pele. Autobiografia ciência de que as lutas se fa- E às perguntas do filho o nftidos, em bloco à par1e, espes-
libanês recém-chegado ao Bra- Nur na escuridão é e não é. zem dentro da vida que se re- próprio livro é a resposta, a so e bruto, dos personagens cu-
sil aprende sua primeira pala- Uma dubiedade de que não fo- cebe e não fora dela. luz, na iluminação desse ca- riosos de sua infância e adoles-
vra em português' luz, "nur" ge o narrador, ao contrário, ele Se o velho pai joga gamão minho onde o autor afinal se cência, aqueles a quem, com o
na sua !fngua oatal, e a com' a expõe, realça, faz dela leit- com tanta seriedade é porque revê, na busca de compreen- passar dos anos, sua imaginação
preensão do termo é o primeiro moliv da narrativa. O recuo no vive a vida em seu próprio der a morte como a vida. A deu cores e tintas, preenchendo-
clarão no novo território onde tempo faz-se de muitos OL ros fluir, aceitando com humildade pálida vida da irmã Fádua, no lhes a memória e a vida.
tudo são temores e treva. Pou- recuos, fugas e negações de o jogo do desti no, sabedor de seu aparente vazio e inutilida- O autor reescreve, sob for-
co a poue", o autor de Nur '10 .
momentos e fatos, onde a ela- que terra, paIS, tesouros oao - de, ganha agora novos contor- ma de romance, os versos de
escuridão - prêmio da Asso- boração de um "possfvel real" são nada diante da riqueza nos, na consciência de uma vi- Ornar Khayarn, versos que o
ciação Paulista de Críticos de só encontra espaço nessa soma maior que a vida lhe ofereceu da que simple mente assim velho Yussef/José, incansavel-
Arte de melhor romance 1999 de memória e fantasia. desde muito cedo, o encontro como veio se foi. O fato de meote repetia, porque eles lhe
- vai nos revelando as razões Ela é também base para a do amor e da poesia, um único não ter deixado uma prova bastavam, porque eles lhe di-
da partida do Líbano da família própria construção deste livro e meSmO objeto. Sabedoria que material de sua passagem, sem ziam o que era viver, em máxi-
formada pelo rapaz de 20 anos, de dupla ou tripla natureza . tem em si raízes profuodas nos lugar no registro da história, mas feitas de sabedoria.
sua ainda mais Jovem esposa, o Livro de memória, ficção e versos dos poetas libaneses, não lhe tira o lugar num regis- Resgate de passado, reen-
irmão desta. e os três filhos do biografia, Nur /la escuridão sementes lançadas na alma do tro mais profundo. contro com as origens, Nur 110
casal. Entre eles, o primogêni- oscila ainda entre múltiplas jovem imigrante, que as trouxe Nur na esclIridão é livro de esclIridão é também poema
to Salim, que aqui chegava formas. Da narrativa bem es- consigo na bagagem e no cora- muitas arestas, informe, com presente, lição de vida. Com 18
com apenas três anos de idade, truturada, linear, aos fragmen- ção, e que o autor nos oferece, bolsões, como se o autor ti- livros publicados, Salim Mi-
nosso guia de viagem nessa tos, saltos não apenas tempo- como pequeoas pérolas. vesse desistido de dar-lhe um guel, como a própria vida,
narrativa feita de idas e vindas rais, mas essencialmente for- O filho intelectual não con- desenho final, num jogo feito amadurece seu texto, ganha do-
em busca de esclarecimento mais, como se a história que segue concentrar-se no jogo, de pequenos passos que avan- mínio das palavras e da forma.
sobre os porquês. os dados se constrói fugisse de si mes- porque leva a vida a sério de- çam e recuam, estratégia de
exatos, as datas e os fatos, a re- ma, sem querer assurnu-se co- mais, quer domá-la, ser seu do- quem deseja mas não conse- Eliane Tejera é crftica de teatro e lite-
lação dos caminhos individuais mo resgate de vida. no e guia, num constante inter- gue elidir o encontro com a ra tura e professora de Artes CênIcas
com o momento histórico. Ela se baseia na sabedoria rogar-se sobre os porquês, as
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
morte, a consciência de que da Universidade de Santa Catarina
114 - Nur na esc uridão. Magazine Vierw. Joinville, mar. 2000. Literatura, p. 38.
f t lTERKfURA
""'
Nur na Escuri ao
•
Literatura .
GRANDE PR~MIO DA cRlnCA:.............. .losé Alcides Pinto
pelo conjunlo da obra (Topbooks)
POESIA ' ............................................ "'0 Carlos Nejar
Livro de Silbiorr edição
comemorativa de 35 anos de
poesia. (Huci!ec)
ROMANCE ' ..........•..•.•••............•......... Salim Miguel
Nur na Escuridão! (Topbooks )
CRONICA:.......................................... Betty Milan / O Século (Record)
LITERATURA INFANTIL:... ....................... Raquel Coelho/ No Caminho
das Artes:· Teatro (Formato)
ENSAIO: ".. ....... .. . .................... .. Mar.ain. Paula
Marcondes/A Voz das Águas:
A poesia de Diga Sa vary
(Univ. de COimb ra/Colibri)
PRODUÇÃO EDITORIAL:..... ................... Escrlturas Editora
AGENDA
Amanhã • Lucia Fidalgo autografa da Lagoa, às \O horas, sobre seu üvro
Pedro: menino navegndo, a partir das Saber cuidar . O livro Infomuitica na
16h30 no Museu Histórico NacioIllll Ten:eiro ldatk, de Gilson Nascimento,
•
(Av. Marechal Anrora, sino - Centro) vai ser lançado às 19h, na Livraria
Segunda • O üvro Arqueologias Culi- Ponte de Tábuas (Rua lJ. Seabra, es-
ruirias da !ruiia, de Fernanda Camar- quina com Rua Jardim Botânico) • O
go-Moro, será lançado às 19h, na Li- escritor Salim Miguel faz palestra às
vraria Eça (Shopping Cidade, Av. 1000 na Faculdade de Letras da
Ataulfo de Paiva, 135 -loja 108 - Le- UFRJ, 00 Fundão, sobre seu livro Nu,
bloo). na escuridão.
Terça • O historiador Luiz Feüpe Quinta • Na Fundação Planet:!rjo
A1encastro faz palestra dentro do pro- (Av. Padre Leonel Pranca, 240, Gá-
jeto Brasil 500: República das et- vea), lançamento, às 20h de Os so-
nias, no Museu da Repúbüca, às nhos atribulados de Maria Úlfsa, de
18h30 • Roberto Muggiati autografa Mário Novello • Lançamento de Fo-
A contorcionista Mongol na Livraria go nas entranhas, de Pedro Almo-
do Museu da República. dóvar, às 19h30, com show de Faus-
Quarta. O teólogo e escritor leonar- to Faucett em frente à livraria Dan-
do Bolf faz urna palestra no Hospital tes (Rua Dias Ferreira, 45).
Com Rodrigo Alves
~
Material Prêmio a
inusitado em anesa e jornalistas e
fonna de arte • artistas
Trabalhos em desenho,
gravura e pintura feitos de juta -
I Sete personalidades de des-
taque nas artes e no jomaUsmo
catarinenses receberão do go-
material usado para transportar
produtos alimentares e carregar "Nur na Escuridão" , verno do estado e o Conselho
areia e barro - estão na mostra Estadual de Cultur., a Medalha
A Essência do Material, de novo livro do escritor do Mérito Cultural Cruz e
. ,
Ronaldo Linhares, que começa catarmense, sera Sousa, entregue hoje, às 11
hoje às 19h30 no Espaço horas, no Palácio Cruz e Sousa:
Oficina no Centro Integrado de
lançado dia 30 O escritor Salim Miguel,o
Cultura. Estudante da 6' fase de O escritor e jornalista Salim cineasta Zeca Pires, os jornalis-
Artes Plásticas na Universidade Miguel lança seu 18° livro, "Nur tas nmar Carvalho e Sílvio
do Estado de Santa Catarina - na Escuridão", retomando as Melatti, o crítico Alcídio Mafra
Udesc, Ronaldo transforma a histórias de imigrantes libaneses de Souza, o artista plástico
aparência rústica da juta em que vivem enlre Biguaçu e Hiedy de Assis Corrêa e a
algo sutil. Florianópolis, um dos assuntos pesquisadora e diretora de
Premiado na categoria prediletos do autor, ele próprio teatro Edith Korrnann.
Gravura, no 8° Salão de Novos descendeme de imigrantes dessa Serão feitas homenagens ao
Artistas em 1987. Ronaldo par- etnta, editor Odilon Lunardelli (i n
ticipa de coletivas e realiza O lançamento acontece em memoriam) - um dos pioneiros
exposições desde 1983. Ele Florianópolis, no Mu eu Cruz e na publicação de livros de
aplica a essência da gravura - Sousa no dia 30, a partir das 20 autores catarinenses e criador
sua especialidade - também na horas. No dia 3 de dezembro, o da feira do Livro de Flo-
pintura e desenho. Os desenhos escritor realiza oulro lança- rianópolis, que já se encontra na
trazem O volume da juta "grava- mento na Câmara de 14' edição - e aos promotores do
do" no papel e nas pinturas Vereadores de Biguaçu, a par- Festival de Dança de Joinville.
também está embutido o tir das 19 horas. A homenagem ao Festival
processo de gravar: o barro e a O autor de "A Morte do de Dança de Joinville se deve à
areia misturados à água ou óleo Tenente e Outras Mortes" (con- i mportância deste evento na
são depositados dentro da tos) e "A Voz Submersa" divulgação do estado e na for-
embalagem, exercendo pre são (romance) lança agora seu novo mação de novos bailarinos e de
pelo seu peso, causando o vaza- livro pela editora carioca platéias para a dança em Santa
mento do pigmento por entre as Topbooks. "Nu r na Escuridão" Catarina. Criado em 1983, o
tramas do tecido. tem 258 páginas e custará em Festival já promoveu a apresen-
Lembranças - Natural de torno de R$ 20,00. tação de 60 mil bailarinos, e foi
Florianópolis o artista iniciou a O romance de fundo históri- assistido por público superior a
carreira através da xilogravura, co "é um retrato do Brasil de I milhão de pessoas.
em 1982. Nos anos seguintes 1927 até 1950 por meio de imi- Concedida a três anos, a
aperfeiçoou-se também em grantes libaneses", coma o Medalha do Mérito Cruz e
litografia, serigrafia. policro- escritor. Chegando numa terra Sousa foi criada pelo decreto
mia, além de conservação e nova, os imigrantes não falam governamental n' 4.892 em 17
re~lauração de documentos. uma só palavra em português e de outubro de 1994, e contem-
A in'\pjração para este tra- têm que se adaptar a novas pla autores de obras literárias,
balhu veio das reminiscências relaçõe sociais, costumes e artísticas, educacionais ou cien-
da infância. quando brincava no hábitos do Brasil. tíficas de reconhecido valor e a
porão em meio ao barro e lijolos Daí o título. "Nur" quer indicação dos nomes é feita pelo
que ~ustentavam sua casa. e o Sali", Miguel I uma das raras \'o(:es que fala da etnia árabe. cuja imponâllcia é enonne em todo o Brasil Conselho Estadual de Cultura
dizer luz em libanês, uÉ um títu-
terreno acidentado de terra, lo simbólico, as pessoas e tão história do país e situações dução literária que existe sobre vez pela Topbooks. através de votação secreta.
onde escondia-se numa caverna, chegando no escuro", lembra envolvendo os imigrantes, o italizanos e alemães, por exem- Junto de uma intensa pro- A solenidade terá a presença
"A matéria com sua textura e o Salim. Um exemplo é a expe- escritor é uma das raras vozes na plo, lembra o escritor. dução literária, Salim Miguel é do govemador Esperidião Amin
material expressivo que possui riência de uma família que literatura que fala da etnia árabe, O autor já publicou, entre um dos intelectuais catarinenses e do diretor geral da Fundação
uma qualidade inerente é o qu< acaba de chegar ao Brasil e se cuja comunidade soma 6 mi- OUtras, pelas editoras do Grupo mais atuantes, dirigiu a Editora Catarinense de Cultura, Iaponan
me interessa, é minha poética", depara com o movimento da lhões de pessoas no pafs, a Sul, Insular, Letras Contem- da Universidade Federal de Soares,que também preside o
explica o artista. A mostra vai Revolução de 30. maioria de libaneses esfrias. porâneas e José Olympio Santa Catarina e a Fundação Conselho Estadual de Cultura.
até o dia 8 de dezembro. Assim, mesclando fatos da Bem o oposto da grande pro- Editora, e publica pela primeira Franklin Cascaes.
II
ance I I
•
Livro do escritor catarinense Carlos Reichenbach, pelo fil -
me "Dois Córregos". Na área
Salim Miguel foi indicado pela de dança, a APCA outorgou o
Prêmio Estímulo para a para-
Associação Paulista dos naense Ve rve Companhia de
Dança, de Ca mpo Mourão,
Críticos de Arte que já se apresentou vá rias
vezes no Festival de Dança de
Joinville.
• •
SILVIO MELAm saga de uma família libanesa PREMIO DUPLO
que imigra para o Brasil no
Lançado há exatamente começo do sécu lo. Salim Em li teratura, a editora •
duas semanas, o livro "Nur na Miguel viaja hoje para o Rio Topbooks foi dup lamente
Escuridão", do catarinense de Janeiro para participar da agraciada, Além de comparti-
Salim Miguel, acaba de promoção do livro. Amanhã lhar com Salim Miguel os lou-
ganhar um dos prêmios literá- ele estará no programa "Sem ros pelo título de Romance do
rios mais tradicionais do País. Censura", da TV Educativa do Ano, também é de seu catãlo-
A obra foi escolhida como Rio, que é transmitido para go o escritor que ganhou o
Roman ce do Ano pela Asso- todo o Brasil entre 16 e 18 Grande Prêmio da Crítica.
ciaçãó Paulista de CríticQs de horas. Na sexta-feira fará O José Alcides Pinto foi escolhi-
Artes (APCA) numa assem- lançamento de "N ur " na do pelo conjunto da obra, Em
bléia realizada segunda-feira Livraria Cidade, no bairro poesia, os votos recaíra m
para a escolha do prêmio carioca de Ipanema. sobre Carlos Nejar, pelo "Livro
Melhores de 1999 nas área~ de Os outros prêmios da de SUbion", da Hucitec, Como
artes visuais, cinema, dança, APCA ficaram concentrados, melho r instrumentista de
literatura, música erudita, em sua maioria, no eixo Rio- mú sica erudita, o pianista
música popular, teatro, teatro São Paulo, O de melhor filme, Miguel Proença, que passo u
infantil, televisão e rádio. por exemplo, foi para "Santo recentemente por nossos pai·
'''Nur da Escuridão" se Forte" (vencedor do último cos, foi o indicado, Confira a
passa entre Biguaçu e Floria- Festival de Gramado), mas o relação completa dos premia-
nópolis. O romance trata da de me lhor diretor ficou com dos nesta página, SURPRESA Premiado duas semanas depois do lançamento, Miguel viajo hoje para o Rio
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
Divulgação Edilorio de Artt
120 - SARTOI , Raul. Gloria . A Notíci a. Florian ópolis,
10 abro2000. Anexo , p. 82.
Glória
Salim Miguel anda muito requisitado e
vive momentos de felicidade extrema por
conta do sucesso do romance "Nur na
Escuridão". Amanhã, em rede nacional,
pela 1V Educativa (1V Cultura em SC), par-
ticipa do prestigiado progranna "Sem Cen-
sura", das 16 às 18 horas, comandado por
Leda Nagle. No dia seguinte, atende convite
da Faculdade de Letras da Universidade
Federal (UFRJ) para uma palestra, seguida
de debate e lançamento do livro.
, ores -