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Coorrdenação:: Profa. Dra.
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Flori anópolis, 2016


Sumário
Número Referências das materiais publicadas em jornais

JORNADA literária: Dois Brasis vencem em Passo Fundo.


001
Zero Hora. Porto Alegre, 29 ago. 2001. Impresso.

MUNIZ, Alethea. Ficção popular. Correio Brasiliense.


002
Brasília, 19 mar. 2000. p. 5.

VERAS, Luciana. Antônio Torres: prêmio e fama. Diário de


003
Pernambuco. Recife, 12 set. 2001.

NOGUEIRA, Fernanda. Escritores e leitores unidos na mesma


004
conversa. Jornal da Tarde. São Paulo, 17 set. 2001.

Dois autores são premiados na jornada de literatura. Gazeta


005
Mercantil. Porto Alegre, 30 ago. 2001.

ESCRITORES dividem o prêmio da Jornada de Literatura de


006
PF. Diário Popular. Pelotas, 29 ago. 2001. p. 14.

ESCRITORES recebem prêmio na jornada. Correio do Povo.


007
Porto Alegre, 30 ago. 2001. p.28.

008 LUZ Nas Trevas. Lingurudos. Santa Catarina, nov./dez. 2000.

PRÊMIO dividido. Diário da Manhã. Passo Fundo, 29 ago.


009
2001. Chamada de capa

MENDES, Moisés. O canibal que virou cavalheiro francês.


010
[s.l.], 1 set. 2001. Cultura, p.2-3.

UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL


CAMPANHA. Diário Catarinense. Florianópolis, 6 mar. 2010.
011
Variedades, p. 8.

BUSS, Deluana. A internacionalização de Salim Miguel. A


012
Notícia. Florianópolis, 28 dez. 2004. Anexo, p. C5.

SALIM Miguel. Diário Catarinense. Florianópolis, 22 set.


013
2009. Guia Hagah,

MACHADO, Ricardinho. Nur. A Notícia. Florianópolis, 12 abr.


014
2003. Variedades, p. 5.

SILVESTRE, Glauco. Catarinense ganha o prêmio máximo de


015 literatura do País. O Estado. Florianópolis, 30 ago. 2001.
Variedades, p. 10.

SARTORI, Raul.Terceira edição. A Notícia. Florianópolis, 4


016
maio. 2003. Anexo, p. C2.

LIVROS. Nur na Esguridão. Linguagem Viva. São Paulo, 8


017
out. 2002. p.7.

O QUE eles estão lendo: Luciana Sandroni. Jornal do Brasil.


018
Rio de Janeiro, 7 set. 2002. p.5.

VACAÇÃO para a escrita desde cedo. Diário Catarinense.


019
Florianópolis, 22 nov. 2001. p. 5.

ALVES, Rodrigo. Luzes para Santa Catarina. Jornal do


020
Brasil. Rio de Janeiro, 8 set. 2001. Idéias, p.7.

SANDRONI, Cícero. Prêmios para Salim e Torres. Jornal do


021
Comércio. Recife, 2 set. 2001. p. A-7.

UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL


SEREZA, Haroldo Ceravolo. Encontro reúne Antônio Torres e
022 Salim Miguel. O Estado de São Paulo. São Paulo, 24 set.
2001. p. D7.

HOMENS de letras são consagrados no ano. Diário


023
Catarinense. Florianópolis, 31 dez. 2001. p. 12.

BENVENUTTI, Moacir. Homenagem a Salim. A Notícia.


024
Florianópolis, 14 OUT. 2001. Social, p. C7.

MENEZES, Cacau. Luz Obscura. Diário Catarinense.


025
Florianópolis, 17 out. 2001. Cacau Menezes, p. 47.

RIVOIRE, Valéria. A saga de uma família libanesa. Diário


026
Catarinense. Florianópolis, [s.d]. Variedades.
BUSS, Deluana. O tempo é o senhor da razão. A Notícia.
027
Florianópolis, 20 mar. 2005. Anexo. p. 5
LIMA, Jéferson. Quais são os autores ausentes. A Notícia.
028
Florianópolis, 2 mar. 2007. p. 3.
A LUZ da literatura Jornal Árabe-Brasileiro. Curitiba, [s.d].
029
Cultura. p. 6.

LANÇAMENTOS no Brasil. O Estado de São Paulo. São


030
Paulo, 20 fev. 2000. Caderno 2/ Cultura, p. D3.

LOTH, Moacir. Luz na escuridão. A Notícia. Florianópolis, 4


031
ago. 2002. Anexo. p. C3.

HASSE, Geraldo. Mascate de memória familiar. Gazeta


032
Mercantil. Pernambuco. 20 abr. 2001. Cultura. p. 3.

FRANCALACCI, Patrícia. Salim Miguel e seu Nur na


033 Escuridão. O Estado. Florianópolis, 22 abr. 2000.Magazine,
p. 3.

034 TALENTO NOSSO. [s.l.], [s.d].

SANCHES NETO, Miguel. Um atávico desejo de linguagem.


035
Gazeta do Povo. Curitiba, 02 out. 2000.p. 8.

UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL


MILLEN, Mànya; ROLLEMBERG, Marcelo. A luz da terra
036 estrangeira. O Globo. Rio de Janeiro. 25 dez. 1999. Prosa &
Verso, p.6.

SANTOS, Sílvio Coelho dos. Um Livro muito especial. O


037
Estado. Florianópolis, 24 fev. 2000.

BARCELLOS, Claudia. Prêmio marca os 50 anos de carreira


038 de Salim Miguel. Valor Economico. São Paulo, 10 set. 2001.
EU&CULTURA, p. D10

SALIM Miguel anuncia nova obra para este ano. A Notícia.


039
Florianópolis, 30 ago. 2001. Anexo, p. C3.

BIANCHINI, Fábio. Luz de Salim Miguel em francês. Diário


040
Catarinense. Florianópolis, 13 ago. 2004. Variedades, p. 1.

PRÊMIO Passo Fundo Zaffari & Bourbon: dois autores dividem


041
os R$ 100 mil. O Nacional. [s.l.], 29 ago. 2001. Geral, p.15.

CARPEGGIANI, Schineider. A PORÇÃO LIBANESA DO


042
Brasil. Jornal do Comércio. Recife, 2 out. 2001. Escrita, p. 2.

ANGIOLILLO, Francesca. Salim Miguel ganha troféu Juca


043 Pato. Folha de São Paulo. São Paulo, 6 jun. 2002. Ilustrada,
p. E7.

HASSE, Geraldo. Tricampeão de copas literárias. Gazeta


044
Mercantil. Florianópolis, 23 ago. 2002. p. 11.

CAGIANO, Ronaldo. Estou lendo... Estado de Minas. Minas


045
Gerais. 19 nov. 2000.

SALIM. Diário Catarinense. Florianópolis, 6 maio 2003. Visor.


046
p.3.

UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL


SUGESTÕES: "Nur na Escuridão". Diario Catarinense.
047
Florianópolis, 16 maio 2003. Literatura, p. 6

SARTORI, Raul. Expurgo? A Notícia. Florianópolis, 9 set.


048
2001. Anexo, p.C2.

MENEZES, Cacau. Premiado. Diário Catarinense.


049
Florianópolis, 30. mar. 2000. Cacau Menezes, p. 63.

SALIM Miguel faz palestra na UFRJ. O Globo. Rio de Janeiro.


050
09 abr. 2000.p. 9.

WINCK, Alexandre. Escritor à beira-mar. Diário Catarinense.


051
Florianópolis, 4 fev. 2000. Gente, p.3.

DAMIÃO, Carlos. O Brasil sob a ótica dos libaneses. A


052
Notícia. Florianópolis, 21 jan. 2000. Anexo., p. 3.

PEREIRA, Mário. Saga familiar, um mergulho na memória.


053 Diário Catarinense. Florianópolis, 11 jan. 2000. Variedades,
p. 6.

O JORNALISTA Salim Miguel lançará seu 18º livro. Carta do


054
líbano. São Paulo, ago. 1999. Literatura, p. 13.

SARTORI, Raul.Jubileu. A Notícia. Florianópolis, 21 ago.


055
2001. Anexo, C2.

GIORDANO, Rafaela. Prêmio para Salim Miguel. Diário


056
Catarinese. Florianópolis, 29 ago. 2001. Variedades, p. 31.

MIGUEL, Salim. Meu clássico. O Globo. Rio de Janeiro, 01


057
set. 2001. Prosa & Verso, p. 5.

UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL


ARAUJO, Paulo.Entre a ficção e a vida real. Correio
058
Brasiliense. Brasília, 28 set. 2000.p. 7.

FEIJÓ, Marcia. Maior encontro literário do país abre hoje no


059 RS. Diário Catarinese. Florianópolis, 28 ago. 2001.
Variedades, p. 8.

MAIS Transpiração do que inspiração. O Estado.


060
Florianópolis, 07,08 e 09 set. 2001.

A REALIDADE de um escritor catarinense. O Estado.


061
Florianópolis, 07,08 e 09 set. 2001. Literatura, p. 3.

PAGANINI, Joseana. Saga de uma família libanesa. Jornal de


062
Brasília. Brasília, 28 set. 2000. Arte e Lazer, p. D5.

A CULTURA em O Estado. O Estado. Florianópolis, 13 e 14


063
maio 2000. Suplemento especial, p. 33.

HISTÓRIA pela visãodo romancista ganha o prêmio. Diário do


064
Amanhã. Passo Fundo, 29 ago. 2001. p.7.

HOMENAGENS revivem os 20 anos de jornada de literatura.


065
Diário do Amanhã. Passo Fundo, 29 ago. 2001. p.6.

MADALENA, Antonio. Torres e Salim Miguel dividem prêmio.


066
O Globo. Rio de Janeiro, 29 ago. 2001.

VIANNA, Natália. Salim Miguel é premiado em Passo Fundo.


067
Gazeta Mercantil- Santa Catarina, 29 ago. 2001.

ALVES, Rodrigo. Evento premia escritores. Jornal do Brasil.


068
Rio de Janeiro, 30 ago. 2001. p. 4.

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OLIVEIRA, Adriana. Salim Miguel anuncia nova obra para este
069
ano. A Notícia. Joinville, 30 ago. 2001. Anexo, C3.

PRÊMIO Zaffari & Bourbon sai para autores consagrados. O


070
Cidadão. Passo Fundo, 30 ago. 2001.

DOIS autores consagrados ganham o Prêmio Zaffri & Bourbon


071
de literatura. O Cidadão. Passo Fundo, 01 ago. 2001.

SARTORI, Raul.Prêmio para SC. A Notícia. Joinville, 30 ago.


072
2001. C2.

FEIJÓ, Marcia. "Este livro tem me dado sorte", diz Miguel.


073
Diário Catarinese. Florianópolis, 31 ago. 2001. Variedades.

SILVESTRE, Glauco. Escritor catarinense concore a prêmio. O


074
Estado. Florianópolis, 31 ago. 2001. p. 10.

NOSSO querido Antônio Torres. Jornal do Brasil. Rio de


075
Janeiro, 01 set. 2001.

AMORIM, Maristela. Salim Miguel recebe homenagem. Diário


076
Catarinese. Florianópolis, 05 set 2001. Variedades.

O PERSONAGEM Salim Migeul. Diário Catarinese.


077
Florianópolis, 10 set. 2001.Visor. p. 3.

MENEZES, Cacau. Salim é sucesso. Diário Catarinese.


078
Florianópolis, 06 jul. 2000. Cacau Menezes, p.55.

GUTKOSKI, Cris. Sonhos sólidos, páginas impressas. Zero


079
Hora. Porto Alegre, 08 set. 2001.Literatura, p.2.

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GUTKOSKI, Cris. A consagração de odis Brasis. Zero Hora.
080
Porto Alegre, 29 ago. 2001.

NEQUETE, E. Clarão de Nur. Jornal do Comércio. Rio de


081
Janeiro. 13 jan. 2000. Perspectivas, p. A18.

ARAUJO, Paulo.Plano piloto. Correio Brasiliense. Brasília, 28


082
set. 2000. p. 7.

MACHADO, Ricardinho. Em alta. A Notícia. Florianópolis, 10


083
abr. 2000. Variedades, p. 5.

"NUR na escuridão". Carta do líbano. São Paulo, jan. 2000.


084
Atualidades, p. 4-5.

SANTIAGO, Antoninha. A saga de imigrantes libaneses nos


085 caminhos do Brasil. Gazeta Mercantil. Florianópolis, 30 nov.
1999. p. 6.

RIVOIRE, Valéria. A saga de uma família libanesa. Diário


086
Catarinense. Florianópolis, 29 nov. 1999. Variedades, p. 12.

OLIVEIRA, Maurício. Cultura catarinense é condenada. A


087
Notícia. Florianópolis, 25 nov. 1999. Anexo, p. C1.

CRÍTICOS de arte elegem melhores. Jornal do Brasil. Rio de


088
janeiro, 16 dez. 1999.

MILLEN, Mànya; PIRES, Paulo Roberto. Luzes da memória. O


089
Globo. Rio de Janeiro, 31 jul. 1999. Prosa & Verso, p. 5.

SARTORI, Raul. Romance. A Notícia. Florianópolis, 15 nov.


090
1999. Anexo, p. B2.

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MÉRITO catarinense. Diário Catarinense. Florianópolis, 24
091
nov. 1999. Variedades.

LIVRO. Diário Catarinese. Florianópolis, 26 nov. 1999. Visor.


092
p.3.

PEREIRA, Moacir. Salim. O Estado. Florianópolis, 30 nov.


093
1999. p. 2.

BALDISSEROTTO, Alexandra. Lançameto. Diário


094
Catarinese. Florianópolis, 03 dez. 1999. Variedades, p. 4.

PRÊMIO. Diário Catarinese. Florianópolis, 15 dez.


095
1999.Visor. p. 3.

JORNALISTA e escritor transforma a história de sua família


096
em romance. O Globo. Rio de Janeiro, 17 dez. 1999. p. 3.

PENA FILHO. A saga libanesa de Salim Miguel. A Notícia.


097
Florianópolis, 30 nov. 1999. Anexo, p. 3.

WEISS, Ana. APCA divulga a lista dos melhores de 99. O


098 Estado de São Paulo. São Paulo, 15 dez. 1999. Caderno 2,
p. D7.

VASSALO, MÁRCIO. Livro é o melhor presente. Jornal do


099
Brasil. Rio de Janeiro, 18 dez. 1999. Idéias/livros, p.4.

PERSONAGENS da época. A Notícia. Joinville, 31 dez. 1999.


100
Especial, p. G7.

ANGEL, Hildegard. Paratodos. O Globo. Rio de Janeiro, 01


101
jan. 2000. Segundo Caderno, p.3.

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SARTORI, Raul. Segunda edição. A Notícia. Florianópolis, 01
102
jan. 2000. Anexo, p. C2.

MALLMANN, Regis. Ano encerra com sucessos na área


103 cultural. A Notícia. Florianópolis, 01 jan. 2000. Variedades, p.
7.

SALIM Miguel: um bom texto é o que provoca e faz pensar.


104
Correio das Artes. João Pessoa, 02 jan. 2000. p. 8-9.

SILVA, Noberto. Bom tempo para relaxar e ler. A Notícia.


105
Florianópolis, 06 jan. 2000. p. 3.

CARPEGGIANI, Schineider. Nemórias longe da escuridão.


106
Jornal do Comércio. Recife, 18 jan. 2000. Caderno C, p. 3.

SANCHES NETO, Miguel. O Líbano e o Brasil sob a luz de


107 Nur. Diário do Nordeste. Fortaleza, 13 fev. 2000. Recortes do
Brasil, n. 13, p. 5.

SARTORI, Raul. Romance. A Notícia. Florianópolis, 03 fev.


108
2000. Anexo, p. C2.

DERENGOSKI , Paulo Ramos. Salim Miguel: "Nur na


109 Escurudão"Correio Lageano. Lages, 05 fev. 2000. Opinião do
Leitor, p. 7.

SARTORI, Raul.Redenção. A Notícia. Florianópolis, 06 fev.


110
2000. Anexo, p. C2.

DUNDER, Karla; SAMPAIO, João Luiz. Lançamentos: no


111 Brasil. O Estado de São Paulo. São Paulo, 20 fev. 2000.
Cultura. p. D3.

MENEZES, Ana Cláudia. Para ser lido fora de SC, escritor


112 elege editira do Rio. A Notícia. Florianópolis, 20 fev. 2000.
Anexo, p. C4.

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TEJERA, Elaine. Memória Joga luz sobre o passado. Jornal
113
do Brasil. Rio de Janeiro, 26 fev. 2000. Idéias, p. 5.

Nur na escuridão. Magazine Vierw. Joinville, mar. 2000.


114
Literatura, p. 38.

OS MELHORES de 1999. O Estado de São Paulo. São


115
Paulo, 26 mar. 2000. Literatura, p. D19.

ALVES, Rodrigo. Agenda. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro,


116
08 abr. 2000. Idéias, p. 2.

COSTA, Célia; MILLEN, Mànya. Palestra. O Globo. Rio de


117
Janeiro, 9 abr. 2000. Prosa & Verso, p. 5.

MACHADO, Zury. Saga Libanesa é tema de obra de Salim


118
Miguel. O Estado, Florianópolis, 24 nov. 1999. Cultura, p. 8.

MELATTI, Sílvio. "Nur" ganha prêmio de romance do Ano. A


119
Notícia. Florianópolis, 15 dez. 1999.Anexo, p. C6.

SARTOI, Raul. Gloria. A Notícia. Florianópolis, 10 abr. 2000.


120
Anexo, p. B2.

TEIXEIRA, Maria Célia. Eles dizem, eles fazem. Tribuna da


121
Imprensa. Rio de Janeiro, 12 abr. 2000. p. 6.

SILVA, Deonísio da; BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Especial


122 Vougue: quem fez acontecer a cultura brasileira. Vogue. São
Paulo, maio 2000. p. 58.

BORTOLIN, Rosana. Salim Miguel. Ô Catarina. Florianópolis,


123
maio/jun. 2000. Agenda, p. 15.

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SALIM Miguel, o brilho da palavra. Estampa. Florianópolis, jul.
124
2000. Personagem, p. 8.

MELATTI, Sílvio. O grande clã de escritores. A Notícia.


125
Florianópolis, 23 set. 2000. Anexo, p. C3.

MACÁRIO, Carol. De volta ao Líbano: tradução. Romance de


Salim Miguel, “Nur na Escuridão”, será lançado no Libano
126
amanhã. Notícias do Dia, Florianópolis, 06 de mar. de 2013.
Plural, pag. 5

LA SAGA des Arabes d’Amerique: Dossier. Quantara:


127 Magazine des culture árabe et méditerranéenne. n. 56, p. 25 -
2005

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001 - JORNADA literária: Dois Brasis vencem em Passo Fundo. Zero Hora. Porto Alegre. 29 aço. 2001. Impresso.

ANO 38 - N° 13. 157 PORTO ALEGRE, QUARTA-FEIRA, 29 DE AGOSTO DE 2001

JORNADA Ll TE R,A.R IA
Dois Brasis vencem
em Passo FUndo

Salim Miguel e Antônio Torres dividiram o 2° Prê-


mio de Literatura. Caderno Jornada Literária
- - - - -- -----_. --

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002 - MUNIZ, Alethea. Ficção popular. Correio Brasiliense. Brasília, 19 mar. 2000. p. 5.

Schneider 09.012000
')lcabo de ler
dois livros de
contabilidade
de autores.
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do
exercício de viver. Refiro -me a Dias e
Noites, poesia, de Paulo Hecker Fi/ho
e Nur na Escuridão, romance, de
Salim Migl/el.. Em ambos, o impulso
de caplllrar. nl/ma SI/li/leia de
palavras, o hálilo, o odor. a carnadl/ra
daql/eles que enredam seus afetos aos
nossos nessa voragem, às vez
diverlida, li que chamamos vida,"

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003 - VERAS , Luciana . Antônio Torres: prêmio e fama. Diário de Pernambuco. Recife, 12 set. 2001.

I,
165
LUX ]ORNAL ,

,
Diário de Pernambuco - Recife - PE
,
,I 6 1
Data: 12/09/2001 I
- -- - ----- -- --- - - -- -- - - - - - -- - -- - - - -- -- -

VIVER
Antônio Torres: prêmio e fama
Luciana Veras
especial para o DIARIO

Ele

começa a entrevista refutando quaisquer noções de que seja mais aclamado lá fora do que no Brasil.
"E uma impressão errada", vaticina o baiano que, na semana passada, viu Meu Querido Canibal dividir
com Nur na Escuridão, de Salim Miguel, os R$ 100 mil do prêmio Zaflari & Bourbon de literatura,
entregue no fim da 9ªJornada Literária de Passo Fundo ao melhor romance de 2000. Ao ressaltar que o
reconhecimento de crítica e público o acompanham desde o início da carreira, nos já longínquos
primeiros anos da década de 70, Antônio Torres não só paga tributo a todos os que já o elogiaram mas
também deixa claro o importante papel que exerce na literatura contemporânea tupiniquim .

Ou um "lugar bem confortável", como prefere o autor de mais de uma dezena de livros e vencedor do
prestigiado prêmio Machado de Assis do ano passado. Números são válidos para confirmar os
argurnentos do escritor nascido no Junco ("hoje é Sátiro Dias ", corrige a si mesmo), pequeno município
encravado no sertão baiano. Essa Terra, sua obra rnais famosa, encontra-se na 15· edição. Publ icada
em 1976 com a espantosa tiragem inicial de 30 mil exemplares, já vai na casa dos 150 rnil vendidos.
Tem tradução em 15 idiomas e lugar fixo na lista de leituras obrigatórias n Sorbonne e nas prateleiras
das livrarias, onde reside uma edição especial lançada em junho para comemorar os 25 anos de
existência.

Ainda é cedo para determinar os caminhos que o novo "filho" de Torres percorrerá no mercado, mas
não é exagero apostar que o livro vá tão longe quanto os títulos anteriores. Redigido após uma rigorosa
pesquisa na qual o autor imergiu por quatro primaveras, Meu Querido Canibal (editora Record, 188
páginas, R$ 22,00) versa sobre um gigante de dois metros e 14 mulheres, cujos hábitos alimentares
incluíarn lordes portugueses, apelidado de Cunhambebe.

Essa figura história, qual o escritor tropeçou enquanto coletava dados para outro livro, era o grande
personagern pelo qual ele ansiava. "Ele foi o primeiro grande herói brasileiro, que uniu as tribos
indígenas e fez o pau comer", cornenta o autor sobre aquele que de 1554 a 1567 presidiu a
Confederação dos Tamoios. O que menos importa são as características do protagonista. "Escravidão
ou morte, essa era a questão", aponta.

A fim de abordá-Ia com propriedade, o ex-publicitário, que agora se orgulha de viver de sua produção
literária, se afundou em referências bibliográficas e arquivos do passado. "Meu Querido Canibal foi uma
experiência fascinante porque eu estava escrevendo uma história que não existe. O índio é excluído da
História", expõe. "De um pedacinho de fatos, fiz uma colcha de retalhos, jogando o molho do ficcionista
em cima, com sal e pimenta", brinca.

Torres diz que o livro, uma canibalização histórica e literária, vem sendo estudado em ambas as
disciplinas em escolas cariocas e que isso é o de mais gratificante. "Até agora os historiadores têm se
referido à pesquisa como irrepreensível", conta. Essa precisão tem garantido cadeira cativa para o autor
em diversos eventos. Até fevereiro, o baiano terá passado por São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e
França, onde fica os primeiros dois meses de 2002.

Aproveitará o tempo para fuçar a vida de René Duguay-Trouin, corsário de Luís XIV responsável pelo
"seqüestro" da Cidade Maravilhosa em 1711, candidato a personagem principal do projeto vindouro.
Alguma visita ao Recife em rnente? "Estou com saudades daí. A última vez que estive em Pernambuco
foi durante a feira do livro em 97. Quero voltar para cantar o Frevo N° 2 de Antônio Maria", confessa
Antônio Torres, que, acostumado ao ir e vir do ofício, se define corno um retirante. Antes de mais nada.

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004 - NOGUEIRA, Fernanda . Escritores e leitores unidos na mesma conversa . Jornal da Tarde . São Paulo, 17 set. 2001 .

-
165
LUX]ORNAI.
Jornal da Tarde - São Paulo - SP
7 1
Data: 17/09/2001

Vijriedades
Escritores e leitores unidos na mesma conversa
o projeto Esquina da Pa lavra, Qu e começa hoje no Itaú Cul tural, vai prom ove r co nversas informaIS com autores, de vánas
editoras e de áreas distintas

Toda noite de lançamento é a mesma coisa. Você fica horas em uma fila de autógrafos e ganha.
no máximo, um sorrisinho agradecido do autor esgotado.

Foi pensando em tornar este encontro mais produtivo que Milú Villela, presidente do MAM/SP,
criou o projeto Esquina da Palavra, no Itaú Cultural.

"Queremos promover a reflex ão e a discussão sobre os assuntos abordados pelos autores e


outros temas', explica Milú.

Para organizar a programação e mediar os debates, ela convidou - por indicação do esc ritor e
religioso Frei Setto - Claudiney Ferreira, que apresentou durante 18 anos o programa de rádio
Certas Palavras, em várias emissoras de São Paulo.

'Serão conversas informais, de cerca de 45 minutos, com autores de editoras e áreas


diferentes", diz Claudiney.

Quem abre a programação é Robe rto Drummond que lança, em São Paulo, O Cheiro de Deus .
O romance mistura realidade e sobrenatural - marca do autor de Hilda Furacão - para narrar a
saga de uma matriarca mineira. Ele conversará com o público sobre sua obra, seu processo de
criação e projetos futuros.

Também estão agendadas conversas com personalidades , encontros entre autores e saraus. No
dia 24, os esc ritores Salim Mi ~de Nur na Escuridão, e Antonio Torres, de Meu Querido
Canibal, ambos vence ores do Prêmio Passo Fundo, comentam seus romances.

Esquina da Palavra - hoje, às J 9 h, no Itáu Cultural (Av. Paulista, 149, tel.: 3268- J 700). Grátis.

Fernanda Nogueira

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005 - Dois autores são premiados na jornada de literatura. Gazeta Mercantil . Porto
Alegre , 30 ago. 2001 .

Dois autores são premiados


na'lornada de Literatura

Dois autores foram con- escritores Lucas Figueiredo, .
templados com o Prêmio Zaf- Mário Prata, Walter Galvani,
fari & Bourbon de Literatura, Mário 'Pontese Edgard Tel-
divulgado na abertura da 9' les Ribeiro discutem sobre A
Jornada Nacional de Literatu- Formação do Leitor do Fu-
ra, que acontece até amanhã turo: Para o Livro ou Para o
em Passo Fundo. E-Book. O painel Cinema e
Antônio Torres, autor do Televisão: Elo na Evolução
Meu Querido Canibal, publi- . do Livro ao E-Book, que se-
I. cada em 2000, dividiu o prê- rá analisado por Alcione
mio com Salim Miguel, autor Araújo, Fernaildo Morais, .
de Nu r na Escuridão. Cada Ziraldo e Maria Adelaide
um deles recebeu R$ 50 mil, Amaral começa às 19h30.
valor que utilizarão para fi- Amanhã à tarde Alberto
minciar novos projetos. . Manguei, Antonio Torres,
A Jornada continua hoje Cláudio de Muora Castro,
com o debate sobre Intercâm- Emir Sader, Frei Betto e Joel
bio de Registros, Literatura, . Birman, participam do deba-
Cinema e Teatro, que será te A Preservação da Identi-
apresentado às 14h30 por Pa- dade Cultural no Contexto
trícia Melo. Em seguida os da Globalização.

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006 _ ESCRITORES diVidem o prêmio da Jornada de literatura de PF . Diário popular. Pelotas, 29 ago. 2001 . p. 14 .

Escritores dividem Oprêmio daJornada de Literatura de PF


Dois escritores levaram o Esta é a segunda vez que o úcbo SinvaI Medina.
Prêmio Passo Fundo Zaffari & evento premia o melhor romance O Prêmio Menção Honrosa
Bourbon de Literatura na 9" Jor- escrito em língua portuguesa nos deste ano foi para a obra A co-
nada Nacional de Literatura, últimos dois anos. Ao todo, 190 canha, de José Clemente Poze-
que se realiza em Passo Fundo. autores do país e do exterior en- natto. A comissão julgadora foi
Salim Miguel, com o livro Nur viaram suas obras para serem composta pelos escritores Igná-
na escuridão, e Antônio Torres, analisadas pela comissão julgado- cio de Loyola Brandão, Luís
com o livro Meu querido cani- ra. Desses, 1I foram fmalistas. Coronel, Deonísio da Silva e
bal, dividiram o prêmio de R$ Em 1999, o prêmio foi conquis- pelos professores doutores Pau-
100 mil. tado pelo escritor e jornalista ga- lo Becker e Tânia Rosing.

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007 - ESCRITORES recebem prêmio na jornada. Correi o do Povo. Porto Alegre , 30 ago. 2001 . p.28.

'Escritores recebem
prêmio na Jornada
'NUR na Escuridão', de Salim
MIgUel, e 'Meu Querido Canibal", de
Antônio Torres, são os vencedores
do PrêrnJo Zalfart&Bourbcn de Lite-
ratura. Os escritores dividem o prê-
mio de R$IOO m1l. "A Cocanha', de
José Clemente Pozehatto, recebeu
menção honrosa. O Prêmio Passo
Fundo Zalfart & Bourbcn de LItera-
tura foi anunciado no dia da abertu-
ra da 9' Jornada Nacional de Litera-
tura de Passo Fundo, na última ter-
ça-feira. A ComJssão Julgadora foi
composta pelos escr1tores Ignácio de
Loyola Brandão, Luís Coronel, Deo-
nÍslo da Silva, e pelos professores
doutores Paulo Becker e Tânia Rõ-
_sIng. Ajornada termina no dia 31.

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008 - LUZ Nas Trevas. Llngurudos . Santa Catarina, nov.ldez. 2000.

~

,
L;' rV G VI!j!< v])O.J
5~ Í) 1/-7 C;;;"jJ; rÚ;;j
professores Alvaro Alves de Faria e Carlos
Felipe Moisés, traça uma ponorômica do
poético dos sessenta . Os cotorinenses
NO.f/j)e2 rb 2«JO n~ 00
dividem a obra com, entre outros, Jorge
Mautner, Claudio Willer, Roberto Piva, Bruno absorver seu conhecimento em projetos
Tolentino e Carlos Felipe Moisés. gráficos, enquanto o gigante do mercado
Dos catarinenses morando fora do literário Cio . das Letras, de Roberto Schwartz,
estado, saíram dois novos romances com pretende distribuir os livros editados em
Salim .l1l:qll~! boa aceitação no praça . Deonísio do Silvo Chapecó .
lançou "Os Guerreiros do campo" (leio A receito do sucesso parece simples:
mJ\\JJlt
, entrevista com o escritor na página 8), pela
Siciliano, e Godofredo de Oliveira Neto
pelo menos não existe nenhum ingrediente
miraculoso. Como toda editora un iversitária,
editou "Marcelino Nambra", pela Novo tem uma comissão que analisa e aprova os
Fronteiro, obra que está ambientado em obras que serão publicadas . A equipe que,
Santo Antônio de Lisboa . Pela editora literalmente, pãe a mão na massa é formada
Movimento, de Porto Alegre, o romance por Hilário dos Santos, Gisele dos Santos,
"Geração do deserto", de Guido Wilmar Marli Maronesi, sob a direção segura do
Sassi (que serviu de base ao filme "A Guerra editor Valdir Crigól. "Temos qualidade de
dos Pelados", de Sylvio Back), chega à projeto gráfico e conteúdo muito
terceiro edição. Vale o registro também do interessante. Somos uma equipe que lê
LUZ NAS TREVAS reimpressão de "Chico Pelego", de Aula muito, pesquisa muito, tento inovar. Somos
Sanford de Vasconcelos, contador de três funcionórios, todos jovens, abaixo de 27
Salim Miguel teve seu livro "Nur no
histórias que abordo nesse texto aquela anos. Todo mundo é muito dinômico e
escuridão", editado pela carioca Top Books,
importante figuro da história do Contestado. buscamos fazer um trabalho coletivo,
escolhido como o melhor romance do ano
pela Associação Paulista de Críticos de Arte. trocando muita idéia", é o resumo do ópera,
,
Mos sua distinção mais preciosa veio do nas palavras de Marli Maronesi.
O O ESTE MAIS Vi síVel
público e da crítica . A obra ganhou póginas
e páginas da grande imprensa especializado Entre as editoras catarinetas, a de
FÔ LEGO UNIVERSITÁRIO
,
e, como uma alimenta a outra, alçou um maior visibilidade neste já moribundo ano do
.- raro desempenho nas livrarias, esgotando senhor foi a Griffos; casa editorial da Paro a mais tradicional editora
rapidam ente d uas edições. Uma terceira Unoesc, de Chapecá. Com apenas três anos universitária catarinense, a EdUfsc, 2000
tornada está para ser servida, ainda neste de estrada e quatro dezenas de livros não foi um ano bom. Uma greve de três
fim de ano. Com o vento favorável de lançados, a Griffos nem parece editoro meses dos funcionários da universidade e,
leitores e críticos, Salim se tornou o universitária, ainda mais de uma cidade depois, uma reforma na gráfica quase que
refe,êncio mais recorrente da literatura interiorana de um estado fora do eixo. paralisaram os trabalhos no primeiro
destas plagas. Afinal, levando-se em conta o Exclusivamente pela qualidade de suas semestre. Mesmo assim , deve terminar o ano
pouco espaço que há para o livro no produçães, vem recebendo prêmios e com 45 títulos lançados. Segundo o editor
imprensa brasileira, "Nur.. . " foi um angariando reconhecimento do imprensa Alcides Buss, o primeiro compromisso da
verdadeiro fenômeno, com generosa nacional especializado. editora é com a publicação de livros
atenção da mídia. Todos os livros de Machado de Assis acadêmicos, para 3" grau e textos de cunho
O autor explica o bom desempenho do serão relançados com novo projeto gráfico e universitário com divulgação científica.
romance pela fuga 00 convencional. "Não é comentários da organizadora da coleção,
um romance histórico com estrutura linear; professora Ana Luiza Andrade, PHD sobre o
joga com labirintos, desvios, compõe-se de autor do Cosme Velho . Os dois volumes já
blocos, períodos, jogos, ires e vires, com publicados, "A Cosa Velha " e "A Cartomante",
uma linguagem cinematográfica", define tiveram seu projeto gráfico premiado. Outro
Salim. Além do mérito literário, contribui lançamento premiado foi "Uma Histária
para seu desempenho o fato de ser o Crítica do Fotojornalismo Ocidental", de
primeiro romance de ficção que trata da Jorge Pedro Souza, de Florianápolis, em co-
,
imigração libanesa para o Brasil. O estranho edição com a Letras Contemporôneas . Exito
título também ajudo : os pessoas querem de público também é a coleção "Histárias ao
saber o que é "nur". O esmerado tratamento pé do ouvido", dedicada ao público infanto-
g ráfico da edição acrescenta o atrativo final. juvenil.
Confirmando os ventos favoráveis, o A Griffos está em pleno expansão,
recém lançada "Antologia poética da inclusive com muita procura de autores de
Geração 60" inclui três catarinenses de boa outros estados. Vem sendo assediada por
safra: Lindolf Bell, Péricles Pradp e Rodrigo distribuidores e grandes editoras nacionais
de Hora. Lançado pela Editoro Nankin, de em busco de parcerias, como o Editora do
São Paulo, o volume organizado pelos Universidade Federal de Minas Gerais e o
Cio. das Letras. A primeira interessada em

4-
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009 - PR~ MIO dividido. Diário da Manhã. Passo Fundo, 29 ago. 2001. Chamada de capa

Quarta-feira , 29 de agosto de 2001 - Ano 66 - N" 196 - Preço R$ 1,20


~~~~~~~~-------------- - - •

~~~~ www.diariodamanha.com ~~~~=======::;;~iiii


,

Prêmio dividido
o Prêlllio Passo Fuudo
Zaffa ri & Bourboll saiu para
dois escrilores. Salilll Miguel
e Aulôuio Torres dividiralll os
R$ 100 lIIil eulregues pelo
prefeilo Osvaldo GOllles e
pelo poera Luís Corol/el
Págs. 6 e 7

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10 - MENDES , Moisés. O caniba l que virou cavalheiro francês. [s. 1.], 1 seI. 2001 . Cultura , p.2-3.

,. -. "

-- ----- 3
.2 SÁBADO, 1" f)E SETEMBRO f)E 2001 CULTURA

~----- nha experiência de vida tinha sido tribal,


essa coisa do coletivo. Isso nunca vai se

• • afastar de mim. O cineasta Paulo Thiago


me telefonou e ~isse: "Teu personagem
não está mais em São Paulo, está nos Esta-
dos Unidos, está no mundo". Agora, a c0-
lônia invade o coloni:rndor. .
MOISÉS MENDES ZH - E a sua ligação com a música?
Torres - Se me perguntarem ·quem é
uatro /zoras depois Zero Hora - Por que um autor consa- Foi ali que eu me encantei de tal maneira ginásio. Sempre encantando com essa coisa ZH - Como foi que Cunhambebe pro- por esperteza. Em Deus e o Dia- mai s importante, se Graciliano Ramos,
de ter recebido a grado reagiu ao prêmio com o entusias- com a palavra escrita . A professora perce- de ler e escrever. Depois fui para Salvador, vocou esse encantamento? bo lia Terra do Sol, de Glauber Faulkner, Fitzgerald, Guimarães Rosa ou
/loticia de que mo de um escritor iniciante? beu isso e passou a me pedir que lesse todo onde entrei no Jornal da Bahia. Tinha 18 Torres - Fiz um trabalho de pesquisa pa- Rocha, há unja fala, acho que do Miles Davis, eu digo que em alguns mo-
Antônio Torres - Jamais imaginarão o os dias em voz alta c que eu escrevesse uma anos. Aos 20, fui para São Paulo e trabalhei ra um livrinho de 40 páginas de uma cole- capitão Corisco, que relembra mentos é o Miles Davis, é aquele trompe-
vencera o Prêmio na Última Hora. Era bancário, fazia tudo er-
que significa esse prêmio para um baiano redação. Fui para a escola com sete anos, já ção chamada Cantos do Rio, do Instituto conversas com Lampião, que te- te tão dilacerado, tão pungente. Cortázar
Passo FU/ldo rado, e ao mesmo tempo jomalista.
que nasceu no sertão, num lugarejo sem rá- alfabetizado nas primeiras letras pela minha Rio Arte, da Secretaria Municipal de Cultu- ria dito: "Se eu morrer, nasce ou- escreveu muito sobre isso. Tem a melodia,
ZajJari BOllrbon de dio e sem noticia das terras civilizadas. mãe, Durvalice. Me encantei de tal maneira ra do Rio. Escrevi sobre o centro da cidade. tro". O pessoal novo que está aí é o improviso, a nota inesperada. O músico
Literatura, da 9" Lembro do dia em que apareceu a professo- que decidi que queria ser um escritor. ZH - Seu início como repórter foi um Ali comecei a tropeçar em grandes persona- tecnicamente muito bom. está se surpreendendo, ele surpreende a si
Jornada Nacional ra na escola rural. Ela levava como novida- fracasso? gens. Pensei: Cunham bebe? Quem foi Cu- mesmo. Uma música de Tbelonious Monk
de Literatura- de um livrinho chamado Seleta Escolar, ZH - O sr. começou no jornalismo? Torres - Decidiram que eu seria setorista nhambebe? Todo mundo sabe quem foi ZH - Quais são os novos au- está sempre nos meus ouvidos. Se chama
com textos de Machado de Assis, José de Torres - De Junco, fui para uma cidade do cais do porto. Era foca. Fui e pesquisei Touro Sentado, mas ninguém sabe quem foi tores que o impressionam? B/ue Monk. É assim (faz como se tocasse
dividido COIII o na gerência do porto o movimento dos na-
Alencar, Gonçalves Dias, Eça de Queirós. maior, chamada Alagoinhas, para estudar no Cunhambebe. A imagem dele até agora era Torres - Gosto muito do Ber- piano na mesa) . Tem uma pontuação me-
catarinense Salim Miguel, autor vios que zarpavam e atracavam. Fiz o mo- a de um selvagem repelenle. Pensei : não nardo Ajzenberg, autor de I1lria- lódica. Trabalho isso nas oficinas. A músi-
de NUR na Escuridão - , o vimento do porto, algo bem burocrático. pode, esse cara foi um grande guerreiro. Ti- ções Go/demall. Em Minas, tem o ca nos ajuda a escrever, é subliminar, entra
baiano António Torres ainda No dia seguinte, o chefe de reportagem me nha quase dois metros de altura, era feio co- Carlos Herculano Lopes. Em Per- pelos sentidos. A palavra tem som, ima-
exclamava: "Que bom, que esfresgou na cara as notícias dos outros jor- mo uma peste, mas tinha 14 mulheres, en- nambuco' Raimundo Carrero, 'que gem, cheiro.
nais, com tiroteio, contrabando, o diabo . quanto os outros caciques tinham quatro. jã não é tão novo . O Arnaldo
bom ". Comemorava o feito do Como castigo, me mandaram fazer uma re- Amigos e inimigos o respeitavam. Os por- Bloch é do Rio. Essa gente me dá ZH - Sua rotina como escritor é disci-
romance Meu Querido Canibal portagem no necrotério. Tinha um negão · tugueses tremiam quando ouviam seu no- pilha. Tony Beliotto, guitarrista fa- plinada, operária?
(Record, 188 páginas) como se estirado no estrado. Nunca esqueci do que me. Ele 'uniu todas as tribos inimigas e fez a moso, já escreveu três romances. Torres - Tenho um ritmo disciplinado,
fosse UIII novato. Na lida desde ,, .. vi: os pés com uma etiqueta. Era um jovem terra tremer. Morreu de uma epidemia pre- Você lê num taco. Ele tem conhe- mas gosto de uma certa vagabundagem

os anos 70, quando publicou que tinha se suicidado. Me lembrei de um swnivelmente trazida pelos brancos. Morre- cimento de literatura. Leio por mental. Dizem que o presidente Lincoln te-
Essa Terra, considerado /zoje um poeta baiano, chamado Godofredo Filho, ram com ele 300 membros da sua tribo. prazer e por esperteza. Tenho que ria dito que cultura só é adquirida no• ócio.
que falava do absurdo de se morrer aos 20 saber o que eles estão fazendo. Eu acho que criatividade também. As ve-
clássico - estudado nas anos. Pensei: hoje eles nãQ me pegam. Co- zes, fico com um certo complexo de culpa
.' ZH - Quanto tempo de pesquisa?
universidades européias - , Torres mecei a matéria com o poema. Mas o edi- Torres - Levei quatro anos pesquisando ZH - O sr. vai voltar a lidar quando fico muito tempo sem escrever.
já escreveu 12 livros, traduzidos tor do jornal, Ariovaldo Matos, achou uma em bibliotecas, sebos, museus. Quando ter- com literatura' de raiz, na linha Mas depois percebo que isso é necessário
/la Europa e nos Estados Unidos porcaria e me disse: "Você pensa que isso minei o livro, morri de medo do que os his- de Essa Terra? para uma realimentação das baterias, que se
(Um Cão Uivando para a Lua. aqui é literatura? Isso aqui é um jornal". toriadores iriam dizer. As histórias são con- Torres - Vou. Nos anos 70, em processa pelas, conversas, pela observação,
Me passou um livro americano, Introdução traditórias. A Escola Cunham bebe no Rio Essa Terra, eu trato do desloca- pela leitura. E o que está em voga aí com o
Balada da lnfància Perdida, Os ao Jomalismo. Me mandou para casa e pe- 'Gosto de uma certa vagabundagem mental"
tem um texto sobre o patrono em que tudo mento, da migração. Eu pego 20 Domenico De Masi com o ócio criativo.
Homens dos Pés Redondos, O diu que só voltasse depois de ler o livro. Li está errado. Dizia que ele tinha lutado con- anos depois o cara que vem para a
Cachorro e o Lobo, Um Táxi o livro em uma noite. tra os franceses, que tinha sido batizado por Aí entrou o romancista delirando. Sem deli- cidade grande e volta. Vou voltar, até por- ZH - Quem é o personagem de seu
para Viena D'Áustria, e/ltre eles). José de Anchieta. Ele nem conheceu An- rio e indignação não ~e literatura. que me pedem. Estive no Junco, para os próximo livro?
O prêmio chega no momento em ZH - O que o sr. aprendeu com o livro? chieta. Era amigo dos franceses, foi recebi- cem anos da minha avó, minha madrinha Torres - É René Duguay-Trouin, corsá-
Torres - O livro dizia em síntese que você do por eles como cbefe de Estado. ZH - Por que essa é uma história de Maria, e wn cidadão que foi meu colega de rio do rei Luis xrv, que fez Oplimeiro se-
que Essa Terra, a história do não pode fazer reportagem sem responder às canibalização? O sr. acha que é uma escola me disse: "Você pode fazer outro li- qüestro do Rio em 17l!. Mas ele não der-
retorno de UIII retirante as suas perguntas clássicas do quem, onde, como, ZH - E a reação dos historiadores? volta à antropofagia? vro como aquele". Disse que tinha sido da rubou só uma cidade e um governador. Ele
origens, é reeditado, depois de quando e por quê. Hoje, também como ro- Torres - Foi muito boa. O livro está sen- Torres - A nossa história é de canibalis- polícia e que tinha muitas histórias de suici- derrubou o Augusto Boa!, que fez uma peça
merecer versões em 15 idiomas. mancista, eu sei que devo responder a essas do estudado como história e literatura. É ~ mo sempre. Assim se entende melhor Os- da para me contar. Ele estava falando do sobre ele nos anos 80, O Corsário do Rei,
Ton-es nasceu em Junco, no perguntas. O que sou hoje, essencialmente, é tudado como uma espécie de canibalização wald de Andrade. Isso é o nosso lado positi- meu personagem de Essa Terra, que volta com música do Chico Buarque e do Edu
repórter. Meu Querido Canibal é o trabalho histórica e literária. Na Sorbonne, é adotado vo. Há um lado de influência e outro de ca- para a Bahia para se matar. Ele me disse Lobo. A peça foi um fracasso . Ele jã causou
se/1ão baiano, e cOlI/pleta 61
de unJ repórter que vai investigar os fatos. como livro de Literatura. Em colégios do nibalismo, na literatura, no jornalismo, na que há muito suicídio de crianças. grandes estragos ao Brasil, e eu quero me
anos no dia 13 de setembro. É Brasil, é usado na área da História. Alguns propaganda. Fomos influenciados pelo vingar dele contando uma boa história. Na
um dos mais aplaudidos ZH - O que tem de ficção e história na setores da Igreja não gostaram, por causa da grande romance americano dos anos 20, 30 ZH - O sr. se sente um homem deslo- França, hã estátuas dele em toda parte, nO-
sobreviventes da geração de 70 construção de Cunhambebe? minha visão do Anchieta e do papel dos je- e do pós-guerra, pelos franceses, ingleses. cado, fora da sua terra? me de rua, museu. É um herói da França e
de resistência da Iitemtura Torres - Não existia a história de Cu- suitas. O papel de Anchieta foi muito ambí- Machado fez a antropofagia dos ingleses, Torres - Durante muito tempo convivi um vilão no Brasil. Ele apavorou o Rio, ar-
brasileira. Foijornalista, nhambebe. Ele foi o grande guerreiro, o guo, a serviço de Deus e de el-rei, apesar de sobretudo de Sterne (Laurence Steme, cri- com esse sentimento. Mas hoje não me sin- rasou, saqueou a cidade.
primeiro chefe supremo da Confederação Anchieta dizer que não concordava com as ador de 1Hstrom Shandy). Clarice Lispector to deslocado graças à literatura. A literatura
publicitário, vive da suajicção dos Tamaios, presumivelmente entre 1554 atrocidades cometidas pelos portugueses e tem pontos de conexão com Vuginia Woolf me deu bem-estar. Ando por esse país e por ZH - Caetano Velas o disse que o Rio
como UII/ retirante adaptado ao e 1557, quando morreu. A confederação Grande do Sul é a verdadeira Bahia_ O
de defender a paz. A TFP (a entidade con- Os beatniks também nos influenciaram. esse mundo e sempre encontro um certo
Rio e tem na parede de casa o durou até 1567, quando Mem de Sá e fez servadora Tnulição, Família e PlVpriedade) Continuemos canabalizando. Acho muito aconchego. Faça o que fizer, meu lado reti- que o sr. acha do Sul?
diploma de Chevalier des Arts et aquela carnificina no Flamengo, na Praia também não gostou, porque um escritor saudável. Nao se trata mais de comer carne rante aparece. Fui à Serra da Bocaina, Torres - Caetano é um provocador. O
des Lettres, concedido pelo Vermelha, que tem esse nome por causa do brasileiro estaria defendendo o canibalismo. humana, mas de devorar a criação universal. quando estava escrevendo Meu Querido que me impressiona, desde que estive aqui
sangue dos índios. Fui repórter e romancis- Canibal, e vi aquela tribo, aqueles indiozi- pela primeira vez, no inicio dos anos 70, é o
governo francês. Nessa ta. O romancista faz a fabulação . Sempre ZH - Como o sr. faz para lidar com ZH - Por que o sr. diz que há o lança- nhos brincando com graveto, aquelas mães verde, a generosidade deste verde. É o con-
entrevista, ele fala do índio fui influenciado pelos norte-americanos, tantas controvérsias? mento de um livro por dia e que a con- nas portas das casas com as crianças nuas, traste em relação ao meu agreste, ao meu
tupinambá Cunham bebe, o que foram antes de tudo repórteres . He- Torres - Tentei contar uma história do corrência o preocupa? aqueles meninos sujos de terra. Eu me vi sertão. E gosto da sonoridade da palavra
querido canibal, de coma se mingway, Truman Capote e Norman Mal- ponto de vista do nativo. Claro que há um Torres - Procuro acompanhar a produção naquelas criancas. Vi os indios fazendo mu- Sul. Agora, volto e recebo este prêmio do
mantém best-seller e do novo ler foranJ grandes repórteres. No Brasil, te- certo parcialismo. Todos foram parciais. Eu dos mais novos, para saber o que a moçada tirão para construir as casas uns dos outros. Sul. Para um homem de lã de um remoto
romance que vem ai.
,
o ficcionista premiado paga tributo ao jornalismo: ' Hoje, essencialmente, sou um repórter" mos o Antônio Callado. decidi ser parcial do outro lado. E delirei. eslá fazendo, para não perder o pique. Até Eu intuí que sou indio e não sabia, que mi- lugar da Bahia, é um presentaço.

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A Universidade de Passo Fundo agradece aos
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& A Universidade de Passo Fundo agradece aos .
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patrocinadores por ajudarem a escrever uma nova página 1- patrocinadores por ajudarem a escrever uma nova na r
no apoio à cultura deste país. no apoio à cultura deste país.
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Eletrobr~s l,
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SESC ~UPF.
Melhor porque! nosso
PETROBRAS ............... 1"0111 ... QUI . PETROBRAS

UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL


11 - CAMPANHA. Diário Catarinense. Florianópelis , 6 mar. 2010. Variedades, p. 8.

REm MÜLLER - INTERINO Variedades



:---:: rme.nwIJerl@diario.rom.br
tr J216-JJ96

I CP ti

epois de ler que es pré-candidates à


Academia Brasileira de Letras começaram
a ligar para es imertais da prestigiosa
instituição mal havia sido anunciado o fulp:imento de
José Mindlin,lanço a campanha Salim Miguel para
a ABL. Sim, e por que não? rem gente que escreveu
menos e com menor qualidade do que a referência
maior na literatura contemporànea catarinense, e já é
imortal da Academia. Não falo de um só.
Ziraldo, Martinho da Vda, Eros Grau, Geraldo
Holanda Cavalcanti, Muniz Sodré e Marco Lucchesi já
oficializaram a candidatura. Bom se Mar1inho da VIla,
Ziraldo e Eros Grau podem estar na disputa, nosso
Salim também pode.
Na foto ao lado, o acadêmico Lêdo Ivo (D) entrega
a Salim Miguel o Prêmio Machado de Assis 2009, em
maio do ano passado, em reunião da ABL.

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12· BUSS , Deluana . A internacionalizaçao de Salim Miguel. A Notícia . Florianópolis, 28 dez. 2004 . Anexo, p. C5.

, A NOTíCIA
Santa Catarina

Montpellier e atualmente dirige, na


Duas obras do litorânea universidade de La Rochelle,

• escritor
catarinense.
um mestrado de Hnguas estrangeiras
aplicadas a negócios internacionais.
Avontade de traduzir Salim teve
ajuda do acaso. Ela estava interessada
em fazer um trabalho, na área de litera-
"Primeiro de tura, sobre migração. Pesquisando na
Internet, acabou encontrando o nome
Abril: al'rativa' do escritor, que nasceu no Líbano e
chegou em Santa Catarina ainda crian-
da Cadeia" e ça. "Estava em Paris num colóquio
sobre o Brasil, e fui conversar com uma
"Nur na das participantes, que morava em Bra-
silia. Perguntei se conhecia o autor, e
~~sCUl'ldão" . descobri que ela era ninguém menQs
que a nora dele", divene-se.
estão sendo A coincidência permitiu que os
contatos fossem facilitados, agilizando
traduzida' pmu o processo. A previsão é que "Narrati-
vas da Cadeia" seja publicado em outu-
o françê bro de 2005, ano do Brasil na França,
pela Editora L'Harmattan, que está
abrindo espaço para escritores sul-bra-
sileiros. "Existe um interesse dos fran-
DEWANAIU55 ceses pelo Brasil. Eles gostam porque é
exótico", conta a professora. Já "Nur"
lorianópolis - As obras "Primeiro deverá ficar para 2006, provavelmente
F de Abril: Narrativas da Cadeia" (Edi-
tora José Olympio) e "Nur na Escuri-
por uma editora maior.
Luciana já tem experiência com
dão" (Topbooks), ambas do escritor tradução. Ela passou para o francês
Salim Miguel, deverão ser traduzidas "Péquod", de Vitor Rarnil, e "Valsa para
para o francês. A responsável pela ini- Bruno Stein", de Charles Kiefer, que será
ciativa é a professora Luciana Wrege lançado em maio. "A obra de Salim é
Rassier, gaúcha de Pelotas que há dez ótima. Acho que 'Narrativas da Cadeia'
anos mora na França. vai gerar interesse por falar da época da
Formada em letras e literatura ditadura", avalia a tradutora, que esteve
brasileira, com mestrado sobre Guima- com o escritor e sua mulher em Roria-
rães Rosa e doutorado sobre Raduan nópolis. Ela conta que a visita a capital
Nassar, Luciana deu aulas sobre litera- catarinense também serviu para assina-
tura brasileira na universidade de tura de um convênio com a Secretaria
de Estado da Educação e Associação
Catarinense das Fundações Educacio-
nais (AcafeJ, para intercâmbio de
docentes e alunos, organização de
encontros e publicações.

do acoso aproximou Luciano de Salim Miguel

o Anjo
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
013 - SALIM Miguel. Diário Catarlnens • . Florian ópolis, 22 seI. 2009. Guia Hagah .
------~--- - --~------~---,

--------------------.... ~-------------------------------------- TERÇA-FEIRA, 22/09/2009

•~
www.hagal1.com.br

SEMANA OUSADA DE ARTES FANTASTIC BALL


A1é este sábado acontece a 2' Semana Ousada de Artes OFantastic BaIl está
UFSC & Udesc, em Florianópolis. Haverá exposições de no Shopping 19uaterni
artes, mostra de dança, perfonnances teatrais, oficinas e em Florianópolis (Av.
outras atrações. Hoje haverá a apresentação de Curtas na Madre Benvenuta,
UFSC,naSala Preta402,às 15h;da peça Para Tartuftcar-se, 687,SantaMônica,
no Auditório Garapuvu da UFSC, às 20h30min; da banda 48/3239-8700) até 31
Bodoque, às 12h30min; da Orquestra de Câmara da UF5C, de outubro.
às 18h, no crc da UFSC; e do show A Corda em Si: OSom Obrinquedo
do Vazio,às 18h, no Teatro da UFSC. consiste em andar
lnfonnações pelos telefones (48) 3321-8035 (Udesc) em grandes bolas de plástico sobre uma piscina, trazendo a
e (48) 3721-9279 (UFSC). Programação completa: www. sensação de estar sobre a água, sem se molhar. Abrincadeira
semanaousada.ufsc.udesc.br. Os eventos são gratuitos. tem duração de 5 minutos e qualquer pessoa de até lookg
pode participar. Horário: das 10h às 22h. Ingressos por R$ 10.

EM CENA QUANDO ALUZ CHEGAR


Opocurnentário Um Manezinho de Apelido Zininho, Ofotógrafo francês Eric Garault é autor do livro Quando a Luz Chegar, que
SAUM MIGUEL
conta a históriacledáudioAlvim Barbosa, o poeta retrata como a energia elétrica influencia e muda a vida das pessoas. Cerca Oescritor Salim Miguel, que acaba de receber o
Zininho, que fui radioator, cantor, diretor e compôs mais de de 40 futos do livro foram selecionadas e ampliadas para compor a exposição prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de
rem músicas na época de ouro do rádio, como A Rosa e o homônima à obra, que está aberta para visitação no HalJ da Eletrosul (Rua Letras, participa hoje de palestra na Semana Cultural
jltasm4 Pril1cesinha da Ilha, Deixa a Porta Aberta e Rancho Dep.Antônio Edú Vieira, Pantanal) de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h da Universidade do Vale do ltajaí. Apôs o bate-papo ele
de Amor à IIhll. Ocoquetel de lançamento do filme será e na Aliança Francesa (Rua Visconde do Ouro Preto, Centro), ambos em autografa os livros jomada com Rupert • Nur na Escuridão. '
hojeàs 20h, na Casa da Memória (Rua Padre Miguelinho, Florianópolis, das 8h às 21h,até dia 28 deste mês. Gratuito. , Oevento começa às 14h, na Univali (Rua Uruguai 458,
58, Centro, Florianópolis). Centro, ltaja!, 47/3341-7984).
, UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
014 - MACHADO, Ricardinho . Nur. A Notícia. Florianópolis, 12 abro2003. Variedades, p. 5.

5
Sábado, 12/4/2003

u, .. vv .......................... .

apresentações diárias do
músico Fábio dos Santos
Schlosser.
NUI' Oex-diretorda
editora da UFSC, Salim
Miguel, acaba deganllar uma
terceira edição pela editora
Top Books da premiadíssimo
livro Nur'la EscllIidà1J como
melhor romance do auo, da
Associação Paulista de
Críncos deArte, ePrêmio
Zaffari & Bourban, da 9"
Jornada Nacional de
Literatura de Passo Fundo,
além do troféuJuca Pato eo
Doutor HO/lOris Causa pela
UFSC

UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL


015 - SILVESTRE , Glauco. Catarinense ganha o prêmio máximo de literatura do País. O Estado. Flo rianópolis , 30 ago. 2001 . Variedades , p. 10.

o "SfADO FLORIANÓPOLIS ' 30 de Agosto de 2001, Quinta-feira

10

LITERATURA • SAUM MIGUEL VENCEU AO LADO DO ESCRITOR ANTÔNIO TORRES


• 1\ •

arlnense remlo,
, . I

maxlmo era ura I I IS


Inscritas no concurso 190 obras, a maioria de escritores brasileiros
Olvul;aç.l.oJOE
GLAUCD SIIYtSTR! Silva, e pelos professores doutores
Paulo Bed<er e Tânia Rosing.
O LIVRO "NUR NA O Prêmio destina-se a autores de
FSCURIDÃO', do escritor catari- romance e;aito em língua portugue-
ImiI' Salim MigI JeI. ~ ao lado do sa e ruja prirneiIa edi<;iio tenha sido
ooitor Antônio'Ilxres. rom o rornaM' publicadaentrejunhode I99ge30de
'Meu Querido Canibal' , o Prêmio maio de 2001. Fm 1999, o \ffiCedor fOi
Passo Fundo Zaf!àri & Bourbon de o jornalista SinvaI Medina. com o livro
Ü1i'r.ltur.I, considerndo o maior do paÍ'! Tratado da Altura das Estrelas.
I', segundo a revista Veja, um dos O prêmio foi instituído através da
maiores do mundo, na categoria Lei nO 3366 de 28 de agosto de 1998,
literária. e em sua segunda edi<;iio, consolida a
Ooonruoo contou com 190 obras poütica de valoriza<;iio do e;aito, nos
inscritas, a maioria delas de e;aitores países de Iingua portuguesa, que vem
brasileiros, mas autores internacionais sendo implementada durante 20 anos
= preserv;a AseIe;ào final con- pelas Jornadas literárias de Passo
tava oom 11 e;aitores. Os vencedores Fundo, Rio Grande do Sul.
.dividiram o prêmio de R$ 100 mil. O livro de Salim Miguel também
ACornim:> ~11grlxa fOi compclitl levou o prêmio Romance do Ano da
pelos escritores Ignádo de Loyola Assoda<;iio de OOitores de São Paulo
Brandão, Luís Coronel, Deonísio da no inído do ano. Escritor concorreu com outras 11 obras selecionadas para a final

"Nur na escuridão" ... decifre o enigma


O QUE É NUR! Nome de mu- provocar e fazer pensar. entre as décadas de 20 e 50. Sem Os descendentes de libaneses
Iher; luz; símbolo; liberdade? O romance é calcado em dados cronologia fixa, arcula peJo no Brasil ultrapassam 6 milhões,
Pode ser isso tudo ou nada. Muito reais, trabalhados licdonalmente. Líbano, Rio de Janeiro, Santa igualando a população do
mais ou muito menos. Quem Busca resgatar a saga de uma Catarina, aqui mais espedfica- L1bano. No entanto, a bibliografia
sabe um signo premonitório? famOia de imigrantes libaneses mente Biguaçu e Florianópolis. a respeito é extremamente rarefei-
Embora haja uma pista logo que, almejando ir para os Estados Montado como um jogo-de- ta.
na primeira página do livro, fica a Unidos, acaba trilhando os ca- armar, sua estrutura<;iio não é a de O livro visa ser mais uma con-
sugestão ao leitor para que decifre minhos do Brasil, bem como a um romance convencional. tribui<;iio para alargar o conheci-
o enigma, pois um texto é tanto complexa adapta<;iio à nova terra. Compona labirintos, meandros, mento de uma etnia, pane do
quanto maiores Maktub! Começa e se fecha em idas-e-vindas, interrogações, ale- leque das etnias constituidoras do
que a leitura ofe- fjns dos anos 70 e inldo dos anos grias e desencantos, dividas e divmi6cado univerw s6d<Xilll-
IItpt,.,té~s",..·-~,,". iIi' det1 ftOi klJ!l8; ratifiEaçÕft e MifkaçOes. tural brasileiro.
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016 - SARTORI , Raul.Terc eira ediç ão. A Notícia. Florianópolis, 4 maio. 2003 . Anexo , p. C2 .

Terceira conseqüências e soluções para a


Começou a ser distribuída nacional- sazonalidade turística em
melnte, pela Editora Topbooks, a terceira Catarina, que sofre com
do premiado romance "Nur na Escu- nlristas 110 verão e da falta
, do catarinense Salim Miguel. O rela- do ano, serão tema de
to histórico da vinda da fanu1ia do escritor públicas que a Comissão de
do Llbano para O Brasil, ganhou o prêmio de Meio Ambiellle da Assembléia
• • •
Melhor Romance do Ano (2001), da Associa- Vai promover em vanas
ção Paulista de Críticos de Ane (APCA), e o Estado. A primeira será dia 24,
Prêmio Zaffari & Bourbon, da 9' Jornada Balneário CamborilÍ. Outras
Nacional de Literatura, de Passo Fundo realizadas em Chapecó, Treze
(RS). O livro está na lista do vestibular 2005 Lages, CricilÍma, Blumel/au,
da Universidade Federal de Santa Catarina Francisco do Sul e Florianópolis.
(UFSC), fato que acelerou a nova impressão.

PO
UI.OG... h.te, nel. www.quirogo.net E-mail: ostro@o-quirogo.com
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017 - LIVROS . Nur na Esguridão. Linguagem Viva . São Paulo, 8 out. 2002 . p.7.

Página 7 - Outubro de 2002 LINGUAGEM VIVA

, " •
oncursos I '",' J
Ivros
POÉSIE OU BRÉSIL, antologia, 2° volume, orga-
Inscrições Abertas: nizado por Ademir Antonio Bacca, traduções de Haidê
Vieira Plgatto, edição do Projeto Cultu ral Sur/Brasil,
PRÊMIC!l 'N€WTON PAIVA DE LITERATURA CONTO's E CRÔNI- 164 páginas. Um livro editado para um público que
CAS, promovido pelo Centro Universitário Newton Paiva, de Belo Ho- fala o francês, com a participação dos poetas Adélia
rizonte , patrocinado pelo Credicar e Telemig Celular, com premiação Woellner, Ademir Antonio Bacca, An gela Togeiro ,
de R$ 3 mil, R$ 2 mil e R$ 1 mil para os classificados em 1°. 2° e 3° Beatriz Alcântara, Débora Novaes de Castro, Eliana
lugares de cada categoria. Os trabalhos devem ser enviados em cinco Sebben Pedrotti , Eunice Bueno, Fernanda Frazão,
Fernanda Galheigo, Haidê Vieira Pigatto, Jacob
vias , identificados com o título e pseudônimo do autor. Em envelope
Selbach , João Carlos Selbach , Ju lieta Taranto ,
lacrado contendo a ficha de inscrição com os seguintes dados: nome, Lourdes Sarmento, Marciano Vasques, Marilú Duarte,
endereço completo, e-mail, idade e número do documento oficial de Neusa Peres, Nina Tubino , Remy de Araújo Soares,
identidade. Mais uma declaração de que a obra é inédita. Modelos da Ritamar Invernizzi, Roberto Stavalle, Rosa Maria B.
ficha de inscrição e da declaração estão disponíveis no site Cosenza de Oliveira, Rosemari De Gaspari Foppa, Silva Barreto e Sueli I
www.newtonpaiva.br. As obras devem ser enviadas para a Rua de Freitas Ino.
Goitacazes, 1762, Barro Preto, CEP 30190-052, Belo Horizonte, MG.
TRANSVERSAL DO TEMPO, contos e crônicas,
Cada concorrente pode inscrever apenas uma obra por categoria e
de Francisco de Assis Nascimento, Editora Kelps, 116 T IL"'ITRS.\L
cada obra deve ter, no mínimo, 3 laudas (crônica) e 5 laudas (conto). páginas. O livro, laureado com o Prêmio Nacional DO Tl.\wo
Para ambas as categorias o máximo é de 15 laudas. Mais informações Literário Benedito Rodrigues Nascimento, reúne vin-

pelo telefone (031) 3295-6200. te e seis trabalhos do autor goiano, conhecido como
6° CONCURSO PRÊMIO MISSÔES, promoção da Igaçaba Produ- bom poeta, mas com os contos e crônicas ora apre-
ções Culturais e órgãos oficiais da municipalidade, inscrições até o dia sentados se revela um prosador, esbanja talento e
14 de novembro, tema livre, contos (linha clássica: narrativa breve, inscreve seu nome no rol dos bons escritores
com diálogos e final surpresa), crônicas estilo livre, com ou sem diálo- goianos.
go) , poesia (versos metrificados e com rima) e trovas. Os trabalhos
deverão ser inéditos, datilografados ou digitados em espaço dois, em NUR NA ESCURIDÃO, romance, de Salim Miguel,
i papel ofício , em 4 vias, subscrito com pseudônimo, podendo inscrever
Editora Topbooks , '2" edição, 258 páginas. Este livro
ganhou o Prêmio APCA (1999), romance autobiográfi-
, até dois trabalhos por categoria, sem utilizar pseudônimo usado em
co, conta a saga da sua família, libanesa, que chegou
concursos anteriores. Em envelope menor, separado, sem identifica- ao Brasil em maio de 1927 e se lSbLUteleceu em San-
." ção externa, incluir informações sobre título do trabalho, pseudônimo , ta Catarina. Sua leitura, como tudo que Salim Miguel
\ I'
nom'e, xerox de identidade e endereço completo do autor, mais u escreve , encanta e enseja o conhecimento da impor-
resumo biográfico e foto 3x4 (para divulgação dos vencedores e p ubli tante contribuição dos descendentes de libaneses, um
cação no livro, se for classificado). Remeter para: 6° Prêmio Missões, contingente de seis milhões de brasileiros, na forma-
Rua Padre Nóbrega, 245 , Roque Gonzales, RS , CEP 97970-000. ção sociocultural da nossa nacionalidade. A obra de
Premiação: os classificados em primeiro lugar receberão o troféu Salim Miguel, laureado este ano com o troféu Juca
Igaçaba. Pato, em decorrência de sua escolha como Intelectual do Ano, está mere-
cendo uma reedição e a importância de seus traba-
Resultados: lhos justifica a proposta.

RESULTADO VII PRÊMIO ESCRIBA DE POESIA: 1° lugar: João A SEDUÇÃO DA PALAVRA, ensaios e crônicas, de
Goulart de Souza Gomes (Salvador, BA), 2° lugar: Igor Teixeira Silva Affonso Romano de Sant'Anna, Editora Letraviva, 246
Fagundes (Rio de Janeiro, RJ), 3° lugar: Carla Ceres Oliveira Capeleti páginas. Quem habituado a ler os textos do autor pu-
blicados aos sábados no caderno Prosa e Verso do
(Piracicaba, SP). Mençôes Honrosas: Elbea Priscila de Souza e Sil-
jornal O Globo, se reencontra com o prazer através da
va (Caçapava, SP) , Demétrio de Azeredo Soster (São Leopoldo , RS), leitura das crônicas deste livro e também enriquece
José Carlos da Silva (Jandira , SP) , Marcus Vinicius Teixeira (Rio Com- sua cultura com os ensinamentos transmitidos pelos
prido, RJ). Maria Elizabeth Candio (Palmas do Tremembé, SP), Flávio ensaios, que reunidos representam mais um bom tra-
Vila-Lobos (Cé\,mpinas, SP) e João Edesson de Oliveira (Sobral , CE). balho do grande escritor.
Selecionados para a Antologia: Maria Helena Hess Alves (Vitória,
ES), Loíde Rita Pizani da Silva (Limeira, SP), Carmen Moreno (Rio de
Janeiro, RJ), Maria Cristina Ehmke Carvalho (Bauru , SP), Carlos Tradição eln anúncios
Augusto da Luz (Foz do Iguaçu , PR), Cleilson Pereira Ribeiro (Barro,
CE) , Silas Corrêa Leite (São Paulo, SP), Antonio César Ribeiro (Dois
legais e financeiros
Vizinhos, PR), Benedito José Almeida Falcão (Cerquilho, SP) , Vinicius
(QJmprinclo Q lei 6.604176)
"
Olanda de Castro (Santos, SP), Tanussi Cardoso (Rio de Janeiro, RJ ), E ECONOMIA C E RTA
João de Abreu Borges (Rio de Janeiro, RJ), Mary Fe rreira Borges de
Castilho (São Paulo, SP), André Bueno Oliveira (Piracicaba, SP), Sér- JORNAIS PARA TERCEIROS
gio Bernardo (Nova Friburgo, RJ), Sarita Barros (Bagé, RS). Vanderlei
Oliveira de Timóteo (Belo Horizonte , MG), Patrícia Claudine Hoffmann
A TRIBUNA
OIARIO MATUTINO PlRACICABANA
Rua Rangel Pestana, 94
- Piracicaba -
(Joinville, SC) e Márcio Davie Claudino da Cruz (C uritiba, PR) . FUNDADO EM 01 -08-1974 Telefax: (Oxx19) 3433-3099

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018 - O QUE eles estão lendo: Luciana Sandroni. Jornal do Brasil. Rio
de Janeiro , 7 seL 2002. p.5.

e.specle aeTomance ae rormaçao - -:r apar,por s~(~~~~~::~~;~:"O-l


• pacto sinistro que com
• -
o que eles estão lendo
LUCIANA SANDRONI
ESCRITORA

Estou lendo Nur:luz na escuridão, de Salim


Miguel, Prêmio Juca Pato da UBE de São
Paulo. É a história da saga da família de
Salim, que veio do .LJ.bano e chegou ao llio
de Janeiro no inicio da década de 20, indo

depois para o interior de Santa Catarina.
, Ele fala das dificuldades para se adaptar à
~ova língua e à nova vida no Brasil. A primeira palavra que eles guel
aprenderam em português foi luz, que é nur, em árabe. expl
'n~--,} ere
ALEXANDRE MORCILLO crue

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019 - VACAÇÃO para a escrita desde cedo. Di ário Catarlnens • . Florianópolis, 22 novo200 1. p. 5.


DIÁRIO CATARlNENSE 5

ROBERTO SCOlA/ocfFlORIANÓPOUS


Salim Miguel, que só falava árabe, ganhou da rofessora um tinteiro or dominar o português

Vocação para a escrita desde cedo


Um tinteiro marcou a trajetó- embora ainda hoje não saiba se de imigrantes libaneses no Sul
ria do escritor Salim Miguel, de de alegria pelo elogio ou por ter do Brasil e dividiu o primeiro lu-
77 anos, que aos três chegou do sido chamado de turco. Libaneses gar do prêmio Zafary-Bourbon
Líbano em Santa Catarina, junto e sírios detestam ser confundidos com Meu querido callibal, do
com os pais. Do episódio, ele não com turcos porque durante sécu- baiano Antônio Torres, represen-
esquece da protagonista, a pro- los foram dominados pelo Impé- ta o melhor trabalho para Salim,
fessora Alaíde Amorim, e de sua rio Otomano, da Turquia. dentro de uma concepção muito
primeira vitória, ao dominar a particular.
língua portuguesa. livro conta saga de "A última produção ou o tra-
imigrantes no Sul do Brasil balho em elaboração é sempre o
Depois de um ano de aulas, a Mas este fato não abalou a melhor. Senão perde o sentido
professora, na frente da classe, vontade de aprender do aluno continuar escrevendo", acredita
apontou para Salim, que chegou Salim. Gan hou um tinteiro da Sa lim, autor de 20 livros, além
na escola falando árabe e algu- professora pelo seu desempenho de sua atuação na critica Iiterá-
mas palavras em alemão. e, a partir daí, mergulhou na bi- na.
"Vejam só. Chegou ontem, blioteca. Seu pai, José Miguel, ao Salim considera a escola co-
não sabia nada de português, é vê-lo sempre às voltas com a es- mo uma referência em sua vida e
turco, e agora lê e escreve me- crita, perguntou-lhe o que queria por isso lamenta a falta de inves-
lhor que vocês", relembra o es- da vida. "Ler e escrever", respon- timentos do governo. "O profes-
critor, que na época. com sete deu Miguel, quando tinba 10 sor tem que ser bem remunerado
anos, freqüentava a Escola Pro- anos, e ouviu um lacônico "espe- e as escolas aparelhadas. Somos
fessor José Brasilício de Souza, ro que consigas~ O que a infância nos faz e inran-
que ainda existe em Biguaçu. A última obra do escritor, Nur cia se faz na esco la", afirma o
"Cai no choro", conta o escritor, tia Escuridão, que conta a saga escritor.

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· Id B i1 Rio de Janeiro 8 se!. 2001 . Idéias, p.7
020 • . ALVES, Rodrigo . Luzes para Santa Catanna. Jorna oras . ,

sucesso ra de Passo Fundo é uma das provas da força da literatura gaúcha

Luzes para Santa Catarina


A efervescência literária dos sulis- tenno. Eu só aproveitei uma realidade
tas não se reSlringe ao Rio Grande do para trabalhar ficcionalmente uma fa-
Sul e freqüentemente encontra eco nos rru1ia que aos poucos vai deixando de
estados vizinhos. Exemplo disso é o ser libanesa e se tomando brasileira",
jornalista e escritor Salim Miguel, que justifica. O editor da Topbooks, José
vive em Santa Catarina e dividiu com Mário Pereira, preferiu manter no título
Antonio Torres o tão cobiçado prêmio o tenno árabe "/lIII", que significa luz e
de R$ 100 mil cedido pela Jornada de acabou se tomando um símbolo de vá-
Passo Fundo. Com a divisão da pre- rias idéias no decorrer do texto.
miação e a mordida do Imposto de Salim veio para o Brasil aos 3 anos,
Renda, o valor caiu para R$ 35 mil, o com os pais, duas irmãs e um tio. Mo-
que parece não ter diminuído em nada rou durante um ano em Magé, no Rio
a felicidade do autor do excelente Nur de Janeiro, e depois se mudou para São
na escuridio (Topbooks). Pedro de Alcãntara, "um município ca-
"COSUlOO tqJetir uma frase de Jor- tarinense de colonização alemã que não
ge Amado,que dizia que o maior prê- deu ceno, por isso ninguém fala nele".
mio de umescritor é ser lido, Eu, que Ainda em Santa Catarina, a paixão
Dio IOU Jorge Amado, fico S&- pela cultura - especialmente pelo cine-
e do inIe- Salim Miguel: prêmio de R$ 35 mil ma - levou o aulor a criar o grupo Sul.
I SaJjm, admi- "TIvemos a audácia de fazer o primeiro
tindo ~ a ~fação pessoa1 também abril, DO qual o autor narrou sua expe- longa-metragem produzido no estado",
deve ~1eviIa em conta, uÉ claro que riência no período da ditadura, quando lembra. Segundo ele, O preço da ill/são
massagCII ,
ocgo." foi preso com 60 pessoas em um aloja- mesclava expressionismo alemão com
A 11lSSIgaD começou em 1999, mento da polícia militar de Santa Cata- Deo-rea1ismo italiano.
quando"" l1li escuridão foi eleito r0- rina. "Esse texto termina exatamente no Nos anos 70, Salim foi um dos cria-
mance d ano pela Associação Paulista momento em que eu e minha família fo- dores da revista Ficção, ao lado de sua
de Crítios de Arte. Mas o prêmio da mos para o Rio de Janeiro, onde fica- esposa Eglê e de Cícero Sandroni, lau-
jornada mJ um gosto especial para o mos exilados durante 14 anos", conta. ra Sandroni e Fausto Cunha. "A revista
autor. "m Passo Fundo participei de Como não fez nenhuma anotação nesse fez um mapeamento da história curta
conve~1 paralelas com 200 pessoas, período, Salim pretende empregar o di- no Brasil e reativou o interesse pela fic-
das qua a maioria já me conhecia. O nheiro el)l pesquisas e na compra de li- ção, numa época que o conto estava em
trabalh<Ile pRp8flIção que eles fazem vros sobre o assunto. alta no Brasil", recorda.
é algo ríssimo", elogia. Romance histórico - Enquanto Hoje, o escritor dedica-se quase em
Boaarte dos R$ 35 mil vai para a não começa a pesquisa, o autor curte o tempo integral à literatura. O trabalho
pesquildo pnlximo livro, Viver a vi- sucesso do livro premiado, que parte de em jornalismo resume-se apenas a co-
da: naltiva dt um exmo no Rio, que um fato autobiográfico - a imigração de laborações esparsas em jornais catari-
Salim pera tenninar até a melade do sua família do Líbano para o Brasil - nenses. ''Tenho a sone de viver da mi-
ano qlVem O projeto é uma espécie para construir um romance que ele evi- nha aposentadoria como jornalista",
de conuação do livro Primeiro de ta rotular de histórico. "Não gosto do diz, aliviado. (R.A.)

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022 -SEREZA, Haroldo Ceravolo. Encontro reúne Antôn io Torres e Salim Miguel. O Estado de São Paulo. São Paulo, 24 set. 2001 . p. 07.

LITERATURA

Encontro reúne Antônio Descritor

Torres e Salim Miguel Salim Miguel,


quemveem
Santa
Escritores dividiram sileiro de Letras, pelo col1iunto da Catarina,
obra Tanto Torres quanto Miguel autor do
prêmio na última devem falar com o público sobre es- premiado
Jornada de Literatura sasobras. 'Nurna
de Passo Fundo "No Brasil, todo prêmio aju- Escuridão'
daa carreira de um livro", diz Sa-
lim Miguel, lembrando que Nur
na Escuridão jâ Coi considera-
s escritores Antonio Tor- do o melhor romance, em 1999, JáNu,."a Escuridão narra a traJe- XIV, responsável por um cerco ao

o res, autor de Meu Querido pela Associação Paulista de Crí- tória de unta família de imigrantes
Canibol (Record), e Salim ticos de Artes (APCA).
Miguel, deM/J'na Escuridão (Top-
libaneses no Brasil, a prutir dos
Na opinião de Torres, há unta anos 20aos 50. "Nesseperiodo,afa-
Rio -que o escritor considera0 pri-
meiro seqüestro carioca Já Miguel
trabalha num projeto intitulado Vi-
books), participam hoje da Esqui- certa afinidade entre as duas núIia vai deixando de ser libanesa t'era Vida-Narmlivasde umExi-
na da Palavra, no ltaú Cultural, um obras. "São dois livros de história, para se tomar brasileiro", disse Sa- lio fiO que dá contimtidade a
projeto que busca promover o en- escritos por romancistas." M eu lim Miguel. Porisso, no primeiro ca- um de seus livros Primei'to de
l

contro de autores e leitores. Com Querido Canibal tem como prota- pítulo, há muitas palavras de ori- Abril. Migtlel era assessor de Im-
esses romances, eles divicliram re- gonista ("Ação é personagem,já di- gem árabe, que vão se diluindo ao prensa do governo de Santa CataI;-
centemente o Prêmio Passo Fundo zia Fitzgerald", citou Torres) longo da obra Nur significa luz em naem 1964, quando foi preso pelo
Zaffari & B~ ' lfbon de Literatura, Cunhambebe, lideI' dos tamoios e árabe. Antes do lançrunento, em regime que se instalava
tlfl1 dos mais importantes do País. aliado dos franceses na luta contra 1999, Miguel achava que o títt~o do
"Foi uma hOf\fa dividir o prêmio os portugueses no século 16. livro poderia atrapalhá-lo, mas
com Salim Miguel, um nome impor- "Quando ele pisava o chão, fazia acha que aconteceu justamente o
tantíssimo das letras brasileiras, a terra tremer", diz. "Meu livro é contrário. "O estranhanlento aca- Esquina da Palavra. Com
wn dos organizadores da revista unta canibalização da história e da bou ajudando." SalimMigueleAntonio
Pi.cçôes", diz Torres, No ano passa- literalura; talvez o maior ganho da Torres prepara agora um livro Ton'es. Hoje, às 19/w1'Us. Itaú
do, ele recebeu o Machado de As- obra tenha sido pessoal, pois ela sobre o pirata francês René Du- Cultural, AvenidaPaulisla,
sis, concedido pela Academia Bra- mudou meu olhar para a história." guay-Trouin, corsário do rei Luís 149, tel. 3268-1832

EVENTO
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023 - HOMENS de letras são consagrados no ano . Diário Catarinense. Florianópolis, 31 dez. 2001 . p. 12.

,.",

sao con os no ano


DA.NIt:L CONlI/ OC/~l.OIIIANÓPOLlS
De uma forma ou de outra, 200 I fica
marcado como o ano dos homens das
letras. Foi o ano da consagração do
maior escritor catarinense em atividade,
o libano-biguaçuense Salim Miguel,
vencedor do 2' Prêmio Passo Fundo Zaf-
fari Bourbon de Literatura, concedido
durante a 9' Jornada Nacional de Litera-
dos tura de Passo Fundo, no Rio Grande do
Ik~ do Sul.
~/Oco Aos 77 anos, Salim Miguel recebeu O
1 pre- prêmio pelo romance NUR na Escuridão.
anda Ele dividiu o primeiro lugar com o baia-
icial,
final
no Antonio Torres (eles repartiram o va-
lor de R$ 100 mil, o maior prêmio em
I
ram- dinheiro oferecido no pais na área litera-
os os
mun-
ria). NUR na Escuridão já havia recebido,
mor- em 2000, o título de romance do ano na
as de avaliação da renomada Associação Pau-
lista dos Criticos de Arte.
Em 200 I, Salim Miguel comemorou
egros 50 anos de vida literária, inidada em
apor 1951 com a publicação do livro Velhice
e das
tari-
e outros contos. Naquela época, Salim
Fi/a- formava ao lado da mulher Eglê Malhei-
e Le- ros, de amigos escritores como Aníbal

Nunes Pires, Adolfo Boos Júnior, Guido
",
Wilma r Sassi e dos artistas plásticos
s da Hiedy Assis Corrêa (o Hassis) e Meyer
con- Filho, entre outros, o Grupo Sul, um dos F ''f--
'oRio
s na
mais importantes movimentos culturais _I·", 1
de Santa Catarina.
Preso em 1964 após o Golpe Militar,
esco- Salim Miguel mudou-se com a famili a
re de para o Rio de Janeiro, onde permaneceu
iteven até 1979 trabalhando como jornalista,
filme crítico e editor, quando retornou para
me- Santa Catarina. Desde então, tem publi-
kcr cado regularmente. Sua obra mais recen-
filme
de
te foi o livro de crônicas Eu e as corrui-
ras (2001).
Atualmente, ele prepara uma obra so-
a bre o periodo da ditadura na época em
que residia no Rio de Janeiro. RECONHECIMENTO: Catarinense Salim Miguel recebe prêmio em Passo Fundo

CATARlNENSE b RETROSPECTIVA O SEGUNDA-FEIRA, 31)12/2001 E TERÇA-FEIRA, 1'/01)2002 12


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024 " BENVENUTII , Moacir. Homenagem a Salim. A Notícia. Florianópolis, 14 OUT. 2001 . Social , p. e7.


I
~
O
ti
P
~
O
b

ÍI
d
HOMENAGEM A SALIM
Com cinco décadas dedicadas 00 livro, o premiado escritor cotorinense Salim Miguel recebeu homenagem oficial
do Câmara Municipal de Florionópalis, no Palácio Dias Velho. A distinção, aprovado par una nimidade, foi pro"
posta pelo vereador Márcio de Souza, logo após o escritor ter conquistado o Prêmio Zcfforj & Bourbon de litera- ~
tura, com o livro "Nur no Escuridão" . que relata o desembarque de imigrantes libaneses no Rio de Janeiro. Pre- O
sentes na solenidade, o mulher Eglê Malheiros, o fi lho Paulo Sérgio, neto e irmãos, além dos am igos Alcides 8us>, (
Adolfo Boas Jr. e Jair Hamms. No clic: vereador Márcio de Souza, Eglê Molheiras, Solim Miguel, Jair Homms e o O
verecdor Jaime Tonello (presidente do Câmara Municipal). ç
O

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025 - MENEZES, Cacau . Luz Obscura. Diário
Catarinense. Florianópolis. 17 out. 2001.

Luz scura
Luiz Tito Carvalho anda
azedo: depois de disp arar
contra Sin laden e os ini-
migos da América, o po lê-
mico advogado mira sua
metralhadora giratória em
direção ao escritor Salim
;, Miguel:
o "Infelizmentl', e não es-
, tou sozinho nesca postura,
a adotada silenciosamente
>, por pessoas igualmente
credenciadas, discordo com
I, veemência das homenagens
o e elogios emprestados a
NUR, o livro premiado do
escritor catarinense, por-
o que, após acurada e atenta
I. leitura, nada de novo me
o• transmitiu, nada me mos-
trou, nada me disse, além
das patéticas e triviais ob-
viedades do cotidiano da
vida de todos nós."

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26. RIVOIRE , Valéria . A saga de uma família libanesa .
Diário Catarinense. Florianópolis , [s.d]. Variedades.
DI\IWI C\T\I<I\I ' "

A saga de uma família libanesa


Escrit01- Salim Miguel lança amanhã o livro Nur - Na ESCUlidão e joga l-uz no passado de se
Valéria Rivoire DC - Como você expUca esta falta de
FLORlAJ'lOPOU S referência Uterária da etnia Ubanesa, já
que há tantos descendentes no país?
t!ScriWT t! jurnuli:;ul ~u!im .\.Ji- SM - O 4ue acon tece ê o seguinte : 5 U "

O ..au.el h.t11~·a a manha. us ]Oh.


110 1\t[US~u. Cntz e Sousa. em
Flori.tl110pulis. seu 1 S'" li'CTU.
Nur Na Esc u ridão li ltln ro mance que
retra Ca o Brasil dus décadas de ]() a. 50
mos dt:!zenas de d nias. mas 4ual t! ~I 4Ul:
predo mina ? .\ alêmã t:! 3 italiana. Entãu.
o 4ut! existem de livrus (anto na area de
ficção co mo de cstuJos destas duas et
nias li impondt:!ravel. náo [em co mo I.!on-
o O-O'L'es das hi8tóri<i.s ck Lt.m u jom .ílu.t de [ :lr . Das outras e tnias j ã e l11~nos e Jê ",i-

imi~Tan{eS liba n enst!s. . \ obra da. Top- ri as e liban ~ ses ~ m::tlS rarn :l1nua . Tcm
buoks Edilora. du Riu de Jun";TO. pus,,,i um esmüioso ~ m Sa nta Cat:Jnna 4ue j'S -
! 58 p(l~ ,nu s e td um dos po ucos lTuba- lã faze ndo um levantamento Jt:! tudo 4Ul:
lhus lu.n\-'ados nu Brasi l t il/I! /ulu ela. cc- c xi~te Je Jucumenws. an l~OS . Jepu l·
nia libont!!)Q.. ITIt.!nLOS. livros repon::.u~ens dt:! "\lnos lO! li ..
. 'urural dt:! FOrSSUlI.TOUll, Llbul1.u. Sa- h;meses. Elt: Üi ss~ q ue não ~ht!!Ja m a J Ot J
lim .\-Hg ud ,..'hegu·" au Brasil ainda rÍtulos re unind o tudo . Então \) mt:u ro
L'nunçu. Dt!pois dI! dt:i;~ar j) intm,OT do m::tnl..!t! dlt;~ga num momento upo nuno ':,
Ri.u de Jantdro. de se,!!unt. l'om a família
paru J:Jig uaçu. onde perm l1.necetl. elos DC - O Uvro tem 30 capitulos d ividi -
L·llll.:U aos 1Q anos. "Cosrumu di::;er qut! dos em cinco blocos. Esta divisão foi feita
suu u.m L'ic1aLlii.o I:r.bano -biguaçu.t!nse ". justamente para ajudar o leitor neste vai-
brinL'u o t!SC.:n.WT. O li't.'TO jUfI. um pa::;seiu vém no tempo?
~n{Te 8i;jtlaçu. e Florianópolis. dú um SM - Sim. O p.-iml;;.'iro blol..!o ~ o m ;H S
p u lo au inu!1io T do Rio ut! .Janeiro. Pu.s- ~x{enso com malS de 2U c::.tp ttuJos. dt! L'
SLL ropidamtmce por dois l11tmi....·ípios li- narradu a hiscoria da tanuH:.t e dos pcno-
IJQH~::H:!S t! em lvluTSdho. na Frnnça. '.,-0.- Jus q ut! e,l a V~tI a travessando_ UeptJis se -
'r'Ulltlo u crajeco Llesce!S imigranc.e!S. "São gue cum o utrus va nus blocus, u m ddt!s
li pena s jraglnencos de minlw genLe qu.e chamado Fios qut:! traz coisas 4ue n:-Io I'U -
escü.o no li'l .'TO ", cufiLt1lla. O IJTojecu t2 um r:l m defi nidas no pri meiru. mas que se -
anci~o !Sonho .seu . foram quuse dois rão rcsulvidas nesu!. J~i /Jertl.:; tra z ;tl.gu-
u nus rrlloolhulld.o na hust'u úe j'1ton11U- mas pt!ssoas quI.:! ma.rcaram :1 V IJa J~I fa-
<;Õt?s tllTaws ele pt!squi.sa. <.Ít!puimt!'J1cos e mília . Em Morces são narraJas as ~rthl!)
[t!'L'onLammw:-õ de dados. O resultad.o é de se us inte~r:Jntes. Como dá pra 110[:lr.
uma obra cun'm;a L,ue nuu H! 't.'e a p r e .. nào SI;;.' tra la ut:! um rornam..'t! IinL':Jr L'ull1
lt!llSÜ.O de nQ7TD.r a his((j ria do Brasil. comt!~o. mdo e ti m . em bora eu ;lcht! 4ue
mo.8 sinl eunui-la acra'l.·tts das .~7nw ç.'iks d e lem 11Ulção. ou se la. a J)t:!,,-:oa ":n ~m;
~'i'Cülaspor ince~1"a7 1.ces de u'm ajomtlif l t.:lr da história. vai se envolver.
libanesa.
RQBEIrrO SCOLV OC DC - Como foi a escolha do titulo do
Diário datartneose - O que quer dizer MUITOS NOMES: Salim Miguel diz que Nur pode ser símbolo, liberdade e signo Uvro, que não deixa de ser curtoso?
a palavra árabe Nur? SM - Ele teve tn?s litulos. O pri mciru
Salim Miguel - Quer dizer luz. mas po- de uma família, mas que tem como pano Diário Catarlneose - O senhor passou era lvlukul Tu.b quI.! significa "escava es-
Jt! st:! r s ímbolo. lib~nb. Je . o nome ut! de fundo a b.lstórta do BrasU. Como é es- por quatro editoras para poder lançar o crito , aquilo que tem p ra acu n leCer.
uma mulher, um dos nomes de Alá. o u tafamJlia? Uvro. Como foi esta busca? acontece" . Neste meiu lt!mpo aparcceu
um signo premo nitóri o. lIá v:-írios signiti- SM ~ São st!is pt!:>"Soas e t! a minha SM - Passei por quatro t!ditoT:ls. Urna um livro com t!s t~ mesmo no m..: , e ntão
~ados t! ~ u procurei jogar com todos t!les p ro prl a família. ou melhor. tr3gme ntos Jt! São Paulo e três do Rio de Janeiro . tive que trocar. O segundo c r~1 Sem.ences
J~ntro da estnJtura do ro mance . de minh:1 família. Os IlQmt!s sâo tOdos Duas não me n:sponueram. :1 terceira porque po uco antes d o meu pai lalt!ccr.
ve rd:.Il1t:!iros. Jci preveni meus pare n tes aprovou o HVTO no inicio do ano, mas de- em 1481. de me vi u muito aba ladu t! pe-
De - Do que se trata o romance? para ~ue não procurem no livro a s ua pois entrou em crise. Era uma gra nde diu para llue ~ u st:!nt3sst:! ao seu laJo na
SM - F,1a de uma iamilia de imigran- história. Os ~lt:.'mt:.'ntos básicos são mun ~ editor:.s brasileira que não convém citar O cama . Pegou na minha mão t! disst! : " u
les libaneses no período entre 1Q~7 a t~ a cados em c ima do que ia acontecendo. nome, pois es teve pr aticamente pra fe- que você queria , q ue e u ficasse p ra se-
dt!caJ a de 50 . Sua his tória se contunde Por t:!xemplo: O primeiro capítulo que se c har. Se interesso u mas me pediu para mente? " Ac."Ontece llue me :1lert::lram 4Ul.:
com a história do Brasil e suas trans tor- chama Luz. começa que eu segur~sse o pro- com este título meu livro iria ac:!bar na~
mações com a queda d~ Was h.ington com o desem barqut:.' no jeto. Resolvi segurar at'; prateleiras de agricultura (risos) . Depuis
Luiz. a vitória de G~ túlio em 1930, a dia 18 de maio de
'"Ti'Ue a preocupação consegui r Q U(T3 . De re- surgiu NUT .. Na Escuridão que loi uma
chamada Intentona Comunist:J de 1935. 1Q27, no cais do porro pente , a Topbooks do idê ia de meu filho . FiQut!i e m Júvida c
o .~olpe de 1937. a gu~rra de 1<)39. a en- da Praça Mauá, no Rio de fazer com que o Rio. 4U'=! também havia pe rgu ntei pa ra O edito r Jos~ Pt! reira O
trada do Ilrasil na G rand~ Guerra. Tudo de Janeiro . Isso es tá leitor entendesse as recebido o p roj~lo, me que ele achava e ele respo m.leu: "Ou ~::i tc
vai sendo ViSLO. nào atravês de um de- nas seis p rimeiras li- telefonou dizendo que título vai ajuuar a alavancar as vendas ou
mento his tórico, mas a partir dest:1 famí- nhas . De repente, já muitas pala'Uras em o Hvro estava aprovado. não, vamos tentar."
lia de imigrantes. Cinq üenla por cento não S I! está mais no ára.be sem que fosse
da história se passa er,tre Florianópolis c cais do porto. Passamos preciso usar chama- DC - A editora Top- De - O senhor utiliza muitas palavras
Bigúaç u o nde morei dos c inco aos 1 Q para as histórias de um books Já conh.ecia seu árabes no Uvro. Como o leitor vai enteo-
anos. Outra parte vai para o interior do velho, 4ue ~ o meu pai, das de pé de página" trabalho? der seu significado?
Rio d~ Janeiro. em Magé onde io; o pri- que co nta com o foi a SM - Si m . inclusi ve SM - Tive a preocupação dt! faze r c..'O m
meiro lugar 4ue 3 r'amília mo rou . Há ain- sua c hegad a ao Brasil. me conhecia como jor- q ue o leito r e nt~ nde sse e stas palavras
da uma pequ~na parte que em Marselha. Sem saber para onde ir, elt:.' It:.'mbra que nalista . A edito ra é comandada por Jost! sem que fosse preciso usar c hamadas dt!
na Fra nça . e em dois municípios libane- anOlOu numa caderneta o nome e ende- Mário Pereira. que també m ê um jorna- pé de página . Perd~ ria o scnU do c n::io
ses. o Amiun, cidad e natal Jt! minha reço de um patriciu. Ele chama um ruo- lista. Ele ficou muito entusiasmado com seria mais um romance. É um tomt:!io uc
mãe. e Fafssouroun . o nde nasceu meu to ris ta de tá."i que eonhece o local. O o livro também pelo ra to de estannos en- frases pelo qual e u nã o preciso t:.!xp licar
pai. eu e minhas duas irmãs. A famíli a motoris ta é negro c seu filho, com ape· trando no ano "OO!). Pois a obra é sobre colocando em seguiua ua palavra seu sig-
::tumen[Qu depois no Brasil e em São Pe- nas três anos de idade, fica muito espan- uma etnia Que. praticamente. não tem li- nificado . .\ mant:!ira como eu resolvi issu
Jro de Alcântara. 4ue ta mbt!m es tâ no tado porque no Líbano nã o existiam ne- teratura no Brasil, embora os descenden- fo i simples. Tem um capítulo, por cxem-
livro , nasceu minha primeira irmã gros. Es te motorista terá uma importâ n- tes de libaneses no país sejam e m tomo pio, q ue se c hama Nard q ue em po rtu-
brasileira. cia mais tarde na vida desta criam;a e de seis milhões de pessoas, O que corres .. guês quer dizer ga mão , o jogo. O le itur
que é contada mais adiante. li: assim o li- ponde a população do Líbano. vai sabe r do que se tf:1ta no desenvolvi-
DC - Trata-se de uma ficção que fala vro s~gue com situações deste tipo. mento do capitulo.

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27 . BUSS . Deluana . O tempo é o senho r da razão . A
C4.S Noticia Florianópolis . 20 mar 2005. An exo . p . 5
o.:- 20,112005

o tempo é o senhor da /""IIIJ

;,r a z a o
tt

\ut r
caL8 1'in n e Que
c aproximam ou
já pa aram do
80 ano ralam de
ua exp riên ia de
\ ida. da p r pecth'a
de morte d
literatura
Com aúc! .

1omnópoIi>- Qu.u1do.1<o owcaam.


Lere ira idade

F • Pnmc.ira Coum'1 \tundW t.tnIu .....


bado de terminar Eram ctllnç.
qtWldo o mundo enlJt'f110U • 0lSt de
Im. r .dolt-sanlo quando • segun.
lia JBndt guerra mudou • \G d milbaJtos de
~ Virun surpr' bc.a navI, OI luPfM5. o
Inm-al dor \~.uck. V'lRIt\. f'\trm da T\' IM)
não ruim
o matOr tonhD de Almiro râddra. ~ ISXJ\.
"mil e, m&ls IJrol::, ror mr10 dt'la o homt"m ., JI n::&l&l.ou- -wreaanar. ("".um 191i\WJlaoaml
piando na IUI prla pntnf'tra \u \ U'1m e&ir o cuJo. t:lt' prcpuII Agpta uma ~tLl na '(U;N Q
muro dt 8erhm. awm c;ornm I; dJtIdura m.UiW'
cbes;ar. machuClI. millar t mom. no Bri'll =::~~:'::a
1ge(l o usodr uma ba ....· tus!!Jnalem'lU&\obr:as
Viram Iohn Mnnrd\ ~ aWol..Uinado a 1It05 ti..
funl na c:abtçL Eram ~ qlWd:ll pollle t "nu CUfbQnft Seu pnmrtn') IMo. "RonunuiI
HrKUlo Lw... nll CapllilJ. e~liI\ll -luzindo" de nha Il'Jill rDa
\ohre" to, ~ do .\tUntko
f'O"&. c alguM, I:f \'U\-60. quando ela 101 tedwta
pdu\ taYtb. açon,JnOI na lIikuIo 111. Já o umm.
cacW b\"lo fw trabalhando mal .. C'SlUIttt foi ~A &ndi da l~" pubIIada tm 21102. Ir
~~~~;q~U:p=:II.u; &ulm com -\ur na hculid.to·llop80ut. ) Solim pbSannl8lge~JlbfIana..~JulI,;r,·
obsrn'Ulm \UA\ r:nâquuw, de tsl'J'n'n flC'al't'm wcruo di! publKo,. enfiei qtJf''NA indo pua
a qwnta tdtçlO. O Ultutul c.pitulo f", 1't't."K111Q
M>guol
-FrqlHlt 18
na. cooW\do a MtiMia ck btTobrno. tI\rnftUa r
amor de (iruwpppt rAma GanbaIdi
~. dmdo lugar a~ compuladol1:\ r.
enwrrada dt uUtJrmaç6ft da lntmwi 0110 \'r~ ·"0 um .konll'CUnrn1f) nwnvut'•• onc»Mm c.ud<:tr mora em Puno"~ Ir
\e~ OOQ, t \Itb ~O\ "fanulia nos
rem
TodoI qur \'WBtIl1O mundo nA dft:adA do- monto do patrlóU'u d.l lanull.a \10 'tu~ lJUt' k~,cE;um fllhm.
~ autOconfiança. \~ pts.\l~ M.lJ-
1m pbSmI1l baic:::lmmIC pQ:. ~ trUJ5. r.u.,..~ nem dtmntado-. ttpbct
~ \t.... no rodo cIe:sw rMIII clt mel· , ur..,drl9'9'J. ...:abolI~ll'atld'lJI'T1'W1OOno •IC(....,IG. lIu<b ..,."...,...-opow .......... QuoI......
as. alguru ln'UiUn tJm& IlT'l'Sl.AAd aJr.lÇlO ptlII 11\10 fIW.D \1:"Otbdo ~Sabm. ~crNllI o.wc~ ''''90''''. do iOhte a mtiJor tpnc:a di' \UI ,ida. diz qtJC! "'b
podnTl$. E .. u.arun para. dr taTUI J1'W}C!'lrlI ou à f1lOIII)f' m\pilUI. cnm os ~Iom.. qut' lrOIIm • a<t. ~ como 1OÓo!. ... ehrgImn .. ftb
numL ncm.", iOtn 0Ii m.euntJI UIUt\I.OII Vlvat· tado do 11'\11) ftwda () lxupno aulor IidmIt qur tt Sr brm que .I~ !dadt (OIn Qudr '*' ~
c:íIdm por lOdDL ~ que de una ImIltIR mtda tsCI'f\'tu alguma, ohm qur ntgwn ~'I.ntl' dII SI, ma~ infclu. cnndtç-io . ..&rma. UtcomtÇOU
f'mptnoo de- ~ 1t'1101~, como o romalXr·'" ti ~t'\n 11» lfi anoI. fatmdu tonwnlTlu ..
iPft* por rk. lOb a 6aca driet. Ubolnb l'Wln
t.r.du _ s.hm 'ted 81 .......... do \01 ~bmt'n.l, publIcAdo em 1984 pda editora DrpoIs C1'Wt a prunnra Igtnoa dr ph'l~
conwquecoc:nrçoullmll.ltuaiql.llllldoau')· Qobai. O ll!l11\ sobO" uma lnulhn qur n.io can· an~l..mrtn.tt'WN_~r'KJ1hII1.
d. f'f1I uma_
cnança li t'm Blgwtçu. odadc di IItIUt'wC'(ltnW\lCal.ro~dt~com. ,Lait\.ll'dr-produd.~ I ~«' I~ prof;nrThl.~
_ _ ""fbIonó. dr rIdlo. Prmda 'tIOha' m ~ ~ hIv. r
(,r&ndc f1orwtópoliJo onde! pl$o,ou • inlindl e mif'. tó qut as mfIO'i'- doi mW RIO ~.
ou It'liI. IK'abou \1tõll1du um ml)11Ó!ugQ ondt' 11 I end.u de TQlJo o \tundO m um r'Ilt.~ O
polJ.s.~\ew\idt~oap;u1ammloNCu qurlt pWr Wrrrlf1lllÍl'lMM~ Tudo .. mill\ dWriI Jot CXJItJt'Ça a t"1CTnft (UIIO\ to "'"
WM'lra dURnlr O u'I\'emo r a 01\1 dt prl&a na pau f'm 126 pacmas. vm ponl... nrm \VeUL"n- la poo lIIl' b.hól'" ,'QQbU1ánn rl\~de ~
c:..d.Joru'I do Bom Jow; no \..no. Salim Irm 25 ~On&.mt'\Oti\1{JI,~Om&l.,dtliOI adrnuf' pab\'1i1.' m'i pottlfKU como tO$.\m1 de
........ .....,w.. r=nI.L
"'......
(nros pubhndot no curnculo C) pllmtlro-
cnndr colndd~ncu' - f umbtm o u.hlmo AUTOCRIllCA
~~ t: OUUOl ÚlnlO ~ r rOI o lIuo ~t

panele cOUKldfnc:a.l-' - t tam1WIII o UIOlDO


'"\'dbia t OtIuos Contai ~ que rOlO Imo de
estrba.. em 1951 ptll Ed)(6n Sul. acaba de: .\bmmle aiOto. s.IIm tMnbtm Mo ~
pap&S RI: linr;u:a pan condtrw ~ livro df'
. . - """ • ....-tdi<io<"""pdo lb- _ ........ c;.",,'. pubbado prlo [di
_doSoJclts.nr.c-...~.
\Ú>SUIm>I95l.f_ ..... _
O 1roTQ. qur na DO\'a tdlçIo .I:n~ lif'Ib Almiro

-
wgundo 1J,l. pf"Ópnu p.W\tt . ) t pudn..r
. . . mr:DdDs.para mostrIttuQllllmlr"a \. .
qurun&\'ll ~. ~•• pr&nCf'. nndo.
CcIdoo,.
dafpoc:a ancp toa tsa_l. leIO iá no tilUAo IMD A 10m ItO
''''' !oi t4 dopob do ......,... _ . pu".<I-
dai qtJIG'O'" comunteS DI obra do tsaWr t'IOIofllfk*
~ IIIQIIU. tempo t lJIIfIPI6nL ·Eu wsnprr:
do pela me\ma Nuora rm 195.5.. quI' S-lllm
achou qUI: o MJ6cio RIo t"Sla\'ll bom r qUlt o O\Ib:onfionçQ.
r\Ii~aIaI~taDlS.ckidrRA ~
anaL A mortr ~ Dr\~ quem ~ um dia
rnttbof era _ UINI ~ ~ rrpor-nw '"'"
.......
peuoale
~ TIado o _ . JtOIf" ~.• dotnça. o
cIo$oan1IlomiIior .. po-... do Pá..-.
manrlll dr f'\Clt\f'f ·flqul" .1 ano' srm
putJücar LO ~ Eu f'lCn!'\lI e l:'MP'·lt. rt!COt
da.. O momo amn&tUU com -O PI'inWItlQ GoJ
"""'.do.
...... ""'•. du. aIIIIpIoQndo quo ,.. .....
to... \-olume df' conll~ pubriado pt"b I"Ifnora
trr inibo ~ anos aam M&lóe t ~
M tIJ..b.Ibo. pua podeI toar ~tt nmos \to\1lnl'l\10 em 19:1.• \10 mt satisfez· :\0\11
parada r_ ~l &nC);I drpoh. tm 1979. ~i .. -,
~ clt 1nT05. aWm. ~ clt \1\'ft' um p0u-
co ID&JS com • ra.mlld., -'Jo tmho qutlQ.)., \btr do Tmtntt- f' CJrulrb 1ones-. pda FAtiO-
n An~ • foi um tnTO pemado. rrpm~ t
todo>p ..... _ - ........ - trabaUwdo. r acabou wnóo t'$(~kkt como o

c.m._
GIII pouco lIIiIb por ~ lido-
Se • mont 010 lm1 duçio. OI lD1Dl .mt.
doo _ SoIIID _ ' ' ' '
mâ t JMb. muco a.a K'm ~ ~lfA
melhor li~"TO dt' conlOt d.o ano·, diZ (Clm o
camanho rtmaJOtrado. 3.Um No parou tn.1l
"dikuIdIdr'" do eKnIOf fcan a ri5;In.
Caam enwrp fnUI&O pouco. *- ~ miai
' - uIbmas P'P-qur eIaf!\'aI. dIdicau" m ...
do._do _ _ .. ~- If'r Para~huma~noCOlllplb­
dor _ ...... """' ..... por ... . . . -
me tornando acb \lU mau ncoroso CQIDlKQ
b!SII'IO> \:10 mt ~ CDII a pnmara wn.Io. rtUICL TaIbfIa fJICl dt ea CDn os bn'IIiarh
l!ptAI' dait pn:nso pw ser CEJIbO como IMD t com ~ lIIII!pJIL- ~mbo tNA:I\ conhrcidm."*
CIrpKDIl. t ~ r UIrUf ser UIDl UI. por- poutos uugo".o, da Quilndo ts.tá rasa de "oi
..... f..,...u. COIIInbodo ........ pdo ......
que a:w\aIII05.qut ,ai) ckdenao· . ...--
çio do propno SaLm. _ ... ..alI. . " ' _ _ .....hi SI anc,.. Tn c:onhrrido E@:Ilfoi
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28. LIMA, Jéferson . Quais são os autores ausentes. A
Notícia. Florianópolis, 2 mar. 2007. p. 3.

Quais são
os autores
ausentes
o professor Lauro lunkes, presiden-
te da Academia Catarinense de Letras,
avalia que duas grandes ausências na
lista do vestibulares das universidades
catarinenses são VirgOio Várzea e Otbon
D'Eça. Do primeiro, lunkes indica "Ma-
res e Campos", um livro de contos publi-
cado originalmente em 1895 que situa a
Ilha de Santa Catarina e a colonização
açoriana, com histórias de pescadores
e agricultores. De Othon D'Eça, lunkes
considera injusta a não-inclusão do li-
vro "Homens e Algas", publicado pela
primeira vez em 1930 e que relata, por
meio de contos, a vida de pescadores no
litoral catarinense.

lunkes é professor voluntário do mes-


trado e doutorado na pós-graduação em
literatura. Entre outras disciplinas, lecio-
nou literatura catarinense no curso de
letras. Atualmente, a matéria não é mais
obrigatória e é oferecida como optativa
em semestres alternados. Embora defen-
da a obrigatoriedade da disciplina para o
curso de letrdS, o professor diz que a ma-
téria passou a atrair mais alunos quando
foi transformada em optativa, em mea-
dos dos anos 90.

Conforme Maria Luiza Ferraro, co-


ordenadora pedagógica da Coperve, a
escolha dos titulos é feita por um grupo
composto por representantes das comis-
sões do vestibular da Udesc e da UFSC,
juntamente com professores do depar-
tamento de língua e literatura vernáculas
da UFSC e professores do ensino médio.
São adotados alguns critérios. Periodi-
camente é feita uma pesquisa na esco-
las de ensino médio junto a professores,
mas somente 20% respondem as indaga-
ções da Coperve.

A li ta de obras para o concurso foi


adotada em 1992. Maria Luiza lembra
que, para a escolha, são também levados
em con ideração os titulos que podem
propiciar a formação de leitores críticos
entre os estudantes.

AcODÚssão ainda observa a alternân-


cia de autores consagrados e contem-
porâneos, inclusão de escritores catari-
nenses, adequação ao público-alvo e a
cobertura de diferentes gêneros. Para o
próximo vestibular, [oi adotada, ainda,
uma peça teatral. Aescolhida foi '0 San-
to e a Porca", de Ariano Suassuna, que
comemora 80 anos em 2007. (JL)

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29. A LUZ da literatura Jornal Árabe-Brasileiro . Curitiba ,
[s.d]. Cultu ra. p. 6.
Cultura

A luz da literatura
Livros de memória constituem um
dos ramos da literatura. Não contam
como biografias ou trabalhos de his-
toriadores - baseados em documen-
tos, provas, análises de cálculos e com- Não perca a chance de visitar o
parações para construir, de certa for- site www.libanoshow.cjb.net
ma, uma realidade - as histórias e fa- Nele, é possível obter mais infor-
tos do passado. Existem vários exem- mações sobre o cantor libanês
.,
plos bem-sucedidos de corno a mem6- Karnal, que é natural de Rachaya e
ria, DO fundo, pode se fundir com a reside em São Paulo. Pode ser en-
ficção, como o excepcional Quase Me· contrada também a biografia do
mória, de Carlos Heitor Cony. cantor, imagen s do Líbano, links
O passado, ao ser reestruturado, para jornais e revistas , além de
é manejado, influenciado, trabalha- estarem disponíveis músicas em
do pelo tempo, pode ser cortado em em que, ao se dirigir a um motorista de MP3, a última "onda" na
cenas, idas e vindas, como um ro- táxi, aprendeu a primeira palavra em Internet, possibilitando fazer download para o computador e di spor
teiro cinematográfico, bem ao esti- português: "luz". N ur na escuridão. de suas músicas.
lo de Morangos Silvestres, de A história começa e termina em
Ingmar Bergman. A influência da fins dos anos 70 e início dos 80, mas
linguagem do cinema é uma das tem o núcleo narrativo entre 1920 No site oficial da cantora fairouz -- ~ "1"""_ I ~'"'l-:::-.~"
~ • - r " - -. • -:!""""" - ~-

marcas do livro Nur na Escuridão e 1950. É uma contribuição relevan- www.fairouz.com. o fã vai en- -,~ ,-

(Topbooks, 258 p .), de Sa lim te do autor para se compreender contrar a biografia da cantora e tam-
Miguel, lançado no inicio do ano. como o povo árabe chegou ao Bra- bém informações sobre os Irmãos
Miguel nasceu na vila de sil e criou raízes, mesmo com a sau- Rahbani. O site, em inglês, contém
I
Kfarssouroun, no Líbano, e veio para dade da terra natal. ainda artigos com informações so-
o Brasil trazido pelos pais, em 1927, U ma das epígrafes do livro, de bre álbuns de Fairuz, entrevistas e
quando tinha apenas três anos. O livro William Faulkner, diz: "O passado artigos publicados na imprensa.
remonta a saga da família, que desem- nunca está morto; ele nem mesmo Na seção de interatividade, o
barcou na Praça Mauá em meio a uma é passado". O autor sabe, o passa- intemauta pode assinar o livro de
confusão de vozes em diversas línguas, do vai sendo redescoberto e orga- visitas, escutar clipes e se conectar
menos o conhecido árabe. O pai de nizado pelo leitor. Por isso, conse- a um chat room para trocar um diálogo com outros fãs da cantora.
Youssef, décadas depois, ainda se gue um resultado detalhista e que Imperdível.
emocionava ao recontar o momento emociona.

Autor se considera um ''Ubanês-biguaçuense''


o autor Salim Miguel conta que se
considera um hlJanes..biguaçucnse (de
Biguaçu. cidade da região de Florianó-
polis onde sua familia se instalou de-
pois de um curto período no Rio de Ja-
neiro). cuja escrita é tanto uma conti-
guarda catarinense, nas década. de 40
e SO, escreveu roceiros de cinema (da( a
esIrUIUra que compõe. seu último livro),
como uma adapIaçio do conto A Cart0-
mante, de Machado de Assis, e do r0man-
ce Fogo Morto, de José Uns do Rego.
Onde você quiser.
Apenas R$ 50,00
-
nuação da tradiçiio árabe - da Ele já escreveu 18 livros, entre eles
oralidade da narrati va e do fantástico As Várias Faces e Primeiro de Abril:
das Mil e Uma Noites. Narrativas da Cadeia, que conta sua ex- por um ano de assinatura.
Isso não acontece por acaso. O es- periência na prisão logo depois do gol-
critor participou do Grupo Sul. da van- pe de 1964. Aproveite a promoção e assine já. Ugue (41) 222-3241

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6 JORNAL ÁRABE-BRASILEIRO
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030 - LANÇAMENTOS no Brasil. O Estado de São Paulo. São Paulo, 20 fev. 2000. Caderno 2/ Cullura, p. 03.

o ESTADO DE S,PAULO - 0 3
LAN

NO BRASIL I ,

Navegantes, Bandeirantes ... ABoa Dança, Sexo e Gênero Crônica da Casa ... Nur na Escuridão

Ferndndez-Armesto Synes io Sampaio Goes Filho AimaTLabaki JudilhLynneHanna Lúcio Cu>ytoso Sali1n Miguel

jsdemalha, " ......... ", ..


Os navegantes, .---------, Um bom texto, Partilhando o Uma obra-pri- .-----, O que é nur? A
de Diet os bandeiran- ainda mais de mesmo instru- ma, assim po- ... ~ pistaestánapri-
bronzes tes e diploma- teatro, sempre mento - o cor- de ser denomi- meira página
tas constituem tem a capacida- po-, adançaea nada Crônica do livro, mas fi-
elementos típi- de de despertar sexualidade da Casa A<sas- ca a sugestão
cos da história inquietações, atravessaram sinada (Civili- ao leitor para
brasileira. O au- de clarear as séculos alter- zação Brasilei- que decifre o
vitrine tor sublinha o perguntas, mais nando compor- ra, 517 pági- enigma, pois
museu papel desses do que dar res- tamentos, ta- nas, R$ 40), de um texto é tan-
ttico, com três agentes 50-'--"'}"'''.''--=---'postas. Umajo- bus, constru- Lúcio Cardo- to mais instigan-
placa: "Planeta Terra, dais e os apresenta na pele de vem encontra, vivendo na rua, ções e reconstruções de mode- so, que está sendo relançada te quanto mais possibilidades de
da Era Cristã" Felipe homens com nome e currículo e um ex-colega de faculdade. insis- los. Fisiologia, genética, prazer e em comemoração aos 40 anos leitura oferece. Nu/' na Escuri-
~mMilêllio com sua motivação única: a for- te em levá-lo para sua Cas.1 para papéissoeiaissãotemascomilllS de sua primeira edição. O au- dão (TopBooks, 258 páginas, R$
997 páginas, R$ mação das fronteiras do País. devolvê-Io à sociedade, mas a nos dois campos do universo hu- tor utiliza, sem perder o doml- 25), de Salim Miguel, é wn ro-
dos curado- Navegantes, Baneiei ..antes, Di- bondade fracassa. Em A Boa mano. Foi nesse viés que Judith ruo da narrativa, lodos OS ex- mance baseado em dados reais
plomatas - Um Ensaio sobre a (Editora Boitempo, 71 páginas, se debruçou para fazer Dança, pedientes para dar acabamen- trabalhados ficcionalmente.
dos últimos mil anos Fomwção das Fronteiras do R$12), Aimar Labaki é duro, radi- Sexo e Gêllem (Roeco, 420 pági- to à ua obra: diários, anota- Busca resgatar a saga de wna fa-
de Brasil (Editora Martins Fontes, cal em suas opiniões. O perfil das nas, R$ 34). O livro reúne infor- ções, teatro, f1ash-backs e mOia de imigrantes libaneses
331 páginas, R$ 24,50), de Syne- personagens foge do mero psico- mações históricas e wna análise f1ash-forwards - um tumulto que, almejando ir para os Esta-
wn ou dois concei- sio Sanlpaio Goes Filho, é wn li- logismo, tomando-as seres "so- social, para traçar wn mapa das de atmosferas opressivas e de dos Unidos, acabam chegando
cadoli- vroque levaàreOexão. O livro é ciais". Asdiscussães estão em tor- imagens de homens, mulheres e ambientes convulsionados. A ao Brasil. O núcleo central trans-
Há cavaleiros e uma edição revizada, ampliada no de valores morais e religiosos. gays dentro e fora dos palcos. trama vaga em um simbolis- corre entre as décadas de 20 e
háfeudalis- de uma tese originalmente apre- RefomUsmo ou revolução? Aco- Não se limita a bailarinos e op- mo entre a luz e as trevas no 50, mas não possui umacronolo-
socialismo é abordado sentada ao Curso de Altos Estu- modação ou ruptura? Bondade, ções sexuais. O interesse está cerne de uma família em fran- gia fixa e circula pelo Líbano,
pelo ângtúo americano que dos do Ministério das Relações patenlalismo, protecionismo, es- nos desdobramentos que as esco- ca degradação social e moral. Rioe Santa Catarina A estrutura I
o Renascim nto é visto Exteriores, o CAE. O autor é di- moia, salvam o homem? Essas e lhas sexuais de criadores e baila- O leitor, ao sair da casa assas- do romance não é convencional
pela Ilwlgria que Itália. plomata e atual embaixador do outras questões sW'gem e provo- rinos podem ter na construção sinada, não conseguirá ser e l\judaaalargar os conhecinlen-
Icaixade surpresas. Brasil em Lisboa. cam uma discussão instigante. de papéis sexuais em cena mais o mesmo. tos sobre a cultura dos libaneses.
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A NOnClA
()
LOTH , Moacir. Luz na escuridão . A Notícia .

Florianópolis , 4 ago . 2002 . Anexo . p. C3

• -
.~
. n GUERRA DOS
I: BÁLCÃS
,,-~curl JOIitI REED

, MOACIR lOTH
f 'JIK ~A AI-

f1orinnópoU - o NJitor. JOrnall ta e anima


dor (\~tUlal5alJm Miguel \ 'm re<;ebendo o r onhe·
omt'nto ml'r~ld() na comcmorn o do lançamento do n H
50 ano, do \l'U lI\rl) de Ir la. ' \'elhlc c Outro~ Como ",
pubUcado p<'la\ 11hçr ., Sul, em 195 I. Além de conqUlslar, O!> 77
ano. doi premlo\ nawmal tom o livro ' ~ur na E cundão', "Gu rra do 8altã", de !ohn
romance bre U lanulJ,1rc IJban no Bra\IL o ex·dlretor da tdl Reed. C.onrad I dJlma Um do
tora da UF (ldU~~Cl fOi o aUlOrcatannen homenageado do .lItUito mrlhore retrato da Pnmelra
Cultural Banco do Bra~~. ruJJ '"lida de l.cuura com ' 'el ~n MOlla" a onte Guerra Mundial. inilugura o JOrna·
(CU em Rorianópoli . 'iahm VII e um mom 'nlo exlr m mente granficantc' em blmo mudemo. Mostra um muno
1999, o li\TO "!\uI', (Editora lopbonb) II.'CCbeU o premio de melhor roman e do do dt·o;ahando, os limmtC\ da oor·
Con agl'ado lia, lUna disnoçào da AssoCJaçau Pauh~ta de Críticos de Me (APCA). Eno fi nal d
<lgoMo de 2001, dividiu com o Nntor Antóruolorrcs ("M u Querido Canibal") o
bánc d uma guerra no calcanh r
da Europa r. con~iderado um
PrCIOJO Zalfari & Bourbon d 9 Jomada a ional de IJteralUra de Passo Fundo (~ ), ponto d partida para uma pro
autor CtlO'ldrrndo o maJor ewnto do g"n ro na Am 'nca Lanna Autor de 20 obras, Salim é o lunda reflexão ~hre o real IgJufi
pnm 'I/ll ntor d Santa \.<lIanna a ganhar os dOIS prclllIo O21° livro já está a cami· cado da guerra. f fulminante ao
catal'inen e nho \ IH'r aVida ~ rranl de UJn l:ólio no Rio" a ua finalização, Jl1\ bu parte dos apre~entar a guerra como ela é,
Il.'t Ufl;ll'i da premiação. o.. 50 ano> d I ida IJter.iri.1 de Sahm MJguel renderam também apresentando o> fatO\ e o coudla·
no de um mundo em lIan
alim liguei " pedal da ~-;emblela Legíslatilõl e da Cámaro MUnlapal de Aorianópolis. pro·
\Ullllldo emOCIonados depoimento> do homenageado. Igualmente, o governo do Estado impo to pelo~ intere e\ da
di nogwu o aUlor com a ~ledaIha Anita Garlbaldl Os escritOre> catannenses. reUludos em poteno rrubtaJ'f'o Conrad Edito
dignifica a encunllO tadual em o Bento do Sul fizeram homenagem unânime, oferecendo·lhe ra. John Reed. tradução de Ludmila
UJn !roféu. contendo frase de :.eu idolo, lo. 'iaramago: ' uteratura é VIda" Para fechar com I-la>hJmoto,2i9~. RS 35.m
literatura chav' de ouro a comemoração dos 50 ano d litcratura, ai m do honoris. Salim fOi agra·
clado cum o Prellllo Juca PaIO 2002, conferido ao InteleclUal do Ano pela União Brasileira
de E nlcJle> (UBE) e jornal "Folha de . Paulo" O receme livro "Salim na Claridade', reu· A TERRA EO
bra ileira rondo 24 depoimentos de intelecruais brasilelro~ sobre o autor, foi orgaOlzado para a FCC
Edições pelo escOlor e ex·diretor da lmpren..a Ofiaal de Santa Catarina (Ioesc), Rávio
Jo ; cardoro. retratando, além da obra, o ridadIlo, o jomalista e o anunador cuJtural. A
Editora da Uruversldade Federal de Santa Cmanna (EdUFSQ, levando em conta a con·
tribUlçao à literatura catannense e bra;il Ira. indicou Salim Miguel para receber da
UF o óruJo de doutor IlOnoris aIllSII, pnnclpal honraria que a instituição pode dar
a al8"ém. Ad.c.linção foi dada em \999 ao PreIlllO • 'obel de uteracura José Sararna·
go. de quem Salim é leitor e adlllJrador desde antes da fama. O aUlor de ' Ensaio
;obre a Ceguetra" chegou a encaminhar material para a ' Relista Sul' , dirigida
por 'iahm, nos anos 40/50. Durante ua estada em Rorianópolis, o ponugu .
1'01 saudado. em nome do ~tores catannenses, pelo autor de ' 'ur na
EsclUidão" O escritor 'iahm \ liguei, conhecido nacionalmente também
como Jomahsta (eo;crelCU na grande imprensa, principalmente cario·
cal, considera·se cidadão líbano-biguaçuense, poIS nasceu no lJba-
no em 1924 e chegou ao Brasil (Rio) em 1927. Após dois anos, a "A Terra eo Cio da Terra", de Antô'
familia mudou para Biguaçu. na Grande Aorian6poUs, onde nio Araujo, Armazém de Idéia
Salim morou dos 5 aos 19 anos. Em 1943, a familia Salim E ta obra ucede ' Fruto ~ar·
1'aI morar em AorianópoUs, onde o intelecrual irucia go " publicada ano pa~sado e
sua longa e profícua jornada cultural Crítico incluída entre o dez melhore
literário e Jornalista amante. Salim amar· romances na lÍ>ta do PreIlllO Jabu·
gou 48 dias de cadeia em 1964 , U. da Cámara Brasilel1'3 do Uvro.
durante a ditadura Pol mico e corajo o, o utor
• militar. A expenén· . 1 me, cn3 per onagens que
cia" inspirou obra, entre a amam 'it'U pedaço de terra a ponto
quaIS, o ti\TO "Primeiro de Abril , ·arran· de matar por te amor Éuma da:.
vas da Cadeia", e o próximo lançamento ·:\ar· poucas obras literária brasllelril!l
raovas de UJn Ex!Iio no Rio' . Com Eglê lalheiros. a que \ m o problema das Jl1vasães
mulher. e E. M Santos. o escritor produziu o argumento e de propnedade no campo a partir
roteiro do primeiro longa·metragem catarinense: 'O Preço da do dono da teITa que, evidente-
Dusão". Ainda em Aorianópoti cnou e tiderou o movunento cuJo mente. não concorda com ela~.
tUraI conhecido como Grupo Sul, que revolucionou o panorama lite· Annazém de Idéias. RS 29.00.
rário catarinense, nos vário gêneros, mantendo inlenso intercâmbio
nacional e internacional. Ao deootr a prisão, Salim e Eglê seguuam para o
Rio de Janell'o. Lá, além de continuar no cinema e na literacura. Salim atuou
durante quase 15 anos em jomais e revistas. Durante dez anos foi colaborador
assíduo do caderno "Idéias', do "Jornal do Brasil" (rol, editado por Mário Pon·
t as empresas do Grupo BIoch fOi redator, repOner especial e chefe de redação.
Crinco de literatura brasileira e hispano-americana. redigiu verbetes sobre escrito-
res para a Enciclopédia Delta·!..arousse. Também no Rio foi UJn dos editores da reviso
ta ' Ficção", 'os anos 80 começou \;da nOl'il na capiIa! catarinense. De 1983 a91, diri·
giU e consolidou a EdUFSC e durante quatro anos fOi supenntendente da Fundação
FranIdin Cascaes (FFq, que cuida da cuJmra de Aorianópolis, penodo que impnlllJu,
lhe UJn3 nova dinâmica que permitiu uma maior visibilidade nacional. Além dos 20
livro>, Salim JJltegrou e organizou nUJnerosas antologias. participando igualmente em
eventos literários na Alemanha, na Argentina e em Ponugal. a comemoração dos 50
ano de lileracura publicou "Eu e As Corrulras" (Editora ~l uJar). Entre os seus prêmios.
d taca·se ainda o da União Brasileira de Escntores (UBE/Rn para "Primeiro de Abril-
'arrauvas de Cadeia". Ao prêmio da 9' Jornada acional de Literacura de Passo Fundo
concorreram 190 obras publicadas entre Junho de 1999 a maio de 2001, algumas do exte· "HUJnanos", de André \la Im, edi-
rior e de vános imponantes escritores do Brasil. nata·se do maior eI'ento literário da Amé· ção do autor O escritor e gcôlogo
rica Lanoa, tanto em paniopaçào como em prellllação (R 100 mil para o primeIrO colo- pauJc.ta apresenta uma a1egona da
cado). "O prêmio que recebi também é UJn reconhecimento à qualidade do que está saga d UJn r hUJnano no mun·
produzindo em Santa Catarina", ublinha Salim, ac~entando que"não sou melhor do por meio de uma história Ongl'
nem pior do que OUIlOS escrilOres que estão em pl na aovidade no Estado" Para ele, naI de ficção cientilica. O prota
vario colegas poderiam ter conquistado o mesmo prêmio. "Espero, ponamo, que em nc ta \1\'e o espanto. o sofrimt'llto,
2003 outro catarinense repri a façanha," Salim falou repetid vezes nas entrevis· a luta e as incertezru. expenmcnta·
tas e pai eras que" ur" f'olaV3 dando one ao autor. Ias a verdade é que a quali· da diante da \;da, a partir do
dade da obra é que tem garantido UJn sabor e. pecial à festa dos 50 ano de litera· momento em que é raptado por
tura Não é por nada que a obra já eSlá no fomo paro a ua terceira edição. O algo de conhecido. /.lergulhado
poeta Carlos Dntmmond de Andrade, ao comentar "Os ossos Iguais", um do na incompreensão, enfrenta a difi·
textos de SaJim, de tacava a ua "con ciência literária" e o culdade de comunicação com
" util aproveitamento que consegue obter do valore da linguagem'. O outro ere e a neces idade de
poeta estava carregado de razão. Salim lia. quando menino em Biguaçu, manter a cora m para '\l'gIlIl' em
para UJn \'elho cego em !roca de tilTO . Hoje, com a perda quase tOtal frente Informações 1 11 1223-~7
da visão, Salim encontra luz na esclUidão: ua inseparál eI compa· Edição do autor. 20.00.
nhel1'3, a ~tora e teatróloga Egle Malhell1lS, lê para ele. Luz
a palma mágica que ilumina a obra e dá UJn brilho f'opecial
ao e~critor na fe ta de meio éculo de literatura.
Prêmio. nacionais,
homenagens. conVites, • MOACII LOll4 jOfnoltsJc assessor d.
livras - uma festa que nõo 'mp< MO do Ed,Joto do Unlver1'dode federal
de Sanlo Colorlno I EdUfSC)
acaba para o escntor Salim
Miguel, que vive o seu
tempo de glõna

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• Todas
de
032 - HASSE, Geraldo. Mascate de memória familiar. Gazeta Mercantil. Pernambuco. 20 abr. 2001 . Cuttura. p. 3.
-- LITERATURA
- Asaga dos imigra~tes
• -, libaneses, pelo catannense
Salim Miguel
3

E FIM 21 E 22 DI
:::w:w~.=••~.~.~t.~m.~~.~n~t~I.~ç~o~m.b!'f:lm~d':'~.:m:.:n:.--- ~~~c=~~~,----J~ , -,
. -- •
-
CULTURA
LITERATURA
, • • •
I
Com 50 anos de vida literária e 18 livros publicados, Salim Miguel vê a trajetória dos imigrantes libaneses no país
Eduardo ~!:'!!
GERALDO HASSE com "O Capital", de Karl Marx. A ve no Rio, a revista publicou brasilei-
de Florianópolis imprensa catarinense não regisrrou O ros ainda não alcançados pela fama,
episódio, contado por Salim Miguel como Vinícius de Moraes, e portu-
os 77 anos, "na pior idade", no livro "Primeiro de Abril - Narra- TRECHO gueses censurados pelo salazarismo,

A o escritor Sal im Miguel vê tivas da Cadeia" (José Olympio, Rio,


tudo, mas já não enxerga as 1994). Quando viu a fogueira, o padre
lerras mais miúdas. Uma retinopatia jesuíta Braun, diretor do Colégio Ca- Derrota esquiva,
como Fernando Pessoa, falecido em
1935 e até então pouco conhecido.
Graças à revista, Salim arrimou-se a
degenerativa embaça-lhe a vis ta, tarinense, que vivera na Alemanha, enviar crônicas, contos e resenhas li-
privando-o de um velho prazer, a exclamou: "Será que estamos voltan- v~ória alardeada terárias para os jornais, que sempre
leitura. Ele dribla a limitação com do aos tempos de HitlerT' apreciaram colaborações gratuitas.
uma lupa. Ou então reCOrre a Eglê, Muitos e muitos outonos depois, o palavra mascate, por exem- Desses vínculos. o mais antigo é com
companheira desde 1947. Poeta, for- ponto da extinta livraria abriga hoje
mada em direito. história e comuni- uma farmácia; o professor incendiário
cação, Eglê Malheiros lê em voz alta continua atuante nos meios culturais
A plo, tem wn poder mágico,
faz com que recue até a
chegada a Malié. Esclarece, antes:
o "Correio da ParaIba". Escreve para
seu suplemento há mais de meio sé-
culo sem ganhar um vintém. Em
para Salim, que fez o mesmo na ju- catarinenses; e o casal, mais unido do pouco importa o que uma pessoa 1999, sentiu-se remunerado ao rece-
ventude em Biguaçu, a pequena ci- que nunca, mora num apartamento na tenha sido Ou queira ser, pouco im- ber o convite para a festa dos 50 anos
dade onde se criou, enrre o litoral e a Carvoeira, bairro de classe média en- portam sonhos, desejos, aspira- do caderno, em João Pessoa.
Serra do Mar, a 20 quilômerros de cravado no pé do Morro da Cruz, o ções, fantasias. Ao chegar ao Bra- A primeira colaboração remunera-
Florianópolis. ponto mais alto da ilha de Florianó- sil, libaneses e slrios. árabes em da ele jamais esquecerá. Foi uma sur-
A história está regisrrada em livro, polis. Salim e Eglê vivem enrre livros, geral, começam mascatealldo. presa proporcionada pelo suplemento
mas Salim não se cansa de repeti-Ia. assunto predileto e vício familiar. trouxas ao ombro. sorri e acres- literário do "Correio do Povo", de
Tinha uns 10 anos quando o pai lhe Agitaram a vida cultural da capital ca- centa, só bem mais tarde "tio to- Pono Alegre, que lhe encomendara
perguntou o que queria ser na vida. tarinense nos anos 40, 50 e 60, "exi- mar conhecimento do outro signi· um texto. Atendeu prontamente e já
Salim já não tinha dúvidas: laram-se" no Rio por 15 anos e desde ficado da palavra troleta. Se estão se esquecia do pedido quando recebeu
- Quero ser leitor e escritor. a arristia política de fins de 1979 estão se dando bem e o mascateor dá uma carta do jornalista e historiador
- Espero que consigas - respon- de volta à cidade, onde continuam a certo, vão deixar de ser trouxas, Carlos Reverbel, agradecendo a cola-
deu o velho, passando-lhe a mão na exercer o papel de gurus intelectuais, não demora adquirem 11m cavalo, boração. Oenrro do envelope havia
cabeça. cada um a seu modo - Salim na li- uma carrocinha, depois podem ter um cheque. Salim guarda a carta até
Não demorou muito, Salim passou nha de frente, Eglê mais na retaguar- uma vendola. wn anna:.ém, loja de hoje. Ela o aj udou a conseguir seu pri-
a ler para o cego João Mendes, livrei- da, como um típico casal fOlmado há tecidos, quem sabe lima fabrique- meiro emprego de carteira assinada,
ro e poeta em Biguaçu. Foi assim que mais de 50 anos. UI; bem poucos enriquecem, mas em 1952, como redator do "Diário da
aprendeu a gostar de Eça de Queiroz e Fazendo rraduções e revisões para as novas gerações acabam por es- Manhã", de Florianópolis. Pouco de-
Machado de Assis. Muitos anos de- ajudar no orçamento doméstico, Eglê quecer os saCrifícios dos pais, dos pois ele e Eglê se casaram.
pois, lendo "A História da Leitura", descuidou da própria carreira. Publi- que nilo tiveram Tlasib, some a vez O golpe militar de 31 de março de
do argentino Alberto Manguei, hoje cou um li vro de poemas, ourro sobre dos perdedores, dos tarragada que 1964 deu novo rumo às vidas de Sa-
professor no Canadá, literatura infanto-juve- Miguel: 'Jamais ganhei nada de direitos autorais" não deram certo. dos fakir, os po- lim e Eglê. Ele foi preso dia 2 de abril
soube que na adoles- Em "Nur na nil e urna dissertação bres, e o que fica. para os que es- e ficou relido por 48 dias no quartel
cência, durante cerca de Escuridão" , de mesrrado sobre a di- Lembra que os "turcos" apareceram (pronuncia-se "Fló-rrance", tüo quere'ido se aventurar; é a fa- da PoUcia Militar, ao lado de 60 ou-
dois anos, ele ganhava ficuldade de produzir como figurantes em obras de autores diz ela, com um sotaque baia- ma dos raros que fizeram foramo rras pessoas. No dia 5, leve rescindido
"uns trocados" para ler premiado como cinema no Brasil (ba- consagrados como Jorge Amado e no-parisiense) . Começam a na boa terra, animando outros pa- o conrrato de rrabalho na assessoria de
para o escritor argentino romance, autor seou-se em "Fogo Mário Palmério. Segundo Salim, conversar e, daí a pouco, Salim ra que se aventurem, pois se a der- imprensa do governador Celso Ra-
Jorge Luis Borges, au- Morto", dirigido por "Nur" é o primeiro livro em que os mascateia com gosto suas lem- rota se mantinha esqui\'G, a vit6ria mos. Manteve-se, porém, no seu ou-
tor de "História Univer- conta a saga da Marcos Farias). "Pre- imigrantes árabes aparecem como branças. Sua prosa oral não in- era trombeteada. " (De "Nur ,iO rro emprego, como redator da Agên-
sal da Inf"amia". Modes- familia Miguel guiçosa", não teve al- personagens cenrrais. Os 6 milhões de clui os rrês anos vividos no Lf- Escuridão") • cia Nacional, que produzia notícias
to, mas sempre crftico, ternativa senão se dedi- descendentes de libaneses existentes bano. Suas referências geográ- sobre o governo federal. Em 1965,
Salim Miguel não se furta de um co- car aos cinco filhos enquanto o ma- no Brasil são uma remota esperança ficas básicas são Biguaçu, para livrá-lo das perseguições na pro-
mentário perverso: "Cada escritor tem rido ganhava a vida como jornalista para Salim. "Sempre vivi da palavra. Florianópolis e o Rio de Janeiro. primeiro longa-merragem do Estado, vIncia, o escritor Adonias Filho, o di-
o cego que merece." Reconhece, p0- profissional. Escritor compulsivo, ele Jamais ganhei nada de direitos auto- Escreve desde a adolescência, imi- "O Preço da Ilusão", com argumento retor da AN, rransferiu-o para o Rio.
rém, a exrrema dedicação da compa- publicou uma dezena de livros de rais." "Nur" está na segunda edição. tando os autores que lia, de Jo. é de de Eglê Malheiros e Salim Miguel e Um dos presos em Florianópolis
nheira, que "deixa de escrever para ler contos, mas só adquiriu renome na- Com 50 anos de vida literária - Alencar a Schopenhauer. Tinha talvez direção de Ni\ton Nascimento, que era um agiota muito atuante em São
para núm", cional em 1999, quando seu livro seu primeiro livro, "Velhice e Ourro 19 anos quando se mudou de Biguaçu mantém uma produtora de cinema até Joaquim, a cidade mais fria do Esta-
Eglê Malheiros era professora ''Nur na Escuridão" (editora Topbo- Contos", foi lançado em 1951 -, Sa- para Florianópolis, acompanhando a hoje em São Paulo. do. Toda vez que um oficial da PM
quando foi presa em 1964 por perten- oks) recebeu da Associação Paulista lim vive um momento muito especiaL famOia. Ajudava o pai no comércio e O filme conta a história de uma aparecia nl> .xadrez, o pobre homem
cer ao Partido Comunista Brasileiro. de Críticos de Arte o prêmio de me- Seu prestígio nos círculos de esquerda estudava o curso clássico. mas seu afã m'IÇa que vende votos para ser a Rai- se punha a chorar e pedia: "Me solta.
Liberada, ficou em prisão domiciliar, lhor romance do ano. Eglê aj udou na rransborda para ourras camadas da era a literatura. Desde os tempos em nha do Verão e de um garoto que an- por ..favor, eu não tenho nada a ver
vigiada pelo Dops e pelos quarro fi- revisão e aparece na dedicatória, "ain_ população. Aposentado que lia para o cego de garia donativos para montar um boi- com essa agitação. Estou aqui por
lhos pequenos, que não a deixavam da-sempre". como diretor da Editora Miguel e Eglê Biguaçu a busca por de-mamão, grupo folclórico em Flo- maldade dos meus credores. Eu não
sair à rua, temerosos de que ela fosse Premiado como romance, "N ur" é da Universidade Fede- agitaram a vida novas leituras o trans- rianópolis. As duas histórias correm sou agitador, sou agiota!'"
fazer companhia ao pai, encarcerado um livro de memórias. Conta a saga ral de Santa Catarina formara numa espécie paralelas e se encontram na ponte Esta e ourras histórias estão conta-
por subversão, palavra colocada na brasileira da farnilia Miguel, que che- (UFSC), tem recebido cultural da de mercador de livros, a Hercflio Luz, onde a rragédia se con- das direta ou indiretamente nos 18 li-
moda naq uele outono. gou do Líbano em 1927. Salim, nas- convites para palesrras. capital serviço de pessoas que swna, misturando o neo-realismo ita- vros de Salim Miguel, a maioria de
Salim não era do partido, mas tinha cido em 1924, era o primogênito de Na semana passada, fa- lhe delegavam a tarefa liano e o expressionismo alemão. O contos. Apesar de ser um escritor só
lou sobre literatura ca- catarinense nos de encomendar obras filme esrreou em noite de gala diante conhecido regionalrnen., até o lança-
fama de comunista. Quem pagou o urna penca de sete. O pai, ex-profes-
pato foi o novo dono da Livraria Ani- sor no Líbano, rnascateou algum tem- tarinense para duas de- anos 40, 50 e 60 não disponíveis no Es- das principais autoridades estaduais e mento de "Nur", Salim recebeu rese-
ta Garibaldi, conhecida como "a livra- po antes de se estabelecer com uma zenas de pessoas no tado. Em sociedade fez breve carreira, sem conseguir re- nhas elogiosas de figuras notáveis da
ria do Salim", seu fundador e sócio venda em Biguaçu. A matéria-prima Núcleo de Estudos da Terceira Idade com dois amigos, na década de 50, munerar as cotas vendidas no comér- critica literária brasileira como Fausto
até 1959. No dia 8 de abril de 1964, a de "Nur" (luz, em árabe) são as lem- da UFSC. Em agosto participará de acabou montando a Livraria Anila cio local. Dele restam dez minutos na Cunha e Hélio Pólvora. Agora com
livraria, situada no centro de floria- branças do autor mescladas às memó- um encontro de escritores em Passo Garibaldi, logo rransformada num cinemateca da UFSC e a trilha sonora tempo para planejar novos vôos, ele
nópolis, foi invadida e depredada por rias paternas, estas escritas à mão, na Fundo (RS). ponto de enconrros, agilações e con- completa, que mosrra a rique"" mu- se prepara para lançar "Eu e as Cor-
um grupo de "revolucionários" lide- língua natal, no caderno "Minha Vi- Acompanhado por Eglê, ele recebe trovérsias. Ali se reuniam os mem- sicai de Florianópolis. ruíras", o livro de crônie,.as e outros
rados por um professor. Os livros fo- da", relíquia familiar. duas moças que desejam conhecer o bros do grupo cultural que editou a re- Numa época em que circulavam escritos com que comemóra seus 50
ram queimados na esquina da rua Salim Miguel não é o primeiro des- "Graciliano Ramos catarinense". A lí- vista literária "Sul" por dez anos, mais de 40 revistas literárias no Bra- anos de vida literária. Nele está incluí-
Conselheiro Mafra com a praça XV cendente de libaneses a figurar na li- der da dupla tem 20_anos, estuda jor· montou "O Muro", de Sartre, sob a sil, a "Sul" fez sua parte em Santa Ca- da a crônica "Um Fantasma Reniten-
de Novembro. Enrre as obras conde- teratura brasileira. Ele cita ourros co- nalismo e morou na Europa com a direção de Ody Fraga (que acabou tarina. Além de editar mais de 20 li- te", na qual conta como não consegue
nadas à fogueira, figurava "A Capi- mo Raduan Nassar, Milton Hatoum, mãe exilada, amiga do escntor desde produzindo filmes pomô na Boca do vros, entre eles os dois primeiros de se livrar da perseguição do ftIme "O
tal", de Eça de Queiroz, confundido João A1mansur Haddad e Bety Milan. os tempos do Rio. Chama-se Florenpe Lixo, em São Paulo), e produziu O Guido Wilmar Sassi, lageano que vi- Preço da Dusão". •

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033 - FRANCALACCI , Patrícia . Sal im Miguel e seu Nur na Escuridão. O Estado. Florianópolis, 22 abro2000.Magazine, p. 3.

e seu ur ~
escu
Marco CezarlOE
prediletas?
SM - Machado de Assis (Dom Casmurro), G radlian u Ramos (São
"
escritor mistura realidade eficção Bernardo), Mário de Andrade (Macunaima) , C arlo, D rllmo nd de
Andrade, Eça de Qlleiróz.
narrando a imigracão de sua aE - E estrangeiros?
SM - Tchecov, Cervantes, Tho mas Ma nn - que releio co m fre-
famüia do Líbano para o Brasil, dando quência, Daniel Perec (Vida, Modo d e Usa r) e Joyce (U lisses), enrre
muitos OUtrOS, como As Mil e Uma N oites, que intluenciaram ba,s..
ênfase a Biguaçu tante no meu processo de criação.
I
Patrlcin Francalacci
I aE - Qual a parte do livro que te emocionou mais ao escrever?
SM - Sem dúvida foi a mOrte de meus f.1miliares e principalmente
a de meu pai. "O pai estende a mão, como em câmara lenta, mão fria,
"No dia 18 de maio de 1927, três libaneses na faixa dos 20 anos e
três crianças ~ o mais velho com três anos, a caçula com cinco meses - enregelada, pega na do filho, as duas mãos juntas, faz novo movimen·
desembarcam no cais do pOrto do Rio de Janeiro. É noite, eles ouvem- to, que o filho aproxime a cabeça, baixe.a ma is, mais, mais, até quase
risos e imprecações, gritos e perguntas em inglês. francês, espanhol, as cabeças se tocarem, o filho compreendeu, aproxima o ouvido da
italiano, alemão - e nenhuma voz em árabe. Sem ninguém para Tece- • • boca do pai, e as palavras, com um bafio de mo rte, vão saindo, sílaba,
bê-Ios no pais desconhecido, se afligem, não sabem a quem recorrer, pausa, silaba, pausa, até formarem a frase qu e sempre se fixaria, de
mas um motorista de táxi aproxima-se fazendo gestos. Mostram-lhe
um endereço anotado; esti escuro, o brasileiro não consegue ler, risca
um fósforo e diz: "luz". A chama se apagai ele acende outro palito e
- •
forma indelével, na mente do filho, e que fo ram as derradeira." que o
pai pronunciou com coerência: ibn, hahib , ~ o ciclll da vid a, O que
querias, o que queriam você, po r All ah , qu e eu ficasse para semente,
com ênfase repete o mesmo, letra por letra, I,u,z, antes de mais um luz
.. e só ai o pai entende a palavra que jamais esqueceria e lhe abre as
, , , dahaba, partir, está na hora, chego u a hora, demo rei demi as para ir ao
encontro da Tamina. do Samir, da Fádua .. .", assim está descrito, no
pOrtas do novo mundo. Abana a cabeça. O motorista volta a sorrir:
luz. O pai tambélT\: luz. Nur"
NU R último capítu lo do livro, o trech o co m as últimas palavras q ue Salim
escutou do pai.
Assim começa Nur na Escuridão (Topbooks, 1999, 258 pg.), do
escritor catarinense Salim Miguel, o filho mais velho de Youssef ~ que *Salim Miguel nasceu em Kfarssouroun , no Lí bano e depo is da
tinha apenas três anos no dese mbarque tumultuado da praça Mauá, curta temporada em Magé (RJ), viveu dos ci nco aos 19 anos em
o nde narra a saga da família que veio do interior do Líbano e se esta~
beleceu em Santa Cata rina. A história ~ que foi lançada em novembro
do ano passado e no dia 28 de março deste ano ganhou o prêmio de
Ficção é um processo que não tem
melhor romance de 1999, pela Associacão Paulista de Críticos de Arte
• começa e termina em fins dos anos 70, início dos 80. O núcleo cen·
nada a ver com a vontade dQ
Salim Miguel começou a escrever o livro em 1981 efinalizou" em 98 ,
trai esti. localizado entre 1920 e 1950 e a trama é montada como um
jogo de armar: compo rta labirintos, deslocamentos no tempo, idas e
escritor. E a história que te procura
aE - Quando começou o seu interesse por üteratura?
vindas, dúvidas e certezas, retificações e ratificações. Confira abaixo a
entrevista ao Jo rnal O Estado concedida na última semana, onde o
SM - Assim que aprendi a ler gostava de folhear jornais velhos,
revistas, almanaques, bulas de remédio e de freqüentar bibliotecas.
e os personagens cria", vida
auto r explica quando co meçou a escrever o livro e a construir a nar· Aos 10 anos tornei-me amigo de um poeta cego livreiro de Biguaçu -
rativa. João Mendes· que me cedia livros. Ele gostava muito de ler e como
Biguaçu, que já serviu de cenári o para alguns de seus livros, e se con~
• não podia, pedia·me para ler os livros em voz alta, 4 a 6 horas por dia .
aE - Como surgiu a idéia de escrever o livro? Quanto tempo levou sidera um líbano-biguaçuense. E fo i lá qu e Salim ~ já então um dos
Foi nesta época que tive os primeiros contatos com a obra de
para finaliR~o? lid eres do Grupo Sul, movimento artístico-cultu ra l que agitou Santa
Machado de Assis, Eça de Queiróz, José Lins do Rego, C ruz e Sousa
Cata rina nas décadas de 40 e 50 · estreou na literatura, em 1951, com
e Chopenhauer. Aos 12 anos, adorava ficar contando histórias para a
Salim Miguel. Comecei a pensar em escrever o livro logo depois Velhice e outros contos.
criançada em frente à minha casa em Biguaçu e com 16 para 17 anos
do falecimento de meu pai, em 1981. Pensei em fazer o balanço de Jornalista - entre outros velculos trabalhou no Jo rnal O Estado por
escrevi minha primeira crônica, falando sobre a importância do rio
uma vida. E não só o retrato da imigração libanense para o Brasil, mas muitos anos· escritor e critico literário há 50 anos, Salim estava em
Biguaçu.
o retrato de outros imigrantes. Porque todos passam pelas mesmas sua sala de trabalho na Agência Nacio nal de Florianó po lis, no dia 2
dificuldades que minha família passou: Ter que fazer o translado de de abril de 1964, quando fo i "detido para averiguações". Depois de
aE - Poderia expücar como surgem as idéias para se escrever uma passar 48 dias preso ~ experiência que 30 anos mais tarde tra nsfo mrou
um país para o OUtTO, se acostumar à ou tra cultura ... Mas não é um h istória de 6.cyio?
romance histórico não. Há vários fatos com invenção. São coisas que no livro Primeiro de Abril:Narrativas na cadela· mudou-se pa ra o Ri o
SM - É um processo que tem e não tem haver com a vontade do
poderiam ter acontecido misturadas à realidade. de Janeiro, onde viveu 15 anos fazendo livro::. e escrevendo em jornais.
escritor. É a histó ria qu e te procura. Um exemplo é Velhice e OutrDS
As primeiras anotações foram feitas em 1981. Depois parei por um Foi um dos editores da revista literária ca rioca Ficção (1976- 1979).
Contos, publicado em 1951. Na época estava desempregado e fui con-
tempo e continuei a partir de 1990,91 até 93, quando surgiu a 6- ver· Em 1957 escreveu com a mulher Eglê Malheiros, o argu mento e
são. Depois disso publiquei outros três livros e foi somente em 1997 e roteiro do primeiro longa metragem realizado em Santa Catarina · O
98 que finalizei a obra. preço da ilusão · e no perfodo em que mo rou no Rio, assinou , com
Amm que aprendi a ler gostava de Eglê e Marcos Farias, a adaptação e ro teiro ci nem atügr.ihco do co nto
aE - Como é a narrativa? Expüque melhor estas indas e vindas. 'IA Cartomante", de Machado de Assis, e do ro mance Fogo mo rto, de
SM - A narrativa é feita em falsa terceira pessoa. Digo isto porque
folhear jornais velhos, revistas, JOSé Lins do Rego. Dirigiu a Editora da U niversidade Fed eral de Santa
os diálogos não são convencionais, com travessão, po r exemplo. São Catarina (1983·1991) e a Fundação de C ultura d e Flo rianó pol is (1993-
baseados em lembranças que tenho de toda uma vida e em relatos de
almanaques, bulas de remédio e de 1996). Com Nur na escuridãO, Salim Miguel torali za 18 livros publi-
r~rll"lC:
fumiliârês, quê mê a
âjuctârãm esclarece r diversas co isas, além clt;! ullla jtequeTlUlT q,(JfWte~
autobiografia anotada por meu pai. Dentro do texto não há conversas
e sim a essência das conversas.Tudo isto além das partes de ficção.
Quanto às tndas e vindas do livro posso esclarecer melhor: O tra ta ·
primeiro capítulo é descrito como uma ce na de cinema, relatando a do para trabalhar no Senso, o nde tive contatO com v.irias familias e
chegada da família. Do 2° até o 26° acontece tod a a trajetória da entrevistei algumas delas. Este livro traz 8 estórias, três delas a respeito
familia desde o abrigo em MaflÓ até a vida em Biguaçw De MaflÓ para de três das famílias . As o utras são contos. Se não fosse o trabalho no
Florianópolis, de Florianópolis para São Pedro de Alcântara, • o nde Senso, não teria escrito o livro.
nasceu meu quarto irmão, o primeiro brasileiro da família; de são Outro fato é que alguns personagens sempre me acompanham em
Pedro de Alcântara para Alto Biguaçu e, finalmente, Biguaçu . um minhas histórias e acabam criando vida própria, como é o caso do
microcosmo que reflete um macrocosmo. livreiro João Mendes o u como o Ti Adão, um preto velho} também de
No capitulo 27 ~ fios· são descritas cenas da vida da família, em Biguaçu. A escolha destes perfis, entre tantos ourros, pode parecer

fios de memória. O capítulo 28 traz figuras que me marcaram em aleatória. Tem e não tem explicação lógica. Por que logo eles, num Satm. MigueL
, universo tão amplo? Por um estranho processo de composição, até
Biguaçu. personagens que estão em vários dos meus livros. No 29° as
mortes da famllia e n0300 ~ Sementes ~ as palavras de meu pai antes de mesmo inexplicável, que foge ao controle, estes se impuseram.
morrer, falando do ciclo da vida, das sementes que deixou. Embo ra no decorrer da história apareçam e transmitam seus recados,
não se deram por satisfeitos. Exigiram mais espaço. Enfim, todos estes
aE -a que representa esta obra em sua vida? personagens são retrabalhados. Eles adquirem vida própria.
O Ti Adão era um preto velho que sentaya num caixão de sabão e
SM _ Este livro se confunde co m a minha vida e me acompanha
ficava contando histó rias que eu ouvia, re~\emorando fatos sobre a
Na EJcuri()izo
desde que nasci. Há fragmentos desta obra em quase todas as o utras
escravidão, a lei áurea, os navios negreiros atopetad os, gentes mor·
............................ ..........
que escrevi. 4RO,\\\ NCf.M-
rendo durante a viagem, a libertação dos escravas pela princesa Isabel,
a proclamação da República. Ti Adão tinha um método só dele.
Podia, por exemplo, interro mper um causo hoje e retomá-lo dias
Este livro se confunde com a depois, intercalando com outro , o u nunca mais retomá·lo

minha vida e me acompanha aE _Se vod fosse escrever algum artigo em homenagem aos 500
anos do Brasil, que ponto abordaria? .
desde que nasci. Mas náo é um SM _ Faria um resgate destes últimos 500 anos, e daria ênfase a
coisas que não estão sendo lembradas nas comemoraçôes, como o
romance histórico massacre dos índios, por exemplo. Nada disto está sendo abrodado.
aE _ Poderia citar alguns de seus aulllres e obras brasileiras

• •

UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL


034 - TALENTO NOSSO. [5.1.1, [5.dJ.

Salim Miguel

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Escritor catarinense Salim Miguel recebe o Prêmio Melhor Romance


de 1999, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, por
seu livro "Nur na Escuridão". Confira entrevista na página 3.

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035 - SANCHES NETO, Miguel. Um atávico desejo de linguagem . Gazeta do Povo. Curitiba , 02 oul. 2000.p. 8.

MIGUEL S ANCHES NETO


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/ .
a av~co
um universo pelo outro, nascida, pro-
UM GRANDE romance é antes de
tudo uma experiência existencial, na
Em segunda edição, o romance pouco divulgado de Salim vavelmente, desta latitude no limite
de dois idiomas, marca de toda a vas-
qual o leitor vive no outro um confron-
to com a diversidade, experimentan- Miguel mostra que a boa literatura é auto-suficiente ta faixa de imigrantes árabes. Salim
Miguel tirou desta mistura, vista na
do-se em vidas alheias que, numa maioria da vezes de forma cancatu-
mágica, passa a ser próxima. Quando
. .
este livro é fundado nas VIvenClas - resca, a estrutura de seu romance e a
própria força humana de um povo obs-
mitificadas do autor e não em truques tinado na luta pela conquista de uma,
narrativos ou de marketing, esta pro- condição social melhor num meio
jeção no outro é mais completa e fru- adverso.
tuosa. Salim Miguel, ao publicar o seu O fundo histórico do romance será
mais importante ~vro, Nur, na escuri- justamente o relato desta luta para se
dão (Topbooks, 2 edição, 2000) nos estabelecer no Brasil, mais precisa-
leva a viver numa fronteira de identi- mente em Santa Catarina. O narrador
dade, numa família libanesa vinda acompanha todos os passos deste tra.
para um país que, apesar de sua luz jeto humano' marcado por preconcei-
tropical, era uma escuridão de hábi- tos e por dificuldades, impondo à figu-
tos e de linguagem para o povo de ra paterna uma dimensão de alegre
Youssef, desembarcado no Rio de herói da sobrevivência e da adapta-
Janeiro sem saber nada da língua da ção, sempre disposto a viver com
nova pátria. tranqüilidade a sua sina e sua saga de
O primeiro grande evento deste desterritorializado. O romance, por-
patriarca é a descoberta da palavra tanto, também pode ser lido como
que traduziria o país de forma indelé- súmula da imigração árabe por dar
vel na memória de seus filhos. Ainda visibilidade a uma etnia pouco presen-
na saída do porto ele pronuncia a te em nossa cultura.
palavra árabe nur, chegando à sua Uma de suas páginas antológicas é
correspondente na nova lingua: "O pai a da vQlta da cachorrinha Taira, outro
não entende o que o motorista quer símbolo do primado do passado que
dizer, em vão o homem repete mais caracteriza esta obra. Depois de
alto , mais alto, luz. Luz. E faz uma. mudar de Biguaçu para Florianópolis,
careta, coça a cabeça, abre um som- onde deixou a cachorra, depois de ter
so que lhe revela os dentes perfeitos, perdido a companheira, Youssef rece-
puxa do bolso uma caixa de fósforos be a inesperada visita da cachornnha
(a mãe murmura lagur). tira um pali- já morta. Embora seja uma outra,
to, acende, repete indicando a trêmu- mais nova um pouco, ela reaparece
la chama que logo se extingue, luz, como a própria Taira, afeiçoando-se
rápido, acende outro palito, com ênfa- de imediato ao pai do narrador, que a
se, repete o mesmo, letra por let!a ê I, interpreta como a volta do que ficou
u z antes de mais um LUZ - e so al o
I • • • preso nas trevas: "é o passado que
pai entende a palavra que jamals retoma, que ressurge, que nos invade,
esqueceria e lhe abre as portas
••• 1. ~
do
n. __ < _
__ ... . . Tanina, esti-.
bom se .a .mãe, a mulher,
novo mundo. Abana a cabeça. O moto- bom se a mãe, a mulher, Tanina, esti-
rista volta a sorrir: a luz. O pai tam- vesse aqui, também retornas-
bém: luz. Nur" (p.2S). Este episódio é se .. ."(p.107). É este o papel que o nar-
de uma beleza comovente tanto pelos rador
. assume, o de fazer com. que as
recursos narrativos usados pelo autor, COlsas reapareçam e VIvam com
quanto por sua simbologia dentro da espessura de línguagem numa narra-
semântica do livro. A descoberta des- tiva do retorno. O passado é como o
ta palavra axial é um novo gênese, o canivete do tio do narrador (um obje-
começo do mundo bíblico p~ra os imi- dão, Salim Migu~l mantém acesa a mas obra de um grupo maior, ao qual uma trajetória tribal. Esta presença to tão ligado a quem o possuía a pon-
grantes que aqui chegam. E ofial lux luz da memória. E com esta lâmpada o narrador pertence e para o qual fun- de uma história dentro da outra vai to de se tornar metonímia dele), que
original, impondo aos seres primeiros seletiva que ele percorre um tempo ciona como porta-voz. ter correspondência na própria mistu· ficou desaparecido por muito tempo,
de uma nova descendência o caminho perdido, pleno das trevas do esqueci- Se não se sente isolado em uma ra de português e árabe, marca regis- sendo encontrado apenas após sua
do entendimento. mento, para traçar um caminho lumi- situação narrativa idiossincratica- trada da personalidade do patriarca morte: "O mágico reencontro numa _
Num nível mais narrativo, podemos noso de recuperação de imagens. mente sua, ele se abre para que o que foi magistralmente percebida por reentrância de parede nos fundos da
ainda encontrar nesta passagem o Nascido no Líbano, o autor/narra- alheio o povoe, não apenas como ima- Salim Miguel: "Até o fim da vida iriam casa. Era como se o tio tivesse renas-
próprio antagonismo de forças que dor (por si só uma entidade posta no gens e palavras herdadas, mas como ter dificuldades com algumas pala- cido"(p.242).
caracteriza o romance - um romance entre-dois) é um intermediário entre parte ativa do texto. Este, inclusive, é vras, bresente, borcaria, barrato, mis- Todo este romance, que é extrema-
que oscila entre a autobiografia e a mundos e línguas extremadas pela um recurso romanesco extremamente turando expressões portuguesas com mente memorialístico sem perder a
ficção, que é hoje uma das mais visí- distância e pela diferença. Se o pai ousado no livro. Somando-se à voz do árabe, jura bra freguês, maksut, saiam sua identidade ficcional, funciona no
veis radicalizações da arte de narrar. permanecerá sempre na divisa entre narrador, há a de Youssef, que se faz pra você, algumas vezes a mistura sentido de fazer renascer um mundo e
Já no título, fica cifrada a oposição as duas línguas e os dois mundos, o presente no discurso do filho, tendo nem era na frase, mas na própria uma gente que ficaram no escuro, não
entre a luz (grafada em árabe) e a narrador conquistará a nova pátria, parte de sua autobiografia Minha palavra, baisa em lugar de casa, mis- obstante toda a sua perdida luminosi-
escuridão. Ou seja: luz e sombra tornando·se escritor, ou seja um patri- vida, escrita originalmente em• árabe, tura de bai! e casa, em outras inter· dade. Melhor romance catarinense de
representadas pela língua desconheci- mônio cultural dela. E é significativo transcrita no corpo do texto. E, mais rompem o que iam dizer em busca de todos os tempos, um dos grandes
da e pela conhecida. E nesta conjun- que seu grande livro seja o que trata uma vez, a idéia de interseção do um termo exato - ou um correspon- livros contemporâneos, Nur, na escuri-
ção de contrários que encontramos justamente desta transcendência da outro no próprio, que pode ser defmi· dente, deslembrado o português e dão revela a força revivescente de um
não apenas o eixo do romance como saga familiar, revelando assim a do como o grande elemento identifica- esquecido o árabe"(p. 71). escritor que soube dar forma e como-
também a sua poética narrativa. potência de uma literatura que não é dor de Nur, na eSCuridão, uma obra A base de todo o romance é esta ção ao desejo de linguagem de seus
Contra o passado visto como escuri- apenas reflexo de um eu restritivo, que se quer como condensação de idéia da mistura, da contaminação de antepassados.

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036 _ MILLEN , Manya; ROLLEMBERG, Marcelo. A luz da terra estrangeira. O Globo. Rio de Janeiro. 25 dez. 1999. Prosa & Verso, p.6.

Salim Miguel transforma a trajetória de sua família em romance e é premiado pela APCÂ.
Leonardo Aversa
Mànya Millen
enredo já estava pronto desde o dia 18 de
maio de 1927 quando, por armadilhas do
destino, uma família de libaneses apor-
tou no Rio de Janeiro sem saber uma pa-
lavra de português. Igual a tantas outras
famílias de imigrantes, ela começou ali a
escrever sua história numa nova língua.
"Luz" - "nu r", em ârabe - foi a primeira
palavra registrada e entendida pelo patriarca Yussef (reba-
tizado José em solo brasileiro) e foi como se ela de fato
tivesse iluminado, dali em diante, os caminhos de sua gen-
te naquela terra estrangeira, tanto que nunca deixou de
lembrar essa história aos filhos. Um deles é o jornalista e
escritor Salim Miguel, que chegou naquele mesmo navio,
aos três anos de idade, com os pais e tios, e só muito mais
tarde decidiu dar contornos literários à trajetória da sua
família. O resultado do mergulho de Salim no seu passado
é "Nur na escuridão", recém-lançado pela Topbooks, e O
longo tempo de amadurecimento do livro - que começou
a ser escrito em 1981, sob o impacto da morte do pai, e foi
reescrito seis vezes - valeu a pena: ele acaba de ser pre-
miado como o melhor romance do ano pela Associação
Paulista dos Críticos de Arte (APCA).
Trabalhando fatos acontecidos com pitadas de ficção -
o único capítulo totalmente calcado na realidade é o últi-
mo, justamente o que descreve a morte do pai de Salim e
talvez o mais emocionante - o autor teve que lidar 'com
seus próprios fantasmas .
- Havia episódios em que eu tinha que parar e respirar,
porque eram coisas muito fortes que vinham à memória, co-
mo a morte de meu irmão caçula às vésperas do Natal -
conta Salim, que começou a rabiscar seus primeiros contos
(devidamente rasgados) aos 10, 12 anos de idade e hoje, aos
75, é autor de 18 Ululos entre contos, romances e novela.-
Foi o meu livro mais difícil de escrever. Mas narrar as mortes
da famma funcionou como uma espécie de catarse.
"Nur na escuridão" é um romance circular, onde os per-
sonagens vão e voltam no tempo diversas vezes, entre as
décadas de 20 e 80, dando a oportunidade ao leitor de mas-
tigar e reinventar sua própria história.
, - Acho que o autor escreve e o leitor reescreve um livro
- afirma Salim que, nos anos 40 e 50, em Florianópolis,
onde mora até hOje, criou e dirigiu a revista de literatura SALIM MIGUEL, que nasceu no Líbano e cresceu no Brasil: emoção e catarse ao narrar vida e mortes em sua famllia de imigrantes
"Sul" e, nos anos 70, quando morava no Rio para fugir de
perseguições políticas em sua terra, foi um dos fundadores
e editores da revista "Ficção", que lançou diversos autores
nacionais e tornou-se um marco na ãrea. 'Nur' recupera uma história ainda -por contar==-- •

Vidas marcadas pelo destino Texto envolve o leitor pela emoção e pela visão do mundo a partir do olhar 'estrangeiro'
Em "Nur" o leitor vai acompanhando, como lembra o es-
critor, uma história marcada por diversos maktub ("estava dita por um motorista de táxi. Foi o suficiente para acred""
escrito", em árabe, língua da qual, aliás, Salim confessa só Nur na escuridão, de Salim Miguel. que tudo daria certo. Como, de fato, deu.
saber palavrões), entre eles o desvio acidental de rota. A Editora Topbooks, 258 páginas. RS 25 É justamente Yussef, ou "seu José", como passou a
família de Yussef/José saiu da pequena cidade interiorana Marcelo Rollemberg chamado no Brasil o pai de Salim Miguel, o fio cOlldu
de Klarssouroun, no Líbano, com destino aos Estados Uni- dessa história autobiográfica com tantas idas e vlnOas
dos. Mas roubados por um patrício na parada em Marse- população de descendentes de libaneses no Brasil ele quem dá o tom e é a partir dele que se desenrola __....
lha, foram obrigados a esperar pelo dinheiro enviado pelos
parentes nos EUA. Com ele, pagaram a pensão e pegaram O
primeiro navio que zarpava. Só que ele não ia para a Amé-
passa dos seis milhões de pessoas, um número se-
melhante aos habitantes do próprio Líbano. Essa
de filhos, netos e bisnetos de emigrantes
a lembrança do autor.
O Brasil através de um rádio de pilha
'
- I

rica do Norte, e sim para a tropical América do Sul, espe- que salram lá do outro lado do mundo e vieram fazer a vida O grande mérito de Salim Miguel nesse seu romanc:
cificamente para o Rio. Yussef, por sorte, já tinha uma irmã em um novo país, no entanto, não foi o suficiente para pro- envolver o leitor de duas formas aparentemente
morando em Magé. De lá eles cruzaram o pais para fincar duzir uma bibliografia consistente a respeito de um povo mas que se intercomunicam: uma, narrar, sem
raízes na pequena Biguaçu, perto de Florianópolis, onde o que largou para trás tudo o que tinha e decidiu construir mas com as doses certas de emoção, a cor
pai decidira tentar uma nova vida. uma nova história em terras e costumes estranhos. É até vida nova em um lugar tão diferente. A outra é contar
- Como todo árabe, libanês, ele também começou mas- irônico, ao se levar em consideração a bela tradição de pouco da história recente do Brasil e até mesmo do mu".!!~
cateando, embora não gostasse dessa vida, e foi tentar me- contadores de histórias do mundo árabe, uma tradição que a partir de uma ótica diferenciada, "estrangeira", se o tE:
lhorá-Ia em Biguaçu, onde ficou - conta Salim. - Ele lia as talvez tenha encontrado, nesse século, Khalil Gibran como mo for permitido, e vista de longe do foco dos acontui
cartas dos patrícios que enriqueceram para valer, mas nun- seu maior expoente. Afinal, a saga dos libaneses que apor- mentos, observada do interior de Santa Catarina.
ca deixou de ser um comerciante malsucedido. "Nu r" é o taram no Brasil é vasta, tratando desde mascates até po- Afinal, "seu José" tinha como amigo mais fiel um radir:
retrato de pessoas que não se realizaram economicamen- derosos donos de bancos, e merece ser bem registrada. de pilha que lhe dava todas as informações necessária
te, mas que nunca pensaram em sair do país. O romance do jornalista e escritor Salim Miguel, "Nur na que ajudou a todos da famma a se sentirem mais brasi=:
Por isso o Brasil é também personagem de "Nur". Ele é vis- escuridão", cuida de recuperar um pouco dessa história ain- ros. E essa mutação de libaneses em
to através dos olhos dessa família, que presencia episódios da não totalmente contada. E quem melhor do que o autor ses", como gosta de repetir o autor, que faz o romance
como a Intentona Comunista e o Brasil na Segunda Guerra. para fazer isso? Filho de libaneses, ele chegou ao Rio ainda agradável quanto importante. Por que uma coisa é ter n a
- É tudo filtrado pela história dessas pessoas e por isso criança, com pais e alguns parentes, sem saber ao certo o cid o em um pais. Outra, talvez até mais séria, é adotar u~
o suicidio de Getúlio Vargas, por exemplo, é minimizado, já que fazer da vida, mas indo em frente - de resto, a mesma nova terra como opção e passar a se sentir parte dela.1II:ij;
que os acontecimentos familiares são mais fortes e é isso disposição que marcou todos seus patrícios que empreen- final das contas, é essa a grande lição do velho Yussef/JE
que fica. Acho que somos aquilo que a infância nos faz. Sou deram o mesmo caminho do Oriente Médio até os trópicos e sua famma. _
um líbano-biguaçuense e se minha família não foi exitosa distantes. A primeira palavra que o velho Yussef, o patriarca
financeiramente, deixou uma herança cultural enorme. _ da famma, aprendeu foi "luz" ainda no cais da Praça Mauá, MARCELLO ROLLEMBERG ê jornalista e escritor

, "-
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
037 - SANTOS, SilYloCoelho dos. Um Lrvromutoespedal. O Estado . Flonaoópois, 24 lev. 2000.

Um livro muito especial


Sílvio Coelho dos Santos que o au tor utilizH para narrar as memórias do pai
Professo r Emérito. UFSC e as suas próprias. A linearidade da narrativa tem
como eixo as diversas mudanças da famflia; o
Nur, na escuri dão, de Salim Miguel, foi esco- nascimento e crescimento dos filhos; a co mpetên-
lhido como o melhor romance de 1999, pela Asso- cia do pai para se tomar um bom sociali zado r de
ciação Paulista de Críticos de Arte. Uma grata e info nnações, apesar dos insucessos econômicos: a
I merecida suroresa.
, ,
Salim é um veterano.da, lilera- ), cpp,ilc;dade dà,f~JlJi ~ e1.1' s" ~d@tll.r a djferen tes
lUra e do jornalismo. tendo iQúmeros livrQ~ publi- r amblenfes cuhufals,'Superando o'preconcelto étnI-
cados, e ntre eles A mort e do tenente e outras co; a luta de todos para garan tir a sobrevivência;
mo rtes c Primeiro de abri l: narrativas da cadeb. e :l morte que volta e meia chega como tragédia.
Co m este novo Hvro, entretanto, Salim Miguel ceifando entes queridos.
trouxe para o cenário deste final de século a saga Como pano de fundo, o autor não deixa de dar
dos imigrantes, no caso, uma famíl ia de libaneses, um perfil sobre o Líbano; sobre as expectativas
a sua própria famíli a. O livro é ao mes mo te mpo dos e mi grantes; sobre as redes de informação e de
uma reflexão sobre a transitoriedade da vida e relações nos países de desti no; sobre as exigências
uma lição de como são co nstruidos os valores éti - burocráticas fei tas para aqueles que se lançavam a
cos e o sentime nto de perte nci menta no interior de aventura de sai r; sobre as ajudas anônimas recebi-
uma familia que vi ve a experi ência de emi grar. A das durante as difere ntes etapas da viagem; sobre
casualidade dos fatos e da lO rnada de decisões, o as impressões dos que viviam a ex pe ri ê ncia e m re-
encontro de parentes, as novas ami zades, o apre n- lação as ansiedades decorrentes da aventura e do
di zado de uma nova língua e de uma nova cultura, desafio de mi grar.
aparecem traves tidos em aconteci mentos aparen- Nur, na escuridão, é um grande li vro. Um livro
temente simples, mas c heios de significados. Sig- que foi muito além da narrativa de uma saga fa-
nificados que aos poucos vão sendo descobertos m.iLiar, transform ando-se numa sutil análise s6cio-
pelo leitor, através de uma magistral construção economi ca e política sobre a imigração libanesa
literári a. O perto e o longe; o ontem e o hoje; o lá no Bras il. Um oportuno lançamento da editora
e o aqui ; o real e o imag inário; são referências

Ramos

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038 - BARCEl lOS, Claudia_Prêmio marca os 50 anos de carrei ra de Salim Miguel. V alor Economico_Sil o Paulo, 10 seI. 2OQ1 .EU&, p_D1 0

....,u ra
LITERATURA
A •
,
re arca os
• •
e carreira
Escritor libanês radicado em Santa Catarina obtém grande reconhecimento com o
romance autobiográfico "Nur na Escuridão". Por Claudia Barcellos , de Passo Fundo
Autor de 20 livros, nascido no homem de letras na acepção mais
lIôano em 1924 e vivendo em exata da palavra, porque além de
Aorianópolis, Salim Miguel já escritor também fez crítica literá-
ganhou, em 1999, pelo mesmo ria para o "jornal do Brasil" du-
"Nur na Escuridão" (Topbooks), o rante oito anos, além de editar
prêmio de romance do ano da duas importantes revistas literá-
Associação Paulista de Críticos rias, "Sullt e "Ficção". Nesse perío-
de Artes (APCA). Agora, acaba de do, conheceu profundamente a
receber o Prêmio Passo Fundo literatura hispano-americana.
Zaffari & Bourbon de literatura, "Durante 40 anos trabalhei
dividido com Antônio Torres, au- com jornalismo cultural e lia
tor de "Meu Querido Canibal" uma média de cinco horas dia-
(leia abaixo). Concorreram 190 riamentelt, conta o escritor, que
romances escritos em língua há cerca de cinco anos descobriu
portuguesa e publicados nos úl- sofrer de uma doença na retina,
timos dois anos. que lhe deixou apenas a visão pe-
Originalmente, o prêmio é de riférica no olho direito e a perda
RS 100 mil, o maior do pals para de 25% da visão do olho esquer-
escritores. Mas com a mordida do. Não pode ler mais. Isso o le-
dos impostos e o compartilha- vou a adquirir uma gastrite, por-
mento com Torres, Miguel levou que vive sob constante tensão,já
para casa, no ano em que com- que passou grande parte da vida ITAMAR FRANCO
pleta seu cinqüentenário na lite- ,imerso nos prazeres da literatu-
ratura, um cheque de pouco ra. E, claro, à depressão, Isso não COMIEÇA AS
mais de RS 35 mil. impede, porém, que ele trabalhe PROPOSTAS
Salim Miguel conta que sem- num novo texto, o romance "Vi-
pre soube que seria jornalista e ver a Vida - Narrativas de um ECONíMcAS DE 11M
escritor, porque começou a se in- e crftIco já está bahalbando em IlOIIO livro Exílio no Rio de janeiro".
teressar por ler e escrever antes Entre seu primeiro livro, publi- IIOS NOMES MAIS
mesmo de ser alfabetizado. "Re- personagem em mais de um livro dor". Poesias de Castro Alves e cado aos 27 anos, e "Nur...", Mi- FORJES DA CORRIJA
cortava pedaços de papel pardo dele. O pai, imigrante libanês, era Olavo Bilac, romances de josé de guel escreveu outros 18, entre os
da vendola que meu pai tinha, pobre e não tinha como comprar Alencar,livros de aventuras, tudo quais 3 de crítica literária. O título PRESIDENCIAL.
cortava letras e palavras de jor- livros. Salim Miguel lia na biblio- isso compunha a salada literária do romance premiado, aliás, in-
nais. À noite, as pessoas se reu- teca do grupo escolar e pegava em que o talento do escritor se triga todo mundo, até mesmo a
niam nas portas das casas e eu fa- empre,tados livros de alguns pa- desenvolvia, grande parte dos 6 milhóes de
zia um relato em cima de um dos rentes e amigos. O autor publicou seu primeiro imigrantes libaneses no Brasil,
acontecimentos do dia, o que já A paixão que nascia o levou à li- livro em 1951: "Velhice e Outros por causa da palavra "nur", que
era um ti po de reportagem, de vraria da pequena cidade catari- Contos" ,que foi inspirado e con- em árabe quer dizer luz. E traduz
texto lt, relembra, nense de Biguaçu, onde fez uma cebido no tempo em que ele era um importante momento para a
Depois de aprender a ler, "As proposta ao livreiro. "Ele também agente do censo demográfico do família, que conheceu a palavra APPU
Mil e Uma Noiteslt foram sua tinha igual fome de leitura e disse Instituto Brasileiro de Geografia "'Iuzlt assim que chegou ao país.
g rande paixão. uHá alguma. coisa assim: ·Podes ler aqui, o tempo e Estatística (IBGE). "Quando as Em "Nu r na Escuridão" ele nar- UVRO NARRA A
desse livro em toda 3 minha obra que tu quiseres, em voz alta, para pessoas eram mais velhas, a pri· ra o difícil começo dele, dos pais SEIiII'IIA ARRANCADA
ficcional", afirma. "Lá pelos 8 mim.' Eu linha cerca de 10 anos. meira coisa que faziam era me e dois irmãos, que chegavam a
anos, nem bem alfabetizado, co- Perguntei se eventualmente não convidar para entrar. Iam, então, uma terra distante e desconheci- DE STOE JOIIS NA
mecei a ler desbragadamente e poderia levar um livro para casa. preparar um cafezinho. Começa- da. E toca, profundamente, nos
comecei a escrever pouco depois, Ele disse que não, que se eu levas- vam a falar e não paravam. Eu temas que lhe são caros, aborda- CWUADA FABRICANTE
embora tivesse o bom senso de se não leria para ele. Então, du- brinco dizendo que o IBGE não dos em toda sua obra: velhice, DE COMPUTAIIOIIES.
nunca ter publicado nada disso." rante uns quatro anos eu li em resolveu minhas finanças, mas morte, tempo, memória, vistos
Mas, ao mesmo tempo em que voz alta absolutamente tudo o agradeço pelas histórias que ou- sob os aspectos psicológico e so-
escrevia ficção, anotava reflexões que se possa imaginarlt, fala. vi, O livro tem oito contos, cinco cial. "Os temas que todos os escri-
sobre o que estava lendo. Duran- Aos !O anos leu, pela primeira baseados no que ouvi como tortes trabalham são poucos. A
te anos leu para um livreiro, poe- vez, uma peça de Shakespeare, agente censitário", conta. maneira de tratá-los é que nos di-
ta e cego, que virou importante "As Alegres Comadres de Win- Miguel transformou-se em um fere lt, conclui.

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039 - SALIM Miguel anuncia nova obra para este an o. A Notícia. Florianópolis, 30 ago . 2001 . Anexo , p. C3.

c;
ANEXO Quinta-feira, 30/ 8/ 200


a
-.' nova ara 'e s e
'.
Escritor recebe o Prêmio
.. .. ~ "" " ·' ~ 1

Zaffari & <1e
durante evento
@l

Joinville - o escritor Salim Miguel já sabe o que fazer


com os R$ 50 mil recebidos, terça-feira, durante a 9' Jornada
Nacional de Uteratura, que acontece em Passo Fundo (RS).
Ele, que dividiu o Prêmio Zaffari & Bourbon de Uteratura
com Antônio Torres, autor do romance "Meu Querido Cani-
bal' (Editora Record), deve investir a quantia em urna nova
pesquisa, da qual prefere resguardar o tema.
Segundo ele, mais do que o dinheiro que, desconta-
dos os impostos, fica em R$ 35 mil, o que vale é o reconhe-
cimento do trabalho. Prova disso é o interesse da Editora
Topbooks, do Rio de Janeiro, em lançar, nos próximos
meses, a terceira edição de "Nur na Escuridão', obra com a
qual ganhou o prêmio. O romance do escritor radicado em
Santa Catarina concorreu com outros 190. Difícil, a seleção
fin al reuniu dez obras brasileiras e uma de autoria
moçambicana. Além de destacar as publicações de Torres
e Miguel, a jornada também concedeu menção honrosa
para o gaúcho José Clemente Pozenatto, autor de ''A Coca-
nha' (Mercado das Letras).
Para Salim Miguel, só o fato de ter ficado entre os 11
finalistas já significa urna vitória. "Isso é muito importante,
nos motiva a continuar", disse. Oescritor, que permanece no
Rio Gande do Sul até sábado, participou, ontem à tarde, de
- urna roda de "conversa paralela' sobre literatura, atividade
que se repete amanhã, às 15 horas, na companhia de Lauri
Maciel. Com 20 livros publicados, sendo 17 de ficção, conto,
romance e novela, e três de critica literma, o autor anuncia,
ainda para este ano, uma nova obra. O trabalho deve reunir
50 criticas sobre escritores brasileiros e estrangeiros.
Essa foi a segunda edição do Prêmio Zaffari & Bourbon
de Uteratura, que foi instituído durante a 7' Jornada Nacio-
nal de Uteratura. O jornalista Sinval Medina, com "Tratado
Reconhecimento: Salim pretende investir valor em pesquisas da Altura das Estrelas", foi quem venceu a primeira, em 1999.

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40 - BIANCHINI , Fábio. Luz de Salim Miguel em francês . Diário Catarinense. Florianópolis, 13 ago. 2004. Variedades , p. 1.


- CAIO CElAR/DC/A ORIANÓPOUS

• Receitas
com café
para aquecer
as rono o Inverno

CULTURA

Professora de Uteratura Brasileira em la Rochelle, Luciana Rassier está traduzindo o romance Nur na Escuridão
JUl.IO CAVAUU:IIW/OC/F1.0 R1ANÓPOUS
FÁBIO BIANCHINI

A professora Luciana Rassier, que


Apreciações e ensaios
há 10 anos leciona Uteratura Brasilei-
ra na França, está traduzindo para o sobre a Gente da Terra
francês o romance Nur na Escuridão,
de Salim Miguel, objeto de sua tese DORVA REZENDE
de pés-doutorado.
. A edição, prevista para lançamento Em uma espécie de complemento do seu li-
no início de 2006, será a primeira de vro Estrangeiros - re/eituras. editado pela Letras
um livro do escritor em outro idioma. Contemporâneas, em 2003, em que tecia apre-
ciações sobre seus escritores favoritos de fora
uciana havia elaborado sua do país (como Eça de Queirós, Fernando Pes-
tese de doutorado sobre a soa, Agostinho da Silva, Miguel de Unamuno,
obra do escritor paulista Ra- Garcia Lorca, Ernesto Sabato, Jorge Luís Borges,
duan Nassar. Para o pós, pro- Juan Rulfo e Ernest Hemingway, entre outros),
curava um autor do Sul do Salim Miguel lança agora pela combalida Edi-
que: tomou-se sua es- tora Lunardelli o livro GentedaTerro.
pecialidade nos últimos anos. Foi quan-
do uma amiga brasileira enviou-lhe a
obra de Salim. "Apaixonei-me pelo Ji- :::in~u~m:aa,~b:re~v~e~n~o~ta~à~:~d~e prefácio,
~Ofi seM.
Salim
RUNS
vro. Ommou-me a atenção a quest.1.0 _ pri,neiros escritos, sempre me preocupei com
da imigração, tempo e memória e o tra- temas referentes a noss gente: e a nossa cultura,
tamento da História do Brasil com a mas, pela primeira V(2 em um livro trato apenas
história do personagem", ressalta. da gente catarinense. (...) Oxalá estas remembran-
Poucos meses depois, almoçava, du- ças sirvam para põr o foco de atenção sobre figu -
rante um encontro de universidades na ras e temas da nossa cultura,"
França, com urna colega da Universida- No livro, Salim Miguel presta uma homenagem
de de BrdSília que acabara de conhecer. aos amigos (escritores, profes-
"Comentei que acabara de ler um livro sores, desenhistas, escultores),
maravilhoso de um escritor chamado pessoas que foram in,portan-
Salim Miguel e que gostaria de saber tes, de um modo ou de outro,
corno entrar em contato com ele", lem- em sua vida, também literária.
bra. Por coincidência, a interlocutora D primeiro texto, o mais ex-
era Regina Del Castanho, nora de Salim, tenso de todos, é Um retraIo
- casada com Luís Felipe, filho do escritor de 011101/ D'Eça, no qual ele
e também professor universitário, que lembra, entre comentário so-
tratou das apresentações. Luciana co- bre a obra do homenageado,
nheceu pessoalmente o escritor ontem, que o autor de Homel/s e Al-
em visita ao Brasil de férias e para fir- gas foi um dos poucos a tentar libertá-lo quando
mar convênios para intercâmbio de alu- esteve preso durante 48 dias no quartel da Polícia
nos, professores e estágios da Universi- Militar, logo após o Golpe de J' de abril de 1964.
dade de La Rochelle, onde leciona, com Composto de textos já publicados e revisados,
as instituições do Sistema Acafe. Gente da Terra prossegue lembrando figuras como
Ludana já fez traduções, para lança- . Luciana esteve na Ilha para conhecer pessoalmente o autor o professor e desembargador Henrique da Silva
mento na França, de outros sul-brasilei- Fontes, o médico e poeta Arthur Pereira e Oliveira,
ros. O primeiro foi Pequod, do também Ela foi para a França após fazer mes- às Negociações Internacionais. A maior o desembargador e humanista Hercilio Medeiros
músico Vitor Ramil, em 1999. Depois, trado em literatura francesa na Univer- parte dos alunos, principalmente na ins- Filho, o livreiro Odilon Lunardelli, o desenhista
foram lançadas obras de Charles Kiefer, sidade Federal do Rio Grande do Sul, tituição anterior, conta, é de franceses Domingos Fossari, o escultor e poeta da pedra
Assis Brasil, Neil Lisboa e E.r. Lisbôa. A em 1994. Por meio desse trabalho, sur- que se apaixonam pelo Brasil e de filhos Mario Avancini, os escritores Miro Morais e Sil-
percepção do leitor médio francês sobre giu a oportunidade de ensinar literatura de portugueses, que migraram para a veira de Souza, o ilustrador e artista plástico Tér-
literatura brasileira, explica, é baseada brasileira na Universidade de Montpe\- França durante e ditadura de Sal azar. cio da Gama, o bibliófilo laponan Soares, O escri-
em Paulo Coelho e Jorge A nado, mas Iier, uma das mais antigas da Europa: ·0 interesse por língua portuguesa lá é tor e critico de arte Hany Laus, o ficcionista e
isso cofueçou a mudar a partir das edi- tornou-se universidade em 1280; antes mais ou menos como o por francês grande amigo Guido Wilmar Sassi, o cronista Ha-
ções do Fórum Social Mundial de Porto disso, era associação de faculdades de aqui, é minoritário", diz. milton Alves, além de alguns ensaios sobre o
Alegre. "A cidade ficou em evidência. medicina e di reito. Lá. fez trabal ho de Salim já havia publicado contos e ar- Contestado e sobre obras de catarinenses como
Quando eu falava na Universidade que mestrado sobre Guimarães Rosa e o pe- tigos na Itália e enviou uma versão em Adolfo Boas Júnior. Holdemar de Menezes, Edla
eu me formei em Porto Alegre, as pes- riodo de aulas, inicialmente plan ~ado inglês do primeiro capítulo de Nur lia Van Steen, Deonisio Silva, Godofredo de Oliveira
soas já sabiam do que se tratava", conta para ser de dois anos, estendeu-se por Escu ridào para uma editora norte-ame- Neto e Péricles Prade.
Luciana, que nasceu em Pelotas. Esse mais quatro. ricana que estuda a publicação do livro
interesse gerou a coleção Um Outro Em 2003, trocou Montpell ier por La nos Estados Unidos. Gente da Terra: Perfis - arwm,ões, de Salim
Brasil, elogiada pelo suplemento literá- Rochelle, onde trabal ha atualmente, no M iguel. Editora LUl/ardeJ/i (Florial/ópolis). 118
rio do jornal francês Lr MOI/de. curso de Línguas Estrangeiras Aplicadas fab io.bianchini@diario.com.br págs. R$ 20

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41 - PR~MIO Passo Fundo Zaflari & Bourbon( ';Pi: atores dividem os R$ 100 mil. O Nacional. [s.1.), 29 ago. 2001. Geral , p.15.

o NACIONAL GERAL Q uarta, 29 de agosto de 200 I 15

-
PREM IO PASSO FUNDO ZAFFARI & 130UR130N:
• •
OIS au res OS
o Premio Passo Fundo Zaffari & Bour- Sul, com 19,50%. Também teve a parti cipa- sis, pelo conju nto de sua
bon de Literatura, de RS 100 mil fo i dividido ção de escri tores de Moçambique. e a sele- obra, no lotai de 12 li vros
pelos 3ulor(' s Sa lim Mi,,-!uc l. com "NUR na ção final conta va co m I1 escrito res. Já a pu b li cado s.
escuridão" c Anl ó nio To rres co m "Meu Comissão Jul gado ra foi co mposta pelos Conro rlll c o au to r dc
Querido Canibal", Os dois ti ve ram suas esclilo res Ignácio de Loyola Brandão, Luís "Meu Quc rid o Ca lli b.IJ'·,
obras premiadas co m o os me lhores ro- Coronel, Oeonísio da Sil va, e pelos professo- esse fo i um dos reconheci-
mances em Língua Portuguesa, que foram res doutores Paulo Becker e Tânia Rosing. m entos m ais impo l1anles na
publicados há dois a nos que a nt ecede ram sua ca rreira. A obra premia-
a realização dessa Jomada. Esse é o maior Antônio Torres da, em Passo Fundo, fala
prêmio na área tanlo no Brasil quanto no "Para mim é uma ho nra d ividir o prê- sobre a vida e histó rias pe lo
mundo. A "Cocanha", de José Clemente mio com esse grand e co mpanheiro que é lado dos perded ores e não
Pozena tt o rece be m enção honrosa. Salim Miguel, que é tanto um jornalista ganhadores, como sempre
Já o escrit o r Sin val Medina fo i o ve nce- quanto um escrit or impo rt antíssimo para se co nta; uma peculiarid a-
dor da I " edição do p rêmio, da últ ima todos nós e para as letras des te país. Ele de que a lama um dos m e-
Jomada. Neste ano, co ncorre ram 190 ro- não apenas divulgou a literatura contem- lho res roma nces de língua
mances, sendo o m aior percen tual de es- porânea do Brasil co m o do m undo, então, portuguesa. Para Torres , o prêmio não foi dividido. mas sim somado,
cri to res do Hio de Janeiro, 3-1 ,66%, depois para mim é uma ho nra divid ir esse prê- acrescentando força na literatura do país
São Paulo, co m 2 1, I 09fl e do Hio Gra nde do m io", afinnou o escrito r An tô nio Torres. Salim Miguel
Para Torres, o prêmio não "Me u ro m ance m e acompanha mes m o pouco melhor do q ue temos" . Miguel ain -
foi dividido, mas sim somado, antes do m eu nascimento, na ve rd ade, ele da disse que o q ue d iferencia um au to r de
acrescentando fo rça na litera- é em tennos fi ccio nais a trajetó lia de uma ou tro é a m aneira de abordar cada um
tura do pais. Em t 998, ete foi família de imigrantes libaneses pelos ca mi- dos lemas, pois em "'NUR na escuri dâo",
reco nh eci d o pe lo gove rn o nhos do Brasil, plincipalm ente, Ilo Rio de co nfo rm e o aulor teve ca pítulos reescri-
francês com o Chevalier des Janeiro e em Sa nta Ca tarina. Desde dez tos nove vezes, e sendo inicialmente de
Art s e t des LeBres, que signifi- anos, dizia ao m eu pai que queria ler e m ais de 500 páginas, mas q ue foi publi -
ca, homem di;lS letras em terri - escrever, e ele me respondia: espero que cado co m 250 páginas.
tóri o francês. Um dos seus pri - consigas sobreviver com isso no Brasil" , "Um grande escrito r é aquele que rees-
m eiros reconhecimentos, ape- contou Salim Miguel. creve e co rt a como diri a Nelson Rodrigues,
sar de ter seu livro, "Essa ter- Ele declarou que não consegue \tlverde como quem co rta a própria carne. O tem a
ra ", traduzido na Al emanha , direitos autorais, mas sim da palavra de que abord ei já foi tratado po r dezenas e
Ho landa, Itália, Inglaterra, Is- jomalista, de ho m em envolvido co m o ce ntenas de escri to res, mas estou dando
rael e nos Es tados Unidos. No cinema, de ex-ed ito r e d e ex-dono de para esse tem a um tratamento diferencia-
ano de 2000, To rres recebeu , gráfi ca, que "culminam uma carei ra de do, co m o não ser um roman ce histó rico",
" Não consigo viver de direitos autorais, mas sim da palavra ", da Academia Brasileira de Le- 50 anos dedicados ao li vro, a pa lavra e a finalizou Miguel. A palavra nur do titulo da
decla rou Salim Miguel tras, o Prêmi o Machado de As- to rnar o Brasil com uma sociedade um obra é árabe e significa luz.

- - - .

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42 - CARPEGGIANI , Sch ine ider. A PORÇÃO LIBANESA DO Bras il. Jornal do Comércio. Rec ife, 2 out. 2001 . Escrita, p. 2.

2. CADERNOC JORNAL DO COMI

Escrita
SCHNEIDER CARPEGGIANI
E-mail: xxxcarpe@hotmail.com

Aporção libanesa do Brasü IMAGEM


o ano em que comemorou tória da minha família com ficção,

N os 50 anos do lançamento
. do seu Uvro de estréia, a c0-
letânea de narrativas curtas Velhi-
para, dessa forma, mais pessoas
verem a sua saga refletida no U-
vro."
ce e Outros Contos, o escritor de o iIúcio da obra é um enonne
origem libanesa Salim Miguel re- fio condutor de iInagens, que fun-
cebeu o maior prêmio literário da ciona como um velho álbum de
América Uitina, O Zaffari & Bour- fotografias: em 1927, uma família
bon (que viabiliza o pagamento libanesa composta por três adul-
de RS 100 mil para o vencedor). A tos, na faixa dos 20 anos, e três
honraria foi conoedida por conta crianças chegam ao porto da Pra-
do seu romance M.;r('luz' em ára- ça Mauá, no Rio de Janeiro, então
be) na EsCtlridão, originalmente migração da sua família do LIOa- capital do Brasil. Na verdade, o
lançado em 1999, pela Topbooks. no para o Brasil, durante a 2' real destino escollúdo era os Esta-
. A premiação de Miguel foi dividi- Guenra Mundial. De acordo com dos Unidos, mas por uma série de
da ainda com Antônio Torres, pe- o autor, o projeto de escrever o li- desencontros na França, a família
lo seu Meu Querido Canibal. vro serviu também como uma ho- tem de mudar a sua rota para o
Antes de receber o Zaffari & menagem à colônia libanesa resi- Brasil. .
Bourbon, Nu/' na Escuridão já ha- dente em território brasileiro. E><a nào foi a primeira vez que
via rendido outros bons frutos pa- Anlalmente, o País conta com Miguel utilizou fatos da sua bio-
ra o escritor: o romance foi eleito mais de seis milhões de descen- grafia para compor suas obras.
como o melllor de 1999 pela Assfr dentes libaneses. Em 64, amargou 48 dias de ca-
ciação Paulista de Criticos de Ane. 'Com esse livro, eu quis que os deia, por conta da sua militãncia
Também reconhecido pelo descendentes de libaneses desco- contra a ditadura militar. Aexperi-
seu trabalho como jomalista e cri- brissem que eles também lutaram ência inspirou os livros ?limeiro
tico literário, Miguel relembra em e trabalharam na formação Brasil. de Ab,il.· Nan'CItivas de Cadeia e
Nur na EscUlidão a trajetória de Por isso, misturei fatos reais da his- Nan'CItivas de UIl1 Exl1io no Rio.
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43 - ANGIOLlLLO , Francesca. Salim Miguel ganha troféu Juca Pato. Folha de São Paulo. São Paulo, 6 jun . 2002. Ilustrada, p. E7 .

FOLIIA DE S_PAULO ILUSTRADA quinta-feira, 6 de junho de 2002 E7

e
FRANCESCA ANGIOllLLO _h'" ••••• _ .•••...•.• defesa dos nossos valores e da jus- outros 60", e buscou evitar o dis- Grosso do Sul e Acre," " A base do romance é o assassi- ces mais recentes, "Nur na Escuri-
_ •• ~ ••• _. _ _ • h ••• _ •••• __ • _ _ • _ ' _ " h M ••••••••••• h.

DA Af POR 1AG[M l OC AI
h

tiça social", tanciamento excessivo que julga- "As vezes, em conversas, anota- nato do estud ante Édson Luís, no dão" ("não é nu, é Nur, com r",
Na biografia de SaJim Miguel va resultar a terceira pessoa. va incidentes que não tinham na- restaurante Calabouço, em 68." frisa), que conta a saga da "nova
o jomalisla eescrilor Salim Mi- - jornalista que "fez de tudo, até "Costumo dizer que sou, basi- da a ver com o trabalho para a re- No livro, uma mulher ("já proble- descoberta do Brasil" por uma fa-
guel. 78, foi anwlciado vencedor horóscopo", trabalhando entre camente, jornalista profissional; vista" - mas que deram em con- matizada") assiste à morte do se- mília de imigrantes libaneses e co-
do 'froféu Juca Paio, correspon- Santa Catarina e Rio de Janeiro- , são raríssimos os que vivem de di- tos e romances. Resultado dessa cundarista. O romance acompa- mo ela se transforma, "sem per-
dente ao concurso Intelectual do o momento crucial dessa luta en- reitos autorais de seus livros", mescla está, por exemplo, em "A nha as co nseq uências que o fato der suas raízes", em uma fanúlia
Ano, promovido pela União Bra- contra lugar em sua prisão, no afirma o autor de mais de 20 tltu- Voz Submersa", Publicado origi- tem sobre sua vida pessoal. de brasileiros.
sileira de Escritores com paLrocí- ano de 1964, pelo regime militar. los -" 15 ou 16", calcula, de fic- nalmen te pela editora Global, o Outra fonte fundamental na li- No próximo dia 13, culmina a
nio da Folha. A experiência está registrada ção, nutridos com frequência no romance está esgotado, mas Mi- teratura de Salim Miguel está em fase de homenagens a Miguel: na
O prêmio é concedido anual- em "Primeiro de Abril, Narrativas exercício da reportagem. guel sonha com que volte ao pre- sua própria origem libanes.1. "No data, o escritor que se forjou entre
mente, desde 1%3, a um intelec- d.:, Cadeia", escrito numa inco- "Trabalhando para a revista lo, por conta do Juca Pai O. meu caso, em boa parte dos meus a redação e as histórias das Ará-
tual que tenha publicado um~1 I11UJll segunda pessoa - porque, 'Manchete'. percorri todo o Brasil; "Voz", co nta Miguel, parte de 16 livros de ficção, ela aparece di- bias contadas pelo pai, vira dou-
obra relevante para a cultura na- co nta, não quis se "colocar de- conheço todos os Estados brasi- histórias que não puderam sair na reta ou indiretamente." tor honoris causa pela Universi-
cional no ano anterior. Salim Mi- mais", porque "estava preso com leiros à exceção d~ dois; Mato imprensa, por causa da CCI1S UT<I. É o caso de um de seus roman- dade Federal de Santa Catarina.
guel foi candidato único,
No caso de Miguel, a obra que
rendeu o reconhecimentu foi "Eu
e as Corrufras" - que ji.i era, em
si, uma homenagem: a coletâ.nea,
lançada em Florianópolis pelas
Edições Sul, comemorava os 50
anos da carreim literária do jorna-
lista libanês, que chegou a Santa
Catarina aos tn."'s anos de idade.
"A p'rimdra coisa que eu diria
lsobre o premiol é que isso reati-
va o interesse peJa obra do escri-
tqi", diz Miguel, por telefone à
Folha "Com isso, as pessoas vão
se perguntar por que Salim Mi-
guel, e não outro escritor, recebeu
o Prêmio Intelectual do Ano."
"Em segundo lugar. é um incen-
tivo para alguém que trabalha co-
mojom . la em livros há mais de
5Oanos' dizoautordesuacarrei-
ra, mar ada pelo "esforço para
entend o bicho-homem".
As inli!nçõcs de Miguel 'encon-
tram no oficio que' o aclama
venced r. O documento classifica
"Eu e Corrulras" como o coroa-
mento obra de "um grande in-
centi dor das artes e da literatu-
ra" ,q 'e "sempre .mcorporou aos
seus 'tos wna visão naciona-
lista literatura e um sentimento
de s erania nacional em suas
recjações criticas",
cio desl.aca ainda o com-
pro etimento de Miguel com "a
linhlI do pensamento brasileiro" e
() lenbra como intelectual que se Reallla~

bate ?da "pcrsistência da luta em


TIIBATRO MVNJCIM.L
s...õ ..... ,.,. o,. " ••. ,. saoP.iülO..
.._---
PAUI.O
Cuitü .. ................ n·.
t .................1

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44 - HASSE, Geraldo. Tricampeão de copas literárias . Gazeta Mercantil. Flo rianópolis, 23 ago . 2002. p. 11.

SEXTA.FEIfiA, 23, E FIM DE SEMANA, 24 E 25 DE AGOSTO DE 2002

.J
Caderno de GAZETA MERCANTIL - Página 11

URA -
PERFIL

• cc

rica
. , •

rarlas
Vencedor de três dos maiores prêmios para escritores
brasileiros, Salim Miguel vive sem o assédio das editoras
QEAALDO HASSE- Eglê Malheiros, poeta e tradutora única que manifestou interesse
de Aorian6polis com quem se casou há 55 anos (ti- real foi urna quarta, a carioca Top-
.veram cinco filhos). Ela lê para books, que lançaria a primeira edi-
'escritor líbano-catarinen- ele, revisa seus textos e (nas en- ção em novembro de 1999.

O se Salim Miguel vive em


estado de graça desde o
lançamento de ''Nur na Escuri-
trevistas à imprensa) preenche os
raros lapsos de sua memória.
Salim sente-se honrado por fa-
Até hoje Salim acha que podia
ter segurado o livro mais um pou-
co, a fun de lhe dar "mais urna en-
xugadinba ... " Sem notícias do re-
dão", o livro em que narra a saga zer parte da galeria dos escolhidos
de sua familia no Brasil desde a pelo Juca Pato, troféu criado em sultado da venda da segunda edi-
chegada em 1927. Em menos de 1963 pela "Folha de S. Paulo" em ção, satifaz o afã de cortar
tIês anos ganhou tIês dos maiores parceria com a UBE. Com raras preparando textos antigos, uns pu-
prêmios literários brasileiros, fa- exceções, acha que a companhia blicados, outros inéditos, para no-
çanha não alcançada antes por ne- só o engrandece. Como os gaú- vos livros.
nhum medalhão das letras nacio- chos Érlco Verissimo e L. F. Ve- Tem por sair este ano pela edi-
nais. Sorte? Coincidência? Com- rissirno e o potiguar Luís da Câ- tora Movimento urna coletãoea de
petência? Conchavo? mara Cascudo, é um dos poucos 25 textos sobre escritores brasilei-
Nada como bela história de imi- premiados fora do eixo Rio-São ros, entre eles seis sobre o poeta
grante para tirar do semi-anonima- Paulo. Acredita que talvez não te- catarinense Cruz e Sousa (1861-
to um autor de duas dezenas de li- nha tantos méritos quanto outros 1897). Aprontou para edição uma
, .
vros. Salim tinha então três anos, escritores, mas toma os preIDIos vintena de ensaios criticos sobre
mas nWlca esqueceu a primeira li- como recompensa pelo trabalho escritores estrangeiros, de Eça de
ção sobre a língua porruguesa, re- como operário das palavras. Algo Queiroz a Vladimir Nabokov, de.
colhida num entardecer de maio, envaidecido na sua modéstia, con- quem recomenda especialmente o
no burburinho da Praça Mauá. Foi fessa que nunca quis ser sócio de romance "Fogo Pálido", que in-
seu batismo no aprendi zado do outra entidade a não ser o sindi- clui entre as I00 maiores obras da
vocabulário da nova pátria. cato dos jornalistas. Não faz parte literatura universal. Finalmente,
Anoitecia no porto do Rio de nem do Instituto Histórico e Geo- acabou de preparar "Gente da Ter-,
Janeiro quando o recém-chegado gráfico de Santa Catarina. A Aca- ra e Outras Gentes", coletâneas de
casal de libaneses Youssef e Tami- demia Biguaçuense de Letras, por textos sobre personalidades catari-
na pediu a um motorista de táxi exemplo, não perdoa a humildade nenses - sem editora.
que o levasse, e às suas crianças, a do ftlho mais ilustre da cidade. Como se explica que O escritor
um endereço anotado num pedaço Em seus textos nota-se a busca mais premiado do Brasil não tenha
de papel. O lusco-fusco impedia a ansiosa pela precisão, mas melhor editoras batendo à porta? Salim
leitura do rabisco. Aflito, o chefe ainda é ouvi-lo. Grande contador Miguel não se constrange por
da farnllia excla..'T.a "nur, our' e ar- de histórias, S!t1im Miguel faz "não vender". Como crítico por
rasta o motorista para baixo de um
poste de luz, onde ambos conse-
guem fmalmente identificar o des-
tino inicial da família, num subúr-
bio carioca. Algumas semanas de-
pois, os Miguel encontram porto
definitivo em Biguaçu, pequena
cidade do litoral de Santa Catari-
na, onde a história continua.
Palavra por palavra, o pequeno
Salim penetrou tão fundo no uni-
verso da língua Iuso-brasileira que
se tomou um profissional. Aos
dez anos, quando o pai lhe pergun-
tou o que gostaria de ser na vida,
já não tinha dúvida: "Quero ser
leitor e escritor." Para ter acesso
aos livros, fez amizade com o poe-
ta J. Mendes, o cego dono da úni-
ca livraria de Biguaçu. Podia ler
qualquer livro do estoque, desde
que o fizesse em voz alta, dividin-
do o prazer da leitura com o amigo
destituído de "nur" nos olhos.
Ao entrar na adolescência, já
conhecia Machado de Assis, Eça
de Queiroz e centenas de escrito-
res de todo o mundo. Com 18
anos, era um agitador cultural em
Florianópolis, membro de um gru-
po de voluntários das artes com
claras aspirações literárias e vagas
intenções políticas. Varou livros,
criou uma revista, empregou-se
em jornal, fundou livraria, escre-
veu contos, críticas e roteiros de
cinema, editou livros. Era tão en-
gajado que chegou a ser preso em
abril de 1964. Estava na cadeia
(onde ficou por 48 dias) quando
soube da depredação seguida da
queima de livros da livraria Anita
Garibaldi, que fundara anos antes,
no centro de Florianópolis.
Sete décadas depois de chegar
ao Brasil, quando se dispôs a ini- Salim Miguel, autor de "Nur": "Escrever é cortar"
ciar sua maior obra, a palavra
"nui' estava na ponta da língua. pausas espertas (para dar ao inter- mais de 50 anos, sabe de dezenas~
Ela lhe serviu para abrir a história locutor tempo de anotar e compre- de escritores mantidos no ineditis--
e compor o título. ender o que acaba de dizer) e tem mo por falta de demanda do pú-
A consagração de Salim Mi- memória fabulosa. Conhece pro- blico leitor e de interesse do mer- '
guel começou em 1999 com o fundamente a literatura brasileira e cado editorial. E conta que só pô- ,
Prêmio Romance do Ano, ofere- mundial. Não esconde que mexer de conco~r ao Juca Pato - para ,
cido pela Associação Paulista dos com as palavras é um trabalho ár- escritores regulares, não para ,
Críticos de Arte. Em 200 I dividiu duo. "Escrever é cortar." eventuais - porque soltou em
com Antonio Torres os R$ 100 mil Não há melhor exemplo disso 200 1 pela editora Insular "Eu e as ,
do Prêmio Zaffari, criado por urna do que ''Nur'', cujo copião, basea- Comúras", antologia de crônicas
rede de supermercados do Rio do num manuscrito de seu pai já publicadas na imprensa.
Grande do Sul. Este ano, foi agra- Youssef- que trocou a profissão Depois do sucesso de ''Nur'', o"
ciado com o Troféu Juca Pato, de professor no Líbano pela de do- veterano escritor catarinense (78 •

atribuído pela União Brasileira de no-de-venda no Brasil - tinha anos) percebeu que podena lançar
Escritores (UBE). Recebe-o no inicialmente perto de mil páginas um novo livro todo ano - desde
dia 30 de agosto, na Casa de Ma- Da primeira versão, concluída em que tiveSse histórias novas, tão sa-
rio Quintana, em São Paulo. Fora 1995, resultaram 500 páginas. No borosas quanto a saga de sua fa-
o Zaffari, o escritor catarinense ano seguinte, encostou a obra e se milia. AI está a dificuldade: Salim
nunca ganhou dinheiro com direi- dedicou a tarefas mais urgentes. Miguel não é escritor "inspirado",
tos autorais, mas não se queixa. Entre outras coisas, preparou que escreve copiosamente. Devi-
"A crítica foi sempre muito gene- urna coletânea de textos críticos, do ao vicio profISSional de escre-
rosa comigo", diz. Seus mais de foi a Guadalajara falar sobre O es- ver para sobreviver na imprensa, a
20 livros (contos, novelas, roman- critor mexicano Juan Rulfo (''wna maioria dos seus textos é fruto de
ces, criticas e ensaios) foram es- temeridade", reconhece) e escre- muita "transpiração".
critos em horas vagas ou roubadas veu o ensaio "Como Imagino a Há meses está empacado em
da atividade regular como jorna- Editora de uma Universidade", "Viver a Vida", narrativa de um
lista, primeiro em Florianópolis editado pela Universidade de São exílio carioca. Não é ficção nem
depois no Rio, onde viveu por 15 Carlos. Em seguida, escreveu a realidade. Como ele explica, é
anos. Na ex-capital federal foi re- novela "Confissões Prematuras". "memória trabalhada ficcional-
dator de "Fatos & Fotos", repórter publicada em 1997 pela Letras mente", sua especialidade. O autor
de "Manchete" e diretor de ''Ten- Contemporâneas. Só então voltou não se preocupa em esclarecer o
dência", da Bloch Editores. De a ''Nur'', cortando trechos que não que é urna coisa e o que é outra.
volta ao Estado de origem, traba- se enquadravam na estrurura de Seus escritos são todos ancorados
lhou até se aposentar como diretor um romance-memorial. Com as na vida real, mas O compromisso
da Editora da Universidade Fede- sobras, lançou em 1997 ''Onze de fundamental não é com a verdade
ral de Santa Catarina. Biguaçu Mais Um", livro de con- factual e, sim, com a liberdade de
Nos últimos anos, foi prejudi- tos. Ao dar ''Nur'' por concluído, criação. Seu grande desafio, ago-
cado por urna deficiência visual. com 360 págínas, na virada de ra, é tornar-se popular. •
Para ler, precisa de urna lente, mas 1998 para 1999, Salim Miguel en- • Especial para a Gazeta
conta com a ajuda da companheira viou cópias para três editoras. A Mercantil

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45 - CAGIANO, Ronaldo. Estou lendo ... Estado de Minas. Minas Gerais. 19 novo2000

Ronalda Cagior .o Padre Geraldo Magela Teixeira


e~nlor e funcionário público, Bro5i!ia reitor da PUC/Minas

Estou lendo" Nur nos TróprcoS- . editora Topbooks, de Sa- Estou acabando de ler .. O Sêculo XXI-Refiexões sobre o F
I"" ~ ligueI. Trata-se de uma narrativa autobrográfica do autor ro", de Eric J. Hobsbawm. É uma espêcle de continuaçào ú
C(lf() r ~nense, nascido no LíbélJlO. Nessas memórias ele restau- .. Era dos Extremos", atravês de lima longa entrevista a Antl
1,1 ,15 lembranças de sua chegada ao Brasil , em meio às 111- nio Palito. O histOriador evita d<Jr uma de vidente. mas proJet
certe7as comuns a todo Imigrante. Salim Miguel é um aos o próximo século a partir dos dados mais Importantes do
me·nores fiCCIOIlI:,tas nacionaiS. Radicou-se em Santa Catan- passado e das tendênclas e problemas vlsivels no presente
113. uma terra bem diferente da cultura. dos costumes e da Hobsbawm acredita que enQuar,to houver sonho e utopia o
linguagem do clã de Youssef. No seu belo livro ele narra a tra- mundo vai se salvar. Se não acreditasse no sonho. não teri;:
jetória de uma família, cue tem no pai o elemento catallsa- lutado contra o faclsmo, Hoje sl,nte que sua luta valeu a pe-
dor. AqUI chegam para a nova Vida, mas têm no desconheCI· na para a humanidade, Termina dllenrln que espera que SOl
mento da língua a pnmel(d barreIra. E é justamente a nQvv neto. Roman. de apenas dOIS alOS. goste do sítio em Q\/e v
lingua que vai dar ao escntor O suporte metafónco e semãnti, viver e possa " encontrar uma SOCiedade à altura de c:.UBS t
co Dara erguf'r sell edlficllJ ficclonaL a oartlf do CUdl vaI sen perancas e asplracõe~. E Isto ..-, (~ue Qualquer homem do SP
tlf-se meno~ pstrangE'lrn (>1'1 lerra Hlhelé\ Vi-1IE' d ppn.1 culo XXI merecc" E um IMO QU' .. alt:: d nena ser lido.
", .. _ --1
/

• -

, - I l i: I

Jq /I õV -
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
146 - SALIM . Diário Catarlnense. Florianópolis, 6 maio 2003. Visor. p.3.

I •
216-3560 216-3561 DIÁRIo CATARINENSE

, ...... """" ..... , Vl;.. •


da cidade. exposição de zrb
~
em Min
Salim SENAO,
~

TO MORTOI "Precisamos
A Editora Topbooks está ir devagar co
lançando a terceira edição do o andor 110
romance Nu, - Na Escuridão, hora de tomar
do escritor catarinense Salim uma decisão tão grave
Miguel. A obra, que já mereceu quanto esta."
o título de Melhor Romance do EDUARDO SUPLlCI
Ano, conferido pela Associação senador (PT/SP), manijesrando-l
Paulista dos Criticos de Arte, contra a expulsão dos "radicais " do
está na lista das leituras reco-
mendadas para os candidatos "Governar é a arte de criar
ao Vestibular da UFSC. problemas cujas soluções
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL mnn.lpnIJnrn.-'l nClnJJ.larãn PU1..
147 - SUGESTÕES: "Nur na Escuridão". Olaria Catarlnense. Florianópolis , 16 ma io 2003. literatura, p. 6

1'

6 Variedades literatura SEXTA- FEIRA, 16/05/2003 o ' C '... \-\ ' :

o Armando e o Mário Pereira (editor de Opi- são minhas, mas as respostas eu tirei de textos 2/4 pags. K~ /~ reli a uc '\.Ud UU LI"I U U\... I lU

rianópolis.
Hoje, sua casa é uma janel
Estante sem grades, mas as cicatriz«
estão lá. Durante 471 dias, R(~
drigues _.
Nur na Escuridão, Salim Miguel Criando Meninos, Steve Biddulph o Papa e o Herege. Michael White Na Ilha do Dragão, Maristel Alves conviveu
".
,
Top Book~ R$ 20,90 Fundamento, R$ 25,90 Planeta, R$ 27 dos Santos. Coleção Vaga-Lume I Edi- com pes-
tora Atiea, R$ 14,50 soas queJa-
Homenageado da Feira de Rua 8estseller na Inglaterra, Itália, No século XVI, em plena vigência mais imagi-
do Livro 2003, junto com a esposa, França e Austrália, a obra de 8iddulph da Inquisição, o ex-padre dominicano Quatro adolescentes vão passar naria en-
Eglê Malheiros, Salim Miguel não propõe-se a servir de guia para pais Giordano 8runo lançou teorias radi- alguns dias em uma bela ilha, sem co ntrar.
poderia ficar ausente das prateleiras preocupados com os desafios que en- cais que abalaram dogmas da cultura imaginar que o paraíso ecológico es- Passou por
dos estandes. Seu 18' livro remete a contram para criar seus filhos de sexo ocidental, com um sistema de pensa· conde perígos e mistérios originados . - e
pnvaçoes
suas origens quando conta a trajetó- masculino. Aborda temas como a mento abrangente. Julgado, foi con- na história A Ilha do Tesouro, de Ro- humilba-
ria de uma família libanesa que che- atuação diferenciada da testosterona denado à fogueira após quase oito bert Louis Stevenson. Asituação se ções, desen-
ga ao 8rasil durante a terceira déca- no comportamento de crianças e ado- anos de prosão e torturas e transfor- complica quando chegam ao lugar volveu uma gastrite, mas s(
da do século passado, como aconte- escentes e a importância do esptR te mou-se no primeiro mártir da ciência. um garoto mimado e esnobe e seu breviveu com dignidade. E
,cey cpm-Salim. Apesar dá semelhan- na saúde e na formação dos valores e Seus restos mortais foram reduzidos a pai, um empresário que pretende seis meses, o üvro está em Sl
ça, não é autobiográfico. peoonalidade. pó com marteladas. construir um hotel de luxo. quarta edição e figura entre ,
mais vendidos no pais.
O drama vivido em cenári,

-
M 57 U' J dai' •
apertados, em celas com 23 c:
mas para mais de 50 pessoa
serviu também para ensinar a
gurnas lições a Rodrigues. Pa
sentir-se útil, dava aulas I
matemática e português. "E
engraçado, pois ficava cereal
por homens de muita muscu1
tura e pouca massa cinzenta
comenta o autor.

Vtdos do Ommdiru, Humbel


Rodrigues. Geração 'di't,arij
300 págs. R$ 25
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148 - SARTORI, Ra ul. Expurgo? A Notícia. Florianópolis, 9 selo 200 1. Anexo , p.C2.

--------------~-~~-- . --~---~

C2
oqmingo, 9/ 9/ 200 1

• •
-


, DE FE EM se
'Mesmo sem ser santa, ainda, a beata Madre
Paulina vem provocando atos de fé dig-
:nos de Santiago de Compostela. Com uma
· freqüência cada vez maior, a ainda pequena
: Nova Trento, onde fica seu santuário, vê pas-
· sar por suas ruas dezenas de peregrinos, vin-
;dos dos mais diferentes pontos do Brasil. Ali
· encerram caminhadas de centenas de quilô-
:metros, pagando promessas.


· Será que prêmios -
: melhor romance de da Associação Pau-
lista de Críticos de Arte (APCA), e da Jornada
· literária de Passo Fundo, sema-
na a ".tl\lr na , <!e
o direito 'defigurar na' de
Q6iiiSirecomendadas para o vestibular da Uni-
versidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
em 2003 e seguintes? Pode ser, mas também
J não. Para fazer a lista, a Comissão Permanente
• de Vestibular (Coperve) respeita pesquisa com
indicações feitas por professores de ensino
médio. Nas últimas, Paulo Coelho e Sidney
Sheldon pontearam nas preferências.

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049 - MENEZES, Cacau . Premiado. Diário Catarinense. Florianópolis, 30. mar. 2000. Cacau Menezes, p. 63 .

Premiado
o Escritor Salim Miguel
recebeu, terça-feira, em São
Paulo, o prêmio da Associa-
ção Paulista dos Críticos de
Arte pelo livro NllT na escu-
ridão , eleito como o melhor
romance brasileiro de 1999
por uma comissão formada
por respeitados críticos do
país. Embora não haja um
prêmio em dinheiro, a con-
decoração da APCA é refe-
rência entre escritores e ar-
tistas, pelo caráter de isen-
ção e rigor que sempre teve.
O Nur , claramente auto-
biográfico, narra a tr.aJet0ria
de uma família de Hbaneses,
que se instala em BI~~"ÇU •
nQs anos 20, muda-se pa. ~
Florianópolis, cria raízes na
região e acompanha as
transfomlações e os revezes
politicos do país durante vá-
rias décadas, incluindo a re-
volução de 1930 e a implan-
tação do Estado Novo.
O Salim viajou acompa-
nhado do diretor !leral da
FCC, o doce lapona m Soa-
res, que aproveitou a passa-
!lem por São Paulo para re-
tomar contatos com escrito-
res, visitar sebos e aU1uentar
o acervo do Museu/Arquivo
da Poesia Manuscrita, que
mantém em sua residência,
no bairro do Balneário, na
Capital.
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
050 - SALIM Miguel faz palestra na UFRJ. O Globo . Rio de Janeiro . 09 abro2000.p. 9.

Salim Miguel faz palestra na UFRJ


Escritor foi premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte

escritor Salim Miguel de Críticos de Arte. Entre os anos 40 e 50, ele


o faz uma palestra na
próxima quarta-feira, a
partir das IOh30m, no auditó-
Apesar de ser ficcional, o li-
vro é baseado na chegada de
Salim e seus pais ao Rio, em
criou a revista "Sul", sobre li-
teratura, que tinha correspon-
dentes em todo o país. Em 50
rio G2 da Faculdade de Letras 1927, vindos do Líbano. O es- anos de carreira, Salim conhe-
da Universidade Federal do critor chegou ao Brasil com 3 ceu autores como Marques Re-
Rio de Janeiro (UFRJ). Miguel anos. Como a família foi viver belo e Graciliano Ramos. Ele
é o autor do livro "Nur na es- numa área de colonização ale- lançou 18 livros, que ganha-
curidão", que conqu istou o mã, ele aprendeu árabe e ale- ram elogios de escritores co-
prêmio de melhor romance de mão, antes mesmo de ser alfa- mo Carlos Drummond de An-
1999 da Associacão Paulista betizado em.Qortuguês. drade e Wilson Martins. _
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
,

051 - WINCK , Alexandre . Escritor à beira-mar. Diário Catarlnense. Florian ópolis , 4 fev. 2000. Gente, p.3.

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_- -~~-~-----~

.11
•• • •

,
-
SAUM MIGUEL, PREMIADO ..COMO AlJfOR DO MELHOR
ROMANCE DE 1999, FREQUENTA AS PRAIAS DA ILHA DESDE 1943
ALEXANDRE W1NCK por lucro que não se importam
com as conseqüências para a ci-
ntelectual vai à praia, sim, dade. Na opinião de Salim, a Ca-
e tem muito a dizer a res- pit~d catarincnsc se torna uma
peito. O jornalista e escri- das cidades mais caras do país
tor Salim ~ligucl, de 75 durante a temporada de Verão! já
anos, premjado como ~IU­ que. o comércio aproveita a gran-
tor do Melhor Romance de presença de pessoas em Flo-
Brasileiro de 1999 pela rianópolis para abusar. HEles au-
Associação Paulista de mentam tudo antes a temporada
ll
Críticos de Arte (ArCA) por sua c depois não baixam .
obra "Nu r" , é wn freqüentador e Salim Miguel Caz questão de
admirador das praias de Flori- lembrar que, apesar das críticas!
anópoli s desde 1943. Só que ainda considera as praias da re-
nunea havia passado por uma si- gião entre as mais belas do Brasil
tuação como a deste ano. Ele vi- e a Ilha , um ótimo lugar para se
nha caminhando pela manhã na viver. "Já recebi propostas de tra-
Cachoeira do balho Cora , mas
Bom Jesus, como deixarei meus os-
Caz todos os dias, Salim pede sos aqui". Ele tem
observado vários
quando um trato r
- proibido de cir- planejamento amigos seus, de ci-
cular nas praias - dades grandes e
que puxava u m a
la ncha veio pa ra
urbano e badaladas como
Po rto Alegre, Rio
ci ma dele, como
se ti vesse inte n-
espaço para de Janeiro e São
Paulo, escolherem
ção de atropelá- participação da Florianópolis para
lo. Depois de es- morar. "O proble-
capa r po r pouco, comunidade ma é que , sem phl-
Salim Miguel ten- nejamento urbano!
tou reclamar com sem participação
a moça que dirigia o veículo e re- da comunidade, isso aqui vai vi-
cebeu uma saraivada de pala- rar outra Balneário Camboriú,
vrões. uSe tivesse uma arma, me cheia de paredões de cimento ar-
dava um ti ro". mado. Nem os turistas vão que-
O escritor vê nisso um claro rcr maIS ." .
. vir
exemplo da Corma desorganizada Jomalista com 35 anos de car-
e predatória como vem sendo reira e autor de 18 livros, Salim
praticado o turismo em Florianó- Miguel sabe bem o que significa
polis. Ele acha que as praias es- um governo que não ouve as opi-
tão ficando cada vez mais poluí- niões das pessoas que são afeta-
das com a invasão descontrolada. das por suas decisões. Logo apó~
"Na praia não se pode construir o Golpe Militar de 1964, ficou
edifício de seis andares", critica. preso durante 48 dias no quartel
Cita a própria Cachoeira do Bom da Polícia Militar. Além disso, viu
Jesus como exemplo. Numa faLxa a Uvraria que ele criou, chamada
de um quilômetro existem três Anita Garibaldi, mas conhecida
marinas improvisadas. Outro fa- por todos como "Livraria do Sa-
tor que o desagrada é a Calta de lim", ter os seus livros jogados no
integração do roteiro turístico meio da rua e queimados. "A ca-
com o artístico e cultura1. "Quan- sa já nem era mais minha mas
do chovc todo mundo corre para ainda era associada à minha pes-
o shopping, como se não existis- soa". lIoje leva uma vida bem
se mais nada". mais sossegada na Cachoeira, ao
Para ele, a responsabilidade lado da escritora Eglê Malheiros,
pelos problemas cabe não so- com quem é casado há 48 anos,
mente ao descaso das sucessivas mesmo que de vez em quando
administrações municipais como ainda tentem lhe passar o trator
do bator que quase O atropelou, Salim etogia a Cachoeira do Bom também aos empresários ávidos por cima.
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UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL I
052 - DAMIÃO, Carlos . ° Brasil sob a ótica dos libaneses. A Notícia. Florianópolis, 21 jan. 2000. Anexo ., p. 3.

,
,

Por meio da vinda de sua


famflia para o País, Salim
Miguel narra as mudanças
sociais em romance,histórico

CARLOS DAMIAO
ESPt:CW PARA o ANEXO

enhum catarinense pode desconhecer a trajetória


N do escritor Salim Miguel. Mais que isso, ninguém
pode ignorar a importância de Salim como O líder do
Grupo Su l, o movimento que trouxe o modernismo
para Santa Catarina, a partir de 1947. Autor de 18 livros,
roteirista de cinema, jornalista, editor de livros, crítico
literário, Salim poderia considerar sua missão intelec-
tual inteiramente cumprida - mereceria, quem sabe, o
repouso tranqüilo da leitura (ou releitura) dos livros
que mais lhe agradam. Mas não: Salim Miguel se recusa
a ceder à tentação da aposentadoria, da passividade.
Para sorte dos leitores catarinenses e brasileiros, que
podem ter acesso à sua mais recente criação, 'Nur na
Escuridão", publicado pela respeitável editora Top -
books e eleito como o melhor romance de 1999 pela
Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA).
É impossível protelar a leitura de "Nur na Escuri-
dão". Uma vez iniciado o desafio de abrir o volume de
258 páginas, é impressionante a rapidez com que se lê
o que o mestre escreveu. Quem tem algum tempo nes-
tas férias, com certeza poderá superar a leitura em não
mais do que três "sentadas", de três horas cada uma.
O romance de Salim é certamente o mais impor-
tante da literatura de Santa Catarina durante a década
de 90. E é ainda um dos fundamentais de toda a nossa
SAGA PREMIADA
ganha destaque em "Nur na Escuridão" Roteirista, jornalista,
história literária. Fluidez da narrativa, riqueza de per-
sonagens e 'situações, domínio absoluto das cenas -
editor de livros, crítico que muitas vezes remetem à semelhança com O roteiro
Quatro cenários são marcantes sos" dos personagens do lugar. Efoi Mas há, sem dúvida, outros literório, Salim Miguel cinematográfico - garantem o prazer da leitura e, mui-
nesse Brasil encontrado pela família em Biguaçu que o autor do roman- personagens maravilhosos e miste- teve seu "Nur no to mais, a convicção de que Salim Miguel superou-se,
libanesa: o Rio de Janeiro, primeira ce tomou contato com a literatura riosos (seriam verdadeiros?), colhi- tornou-se maior do que parecia ser.
parada, primeiros desacertos, ilu- possível, com os livros aos quais dos pela memória do aulor e ali- Escuridão" eleito como o
sões desfeitas; São Pedro de Alcãn- poderia ter acesso, e com a maté- nhados ao final da obra no capítulo melhor romance de 1999 INCERTEZAS
. . , .
tara, a colônia alemã que recebe na-pnma que vlfla a povoar sua Perfis. Um deles, Ti Adão, será ines- pela Associação Paulista
mal o "invasor" árabe, concorrente imaginação - personagens reais e quecível para todos que tiverem o dos Críticos de Arte Temos na obra a trajetória de uma família de liba-
"perigoso" do fechado comércio irreais de um mundo mítico e, privilégio de ler "Nur na Escuridão". neses que chega ao Brasil em 1927, desembarcando no
local; Biguaçu, o lugar que marca sobretudo, fa ntástico (veja-se o Negro, ex-escravo, de idade incerta Rio de Janeiro rumo às incertezas de um Pais que ainda
definitivamente a vida da família; e poela cego, alguém que impressio- (Ialvez cem anos), Ti Adão freqüen- não conseguira modernizar suas estruturas arcaicas
Florianópolis, o abrigo final, a cida- na e fascina). la a venda de Yussef, conla histó- tanto na política quanto na economia. (Terá moderni-
de em que, enfim, Yussef consegue rias, de um jeito peculiar, dificil de Trecho zado alguma vez?). Trata-se da história do próprio
se estabelecer com relativo sucesso PERSONAGENS ser transformado em literatura. Salim, de sua família, de seu fascinante pai, Yussef (ou
- e onde consegue fincar sua pri- Mas Salim consegue realizar o que Zé Gringo, ou Seu Zé), de sua cândida mãe (Tamina),
meira (e única) casa própria. Nesse universo, em que se planejou durante muitas décadas: "(".) As despesas aumencam, vã a irmãos, patrícios, amigos, personagens do cotidiano,
Biguaçu, que antecede a Capi- sobressaem os problemas comuns a elaborar o perfil do negro feiticeiro, lura, o armazém mal dá para o sus- no Rio, em Biguaçu, em Florianópolis.
tal como ponto de fixação, tem todas as famílias normais, convi- contador de "causas" e, mais que tento. Os filhos saem em busca de Mas não é. ao contrário do que se possa pensar,
importância especial no universo vem os personagens externos, adi- isso, um personagem marcante da emprego, necessário conciliar estu- apenas um livro biográfico (com subsídios fornecidos
mítico do escritor. Talvez Salim cionais - mas nunca figurantes. Há literatura fantástica. Alguém que do e trabalho, dois vão servir de pela autobiografia escrita pelo pai). É um exercício lite-
possa ter exagerado, ao longo de o casal que vai morar com a família lembra a ficção de García Márquez caixeiros em outras casas comer- rário superior. grandioso, muito além das insignificân-
sua vida e de sua obra, a dimensão de Yussef num casarão da praça 15 ou de José J. Veiga. ciais, o mais rebelde abre uma ban- cias do dia-a-dia, que preserva uma das características
exata do que significou /significa de Novembro, em Florianópolis. O Épreciso ler, é preciso desven- ca de jornais e revistas, não demora de Salim Miguel- a paixão pela memória (ou pelo pas-
Biguaçu para sua família . Mas a libanês subloca a casa que aluga dar esse mundo criado por Salim acrescenta-lhes livros, em um dos sado que não é passado, no dizer do citado William
verdade é que a cidade, pequenina para obter um "a mais" no difícil Miguel, elaborado passo a passo, cafés, na rua Felipe Schmidt; pouco Faulkner). Situações familiares criadas (ou lembradas)
à época, representou o primeiro orçamento doméstico de um com os critérios de um artista que mais de um ano, já está com livra- pelo autor remetem a histórias semelhantes, de muitos
passo para a solução dos muitos pequeno comerciante. E os meni- cria uma obra única, indivisível, ria, em sociedade com um amigo, de nós, descendentes de tantas etnias que formaram a
problemas acumulados desde a nos, o mais velho à frente, desenvol- indissolúvel da realidade e da fan- na esquina da Praça 15 com'a rua gente catarinense. As dificuldades vividas pela família,
chegada ao Brasil. Foi ali que Yussef vem fantasias extraordinárias em tasia. "Nur na Escuridão" é a leitura Conselheiro Mafra. Ao ser questio- que saiu de um Líbano sem perspectivas, rumo a um
deu inicio ao seu comércio mais relação à mulher do locatário - mais agradável e instrutiva para nado, retruca: se não deixa de ser país de futuro - não, não era o Brasil, eram os Estados
estável, mais constante, apesar dos urna bela fêmea, que povoa o ima- estes meses quentes, para estes pri- comércio, pelo menos me encontro Unidos - mas que. por desacertos do destino, acabou
maus pagadores e do movimento, ginário erótico infanto-juvenil com meiros dias do ano 2000 - um ano com os livros. no Rio de Janeiro, foram semelhantes às de tantos
às vezes, muito fraco. poses provocantes e situações deli- em que as perspectivas de vida Aos poucos, para todos da famí- outros imigrantes.
Mas foi no balcão de sua "ven- cadas. Há um clima de filme noir, para os brasileiros talvez se afigu- lia, a descoberta .da, cidade, seus
I . .
da" que Yussef testemunhou a his- de denso mistério, de claro-escuro rem melhores que em 1999 e, sem encantos e seus fflJsterLDS, seu mex· TRANSFORMAÇOES
tória, ouvindo o rádio Philips que ambiental, que Salim, muito prova- dúvida, muito superiores a tudo plicável fascínio . Nos domingos
comprara com sacrifício, lendo os velmente, capturou da sua extraor- pelo que passaram esses libaneses havia a ida às praias, Coqueiros e "Nur na Escuridão" consegue penetrar no
jornais atrasados, ouvindo os "cau- dinária cultura cinematográfica. ao longo de 72 anos de Brasil. (CD) Estreito, por vezes uma aventura ambiente da família de Yussef para traçar os elementos
- maior, até a Lagoa da Conceição ou fundamentais da história brasileira do século 20, de
Canasvieiras. 1927 a 1983. A perspectiva do Brasil, da ótica dos liba-
Pelas noites, os cafés, os bares, o neses, é que é interessantissima e por isso motivou o
400 ••
papo irllerminável sob a figuEira da
Praça 15, a cerveja no Miramar. Os
romance de Salim Miguel. O que Yussef vê - melhor,
escuta pelo rádio ou lê pelos jornais - são fatos que
cinemas.As meninas. O'100nllg: em talvez os brasileiros da "gema" não tenham se aperce-
duas frentes, dentro da praça em bido, vivendo a história ou nela interferindo. Yussef é
QUsca das empregadinhas ou de pro- um democrata, mas sobretudo um progressista, um
gramas mais picantes, e lias primei- homem com os olhos voltados para o bem-estar coleti-
ras quadras da nta Felipe Schmidt, vo (coisa que o neoliberalismo renega criminosamen-
os rapazes parados velldo o desfile te), para a realização humana e social. Yussef observa
das moçoilas da melhor sociedade. as transformações, espanta-se com a dinâmica e a
Pai e mãe compreendem que, velocidade dos fatos.
afinal, o destino ancorou-osali para Está certo, Yussef é o pai, que por vezes parece
sempre. Está escrito: lIão sairão autoritário ou repressor. Mas é um personagem que
daquela vidinha. Conformaram -se. precisa dar conta dos problemas de sua casa, da cria-
Esperanças agora são os filhos. Que ção de seus oito filhos. E, se isso não é fácil nos dias de
começaram a se desprender. Em bus- hoje, imagine-se nas primeiras décadas do século,
ca de caminho próprio. Quem sabe entre duas guerras mundiais e com a sociedade sub-
neles a realização que procuraram metida a governos fracos ou fortes demais (no mau
ao aventurar-se, de lão longe, para sentido). Yussef. no entanto, nunca estará ausente.
outra terra ... " Estará sempre conduzindo os seus, como um maestro
que tem sob seus cuidados uma orquestra de músic_os
imperfeitos.

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053 - PEREIRA, Mário. Saga fami liar, um mergulho na memória . Diário Catarinense.

• •
,
Em Nur - Na Escuridão, escritor Salim Miguel recria a trajetória de suafamília do Líbano a Santa Catarina na segunda metade dos anos 20
Mário Pereira • de famílias que, desde o final do SéCl~O passado até tempos re-
FLORIANÓPOUS centes, vieram II fazer a América" é matcriaJ farto para a escri-
ta , e no entanto poucas têm sido as narrativas que consegui-
arne, OSSOS, nervos, músculos, um corpo vivo. Vitali- ram dar-lhe O scants de obra literária acabada . Nur é uma dc-
dade, estranhamento, realismo pungcnte. NUT - Na las.
Escu ridcio, o novo romance de Sa1im Miguel, leva o Se há bibliografia farta sobre a imigração européia no Sul do
leitor a mergulhar num universo às vezes inquietan- Brasil - a alemã e a italiana, principalmente -, pouco ou quase
te, mas sempre estimulante porque o autor souhe dar-lhe vida. nada existe sobre a inestimável contribuição que os represen-
Uma vida sólida e únic~l, retirada da memória do tantes de antigos povos do oriente, legatários de
au[Or que a reconstrói com sua reconhecida ha- culturas milenares, C0l110 os libnneses, deram à
bilidade de um mestre da palavra. A memória é construção do país nesta sinfonia de etnias. E no
manancial rico em matéria-prima para o escritor. entanto os descendentes de libaneses no Brasil
~Ias este poço profundo também oferece riscos SOmaJ11 mais de 6 milhões. Salim é um deles.
ao criador de histórias que não souber lidar com Com seu estilo claro, cuja aparente simplici-
o material que dele rctira, primeiro pela seleção dade é fruto de uma sofisticada técnica na lida
e, depois , pela transformação. E Salim Miguel , COI11a p~llavra escrita, Salim Miguel vai montan-
como poucos, sabe lidar com ele c elevá-lo i\ con- do um amplo pa1l0ram ~1 destn saga familiar, em
dição de criação literária de primeira linha. J,í o
sabíamos desde a le itura do seu Primeiro de -. •
capítulos que avançam e recuam, se aJast.:l.111 c se
entrelaç"m, justapondo-se como cenas de um fil-
Abril: Narratiuas da Cadeia, a vigorosa narrati- me que emociona em sua humanidade de carne
va de sua sofrida convivência com o irracionalis- e osso. O livro foi considerado pela Associação
mo e a violência da ditadura dos generais. Paulista de Críticos de Arte como o melhor ro-
Salim novamente mergulha na memória e mance do ano passado , e quem o ler conferirá
emerge com a saga da sua famllia que saiu do Lí- que sobram razões pnra tanto . Não por outras,
bano em busca de melhor vida e dcsembarcou Salim alinha-se entre os melhores Hccionistas
no Rio de Janeiro em 1927 para, depois, deitar raízes em Si- brasileiros contemporâneos.
guaçu na generosa terra catarinense. Deixar para trás a term ROBERTO SCOINDC/SET 96

natal, cortar laços para reatá-los num recomeço em geografias * NUT - Na Escuridão - Salim Mill"el. EeliLOTa Topbooks (Rio ele LIBANO-BRASILEIRO: Mestre das palavras, Salim Miguel transforma suas recordações em belas e inquietantes páginas de literatura
distantes, experiência pela qual passaram milhares ou milhões Janeiro). 258 págs. RS 25,00

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054 - O JORNALISTA Salim Miguel lançará seu 1Solivro . Carta do líbano. São
Paulo, ago. 1999. Literatura, p. 13.

o jornalista
Salim Miguel
lançará seu 18º livro

o e.\criror Salim Miguel

Salim Miguel nasceu em 1924, no Líbano. Sua mãe,


Tamina, era deAmiun, e seu pai, José, de Kfarsouroun,
lugarejo próximo a Amiun. Em 1927, a família mu-
dou-se para O Brasil. Primeiramente morou, por pou-
co tempo, emMagé/RJ, e, em seguida mudou-se para
Santa Catarina.
Miguel é jornalista profissional, escritor,
argumentarista e roteírista de cinema. Trabalhou na
imprensa no Rio de Janeiro e em Florianópolis. Foi
correspondente de órgãos de imprensa e tem colabo-
ração esparsa na maioria dos Estados. Conceituado
jornalista, já possui 17 livros publicados entre eles:
romances, contos, críticas e depoimentos. O seu déci-
mo oitavo livro, um romance, será lançado em outu-
bro, pela Topbooks, do Rio de Janeiro.
O romance "NUR-na escuridão", é a história de
urna famllia de imigrantes libaneses pelos caminhos
do Brasi I; a chegada à nova terra, a adaptação. sempre
difícil, aos novos hábitos e costumes; o pai, sem ne-
nhuma vocação para o comércio, tendo que primeiro
mascatear. depois abriodo armazém de secos e molha-
dos. Este romance busca recuperar um pouco de tudo
isso, de maneira ficcional. Embora tenhamos cerca de
seis milhões de descendentes de libaneses espalhados
pelo vasto território brasileiro, a literatura a respeito
é rarefeita. Com este livro, o autor quer ajudar a re-
cuperação do passado, não apenas de sua família, mas
do mundo e da cultura árabe e de sua influência em
terras brasileiras.

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UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
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057 - MIGUEL, Salim. Meu clássico. O Globo. Rio de Janeiro , 01
se!. 2001. Prosa & Verso, p. 5.

,
MEU CLASSICO
Salim Miguel, escritor
·Comecei a ler e a aprender a
gostar de livros lendo o soneto a
Carolina de Machado. Mas depois
me marcou mais a prosa macha-
diana, já Que nunca escrevi um
poema decente. Quanto ao livro
que eu escolheria para meu clás-
sico, o livro de minha vida, é difícil.
Foram muitos, mas se tiver que es-
colher um, escolho 'O vermelho e
o negro' de Stendhal. Um romance
numa linha tradicional nada tradi-
cional, romance de formação de-
formada, onde o crescimento do
protagonista se faz pela necessida-
d de ascensão".

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059 - FEIJÓ , Marcia. Maior encontro literário do país abre hoje no RS. Diário Catarlnese . Floria nópolis, 28 ago . 2001.
Variedades , p. 8 .

~ PASSO FUNDO termina na sexta-feira. Até lá, mais de regionais, mas, com o bom resultado alcan- Jurame"to, da moçambicana Paulina Chi-
4.000 adultos e até 2.000 crianças por dia çado pela organizaçâo, já na segunda edi- ziane, e Desordem, de Márcio Souza.
Começa hoje o maior encontro de litera- nas "jornadinhas" terão participado do ção se tornaram um evento nacional, le-
tu ra do país. Ao todo. mais de 10 mil pes- evento. Segundo a organização. liderada vando escritores de todo o pais a cada dois Leitores se preparam em grupos
soas estão inscritas para participar dos deba- pela professora de literatura da Universida- anos à cidade, que tem 166 mil habitante e formados meses antes do evento
tes que ocorrem debaixo de lonas de circo de de Passo Fundo, Tânia Rõsing, mais de fica a cerca de 300 qui lômetros de Porto A fórmula das Jornadas Literárias baseia ..
na cidade gaúcha de Passo Fundo. cem autores estarão presentes - entre eles, Alegre. Neste ano. será entregue, pela se- se num princípio: para participar do encon-
O tema da 9.' Jornada Nacional de Litera-
tura é 2001 - Uma Jornada na Galóxia de Gu-
o argentino-canadense Alberto Manguei,
autor de No Bosque do Espelho, e o chileno
gunda vez, com apoio da prefeitura da ci-
dade e da empresa Zarrari & Bourbon, um
tro com um autor, é preciso estar preparado
para discutir suas obras. "O evento Funcio-
.....
tenberg: da Prensa aoE-Book. Antonio Skármeta, de O Carteiro e o Poeta. prêmio de R$ 100 mil para o melhor ro- na porque o objetivo é nobre, e porque en .. •
En tre os brasileiros, estão Antônio Torres, mance (na edição de 1999, o prêmio foi contrei gente do mesmo tipo. que não se
Uma série de encontros e mesas-redon- de Essa Terra, e Ignácio de Loyola Bran- para o escritor Sinval Medina, com o ro- importa com o cansaço e com o desgaste",
das estão previstos para discutir o passado dão, de Zero. mance Tratado da Altura das Estrelas). En- explica Tânia. Segundo o escritor Roberto
e o futuro dos livros. Uma réplica da pren- As. Jornadas de Literatura surgiram há 20 tre as 11 obras escolhidas que participam Drummond, autor de Hilda Furacão, nas
sa de Gutenberg (vinda da Alemanha) esta- anos, como uma sugestão do escritor Josué da disputa deste ano, estão O Pi"tor de Re- viagens que fez pelo Brasil e pelo mundo,
rá exposta na cidade durante o evento, que Guimarães aceita por Tânia. Con}eçaram tratos, Luiz Antônio Assis Brasil, O Sétimo nunca viu nalla como em Passo Fu~do.

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060 - MAIS Transpiraça o do que inspiraçao_O Estado. Florianópolis, 07,OS e 09 seI. 2001.

l.rrERAruR.A • CARREIRA, PRÊMIo RECÊM-CONQUISTADQ E PERSPECTIVA DE NOVOS PROJETOS DO ESCRITOR CATARINENSE SAUM MIGUEL

• -
4 4..- • • -
4 lU-

Uma das maiores ansiedades do escritor é ver no livro publicado outras possibilidades de abordagem
GlAUCO SILVES11!E

..... ERCADO POR CINCO MIL LIVROS EM UMA PEQUENA SALA do apanamento no bairro Carvoeira, espaço suficiente para apenas metade
livros - outros cinco mil ficam na casa de praia - o escritor, jornalista profissional, argumentista e roteirista de cinema Salim
chega aos 77 anos no auge de sua capacidade criativa, já pesquisando dados para seu próximo livro, o 22° de sua car-
reira.
O último, 'Nur na Escuridão' Editora Topbooks, lançado no ano passado, já em sua segunda edição, venceu
dois importantes prêmios nacionais; o da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), com o melhor
romance do ano e o Passo Fundo Zaffari & Bourbon, considerado a mais importante premiação do
gênero no país, onde dividiu o primeiro lugar com o escritor baiano Antônio Torres. Na quinta-feira
o escritor será homenageado no Circuito Cultural Banco do Brasil, onde participa da Roda de
Leitura com Nelson Motta no auditório da Justiça Federal.
Salim trabalhou em jornais e revi<tas durante 35 anos, sempre com inclinação para a área cul-
tural, escrevia para imprensa alternativa já em 1946, foi editor da revista Tendência, do grupo
Block, e da revista Ficção de 1976 à 1979 e um dos principais colaboradores de um jornal
literário carioca editado por Jorge Amdo, época que conheceu no Rio os mestres da literatu-
ra brasileira, como Carlos Drumond de Andrade, Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Em
Florianópolis colaborou para os quatro jornais diários da época, O Estado, Gazeta,
Díário da Tarde e Diário da Manhã.
Inspiração - Salim diz que o processo de criação é formado por 10% de inspiração
e 90% de transpiração 'Escrever é saber reescrever e cortar' ensina. O original de
seu último livro, possuía 500 páginas, com os cortes e a edição, chegou as
livrarias com 250 - depois de reescrever cinco vezes.
Uma das maiores frustações para muitos escritores é
depois de ver o livro publicado, a cada leitura sentir
que o texto poderia ter novas abordagens. Para evitar
a auto-critica tardia, Salim afima que não abre o
livro no mínimo um ano após sua publicação
'Sempre acho que tem que mexer alguma
coisa aqui e ali, por isso sempre digo
que o melhor é aquele que
estou escrevendo, quando
altero qualquer
coisa' justifica.

Do enigma ao começo de tudo


EMBORA HAJA UMA PISTA LOGO na teratura em 1950. Na primeira obra 'Velhice
primeira página do livro, a primeira pergunta e Outros Comas' publicada pela Editora Sul,
de quem lê o livro é: O que é 'Nur"? Símbolo, o livro faz uma adaptação das histórias que
nome de mulher, liberdade, luz ... PoJe ser ouviu de alguns entrevistados quando traba-
tudo isso ou nada. A sugestão é para que o lhou no senso demográfico daquele ano.
leitor decifre o enigma, pois um texto é tanto 'São relatos de experiências traumatizantes
mais intrigante quanto maiores as possibili- dessas pessoas. Quando estão sozinhas, elas
dades que a leitura oferece. Além da fruição, procuram alguém para contar e soltar seus
ele precisa provocar e fazer pensar. fantasmas' lembra Salim.
O romance de Salim Miguel é baseado em Como usou os relatos verídicos das pes-
fatos reais, trabalhados ficcionalmente. soas para criar a ficção, pensou duas vezes
Resgata a saga de uma família de imigrantes antes de publicar, temendo ser injusto com os
libaneses que, almejando ir para os EUA, entrevistados - dúvida que esqueceu quando
acaba trilhando os caminhos do Brasil. ouviu o relato do escritor americano Willian
O núcleo central transcorre entre a década Folker. Ele conta que, como trabalhava em
de 20 e 50. Sem cronologia Ii-near, circula correios, violava as correspondências para ler
pelo Líbano, Rio de Janeiro e Santa Catarina, as histórias e criar seus personagens nos
aqui mais especificamente Biguaçu e romances. 'Folker dizia que é mais fáci l co-
Florianópolis. Montado como um jogo-de- nhecer as pessoas pelo que escrevem e na
amar, sua estrutura não é de um romance conversa cara a cara, do que pela memória'.
convencional. Comporta labirintos, mean- Desde a primeira publicação na década de 50,
dros, idas e vindas, interrogações, alegrias e lançou 21 livros, 16 entre ficção, conto e
desencantos, dúvidas e certezas, e também romance.
ratificações e retificações. O escritor catarinense vai ser homenagea-
A arte de transformar realidade em ficção do no Circuito Cultural Banco do Brasil que
acompanha Salim desde o ingresso na li- começa no dia 12 em Florianópolis.

UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL


061 - A REALIDADE de um escritor catarinense. O Estado. Florianópolis, 07,08 e 09 set. 2001 . Literatura, p. 3.

TRABALHO • AUTOR DO ROMANCE PREMIADO FALA DAS DIDCULDADES EM CHEGAR AO CIRCUITO NACIONAL DE LITERATURA NO BRASil.

• •

Novos projetos e perspectivas à Vista dão o tom para a continuidade da carreira de Salim Miguel

Vem aí mais lJJua


PESAR DO
CRESCI-
Feira do livro
MENTO COM O CRESCIMENTO DAS PUBLI-
de lançamentos de CAÇÕES, do comércio de livros literários
livros de escritores no Brasil e de títulos de autores catarinenes
catarinenses, Salim - que culminou com a premiação do
Miguel afirma que o romance de Salim Miguel, Nur na Escuridão
reconhecimento pelo - abre nesta semana noBeira-Mar Shopping
talento local ainda a 16' Feira do Livro de Florianópolis e 2'
está distante. Costuma Bien~1 do Cone Sul. que vai de 13 a 23 de
dizer que sempre setembro, entre 14 e 22 horas.
viveu da palavra e não A feira é um dos maiores eventos cultu-
de direitos autorais. rais locais, com abrangência estadual e
"A literatura catan- nacional. Vai reunir escolas, universidades,
nense dificilmente fundações e leitores de todas as idades e dos
atravessa a ponte mais diversos gostos literários.
Hercílio Luz' senten- O objetivo do evento é de promover o
cia. Acredita que o movimento literário, o desenvolvimento
difícil ingresso dos educacional e cultural, o hábito de leitura e
escritores catarinenses o interesse pela pesquisa . O lançamento da
no eixo Rio - São feira reunirá expositores, apoiadores e os
Paulo e até no Rio vencedores do I concurso literário ' Roteiro
Grande do Sul. se dá de uma viagem pela imaginação ', realizado
pela dificuldade de pela Câmara Catarinense do Livro.
distribuição das edi- Participaram do concurso alunos de S' a 8'
toras, falta de incenti- série do Ensino Fundamental das
vo do governo e a Instituições de Ensino de todo o Estado. E
própria situação os trabalhos foram apresentados em forma
odinheiro do prêmio que rece- econômica do país. 'Santa Gatarina tem muitos escritores que não deixam nada a desejar aos já con- de poesia e crônica.
beu vai ser usado pelo escritor sagrados. Quem consegue publicar, dificilmente sai do circuito catarinense' lamenta. A 16' Feira do Livro vai acontecer na
para a pesquisa do seu próximo Narrativas da cadeia - Os R$ 50 mil que recebeu do prêmio Passo Fundo Zaffarri & Bourbon, serão área de eventos no 6° piso do Beira-Mar
livro, uma continuação de destinados para a pesquisa do seu próximo livro, uma continuação da publicação de 'Primeiro de Shopping e a expectativa de público para
'Primeiro de Abril", de 1994 Abril' de 1994. O livro conta sua experiência no alojamento do quartel da polícia durante 48 dias, esse ano é de 50 mil pessoas.
quando foi preso com outras 60 pessoas por ocasião do golpe militar, no governo do então governador
Gelso Ramos, de quem foi assessor de imprensa anos antes.

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062 _ PAGANINI, Joseana. Saga de uma familia libanesa. Jornal de Brasília . Brasilia, 28 se!. 2000. Arte e Lazer, p. 05 .

• •
,

,,

o escritor Salim Miguel lança hoje às 19h30


no Carpe Diem o romance Nur na escuridão

JOSEANA PAGANINI tor, a síntese visual do que se lê ali é urna realidade


romance. ficcio nalizada. Três cama-
escritor e jornalista Em NLI r 110 eseu ridão, é a das de memória se mistu-
Salim Miguel tinha memória que comanda o ram: a do pai em seu relato,
apenas três anos desenrolar da narrativa. a do filho, que se deixa
quando desembarcou com O Nascido em Kfarssouroun, entrever por trás da narrati-
pai, a mãe, o tio e dois uma vila no Líbano, Salim va em terceira pessoa, e a da
irmãos, no cais do porto do Miguel reconstrói a trajetó- história do Brasil, memória
Rio de Janeiro. O ano, 1927, ria da famma, que, depois coletiva que permanece
Vinham do Líbano para o de passar alguns meses em como pano de fundo para a
Brasil em busca de melhores Magé, es ta do do Rio de saga dos libaneses. E tam-
oportunidades de vida, per- Janeiro, se estabeleceu defi- bém a memória quem deter-
fazendo o caminho e o desti- nitivamente na pequena e mina a estru tu ra da obra. A
no de tantos o utros conte r- d esconhecida Bigu açu, nos narrativa de Mi gue l não

raneos • •
que ImIgraram para arredores de Florianópolis. segue uma seqüência linear.
o novo continente. Começa- A cidade, na qual o escritor Ao contrário, é fragmentária
va aí a saga brasileira da viveu até os 19 anos, se tor- e seletiva de acordo com
famma Miguel que o escri- nou um espaço mítico para uma lógica afetiva.
tor reconstitui em Nur lia muitas das obras de Miguel. O resu ltado é um painel
escuridão (Topbooks), a ser Para escrever o romance, comovente das esperanças e •
lançado hoje, no Carpe Salim pesquisou bastante a ama rguras, das vitórias e
Diem, a partir das 19h30. história da família. Inclusi- derro tas de uma família que
Pelo livro, O autor, que tem ve encomendou uma trad u - se lançou à desconh ecida
18 obras publicadas, rece- ção para O português do tarefa de adotar um novo e
beu o Prêmio de Melhor relato de memórias que o dista n te país como pá tria.
Romance de 1999 concedido r.ai deixou escrito em árabe. Nesse se n tido, a aventura
pela Associação Paulista de li em torno do patriarca, existencial dos Miguel nar-
Críticos de Arte (APCA). professor que, no Líbano, rada por Sa lim se assemelha
Salim Miguel conta que sonhava em ser escritor e, a dos outros imigran tes,
N LI r /la escu ridão começou a no Brasil, se tornou um sim- libaneses ou não, que apor-
nascer em 1952 em lemas ples comerciante, grande taram em terras brasileiras
que fbram sendo explorados contador de histórias e no final do século passado e
em várias narrativas, até admirador da poesia de início deste. Além de consa-
que, 43 anos depois, tomou amar Khayam e Cibran grado pela crítica, o autor
forma própria. "O escritor Kalil Cibran, que a narrativa revela que o romance tem
não sai atrás de temas, são se desenrola. Foi pela voz alcançado grande aceitação
os temas que o procuram. E do pai que o menino Salim junto aos descendentes de
esse tema me procurou com ouviu pela primeira vez os libaneses no Brasil, q ue h oje
razão porque é parte da contos de As mil e IlIIla /loites, são mais de seis milhões,
minha vida", avalia, que o acompanhariam des- algo próximo à popu lação
A palavra árabe "nur" de então. "Até hoje, quando do Líbano. "Ao contrário da
significa "luz", em portu- sinto necessidade de reto- imigração italiana e alemã,
guês. Foi esta a primeira mar as minhas raízes árabes, que deixou uma literatura a
palavra que o pai Yussef leio As mil e uma noites", respeito, praticamente não
aprendeu na Ifngua de sua conta. existe relatos sobre a vinda
nova pátria. Miguel resol- Mas, apesar da inspira- de libaneses para o País",
veu utilizá-la em árabe no ção biográfica do livro, o acrescenta.
título, primeiro, para causar autor esclarece que evitou
um estranhamento no leitor dar à narrativa um caráter
e provocar a curiosidade em de romance histórico. Nur Nur na Escuridão ~ Autor Salim
relação ao livro, segundo,
porque IInur" é, para o escri-
/Ia escuridão parte da vivên-
cia da família, sim, mas o I MI ueL Lan amento hoe no (ar e
D,;m, a part~r das 19h3d ' P
..

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. • . . .
NO LIVRO Saltm Miguel narra as aventuras e desventuras, Vltorlas e derrotaras de Imigrantes
063 - A CULTURA em O Estado. O Estado. Florian ópolis, 13 e 14 maio 2000. Suplemento especial, p. 33.

Suplemento

ial
~~~~_~_ _---''--_ _ _ _ _ _ Oivulgação/OE
os
Ao longo de sua história, Jornal cumpriu
importante papel no desenvolvimento da
cultura catarinense, revelando talentos e
incentivando o debate literário entre
artistas e intelectuais,

cobertura cultural citado Tito de Carvalho, o


em O Estado ga cronista José Diniz (influen-
nhou um reforço ciado pelo famoso João do
definitivo quando Rio, diretor da Gazeta de
Altino Flores entrou para a Notícias, do Rio de Janeiro),
história do jornal. O jorna- Cássio da Luz Abreu e Gus-
lista, professo, e intelectual tavo Neves. "Esse último,
foi uma das figuras mais im- principalmente, por mais
portantes ,para o jornal em longo tempo e sempre pri-
que atuou como diretor en- mando pela maneira serena
tre 1925 e 1930 e do qual e concisa com que glosava
foi proprietário entre 1930 os fatos",
e 1945. Influente homem de "Enq uanto sob minhas
letras e também servidor ordens O Estado foi sempre
público, Altino Flores foi um jornal noticioso", afir-
uma figura surpreendente e mou o intelectual na entre-
polêmica em todos os seus vista. E nem poderia deixar
90 anos de vida (ele faleceu de ser, já que o período em
em 1982). que ele administrou o diá-
Para administrar o jornal, rio esteve entre os mais con-
Flores cercou-se de perso- turbados da história. Ele pas-
• A '

nalidades proeminentes da sou por uma cnse economl-


cultura de Santa Catarina, ca em 1929, uma revolução
entre os quais o grande jor- no Brasil em 1930, a maior
nalista e escritor regionalis- das guerras mundiais entre
ta Tito Carvalho. Sob seu 1939 e 1945. Mas o profes-
comando, O Estado valori- sor sempre encontrava espa-
zou a cultura local como ço, em meio às notícias pe- Oescrhor
nunca havia sido feito ante- sadas, para publicar suas
riormente em Santa Catari- considerações sobre o mun-
salim fOi
na. Ele defendeu valores ca- do da cultura em especial UIR da prln!:lpals
tarinenses e criou polêmicas sobre a literatura.
com o grupo de artistas e es-
critores que formavam o Cír- Grupo Sul - Polêmicas do Jomal
culo de Arte Moderna, o à parte, mesmo com as di-
Grupo Sul. ferenças entre Altino Flores blicação de um romance se-
Esse grupo foi o respon- e o movimento que coman- riado, "The Lost Day" (O
sável pela implantação do davam, o Grupo Sul encon- Dia Perdido), assinado por
modernismo em Santa Ca- trou espaço para divulgar James F. Wingate, um inglês
tarina, mais de 20 anos após suas idéias a partir de 1948. que era apresentando como
sua eclosão em São Paulo. Nessa época O Estado não sendo "tão importante quan-
Poucos anos antes de mor- pertencia mais ao polêmico to James Joyce". Na verda-
rer, Altino Flores deixou sua professor. A abertura foi de o tal inglês era um pseu-
opinião a respeito do Gru- proporcionada pelo então dõnimo assinado pelo gru-
po Sul registrada em uma diret(,r do jornal, Rubens de po, e cada capítulo foi es-
entrevista conceáida com Arruda Ramos, de quem Sa- crito por um membro do
exclusividade a O Estado. lim Miguel, um dos coorde- movimento.
"Eles (do Grupo Sul) que nadores do grupo de artis- Participaram dessa brin-
eram muito inte- cadeira, entre
ligentes, aliás, ti- oulros, Salim
nham a revista Miguel, Ody
"Sul" e nela es- Fraga, Aníbal
creviam suas Altino Flores Nunes Pires e
críticas, ou es- Paulo Taulois.
crevIam sobre
autores. Certa
oEstado entre e A narrativa
durou 10 capí-
tulo s, mas
vez, num artigo
sobre Goethe,
Nesse período criou nunca chegou
Aproveite que vod esd
bem pertlnho do seu Jom."
e d! um beijo nele
de Feliz AnIversário.
notei vários er- a ser concluí-
ros, que procureI polêmica e incentivou o da, mesmo as-
• •
corrigIr na mI-

sim causou
nha coluna do debate cultural em sensação no
estado. Consta
jornal. Eles rea-
. . que um leitor
gIram e cnou-se
a polêmica. Vol-
todas as áreas chegou a pro-
tei ao ataque, es- curar o grupo
crevendo outros para comentar
artigos, intitulados 'Goethe, tas, já afirmou ter uma vi- a obra e chegou a afirmar
os novos e os velho'. No são correta do que estava
-
que já lera aquele texto em
fim tudo acabou bem e reu- acontecendo no mundo da algum lugar antes.
ni esses artigos num livro" arte. O Grupo encerrou suas
Os moços a que Altino A colaboração dos jo- atividades em 1958, mas seus
Flores se refere são os atu- vens escritores e artistas de antigos integrantes prosse-
almente consagrados Salim Florianópol is marcou sua guiram atuando nas mais di-
Miguel, Aníbal Nunes Pire , época no jornal, pelo cará- versas áreas culturais: litera-
Osvaldo Mello Filho, entre ter polêmico da criação cul- tura, cinema, teatro. Alguns
outras figuras marcantes da tural inovadora e pelas dis- nomes alcançaram projeção
cultura catarinense. cussões que se sucederam. nacional, como Eglê, Ody e
Sobre os talentos cultu- Esta passagem foi marcada Salim . Este último, conti-
rais da época em que atuou por dois fatos principais. O nuou colaborando com O
à frente do jornal, Altino Fia- primeiro foi a própria série Estado até 1965, quando Uma homenagem da Un;sul aos 85 anos do Jornal "O Estado"
res era realista: "Não exis- de debates estéticos e ideo- mudou para o Rio de Janei-
tia, a bem da verdade, uma lógicos com Altino Flores, ro com Eglê e seus filhos. Ao
cultura elevada". Mas ele que ficou conhecida como retomar à Santa Catarina, em
destaca nomes de contri bu- "polêmica entre velhos e 1979, voltou a escrever so-
intes que atuaram a seu lado novos" . bre literatura para o jornal, até
naqueles tempos: como O já O segundo fato foi a pu- 1984.
UNISUL
UNIYU:SI)AOE DO SUL OI!: SANTACATMlNA
Grupo Sul divulgava suas idéias em OEstado
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064 - HISTÓRIA pela visilodo romancista ganha o prêmio. Diário do Am anhã. Passo Fundo, 29 ago. 2001 . p.7.

. -
~ria pela VISao do
A •

romancista o prellllo
9' Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo
A premia dois livros de história, escritos pela estra-
tégia de dois romancistas. O 2° Prêmio Passo Fundo
Zaffari Bourbon de Literaturaentregou R$ 35360 (com
o desconto do Imposto de Renda) a Salim Miguel e
Antônio Torres. José Clemente Pozenatlo, recebeu
menção honrosa pelo seu livro "A Coe.nha".
A obra "NUR naescuridão",deSalim Miguel,
foi lançada no segundo semestre de 199g econquistou
naquele ano o prêmio de melhor romance do ano,
atribuído pela Assoeiação Paulista de Críticos de Arte
em São Paulo. " Isso teve uma importânciasignific3tiva
para a carreira do livro, porque no Brasil qualquer
prêmio ou oque vai se ganhar financeiramente podem
ajudar na caminhada dos livros", comenta Miguel.
Segundo o escritor, os lemas com O que o
escritor trabalha são praticamente os mesmos, O que
diferencia um do outro são as maneiras de abordá-lo.
"No meu caso, NUR, tem capítu los que foram escritos
nove vezes e o li vro tinha inicialmente mais de 500
páginas e foi publicado com 250 porque eu acho que
o grande escritor é aquele que reescreve e corta como
quem corta a própria carne", esclarece.
Torres, presente pela segunda vez nas jorna-
das literárias de Passo Fundo ganhou o prêmio pelo
seu 12° livro, "O Meu Querido Canibal". No ano Os vencedores, da esquerda para a d ire ita : Salim
passado o autor recebeu o prêmio Machado de Assis Miguel, Antôn io Torres e José Clemente Pozenano
da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da acompanha uma famma de libaneses da década de 20
obra que já conta com 12 títulos. "Creio que o livro, até 50, de maneira que essa famflia vai conhecendo e
como parte desse volume de obras, contribuiu para deixando de ser libanesa para ser brasileira.
esse prêmio. 'O meu querido canibal' não ganhou "O primeiro capítulo tem muitas palavras em
individualmente nenhum prêmio. Elejá entrou numa árabe, mas a medida que vai se avançando no livro as
coleLiva, é o primeiro prêmio individual", acrescenta o palavras em árabe vão desaparecendo, porque eu
escritor. quero mostrar que essa famflia de brasileiros",justifica
O Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Miguel. Segundo ele, NUR está em caixa alta por
Literatura comou com 190 obras inscritas, a maioria significar"Luz" em árabe.
delas de escritores brasileiros, mas autores internaci- "O meu querido canibal" tem como personagem
onais marcaram presença. A seleção final contava com o índio Cunhambebe, que, na opinião de Torres, é o
II escritores. A Comissão Julgadora foi composta primeiro grande guerreiro do país,já que foi o primeiro
pelos escrilOres Ignácio de Loyola Brandão, Luís chefe supremo da Confederação dos Tamoios, organi-
Coronel, Deonísio da Silva, e pelos professores dou- zação de resistência do nativo à colonização.
tores Paulo Becker e Tânia Rosing. "A história indígena nesse país está reduzida a
notas de rodapé de páginas. Foram quatro anos fazen-
COl/tal/do históru.s históricas do pesquisas que tornaram o meu livro uma
canabalização não só da história como da literalura. O
"NUR na Escuridão" trata da imigração libane- escritor hoje que não ti ver esse olhar para a história ele
sa no Brasil. Seu autor, Miguel, afirma que não é um estará perdendo muito, porque a história estará enri-
romance histórico nem uma história da famflia. O livro quecendo o seu imaginário", conclui.
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065 - HOMENAGENS revivem os 20 anos de jornada de literatura . Diário do Amanhã . Passo
Fundo, 29 ago. 2001 . p.6.

Homenagens revivem os 20
anos de Jornada de Literatura
Passo Fundo começa a viagem
pela época da prensa ao
encontro do e-book
om chuvas e atraso na programação, inicia a çr
C Jornada Nacional de Literatura em Passo Fundo.
A longacerimôniadeabenu raenfatizou os 20anosdo
evento e prestou homenagens a nomes consagrados
da I iteratura nacional . Apresentações artísticas, com
120 artistas, marcaram a evolução do livro, com a
encenação da figura de Gutenberg e as múltiplas
linguagens ganharam a tradução sim ultânea para os
• •
SInais .
A escolha do tema "200 1 Uma jornada na
galáxia de Gutenberg: da prensa ao e-book" debate a
história do livro e a sua estrutura na evolução das
tecnologias. Na retrospectiva do evento, autoridades
eescritores lembraram a primeira Jornada de Literatu-
ra,em 1983.
Naquela época foram somen te noveescritores
e ISO panicipantes, no Salão de Atos da Reitoria da
UPF. Neste ano, são esperados 4,5 mil panicipantes,
que terão a oportunidade de conrerir 115 escritores.
Até Gutenberg apareceu na festa da literatura
Além da inovação das múltiplas lonas do Circo da
Cultura, a 9' Jornada Nacional também lançou a pri- tores, artistas e contadores de história.
meiraJornadinha Nacional, para aproximadamente6
mil crianças. As homenagens
O esperado ministro da Educação, Paulo Re-
nato de Souza, tran smitiu sua mensagem através de A 9' edição da Jornada de Literatura homena-
uma gravação exibida em telão. Ele ressaltou a impor- geou alguns escritores que paniciparam da primeira
tância da leitura e lançou a campanha ''Tempo de Jornada de Literatura Sul-Riograndense. Antônio
Lei tura", que acontece de lO a 14 de setembro em Carlos Resende, Armindo Trevisan, Carlos Nejar,
todas as escolas do país. A campanha procura incen- Deonísio da Silva e Sérgio Capparelli receberam das
tivar o hábito de ler e contará com o auxnio de escri- mãos das jomadetes o troféu Roseli Dolesky Pretto,
comemorativo aos 20 anos dasjor-
nadas literári as.
Através de painéis no pal-
co, com o seu rosto, foram homena-
geados os escritores Mário
Quintana, Josué Guimarães e eyro
Martins. Em nome da família de
JosuéGuimarães. um dos primeiros
incentivadores das Jornadas, o
sobrinho Nino Machado recebeu o
troféu.
Mas a maior emoção do
público foi embalado ao som de
"Tieta do Agreste" e pela melodia
instrumental de "Gabriela". Essa
foi a homenagem daJomada para0
escrilor Jorge Amado, falecido rc-
Os homenageados exibem o troféu Roseli Preito e os quatro volumes centemente, que também ganhou
do livro dos 20 anos da Jornada um painel de seu rosto.
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066 - MADALENA, Anton io. Torres e Salim Miguel dividem prêmio . O Globo. Rio de Janeiro , 29 ago . 2001 .

...

• • A- •
orres e

re lID
Jornada literária em Passo Fundo começa com anúncio de vencedores do Zaffari & Bourbon
Leonardo Aversa/16-12·99
Antônio Madalena
Especial para O GLOBO' PASSO
FUNDO
eu empate: os escrito-
res Antônio Torres e
Salim Miguel vão divi-
dir o prêmio de litera-
tura Zalfari & Bourbon, de R$
100 mil, o maior do país. A di-
visão do prêmio foi decidida
por unanimidade pela comis-
são julgadora, reunida em Pas-
so Fundo, cidade do interior
do Rio Grande do Sul, onde foi
J inaugurada ontem a 9! Jorna-
• da Nacional de Literatura, que
até sexta-feira promete reunir
mais de dez mil pessoas para
debates sobre livros. Os dois
escritores foram escolhidos
entre Ii finalistas - como Ru-
bem Fonseca, José Sarney, Pa-
trícia Melo - com obras publi-
cadas nos últimos dois anos.
Torres foi premiado por
"Meu querido canibal" (Re-
cord), ficção histórica inspira-
da no índio Cunham bebe, o
terrível devorador de portu-
gueses. No ano passado, o es-
critor também obtivera R$ 50 SALIM MIGUEL, autor de "Nur na escuridão": 50 anos de literatura -
ANTONIO TORRES: prêmio por "Meu querido canibal"
mil pelo prêmio Machado de
Assis, concedido pela Acade- mio de R$ 100 mil, a comissão quando muitos escritores ain- muitas pessoas não arreda- sando com as crianças, reve-
mia Brasileira de Letras para o julgadora - formada pelos es- da chegavam a Passo Fundo, vam pé, esperando alguma de- zando-se entre uma das qua-
conjunto da obra. Salim Mi- critores Deonísio da Silva, Igná- era grande a expectativa em sistência de última hora. Se- tros lonas menores com capa-
guel - que este ano comemo- cio Loyola Brandão, Luis Coro- torno da premiação. A divisão gundo a organização, depois cidade para 500 crianças.
ra 50 anos da publicação de nel e pelos professores Paulo Ri- do prêmio surpreendeu os par- de encerradas as inscrições, Na segunda-feira à noite, foi
seu primeiro livro. "Velhice e cardo Becker e Tânia Rôesing - ticipantes, frustrando alguns foi grande o número de volun- inaugurada a exposição "Pren-
outros contos" - recebeu o concedeu uma menção honrosa deles, pois na prática o Zalfari tários que se ofereceram para sa de Gutenberg", na qual se
prêmio por "Nur na escuridão" ao escritor gaúcho José Cle- & Bourbon deixou de ser este trabalhar gratuitamente na pode ver uma réplica do sécu-
(fopbooks), baseado na histó- mente Pozenato por seu livro"A ano o maior prêmio que um es- Jornada a fim de participar lo XVII da prensa utilizada por
ria da sua família libanesa que cacanha". O escritor se tomou critor pode receber no pais. das atividades. Gutenberg. A réplica veio da
chegou ao Brasil em 1927. conhecido nacionalmente quan- Hoje de manhã tem início a Alemanha especialmente para
"Nur" significa "luz" em portu- do seu livro "O quatrilho", sobre ZIraldo e Ruth Rocha Jornadinha, para crianças da a Jornada. Em outra exposi-
guês, a primeira palavra que o colonos italianos, foi adaptado participam da Jornadinha pré-escola a quarta série, com ção, "Vida e obra de Guten-
pai de Salim aprendeu quando para o cinema. No seu primeiro dia, o even- o espetáculo" Jovem Drum- berg - Evolução da escrita",
chegou no país. Em 1999, o li- Em 1999, ano em que pela to foi um sucesso. O público, mond", com o ator Vinícius de há quadros que contam a his-
vro também fora premiado pe- primeira vez o Zalfari & Bour- em clima festivo, lotava a Jor- Oliveira, que estrelou o filme tória da escrita e um fac-símile
la Associação Paulista dos Crí- bon foi concedido, o escritor nada. Embora não houvesse "Central do Brasil". Ruth Ro- da Bíblia impressa por Guten-
ticos de Arte (APCA). gaúcho Sinval Medina ganhou mais ingressos para participar cha e Ziraldo são alguns dos berg que também veio da Ale-
Além de decidir dividir o prê- os R$ 100 mil sozinho. Ontem, dos debates na lona de circo, escritores que estarão conver- manha. _
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067 - VIANNA, Natalia. Salim Miguel é premiado em Passo Fundo.
Gazela Mercantil- Sanla Calarlna , 29 ago. 2001.

, Salim Miguel
é premiado em
Passo
- Fundo Y

Natália Vianna nacional, é conferido


especial para Gazeta dentro de um dos maiores
Mercantil Santa Catarina eventos da área na atuali-
dade . Salim concorreu
o escritor Salim Miguel com outros nove autores
recebeu o Prêmio Zaffari de todo o país e uma es-
&Bourboll de Literatura, critora de Moçambique.
entregue ontem durante a Entre eles. nomes como
Q
9 Jornada Nacional de Rubem Fonseca e Domin-
Literatura, em Passo Fun- gos Pellegrini. Os II ro-
do (RS). O calarinense, mances indicados foram
que concorreu com seu li- escolhidos entre 190 obras
vro Nur na escuridão, di- inscritas no concurso.
vidiu o prêmio de R$ 100 ESla é a segunda edição
mil com O escritor Antônio do Prêmio que foi instituí-
Torres, pelo romance MeLI do durante a 7' Jornada
Querido Canibal. A Co- Nacional de Literatura em
canha, de José Clemente 1997. O vencedor da pri-
Pozenatto recebeu menção meira edição, em 1999, foi
honrosa. o jornalista Sinval Medina,
O prêmio, um dos mais com o livro Tratado da
importantes da literatura Altura das Estrelas. •

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068 - ALVES , Rodrigo . Evento premia escritores. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 30 ago. 2001. p. 4 .

• •
ven O la escrl ores
Antonio Torres e Salim Miguel dividem R$ 100 mil em jornada no Sul
RODRlGO ALVES seus livros Meu querido callibal ano pela Associação Paulista rio francês Renê Duguay-
(Record) e Nur lia escuridão dos Críticos de Arte. Outros dois Trouin, projeto no qual ele já
PASSO FUNDO, RS - o baia- (Topbooks). Nur em árabe sig- fatos ligam os vencedores: am- vem trabalhando há bastante
no Antonio Torres e o catarinen- nifica luz. "Se ganhasse sozinho bos são jornalistas e os dois li- tempo.
se Salim Miguel foram os dois ficaria constrangido", revelou vros têm caráter histórico. Meu A entrega do prêmio encer-
escritores premiados pela 9' Jor- um modesto Torres, dizendo-se querido callibal narra a saga do rou a cerimônia de abertura, que
nada Nacional de Literatura de honrado e orgulhoso em dividir líder tupinambá Cunbambebe, contou ainda com homenagens
Passo Fundo, aberta anteontem o prêmio com o colega. uÉ a cul- enquanto Nur lia escuridão fala a autores como Mário Quintana,
no Rio Grande do Sul. Um dos minação de uma carreira de 50 da imigração libanesa. Josué Guimarães e Jorge Ama-
momentos mais esperados da anos dedicados ao livro", com- Corsário - Salim Miguel, do .. As vaias ficaram por conta
• jornada, a divulgação do prêmio pletou Miguel. que já trabalha em seu novo ro- do mini tro da Educação, Paulo
Passo Fundo Zaffari & Bourbon Tanto Salim como Torres já mance, baseado em anotações Renato Souza, que não compa-
de Literatura, o mais alto do tinbam recebido prêmios impor- do período em que foi preso po- receu e apenas gravou uma
país, surpreendeu ao dividir en- tantes recentemente. Torres foi lítico, ressaltou
, a importância da mensagem em vídeo, desagra-
tre dois nomes os cobiçados R$ premiado com o Machado de jornada. "E o encontro literário dando ao público. O evento pro-
• 100 mil. Assis (um dos maiores do Bra- mais importante do Brasil", elo- move várias mesas- redondas
O baiano Antonio Torres e o sil, no valor de R$ 50 mil) pelo giou. Antonio Torres vai empre- antes do encerramento, sexta-
catarinense Salim Miguel foram conjunto da obra, e o romance gar o dinheiro em pesquisas pa- feira, uma aula-espetáculo de
, escolhidos respectivamente por de Miguel foi eleito o melhor do ra seu novo livro, sobre o corsá- Antônio Nóbrega.
,

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070 _ PRÊMIO Zaffari & Bourbon sai para autores consagrados. O Cidadão . Passo Fundo, 30 ago. 2001.

r--- --==::::::::::~- ~--- ~- ~


• • •
10 rI OnSal
ara au ores consa
---
Antônio Torres (baiano) e Salim
Miguel (catarinense, nascido no Lí-
bano) dividiram o Prêmio Zaffari &
Bourbon de Literatura. Ambos são
veteranos jornalistas, autores de
.' várias obras, e consagrados pelo
público e pela crítica. São conheci-
dos pelo cuidado com a linguagem,
fazendo parte de uma espécie de
tendência literária, que tem profun-
,
das raízes na Literatura Brasileira,
desde o século XIX.
Pág. 12 Prêmio dividido (A$ 100 mil) - dois escritores: Salim Miguel e Antônio Torres

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071 - DOIS autores consag rados ganham o Prêmio Zaffri & Bourbon de literatura. O Cidadão. Passo Fundo, 01 ago . 2001.

Dois autores consagrados


-=
ganham o
Prêmio Zaffari & ourbon de-Literatura .
A edição do Prêmio Passo Fun- de Patrícia Melo; O sétimo juramen- realizadas no Circo da Cu ltura.
do Zaffari & Bourbon de Literatu- to, de Paulina Chiziane; O doente
ra con tou com a participação de Moliere, de Rubem Fonseca; Nur VENCEDORES
190 obras literárias. Os estados que na escuridão, de Salim Miguel. Os vencedores São dois vete-
mai s livros escreveram foram Rio Dura nte 45 dias a Comissão ranos jornalistas e autores já con-
de Janeiro (34,66%), São Paulo Julgadora leu e analisou as obras sagrados. Antônio Torres é baiano,
(21,10%) e Rio de Grande do Sul inscritas e decidiu, por unan imida- tendo começado muito cedo no
(19,50%). Do Extenorteve a pani- de. escolher os ro mances Meu jornalismo, trabalhando no Jornal
cipação de escritores de querido canibal, de Antonio Tor- da Bahia, mais tarde mudou-se
Moçambique
, (1 ,05%). As obras res, e Nur na escuridão, de Salim para São Paulo, trabalhando como
inscritas foram publicadas entre ju- Miguel. Também decidiu conceder repóner e chefe, da seção de es-
nho de 1999 e 30 de maio de 200 I. Menção Honrosa ao romilnce A pones doJornal Ultima Hora. Mais
, coca n ha, de J osé Clemente tarde, trocou o jornalismo pela pu-
O JULGAMENTO Pozenato. blicidade. Estreou na literatura em
A Comissão Julgadora do Prê- A revelação dos vencedores e 1972, com o romance Um cão ui-
mio Passo Fundo de Literatura a entrega do Prêmio foram feitas vando para a lua. Seu livro Essa
Zaffari Bourbon foi presidida pela durante a abertura da IX Jornada terra já foi traduzido para o holan-
professora Tânia Rosing, contan- Naciona l de Literatura e I dês, hebraico. alemão, italiano,es-
do ainda com a panicipação do pro- Jornadinha Nacional de Literatura. panhol e francês .
fessor Paulo Becker, também da Salim Miguel exerceu o jorna-
Univers idade de Passo Fundo, os APOIO lismo durante 40 anos. Nasceu em
escritores Deonísio Silva e Ignácio A realização desse, que é o Kfrarssouron, no Líbano, em 1924,
de Loyola Brandão e o poeta Luiz maior prêmio literári o do Brasil, vindo para O Brasil aos três anos
Coronel. Foram selecionados 1i s6 foi possível graças ao apoio de idade. Sua família acabou se fi-
finali stas: Meu querido canibal, de financeiro da Companhia Zaffari xando em Santa Catarina. Estreou
Antônio Torres; O clarão, de Betty Comércio e Indú stria/RS , que na literatura, em 1951, com Velhice
Milan; O caso da Chácara Chão, garantiu o fornecimento dos re- e outros contos. Preso político. em
de Domingos Pellegri n i; A cursos necessários para o paga- 1964, exilou-se no Rio de Janeiro,
Cocanha, de José Clemente mento do prêmio. Para que esse onde continuou trabal hando como .
Pozenato; Saraminda, de José patrocínio fosse possível o de- jornali sta. Retornou, mais tarde
Sarney; O pintor de retratos, de putado Beto Albuquerque teve para Santa Catarina, onde vive. Nur
Luiz Antônio de Assis Brasi l; De- um papel importante, como foi sa- na escuridão é seu ISo. livro publi- Os vencedores da esquerda para direita:
_so_r_d_e_m..:,_d_e_M
_ár_c_io_S_o_u_za..:;_I_n_fe_rn_ o:..,__li_e_n_ta_d_o_d_u_ra_n_t_e_a_s_s_o_le_n_id_a_d_e_s__c_a_d_o_.___________ ________.:::S::a"lim
c.:..:M
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gu:::e"I,,,A
.::n.::t::ãn
:::i::oTorres e José Clemente Pozenatlo.
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072 - SARTORI , Raul. Prêmio para SC. A Notícia . JOinville, 30 ago. 2001 . C2 .

.
PREMIO PARA se
t
o provincianismo às avessas, o pratiéado
.I
E pela mídia das grandes metrópoles bl1llõi-
leiras em relação às "províncias". A coluna
Swann, no jornal "O Globo" de ontem, igno-
rou que o escritor catarinense Salim Miguel
também foi vencedor, dividindo R$ 100 mil
do Prêmio de literatura Zaffari & Bourbon,
concedido pela 9' Jornada Nacional de lite-
ratura, que está acontecendo em Passo Fun-
do (RS), ao melhor romance publicado nos
últimos dois anos no Brasil. O matutino
carioca informou a seus leitores que Antô-
nio Torres levou sozinho a premíação. Com
"Nur na Escuridão" Salim Miguel ganhou
em 2000 o prêmio de melhor romance
publicado no País em 1999, concedido pela
Associação Paulista de Críticos de Arte
(APCA). Para o prêmío de Passo Fundo hou-
ve 190 inscritos e Salim ficou entre os II fina-
listas, junto com José Sarney, Patrícia Melo e
Rubem Fonseca, dentre outros cotados.
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073 ~ FEIJÓ , Marcia . "Este livro tem me dado sorte" , diz Miguel. Diário Catarinese . Floria nópolis, 31 ago . 2001. Variedades.

IIEste livro tem me dado sorte" r diz Miguel



MARCIA FElJO com este prêmio servirá para fi- porter sido finalista. Mas procu-de Castro. "Eu já estou quase na
nanciar o trabalho. Salim Miguel rei manter os pés no chão. Eu quarta idade, mas meu primeiro
o escritor catarinense Salim Mi- começou a escrever Viver a Vida acho que muitos estavam pen- livro, publicado há 50 anos, se
guel, que dividiu prêmio literário nos primeiros meses de 200 l. sando como eu: 'Eu cheguei até chamava Velhice e Outros COl/los.
com o baiano Antonio Torres. con- Mas conta que foi interrompido aqui, mas posso não ser o pre- Eu acho que as pessoas gostaram
tinua sua participação na 9º Jor- por outros compromissos, como miado dessa vez.' Havia outros da conversa, porque eu falei qua-
nada Nacional de Literatura, em convites para palestras e a parti- indicados com muita qualidade." se 2 horas. Tive que pedir para
Passo Fundo (RS). Hoje, ele fará cipação na Jornada de Literatura. O apreço da critica por NUR, en- parar, porque estava ficando can-
parte de uma Conversa Paralela O novo livro dá seqüência a I " sado", brinca ele.
tretanto, já havia sido declarado.
[bate-papo com o público) ju nto de Abril - Narrativas da Cadeia, O romance já havia sido escolhi- Salim Miguel elogia a estrutura
com o gaúcho Lauri Maciel. outro livro de memórias escrito do como Melhor Romance pela da Jornada. Antes do evento
Em entrevista ao Diário Catari- por ele, que tennina com a famí- Associação Paulista dos Criticas acontecer, os inscritos para as pa-
nense, por telefone, Miguel contou lia de Miguel se mudando para o de Arte, em 1999. "Este livro temlestras passam por encontros pre-
detal hes sobre seu novo livro e Rio. Viver a Vida inicia com a me dado sorte, ou então tem qua- paratórios, onde as obras são dis-
suas impressões do evento. chegada à Cidade Maravilhosa. lidade. Em dois anos já me deu cutidas.
Uma coincidência aliás, com NUR dois prêmios de âmbito nacional. '"Esta preparação deve ser imi-
Viver a Vida: Narrativas de um I/a Escuridão, titulo que deu o E acredito que fui o primeiro es-tada em palestras com estudantes
E.rílio 110 Rio, que irá narrar o Prêmio Passo Fundo ao catari- critor de Santa Catarina a receber
e universitários. Assim as pess-
exílio de Salim Miguel e sua fa- nense. Este último abre com seus ambos." soas já chegam sabendo um pou-
mília no Rio de Janeiro, durante antepassados, imigrantes libane- co sobre o escritor. Elas não sa-
a ditadura militar, já está com pe- ses, desembarcando no Brasil, Bate-papo com o cata rinense bem apenas que o Salim Miguel é
lo menos em terço pronto. Se- justamente na mesma cidade. lotou o Teatro Municipal escritor e jornalista. A maioria já
gundo o escritor, deverá ser fina - Salim Miguel afirma que a in- Ontem Salim Miguel falou para leu a obra. Assim, elas pergun-
lizado no primeiro semestre do dicação para o prêmio o pegou de um grupo de tercei ra idade, que tam, tiram dúvidas, dentro daqui-
ano que vem. O dinheiro recebido surpresa. "Eu já fiquei satisfeito lotou o Teatrq Muni<;ipaL Múcio rlo que j~ lJavialJ1)ido '"" riz t;Çe I

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074 - SILVESTRE , Glauco . Esc ritor catarinense concore a prêmio. O Estado.
Florianópolis, 31 ago. 2001 . p. 10.

Escritor catarinense
" .
concorre a premio
GlAUCO Sll.VEST1IE mente entre a década de 20 e
50. Segundo Salim, 70% do
o LIVRO "Nur na livro são relatos que se pas-
Escuridão ' do escritor catari- saram com sua família entre
nense Salim Miguel, foi sele- Biguaçu e Florianópolis. Hoje
cionado para a final de um dos a população de descendentes
maiores concursos de lite- Iibanezes no Brasil chega a 6
ratura do país. A Jornada milhôes, maior que a do
Nacional de Literatura de Líbano .
Passo Fundo premia as obras A obra é publicação da edi-
publicadas entre maio de 1999 tora Topboocks do Rio de
e maio de 2000. Janeiro. Salim Miguel tem 20
Participaram 180 escritores. obras publicadas, a primeira
Entre os 11 selecionados com o "A velhice e outros contos' de
catarinense, estão Rubens 1951 e a última "Eu e as
Fonseca, Luiz Antônio de Assis Corroíras" de 2001, pela
Brasil, Domingos PeJegrini, e Editora Insular.
Antônio Torres. foto arquivolOE
O prêmio para o
vencedor é de R$
100 mil. A cerimô-
nia de premiação
acontece dia 28 de
agosto em Passo
Fundo RS, e deve
contar com a pre-
sença de outros 10
escritores de outros
países. O nome do
vencedor será reve-
lado no dia.
O Livro "Nur na
Escuridão ' relata
as dificuldades da
Imigração
Libaneza para o
Brasil, a integração
e as lransfor-
• •
maçoes SOCIaiS no
país, principal- Escritor tem obras publicadas desde 1951
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075 _ NOSSO querido Antônio Torres. Jornal do Brasil . Rio de Janeiro, 01 seI. 2001 .

-
Ao. •
OnlO orres

Meu querido canibal, o mais recente sucesso de Antônio Torres, acaba de


receber o Prêmio Passo Pundo Zaffari & Bourbon, da Jornada Literária
de Passo PundO- A Editora Record mais uma vez parabeniza Torres, um
dos mais importantes escritores brasileiros deste século, e cumprimenta,
ainda, Salim Miguel, também vencedor do prêmio, \\'\\"\\'.rcc<)rd.com.br

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076 - AMORIM , Maristela. Salim Miguel receb h ' .
\/ ", ..icrlorla", e omenagem. Olarlo Catarlnese. Florianópolis, 05 set 2001 .

Salim Miguel recebe homena[em . ,


-
o escritor Salim Miguel será
homenageado durante o Circuito
Cultural Banco do Brasil, que
acontece de 10 a 16 deste mês em
Florianópolis, O catarinense vence-
dor do prêm io da 9' Jornada Na-
cional de Literatura de Passo Fun-
do (dividido com o baiano Antônio
Torres) partici pará da Roda de lei-
tu ra com Nelson Motta, que acon-
tece na quinta (dia 13), no aud i-
tório da Justiça Federal.
A programação do Circuito
(CCBB) foi apresentada ontem na
superintendência regional do ban -
co, na Praça XV, na Capital. Du-
rante a próxima semana, haverá
exposições, mostras de vídeo e ci- SHOW NACIONAL: Fernanda Abreu estará dia 15 no Teatro do CIC
nema (ver box), seminários, apre-
sentações com músicos locais e Rosa, no Centro Integrado de Cul- mas o banco estuda pedidos de ci-
um show com Fernanda Abreu tura, custam R$ 20 [inteira) e R$ dades como Jaraguá do Sul, Join-
(abertura da Electric Circus). lO [meia), ma is um quilo de ali- viii e, Blumenau, Itajai e Chapecó.
Para a Roda de Leitura com mento, que será doado a institui- Estão incluídos na programa -
Nelson Motta, no antigo Cecomtur ções assistenciais catarinenses. ção dois seminários, de Cobertura
[Rua Arcipreste de Paiva, ao lado O projeto já foi realizado em Jornalistica Cultural [na Unisul) e
da Catedral), o ingresso será um 17 cidades brasileiras, arrecadando de Cultura, Marketing e Cidadania
quilo de alimento não pereciveL cerca de 45 toneladas de alimen- (no auditório da Justiça Federal), e
Os ingressos para O show de Fer- tos. Em Santa Catarina, o CCBB um curso de Formação de Platéia
nanda Abreu no Teatro Ademir acontece apenas em Florianópolis, em Música.

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077 - O PERSONAGEM S'" .
a Im Mlgeul. Olarlo Catarinese. FlorianópOlis, 10 sei. 2001 .Visor. p. 3.

IO personagem

Salim Miguel
Aos 77 anos, o escritor, que
é um patrimônio vivo da cultu-
ra c3larinense, comemora O cin-
qüentenário do lançamento de
seu primeiro livro. Ele também
recebeu este ano dois dos maio-
res prêmios literários nacionais
com seu romance Nur - Na Es-
curidão. De quebra, foi o lider
da pesquisa DC que enumerou
os 12 melhores escritores catari-
nenses em atividade, e esta se-
mana será homenageado na
Unisul e pelo Circuito Cultural
Banco do Brasil. Semana cheia
para o homem de letras.
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078 - MENEZES, Cacau . Salim é sucesso. Diário Catarinese.
Florianópolis, 06 jul. 2000. Cacau Menezes , p.55 .

Salim é sucesso
ontinua a fazer enorme sucesso o último livro
do escritor catarinense Salim Miguel , Nur na
Escuridão , escolhido pela Associação Paulista
de Críticos de Arte como o melhor romance do
ano.
O Na última edição da revista Vogue, que comemora
25 anos, Salim Miguel é um dos 11 destaques em Litera-
tura, escolhidos por um grupo de consultores da revista
para a reportagem Quem Faz Acontecer l1a Culn,ra Bra-
sileira.
O Completam a lista , além de Salim, Rubem Fonseca,
Rachei de Queiroz, Wilson ~Iartins , Marilena Chauí, Zi-
raldo, Paulo Coelho, Affonso Romano de Sant'Anna, Luís
Antônio de Assis Brasil, Ana Miranda e Menalton Brafl.
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079 - GUTKOSKI, Cris. Sonhos sólidos, páginas impressas. Zero Hora. Porto Alegre, 08 seI. 2001 .Literatura, p.2.
,
~-----_._~~-_.-c=-- ~~ _. -- ---- ----.,.,...---------,

SABADO, 8 DE SETEMBRO DE 2001


-
CULTURA CULTURA WADO, , DE SETEMBRO DE 2001 3
LITERATURA

o CRiTICO Manuel Bandeira... Não vejo, com a ressalva escritor do outro. Escolhi como temas velhice
de que pode ter aparecido alguém importante e morte, tempo e memória, o psicológico e o
''Hoje me considero não uma sumidade, mas nos últimos cinco anos. Com as dimensões social. Se a pessoa percorrer meus 20 livros,
uma relativa autoridade em literatura hispano- continentais do Brasil, a gente sabe o que incluindo os três de crítica literária, vai encon-
americana, porque durante oito anos ftz crítica acontece em Santa Catarina, sabe um pouqui- trar como constante, até obsessiva, esses te-
i literária para o Jornal do Brasil, como frila ft- nho do Rio Grande, mas não tem como saber mas. Na verdade, se me pedirem uma explica-
xo. Li todos os escritores da década de 60 a 70, o que vai pela Bahia, Marnnhão, Amazonas:' ção lógica, talvez hoje até eu tivesse. Mas isso
a fase mais produtiva, e escrevi sobre todos me acompanha desde a primeira infância, não
eles. Jorge Luis Borges, Ernesto Sábato, Bioy LEITOR COM SAUDADES sei porque naquela época eu já tinha essa ob-
CRlS GUTKOSKl Casares, Leopoldo Marechal, que pouca gente "De cinco anos para cá, estou com problema sessão pela velhice e pela morte. Talvez porque
conhece, o uruguaio-argentino Horácio Quiro- visual. Tive que reduzir drasticamente a leitura. essa marca de pessimismo dos árabes, esse
ão tinha livros em casa o menino que ga, Onetti, e na Colômbia, Álvaro Mutis e O problema não tem cura, se chama retinopa- Maktub, que quer dizer 'estava escrito', seja
70 anos depois dividiria com Antonio García Márquez. No Chile, além do Neruda, tia degenerativa, um palavrão. A retina vai per- um componente. Embora cético e descrente, às
Torres o 2° Prêmio Passo Fundo Zaf- José Donosso. Por incrível que pareça, conhe- dendo a capacidade e aos poucos vão surgindo vezes o Maktub mexe com minhas certezas."
fari & Bourbon de Literatura. O pai cemos muito pouco da literatura latino-ameri- neovasos, que sangram. Tenho visão periférica
queria mas não podia comprar esses cana, e eles nos conhecem meoos ainda O pri- na vista direita e, na esquerda, uns 20"10 da vi- O PRÊMIO
!
luxos. Galgar montanhas, porém, já meiro livrn que li em espanhol foi Dom Segun- são prejudicados. Li quatro a seis boras por dia "Ter ftcado entre os Ii fmalistas num uni-
era uma constante na história daquela do Sombra, do Ricardo Guiraldes, um clássico. durante mais de 60 anos. Hoje arranjei uma verso de 190 romances publicados nos dois úl-
famíli a de imigrantes libaneses, e Sa- Foi publicado em 1926, e em meados da déca- gastrite crônica, vivo sob tensão e depressão." timos anos, já é um prêmio. Me perguntaram
lim Miguel, pirralho recém-alfabeti- I da de 30, em Biguaçu, eu já estava lendo. Até qual era a expectativa: era a mesma dos outros

zado, entrou numa livraria e propôs
tomar os volumes de empréstimo, devolvendo-os intac- I hoje não sei como ele chegou lá. Publiquei os
meus primeiros textos de crítica logo que c0-
LUZ NA ESCURIDÃO
''Muitos descendentes de bbaneses que com-
10 autores. Por que não eu ganhar esse prê-
mio? Estava em igualdade de condiçôes. Podia
J !
tos. Nada feito. O livreiro, cego, preferia que ele lesse • mecei a publicar ftcção, em ftns da década de pram o livro me escrevem querendo saber o ganhar o Rubem Fonseca, que era mais nome
ali mesmo, em voz alta, uma diversão solidária que se 40. Primeiro num jornal de Florianópolis, e de- que é NUR. Não é dialeto, é uma palavra culta. do que eu, Domingos PeUegrini, Pa1rlcia Melo,
prolongou por anos e ajudou a formar o escritor de ftc- pois como free lance para jornais e revistas do A pessoa acaba perdendo suas raízes. Nin- Assis Brasil, Márcio Souza, Antonio Torres,
ção e de crítica literária. Rio. Nos 50 anos da morte do Machado de As- guém tem obrigação de continuar sabendo o que também ganhou. Com exceção de Patricia
NlIr na Escuridão, premiado na semana passada em sis, cometi um texto sobre o nosso maior escri- que são as palavras árabes, com exceção de e da moçambicana, conheço a obra de todos os
Passo Fundo, foi reconhecido também pela Associação tor, dizendo que, mesmo nos romances mais quibe e Maktub. Sempre tive bom jeito para tí- fma1istas. Meu livrn não era inferior ao deles."
Paulista de Criticos de Arte como melhor romance de realizados, que eram verdadeiras obras-primas, tulos. Mas este devo ao meu fúbo que trabalha
1999. É um relato comovido de transplantes vários, ele era também um contista." na imprensa do Rio (Antonio Carlos Miguel, O PRÓXIMO LIVRO
geográficos, econômicos e emocionais, por que passa- critico musical de O Globo) e a minha mulher. "Acho importantíssimo trabalhar, se não a
ram 0& pais de Salim desde que deixaram o Líbano, A ESTRÉIA COM O IBGE Costumo dizer que não tenho nenhuma culpa, gente caduca. Ptincipalmente estando velho ...
em 1927, e aportaram no Brasil sem dinheiro, sem em- ''Meu primeiro livrn saiu em 1951 , A Velhice mas, dos meus cinco ftlhos, três trabalham na O que nos mantém é a atividade. Publiquei em
prego, órfãos da língua e ainda desconhecendo as di- e Outros Contos. Esse eu devo ao mGE. Esta- imprensa Quando o livro foi aceito pela edito- 1994 Primeiro de Abril: Narrativas da Cadeia,
mensões do país-continente. As pausas da narrativa va mais ou menos desempregado, o Brasil ra, eu estava em dúvida com o título. E, de re- contando a minha experiência como preso du-
muita virgula e pouco ponto, e o movimento pendul'; atravessava uma crise, me candidatei para ser pente, os dois me disseram assim: ''Usa aquela rante o golpe militar de 1964. Demorei a publi-
do tempo fazem jorrar livremente as lembranças, ima- recenseador e fui aprovado. Com sacola, ma- palavra que aparece 00 primeiro capítulo, que car porque não queria fazer um livro com má-
gens e frases inteiras que a memória do menino guar- \ " ,. , nual de instrução e formulário, batia nas por- quer dizer luz." Ia causar mo W1ianhamento. E goa, com ressentimento, queria algo racional
dou por décadas. Estão lá a primeira palavra ouvida tas. Quando eram pessoas idosas, velhos, a pri- não é que funcionou? O NUR puxou o livro. sobre o que foi aquilo. Fiquei 48 dias preso,
em português, a primeira manifestação de racismo, a meira coisa que eles faziam era abrir a porta, Tenho que dizer que não é ruim. No ano em com mais 60 pessoas, num alojamento no
primeira mulher recendendo a sexo - "tudo nela cha- me mandar entrar e sentar. Serviam cafezinbo. que saiu, ganhou o p1ênúo de melhor romance quartel da polícia militar de Florianópolis. Não
ma atenção", e as últimas jóias que a mãe vendeu para Começavam a conversar e não paravam. Nessa do ano atribuldo pela Associação Paulista dos consegui prosseguir com esse livro, que é de
pagar dívidas e tocar a vida. A primeira, a segunda e a idade, a pessoa resolve reavaliar a vida e ver o Críticos de Arte. "Luz na Escuridão" ia parecer memórias ftccionalmente trabalhadas, com a
terceira mortes na farnJlia, antes do Fim do patriarca, que poderia ter feito difeletlte. Se o IBGE não auto-ajuda, não me lembrei disso, mas é per- narrativa na primeira pessoa do singular. Que-
"um excelente professor no Líbano e um péssimo co- meJhorou finanças, devo a ele o fato feito. No início do em 1927 e ria algo distante de mim, mas a terceira pessoa
merciante no Brasil", deftne o primogênito. de ter publicado meu primeiro livro. O agente esta famnta porto da Praça dava um distanciamento que não me interessa-
O leitor onívoro tomou impulso nas diftculdades ft- Pelo romance 'NUR na Escuridão", Salim Miguel recebeu na semana passada o prêmio da Jornada Literária de Passo Fundo detlagrador do processo narrativo é um agente Mauá. É a minha família. Avanço até 1979, va. Escrevi na segunda pessoa. O livro que es-
nanceiras, e o escritor, 20 anos censitário, que sou eu. São oito contos, cinco quando o patricarca, já bem idoso, tenta recu- tou começando agora não vai ser muito gran-
depois, enredou-se no mesmo resultaram do meu trabalho no mGE. Publi- perar o passado. E conta como chegou ao Bra- de, mas já tem título: Viver a VuJa: Narrativas
incentivo. Sem emprego, Sa- PRIMEIRAS LETRAS, RECORTADAS
''Brincando, mas nem tanto, digo que comecei a escre- quei meu primeiro livro aos 27 anos. Para o sil. No anoitecer, 00 cais do porto, ele só tem de um Exílio do Rio. Cheguei ao Rio com um
lim virou recenseador do IB- Brasil daquela época, eu já era um velho. Todo uma caderneta onde está m"Nllhado em portu- emprego na Agência Nacional, que era órgão
GE, em 1950, e pôde entrar ver antes de aprender a escrever. Tinha lá os meus oito
anos e recortava pedaços de papel pardo da vendola do mundo achava que devia publicar o primeiro guês o endereço de um pamrte que morava 00 de divulgação do governo federal. Como o
nas casas de dezenas de brasi- livrn aos 18. Só que ninguém era Rimbaud." Rio. A irmã do meu pai morava em Magé. Brasil é um pais surrealista, fui demitido do
leiros que lhe contavam histó- meu pai, cortava letras de palavras de jornais (eu ainda
rias fantásticas . Os mais ve- / • • não tinha sido alfabetizado), colava aquilo, fazia traços
na perpendicular, na horizontal, na vertical, fazia círcu- CADÊ O NOVO DRUMMOND? .
Meu pai não sabia absol_lte nada do que
estava 00 rascunho. Ele chamou um motorista
emprego de assessor de imprensa do governo
do Estado, mas não perdi o posto no Rio. O
lhos, sobretudo, os mais falan-
tes. As confidências receberam
tratamento ficcio nal e foram
a ress los, pontilhados. De noite, as crianças se reuniam nas
portas das casas Dai, ou eu fazia um relato em cima da-
quilo, que já "':I ~a maneira de fazer reportagem, ou
"Até cinco anos atrás fui um devorador de li..
vros. Conheço e tenho absolutamente tudo que
se publicou nos últimos 50 anos 00 Brasil. Não
de táxi, mostrou o endereço, acendeu um pali-
to de fósforo, que se apaga, acende o segundo,
se apaga, luz é a primeira palavra em portu-
escritor Adonias Filho assumiu como chefe e
conseguiu segurar o meu emprego. Em Floria-
nópolis, continuavam pressionando para que
publicadas em A Velhice e O.' comprei tudo, comprei uma parte, mas, como guês que a farnilia ouve. Para meu pai, uma eu voltasse a ser preso e mais, demitido. No
tros ContQS, em 1951. Bateu a remventava hlstonas que meu pai me contava, lá da terra
dele, do Líbano. Eu recontava principalmente uma leitu- exercia efetivamente a critica, as editoras me pessoa que havia sido um excelente professor começo, eu ganhava, vamos dizer, 60 reais de
dor da consciência da exposi- Filho de desterrados libaneses, preso político no Brasil mandavam os titulos. Acho que a literatura no Líbano e um péssimo comerciante no Bra- salário e pagava 80 reais de aluguel de aparta-
ção pública de sentimentos pri- ra que me marcou para sempre, que foram As Mil e
Uma Noites. Há alguma coisa desse livro em toda a mi- brasileira atravessa ciclos de produtos mais ri- sil, ela tem uma série de slmbolos:' mento. Sobrevivi pedindo emptestado a quatro
vados, mas Salim lembrou que da ditadura, o escritor catarinense Salim Miguel revisa cos e menos ricos. Temos a afirmação de al- irmãos, a dois cunhados e a dois bancos, até
nha obra ftccional."
até o grande William Faulkner o romllllce NUR na Escuridio guns nomes, mas não vejo uma grande revela- A VELHICE DESDE JOVEM arranjar um segundo emprego nas empresas
havia violado correspondên- sua trajetória e fala de seu obstinado amor pelos livros (Topbooks, 260 páginas, RS 25) ção, não vejo alguém que diga ''Vou marcar o "Eu parei 18 anos de publicar, não de escre- Bloch. A minha mulher passou a traduzir in-
cias para melhor descrever PROPOSTA INDECENTE
"Lá pelos oito anos, nem bem alfabetizado, passei a valeu, para Salim Miguel um meu momento e vou marcar um momento na ver... Durante muito tempo publiquei pouquisi- glês, francês, espanhol, alemão, italiano ... Ima-
seus personagens. Sentiu-se em boa companhia - "Eu Fundo, depois de um bate-papo no Teatro Municipal prim'io de RS 100 mil, divididos literatura brasileira". Na poesia, por exemplo, mo, alguns contos, rasguei muito, porque não gine fazer isso e ainda cuidar de quatro fUbos
não pedi que as pessoas me contassem, não violei o se- com um grupo da terceira idade. ler desbragadamente, e comecei a escrever pouco de-
pois, embora tivesse o bom senso de nunca ter publicado com o baitulo AntlJnio Torres, au- não tem ninguém que me encha os olhos como estava achando que eu tinha o que dizer. Os le- que nunca tinham chegado perto de um aparta-
gredo delas" - e foi em frente na literatura. Salim Miguel está com 77 anos. Tem 18 livros publica- tor de Meu Querido Canibal Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de mas dos escritores são poucos, a maneira de mento, que tinham entre quatro e 10 anos. Du-
As mudanças abruptas de casa, a violência do desterro dos, e mais um a caminho. Não faz muito, de 1993 a nada. Ao mesmo tempo em que escrevia ftcção, eu ano-
tava rellexões sobre aquilo que estava lendo, críança ain- Melo Neto, Ferreira Gullar, Mario Quintana, cada um tratá-los é que defme e difetencia um rante anos, eu trabalhava das 8h às 23h."
que marcou os pais repetiram-se na biografia do fil ho 1996, dirigiu a Fundação de Cultura de Florianópolis. An-
vidrado em livros. Em 1964, Salim tinha 40 anos, espo- tes, por oito anos, foi diretor da Editora da Universidade da. Durante anos, li para um livreiro, poeta e cego. Meu
sa e quatro ftI hos para sustentar como jornalista em Flo- Federal de Santa Catarina. Editou a revista literária Ficção pai era muito pobre e não tinha como comprar livros. Li
rianópolis, e precisou fugir da repressão policial aceitan- nos anos 70, e foi wn dos líderes do Grupo Sul, movirnen: os poucos da bibilioteca do grupo escolar, mais alguns
do um salário insuficiente na Agência Nacional do Rio to que marcou a Vida cultural catarinense nas décadas de de parentes e amigos, e de repente decidi ir à livraria fa- A Universidade de Passo Fundo agradece aos
de Janeiro. Em três meses, acumulou dividas com seis 40 e 50. Aquele. senhor de suspensórios fala sem parar e zeruma proposta para o livreiro. Cheguei lá e ele não
pessoas e dois bancos. As coisas só se equilibraram por- parece não ter lido tempo para ficar quieto. Junto com a aceItou. Mas me fez outra: ele também tinha igual fome por aju.....m a escrever uma nova página
que ele arrumou um segundo emprego, nas revistas da mulher, Eglê, integrou-se à programação da 9' Jornada de leitura. E disse: "Podes ler aqui o tanto que tu quise-
810ch Editores, e passou a trabalhar das 8h às 23h. Saiu Nacional de Literatura. Best-seUer na feira do livro do Cir- res, mas em voz alta para mim". Eu tinha uns 10 anos. no apolo à cultura deste país.
do Rio demitido, 14 anos depois, por usar uma tazja pre- co da Cultura, precisou dar bronca na editora, a Topbooks, Durante uns dois, três, quatro anos, eu lia em voz alta
ta em apoio à primeira greve dos jornalistas profissio- porque ftcaram de mandar 200 exemplares de Nur na Es- absolutamente tudo o que você pode imaginar. E já ano-
tava criticamente o que estava lendo. A minha vocação
~ ...
nais da capital Iluminense. curidão e s6 chegaram 100 a Passo Fundo. Filho de des-
- Sempre fui um homem de esquerda - ele frisa, fa- terrados, ex-fugitivo no próprio país, Salim sabe dar valor era para a critica. Eu lia Shakespeare, Castro Alves Ola- t::JnJ ~ CAIXA SESC ~UPF.
lando longamente na sala de estar do hotel em Passo à solidez dos sonhos e das páginas impressas. vo Bilac, José de Alencar, aventuras de Tarzan, de ~scri­ PEmOBRAS
..... . .<• • 11 . . . .. . . .

tores como Robert Louis Stevenson."

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UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
080 - GUTKOSKI , Cris. A consagração de odis Brasis. Zero Hora . Porto Alegre, 29 ago. 2001 .

• •

o catarinense Salim Miguel e o baiano Antônio Torres dividem o 2° Prêmio Passo Fundo
cRlseuTKOSIO

SIIfJlTeS3 no 1:' Prêmio Passo Fun-


do Zaffari Bourbon de üteratura: os
cobiçados R$ 100 mil foram dividi-
dos pelo baiano Antônio TOlles e pe-
lo catarinense Salim Miguel
,Eles são autores, respectivamente,
de Meu Querido Canibal (Record,
, 190 páginas, R$ 22) e NUR na Escu-
ridão (Topbooks, 260 páginas, R$
25), dois romances com focos dife-
renciados na História do Brasil. Tor-
res volta ao tempo do Descobrimen-
to e Salim, às primeiras décadas do
século 20, quando desembarcaram
no Rio os imigrantes
Além de Torres e Salim, o gaúcho
José Clemente Pozenato também foi
lembrado. Levou uma menção hon-
roc;a pelo romance A Cocanha. Os
premiados souberam da notícia às
17h de ontem, junto com um público
de aproximadamente 4 mil pessoas
que lotou o Circo da Cultura na aber-
tura da 9" Jornada Nacional de Litera-
tura. Torres e Salim se declararam
honrados com a divisão:
- Dada a qualidade dos concorren-
tes, ficaria até constrangido de receber
o prêmio sozinho - disse Antônio
Torres, logo depois, elogiando a com-
panhia do catarinense, jornalista e edi- Miguel e Torres, autores de "NUR na Escuridão" e "Meu Querido Canibal", respectivamente, usarão o pr'mio para financiar I8US novos projetos
tor da antiga revista Ficção, que pubü-
cava narrativas curtas inéditas da üteratura brasileira. na üteratura em 1972 com Um Cão Uivando paro a Lua. nheira do prêmio trouxe alento: vai financiar as pesquisas.
Salim Miguel está completando em 200 I 50 anos dedi- Seu livro mais famoso e mais traduzido é Essa Terra, de O próximo personagem de Torres será um pirata francês
cados ao livro. Já foi gráfico, livreiro, distribuidor, editor, 1976, que dramatiza o retorno de um imigrante nordesti- que assaltou o Rio em 1711.
critico literário e escreve também para cinema. NUR na no de São Paulo a sua terra natal. "Essa Terra tem no las- - Vai ser uma superprodução transatlântica - derme.
Escuridão é seu 20" üvro e demorou cinco anos para ficar tro biográfico a sua força original", escreveu o poeta Af- Salim Miguel vai contar suas memórias em Viver a Vi-
pronto. Em 1999, foi reconhecido pela Associação Paulis- fonso Romano de Sant' Anna sobre a obra. TOlics é autor da: Narrativas de um Exílio no Rio. Ele foi preso após o
ta dos Criticos de Arte como o melhor romance do ano. de 12 livros, entre eles Balada da Infiincia Perdida e Um golpe de 1964, quando era cbefe da Agência Nacional em
Saüm confessa que chegou a reescrever por nove vezes al- Táxi para Viena D'Austria. Em 1999, o escritor baiano Santa Catarina, e fugiu da .eptessão escondendo-se no Rio.
guns dos capitulos. recebeu da Academia Brasileira de Letras o Prêmio Ma- Trabalhava como jornalista das 8b às 23h e mal pagava o
chado de Assis pelo conjunto de sua obra. Sobre o pers0- aluguel. Feüz, abraçado por amigos, O escritor posou para
Cada um dos escritores receberá cerca de nagem premiado, seu querido canibal, o índio Cunham- fotos com o cartaz do cheque de R$ 100 mil e, passada
RS 35 mil, já descontado o Imposto de Renda bebe, homem de dois metros de altura, amigo dos france- meia hora da entrega do prêmio, disse que ainda nem sabia
A história da adaptação dos imigrantes do Líbano - que ses e inimigo dos portugueses nos primeiros anos da Co- direito o valor total da parte que lhe cabia. Anote aí, Salim:
é a história de vida da fanúlia do autor - nas telIas brasi- lônia, Torres fala com paixão: R$ 35.360 líquidos, já descontados o Imposto de Renda.
leiras começa em 1927, em desembarque atrapalhado no - Ele era o chefe dos tamoios, chefe da resistência dos
Rio, e termina 30 anos depois, com a morte do patriarca nativos ao colonizador, e fazia a terra tremer. Meu üvro é
em Santa Catarina. uma canibalização da história e da üteratura. E eu tive um
- Escritor é aquele que reescreve, que faz cortes no tex- trabalho de cão para descobrir a história do ponto de vista
to como quem corta a própria carne - disse Salim. dos nativos.
Nascido em Junco, no interior da Bahia, Torres estreou Os dois escritores já têm planos de üvros novos, e o di-
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081 - NEQUETE, E. Clarão de Nur. Jornal do Comércio. Rio de Janeiro. 13 jan . 2000. Perspectivas , p. A18 .

Clarão de Nur
E. NEQUETE meira namorada e amante lia libanesa, capaz até de se
••• • ••• •• • • •• • • •• • • • • •• •• ••• • •••••• • • • • • ••• eterna; que amou os filhos e dispersar pelo mundo, po-
, tanto amou a poesia, que, rém não perde jamais o an-
missal de evocação e, en-
E tre claros e escuros da
mais do que fazer negócios,
gostava mesmo era de mas-
seio de união. Chegar à ve-
lhice, para o libanês, que
memória, a ciganear nas pá- catear lendas, fábulas, máxi- bênção!- Poderá fazer do
ginas do passado, o autor, mas e versos da herança an- tempo o que quiser, jogar
Salim Miguel , vai sobrepon- cestral - a maior riqueza tra- gamão, brincar com os ne-
do imagens - ligeiros dese- zida por ele na bagagem. tos e ser o primeiro a ser
nhos a lápis , aqui e ali, a servido e o primeiro a ser
nanquim, sem preocupar-se PERSONAGEM. O encanta- consultado face a qualquer
em colorir o retrato que, no m en to de Nur (luz, em ára- problema. No pátio comum,
correr da obra, resulta na fi- be) mora no fato de que Sa- que une as várias moradias,
gura do pai. Do libanês que lim, partícipe do drama, sa- êi-lo, à tardinha, aguardando
se aventurou ao Brasil. Te- be conter-se e enxugar lágri- a reverência dos membros
mos, então, à vista, velha fo- mas que lhe turvariam a real do clã.
tografia em branco e preto , visão daquele pequeno mun- Nem somente Yussef e
já gasta nas bordas à força do, no desejo de descrevê-lo nem somente o clima da ca-
de manuseada. Mas é um em veracidade. Objetivo ple- sa libanesa valorizam o ex-
ser humano e não um náu- namente cumprido em todo traordinário trabalho de Sa-
frago do esquecimento. Ago- o desenrolar do romance-tes- lim Miguel , já premiado e

ra, Nur, na Escuridão (este o temunho. Seria Yussef a per- digno de mai s prêmios. E
título do livro) faz de Yussef, sonagem principal? Não! um álbum de retratos, que a

o pai , pa rente querido de A medida que se lê Nur, gente folheia para reencon-
quan tos leiam a singela e percebe-se o legítimo centro trar fisionomias de gente,
com ovente história do ho- de atração a que nos impele que a gente juraria ter co-
m em que amou o Líbano e o tirocínio do autor. Ele con- nhecido.
amou o Brasil; que amou de segue recompor a casa liba- Aceite nossa reverência,
amor intenso a mu lher, pri- nesa, o senso tribal da famÍ- primo Yussef!
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
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083 - MACHADO, Ricardinho. Em alta. A Notícia .
Florianópolis, 10 abro 2000. Variedades , p. 5.

Em alta
Não s6 a temperatura subiu
neste veranico, mas a literatura
catarinense também está em alta
nesse mês de abril. Salim Miguel
recebeu uma condecoração da
Associação Paulista de Críticos de
Arte (APCA) pelo livro "Nur na
Escuridão" e é o entrevistado de
amanhã de Leda Nagle, às 4 da tar-
de, na TV Cultura, E os escritores
Alcides Buss e Olsen Jr, concorre-
ram ao prêmio nacional de literatu-
ra, o reconhecido Jabuti,
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084 - NUR na escuridão". Carta do lí bano. São Paulo, jan. 2000. Atualidades, p. 4-5.

Daí críticos já terem anotado a tando o que me parecia supér- por realizado. O aperfeiçoamen- Vivendo há 70 anos no Brasil, problema crônico entre nós. Ne-
influência do cinema na minha fiuo. Passei a ler mais ficção, to precisa ser um processo eon-. em que você julga que perma- cessitamos de uma profunda
escrita. No caso específico deste ensaio. crítica. poesia. Agora, trnuo. Quero prosseguir na bus- nece vinculado às origens liba- mudança na estrutura do país,
livro, imaginei-o em blocos, o seleciono o que leio, releio ca. enqua nto viver. nesas?
Biguaçu e personagens recor- menos miséria, mais saúde, mais
primeiro compacto, que relraça maiS. SM - É estranho. Criança e jo-
a trajetória da famOia e a adap- A imigração (tanto voluntária rentes são uma constante em vem me rebelava. Deixei de es- e melhores escolas, bibliotecas
tação ao novo chão. Depois fios quanto forçada, caso dos es- sua obra. Qual o motivo? tudar o árabe, muito embora a nos bairros, incentivo à leitura.
que complementam e ratificam cravos africanos) foi um pro- SM - No início não foi uma es- insistência de meu pai lembran- Para quem sabe ler, nada substi-
ou retificam o que vinha sendo cesso crucial para a formação colha consciente, mas em dado do-me que um homem que sabe tui o fascfnio de um livro, que o
relatado. Outros blocos se jun- do Brasil. No entanto, é quase momento me dei conta. Fiz de dois idiomas vale por dois. À autor escreve e O leitor reescre-
tam até o final, que de cena for- ausente de nossa literatura. uma cidade reaJ uma cidade mí- medida em que fui envelhecen- ve. Os novos meios podem ser
• • • Como seria possível explicar tica . Personagens me perse- do, vi que meu pai tinha razão.
ma retoma o iniCIO. um aliado? Podem . Ou também
A tradição da narrativa árabe este fato? guem, querendo mais espaço. Cada vez mais me sinto um líba-
SM - Não creio que esteja tão Hoje, por exemplo, nem sei no-biguaçuense. Mas minhas um adversário. Tudo depende de
e a pesquisa formal de uma li·
teratura de vanguarda se en- ausente assim. No caso da gente quanto existe no preto vel ho Ti raízes são-estão no Brasil. como sejam usados esses supor-
contram neste livro? africana vinda para cá escraviza- Adão e no cego, poeta e livreiro Novos meios como a Internet e tes. Tennino com uma frase mo-
SM - Pelo menos é o que preten- da, que em fins do século XIX, João Mendes (para quem li por o CD-Rom implicam na busca delar de Albeno Manguei, autor
di. E não só neste. Quem sabe, constituía metade da nossa po- quase seis anos, numa média de de nova literatura? Estes no- do excelente Uma História da
mais neste! A literatura árabe pulação, a ideologia dominante 5-6 horas por dia) do que eles vos meios estariam tirando
combatia os pretensos males da realmente eram e do que lhes fui prováveis leitores dos livros ou Leitura, que retrucando a opi-
através da tradição oral, tão pre- nião de Bill Gates de que o livro
sente nas lendas e narrativas de mestiçagem e lutava por 'cartas adic ionando. Não me largam. poderiam ser usados como
de branquicidade'. A população Estão dentro de mim, como Bi- aliados? vai acabar, ironizava: afirmar is-
meus pais. e dos livros que fui
conseguindo; a vanguarda, pelas negra era considerada 'os bra- guaçu. SM - A falta de leitores é um to Gates escreveu um livro .. .
intermináveis leituras que venho ços' que aj udaram a fazer a Na-
fazendo (sou um leitor compul- ção, a mente e o coração não
sivo) e de ceno faro para o que é contavam. Quanto aos outros
grupos, os europeus eram dese-
válido e mais me toca ... Este ro-
mance é narrado numa terceira
pessoa, que compona várias e
diferenciadas vozes.
jáveis, 'et pour cause', já orien-
tais e levantinos ... No presente,
outras vozes já se fazem ouvir,
na Escuridão"
Quais suas leituras preferi- valori zando o falO de sermos
das? um cadinho, em que as diversas O que é nur? 80. O núcleo central transcorre entre as déca-
SM - Leio de tudo. Na infância etnias s6 fazem enriquecer o pa- Nome de mulher. luz, símbolo, liberdade? das de 20 e 50. Sem cronologia fixa, circula pe-
e adolescência lia o que me caía trimônio cultural do país. Sem- Pode ser isso tudo ou nada. Muito mais ou mu- lo Líbano, Rio de Janeiro, Santa Catarina, aqui
nas mãos, do pior ao melhor. pre atento, o preto velho Ti ito menos. Quem sabe um signo premonitório. mais especificamente Biguaçu e Florianópolis.
Reconsidero: o que é melhor pa- Adão me sopra que é preciso E NUR na escuridão?
fazer muito mais. Montado como um jogo-de-annar, sua estrutu-
ra alguém de 10-12 anos. ler e Embora haja uma pista logo na primeira página
se emocionar com Bundan, ou Considera este seu melhor li- ração não é a de um romance convencional.
do livro, fica a sugestão ao leitor para que deci- Comporta labirintos, meandros, idas-e-vindas,
Os Mistérios da Torre de Nes- vro?
le, de Michel Zeca.o, ou As D0- SM - Nlo. Meu melhor livro é
fre o enigma. pois um lexto é tanto mais insti- interrogações, alegrias e desencantos, dúvidas
res do Mundo, de Schopenha- aquele que estou escrevendo. gante quanto maiores possibilh1ades de leitura
e certezas, ratificações e retificações.
uer? Com o tempo fui descar- Um escritor nunca se deve dar oferece. Além da fruição, ele precisa provocar
e fazer pensar. Os descendentes de libaneses no Brasil ultra-
O romance é calcado em dados reais, trabalha- passam 6 milhões,mais que a população do lí-
dos ficcionalmente. Busca resgatar a saga de bano. No entanto. a bibliografia a respeito é ex-
uma família de imigrantes libaneses que, alme- tremamente rarefeita. Este livro visa ser mais
jando ir para os Estados Unidos, acaba trilhan- uma contribuição para alargar o conhecimento
do os caminhos do Brasil. Bem como a com- de uma etnia, parte do leque das etnias consti-
plexa adaptação à nova terra. Maktub! Começa tuidoras do diversificado universo sócio-cultu-
e se fecha em fins dos anos 70 e início dos anos ral brasileiro .

• Cama
• Mesa
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085. SANTIAGO , Antoninha. A saga de imigrantes libaneses nos cam inhos do Bras il. Gazeta Mercantil. Florianópolis , 30 novo 1999. p. 6.

sa '-"Ia '-"Iran ·es aneses



os ras!
Antoninha Santiago tem forte influência da linguagem
de Florianópolis
Salim M iguel lança hoje nà Museu cinematográfica "como muitos crí-

Cruz e Sousa N UR - na escuridão, ticos já perceberam", lembm Miguel.
Jornalista, contista, romancista, Isto porque o processo de criação do
crítico, argumentista e rotemsta, Sa- sua 18a publicação autor não se dá a partir de situações
lim Miguel aproveita todas estas fa- estanques, organizadas. "O que me
cetas para contar a saga de uma fa- além do sempre relido Mil e uma que acabam por aJterar a rota e os aciona é um som, uma imagem, uma
mília de imigrantes libanes~ no Bra- noites. Entretanto, para traçar um planos fazendo com que venham paisagem", descreve. "Pronto o li-
sil em Nur - na escuridão, que está retrato do Brasil das décadas de 20 parar no Brasil, Miguel se inspirou vro, começo a reescrever e a montar
sendo lançado a partir das 20h de a 50, Miguel recorreu a pesquisas e também na biografia do pai e histó- como quem monta um filme.11
hoje no Museu Cruz e Sousa, em Flo- consultas que pennitiram a ambien- ria da própria família, recentemente No caso de Nur, na escuridão, o
rianópolis. Em Santa Catarina, o li- tação de seus personagens liccionais também resgatada em livro. autor imaginou a obra em blocos. O
vro editado pela Topbooks do Rio em fatos históricos reelaborados. Se referindo ao relato auto-bio- primeiro, compacto, retraça a traje-
de Janeiro, terá ainda mais um lan- gráfico do pai, traduzido do libanês tória da família e a adaptação ao novo
çamento na Câmara de Vereadores .Ioga _ _ por Alia Haddad, Salim Miguel ex- chão. Depois, lios que complemen-
do município de Biguaçu no dia 3 Sem obedecer urna cronologia plica que "a leitura do livro ao mes- tam e ratificam ou retificam o que vi-
de dezembro. Isto porque, segundo fixa, em Nur Salim Miguel circula mo tempo me ajudou e me criou pro- nha sendo relatado. Outros blocos se
o autor, que se define como um Líba- pelo Líbano, Rio de Janeiro, Floria- blemas. Por exemplo, um incidente juntam até o linal, que de cena forma
no-biaguaçuense, boa parte do livro nópolis e Biguaçu, montando a es- de viagem que meus irmãos e eu con- retoma o início", descreve Salim Mi-
se passa nestas duas cidades. trutura do livro como um jogo de siderávamos esclarecido (a mudan- guel. Desta forroa, misturando fatos
Nascido no Líbano, Salim Mi- armar, sem a linearidade de um ro- ça de nosso destino) era diferente do e lugares reais com a ficção, o autor
guel chegou ao Brasil em 1927 com mance convencional. "Uma história que conhecíamos. 1sto criou um im- mais uma vez utiliza Biguaçu, sua ci-
três anos de idade e, aos quatro anos, que comporta labirintos, meandros, passe até que me dei conta de que dade de inIancia e adolescência, e
a fanulia já se encontrava em Santa idas-e-vindas, interrogações; alegri- não estava fazendo um romance his- personagens recorrentes, para compor
Catarina sendo que, em Biguaçu, o as e desencantos, dúvidas e certezas, tórico mas aproveitando elementos Nur - na escuridão: "Fiz de uma ci-
escritor viveu até os 19 anos. Não retificações e ratificações", descre- da realidade para criar uma ficção". dade real uma cidade mítica. Perso-
por acaso, Nur, como seus trabalhos ve o autor. Para narrar a saga de uma Assim, ambientes e vivências de nagens me perseguem, querendo mais
anteriores, tem referência aos rela- família libanesa que, de mudança infância estão pre entes em boa par- espaço. Eles estão dentro de mim,
tos dos pais sobre a própria história para os EUA, passa por imprevistos te de sua obra ficcional cuja escrita como Biguaçu", admite o escritor. _

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086 _ RIVOIRE, Valéria. A saga de uma famllia libanesa. Diário Catarlnense. Florianópolis, 29 novo 1999. Variedades, p. 12 .


anesa
,
Escritor Salim Miguel lança amanhã o livro Nur - Na Escuridão e joga luz no passado de se
Valéria Rivoire DC - Como você explica esta falta de
FLORlANÓPOUS referência literária da etnia libanesa, já
que há tantos descendentes no pais?
escrilOT e jOn1alista Salim Mi- SM - O que acontece é o seguinte: so-
guel lança amanhã, às 20h, mos dezenas de etnias, mas qual é a que
no Museu Cruz e Sousa, em predomina? A alemà e a italiana. Então,
Florianópolis, seu 18° livro. o que existem de livros tanto na área de
Nur - Na Escuridão é unI T01nance que ficção como de estudos destas duas et-
retrata o Brasil das déceu/as de 20 a 50 nias é imponderável, não tem como con-
através das histórias de umafamíli11 de tar. Das outras etnias já é menos e de sí-
imigrantes libanenses. A obra da Top- rios e libaneses é mais raro ainda . Tem
books Editora, do Rio de Janeiro, possui um estudioso em Santa Catarina que es-
258 páginas e é um dos poucos traba- tá fazendo um levantamento de tudo que
lhos lançados no Brasil que fala da et- existe de documentos , artigos , de poi-
ni11libanesa. mentos, livros reportagens de sírios e li-
Natural de Farssouroun, Líbano, Sa- baneses. Ele disse que não chegam a 300
lim Miguel chegou ao Brasil ainda títulos reunindo tudo. Então O me u ro-
criança. Depois de dei:<ar o interior do mance chega num momento oportuno?
Rio de Janeiro, ele seguiu com afamília
pa ra Big uaçlL, onde pennancceu dos DC - O livro tem 30 capltulos dividi-
c inco aos 19 anos. "Costumo dizer que dos em cinco blooos. Esta divisão foi feita
sou uni cidadão líbano-biguaçuense", justamente para ajudar o lelror neste vai-
brinca o escritor. O livrofaz um passeio vém no tempo?
emre Biguaçu e Florianópolis, dá um SM - Sim . O primeiro bloco é o mais
pulo ao interior do Rio de Janeiro, pas- extenso com mais de 20 capítulos. Nele é
sa rapidarnencc por dois municípios li- narrado a história da famUia e dos perío-
baneses e em Marselha, na Prança, tra- dos que ela vai atravessando. Depois se-
çando O trajeto destes imigrames. "São gue com outros vários blocos, um deles
apenas fragmentos de minha gente que chamado Fios que traz coisas que não fo-
escão no livro", adianta. O projeto é um ram definidas no primeiro, mas que se-
al1(i~o sonho seu. Foram quase dois rão resolvidas neste. Já Perfis traz algu-
mws trabalhando na busca de irifonna- mas pessoas que marcaram a vida da fa -
ções através de pesquÍ-';a, depoimentos e mília. Em Mortes são narradas as perdas
levantamentos de deu/os. O resultado é de seus integrantes. Como dá pra notar,
uma obra curiosa que não teve a pre- não se trata de um romance linear com
tensão de narrar a história do Brasil, começo, meio e fim , embora eu ache que
mas sim contá-la através das situJ1ções ele tem nuição, ou seja, a pessoa vai gos-
vividas por integrantes de uma família tar da história, vai se envolver.
libanesa.
ROBERTO SCOWDC DC - Como foi a escolha do título do
DIArIo datar1Dense - O que quer dlr.er MUITOS NOMES: Salim Miguel diz que Nur pode ser símbolo, liberdade e signo livro, que não deixa de ser cwioso?
a palavra árabe Nur? SM - Ele teve três títulos. O primeiro
Salim Mlguel- Quer dizer luz, mas !lO' de lima famOla, mas que tem como pano DIário Catarlnense - O senhor passou era Makut Tub que significa "estava es-
de ser símbolo, liberdade, o nome de de fundo a história do B1'88Il. Como é es- por quatro editoras para poder lançar o crito, aquilo que tem pra acontecer,
uma mulher, um dos nomes de Alá, ou tafamOIa? livro, Como foi esta busca? acontece" . Neste meio tempo apareceu
um signo premonitório. \lá vários signifi- SM - São seis pessoas e é a minha SM - Passei por quatro editoras. Uma um livro com este mesmo nome, então
cados e eu procurei jogar com todos eles própria famflia, ou melhor, fragmentos de São Paulo e três do Rio de Janeiro . tive que trocar. O segundo era Senlerttes
dentro da estrutura do romance. de minha família . Os nomes são todos Duas não me responderanl , a terceira porque pouco antes do meu pai falecer,
verdadeiros. Já preveni meus parentes aprovou o livro no início do ano, mas de- em 1981, ele me viu muito abalado e pe-
DC - Do que se trata o romaooe? para que não procurem no livro a sua pois entrou em crise . Era uma grande diu para que eu sentasse ao seu lado na
SM - Fala de uma família de imigran- história. Os elementos básicos são mon- editora brasileira que não convém citar o cama. Pegou na minha mão e disse: "o
tes libaneses no perfodo entre 1927 até a tados em cima do que ia acontecendo. nome, pois es.teve praticamente pra fe- que você queria, que eu ficasse pra Se:!-
década de 50. Sua história se confunde Por exemplo: o primeiro capítulo que se char, Se interessou maS me pediu para mente?" Acontece que me alertaram que
com a história do Brasil e suas transfor- chama Luz, começa que eu segurasse o pro- com este título meu livro iria acabar nas
mações com a queda de Washington com o desembarque no jeto. Resolvi segurar até prateleiras de agricultura (risos). Depois
Luiz, a vitória de Getúlio em 1930, a dia 18 de maio de conseguir outra. De re- surgiu Nur - Na Escuridão que foi uma
chamada Intentona Comunista de 1935, 1927, no cais do porto
"Tive a preocupação pente, a Topbooks do idéia de meu filho. Fiquei em dúvida e
o golpe de 1937, a guerra de 1939, a en- da Praça Mauá, no Rio def=er com que o Rio, que também havia perguntei para o editor José Pereira o
trada do Brasil na Grande Guerra. Tudo de Janeiro. Isso está leitor entendesse as recebido o projeto, me que ele achava e ele respondeu: "Ou este
tvai sendo visto, não através de um ele- nas seis primeiras li- telefonou dizendo que título vai ajudar a alavancar as vendas ou
mento histórico, mas a partir desta famí- nhas. De repente, já muitas palavras em o livro estava aprovado. não, vamos tentar,"
lia de imigrantes. Cinqüenta por cento não se está mais no árabe sem quefosse
da história se passa entre Florianópolis e cais do porto. Passamos preciso usar chama- DC - A edirora Top- DC - O senhor utiliza mmtas palavras
Biguaçu onde morei dos cinco aos 19 para as histórias de um books já conhecia seu árabes no livro. Como o lelror vai enten-
anos. Outra parte vai para o interior do velho, que é o meu pai, das de pé de página" trabalho? der seu slgnlAcado?
Rio de Janeiro, em Magé onde foi o pri- que conta como foi a SM - Sim, inclusive SM - Tive a preocupação de fazer com
meiro lugar que a família morou. Há ain- sua chegada ao Brasil. me conhecia como jor- que o leitor entendesse estas palavras
da uma pequena parte que em Marselha, Sem saber para onde ir, ele lembra que nalista. A editora é comandada por José sem que fosse preciso usar chamadas de
na França, e em dois municípios libane- anotou numa caderneta o nome e ende- Mário Pereira , que também é um jorna- pé de página. Perderia o sentido e não
ses, o Amiull, cidade natal de minha reço de um patrício. Ele chama um mo- lista. Ele ficou muito entusiasmado com seria mais um romance. É unl torneio de
mãe, e Farssouroun, onde nasceu meu torista de táxi que conhece o local. O o livro também pelo fato de estarmos en- frases pelo qual eu não preciso explicar
pai, eu e minhas duas irmãs. A família motorista é negro e seu filho, com ape- trando no ano 2000. Pois a obra é sobre colocando em seguida da palavra seu sig-
aumentou depois no Brasil e em São Pe- nas três anos de idade, fica muito espan- uma etnia que, praticamente, não tem li- nificado. A maneira como eu resolvi isso
dro de Alcântara, que também está no tado porque no Líbano não existiam ne- teratura no Brasil, embora os descenden- foi simples. Tem um capítmo, por exem-
livro, nasceu minha primeira irmã gros. Este motorista terá uma importân- tes de libaneses no país sejam em torno plo, que se chama Nard que em portu-
brasileira. cia mais tarde na vida desta criança e de seis milhões de pessoas, o que corres- guês quer dizer gamão, o jogo. O leitor
que é contada mais adiante. E assim o li- ponde à população do Líbano. vai saber do que se trata no desenvolvi-
DC - Trata-se de uma ftcçio que fala vro segue com situações deste tipo . mento do capítulo.

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.
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UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
087 - OLIVEIRA, Mauricio. Cultura catarinense é condenada . A Notíc ia . Florian ópolis, 25 novo 1999. Anexo , p. C1

,
\
e
FOIOI Jean Bo~OI

Nove personalidades das


artes e do jornalismo são
agraciadas com medalha
instituída pelo governo

MAURICIO OLIVEIRA rável companheira Eglê Malhei-
ros. O escritor nascido no líba-
lorianópolis - Nove perso· no há 75 anos foi roteirista do
F nalidades da cultura catari·
nense foram agraciadas ontem
primeiro longa-metragem cata-
rineose, "O Preço da Ilusão",
pela manhã com a Medalha do rodado em 1957. Jornalista, tra-
Mérito Cultu ral Cruz e Sousa, balhou em publicações de des-
instituída pelo governo do Esta· taque nacional, como "Manche-
do em 1995 e desde então con· te" e "Fatos e Fotos".
cedida anualmente. Pela segun·
da edição consecutiva o cader- ORGULHO CATARINENSE
no Anexo, do jornal A Notícia,
foi um dos indicados. A escolha O filósofo, tradutor e jorna-
dos homenageados é feita em lista A1cídio Mafra de Souza, 74
votação secreta pelo Conselho anos, ex-diretor do Museu
Estadual de Cultura. "É uma Nacional de Belas Artes, não ANEXO Editor Sílvio Melaiji IE) recebe o medalha dos mãos do diretor corporativo de A Noticio, Henrique de Carvalho
tarefa que nos dá muito prazer, pôde comparece r à cerimônia
porque nomes de destaque não para receber o prêmio por moti-
faltam. Santa Catarina tem um vos de saúde. Quem também Frases
meio cultural profissionalizado, não apareceu foi o jornalista e
no sent ido de saber como as cineasta José Henrique Nunes
coisas devem ser feitas", consi-
dera o diretor-geral da Funda-
Pires, o Zeca Pires, 38 anos, dire-
tor da Cinemateca Catarinense e
"santa Calarma
.• e um estad ' em
o riCO
ção Ca tarinense de Cultura do Departamento Artístico-Cul- recursos humanos, fortuna que atinge todas
(FCCL laponan Soa res, que tural (DAC) da Universidade as áreas, inclusive a cultural"
também preside o Conselho Federal de Santa Catarina
Estadual de Cultura. (UFSC), representado pela .IAPONAN SOA'ES, diretOf-gerol do Fundação Catorinense de Culturo
A soleni dade no Palácio mulher.
Cruz e Sousa, comandada pelo A pesquisadora e diretora
governador Esperidião Amin,
teve duas premiações especiais.
de teatro Edith Kormann, 78
anos, autora do livro 'Teatro na " E.um orgulho ter como colegas uma
O livreiro Odilon Lunardelli, que Educação Artística", falou em plêiade tão ilustre"
morreu há pouco mais de um nome dos premiados. ' Esse tipo
ano, foi lembrado com a conde- de solenidade é bem coisa de • EDITH KORMANN, discursando em nome do grupo de homenogeados
coração recebida pelo filho dele, nós, catarinas", disse. O "gan-
Luiz. E os promotores do Festival cho" foi aproveitado pelo gover-
de Dança de Joinville foram nador Esperidião Amin no seu "Nosso Esta dO vive
. uma extrao"d'mana
•.
homenageados pelo fomento à discurso.' ós todos temos esse
arte. Em vez de receber o prê- orgulho, que não é arrogante, de condição de tolerância, no mais amplo e
mio, o prefeito Luiz Henrique da sermos catarinenses. Um orgu- humano sentido da palavra"
Silveira preferiu repassá-lo a três lho consciente das nossas singu-
bailarinas que, devidamente laridades", afirmou Amin. LETRAS Escritor Salim Miguel e a suo inseparável Eglê Molheiras • ESPERIDtÃO AMIN, governador
caracterizadas, representaram a
paixão da cidade pela dança.
'Nada mais justo, já que O festi-
val movimenta toda a comunida-
de", diz o prefeito.
No dia 4 de dezembro, duas
bailarinas do Balé Bolshoi vão
selecionar entre 12 mil estudan-
tes da rede pública de Joinville
os 90 que receberão bolsas de
estudo, com oito anos de dura-
ção, para a escola de dança que
a célebre companhia russa está
abrindo na cidade em parceria
com a Prefeitura. As 210 vagas
restantes, que serão pagas pelos
alunos, estarão sendo disputa-
das pelos mais de 5 mil candida-
tos de toda a América Latina já
inscritos.

GRUPO SUL
,•
O Anexo foi representado
na cerimônia pelo jornalista Sil-
vio Melatti, que há doi anos DANÇA Prefeito Luiz Henrique da Silveira e os dançarinos representando o festival de Joinville
edita o caderno. Por sugestão do
governador, ele recebeu a con-
decoração das mãos do diretor
corporativo de A Notícia, Henri-
que de Carvalho. Outro nome
familiar aos leitores do jornal
também foi lembrado: o crítico
musicalllmar Carvalho, 72 anos.
Colaborador de publicações his-
tóricas como 'O Pasquim" e
I
'Última Hora", ele está prepa- No CEIP, Centro Especializado em Implantodontia e
rando um livro sobre o cantor Periodontia, o tratamento de sua saúde bucal é
Cartola. realizado por profissionais experientes e capacitados
O pintor Heidy de Assis Além disso, nossa equipe está preparada para torna
Corrêa, o Hassis, 73 anos, foi seu sorriso ainda mais bonito. fator fundamental elll
homenageado pela produtiva sua apresentação.
carreira. Autodidata, ele traba-
lhou com publicidade e foi um
dos nomes do Grupo Sul, que
I
revolucionou as artes catarinen-
ses na década de 40. A obra é
marcada pela inspiração no fol-
clore ilhéu.
Salim Miguel, outro
expoente do Grupo Sul, recebeu Espe<.lall\t.J m Implantodontla , Ponta
a medalha das mãos da insepa-
0,._
li, lfII ..
JO NVII.I.
f'spe< lilll5ta em Per/odontl" • Bauru/SP

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088 - cRiTICaS de arte elegem melhores. Jornal do
Brasil. Rio de janeiro , 16 dez. 1999.

Críticos de
arte elegem
melhores
SÃo PAULO - A Associação
Paulista de Críticos de Arte divul-
gou ontem os vencedores de seus
prêmios relativos a 1999, nas áreas
de artes visuais, cinema, dança, li-
teratura, música erudita, música
popular, teatro, teatro infantil, te-
levisão e rádio.
Em artes visuais, q prêmio
principal (Grande Prêmio da Críti-
ca) foi conferido ao Instituto Cul-
tural Itaú. Em cinema, Sanlo forte,
de Eduardo Coutinho, foi escolhi-
do O melhor filme. Luiz Carlos ,
Vasconcelos e Fernanda Torres fi-
caram com os prêmios de melhor
ator e melhor atriz, por seu desem-
penho em O primeiro dia. A com-
panhia Estúdio Nova Dança ga-
nhou o Grande Prêmio da Crítica
relativo a dança. Márcia Milhazes
foi eleita melhor coreógrafo, por A
rosa e o caju. José Alcides Pinto
recebeu o prêmio principal de lite-
ratura, pelo conjunto da obra. O de
melhor romance ficou com o cata-
rinense Salim Miguel, por Nu na
escuridão.
O prêmio mais importante de
música erudita foi destinado a
João Dias Carrasqueira. O pianista
Miguel Proença conquistou o de
melhor instrumentista. Como me-
lhor regente, Ricardo Kanji. Em
música popular, Lenine venceu na
categoria melhor disco. com Na
pressão, Zeca 8aleiro foi escolhi-
do o melhor cantor e Mônica Sal-
maso a melhor cantora. Em teatro,
a montagem de Navalha /la carne,
de PUnio Marcos, garantiu ao gru-
po Tapa a vitória na categoria es-
petáculo. Antunes Filho foi eleito
o melhor diretor, por Fragmentos
lroia/los. Coube a Antônio Fagun-•
des o prêmio de melhor ator (Ulli-
mas luas) e a Suely Franco (So-
mos in/lãs) o de melhor atriz. Em
teatro infantil venceu o espetáculo
O lerror dos mares. O grande prê-
mio de televisão foi conquistado
pela versão de Guel Arraes para o
Aula da compadecida, de Ariano
Suassuna. ___ ,?, "
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089 - MILLEN, Mànya; PIRES, Paulo Roberto. Luzes d a
memóri a. O Globo. Rio de Janeiro, 31 jul. 1999. Prosa &
Verso, p. 5.

Luzes da memória
• Salim Miguel entregou à
Topbooks os originais de
IoINur - Na escuridão". Aos
75 anos, um dos fund ado-
res da antológica revista
"Ficção" volta às suas ori-
gens para narrar a chegada
ao Brasil, na década de 20,
de uma família libanesa em
Santa Catarina. O romance,
cujo título quer dizer "luz"
em árabe, tem como pano
de fundo a História do Bra-
sil até os anos 80.

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090 - SARTORI , Raul. Romance. A Notícia.
Florianópolis, 15 novo 1999 . Anexo , p. 82 .

Romance
o mundo literário catarinense e até
brasileiro estará em festa. Salim Miguel está
anunciando para dia 30, no Palácio Cruz e
Sousa, e dia 3 de dezembro, na Câmara de
Vereadores de Biguaçu, sua cidade natal, o
lançamento de seu romance "Nur na Escuri-
dão", um relrato do Brasil nas décadas de 20
a 50 visto alraVés de uma família de imigran-
tes libaneses. Aeditora é a Topbooks, do Rio,
com promoção da Fundação Catarinense de
\Cultura, Departamento Artístico-Cultural da
rUFSC e Grupo Arcos de Biguaçu. .

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091 . MÉRITO calannense. Dlario Catarinese. Florianópolis, 24 nov 1999. Van eda des.


Governo do Estado faz entrega de medalha a sete personalidades das artes e do jornalismo
FLORlANÓPOUS

amo Ocorre todos os anos, o Conselho


Estadual de Cultura e o governo do Es-
tado fazem hoje a entrega, no Palácio
Cruz e Sousa, em Florianópolis, da ~Ie­
dalha do Mérito Cultural Cruz e Sousa a sete per-
sonalidades de destaque nas artes e no jornalismo
cawrinenses. A solenidade começa às 11h e terá a
presença do governador Esperidião Amin e do di-
retor-gerai da Fundação Catarinense de Cultura,
laponan Soares, que também preside O Conselho
Estadual de Cultura. Concedida há três anos, a
Medalha do Mérito foi criada por um decreto go-
vernamental e contempla autores de obras literá-
rias , artísticas, educacionais ou científicas de re-
conhecido valor. A indicação dos nomes é feita
pelo Condelho Estadual de Cultura, através de vo-
tação secreta.
Este ano, o falecido editor Odilon Lunardelli,
um dos pioneiros na publicação de livros de auto-
res catarinenses, será um dos homenageados.
Desde a década de 60, ele abriu espaço para o lan-
çamento de nO\'os escritores, tendo criado a Feira
~ o Livro de Florianópolis, que já se encontra na ,. ,
14' edição. BANCO DI:: DADOS/De • ROBE fm) SCOWDC/ NQV 95

Os promotores do Festival de Dança de Joinvil- PINTURA: Hassis renovou as artes plásticas nos anos 60 CINEMA: Zeca Pires dirigiu o documentá rio Farra do Boi
le também serão destacados. Isso se deve à impor-
tância deste evento na divulgação do Estado, na
formação de novos bailarinos e de platéias para a
dança em Santa Catarina. Criado em 1983, ele já
promoveu a apresentação de 60 mil bailarinos,
atingindo um público superior a um milhão de
pessoas. lIoje, o Festival é um dos principais even-
tos de dança da América Latina.
Entre os outros condecorados está o escritor
Salim Miguel, um dos fundadores do Grupo Sul ,
autor de dezenas de romances e livros de contos e
jornalista com passagem pelas revistas Manchete
e Fatos & Fotos. O cineasta Zeca Pires, diretor de
Ponte Hercílio L=- Património da Humanidade
e co-diretor do cuna-metragem Manhã e do docu-
mentário Farra elo Boi e o jornalista e crítico mu-
sicai I\mar Carvalho, que já passou pelo Correio
-
da Manhã, Pasquim, Ultima 1I0ra, O Dia e Tribuna
da Imprensa, também serão homenageados. Ou-
tro jornalista indicado é Silvio ~Ielatti.
Os demais homenageados são o crítico Alcídio
Mafra de Souza, ex-diretor do Museu Nacional de
Belas Artes e o consultor do Iphan, Iliedy de Assis
Corrêa, o lIassis, artista plástico que teve grande
influência na evolução da pintura catarinense a
partir dos anos 60, e a pesquisadora c diretora de
teatro Edith Kormann que teve lima atuação mar-
IVONE MARCARlNIIDC/NQV 95

JAKSSQN lANCO/ DC/ MAR 96
cante na área das artes cênicas, especialmente no
Vale do ltajaí. LITERATURA: Salim Miguel foi integrante do Grupo Sul TEATRO: Edith Kormann é também escritora e historiadora
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092 - LI VRO . Diário Catarinese. Florianópolis, 26 novo 1999 . Visor. p.3.

Livro - Editora Toopboks, do Rio d~


Janeiro, promove o lançamento do romance
Nur-na Escuridão, o 18° livro publicada pelo
escritor catarinense Salim Miguel, na próxima
terça-feira, às 20h, no Palácio Cruz e Sousa
em Rorianópolis.

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093 - PEREIRA, Moacir. Salim. O Estado.
Florianópolis, 30 novo 1999. p. 2.

Salim
o escritor e jornalista
Salim Miguel lança hoje à
noite, no Palácio Cruz e
Sousa, seu maiS recente
romance "Nur na
Escuridão" , editado pela
Topbooks.
Dispensável dizer da qua-
lidade
, e da importância de
Salim Miguel para a cultura
catarinense. Fundamental é
adquirir e ler o livro, que viaja
pela memória do Brasil desde
o início do século.

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094 - BALDISSEROnO, Alexandra . Lançameto. Diário
Catarinese. Florianópolis, 03 dez. 1999. Variedades , p. 4.

Lançamento
Acontece hoje em Biguaçu
o lançamento do livro do
escritor Salim Miguel, Nur
- Na Escuridão. O local,
que terá a presença do
autor, será a Câmara
Municipal no prédio da
prefeitura de Biguaçu. O
livro conta a saga de uma
famOia libanesa tendo
como pano de fundo os
fatos históricos ocorridos
no Brasi. O lançamento
acontece das 19h às 22h .

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095 - PR~M I O_ Diário Catarinese _Florianópolis,
15 dez. 1999Visor_ p_ 3_

Prêmio
o livro Nur - Na Escuri,-
dão, do escritor catarinense
Salim Miguel, recebeu o prê-
mio dc Melhor Romance do
Ano conferido pela Associação
Paulista dos Críticos de Arte
(APCA), O romance foi publi-
cado em novembro pela edito-
ra Topbooks, do Rio de Janei-
ro, e conta a história da chega-
da de uma família de imigran-
tes libaneses a Santa Catarim-
na , em 1927, passando pelo
impacto de sua adaptação à
nova terra, e tendo como pano
de fundo episódios como a Re-
volução de 30, a Intentona
Comunista, a ditadura Vargas
e a 2:1 Guerra Mundial.
O prêmio da APCA é um
dos mais respeitados do país.

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096 - JORNALI STA e escritor transforma a história de sua família em romance. O Globo. Rio de Janeiro, 17 dez. 1999. p. 3.

om ista e escritor trans o


. ". •
lstorla e sua allll la em romance
Livro de Salim Miguel, que será lançado hoje, foi premiado pela APCA
orno jornalista, o escri- de melhor romanc e do ano, Brasil e é inspirado na trajetó- pria história, Miguel - que
tor e crítico Salim Mi- dado pelá Associação Paulista ria de Miguel e de seus pais além de romancista, contista e
guel sabe que uma boa dos Críticos de Arte (APCA). que, em 1927, desembarcaram roteirista foi também um dos
história real pode ser O livro - que já teve um no Rio, vindos do Líbano. Pou- editores da revista "Ficção",
o ponto de partida para uma lançamento em Florianópolis, co depois, o futuro escritor e responsável por revelar, na dé-
aventura muito maior. E foi no fim de novembro, e que ho- sua família foram para a pe- cada de 70, vários talentos li-
transformando a história de je ganha noite de autógrafos quena Biguaçu, Santa Catari- terários - acaba passeando
sua própria família em aventu- no Rio, às 19h, na livraria Pau- na, onde Miguel foi alfabetiza- também por décadas de Histó-
ra literária que ele acabou lo Francis, em lpanema - tra- do em árabe e alemão antes de ria do Brasil , que se torna
conquistando com "Nur na es- ça os caminhos de uma família aprender o português. igualmente personagem de
curidão" (Topbooks) o prêmio de imigrantes libaneses no Ao fazer ficção de sua pró- kNur na escuridão"._

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097 - PENA FILHO. A saga libanesa de Salim Miguel. A Notícia. Florianópolis, 30 novo 1999. Anexo , p. 3.



I ue
Escritor lança hoje
"Nur na Escuridão", seu
18° livro, baseado na
história da imigração árabe

lorianópolis - A trajetória de uma família de libane-


F ses que desembarcou no Brasil na década de 20 é o
tema do novo livro de Salim Miguel, "Nur na Escuri-
dão", que será lançado esta noite do Palácio Cruz e
Sousa. Apesar de usar personagens reais e se inspirar na
própria história familiar - ele chegou ao Brasil com três
anos de idade - , Salim garante que a obra é uma ficção.
"Já disse aos parentes para ficarem tranqüilos", brinca
o jornalista e escritor de 75 anos.
A história começa no dia 18 de maio de 1927,
quando a família desembarca no cais do porto da Pra-
ça Mauá, no Rio de Janeiro. Primogênito entre sete
irmãos, Salim viu quatro deles nascerem no país ado-
tado. "O livro mostra como os imigrantes não tinham
idéia do que era o Brasil e lembra importantes
momentos políticos, como a ascensão de Getúlio Var-
gas em 1930", antecipa o autor. Metade do romance se
passa em Biguaçu e Florianópolis.
O 18' livro de Salim começou a ser escrito em
1994, mas teve que descansar na gaveta por alguns
períodos para que o escritor desse à' luz duas outras
obras. Ao todo, entre pesquisas e entrevistas, foram
dois anos de trabalho. Mas o maior trabalho parece ter
sido a escolha do nome. A primeira idéia) "Sementes!!,
seria uma homenagem ao pai de Salim, José Miguel,
que morreu lúcido com quase 85 anos. "Nunca me
esqueço da última coisa que ele me disse pouco antes
de morrer: 'O que querias, que eu ficasse para semen-
tet"Jconta o escritor.
Diante do alerta dos amigos de que o livro poderia
parar na prateleira de agricultura, Salim decidiu escolher
outro nome. Pensou em "Maktub", que' significa "está
escrito". Alguns meses depois, surpreendeu-se ao saber
que Paulo Coelho havia tido a mesmíssima idéia. Então
finalmente se decidiu pela palavra árabe "nur", que tem
vários significados: além de "luz" e "liberdade", é tam-
bém uma das denominações de Alá (Deus em árabe).

MERCADO

De olho no mercado nacional, já que a bibliografia


sobre o tema é pequena diante da importância da presen- o escritor "Iíbano-biguaçuense" Salim Miguel: averturas da imig ração recanto das através de uma perspectivas literária
ça libanesa no Brasil - calcula-se que haja 6 milhões de
descendentes -, Salim está lançando o livro pela editora
Top Books, do Rio de Janeiro. "Sama Catarina tem exce-
lentes editoras, mas o sistema de distribuição e divulgação
continua concentrado no eixo Rio-São Paulo", justifica o
aulOr. Mesmo assim, seu último livro, "Confissões Prema-
turas", publicado pela catarinense Letras Contemporâ-
neas, já está esgotado, e a segunda edição deve chegar em
breve às bancas - um ano depois do lançamento da pri-
meira, o que em literatura não é fato comum.
Recentemente premiado com a Medalha do Mérito
Cultural Cruz e Sousa, o escritor e colaborador do Ane-
xo vive uma grande fase. "Este não é o meu melhor
livro, porque o melhor sempre é o que eu estou escre;
vendo ", despista. "Nur na Escuridão " será lançado em
Biguaçu na sexta-feira ("Cada vez mais me sinto um
Iíbano-biguaçuense", diz Salim). A sessão de autógrafos
está marcada para as 19 horas, na Câmara de Vereado-
res local. O lançamento em Joinville já está acertado
com o prefeito Luiz Henrique: será em março, durante
as comemorações de aniversário do município .
• o QUÊ : lançamento do livro ~Nur no Escuridão" (Editoro Top
Books, 258 póginas), de Salim Miguel. QUANDO: hoje, à 20
horas. onde: no Palácio Cruz e Sousa, Centro de Florianópolis.
quanto: o livro cuslo R$ 25,00.
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098 - WEISS, Ana . APCA divulga a lista dos melhores de 99. O Estado de São Paulo. São Paulo, 15 dez. 1999. Caderno 2, p. D7.

PRÊM IO

'Auto da Compadecido,': prêmio de tel.evisoo para Guel Armes 'Santo Forte', de Eduardo Coutinlw: mellwrfüme deste ano 'Nava1fw, na Carne': numtogem do Grupo Tapa vence em /.eatro

• •
IVU IS a ores
Associação reduziu para sete o número de colhidos João Dias Carrasquei- Osvencedores na categoria tea- O grande prêmio da crítica na dos José Alcides Pinto, com prê-
ra, para o grande prêmio da críti- tro de 1999 foran1 o espetáculoNa- categoria dança vai nesta edição nlio especial da crítica, Carlos Ne-
vencedores em cada uma das dez categorias, para ca, Sérgio VasconceUos Correia, vaUUl na Came, do Grupo Tapa, para o Estúdio Nova Dança Ain- jar(poesia), Salim Miguel (roman-
darmais agüidade à entrega, que será realizada pela Si1ifonia n. 1 , Amaral Viei- Antunes Filho, por Fragmentos
Q da na categoria, receberão o tro- ce), Betty MiJan (crôrtica), Raquel
em março, 'IW TeatroMunicipal ra (obra camerística), Miguel Tmianos, Sandra Louzada (texto féudaAPCAMàrciaMilhazes(co- CoeU10 (infanW), Marleine Pal~a
Proença (instrumentista), Sinfô- deSamos b7nãs), Antonio F'agIm- reógrafa), João Negreiros (cria- Marcondes (ensaio) e a Escritu-
ANAWEISS nho, vai levar o troFéu de meUlOr nica da RTC, Ri- des (ator de Últi- ção-intérprete), VeraSala(pesqui- rasEditora
Especial para OEstado filme. Aindaem cinemaforanl elei- cardo Kar(ji (re- mas Luas), Sueli sa), Verve Cia de Dança (estin1U- AminissérieAutoda Campad.e-
tos Carlos Reichenbach (pela dire- gente) e a Grava- Franco (atriz de lo), Sandro BoreUi (bailarino) e cioo foi eleita para o grande prê-
júridaAssociaçãoPaulis- ção de Dois C(wregos) , os atores doraPaulus. CRITICOS Somos Irmãs), Melissa Soares (bailarina). mio de televisão, categoria que
O ta de Críticos de Artes
(APCA),compostopor50
profissionais, rewuu-se anteon-
Luiz Carlos VasconceloseFernan-
da Torres (O p"imeim Dia), D0-
mingos de Oliveira e Priscila Ro-
O presidente
da APCA, Luiz
Carlos Merten,
lEMBRARAO
- Daniela TIlOmas
(cenário de Pai)e
Lola Tolentino (fi-
Os críticos escolheram para o
grande prêmio de artes plãsticas o
Instituto ltaú Cultura!. Tanlbém
também vai prenliar TelmNostru
(programa), Matheus Nachtergae-
le (alor), Débora Duarte (atriz),
tenl para decidir a lista dos ganha- senbaum (roteiro de Amores), comentaqueade- BARDI COM gurinos do Grupo fOranl escoUlidos na categoria Bia Lu Grimaldi (revelação), otel<:jor-
doresdo )roféu deste ano. Recebe- Afonso Beato (fotografia de Or- cisão em reduzir Tapa). Lessa, pela exposição Brasileim nal SP-TV L" Edição e Cazé (apre-
rão a estatueta 70 artistas e insti- fl!1L) e Cláudio Torres (revelação o número de pre- HOMENAGEM Em teatro in- Que Nem Elu. ... Que Nem Qu.em?, sentador). Os vencedores em rá-
tuições selecionados pelos críti- como diretor de Diabólica). miados para 70 fantillevarão a es- Flávio CarvaU10 (mostra com cu- dio são a Eldorado FM GomaJis.
cos, em solenidade no Teatro Mu- Na categoria música popular, foi referendada tatueta a peça O radoria de DeIUse Mattar), Daizy mo), a Jovem Pan AM (esportes),
nicipal, no Cun de março, com pa- levarão o troféu Lenine (melhor em reunião gera! da associação Tel1wdos Ma7Y3S (melhor espetá- PecciniJli de Alvarado, Domênico o progranla de música Estúdio
trocínio da SCI!Equifax. Este ano, disco, Na Pressão), Zeca Baleiro e está ligada principalmente à culo), a Cia Pia Fraus, pela dire- Calabrone e a Coleção Pirelli- 1.200 (CulturaAM), HeródoloBar-
para valorizar ainda mais o prê- (cantor), MônicaSalmaso (can- vontade de se imprinúr maior ção de O MaJ4ício 00 Mariposa, Masp. O arquiteto Pietro Maria beiro (âncora), a Cl~tura FM (es-
mio, a (liretoria da assoCiação op- tora), Ira! (grupo), Jupiter Apple agilidade à festa de entrega. Eduardo Silva (ator), Sandra Var- Bardi, morto este ano, será home- pecial Duke Ellington), o progra-
tou por reduzir o número de con- (compositor), RebecaMatta(re- "Nos anos anteriores, algumas gas (abiz), A Pequena. OperaSo- nageado com o prêmio de perso- ma Sintonia CBN (vruiedades) e
templados velação) e Lobão (personalida- cerimônias acabaram ficando áre Vôo (cenário), Vincent (ilumi- nalidade. o progranm M(>/1lória, da Rádio
Santo F01te, de Eduardo Couti- de). Em música erudita foram es- muito longas", conta ele. nação) ehnago (música). Em literatura serão contempla- USP(arqwvo).

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099 - VASSALO , MÁRCIO . Livro é o melhor presen te.
Jornal do Brasil. Rio de Janeiro , 18 dez. 1999.
Idéias/livros , p.4.

f1 UR NA ESCURIDÃO
~lim Miguel
Topbooks, 258 páginas
R$ 25
• Baseado em acontecimentos
reais mas tratado de maneira
ficcional, o romance fala da
chegada ao Brasil de uma famí-
lia de imigrantes libaneses.

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100 - PERSONAGENS da época. A Noticia. Joinville, 31 dez. 1999. Especial, p. G7 .

,
erson ens ae

No esporte e nas artes, Santa Catarina tem


expressão nacional e internacional.
Alguns nomes são reconhecidos como
autênticos valores da nossa terra e da nossa gente

SALIM MIGUEL
Autor de 18 livros, Salim Miguel acaba de gonhar o prêmio nacio-
nal como autor do melhor romance do ano pela Associação Paulista dos
Críticos de Arte - "Nur na escuridôo", que se posso entre Biguaçu e Flo-
rianópolis, e ~ato do saga de uma familia libanesa que imigro poro o
8""il no começo do século.
Com cerca de meio século dto contínua produção literária, Salim
Miguel foi um dos líderes do movimento literório Sul, que marca capi-
tulo inteiro da cultura cotarinense nos anos AO e 50. Sua obra já
mereceu estudos e anólises dos mais conceituados críticos do país,
tendo, em 1991 sido lançado 'Salim Miguel-literatura e coerêncio·,
sob o coordenação de laponan Soares, com textos especiais de 10
escritores e críticos que analisaram, então, AO onos de produção lite·
rária do aulor libano·biguaçunense nascido em 1924 e desde 1928
catarinense por adoção.

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101 - ANGEL , Hildegard. Paratodos. O Globo. Rio
de Janeiro , 01 jan . 2000. Segundo Caderno, p.3.

paratodos
• A ELEiÇÃO está organizada, 30 mil ur-
nas eletrônicas no estado todo. Na últi-
ma, foram 26 mil. Será uma eleição toda
informatizada ... Quem informa é o presi-
dente, desembargador Luis Carlos Guima-
rães, presidente do Tribuna!.... A ESTI-
LISTA Glorinha Pires Rebello fez o levanta-
mento: foram 72 réveillons black-tie no
Rio de Janeiro. Fora os que ela não sou-
be ... . IMPRESSIONANTE COMO deu certo
o negócio dos bares da Cobal... tudo lo-
tado .... talvez pela segurança, ou talvez
pela falta de opção, à noite não se con-
segue uma vaga no Humaitá .. .. QUEM
CHEGA de Paris conta que a tempestade
não livrou nem as maisons na Av. Mon-
taigne, que tiveram letreiros e decora-
ções externas arrancados, uma terra ar-
rasada gera!... . NOS ANOS 70, usamos
lenços na cabeça que, anos depois, pa-
reciam ridículos nas lotos. Agora, as me-
ninas estão lá, no Shopping da Gávea, no
Metropolitan, nas ruas de Ipanema, de ban-
dana na cabeça .. . e acham lindo e, na
verdade, é... tão historicamente femini-
no esse negócio de lenço ... . A LIVRARIA
Paulo F\a,~cis não tinha tradição de lança-
mentos\V editor José Mario, da Topbooks,
resolveu botá-Ia no circuito e acertou.
Primeiro loi o livro do Dapieve, agora loi
"Nur - na escuridão", de Salim Miguel, que
lotou a loja em lpanema com gente como
Carlos Scliar, Israel Pedrosa, Silvano Santia·
go, Waly Salomão, Godofredo de Oliveira Ne·
to, José Louzeiro, Mário Pontes, Laura e CI·
cero Sandroni, Femando Pamplona, Rogério
Sganzerla, Helena Inês, Edino Krieger, Eze·
quiel Neves .. . Com esse elenco dando
aval, precisa dizer mais sobre o Salim? ...
• DE UMA portuguesa que veio para o
bug carioca: "A novela 'Terra nostra' é o
maior sucesso em Portugal, está naquele
momento em que Inácio descobre que o
filho não é dele" ... como vemos, "Força de
um desejo" tb é sucesso na terrinha ... õ

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102 - SARTORI , Raul. Segunda edição. A Notícia .
Floria nópolis, 01 jan. 2000. Anexo, p. C2

Segunda edição
Sele meses após ser lançado, o livro
' Nur na Escuridão', melhor romance brasi-
leiro de 1999 pela Associação Paulista dos
Críticos de Arte, do escritor catarinense Salim
Miguel, ganha a primeira reedição da Editora
Topbooks, do Rio. Aprimeira tiragem, de 5
mil exemplares, está praticamente esgotada.
Anova chega às livrarias por estes dias. ~ '-,
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103 - MALLMANN , Regis . Ano encerra com sucessos na área cultural. A Notícia. Flo ria nópolis, 01 jan . 2000. Variedades , p. 7.

-
,
o encerra c sucessos na area cu ura
Literatura, música, dança, ca, oportunidade de se conhecer
por completo a trajetória da "gran-
número de concertos, a maioria
promovido pela Pró-Música e
cinema, teatro e artes de dama" Fernanda Montenegro.
A própria atriz veio para se mos-
pela Camerata Florianópolis, gru-
po que garantiu algun s dos
obtiveram vários êxitos trar por completo, conversar, dar
autógrafos e confirmarr para uma
melhores momenlOs musicais da
telunporada.
no fim de mais uma década geração de novos atores que tudo
é possível quando se aposta num
"Novembrada", de Eduardo
Paredes, transpôs para o cinema a
ideal, numa esperança e, claro, no história recente da cidade. Em 30
aperfeiçoamento de um talento. minutos, o público pôde entrar
RlGIS MAUMANN mio de melhor romance de 99, Artes visuais levaram multidões em contato com o passado ao
outorgado pela Associação Paulis- aos museus e galerias, com desta- reviver O episódio que marcou
Mais um ano encerra e os ta de Críticos de Arte (APCA), para que para mostras organizadas uma geração de Florianopolíta-
balanços se sucedem em lOdas as "Nur - Na Escuridão", de Salim pelo Museu de Arte de Santa Cata- nos. Uma Duarte encabeçando o
áreas, da política à economia, do Miguel. rina (Masc), Museu Vitor Meireles. fiime foi magistral ao interpretar o
universo social ao cultural. Soma- As artes cênicas também Lamenta-se apenas a supensão do general-presidente João Figueire-
dos prós e contras, 1999 deixa sua demonstraram em 99 que estão Salão Vitor Meireles, abortado do no confronto popular que este
marca na história, não só pela for· muito bem. Foi um ano de êxitos pelo governo depois de seis edi- protagonizou no dia 30 de
Maria Ceiça e Kadu Carneiro: Cruz e Sousa rev isitado ça dos números que o fazem ante- com as premiadas montagens de ções de sucesso. novembrro de 1979. Sylvio 8ack
ceder o tão esperado 2000 mas por "Livres e Iguais', do Teatro Si m também tomou um personagem-
acontecimentos. Viveu-se um ano Por Que Não" - que levou seis tro- PRODUÇAO tema local para criar sua mais
pródigo em vários meios. Da Iite· féus no 7' Festival Nacional de nova história -ci nematográfi ca.
ratura ao cinema, passando pelo Teatro de Florianópolis' lsnard Manifestação maior da Com "Cruz e Sousa - O Poeta do
teatro, dança e música, os artistas Azevedo - e o monólogo "Dona expressão cultural brasileira, a Desterro", o diretor fez uma home-
mostraram que há, e muita, vida Maria, a Louca" - que ressuscitou, música vem ganhando em Floria- nagem à vida e a obra do maior
inteligente e talentosa abaixo do literalmente dos escomQros, o nópolis impulsos para a profissio- poeta simbolista brasileiro.
eixo Rio-São Paulo. palco do Teatro da União Brasilei- nalização a cada ano que passa. O ano teve ainda a r~alização
Demonstração maior da for· ra Recreativa Operária (Ubro), e Um número significativo de CDs do curta "Fronteiras", de Chico
ça cultural e intelectual que povoa que deu ainda a floria napolitana foram lançados ao longo dos últi- Faganello, que narra o "fim' da
a capital CatarinêrÍse, a literatura Berna Sant'Anna o prêmio de mos 12 meses, com produções de cidade de Itá com a construção da
deu mostras de uma força que há melhor atriz do mesmo Isnard rock, pop e MPB, além das refe- barragem que vai dar lugar a um
tempos não se via. Um número Azevedo. Correndo por fora, com rências à cultura "manezinha', que lago gigantesco no Oeste Catari-
ímpar de livros lançados pelas produções mais modestas, os não deixa - e não deve deixar - de nense. "Claire de Lune" e "Andari-
editoras fez brotar no mercado grupo Armação e Experiência se fazer presente. lha' marcaram a presença do cur-
local novas e instigantes obras, Subterrânea revelaram uma sur- Jorge Coelho, Get Back, Asa so de cinema da Cinemateca
que vão da ficção ao romance, aos preendente energia, como de Morcego, Cibele Oliveira e Val- Catarinense, berço, possivelmen-
ensaios e à poesia. Aprimeira edi- diversas montagens menores de dir Agostinho são alguns exem- te, de novos talentos da sé ti ma
-. ção da Feira do Uvro do Mercosul
comprovou o vigor da palavra
outras companhias, mas não
menos importantes para o desen-
plos de que, mesmo não sendo
nativo da terra, Florianópolis ofe-
arte que devem mostrar uma nova
e rica produção no futUfO, de pre-
escrita no papel, que, mesmo com volviemento do teatro local. rece todas as condições de se pro- ferência próximo. Nas áreas elen-
o advento da ínformática, man- Nesse mesmo universo, o ano duzir um trabalho de qualidade, cadas e em outras, como a dança,
tém um nIcho intocado de consu- premiou não só a Capital mas com apelo que pode vir ainda a que teve na 7' Mostra de Dança de
midores que buscam no livro o Santa Catarina com a mostra "Fer- render um bom retorno comef' Florianópolis sua maior referên-
aperfeiçoamento o lazer e o nanda EnCena', trazida41ara o cial, basta dar tempo ao tempo. A cia, o resultado pode ser conside-
Salim Miguel: sucesso Berna Sant'Anna: monólogo sonho_ Acoroação do ano veio no Estado pela Tele Centro Sul e que música erudita também ganhou rado vitorioso. A torcida é para
com "Nur... " premiado começo de dezembro com o prê- proporcionou a rara, e talvez úni- irnpulso ema com o aumento do que 2000 seja melhor ainda.

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104 - SALIM Miguel : um bom texto é o que provoca e faz pensar. Correio das Artes . João Pessoa, 02 Jan . 2000. p. 8-9.


,

que me caia nas mIos. do pior ao melhor. Reconsidero: vamo Q!,Ianto aos outros IP"POS. os europeus eram do-
6 • Em que aleM. • do n:laIo _ o que E melhor para alguEm de tO- t 2 anos. ler e se sejiveis. "et pour cause". JA orientais e Icvantinos. No


seu pai. tradu,'" p' _ o pcwtugll-' • .....te a d-bo. emocionar com Buridan. ou rnistErIos da Torre de Nesle. presente. outras vozes.].i se faze 1II 0\I'Vk". vab--lzando o

.- ~.odo ...... a -
SM - Eu jA estava com o livro estruturado quando
conseguimos alguEm que Russe uma boa traduçlo. a
de MIchel ZfNaoo. ou As dores do mundo. de Scho-
penhauer? Com o tempo fui descartando o que me pa-
rccia supErlluo. Passei a ler mais 6cç!o. ensaio.
fato de sermos wn <'MIinho. em que as dlvasas etnias só
rue." enriquecer o pabhn6nlo adNral do pais Sempre
atento. o preto velho TIAdlo me sopra que E preciso
doutora Alia Haddad. de Curitiba. A leitura. ao mesmo poesia. Agora. seleciono o que leio. releio mais. fazer muito mais.

rov e ensar
telllpo. me ajudou e me criou problemas. Por exemplo.
um incidente da viagem. que meus IrnSos e eu consi--
derávamos esclarecido (a mudança de nosso destino).
11 - A lInIr~io (tanto voluntida q ......to ~
..... cno dos escravos atrtc.nos) foi 11m procC5so
CIIlC.... para a fo;LI'~io do .rasl. No ehUonto, é
12· CoIuldcna C5te 5C1l livro?
SM - NIo. Meu mcIhor livro E aquele que estou
esacvendo. Um esc,ll:ot nunca se deve dar por rea'z'
do. O aperfeiçoamento pre+ a ser um proce ISO con1i-
era diferente do que conhedamos. Isto alou wn bnp"·
>c. até que me dei conta de que nSo estava fazendo cr"M' ausente de nossa literatura. Como scr1. pos· nuo. Quero prosseguir na busca. enquanto viver.
'ornancc histórico. mas aproveitando elementos da rea- sivcI ""plkar este fato?
SalimMiguel, um llbano-biguaçuense. costuma repetir que somos o que nos tez /1O$Slf Jnanda. Nasdc/o
idade (e nlo é sempre au1m?) para aiar uma fieç'o. SM - NIo erelo que esteja tio ausente assim. No 13 .......4Ue Icgw.alkssio' 4'
c.so da gente africana vinda para cá escravizada. que. _tante em s............. o ...........?
no Lfbano. chegou ao BrasU, com três anos de Idade; aos quatro. a famma já se en<XXItr.wa em Santa Catarina. 7 - Os ambientes e vivência da Inf.incla ca- em IIns do s&.llo XD<. constltufa metade nossa pop,,'a- SM - No inlcJo nJo Ioi uma escol. consde.!te. mas
• A~ os 19 anos residiu em Biguaçu. Grande Rorian6polls. t jornaJ/sta proRssional, contista, romandsta, C/ftJ.- la0 presentes em boa parte .e sua obra fledo- çIo. a ideologia dominante combatia os pretensos males em dado momento me dei conta. F2 de uma deI.doe
co. argumentista e roteirista. Foi s6cio de gráfiCA. de distribuidora de /lvros. de JJvrarla. de editora. Esoeve , .... 1m que o tratamehto dado a eles é distinto da e lutava por "cartas de branquicldade". real uma delade mflica. Personagens me paseguem.
JJvros e sobte JJvros há 50 anos. Trabalhou na imprensa em Santa Catarina e no Rio de janeJro. Foi c0rrespon- ,este novo livro? A negra era considerada" os braços" que aju- queremos mais ""p~. Hoje. por exemplo. nem sei
dente de vários jornais e tem colaborado em publiddades de praticamente todo o Pais. e na Alemanha, SM - Espero ter aprofundado o processo. Creio au:r a N.çIo. a mente e o coraçlo nlo conta- quanto existe no poeto velho 11AdI'o e no cego. poeta e
>aver uma continuidade (nlo uma repctiçlo) no que livrci"o Joio Mendes (para qu 0111 U por quase seis anos.
Aigentina. Portugal. Fez ~ do Grupo Sul (1947/57). movimento que buscou arejar o ambiente cultural de
:serevo. uma ampUaç'o de pontos de vista. Estruturo nwna mEdia de S-6 horas por dia) do que eles realmen-
Santa Catarina. com atuação na literatura. no teatro. nas artes plásticas. no cinema. Foi um dos edltoies da ,n eus textos sempre no sentido de dar subsUncla As te eram e do que lhes fui adicionando. NIo me largam.
revista Rcção (Rj. 1976/79) que realizou um mapeamento da hlst6ria curta. não apenas no Brasil, e ICCII~ minhas criaturas, fundindo o psico16Sico e o social. Estio dentro de mim. como BJ,guaçu.
rou ou revelou numerosos autores. Com sua mulher, Eg/é Ma/heiros. é autor do argumento e roteiro do Rctrabalho muito o que escrevo. No caso deste livro.
primeiro longa metragem realizado em Santa Catarina (1957/58). No Rio de Janeiro Iez. com EgIé Ma/heiros o que se vai ler é a sexta vcrsfo. Public.do. 6co achan- 14 - Vivendo há 70 anos hO .rasU, em que
e Man:os Farias. adaptação e roteiro de -A GUtomante", de Machado de Assis e -Fogo morto". de José Lins do que poderia mexer mais. pois escrever E saber você Julga que permanece vinculado h origens
do ~go. De 1983 a 1991 roi dúetor da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina. De 199~96 contar como quem corta na própria carne. Outra cons- libanesas?
dúigiu a Fundação de Cultura de Rorian6polls. Tem. como este romanf% Nur na escuridão. 18/lvros pubIiGJ- :ante no que escrevo é a obsesslo com o tempo e a SM - t. estranho. Cciança e jovem me rebelava.
ncmória, a velhice e a morte. Deixei de estudar o árabe. multo embora a InslstEn-
dos: organizou algumas antologias e partidpou de outras. Esteve em março do ano p'sswo aqui em João
cla de meu pai lembrando-me que um homem que
Pessoa por ocasião das comemorações do dnqüentenárfo deste suplemento. participando de pa!esuas e 8· Mesmo que p1i:..oc"plclo em contar IID , hJs.. sabe dois Idiomas vale por dois. A medida em que
debates juntamente com outros convidados. :órla com ~, melo e ftm, penebe""M' IID • ft.. fui envelhecendo. vi que meu pai tinha rarSo. Cada
tenciona! mistura .... seqIIêncla. Em W'Z .e ofauer vez mais me sinto um lIbano-blguaçuense. Mas mi-
, s;o 1<."", e ....te a ..~ de """"" nhas rafus slo- estio no Brasil.
, Foto: Cláudio lÃ-lo a participar da deste qucbra-cabc-
",? Como foI o JIIocesso de do texto (no 15 - N _ me.... a Inau ..... e o
"",t1cJo de e ...... ka. na busca de _ a Estes _ _
SM - Imaginei o livro como um jogo de armar. Ou \ 'tl.
I • •
IIICIos estar"P1 tIra"do pluv,iz"C1 leMw.es dlll
quebra-cabeça.. Me parece que um _ é tanto mais .............." .........." ....... ou pocIeJ'Iun ser ",d 111 CC·PA . . . . . . . . .7
rico quanto maiores possibRId.does de leitura oferece. SM - A faJta de leitores E um problelila cr6nlco
Salim NligueJ e Sô- AlEm da frulçfo. um bom livro E aquele que provOCA. entre nós. Neccssltarnos de uma profunda mudança
nia Von Disck (au- questiona. faz pensar. Cada es.uitur" tuil sua maneira de na estrutura do pais. mehOS mIsáIa. mais sallcJc. mais
ditório da API - trabalhar o _ . Eu n:ro faço pJanta...baixa, nfo organizo e melhc;tres escolas. bibliot c"as nos ha'.os.lnccntlvo 1

.ituaç&:s estanques. nSo. penso a priori nos persona- leitura. Para quem sabe ler. nada s,,!:'stltul o fasdnlo
I gens. Tudo vai surgindo .\ medida em que escrevo. O
que me aciona é um som. umaJrnasern. uma palsa,gelll.
de um livro, que o AUtor escreve e o leitor reescreve.
Os novos meios podem ser um all.do? Podem. Ou
Pronto o livro, começo a recsacvCf" e a montar. como também um adversário. Tudo depende de como se-
• quem monta um filme. Dal afticos já terem anotado a Jam usados esses suportes. Termino com uma frase
,influência do cinema na minha escrita.
No c.so especifico deste livro. bnaginei-o em blo-
modelar de AIbet to Manguei. autor do excelente Uma
hist6ria da leitura. que retrucando a opin11o de BiU -
cos. o primeiro comparlo. que rebaça a trajetória da ta- Gates de que o livro vai .cab..... lronlzava: afirmar isto
mjJia e a .d.ptaçlo ao n~o chJo. Depois 60s que c0m- Gates escreveu um livro ...
,
plementam e ratificam ou. o que vinha sendo
relatado. Outros blocos se JWltam até o 6naI. que de
A ENTREVISTA certa forma retoma o 1nIdo .

1 - Quo", é Sal... Mts;ucl? l-O fato de ter aprehdldo a f...... em Anobc e ",llIIcIro livro. se podem pcrecbcr rec.orrenclas e me- 9 - A trad~io da lYii'lltlva Anobc e a puqvk.
SM -Sou wn IIbano-biguaçuense que desde crlançasc estudar o alemão antes de ser alf......ttzado em por~ andros. por certo JnlIuEncla dos relatos de meus pais e fcwo'" de 'I, • de 5e enc0n-
quis Icndo e escrevendo. Ou vioe-vcrsa. Sou negado para 'i
tuguês Inllul de alguma 'helra em s .... literatura? de minha paix.fo pelas "Mn e uma noites". que nlo tram neste livro?
as coisas mais simples e coIriquei; as. trocar uma I&mpada. SM - O árabe. sim. Meus pais gostavam muito de canso de reler. Tal Inlluência foi se ampliando. quem SM - Pelo menos E o ",ebondl. E n:ro 56 heste.
fazer um cafeiinho. comprar wn par de melas. Fui depen- ler. tinham t.cilidade para aprender. logo sabiam ler e SIbe mais neste. ~emS!bemaisM5b:!A
dente de Tarnina, minha mie; agora' de Egte. milha mu- escrever em português. A noite nos contava histórlas- çio oral. tio presente nas lendas e narrativas de meus
lher. De ••bo"to para grandes fatos. sou muito atento. mi- isso marca a gente. O a1em'o nlo creio. embora mais 5 - q".k for? h as foa4M .. CID queVCKê se b.ecou .• e dos IivIosque N1conscgub1o.avang\Wda. pÓs
núcias. Mroha profissilosanpre (Oi ojomallsmo. tarde tenha tentado rdomoi-Io para ler o originai Thomas para escrever o 11no! As ,.ipr1'c leIA "'-'4-' ou mináveis leituras qucvcnho Ámldo (sou wn ldtDr
Mann. por exempio. ta 4 heM' IHmCOII .dwu '4ii«1I. d.e outros? F"'pulsivo) e de wn .... to faro para o que EvMJdo e mais
2 - Por que Iíbano-blgl!'"lIcnsc7 SM - Houve bastante pcsqu!s. e consulta. Ao mes- I:"e_toca. .. Este romance E ......ado nwn .c:àa pessoa.
SM- Cl>cgueiao Brasl COI" tr& anos de ichde. em t 927. '* n,
4· Houve ncste ftCJIIr'O IItiro a Ib~ão de ~iar mo tempo em que uaço a saga de uma famnia de que comporta várias e

Nesd em KWs.sowoum. vIazilha do I hmo. A fali me morou .... da ..,.d~io da JUII1'alIva inobc 011 este estilo ...,.. Imlgaantes libaneses pelos caminhos do Brasil. pro-

:::~~:á><i~na a
Costumodmque SOI'IOS o que nos bnos. a iúSncIa.
OS 19 anos.
c.cw i ente, . cheio de me.vJcIros, é Uii • UNe h ndk.
habituai em s .... IIter_?
SM- Diia que existem ambas ascoius. DêSdc meu
curo 1nterIIg,i.-1a aos fatos marcantes do pclfodo. C.....
ro que o tratamento E 6ccion .... os acontecimentos
sfo rccJaborados.

~----_
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO .~---------------------------------
SALIM MIGUEL
105 _ SILVA, Noberto. Bom tempo para relaxar e ler. A Notícia. Florianópolis, 06 jan . 2000. p. 3.

Livros de expoentes
da literatura catarinense
ara re axa r e er são excelentes

indicações para curtir


na temporada
.
NORBERTO SILVA

'Férias e um bom livro. Existe mais analogia entre estas duas


instituições do lazer, do que possa, a princípio, parecer. Sob
o guarda-sol, sobre uma rede no quintal, na varanda, ao som
do mar, nada melhor do que uma boa leitura para tornar as
férias exatamente agradáveis como programada. O turista
que vem para a llha de Santa Catarina encontrará bons
expoentes da literatura local.
AAssociação dos Críticos do Estado de São Paulo, paI
exemplo, acaba de homenagear o último lançamento de
Salim Miguel "Nur - luz em libanês - na Escuridão". O
escritor relata desde a vinda de sua família, na década de 20,
do Líbano, até um passado recente, num romance chamado
de antológico pelos seus colegas.
As crônicas de Sérgio da Costa Ramos, uma leitura mais leve,
como no livro "Plano Surreal", nos leva a conhecer um pouco
do ambiente da ilha. Flávio José Cardoso com o seu
"Longínquas Baleias', também mostra muito dos costumes
da Ilha de Santa Catarina e é o filho preferido do autor,
embora ele, como bom pais, não goste de admitir.
Ainteriorização de Silveira de Souza com a seleção de contos
do livro "Relatos Escolhidos' carrega o leitor para a reflexão
sobre a vida, com as histórias deliciosas desse veterano das
nossas letras.
Quem já ouviu falar do Artista Bittencourt que foi sapateiro
no século passado e economizava tudo o que podia para
comprar escravos e a1forriá-los em seguida? Essa forma de
lutar contra a escravidão é trabalhada com apuro no livro
"Um Largo e Sete Memórias' de Adolpho Boas. Quando
procurar relatos rápidos e alegres, os livros mais indicados
são "A Cabra Azul' e o "Detetive de Florianópolis' de Jair
Francisco Ramos.
Voltando um pouco no tempo, para conhecer um pouco do
passado da nossa literatura, uma passagem por "Noturno' de
Sombra e belas Raimundo Caruso, livro de fundo histórico é uma boa pedida.
. ..
pOlsagen s inspiram a uma

Se o argentino Jorge Luís Borges não morou aqui, o chileno
Pablo Neruda passou pela nossa ilha. De qualquer forma,
boa leitura à beira-mar ambos projetaram sua luz até nós, que juntamente com a
perspicácia e talento do catarinense, não deixará o turista
voltar de "letras vazias', dessas férias.
UDESC - FAED - IDCH - COLEÇÃO SALIM MIGUEL
106 - CARPEGGIANI, Schineider. Nemórias longe da escuridão. Jornal do
Comércio . Recife, 18 jan . 2000. Caderno C, p. 3.

Shella Cohen está voltando


com o projeto Pão e Poesia. Os
SCHNEIDER CARPEGGIANI / E-mai!: xxx@hotmail.com Interessados, devem ligar para
326.2105.

Memórias lon da escuridão


o escritor Salim Miguel tem quase cinematográfica que relem-
como uma das suas froses p~fe· bra sua vida. "Imaginei Nur na
ridas a seguinte: ''Somos o que Escuridão como um jogo de
nos fez nossa infância ". Nascido armar. Me parece que um texto é
no Líbano, o autor chegou ao tanto mais rico quanto maiores
Brasil aos três anos de idade, no possibilidades de leitura oferece.
porto do Rio de Janeiro, em Salim Jlft!Jfuf Oque me aciona é um som, uma
maio de 1927. No meio de tantos imagem, uma poisagem. Pronto o
idiomas diferentes que sua famí-
lia escutou na chegada - fran- tt~R~ livro, começo a reescrever e a
montar, como quem monta um
ces, inglês, espanhol, italiano e filme '; comentou Miguel.
alemâo - nenhum era o de sua Além da narrativa quase cine-
pátria natal. Logo de cara, o sen- matográfica (presente, inclusive,
timento de ser estrangeiro em em muitos autores atuais), o livro
uma terra estranha mostrau todo chama a atenção por buscar um
o seu peso esmagador. Um ano meio termo entre a narrativa
depois , estava morando em árabe e a pesquisa em busça de
Biguaçu, Santa Catarina, onde uma literatura de vanguarda. "Eu
residiu até os 19 anos. Essas e Com este livro, o 18" da sua quis buscar unir a literatura árabe
muitas outras lembranças da sua carreira, além de participação e através da tradição oral, tão pre-
vida estâo presentes no mmance reunião de antologias, Salim sente nas lendas de meus pais e
autobiográfico Nur na Escuri- Miguel tem recebido grandes elo- a vanguarda pelas intermináveis
dão (R$ 25,(0) gios, principalmente pela forma leituras que venho fazendo ".

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107 - SANCHES NETO, Miguel. O Libano e o Brasil sob a luz de Nur. Di ário do
Nordeste. Fortaleza, 13 fev. 2000. Recortes do Brasil, n. 13, p. 5.

o Líbano e o Brasil sob a luz de Nur


Em seu me lhor rom a n ce , o cata rin e n se Salim Miguel
faz um me mo ri a l ilumina do do e nco ntro de do is unive rsos

Escrever um grande romance e [rabalho vIda Chegar âs escuras e em condlçôes econó -


de déca das Salim Mi guel acaba de publicar Illlcas precárias a UITl pais e a uma língua tão dl-
urn a dfl s mais slgnl fl G1tlVaS narréltlvaS brasI- fl~rcntes e dOllllna -los pela força do trabalho c
leiras dos anos 90 Nu,. na tóCtlndâo (Top - a S(lga do pJlrl arcalibanês. que. mesmo sem fi -
books, 258 págs ., R$ 25), texlO autobiográfico ((lI' fiCO. morre em paz por ter
centrado na vida /v mda de sua gente, onun deixado sementes no pais - os
da do Líbano, ao Brasil filhos e nclOs - e. podemos
De um ponto de vista estnto, o autor mio acrescentar. por ler legado â
deve l er gasto Ill é1lS do que alguns meses para cul tura brasileira um escn-
escrever o livro - embora este tenha sido tor/urna históri a Descrevendo
produzido, no IIltenDr das expenências afeu - todo Ulll CIcio SOCIal VIVido na
vas da família , por no minuTIo duas ge rações carne, Salim Miguel da dlmen -
Dai ele aproveitar as memónas do pai . CUJOS S(lO Ilterarta a seu povo. retra -
trechos são tranSCrIlos no volume tado arllSltcamente numa Iín -
Muito mais que um documen to da lJ11lgraçao ~ua que a pnnClplo fOI lida
libanesa para o pais. o que (emos nestas flcçôes como espessa escundão
ê um memorial do enCOntro de doi s universos. É nesse senlldo que este co-
de duas linguas. que subitamente se mesclam. movente romance sofreu um longo amadure -
Já no titul o. vemos o enlace do arabe e do por - (e r Narrativa familiar. na acepção plena da pa -
tugués. Em belisslmas pa gulas, ele narra como lavra. pOIS há um flmãlgama da voz (língua) do
seu pai. recém-chegado ao Rio de Janeiro. pai com il do filho. '\uré a obra rnflXlma do au-
aprende a primeira palavra portuguesa' luz IOr ca tartnense. esenta com a força atáVICa d e
(nu r), imagem que o aco mpanhará por lOda a seus antepassados - MIGUEL SANCHES NETO

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108 - SARTORI , Raul. Roman ce. A Notícia.
Florianópolis, 03 fev. 2000. Anexo, p. C2.

IOMAJICI • Àexceção da imprensa


paulista, uNur na Escuridão", o
maravilhoso livro recém-lançado do
autor catarinense Salim Miguel, já
ganhou uma página em "O Globo" e será
destaque na próxima edição da revista
"República".

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109 - DERENGOSKI , Paulo Ramos. Salim Miguel : "Nur na Escurudão"Correlo Lageano.
Lages, 05 fev. 2000. Opinião do Leitor, p. 7.

Salim iguel:
"Nur da Escuridão"
o escritor catarinense é um dos úl- a síntese regional e universal de to-
timos monstros sagrados da literatu- dos aqueles que um dia emigraram
ra brasileira. para o mundo novo em busca de no-
Autor de 18 livros, editor da sau- vos horizontes. E que cai como uma
dosa "Ficção", crítico literário, rotei- luva num Estado como Santa Catari-
rista de cinema, publicitário, meu na, com tantas raças e etnias.
colega jornalista na legendária revis- A literatura é uma volta ao passa-
ta Manchete dos bons tempos, Salim do para abrir rumos ao futuro. E hou-
é um dos remanescentes completos ve época -- podem crer -- em que se
de um tipo de intelectual que não acreditava no futuro. Os olllos de um
mais existe: o memorialista que cria estrangeiro certamente viam o Brasil
um mundo, um universo próprio. de uma maneira, de um ângulo dife-
Seu mais recente livro "Nur da Es- ren te do nativo. Seus patrícios liba-
curidão" é a saga da imigração liba- neses, seu fascinante pai (YusseO,
nesa (que o desinformado chama de sonhavam, batalhavam, e acredita-
"turca") para o Brasil do novo mun- vam num futuro.
do. Suas esperanças e glórias, fracas- Para que tudo isso não se perca nas
sos e derrotas. brumas do esquecimento, Salim foi
Desde a década de 60, quando tra- resgatá-lo numa espécie de inconsci-
vei contacto com sua obra, sempre ente coletivo junguiano, na memória
achei que Salim é o Faulkner brasi- maltratada do passado, num afresco
leiro. Embora não goste de compara- grandioso familiar. Em sua
ções é preciso que se diga que o gran- obra, o regional se torna universal.
de artista é aquele que cria univer- Eu diria: global!
sos próprios, logo identificáveis. Pois ser global não é ficar imitando
Como não reconhecer logo nas pri- o que vem de fora, mas justamente
meiras linhas o mundo nebuloso de fazer alcançar o particular ao geral.
Faulkner? Como não identificar no A célula familiar em organismo soci-
diálogo rápido, o universo misterio- al. O individual em coletivo. O regio-
so de Clarice Lispector? Como não ver nal em mundial.
no primeiro fotograma, no primeiro Além de tudo, Salim é um dos últi-
tiro, o filme de um John Ford? O qua- hoje
dro de um Pancetti, de um Portinari?
Mas não se confunda o romance
monumental de Salim com descrição PAULO RAMOS DERENGOSKI
autobiográfica. É mais do que isso. É JORNALISTA EM SANTA CATARINA

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110 - SARTORI , Raul.Redenção. A Notícia.
Florianópolis, 06 fev. 2000. Anexo , p. C2.

Redenção
o veterano e respeitado crítico literário
carioca Ubiratan Machado mandou dizer à
coluna, por amigos catarinenses, que concor-
da com tudo o que está se falando e escreven-
do sobre o livro "Nur na Escuridão', de Salim
Miguel. Particularmente, o qualifica como
melhor romance sobre imigração escrito até .
hoje no Brasil. Quem já leu ficou impressio-
nado com a obra, que finalmente está sendo
notada pela mídia. A revista "Bravo" deste
mês, em crítica de Miguel Sanches Neto,
dedica-lhe uma página. Integralmente de
retumbantes elogios.

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111 - DUNDER, Karla ; SAMPAIO, João Luiz.
Lançamentos: no Brasil. O Estado de São Paulo.
São Paulo, 20 fev. 2000. Cultura. p. D3.

Nur na Escuridão

Salim Miguel

o que é nur? A
pistaestánapri-
meira página
do livro, mas fi-
ca a sugestão
ao leitor para
que decifre o '" .
enigma, pois
wn texto é tan-
to mais instigan-
te quanto mais possibilidades de
leitura oferece. Nu,.,w Escuri-
dão (TopBooks, 258 páginas, R$
25), de Salim Miguel, é um ro-
mance baseado em dados reais
trabalhados ficcionalmente.
Busca resgatar a saga de wna fa-
mília de imigrantes libaneses
que, almejando ir para os Esta-
dos Unidos, acabanl chegando
ao Brasil. O núcleo central trans-
corre entre as décadas de 20 e
50, mas não possui umacronolo-
gia fixa e circula pelo Líbano,
Rio e Santa Catarina A estrutura
do romance não é convencional
e ajuda a alargar os conhecimen-
tos sobre a cultura dos libaneses.

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112 - MENEZES, Ana Cláudia. Para ser lido fora de se, escritor elege
editira do Rio. A Notícia. Florianópolis, 20 fev. 2000 . Anexo , p. C4 .

Para ser lido fora de Se,


escritor elege editora do Rio
Florianópolis - A dificuldade em distribuir seus
livros em outros Estados brasileiros levou o escritor cata-
rinense Salim Miguel a assinar o contrato de edição de
seu último livro, "Nur na Escuridão", com a editora
SaLim Migue L carioca Topbooks. "Para o escritor, chega um momento
em que ele quer atingir outro público ", diz Salim, autor
de 18 títulos publicados. O resultado foi melhor do que o
esperado: a obra foi eleita o melhor romance de 1999
pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Dificilmente
o romance teria repercutido fora de Santa Catarina se
tivesse sido publicado por uma editora local. "Se não sai
por editoras do Rio ou São Paulo, dificilmente o livro sai
• • •• • • • • • • • •• • • • • • •• • •• • • • • • • •• • • • • • •
do Estado", lamenta o autor.
~;~ R () ,\\ .\ :-; C ~: l,:.
Adificuldade em distribuir os lançamentos da Editora
Paralelo 27 fez o escritor e editor OIsen Ir buscar a parceria
de uma colega no ramo, a Insular. Com cerca de 80 livros
publicados, Olsen diz que em dez anos de atividade a
situação pouco mudou. Para Francisco Pereira, que desde
1997 dirige a Editora Garapuvu, os editores devem ampliar
a temática regional para atingir outros mercados, como
Rio, São Paulo e Rio Gra",de do Sul. "Com muilO respeito a
Santa Catarina, temos que publicar temas de interesse
além da nossa fronteira ", sugere Pereira, citando o livro
"Sete Estações da Loucura", que inclui escritores de outros
Estados, e "Contos Italianos", de Maximo Gorld, inédito no
IOI'HOOKS
Brasil. Aqualidade e o rigor literários, aliados à beleza grá-
fica, também são fundamentais para chegar à livraria.
. Capa do livro premiado de Salim Miguel: editora nacional "Tem que usar a imaginação", recomenda. (ACMJ

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113 - TEJERA, Elaine. Memória Joga luz sobre o passado. Jornal do Brasil . Rio de Janeiro, 26 fev. 2000. Idéias, p. 5.


• •


-

. ,/ •
emorza uz SO re o assa
Salim Miguel conta a trajetória de uma família de imigrantes libaneses em texto ficcional e biográfico
NUA NA ESCURIDÃO Aparentemente, nada se es- do jovem imigrante que já causas da par1ida, da chegada, ela chega um dia.
Salim Miguel
Topbooks. 293 páginas
clarece sobre as questões de oasceu "velho", capaz de vi- das tantas mudanças, dos silên- Como que tentando driblá-la,
AS 25 fundo, que permeiam a mente ver a vida nos ritmos da pró- cios e das mortes. Enquanto is- o autor se perde em divagações,
de um narrador que se quer au- pria natureza, aceitando o so o pai simplesmente vive, lança fiapos de lembranças que
ELIANE TEJERA sente, que fala de si como de destino I maklub, oão por um sem porquês, ficando onde a se cruzam e confundem numa
um outro, sem que no entanto gesto de fraqueza ou indife- vida prevê, partindo quando seqüência desordenada. Num
Cais do porto, Praça Mauá, consiga descolar-se de Sua rença, mas oa profunda cons- ela já não quer que fique. outro momento traça contornos
Rio de Janeiro, 1927. O jovem própria pele. Autobiografia ciência de que as lutas se fa- E às perguntas do filho o nftidos, em bloco à par1e, espes-
libanês recém-chegado ao Bra- Nur na escuridão é e não é. zem dentro da vida que se re- próprio livro é a resposta, a so e bruto, dos personagens cu-
sil aprende sua primeira pala- Uma dubiedade de que não fo- cebe e não fora dela. luz, na iluminação desse ca- riosos de sua infância e adoles-
vra em português' luz, "nur" ge o narrador, ao contrário, ele Se o velho pai joga gamão minho onde o autor afinal se cência, aqueles a quem, com o
na sua !fngua oatal, e a com' a expõe, realça, faz dela leit- com tanta seriedade é porque revê, na busca de compreen- passar dos anos, sua imaginação
preensão do termo é o primeiro moliv da narrativa. O recuo no vive a vida em seu próprio der a morte como a vida. A deu cores e tintas, preenchendo-
clarão no novo território onde tempo faz-se de muitos OL ros fluir, aceitando com humildade pálida vida da irmã Fádua, no lhes a memória e a vida.
tudo são temores e treva. Pou- recuos, fugas e negações de o jogo do desti no, sabedor de seu aparente vazio e inutilida- O autor reescreve, sob for-
co a poue", o autor de Nur '10 .
momentos e fatos, onde a ela- que terra, paIS, tesouros oao - de, ganha agora novos contor- ma de romance, os versos de
escuridão - prêmio da Asso- boração de um "possfvel real" são nada diante da riqueza nos, na consciência de uma vi- Ornar Khayarn, versos que o
ciação Paulista de Críticos de só encontra espaço nessa soma maior que a vida lhe ofereceu da que simple mente assim velho Yussef/José, incansavel-
Arte de melhor romance 1999 de memória e fantasia. desde muito cedo, o encontro como veio se foi. O fato de meote repetia, porque eles lhe
- vai nos revelando as razões Ela é também base para a do amor e da poesia, um único não ter deixado uma prova bastavam, porque eles lhe di-
da partida do Líbano da família própria construção deste livro e meSmO objeto. Sabedoria que material de sua passagem, sem ziam o que era viver, em máxi-
formada pelo rapaz de 20 anos, de dupla ou tripla natureza . tem em si raízes profuodas nos lugar no registro da história, mas feitas de sabedoria.
sua ainda mais Jovem esposa, o Livro de memória, ficção e versos dos poetas libaneses, não lhe tira o lugar num regis- Resgate de passado, reen-
irmão desta. e os três filhos do biografia, Nur /la escuridão sementes lançadas na alma do tro mais profundo. contro com as origens, Nur 110
casal. Entre eles, o primogêni- oscila ainda entre múltiplas jovem imigrante, que as trouxe Nur na esclIridão é livro de esclIridão é também poema
to Salim, que aqui chegava formas. Da narrativa bem es- consigo na bagagem e no cora- muitas arestas, informe, com presente, lição de vida. Com 18
com apenas três anos de idade, truturada, linear, aos fragmen- ção, e que o autor nos oferece, bolsões, como se o autor ti- livros publicados, Salim Mi-
nosso guia de viagem nessa tos, saltos não apenas tempo- como pequeoas pérolas. vesse desistido de dar-lhe um guel, como a própria vida,
narrativa feita de idas e vindas rais, mas essencialmente for- O filho intelectual não con- desenho final, num jogo feito amadurece seu texto, ganha do-
em busca de esclarecimento mais, como se a história que segue concentrar-se no jogo, de pequenos passos que avan- mínio das palavras e da forma.
sobre os porquês. os dados se constrói fugisse de si mes- porque leva a vida a sério de- çam e recuam, estratégia de
exatos, as datas e os fatos, a re- ma, sem querer assurnu-se co- mais, quer domá-la, ser seu do- quem deseja mas não conse- Eliane Tejera é crftica de teatro e lite-
lação dos caminhos individuais mo resgate de vida. no e guia, num constante inter- gue elidir o encontro com a ra tura e professora de Artes CênIcas
com o momento histórico. Ela se baseia na sabedoria rogar-se sobre os porquês, as
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morte, a consciência de que da Universidade de Santa Catarina
114 - Nur na esc uridão. Magazine Vierw. Joinville, mar. 2000. Literatura, p. 38.

f t lTERKfURA

""'
Nur na Escuri ao

Através da crônica familiar, Salim Miguel desenvolve a memória da memória.


o principio era a luz. Na mão do toda a saga familiar, a escuridão das
imigrante o endereço do destino, condições econômicas precárias, a
envolto na escuridão. A primeira escuridão da língua desconhecida, a
palav ra ouvida luz, na sua própria escu ridão da memória. Essa é a
língua nur, que irá lhe abrir caminhos grande lição que Salim "'liguei nos
na poética adorada.
.. -
passa, que a memona nao pOSSUJ
.

"Nur na Escuridão", rom ance lógica, ela flutua no tempo, nem


autobiográfico de Salim Miguel (ed. se mpre corresponde à verdad e, é
Topbooks, 1999, 258 pg) é um um processo de fragm entos, de
trabalho literário qu e se enquadra ca madas que se so brepõem, de
naqueles ditos de tensão mínima, onde SaLim /lIigueL pequen os fios qu e puxados nos
as perso nagens não sobressaem da trazem Image ns subitamente
es trutura poética e do entorn o que recuperadas.
co ndiciona suas ações. cl 'que A memória da história
normalmenre acontece neste tipo de co ntada pelo pai passa a se r a
literatura e que terminam por desgastar memó ria do filh o qu e narra os
a obra, aqui não ocorre, as ações dos ............. . fatos, seriam verdade as lembranças
perso nagens são si tuadas, têm • • de alguém, filtrada s pela nossa
localização precisa geográfica, existem própria memória?
indícios aqui e ali da época, nào O romance avança e rec ua
obs tante a es trutura do romance vai como a própria memória do autor,
além da crô ni ca simpl es de um as línguas se fundem, aos poucos as
imigrante, da cor local que tO rna a palavras árabes vão se ndo
obra literária um simples passatempo assimiladas pelo leitor sem existir a
histórico - geográfico. traduçào explícita, como ocorre na
O romance responde a tOdas as vi da real. Do Habib pai vem a
questões básicas da literatura, o textO inspiração, das cenas nítidas, a luz
criad o fala numa voz em que se na escuridão.
mi stura a voz do narrado r que se Esse memorial iluminado pela
infere se r o filho, o relato do pai co mo A hjstória de uma vida, vai al ém do própria memória, foi premiado pela
fragmentos de um diário, a época vista em resgate da história da imigração, incomum Associação Pauli sta dos Críticos de Ane
retrospecto como citações da memóri a, a aqu i por se tratar de um libanês, daquele (APCA) como o melhor romance de 1999, e
história contada através nào de um único caldei rão árabe do O riente Próxi mo, en- sua leitura revela que existem fontes ricas
personagem, mas da visão de dois narradores quadrad os como turcos exe rcendo o dentro de cada um de nós, que podem ser
. .
comemo mascate.
resultando num único ponto de vista e, no resgatadas se se compreender que o passado
resgate ínÓInO da história vivida. A escuridão do ótulo é uma met.1fora de é um eterno presente. (WQG)

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115 - OS MELHORES de 1999. O Estado
de São Paulo. São Paulo, 26 mar. 2000.
Literatura, p. 019.

Literatura .
GRANDE PR~MIO DA cRlnCA:.............. .losé Alcides Pinto
pelo conjunlo da obra (Topbooks)
POESIA ' ............................................ "'0 Carlos Nejar
Livro de Silbiorr edição
comemorativa de 35 anos de
poesia. (Huci!ec)
ROMANCE ' ..........•..•.•••............•......... Salim Miguel
Nur na Escuridão! (Topbooks )
CRONICA:.......................................... Betty Milan / O Século (Record)
LITERATURA INFANTIL:... ....................... Raquel Coelho/ No Caminho
das Artes:· Teatro (Formato)
ENSAIO: ".. ....... .. . .................... .. Mar.ain. Paula
Marcondes/A Voz das Águas:
A poesia de Diga Sa vary
(Univ. de COimb ra/Colibri)
PRODUÇÃO EDITORIAL:..... ................... Escrlturas Editora

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116 - ALVES, Rodrigo. Agenda . Jornal do Brasil. Rio de
Janeiro, 08 abro2000. Idéias, p. 2.

AGENDA
Amanhã • Lucia Fidalgo autografa da Lagoa, às \O horas, sobre seu üvro
Pedro: menino navegndo, a partir das Saber cuidar . O livro Infomuitica na
16h30 no Museu Histórico NacioIllll Ten:eiro ldatk, de Gilson Nascimento,

(Av. Marechal Anrora, sino - Centro) vai ser lançado às 19h, na Livraria
Segunda • O üvro Arqueologias Culi- Ponte de Tábuas (Rua lJ. Seabra, es-
ruirias da !ruiia, de Fernanda Camar- quina com Rua Jardim Botânico) • O
go-Moro, será lançado às 19h, na Li- escritor Salim Miguel faz palestra às
vraria Eça (Shopping Cidade, Av. 1000 na Faculdade de Letras da
Ataulfo de Paiva, 135 -loja 108 - Le- UFRJ, 00 Fundão, sobre seu livro Nu,
bloo). na escuridão.
Terça • O historiador Luiz Feüpe Quinta • Na Fundação Planet:!rjo
A1encastro faz palestra dentro do pro- (Av. Padre Leonel Pranca, 240, Gá-
jeto Brasil 500: República das et- vea), lançamento, às 20h de Os so-
nias, no Museu da Repúbüca, às nhos atribulados de Maria Úlfsa, de
18h30 • Roberto Muggiati autografa Mário Novello • Lançamento de Fo-
A contorcionista Mongol na Livraria go nas entranhas, de Pedro Almo-
do Museu da República. dóvar, às 19h30, com show de Faus-
Quarta. O teólogo e escritor leonar- to Faucett em frente à livraria Dan-
do Bolf faz urna palestra no Hospital tes (Rua Dias Ferreira, 45).
Com Rodrigo Alves

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117 - COSTA, Célia; MILLEN , Manya. Palestra. O Globo. Rio de
Janeiro , 9 abro2000 . Prosa & Verso , p. 5 .

• PALESTRA: O escritor Salim Miguel , autor de "Nur-


Na escuridão", prêmio APCA de melhor romance em
1999, faz palestra na quarta-feira, dia 12, às lOh30m,
na Faculdade de Letras da UFRJ, no Fundão.

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118 - MACHADO, Zury. Saga Libanesa é tema de obra de Salim Miguel. O Estado, Florianópolis, 24 novo 1999. Cultura, p. 8.

~
Material Prêmio a
inusitado em anesa e jornalistas e
fonna de arte • artistas
Trabalhos em desenho,
gravura e pintura feitos de juta -
I Sete personalidades de des-
taque nas artes e no jomaUsmo
catarinenses receberão do go-
material usado para transportar
produtos alimentares e carregar "Nur na Escuridão" , verno do estado e o Conselho
areia e barro - estão na mostra Estadual de Cultur., a Medalha
A Essência do Material, de novo livro do escritor do Mérito Cultural Cruz e
. ,
Ronaldo Linhares, que começa catarmense, sera Sousa, entregue hoje, às 11
hoje às 19h30 no Espaço horas, no Palácio Cruz e Sousa:
Oficina no Centro Integrado de
lançado dia 30 O escritor Salim Miguel,o
Cultura. Estudante da 6' fase de O escritor e jornalista Salim cineasta Zeca Pires, os jornalis-
Artes Plásticas na Universidade Miguel lança seu 18° livro, "Nur tas nmar Carvalho e Sílvio
do Estado de Santa Catarina - na Escuridão", retomando as Melatti, o crítico Alcídio Mafra
Udesc, Ronaldo transforma a histórias de imigrantes libaneses de Souza, o artista plástico
aparência rústica da juta em que vivem enlre Biguaçu e Hiedy de Assis Corrêa e a
algo sutil. Florianópolis, um dos assuntos pesquisadora e diretora de
Premiado na categoria prediletos do autor, ele próprio teatro Edith Korrnann.
Gravura, no 8° Salão de Novos descendeme de imigrantes dessa Serão feitas homenagens ao
Artistas em 1987. Ronaldo par- etnta, editor Odilon Lunardelli (i n
ticipa de coletivas e realiza O lançamento acontece em memoriam) - um dos pioneiros
exposições desde 1983. Ele Florianópolis, no Mu eu Cruz e na publicação de livros de
aplica a essência da gravura - Sousa no dia 30, a partir das 20 autores catarinenses e criador
sua especialidade - também na horas. No dia 3 de dezembro, o da feira do Livro de Flo-
pintura e desenho. Os desenhos escritor realiza oulro lança- rianópolis, que já se encontra na
trazem O volume da juta "grava- mento na Câmara de 14' edição - e aos promotores do
do" no papel e nas pinturas Vereadores de Biguaçu, a par- Festival de Dança de Joinville.
também está embutido o tir das 19 horas. A homenagem ao Festival
processo de gravar: o barro e a O autor de "A Morte do de Dança de Joinville se deve à
areia misturados à água ou óleo Tenente e Outras Mortes" (con- i mportância deste evento na
são depositados dentro da tos) e "A Voz Submersa" divulgação do estado e na for-
embalagem, exercendo pre são (romance) lança agora seu novo mação de novos bailarinos e de
pelo seu peso, causando o vaza- livro pela editora carioca platéias para a dança em Santa
mento do pigmento por entre as Topbooks. "Nu r na Escuridão" Catarina. Criado em 1983, o
tramas do tecido. tem 258 páginas e custará em Festival já promoveu a apresen-
Lembranças - Natural de torno de R$ 20,00. tação de 60 mil bailarinos, e foi
Florianópolis o artista iniciou a O romance de fundo históri- assistido por público superior a
carreira através da xilogravura, co "é um retrato do Brasil de I milhão de pessoas.
em 1982. Nos anos seguintes 1927 até 1950 por meio de imi- Concedida a três anos, a
aperfeiçoou-se também em grantes libaneses", coma o Medalha do Mérito Cruz e
litografia, serigrafia. policro- escritor. Chegando numa terra Sousa foi criada pelo decreto
mia, além de conservação e nova, os imigrantes não falam governamental n' 4.892 em 17
re~lauração de documentos. uma só palavra em português e de outubro de 1994, e contem-
A in'\pjração para este tra- têm que se adaptar a novas pla autores de obras literárias,
balhu veio das reminiscências relaçõe sociais, costumes e artísticas, educacionais ou cien-
da infância. quando brincava no hábitos do Brasil. tíficas de reconhecido valor e a
porão em meio ao barro e lijolos Daí o título. "Nur" quer indicação dos nomes é feita pelo
que ~ustentavam sua casa. e o Sali", Miguel I uma das raras \'o(:es que fala da etnia árabe. cuja imponâllcia é enonne em todo o Brasil Conselho Estadual de Cultura
dizer luz em libanês, uÉ um títu-
terreno acidentado de terra, lo simbólico, as pessoas e tão história do país e situações dução literária que existe sobre vez pela Topbooks. através de votação secreta.
onde escondia-se numa caverna, chegando no escuro", lembra envolvendo os imigrantes, o italizanos e alemães, por exem- Junto de uma intensa pro- A solenidade terá a presença
"A matéria com sua textura e o Salim. Um exemplo é a expe- escritor é uma das raras vozes na plo, lembra o escritor. dução literária, Salim Miguel é do govemador Esperidião Amin
material expressivo que possui riência de uma família que literatura que fala da etnia árabe, O autor já publicou, entre um dos intelectuais catarinenses e do diretor geral da Fundação
uma qualidade inerente é o qu< acaba de chegar ao Brasil e se cuja comunidade soma 6 mi- OUtras, pelas editoras do Grupo mais atuantes, dirigiu a Editora Catarinense de Cultura, Iaponan
me interessa, é minha poética", depara com o movimento da lhões de pessoas no pafs, a Sul, Insular, Letras Contem- da Universidade Federal de Soares,que também preside o
explica o artista. A mostra vai Revolução de 30. maioria de libaneses esfrias. porâneas e José Olympio Santa Catarina e a Fundação Conselho Estadual de Cultura.
até o dia 8 de dezembro. Assim, mesclando fatos da Bem o oposto da grande pro- Editora, e publica pela primeira Franklin Cascaes.

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119 - MELATTI , Sílvio. "Nur" ganha prêmio de romance do Ano . A Notícia . Florianópolis, 15 dez. 1999.Anexo , p. C6.

II
ance I I

Livro do escritor catarinense Carlos Reichenbach, pelo fil -
me "Dois Córregos". Na área
Salim Miguel foi indicado pela de dança, a APCA outorgou o
Prêmio Estímulo para a para-
Associação Paulista dos naense Ve rve Companhia de
Dança, de Ca mpo Mourão,
Críticos de Arte que já se apresentou vá rias
vezes no Festival de Dança de
Joinville.
• •
SILVIO MELAm saga de uma família libanesa PREMIO DUPLO
que imigra para o Brasil no
Lançado há exatamente começo do sécu lo. Salim Em li teratura, a editora •
duas semanas, o livro "Nur na Miguel viaja hoje para o Rio Topbooks foi dup lamente
Escuridão", do catarinense de Janeiro para participar da agraciada, Além de comparti-
Salim Miguel, acaba de promoção do livro. Amanhã lhar com Salim Miguel os lou-
ganhar um dos prêmios literá- ele estará no programa "Sem ros pelo título de Romance do
rios mais tradicionais do País. Censura", da TV Educativa do Ano, também é de seu catãlo-
A obra foi escolhida como Rio, que é transmitido para go o escritor que ganhou o
Roman ce do Ano pela Asso- todo o Brasil entre 16 e 18 Grande Prêmio da Crítica.
ciaçãó Paulista de CríticQs de horas. Na sexta-feira fará O José Alcides Pinto foi escolhi-
Artes (APCA) numa assem- lançamento de "N ur " na do pelo conjunto da obra, Em
bléia realizada segunda-feira Livraria Cidade, no bairro poesia, os votos recaíra m
para a escolha do prêmio carioca de Ipanema. sobre Carlos Nejar, pelo "Livro
Melhores de 1999 nas área~ de Os outros prêmios da de SUbion", da Hucitec, Como
artes visuais, cinema, dança, APCA ficaram concentrados, melho r instrumentista de
literatura, música erudita, em sua maioria, no eixo Rio- mú sica erudita, o pianista
música popular, teatro, teatro São Paulo, O de melhor filme, Miguel Proença, que passo u
infantil, televisão e rádio. por exemplo, foi para "Santo recentemente por nossos pai·
'''Nur da Escuridão" se Forte" (vencedor do último cos, foi o indicado, Confira a
passa entre Biguaçu e Floria- Festival de Gramado), mas o relação completa dos premia-
nópolis. O romance trata da de me lhor diretor ficou com dos nesta página, SURPRESA Premiado duas semanas depois do lançamento, Miguel viajo hoje para o Rio
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Divulgação Edilorio de Artt
120 - SARTOI , Raul. Gloria . A Notíci a. Florian ópolis,
10 abro2000. Anexo , p. 82.

Glória
Salim Miguel anda muito requisitado e
vive momentos de felicidade extrema por
conta do sucesso do romance "Nur na
Escuridão". Amanhã, em rede nacional,
pela 1V Educativa (1V Cultura em SC), par-
ticipa do prestigiado progranna "Sem Cen-
sura", das 16 às 18 horas, comandado por
Leda Nagle. No dia seguinte, atende convite
da Faculdade de Letras da Universidade
Federal (UFRJ) para uma palestra, seguida
de debate e lançamento do livro.

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121 _ TEI XEIRA, Maria Célia. Eles dizem, eles fazem . Tribuna da Imprensa. Rio de Janeiro, 12 abro2000. p. 6.

'Ele s~ dizem; eles fazem


Novidade ConcursoRFI Salbn MIgUel faz paIesbll sobre seu
, I Hvro "Nui' na escuridão",
o escritor Autran Dourado colo- • OConcursodeContosGuimarãesRosa, Às 19h, na Livraria Ponte das Tábuas
eou um ponto final em sua mais nova organizado pela Rádio França Internaci- (Rua Jardim BotlJnico, 5~5, Ij A e BJ, o
obra "Gaiola Aberta", que breve- onal para autores de lfugua portuguesa, escritor Gilson NaSCImento lança
mente sairá pela Rocco. No livro ele está lançando sua edição 2000. Todos os "lnfomuJtica na terceira idade ".
relata os bastidores da vida polftica escritores que quiserem participar têm até O professor de Direito da Faculda-
do presidente Juscelino Kubitscheck, O dia 31 de agosto para se inscrever. No ano
de de Curitiba Waldyr Grisard FIlho
com quem trabalhou no governo de passado a RFl recebeu 1.063 originais. O aborda0 direitode Familia em ''Guar-
Minas e na Presidência da Repúbli- vencedor foi o gaúcho Altair Martins, que da i:Ómpartllbada - Um IIOVO modelo
ca. Toda a obra de Autran está sendo levou 15 mil francos frnnceses com o de respomaN!ldade parental",
reeditada pela editora Rocco . Na conto "Humano". O prêmio Casa da~­ FemandaCamargo-MoroabortÚlem
Bienal do Livro de São Paulo saem rica Latina, especial para autores de naci- "Arqueologias culinárias da {náia.", as
quatro tftulos : '.'Uma poética de ro- onalidade brasileira, foi para Sérgio delfcias culinárias e a arqueologUl da
mance", "N o velári o de Donga Kleinsorge, de Porto Velho, Roraima. In-
Novais" , "Um artista aprendiz" e "A {ndia.
fonnações <http://www.rfi.fD . Na próxima 3" feira, às 21b3O, na
serviço dei Rey". SocÍedade PsicanaIltica do Rio de
Nota dez JaneIroEverardoRocba,LuisAlberto
Lançamento o empresário doublé de escritor César HeJsinger e Eustáchio N~ falam
Reunindo poemas de seis dos seus Romano caminha no mundo da literatu- sobre "BrasU 500 anos e a psicanáli<;e
sete livros publicadbs no Brasil entre ra de ajuda com força. total. Com c!nco brasileira", InConoaçiies: 5434998.
1979 e 1997, o poeta Reynaldo títulos publicados ele Já vendeu mrus de OjornalistaAyT1on Bafa, baseado em
Valinho AlvareZ está lançado "A faca 500 mil livros. Seu último lançamento é depoimentos de um agente do anogo
pelo fio" , uma co-edição da Imago "A semente de Deus". César é fundador Serviço Nacional de lIifomlllçães, o te-
com a Fundação Biblioteca Nacio- e executor do projeto Fábrica de Gente, ",(veISm, lançou "Solpora os nwT1os".
nal. A poesia de Reynaldo tem sido que integra meninos de rua através do
muito bem recebida peja crítica em trabalho e profissionalização especializa- Maria Célia Teixeira
todo o mundo. Traduzido para sueco.o - - -_.. . .
da. Até o momento, Fábrica de Gente já
o il,a liano. o francês, o espanhol, o corso, absorveu 3 mil crianças.
o persa e o macedôni o. ele teve seu
primeiro li vro de ficçfio publicado re -
centement e em Porlll ga l e. em selem-
Novos ângulos
hro. s;!i lima colclflllca de se us poelllas A hi sto riadora portuguesa Marta
nas li vrarias de Qucbcc. 11 0 Ca nad;í . Beatriz Nizza da Silva, professora da
EIll 99. se u li vro " 0 sol nas clllrallhas" US P, decidiu abordar outro ângulo dentro
ga nhuu . na Itá lia. n Prêmio Camaiorc dos estudos históricos investigando a es-
Internacional ue Poes ia . Ficou em ex- cravidão, tema não muito freqüente entre
celente cu mpanhia, anteriormente oS seus pares. Selecionou 24 ensaios de his-
poetas Evgueni Evtuchenkoe La~ren ce toriadores brasileiros, portugueses e ame-
Ferlinghetti também foram premIados. ricanos e reuniu-os em "Colonização e
escravidão" (Nova Fronteira). O resulta-
Concurso/Poesia do foi uma coletânea diferenciada onde
o eterno estudo da escravidão negra do
Atenção poetas brasileiros! Estão ponto de vista demográfico-econômico
abertas, ~ti o dia 20 de oUlubro, as foi substituído por questões diversas
insc rições para o Prêmi o Nacional como o cativeiro indígena. o posicio-
Gregório de Mattos - Poesia 2000'
namento da Igreja, O enclausuramento
promovido pela Academia de Letras
dos escravos em innandades.
da Bahia e a Co pene Petroqulmica do
Nord es te S/A . Ao vencedor ca berá um
c heque no valor de R$ 15 mil e a
publicação do livro po r uma editora de
projeção nac io nal. Info rmaçõe s :1
------------
RAPIDINHAS
Hoje, Wi 10h30, na Faculdade de Le-
< Ietrasba @zaz.com .br>. tras da UFRJ, 110 Fundiió, o escritor
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122 - SILVA, Deonisio da; BRANDÃO, Ignácio de Loyola.
Especial Vougue: quem fez acontecer a cultura brasileira .
Vogue. São Paulo, maio 2000. p. 58.

SALIM MIGUEl. C:uari n Cl1sc . N llr lia B -


clIridâo, lançado no ano pass:ldo , co-
moveu a críti c:I com a saga de Ulll:! fa-
míli:l de imigrant es :.í r:d)es no Sul do
Brasi1. Nu!", em árabe , significa lu z

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124 - SALIM Miguel , o brilho da palavra. Estampa. Florianópolis, jul. 2000. Personagem, p. 8.

Personagem Eglê também fazia traduções. Para com-


pl ementar o salário da Agênc ia Nacional ,
onde trabalhava à noite, Salim foi em bus-
ca de mais um emprego. Ainda lembra do
teste, na revista Fams e Foms, a mais im-
ponanre publicação brasileira da época.
" Eram 20 páginas sobre pesca que eu de-
veria reduzir para oiro". Aprovado , atuou
também na revista Manchete e nos últi -
Nur na Escuridíío, seu J 8° livro, foi escolhido o melhor romance de J999 mos três anos e m que es reve na Bloc h
Edimres, foi redator-c hefe da revi sta Ten -
üo de maio de 1927. Um meni- dências. Embora não tivesse participado da
no de três anos chega ao Brasil , procedente assembléia e cons iderasse o momemo ino-
d e Kfar$Souroun , no Líbano. Desembarca portuno , aderiu à primeira greve do s
o ca is do porto do Rjo de Janeiro co m os jornalistas do Rio e foi demitido. Salim
ais, duas irm ãs mais novas e um cio. Nin- também edimu a revista literária carioca
guém sabia nenhuma palavra em Ficção, que marco u época c lançou novos
português. O pai, Youssef. entrega um bi- talemos.
lhete com um endereço a ~Im morori sta de Remrnou a Santa Catarina em 1979.
táxi. Esrá escuro, o brasileiro não conse- À co nvite do escrimr Jair Hamms , coo r-
gue ler, ri sca um fósfo ro e diz: "luz". A denou diversos projems literários, emre eles
chama se apaga, ele acende Outro e repete: o Concurso Cruz e Sousa. Dirigiu a Edi-
"luz". No fim da vida, You ssef ainda se tora da UFSC d e 1983 a 1991 e a
emocionava ao lembrar a primeira paJavra Fundação de C ultura de Florianópolis en-
que aprendera em português: Luz - ou Nur tre 1993 e 1996.
Salim: saída é investir em educação Associado do Sim rafesc, servidor pú-
em árabe.
O menino de três anos hoje rem 76 e blico federal aposemado , Salim Miguel
. .
seu nom e es tá gravado co m destaque na cinco aos 19 anos. Mudou-se para Floria- amarga, co mo sua categofla, CIllCO anos
literatura do pais. Salim Miguel é jornal is- nópoli s em 1943. Junro co m a mulher, sem um único centavo de reajuste. E não
ta, escritor e crítico literá rio há 50 anos. E Eglê Malheiros, foi um dos fundadores do eco nomiza letras para resumir a tragédia
durante muito tempo , servi dor públi co Grupo Sul, mov im ento artístico-cu ltu ral do governo FHC: "Ele está emregando o
federal, exercendo a função de Técnico em que agirou Santa Catarina nas décadas de país ao ca pitaJ estrangeiro e acabando co m
Comunicação Social, na Agência Nacio- 40 e 50. Estreou na literatura , em 1951 , o serviço público".
nal. Apo se ntado , n ão esco nde o se u com Velhice e outros contos. Em 1957 es-
desco nrenram enm com a situação arual: creveu, co m Eglê, o rmeiro do primeiro
" FHC conseguiu implanrar o pensamen - longa metragem realizado em Santa Cata-
to único. Ele domina os meio s de rina: O preço da ilusão.
co municação e impede qualquer nmícia Mas suas idéias parec iam in co modar
que seja des favorável ao seu governo". os diradores de plantão, que em 1964 não Estampa é uma publicação mensal do
Sintrafesc. Cartas, textos, críticas e
Coerente com o que fez em toda a sua eram pou cos. No dia 2 de abril foi detido sugestões podem ser enviados para a
vida, Salim continua a Imar por um Brasil .
" para avenguaçoes-" e perm aneceu preso no Rua Nereu Ramos, 19 - sala 609
mai s juStO. Para ele, a saída é investir em Quartel da Polícia Militar por 48 dias. Fone!fax (48) 223-6452.
educação "c cada um fazer o seu trabalho jornal@intergate.com.br
So ltO , foi convidado pelo escriro r Adonias
Jornalista Celso Vicenzi (Se 00274 JP).
de formiguinha". C rer, em meio à descren- Filho para trabalhar na Agência Nacional, Design Renato Rizzaro.
ça. Lutar, mesmo qu e omros desistam. no Rio de Jan eiro , onde ficaria menos ex- Tiragem 4.300 exemplares .
Acreditar, quando talHOS desanimam. posto à persegui ção dos militares. "Ele me Impressão Gráfica Agnus.
O último livro , Nur na Escuridão (edi- Fontes
enviou a passage m, disse que o processo
Jornal Sem Terra, Jornal do Sintsep-GO,
tora Topbooks), é uma li ção de vida e conta seria arquivado, e que era melhor ir para o Jornal do Senado, Revista dos
a saga da família que veio do inrerior do Rio, porque conh ecidos meus es tavam de Bancários, Folha Sindical, Condsef,
Líbano para se estabelecer em Sa nea Cata- olho no cargo e desejavam a minha volta à Jornal Público
rina. Esre 18° livro foi eleito o "melhor .-
pnsao ". Agenda Outros 500
www.servidor.gov.br
romance de 1999" pela Associação Paulis- E lá se foram: Salim, Eglê e quatro fi - www.jubileu2000.org.br
ta de C ríti cos de Arte. lhos. Viveram no Rio durante 15 anos , Ilustração/capa Nicolielo
Salim Miguel viveu em Biguaçu dos publicando livros e escrevendo em jornais.
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125 - MELATTI , Silvio. O gran de clã de escritores. A Notícia . Fl orianópolis, 23 se!. 2000. Anexo, p. C3.

, ores -

Cinco integrantes de família


catarinense lançam livros no
mesmo ano, e o número deve
aumentar até dezembro
, ,
SILVIO MELATTI cou, pela Insular, "Revolta em flo-
rianópolis : a novem brada de
1979".
Sem romper a rede familiar, a
catarinense Regina Dalcastagné
entra nessa história como mulher
de Luis Felipe e autora de 'A gar-
ganta das coisas", lançado no mês
passado pela Editora UnB, da Uni-
versidade de Brasilla, onde lecio-
na literatura. No livro, Regina faz
um mergulho teórico numa das •
obras mais radicais da literatura
brasileira - o romance 'Avalovara',
de Osman Lins. Ela mostra que a
leitura de "Avalovara" exige uma
perspectiva múltipla, baseada em
diferentes campos da arte e do
conhecimento humano. Regina
cursou comunicação social na
UFSC, fez mestrado em literatura
brasileira na UnB e doutorado em
teoria literária na Unicamp. Além
de 'A garganta das coisas", publi-
cou "O espaço da dor: o regime de
64 no romance brasileiro' (Edito-
ra UnB) e 'Tramóia: histórias de
mais raro viria em seguida:
-
PATRIARCA
depois do pai, três filhos e uma PESQUISA Salim e os copos
nora lançam livros quase simul- de alguns livros
taneamente, em lugares diferen- O livro mais recente dessa
tes e áreas distintas. famUia de escritores é "A política do família: pois
Publicado no Final do ano das cotas por sexo", de Sônia S(,{/III
escritores geraram
passado, "Guia de MPB em CD", Malheiros Miguel. Trata-se de um filhos idem, um
de Anlonio Carlos Miguel, lam-
bém esgolou-se rapidamenle e
leve segunda edição em maio. O
estudo sobre as primeiras expe-
riências do legislativo brasileiro
com o sistema de cotas eleitorais.
lU feito pouco
comum mesmo
volume faz parte de uma série Publicada pela ONG Cefemea e • • entre gerações de
impressa com o selo da Jorge com apoio do BID, a obra não está literatos
Zahar Editor, do Rio de Janeiro, e à venda - é distribuída a institui-
é único no gênero. Com a objeti- ções interessadas (pedidos para:
vidade de um jornalista (Anlonio SCN, Quadra 6, Bloco A, sala 602,
Carlos é edilor-assistente do CEP 70716-000, Brasília).
segundo ca~rno do jornal 'O O filho mais velho de Salim e
Globo') , o autor traz indicações Eglê Malheiros, João José Miguel,
e comentários de cerca de 500 também tem um livro publicado.
discos de 150 composilores e "O caminho do mago", editado
intérpretes da música popular em 1996 pela Francisco Alves,
brasileira, apresentando tam- traz uma visão contemporânea
bém pequenas biografias de do tarô. Adepto de filosofias
cada artista. orientais, João José assina Veet
Jornalista como o irmão e o Vivarta e hoje dirige a Andi
pai, mas com doutorado em ciên- (Agência Nacional dos Direitos
cias sociais, Luis Felipe Miguel da Infância).
enveredou por um trabalho mais Por último, mas não em últi-
acadêmico. Ele acaba de lançar mo lugar, a mãe dessa prole letra-
"Mito e discurso político" pela da prepara sua quarta obra. Eglê
Edilora da Unicamp. O flIho caçu- Malheiros quer reunir seus contos
la de Salim é professor da Univer- e seus ensaios sobre literatura
sidade de Brasília e, nesla obra, infantil num volume ainda sem
analisa o conceito de mito a partir título, a sair em data não definida
dos programas políticos apresen- - se depender de Salim, sai antes
tados durante a campanha eleito- do final do ano, pois assim a famí-
ral de 1994 . Quando morou em lia bate um recorde difícil de ser
Santa Catarina, Luis Felipe publi- superado.

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